#2145 40
ANO 41
anos
06/02/2019
Semanal >> autosport.pt
2,35€ (CONT.)
DIRETOR PEDRO CORRÊA MENDES O SEMANÁRIO DOS CAMPEÕES
ADEUS SAUBER
OLÁ ALFA ROMEO
RACING
RENAULTAPOSTA
NA GASOLINA
PÁG. 42
PEDRO LAMYVENCE PROAM “ MIGUELOLIVEIRA
NAS 12 HORAS DE BATHURSTPÁG.26
TRAÇARÉ COEBDJEOTPIAVROAS
FINS DE SEMANA PERFEITOS
L’AND VINEYARDS | MONTEMOR-O-NOVO | ALENTEJO
www.hoteisdecampo.pt
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I/ I N S TA N TÂ N E O SIGA-NOS EM EDIÇÃO
#2145
06/02/2019
f l> > a u t o s p o r t . p t
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AMANHECER A atmosfera das 12 Horas de Bathurst fazem desta prova um evento cada vez mais José Luís Abreu
importante. A ação em pista é normalmente fantástica e a foto exemplifica bem o ambiente…
DIRETOR-EXECUTIVO
S/ SEMÁFORO EM DIRETO
[email protected]
PARADO A ARRANCAR A FUNDO “Para mim é uma grande
frustração ver que os ralis ainda Há precisamente 10 anos o
Depois de 25 anos Testes para o CPR As 12 Horas de Bathurst não introduziram tecnologias Mundo da Fórmula 1 era
a ‘solo’ ou ligada a multiplicam-se, há decidiram-se nos híbridas. Os construtores atuais abalado com a saída da
um construtor, a quem vá chegar com não querem, mas a minha Honda da disciplina, com
Sauber despede-se da muito ritmo ao Rallye últimos oito minutos. posição é clara”, Jean Todt, Ross Brawn e Nick Fry a
Serras de Fafe… São assim as corridas de lideraram um consórcio
Fórmula 1 ‘endurance’ hoje em dia… Presidente da FIA, a ‘sugerir’ o caminho… que impediu o desaparecimento da
estrutura de Brackley, essa mesma
O SEMANÁRIO DOS CAMPEÕES NA ERA DIGITAL “O Lewis (Hamilton) pergunta onde está hoje em dia sediada
sempre qual a posição do a Mercedes, que vence tudo e
Siga-nos nas redes sociais e saiba Verstappen via rádio, isso mostra mais alguma coisa há cinco anos.
tudo sobre o desporto motorizado no de quem ele tem medo”, Tom Alguém com varinha mágica deve
computador, tablet ou smartphone via ter atirado para lá uns pozinhos de
facebook (facebook.com/autosportpt), Coronel a ‘puxar’ o compatriota. Vamos ‘pirlimpimpim’, pois quase do nada,
twitter (AutosportPT) ou em ver se a Honda ajuda… nasceu uma equipa Campeã, que a
>> autosport.pt todos surpreendeu em 2009.
“Novas regras não devem fazer Desde esse ano, só a Red Bull e
grande diferença no número Mercedes venceram campeonatos
de ultrapassagens…” Marcin de Construtores e só os pilotos da
Red Bull e da Mercedes venceram
Budkowski (Renault) pouco convicto títulos de pilotos. Não pode ser.
que a prática confirme o ‘papel’… É lógico que períodos de grande
domínio são cíclicos na F1, quem
“Todos os pilotos jovens que trabalha melhor tem o seu prémio,
entram na Fórmula 1 querem causar mas numa era em que o espetáculo
problemas aos seus colegas de F1 em particular, e o espetáculo
equipa”, Giancarlo Minardi, ex-líder duma ‘desportos motorizados’ em
geral, lutam contra tantas outras
equipa que lançou muitos jovens lobos… ofertas, vindas dos mais diversos
quadrantes, era bom que não só
quem tutela, a FIA, mas também
quem promove as competições
percebesse que tem mesmo de
intervir para impedir que num
plantel de 10, só três equipas
consigam lutar pelos pódios.
A FIA, a Liberty e os principais
Construtores têm que perceber
que podem dar passos atrás
nos primeiros anos, em termos
financeiros, mas conseguir muito
mais competitividade na F1 iria
fazer crescer muito depressa o
interesse dos adeptos, e a F1 só
teria a ganhar com isso. A F1 está
a dar o flanco para que o interesse
dos jovens vá para todo o lado
menos para a F1, e depois, daqui a
uns anos, não se queixem.
4 F1/
FÓRMULA 1
ALFA R3O4MAENOORSADCIENPGO...IS
AAlfa Romeo é uma marca de ragem absolutamente excecional para
Regressou o ano passado como automóveis diferente de to- conduzirem verdadeiros caixões com
parceira comercial, mas trinta e das as outras, com a compe- rodas. A Alfa Romeo dominou as cor-
quatro anos depois de Riccardo tição a confundir-se com a ridas internacionais até à chegada dos
Patrese e Eddie Cheever terem sua história, permitindo-se, alemães da Mercedes e da Auto Union
até, ter um palmarés curto em 1934. Foi, também, a altura escolhida
utilizado em pista o derradeiro na Fórmula 1, mas ser notícia de capa o pela casa do Biscione para se retirar da
Alfa Romeo de Fórmula 1, a casa seu regresso a tempo inteiro e não como competição a nível oficial, entregando
de Arese está de volta ocupando simples patrocinador. Vamos conhecer tudo a privados como Enzo Ferrari e a
o lugar da Sauber, contando com um pouco da história da Alfa Romeo na sua Scuderia Ferrari.
Fórmula 1 e perceber como será feito Raramente a Alfa Romeo regressou
a ajuda da Ferrari este regresso que está a ser saudado às vitórias até que a Segunda Guerra
nos quatro cantos do planeta. Mundial atirou as corridas para o bal-
José Manuel Costa de do lixo. Regressariam em 1946 com
[email protected] ALFA ROMEO DOMINOU... ANTES DO o 158 F1. Aí a Alfa Romeo voltou à ri-
balta e entre esse ano e 1949 venceu
CAMPEONATO MUNDIAL DE F1 todos os Grand Prix com exceção de
Os anos 20 e 40 do século passado fo- três provas. Um domínio avassalador
ram dos mais interessantes na com- da casa de Arese.
petição automóvel, com pilotos de co-
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MUNDIAL DE FÓRMULA 1 COMEÇA Romeo 158 com compressor e motor em Indianápolis, onde ganhou Johnnie Itália (Monza) e Espanha (Pedralbes).
