3 - Se o Doutor apanhar uma multa também vem cá parar?
R: “É uma boa questão. A PRP faz um criterioso recrutamento dos seus formadores e também
vos posso dizer que não há nenhum formador a colaborar que tenha uma infração grave no seu
histórico como condutor. Também posso partilhar com todos que dada a minha condição de
formador(a) da PRP que olho para as consequências da velocidade, do álcool ou mesmo
conduzir com o telemóvel de outro modo, e que fiquei muito mais sensível a essas situações.
Pelo que a probabilidade de isso acontecer é quase nula.”
4- Na lista de dinâmicas existem várias que não são usadas. Ao conhecer um grupo se virmos
que outra se pode adaptar e funcionar podemos usá-la? Ou devemos seguir a estrutura dos
cursos que nos foi dada?
R: É importante que sigam a estrutura, embora exista naturalmente flexibilidade na escolha
das dinâmicas em função das exigências do grupo. A Supervisão tem como objetivo afinar
quais as melhores dinâmicas para cada caso. Existe sempre liberdade de modo a que o
formador escolha o melhor alinhamento e a melhor técnica para a problemática que o grupo
está a evidenciar, e é esperada essa flexibilidade do formador. Contudo, é importante partilhar
com a coordenação e supervisão para acompanharmos e refletirmos sobre essas escolhas.
5 - Quais os casos específicos em que devemos elaborar relatório? (desinteresse, conflito...
outro tipo de problemas emocionais?)
R: Um relatório deve surgir sempre que um formando nos deixa apreensivos quanto ao seu
comportamento manifesto, agido ou através do discurso verbal. A constante referência a
comportamentos de risco, o desinteresse e boicote às atividades propostas, a
agressividade/conflito para com o formador, o querer contrariar as regras do curso, questões
cognitivas graves (incapacidade auditiva grave, visão muito insuficiente) e questões de foro
emocional ou personalístico, sempre bem fundamentadas quanto a evidências registadas no
curso (podem haver pessoas com ataques de ansiedade, por exemplo).
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6 - Se após o almoço notarmos que os formandos estiveram a beber, (mais do que a conta) o
que fazemos?
R: Não é muito comum. Contudo, podem vir com maior excitabilidade depois do almoço, mas
depois costumam acalmar (usar algum humor, mostrar-lhes que registámos essa mudança e
estamos atentos). Se essa mudança não acontecer é importante que seja o formador a colocar
esses limites a esses formandos. Em última instância, chamar à parte o formando que nos
suscite essa evidência ao intervalo e dizer-lhe que ou ele se recompõe ou que vamos ter que o
convidar a sair se mantiver um comportamento muito desajustado.
7 - Se o formando nos pedir algum material de apoio (daquele que nos é facultado) até que
ponto podemos fornecer?
R: Remetam o pedido para a Coordenação da PRP. Por norma, as apresentações e restante
material são para uso exclusivo da casa e é importante garantir a total confidencialidade. O
mesmo acontece quando perguntam pelo programa ou objetivos deste curso, onde podem
dizer que não fornecer material muito estruturado é uma estratégia formativa dado o cariz
desta formação comportamental e apelar à reflexão grupal (preferimos surpreender os
formandos, sem condicionar expectativas). Podem remeter para a consulta do Despacho
Normativo nº 4/2003 de 29 Janeiro.
8- Se algum formando se esquecer de assinar a folha de presenças e nós não verificarmos
atempadamente (se só dermos conta após termino do curso) como devo proceder?
R: Avisar desde logo o apoio administrativo da PRP (habitualmente é a Eduarda Batista que
fala convosco) e dizer que por lapso o senhor não assinou mas desde que vocês confirmem e
assinem por el, atestando que fez todas as horas, está tudo bem quanto ao processo dele.
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9- Em relação à dinâmica da fotolinguagem existem as três questões fundamentais que
motivam a escolha das imagens, mas que aspectos é que não devemos abordar? Que
postura devemos ter?
R: Postura de escuta activa, de não-julgamento. Todos os conteúdos da fotolinguagem devem
partir sempre do formando. É ele quem decide o que dizer. É proibido fazer questões de
ordem pessoal (por ex. “é casado?”; “tem filhos”; “o que faz?”). Nós devemos ir explorando a
escolha das imagens com questões abertas (por ex: ele escolhe uma imagem de um violino
porque gosta de música “o sr. Xxxx diz que gosta de música porque isso o relaxa... que outros
passatempos o ajudam também a descontrair? Conduzir deixa-o descontraído ou é
stressante?”). É sempre útil ir estabelecendo pontes para o contexto da condução pois é por
isso que ali se encontram.