1.5 litros. Opilotoitalianovenceutrêscor- Parsons, ao volante de um Kurtis Kraft Com a Ferrari a surgir no horizonte com
COM VITÓRIA... ALFA ROMEO ridas (Silverstone, Bremgarten e Monza) com motor Offenhauser. Alberto Ascari como ponta de lança, a
e com duas voltas mais rápidas na Grã- O segundo ano do Campeonato do Mundo luta pelo campeonato foi renhida, com o
Os regulamentos eram escritos numa Bretanha e na Suiça bateu Juan Manuel de Fórmula 1 voltou a ser dominado pela argentino a ganhar na abertura e no fe-
folha de couve e com tantos animais à Fangio, também ele com um Alfa Romeo Alfa Romeo. A marca italiana construiu cho da competição (Suiça e Espanha) e
beira da estrada regularmente desa- 158. O argentino venceu no Mónaco e em o Alfetta 159 com um motor com com- o italiano a perder o campeonato, depois
pareciam, ruminados, e por isso tudo Reims e fez a volta mais rápida em Monza. pressor de dois estágios. Um verdadeiro de não ter conseguido nenhuma vitória
era livre, exceto a cilindrada, 4500 cc O terceiro classificado foi Luigi Fagioli, monstro que debitava 420 cv com um e nas amplas avenidas de Barcelona ter
para os motores atmosféricos, 1500 cc também com um Alfa Romeo 158, que consumo de 125 a 175 litros por cada cen- terminafo em quarto, mas ter de deitar
para os sobrealimentados. Pontuavam ficou em segundo em quatro corridas tena de quilómetros. fora esse resultado. Contas feitas, Fangio
os cinco primeiros e a volta mais rá- (Grã-Bretanha, Suiça, Bélgica e França), de Juan Manuel Fangio conquistou o seu foi o campeão e a Alfa Romeo voltava a re-
pida oferecia um ponto extra, contan- nada valendo o terceiro lugar em Monza, primeiro título mundial nesse ano com tirar-se da competição já que o Governo
do para o campeonato os melhores pois teve de o descontar. o Alfa Romeo 159 com apenas duas vitó- italiano não aprovou o orçamento para a
quatro resultados. Realizaram-se sete Nesse ano utilizaram o Alfa Romeo 158 rias numa competição que tinha alarga- realização de um carro novo. Seria o pri-
provas – Grã-Bretanha (Silverstone), seis pilotos: Juan Manuel Fangio (2º), do o número de provas para oito corridas: meiro carro novo da casa do Biscione, pois
Mónaco, 500 Milhas de Indinápolis, Giuseppe Farina (1º), Luigi Fagioli (3º), Suiça (Bremgarten), Indianápolis, Bélgica os modelos usados até ali tinham mais
Suiça (Bremgarten), Bélgica (Spa Reg Parnell (14º), Piero Taruffi e Consalvo (Spa), França (Reims), Grã-Bretanha de uma dezena de anos, com a equipa a
Francorchamps), França (Reims) e Itália Sanesi. A Alfa Romeo só não venceu (Silverstone), Alemanha (Nurburgring), funcionar com um orçamento muito cur-
(Monza) – e sagrou-se Campeão do
Mundo Giuseppe Farina com um Alfa
F1/
FÓRMULA 1
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to e a utilizar, em dois anos, apenas nove Chitti pois o “boxer” era mais pesado, con- isso é uma história para outro artigo... Terminava, assim, uma parceria de quatro
motores construídos seis anos antes... da sumia mais óleo e água que o compacto A outra vitória desta associação entre anos entre a Brabham e a Alfa Romeo, sem
Segunda Guerra Mundial eclodir! V8 Ford Cosworth DFV e para arrumar a Alfa Romeo e a Brabham surgiu nes- títulos e com duas vitórias. Curiosamente,
o motor na traseira do carro havia com- se mesmo ano, com Niki Lauda e John as únicas vitórias alcançadas por um
PRIMEIRA TENTATIVA DE REGRESSO promissos ridículos como a necessidade Watson a fazerem uma dobradinha para motor Alfa Romeo na Fórmula 1 após o
de tirar o motor para troar as velas. Única a Brabham-Alfa Romeo em Monza. Uma triunfo de Juan Manuel Fangio no GP de
Depois de dominar os dois primeiros anos vantagem: debitava mais de 500 cv en- prova que ficou marcada pelo violento aci- Espanha de 1951. A De Tomaso utilizou
da existência do Mundial de Fórmula 1, a quanto o Ford ficava pelos 465 cv. dente de Ronnie Peterson ao volante de motores Alfa Romeo em 1961, a LDS em
Alfa Romeo abandonou e foram preci- Uma das duas únicas vitórias consegui- um Lotus 78 (envolvendo, ainda, Vittorio 1962, 1963 e 1965 (3 provas) a Cooper em
sos quase trinta anos para voltar a ver o das com esta associação com a Brabham Brambilla, Hans Joachim Stuck, Patrick 1962 (1 prova), a McLaren em 1970 (4 pro-
escudo e o Biscione nas grelhas de par- aconteceu no Grande Prémio da Suécia, Depailler, Didier Pironi, Derek Daly, Clay vas), a March em 1971 (9 provas), Brabham
tida. Tudo estava, naturalmente, diferen- disputado em Anderstorp, com Niki Lauda. Regazzoni e Brett Lunger) que conduziu entre 1976 e 1979 (62 provas) e Osella en-
te. Já tinha nascido a Altodelta, o depar- Gordon Murray era o responsável técnico à morte do piloto sueco. tre 1983 e 1987 (66 corridas).
tamento de competição da Alfa Romeo, da equipa liderada por Bernie Ecclestone
(1961) tendo como impulsionadores Carlo e estava desagradado com o domínio da
Chitti e Ludovico Chizzola, ex-engenhei- Lotus de Colin Chapman, graças ao efei-
ros da Alfa Romeo e da Ferrari. A Autodelta to de solo de que beneficiava o Lotus 79
nasceu em Udine, esteve em Settimo desde o GP da Bélgica desse ano, com
Milanese, em Milão, até que passou para as saias que fechavam a parte inferior
a Alfa Romeo e teve o direito de usar o do carro. Qual foi a ideia do sul africano?
centro de desenvolvimento de Balocco, Uma enorme ventoinha que sugava o ar
onde acabou por se instalar e “viver” até debaixo do carro, criando vácuo e colando
à sua extinção. o carro ao solo. Não foi uma corrida fácil,
A Autodelta conheceu enorme sucesso pois um piloto atrasado espalhou óleo na
nas corridas de Turismos com os GTA pista, mas como Niki Lauda referiu no seu
1300 e GTAM, tendo Carlo Chitti convenci- livro “To the Hell and Back”, enquanto os
do a direção da Alfa Romeo a apostar nos outros desaceleravam “eu acelerava cada
Mundial de Sportscars. Nasceram os es- vez mais pois o carro tinha mais e mais
petaculares 33 com motores 2.0, 2.5 e 3.0 aderência”. Como a ventoinha era acio-
litros V8 além do “boxer” de 12 cilindros. nada pela caixa de velocidades, quanto
A Alfa Romeo venceu o campeonato de mais acelerava o austríaco, mais o carro
construtores em 1975 e 1977. Após este se colava à pista.
sucesso, Carlo Chitti encheu o peito de Feita a festa no pódio, o carro foi declara-
ar e tentou o seu melhor para convencer do legal, mas a FISA decidiu investigar o
a Alfa Romeo a permitir que a Autodelta carro e apesar de não o ter declarado ile-
desenvolvesse um carro de Fórmula 1 e gal – a Brabham sustentou que a ventoi-
fizesse regressar o Biscione ao topo do nha servia para refrigerar os radiadores
desporto automóvel. montados em cima do motor – a verdade
A primeira tentativa não foi bem-suce- é que o BT46B “Fan car”não regressou à
dida, pois a Alfa Romeo interessou-se competição. E não, não foi banido pela
mais por uma parceria com a Brabham. FISA, foi a Brabham quem, voluntaria-
Foi assim que o motor “boxer” de 12 cilin- mente, o retirou. Porquê?
dros desenhado por Carlo Chitti acabou Porque na época, Bernie Ecclestone já
na traseira dos Brabham BT44B (1975 e tinha outros objetivos e queria evitar
1976), BT45 (1976 e 1977), BT45B (1977), conflitos com os outros construtores
BT45C (1978), BT46A (1978-1979) e BT46B privados, no ano em que ele assumiu
(1978). Depois, por insistência de Gordon a liderança da FOCA, a associação de
Murray, a casa italiana fez um V12 es- construtores de Fórmula 1, e liderou a
treito que surgiu no BT48 (1979). Só que guerra FISA – FOCA pelos direitos tele-
tal como sucedia com o “boxer” de 12 visivos que a FOCA ganhou. Começava
cilindros, consumia demasiado (obriga- aqui o domínio da Fórmula 1 por parte
do a carregar mais peso que os outros) e de Ecclstone que, assim, tinha na mão
a fiabilidade era pouca. Aliás, a Brabham o controlo comercial da Fórmula 1. Mas
passou dificuldades com o motor de Carlo
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O REGRESSO OFICIAL nas, três corridas (Bélgica, França e Itália)
pois a Alfa Romeo quis aproveitar o novo
DA ALFA ROMEO À FÓRMULA 1 V12 feito para a Brabham – entretanto o
“casamento” tinha chegado ao fim ain-
Após o desencanto com a parceria com a da antes do final da temporada - e lançou
Brabham, a administração da Alfa Romeo ainda nesse ano o 179 que acabaria por
decidiu dar luz verde ao projeto de regres- ser usado pela equipa entre 1979 e 1982.
so da casa de Arese á Fórmula 1 com uma A verdade é que os anos de glória da Alfa
equipa oficial. O primeiro carro desse re- Romeo na Fórmula 1 não regressaram.
gresso à disciplina máxima do desporto Olhando para o palmarés da casa do
automóvel, 28 anos depois do seu aban- Biscione, a verdade é que neste período,
dono, foi o 177 que, inesperadamente, uti- entre 1979 e 1985, a Alfa Romeo conseguiu
lizava o bloco 12 cilindros “boxer” que era duas “pole positions”: GP dos EUA de 1980,
fornecido à Brabham com o pouco suces- em Watkins Glen com Bruno Giacomelli
so que se conhece. ao volante do Alfa Romeo 179 com pneus
O chassis, desenhado por Carlo Chitti Goodyear e GP dos EUA de 1982, em Long
e Robert Choulet (que viria a criar uma Beach, com Andrea di Cesaris ao volante
empresa que colaborou com a Rondeau do Alfa Romeo 182 com pneus Michelin.
no carro de Le Mans e com a Audi para E pouco mais.
desenvolver o Quattro, além de ter tra- Esteve próxima da vitória no GP dos EUA
balhado muitos anos com a Peugeot, no- de 1980, disputado em Watkins Glen, com
meadamente, no programa 905 e com a Bruno Giacomelli a liderar grande par-
Jordan grand Prix, além de ter sido con- te da corrida até ser traído por um pro-
sultor da Toyoya Motorsport GmbH), era blema elétrico, conquistou três terceiros
feito em alumínio rebitado, tinha um estilo lugares – GP de Las Vegas, disputado no
poderoso e estava pintado com o verme- parque de estacionamento do Ceasers
lho Autodelta. Palace, com Bruno Giacomelli ao volan-
Bruno Giacomelli, vencedor do te do Alfa Romeo 179C; GP do Mónaco de
Campeonato Europeu de Fórmula 2 de 1982, com Andrea di Cesaris ao volante do
1978 com um March, foi o piloto escolhido Alfa Romeo 182; GP de Itália de 1984, com
para pilotar o 177, lado a lado com Vittorio
Brambilla. O carro acabaria por fazer, ape-
F1/
FÓRMULA 1
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Riccardo Patrese no Alfa Romeo 184T; donos do Alfa Romeo 184T de Riccardo Romeo 155 pilotado por Gabriele Tarquini. jovens pilotos da sua academia e, sobre-
dois segundos lugares (GP da Alemanha Patrese e Eddie Cheever, devido à falta No DTM, Nicola Larini levou o Alfa Romeo tudo, ter mais poder para desafiar a FIA e
e GP da África do Sul de 1983, ambos com de combustível. 155 V6 Ti à vitória em 1993, enquanto que a Liberty Media na hora de negociar al-
Andrea di Cesaris ao volante do Alfa Estava escrito nas estrelas que a presença o Alfa Romeo 156, desenvolvido pela terações ao regulamento técnico e des-
Romeo 183T); e uma volta mais rápida, da Alfa Romeo na Fórmula 1 não iria durar Autodelta e depois pela N-Technology, portivo, mas sobretudo a negociação dos
obtida por Andrea do Cesaris no GP da muito mais tempo e apesar do patrocínio ganhou o Europeu de Turismos entre prémios anuais, onde a Ferrari tem sido
Bélgica de 1983 com o 183T. da Benetton, a casa de Arese não conse- 2000 e 2003 com Fabrizio Giovanardi e amplamente beneficiada.