10 - Existe número máximo ou mínimo estipulado de imagens?
R: Não existe um número mínimo embora tenhamos que garantir umas 80 imagens para que a
escolha seja suficiente num grupo de 12/14 pessoas. No máximo umas 100/120 imagens.
11- Em relação à disposição da sala, fica ao nosso critério ou é disposta em U com mesas de
apoio ou sem mesas?
R: Em U é sempre, mas com mesas ou sem mesas terá que ver com as condicionantes
logísticas da sala e de acordo com o critério do formador.
12- Se eles pedirem para não fazer intervalo e sair mais cedo?
R: Nós dizemos que as regras estão estipuladas em função do que é melhor para todos. Os
intervalos e a hora e meia de almoço destinam-se pedagogicamente a fazer cortes essenciais
na formação, de modo que deveremos manter essa regra (a não ser que as instalações possam
ficar sem ninguém e tenham que alterar o horário, mas isso não costuma acontecer). Depois,
muitas vezes há cursos a decorrer em salas diferentes, com diferentes formadores, e isso pode
gerar discrepâncias de critério (um formador faz e outro não cede) que as pessoas não
entendem.
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13- Se acabarmos mais tarde 10 minutos podemos compensar se sair mais cedo?
R: É uma gestão que compete ao formador fazer e negociar com os formandos, embora seja
preferível começar mais tarde a hora de almoço (14h40) e sair à hora estipulada 17h30. A
questão dos horários prende-se muito com o simbolismo ligado ao cumprimento das regras: a
maioria dos nossos formandos tem essa dificuldade de integração num funcionamento com
limites claros e bem estabelecidos, tentando inclusive “furar o esquema” o mais que podem...
14 – No 1º dia, um formando chega sem convocatória à vossa sala e diz que a PRP o
contactou telefonicamente para fazer o curso nesse dia. Depois de confirmar que infração
corresponde ao vosso módulo, deixam entrar o condutor ou mandam-no embora?
R: É pouco provável que apareça alguém sem convocatória. Contudo, devem contactar a
Coordenação e se a inclusão deste formando não ultrapassar o número máximo de 14
formandos, devem deixar frequentar o vosso grupo e avisar logo que possam a PRP sobre o
sucedido. Dizer ao formando para ir embora pode gerar muitas complicações no seu processo,
nomeadamente, se ele estiver no final da data limite de cumprimento.
15- O que fazer se um formando pede para ser acompanhado em regime de consulta?
R: Por princípio ético, não é habitual os nossos psicólogos acompanharem esses casos e
devemos encaminhar para colegas se o pedido for expresso. É importante explicar que o
âmbito da vossa relação com eles reserva-se à frequência do curso (também para se
salvaguardarem pois pode acontecer que voltem a vê-lo como formando noutro módulo!). É
importante acolher empaticamente esse pedido e disponibilizarem-se para falar com o
formando individualmente no final do curso. Avisem-nos por favor dessas situações para
decidirmos qual o melhor encaminhamento.
16 - Que outros países da união europeia realizam esta tipologia de formação para
reabilitação de condutores infratores?
R: Áustria; Bulgária; Chipre; República Checa, França, Alemanha, Reino Unido; Grécia; Hungria;
Itália; Lituânia; Luxemburgo, Polónia; Espanha, com adaptações a outros modelos de
formação.
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17 – Como é que medem a eficácia destes cursos?
R: Temos a avaliação de satisfação dos formandos e estamos nesta a fase a verificar com a
ANSR a disponibilização de dados dos condutores infratores de modo a perceber a taxa de
reincidência após terem frequentado o curso na PRP. Contudo, precisamos de reunir um
conjunto significativo de ações para apresentar um estudo consolidado.
18 - Quando o condutor se esquece do cartão de cidadão no início do curso, pode apresentar
um outro documento como a carta de condução ou o passaporte?
R: Sim, desde que se verifique a identidade do senhor e respectiva validade do documento.
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ORIENTAÇÕES PARA GESTÃO DE SITUAÇÕES DIFÍCEIS (VERTENTE COMPORTAMENTAL)
Comentários do condutor O que devolver/ o que se diz?