Aliás, a temporada de 1983 foi a melhor guiu ser capaz de fazer um carro com- Gabriele Tarquini. Mais recentemente, o A morte inesperada do CEO da Ferrari po-
deste período, quando a marca italiana petitivo para 1985. O motor continuava Alfa Romeo Giulietta tem sido usado no deria fazer ruir toda esta ideia congemi-
passou para o motor 890T V8 sobreali- guloso, pouco fiável e pouco potente e o TCR e no campeonato italiano de velocida- nada por Marchionne, mas o seu suces-
mentado, tendo chegado ao 6º lugar no carro foi uma desgraça. De tal ordem que de, com algumas vitórias a polvilharem a sor na casa de Maranello, Louis Camileri,
Campeonato de Construtores (tinha sido Riccardo Patrese, numa entrevista que presença da casa de Arese na competição. e na Fiat Chrysler Automobiles, Michael
11ª em 190, 9ª em 1981, 10ª em 1982 e depois deu no ano 2000, referiu-se ao 185T do A verdade é que, oficialmente, a Alfa Manley, têm seguido à risca o plano deixa-
foi oitava em 1984) a sua melhor classifica- seguinte modo: “o pior carro que jamais Romeo esteve afastada da competição do e como alguém dizia, parece que Sergio
ção de sempre desde que existe campeo- conduzi”. O carro desenhado por Mario automóvel até ao ano passado quando Marchione controla tudo desde a campa...
nato dedicado aos construtores. Andrea di Tollentino e John Gentry era tão mau que Sergio Marchionne decidiu patrocinar a É assim que chegamos a 2019, e trinta
Cesaris foi o grande obreiro dessa classi- após oito corridas onde Cheever abando- equipa Sauber de Fórmula 1, apoio esse e dois anos depois a Alfa Romeo volta
ficação, ele que terminou o campeonato nou oito vezes e Di Cesaris o melhor que enquadrado na necessidade de dar mais a competir como equipa na Fórmula 1.
de 1983 no oitavo lugar, tendo pontuado, conseguiu foi um quarto lugar no GP do visibilidade à recuperação da marca de Recordamos que a primeira saída, com
apenas, nos GP da Alemanha (2º lugar), Mónaco, retirando-se sete vezes, a Alfa Arese, agora dotada dos produtos certos 10 vitórias e dois campeonatos de pilo-
Europa (4º lugar) e África do Sul (2º lugar) Romeo regressou ao 184T do ano ante- como o Giulia e o Stelvio, feitos com base tos ganhos, foi em 1951. Passaram-se
devido aos muitos problemas de fiabili- rior, denominado 184TB. A carro até era na plataforma Giorgio. 26 anos até que a Alfa Romeo voltou à
dade do motor Alfa Romeo. melhor que o 185T, mas a falta de fiabili- Porém, Marchionne, sábio como poucos, Fórmula 1 em 1979, voltando a sair, desta
Foram vividos episódios marcantes, o dade do motor obrigou os dois carros a queria mais do que isso, queria ter na mão feita pela porta pequena, em 1985. Agora,
maior deles a morte de Patrick Depailler não completarem uma corrida até final uma segunda equipa para promover os 32 anos depois, volta a casa do Biscione
ao volante de um Alfa Romeo. O francês do campeonato.
tinha sofrido um acidente grave de asa Perante tanta dificuldade e falta de com-
delta em 1979 e as pernas ficaram seve- petitividade, a Alfa Romeo decidiu dar a
ramente afetadas. O piloto não quis dei- sua presença na Fórmula 1 por terminada
xar de cumprir o seu contrato com a Alfa no final do Grande Prémio da Austrália, a
Romeo e usava uns travões especiais de- última corrida de 1985.
senhados para irem fortalecendo os mús-
culos das pernas. Pilotando com muitas DE PATROCINADOR
dores, Patrick Deppailler estava a tes-
tar nova versão do 179, em Hockenheim, A EQUIPA OFICIAL... OUTRA VEZ
quando uma falha de suspensão atirou o
carro contra as proteções da velocíssima A competição automóvel deixou de ser
Ostkurve, provocando lesões fatais na ca- uma prioridade para a Alfa Romeo, mes-
beça do francês depois do carro capotar e mo que antes de abandonar a Fórmula 1
passar por cima das barreiras, deslizando a casa italiana tenha ganhado com o be-
ao longo de vários metros de rodas para líssimo Alfa Romeo Alfetta GTV6 quatro
o ar até se imobilizar. títulos europeus de turismos/construto-
Entretanto, a chegada do motor turbo deu res (1982 a 1985) e tenha ganhado o BTCC
alento à Alfa Romeo, mas depois da exce- em 1983 com o Alfa Romeo Alfetta GTV6
lente temporada de 1983, as regras volta- pilotado por Andy Rouse, regressando à
ram a mudar e a imposição de um limite vitória 11 anos depois, em 1994, com o Alfa
de 220 litros de gasolina no depósito, com
os reabastecimentos a serem proibidos,
tudo isto em 1984, acelerou o declínio da
Alfa Romeo. Impossibilitada de voltar a
fazer um motor novo, o 890T foi o único
V8 turbo utilizado em 1984, mas consu-
mia tanto que em pistas velozes - como
Imola e Monza - era impossível chegar
ao final com apenas 220 litros. Para evitar
essa situação, os técnicos da Alfa Romeo
castraramo motor,reduzindo-lhesubs-
tancialmente a pressão de sobrealimen-
tação, tornando o carro demasiado lento.
Foi feito algum desenvolvimento, mas o
890T nunca conseguiu ser um motor eco-
nómico e com o declínio já bem evidente,
Riccardo Parese conseguiu o último pó-
dio da Alfa Romeo na F1, com o terceiro
lugar no GP de Itália de 1984 (com o 184
T com pneus Goodyear). Mas a imagem
que fica desse ano são os muitos aban-
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à expressão máxima do desporto auto- da Sauber e a gestão da equipa continuam excecionais na parte técnica, comercial e “Estamos muito felizes com esta colabo-
móvel mundial, a Fórmula 1. as mesmas, mas os carros vão deixar de desportiva. A chegada da Alfa Romeo em ração com a Sauber para trazer de volta a
A equipa fundada por Peter Sauber perde ter o S de Sauber para exibirem o escudo 2018 ofereceu-nos uma motivação extra excelência da capacidade técnica da Alfa
o nome do fundador e passa a chamar- da Alfa Romeo e o Quadrifoglio (o trevo de e cada membro da equipa tudo fez para Romeo e o modo de estar dos italianos
-se Alfa Romeo Racing. O que começou folhas) que significa os veículos de ele- sermos cada dia melhores, seja na pista, para o pináculo do desporto automóvel. A
como um patrocínio em 2018, passa a vadas performances na casa de Arese. seja na sede, enfim, tudo melhorou. Com Alfa Romeo Racing é um novo nome, mas
equipa oficial com maior envolvimento Como pilotos, a Alfa Romeo Racing terá este maior envolvimento da Alfa Romeo, com uma longa história na Fórmula 1!”
da marca, embora a tecnologia e os mo- Kimi Räikkönen e Antonio Giovinazzi, temos como objetivo desenvolver cada Palavras de Michael Manley, CEO da FCA.
tores venham, ironicamente, da Ferrari, ambos ex-Ferrari. setor da nossa equipa deixando que a Veremos como a Alfa Romeo Racing se
a marca de Enzo Ferrari, o primeiro a pi- Com os recursos que vêm da FCA e a nossa paixão pela competição e tecno- vai portar nos primeiros testes, ficando
lotar para a casa do Biscione há quase 70 possibilidade de uma mais profunda re- logia nos faça dar um passo em frente.” por saber quando é que os carros vão mu-
anos. O circulo fecha-se e Alfa Romeo e lação com o departamento de pesquisa e Palavras de Frederic Vasseur, o respon- dar de nome, de Sauber para Alfa Romeo
Ferrari, ambas debaixo do chapéu Fiat desenvolvimento da Alfa Romeo e com a sável máximo da Alfa Romeo Racing. – para isso tem de ser feita um pedido
Chrysler Automoviles (FCA), vão colabo- equipa Ferrari, a Alfa Romeo Racing tem Com esta mudança, a equipa passa a es- formal que exige uma aprovação da FIA
rar para tentar a hegemonia na Fórmula tudo para lutar pelos lugares do meio do tar debaixo dos holofotes de todos, porque e das equipas para que se possa man-
1. Revive-se assim o espírito de 1950 e pelotão, como o fizeram em 2018 Charles depois do que fizeram em 2018, acredita- ter o quinhão pago às equipas pela FIA
1951, quando a Alfa Romeo conquistou Leclerc e Marcus Ericsson. -se que o reforço de recursos e de meios – e se o carro vai ter uma denominação
dois títulos de pilotos. “Após iniciar uma colaboração comer- com a ajuda da Ferrari fará da Alfa Romeo complicada como na Ferrari ou se o novo
A equipa não será uma operação total- cial com o nosso principal patrocinador Racing uma equipa a ter em conta na luta carro vai ser o 186 ou, melhor ainda, o Alfa
mente Alfa Romeo, já que a propriedade em 2018, a nossa equipa fez progressos pelo quarto lugar do campeonato. Romeo 019.
R/10
RALIS OLIVER CIESLA
FALADOS RALIS
CANDIDATOS
José Luís Abreu c/Martin Holmes Talvez esta conversa esclareça a incerteza O Promotor do WRC há muito mais em particular todos os aspetos de se-
[email protected] generalizada sobre o tema dos futuros ca- mostra intenções de levar gurança, especialmente como evitar que
FOTOS Martin Holmes Rallying lendários do WRC. E, para começar, a pro- a competição para outras carros e animais se aproximem dema-
va que está mesmo na porta de entrada, o localizações, e apesar de siado uns dos outros. Se o conseguirmos
Quando terminar de ler esta en- Rali do Japão: "Com a sua grande base de de uma forma satisfatória, posso garan-
trevista, feita ao Diretor Geral do adeptos locais e a sua enorme economia, algumas tentativas frustradas, tir que não teríamos quaisquer reservas
Promotor do WRC, vai ficar com todas as equipas e pilotos expressaram como a China, o calendário como Promotor de propor o Quénia para
a certeza de que a cada ano que a sua vontade de correr no Japão. Para a o Calendário de 2020 do WRC."
passa é cada vez mais importan- nossa competição, ter o continente asiá- do WRC vai mudar muito nos O Brasil foi muito falado há uns anos, mas
te que o Rali de Portugal mante- tico e um mercado importante, como o próximos anos e essa é só com a recente entrada no Chile, e pelos
nha o seu nível muito elevado, como suce- Japão, seria um bom passo para tornar o mais uma razão para que o motivos que Ciesla explica, é um assunto
de há muito, o que lhe permite manter-se campeonato num série ainda mais global. encerrado para já: "De momento não há
no calendário do WRC há muitos anos. O recente rali candidato (em Shinshiro, Rali de Portugal volte a ter de qualquer questão relativa ao WRC com
Para este ano, e como já foi tornado pú- na ilha principal do país, Honshu) mos- ser... perfeito o Brasil. Há três ou quatro anos estive-
blico, a prova portuguesa do Mundial de trou-nos a nós, e à FIA, que os japoneses mos em contacto com uma organização
Ralis regressa a outra das suas Catedrais, podem organizar novamente um evento perfeitamente possível, pois será sempre para verificar a possibilidade de acolher o
Arganil, e a pouco e pouco encontra-se no WRC. Não estamos preocupados com possível fazer uma analogia com o passa- evento do WRC em Erechim. Chegámos a
cada vez mais com o melhor do seu pas- os troços pequenos. A área ao redor de do: "Tivemos a oportunidade de realizar enviar uma pessoa para observar o even-
sado. Nagoya oferece muitas oportunidades. É uma primeira inspeção em 2018. O que
Esta tradição continua a ser muito im- muito perto da grande fábrica da Toyota, vimos foi promissor, pois oferece-nos
portante para os responsáveis do WRC. algo que dará aos funcionários da mar- a oportunidade de realizar um evento
A exemplo do que sucede na Fórmula 1, ca a oportunidade de virem conhecer o do WRC nos terrenos privados de Lord
por muito que mude à volta, há Grandes desporto. e Lady Delamare, o que nos dá controlo
Prémios em que não se toca, e no WRC, No que diz respeito a todos os hotéis e total sobre o tráfego.
não sendo tanto assim, há ralis que os pi- restaurantes, e aos requisitos logísticos Ver novamente a paisagem e a vida selva-
lotos e as equipas pressionam mais para nos aeroportos, portos e comboios, a área gem no continente africano é uma grande
que se mantenham. tem infraestruturas absolutamente fan- motivação para nós.