1. “Eu há dias bebi 2 copos de Não é suposto que tal aconteça! Dois copos de whisky
whiskey, soprei ao balão e não representam a ingestão de uma quantidade
acusou nada...” considerável de álcool (e.g. uma garrafa de um litro de
whisky a 40 vol. contém 320 gr. de álcool). Em todo o
caso a taxa de álcool no sangue não depende apenas
do tipo e quantidade de bebida ingerida, mas também
peso, sexo, hábitos individuais de bebida,
circunstâncias/momento e ritmo de absorção
2.“O meu carro é muito bom, tem É verdade que se o nível de conforto for muito elevado
uma grande cilindrada, é seguro, e (i.e. conduzir um bom carro, numa boa estrada, a uma
se eu for a guiar na A2 a 120 km/h
velocidade controlável) pode instalar no condutor a
eu adormeço...” sensação de monotonia, de falta de exigências externas
que o estimulem a estar mais atento e no limite ao
adormecimento. Contudo, também é verdade que
conduzir muitos quilómetros a uma velocidade elevada
(que nos retira da nossa zona de conforto) se torna
muito exigente e cansativo. O que no limite pode
também provocar sono do condutor.
3.“Porque é que constroem carros Quem compra carros de grande cilindrada compra mais
que excedem os limites de do que potência/velocidade, compra conforto,
velocidade?”
segurança, uma determinada imagem, etc. Uma das
coisas que não se encontra associada ao carro que se
compra é a velocidade a que o mesmo deve/pode
circular. Os limites de velocidade não estão associados
ao carro que se tem, mas ao local em que a
generalidade das viaturas circulam. Ou seja, em
estradas onde não circulam apenas viaturas de elevada
cilindrada!! (referir ainda: a) importância da
homogeneidade da velocidade de circulação; b)
aspectos tidos em consideração aquando da colocação
dos limites de velocidade)
4. “Toda a gente anda depressa, Devolver ao formando: “E o que é que acha disso? (e.g.
ninguém cumpre limites!” enquanto condutor, peão, ciclista, pai, etc…)”
Por outro lado, podemos desafiar esta percepção
perguntando: “E em que tipo de via acha que isto
acontece com mais frequência? Qual a velocidade
média praticada nessas vias?” Os dados de observação
do comportamento de velocidade (slide 58 do ppt
“PRP_ sinistralidade_sartre_visãozero”) permitem
muitas vezes desconstruir a percepção que as pessoas
têm. Por exemplo, mostram que nas auto-estradas
apenas 54% dos condutores anda acima do limite de
velocidade, sendo a velocidade média de circulação
124 klm/h.
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5. “Este castigo é só para alguns, Estas ações SÃO PARA TODOS os que cometendo
tenho dúvidas que ministros e juízes infrações que configurem como sanção inibição de
venham cá e eles também excedem conduzir optem pela sua realização (em alternativa à
aplicação da inibição). Nos cursos compostos apenas
limites certamente...” por homens é também vulgar ouvi-los dizer que as
mulheres também infringem as regras, mas são
perdoadas e por isso não estão ali!
6.“As autoridades é que deviam Há ações de fiscalização apertada, por exemplo
estar aqui, só fazem caça à multa, e controlo de velocidade por radar ou operações stop
(no caso do álcool), mas são pontuais. Lançar o desafio:
isto não é prevenção, é um roubo “Peço-lhes que pensem, para vocês, no número de
pagar mais 175 por este curso, é um infrações médias que cometem por semana… Vejam
como a relação entre o número de infrações cometidas
assalto aos cidadãos!”
e o de fiscalizações/levantamento de autos de
contraordenação vos beneficia” (poucas multas face às
infrações cometidas).
“O ter pago para frequentar o curso faz parte da
própria medida. Foi opção sua vir frequentar a ação da
PRP (havia outra alternativa!) que como é óbvio tem
custos (nomeadamente com o Formador mas não só!).
Ora a quem devia ser imputado este custo?”
7. “Eu estou a ser perseguido pela “Explique-me por favor como é que se deixa apanhar
Polícia, é a 4º vez naquele sítio, só quatro vezes em infração num mesmo sítio?…
Nomeadamente, já deveria saber que há uma
pode...“ probabilidade aumentada de haver ações de
fiscalização naquele local.”
(a ideia é remeter para o condutor/responsabilizá-lo
pelo seu comportamento reincidente, e displicente
para com as regras e ação de quem as deve fazer
cumprir)
8.“A PRP faz aqui um grande A PRP é uma Instituição sem fins lucrativos.
negócio... também com tantos O facto de neste momento a PRP ter uma equipa de
psicólogos no desemprego...”
psicólogos a trabalhar no âmbito das suas ações
prende-se com o volume de pedidos de pessoas que
TAL COMO VOCÊS optaram por frequentar esta ação
em detrimento de ficarem sem a carta de condução
por um determinado período de tempo. E claro, estas
ações têm que ser pagas, porque têm custos (como
devem concordar os formadores devem ser pagos pelo
seu trabalho, para além de envolverem muitas outras
despesas administrativas) e julgo que os Srs.
concordam aqui com a regra do “utilizador pagador” - a
ação foi uma opção, mas havia outra via!
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