Como se sabe, há aspetos positivos que tásticas. Já no que se refere ao parque A África Oriental tem uma economia
Portugal tem de sobra, mas há outros, que de assistência, existe uma estação de em crescimento, o próprio Presidente do
não temos volta a dar. Quando em deter- comboios mesmo em frente ao centro Quénia (Uhuru Kenyatta) e o Presidente
minada altura da nossa conversa, Oliver de Exposições. Estamos muito satisfei- da FIA (Jean Todt) apoiam fortemente este
Ciesla diz: “Há mercados que são para nós tos com as nossas pré-condições para a evento.Entre os diasdia5e 7de julhova-
um fim de semana perdido”, esta é uma realização de um evento do WRC no Japão. mos observar o rali candidato, verificando
frase que temos de ter em mente, e o que Oferece todo o carácter de um rali, mas ao
nos resta é contribuir para que o rali seja mesmo tempo permite-nos estar muito
tão bom a todos os outros níveis que faça perto das pessoas.
quem decide olhar para outros ângulos. O Japão fará parte da proposta do
Este início de temporada de 2019 foi um Calendário que o Promotor irá apresen-
bom momento para o Diretor Geral do tar à FIA para a temporada 2020 do WRC."
Promotor do WRC, Oliver Ciesla, dar-nos
uma atualização sobre o trabalho de ex- ÁFRICA MINHA
pansão que está a ser realizado pela sua
empresa na procura de novos ralis, po- Sendo o Japão um ponto claramente as-
tenciais candidatos a entrar futuramente sente, passámos ao possível regresso do
no calendário do Campeonato do Mundo Rali Safari. E sendo certo que as grandes
de Ralis. maratonas do passado são história e as-
sim se vão manter, o regresso do Quénia é
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to local. Mas chegámos à conclusão que, e um regresso, a Polónia: "Estamos também com o Presidente do país, AMÉRICA DO NORTE É DESEJO
embora Erechim possa ser o maior rali do em conversações avançadas com a que ofereceu apoio total.
país, ainda é um evento muito pequeno. Federação de Desportos Motorizados Ainda estamos em conversações O México veio para o WRC porque não foi
Levaria muito tempo a desenvolver este da Croácia. Já tínhamos uma propos- com a Federação Croata de Desportos possível convencer os norte-americanos,
evento e a colocá-lo a um nível adequa- ta interessante há dois anos para or- Motorizados e vamos ter reuniões nas mas há dados que mostram que isso pode
do para o WRC. ganizar um evento do WRC em Istria. próximas semanas, de modo a perceber mudar. Por outro lado há o Canadá, que
Também não encontrámos um local al- Eles parecem agora ter mais ideias a melhor o status quo e quais são as opor- tem a possibilidade de oferecer ao WRC
ternativo no país que fosse mais capaz ou apresentar para acolher o WRC, como tunidades para o calendário do evento. outra prova de neve para além da Suécia.
mais atrativo. Portanto, para já, Brasil não." o parque de assistência no centro da Se tudo isso for positivo, a Croácia terá de Ou outra, ou em vez dez: "O Canadá e
cidade de Zagreb, com a prova a po- acolher um rali candidato antes de poder também os EUA são países muito inte-
EUROPA EM CIMA DA MESA der realizar-se na região de Zagreb. ser considerada como possibilidade para ressantes para nós. Não só porque gos-
Aespada de Dâmocles já paira sobre al- Dizem-nos que este evento é apoia- entrar no calendário do WRC. taríamos de ver uma segunda prova de
gumas provas europeias, e para ajudar do não só pelo Presidente da Câmara Um rali candidato na Croácia poderia pro- neve e gelo no calendário, mas também
à 'festa' estão ainda a 'marinar' novas de Zagreb, mas também por todo o vavelmente já ser organizado ainda em porque gostaríamos de ter mais contac-
provas europeias, uma nova, a Croácia, Governo croata. Tivemos reuniões 2019. Se for o caso, em teoria também to com o continente norte-americano,
poderá estar em condições de ser pro- além do México.
posto em 2020. Independentemente do México, tanto os
Por outro lado, ainda pensamos na Polónia EUA como o Canadá podem ser muito
e lembramo-nos das preocupações com a atraentes para o campeonato, pois são
segurança e a disciplina dos adeptos. Não mercados enormes.
estou ciente de nenhum outro problema. Há muita atividade no automobilismo e
Noutros aspetos, a qualidade da organi- isso é algo que podemos perceber atra-
zação deles é boa, estaríamos muito in- vés dos números dos nossos serviços
teressados se a Polónia pudesse ser can- digitais, incluindo o WRC+, que nos diz
didata novamente ao WRC. termos uma base de adeptos bastante
O mercado de ralis é enorme, com um relevante nos EUA.
grande número de adeptos e ótimos se- Na verdade, todos os meses, os assinantes
guidores da imprensa. Consideramos que dos EUA estão no top 3 do ranking geral
a Polónia tem uma grande possibilidade de assinantes do WRC+ em todo o mundo.
no nosso portfólio e, se o país puder ter a Mas não há nada de específico neste mo-
chance de recuperar o seu lugar, eu ado- mento. Estamos numa fase muito inicial,
raria olhar para essa oportunidade.” Mas por isso este não é um projeto de curto
há outro caminho que o Promotor adora- prazo, estamos em contacto com dife-
va poder desbravar. rentes grupos, tanto no Canadá como nos
EUA, para explorar quem poderá ser o lí-
der de todo o processo de introdução de
um rali WRC na América ou no Canadá."
Que país poderia ser o anfitrião, que ci-
dade deveria ser a anfitriã?
Analisando um pouco as palavras de
Oliver Ciesla, depressa se percebe que
sendo verdade que há norte-americanos
a gostar do WRC, nos seus dados também
há-de estar presente onde é que esses
adeptos estão sediados, pois os EUA são
enormes, e estranho seria que 50 estados
contabilizados juntos não estivessem no
top 3. Comparar os números dos EUA com
a Europa toda junta já é outra conversa,
mas isso também é compreensível. Com
a dispersão que julgamos haver, onde se-
ria possível fazer a prova? Provavelmente
na zona de Los Angeles...
Quanto ao Canadá, sem dúvida. Outra pro-
va de neve e logo num país com boa tradi-
ção nos desportos motorizados, seria in-
teressante. Mas também não vai ser fácil.
CHINA DESINTERESSOU-SE
Depois a China, sem dúvida, um país
que está no topo da lista de desejos dos
Promotores: "Infelizmente, atualmente
não conseguimos encontrar ou receber
quaisquer propostas de entidades re-
gionais, governamentais ou da indústria
comercial que nos tenham manifestado
interesse em organizar, acolher e subs-
R/
RALIS
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crever um evento do WRC. Continuamos apreciam o tipo particular de estradas podemos ter num determinado ano. Se WRC-EXIT NA EUROPA
a procurar esse parceiro. em que se pode correr lá, pelo que, de falarmos da Índia, podemos também
Penso que é óbvio que um alemão, ou uma um ponto de vista puramente desporti- falar da Indonésia e da Malásia, mas Deste modo já dá para perceber melhor
empresa com sede no Reino Unido, não vo, novamente, temos uma grande his- estão ambas num nível de conver- em que ponto se encontram as coisas. Mas
teriam qualquer hipótese de o fazer so- tória adicional para contarmos. É claro sações muito precoces, mesmo para agora a grande questão que permanece é
zinhos num país como a China. Portanto, que também não se podem ignorar as uma reflexão a médio ou longo prazo. como reduzir o número de eventos euro-
nós precisaríamos sempre de um parcei- realidades comerciais e promocionais. Mas nesses países não posso dizer que peus para adaptar o calendário a todos es-
ro estratégico, que se juntasse a nós nes- Não é um país grande, mas por outro queremos estar presentes amanhã. ses novos países? "Se a estratégia da FIA
te esforço de levar o WRC para a China. lado implica custos e tempo substan- Para desenvolver o desporto, por ve- em expandir o calendário fora da Europa
Ha uns tempos falou-se na Índia, mas ciais para lá ir e para regressar”, disse zes temos de pedir a um evento que continuar, e se a seguir ao Chile introdu-
quem sabe o que se passou com a F1 e as Ciesla, que neste caso tem um trunfo, a cresça através do seu campeonato na- zirmos eventos no Japão e no Quénia, e
razões para a rapidez do evento ter saí- alternância com a Austrália. cional durante dois ou três anos, antes por fim, se as equipas disserem que não
do de lá, percebe melhor as dificuldades: E quanto a outros países? “Nós olha- de lhes pedirmos que deem o próxi- podem fazer mais de 14 eventos, é claro
“A Índia é um pouco diferente da China, mos para a Rússia, mas isso nem se- mo passo, que tem de ser uma ronda que temos que considerar perder um ou
uma vez que temos um parceiro local que quer vale a pena mencionar. Há algum no Campeonato Ásia-Pacífico. Depois dois eventos europeus.
manifesta o seu interesse em levar o WRC tempo tivemos a oportunidade de ir no- talvez vir para o WRC. Será sempre Penso que o campeonato não vai so-
para lá. Estaríamos muito interessados vamente à Jordânia, mas uma vez mais preciso isso para poderem estar pron- frer com isso, não devemos ter medo. É
em ir, pois esse é um país em que esta- não cabia no calendário. Está sempre tos para o WRC dentro de cinco anos”, apenas uma evolução. As coisas podem
mos muito atraídos pela grande diversi- tudo ligado ao número de eventos que disse Ciesla. mudar nos países. Não preciso de men-
dade de locais disponíveis. Poderíamos cionar nomes, mas se um país não tiver
mostrar fotos que aumentariam muito o
nosso portefólio.
Também há ‘players’ da indústria na Índia
interessados em estar associados ao WRC.
As pré-condições não são más. Mas não
estamos num nível que nos permita ir até
lá e organizar imediatamente um rali can-
didato, mas isto é algo que poderá acon-
tecer nos próximos dois ou três anos, a
médio prazo.
No entanto, existe ainda um obstáculo
que afeta todos os grandes desportos
mundiais na Índia. O seu sistema fiscal
exige que uma pessoa ou entidade in-
ternacional que faça negócios na Índia
pague uma parte dos seus impostos na
Índia. A menos que isso seja resolvido, a
Índia tem grandes problemas para atrair
qualquer tipo de evento automobilísti-
co global."
A Nova Zelândia é um rali que conti-
nua a ser muito querido pelas equipas
e especialmente pelos pilotos, já que
guiar naquelas estradas é absolutamen-
te fantástico. Já tivemos pilotos a dize-
rem-nos que a nível de pilotagem pura,
não há melhor: "Como promotor estou
interessado nas propostas que recebe-
mos regularmente da Nova Zelândia. Eu
respeito a herança que a Nova Zelândia
tem, como rali e como país, e o que pode
trazer para o campeonato. Os pilotos
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pilotos no top 5, as maiores emissoras de zerem enormes esforços para lidar com clinadas a comprar um carro do que num nal para qualquer desporto, nem sequer
TV perdem interesse. Os adeptos deixam um desporto tão complicado como este, e mercado europeu saturado, em que as é uma decisão comercial. Acho que se tra-
de assistir. A imprensa escrita generalista todos os seus esforços contribuíram para crianças estão mais ocupadas com os ta apenas de senso comum”. Pelo que se
não segue tanto as provas. ajudar a colocar o WRC onde está hoje. seus telemóveis e jogos. A consequência percebe, a pressão vai acentuar-se sobre
Então eu acho que é justo dizer que esses Mas também é preciso ter a coragem é que nesses países, que não da Europa, as provas da Europa, e como Oliver Ciesla
mercados são para nós um fim de semana de lutar pela mudança. Atualmente, na o seu interesse no automobilismo é 14- diz, as coisas podem mudar rapidamente
perdido, quando ao mesmo tempo eu te- América Central e do Sul, ou em gran- 15% maior hoje em dia. Então por que em cada país. Neste momento, as provas
ria a oportunidade de tocar terrenos mui- des partes da Ásia, a população ativa é não tentar ir para esses lugares? Penso que mais se falam em poder sair na Europa
to mais frutíferos noutras regiões. Esta é mais jovem. As pessoas estão mais in- que é uma abordagem bastante racio- são a Córsega e a Sardenha, mas se pen-
apenas uma evolução normal. sarmos nos países por trás, falamos de
Lembre-se de que se não realizar um França e Itália. No caso francês, o Monte
evento do WRC durante três, quatro ou Carlo atenua a questão, mas na Sardenha
cinco anos, isso não significa que nun- basta que decidam fazer o que Portugal
ca mais volte. fez em 2015 - com a ida para o Norte -, e
O WRC também sobreviveu quando o Rali os italianos regressarem a Sanremo e à
de Monte Carlo esteve no IRC durante al- Toscana, para poderem fazer uma fuga
guns anos, e aqui estamos nós. Não de- para a frente.
vemos ter medo. Temos todo o respeito A única certeza é que muito vai mudar
pelo facto de todos os organizadores fa- nos próximos anos. Até lá, no nosso 'can-
tinho' o melhor mesmo é continuar a fa-
zer provas que deixem os decisores de
boca aberta. Há uns anos, vimos a super
especial de Lousada ao lado de Oliver
Ciesla e ele não escondia a felicidade de
ver as bancadas e a festa que sucedia lá
em baixo. Nisso, somos inigualáveis...
R/
RALIS
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TÄNAK FOI O ÚNICO
“QUE SE NIVELOU PELO OGIER...
OWRCVISTOPORMÁRIO CASTRO Aproveitámos a ida de Mário voz experiente para nos levar ainda
Castro ao Rali de Monte Carlo, mais longe.
Mário Castro, navegador de Pedro
para nos contar o que viu in Meireles no CPR e ele próprio piloto
loco. O testemunho de um de ralis, foi ver o Rali de Monte Carlo
e trouxe-nos histórias para contar.
navegador muito experiente, Tal como a perceção com que muitos
que também é piloto. Esta ficaram com o que viram, também ele
prova não é a melhor para percebeu que Sébastien Ogier, Thierry
Neuville e Ott Tänak estão um de-
tirar conclusões, mas olhos grau acima dos restantes. Percebeu
experientes percebem as também que Sébastien Loeb ainda
diferenças. É isso que vos está um pouco ‘enferrujado’ com o
vamos contar... desconhecimento que tem do Hyundai
i20 Coupe WRC, e ficou surpreendido
José Luís Abreu pela prestação de Kris Meeke: “Vi nove
[email protected] classificativas em locais bem diferen-
FOTOS @World/A. Lavadinho, tes, zonas rápidas, médias e outras
A. Vialatte; Martin Holmes Rallying bastante lentas, mas a primeira coisa
que pude perceber é que os carros
H oje em dia o WRC é a única estão bastante equilibrados entre si.
competição de nível mun- Não se nota um carro menos potente
dial que pode ser vista pela ou com menos ‘saída’”, começou por
TV de fio a pavio. A tecno- dizer Mário Castro, que curiosamen-
logia hoje permite que os te destaca um carro que até aqui era
adeptos sigam todos os tro- mal amado pelos adeptos: o Citroën
ços em direto, com comentários de C3 WRC. Pelos vistos agora... já anda:
gente experiente que sabe o que está “Uma característica que ficou bem à
a ver, e por isso os adeptos ‘hardcore’ vista para quem está a ver de fora é
do WRC já têm uma ideia muito for- a estabilidade do C3 WRC relativa-
mada do que valem os carros, pilotos mente aos outros. Acho que o carro
e equipas, mas não há nada como uma
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anda mais amarrado ao chão, é mais Curiosa apreciação. Depois de um ano de tração, vendo de fora, grandes dife- plo o Ogier ou o Tänak, porque o carro
estável, muito ao contrário do Hyun- de 2017 difícil para o C3, em outubro renças. Acredito que existam algumas não é, claramente, tão estável quanto
dai, que achei um carro, como disse passado percebemos que afinal o carro diferenças entre os quatro carros mas o Citroën e o Toyota.
recentemente o Loeb numa entrevis- pode ganhar ralis da mesma forma que vendo de fora não se nota muito”, disse. Nota-se que ele vinha sempre mais
ta, um pouco ‘brincalhão’. Isso ficou os outros, o que agora é só confirmado de lado, não era tão eficaz, sempre a
um bocado demonstrado, por aquilo não só pelos números, mas também MUITAS DIFERENÇAS fazer um grande esforço, mais do que
que eu vi. O carro anda sempre mais pela perceção que o carro deixou. a qualidade do chassis do carro. Volto a
descompensado, a abanar mais um Pelos vistos, os carros são todos di- NOS PILOTOS frisar, e isto tem que ser sempre levado
bocadinho, e provavelmente não dará ferentes, mas também todos iguais: em consideração, esta é uma perceção,
tanta confiança aos pilotos. “O Toyota também me pareceu um Sendo os carros muito equilibrados, pois numa situação ou outra, a possibi-
E esse pode ter sido um dos problemas carro excelente, muito bom a curvar, são, portanto, os pilotos que fazem a lidade de virem com pneus diferentes
que ele pode ter tido, também pela falta muito estável, praticamente ao nível diferença: “Aí sim, notaram-se grandes pode justificar a forma como passou.
de testes que teve, pois nota-se que do C3. E os Ford também um bocado diferenças. É óbvio que neste rali é O carro vir a escorregar mais, pode
o carro não é tão eficaz a curvar, nas isso. Não dá para ver nos carros, em sempre preciso considerar que esta- significar ele trazer pneus menos
zonas rápidas, como o C3”. termos de andamentos, de potência, mos a dar uma opinião baseada numa eficazes para aquela zona específica.
perceção resultante dos nove troços É difícil para quem está de fora ver
que vi. Numa prova como o Monte Carlo isso…”, explicou Mário Castro, que
há nuances em termos da utilização tem uma opinião curiosa face ao que
de pneus, que podem ser erradas para viu de Sébastien Loeb: “Ele passava
aquele sítio específico, num caso ou muito bem, isso foi indiscutível, mas
noutro, e com isso deixar uma im- notou-se claramente alguma falta de
pressão errada. confiança, aquele bocadinho de segu-
É um rali um bocado incaracterístico rança ou convicção necessárias para
nesse aspeto, agora uma coisa que não hesitar em lado nenhum. Muito
se notava na perfeição é que havia ali provavelmente porque os testes fo-
três pilotos a fazer completamente a ram curtíssimos, comparados com os
diferença, o Tänak, Ogier e o Neuville. concorrentes. Em muitos sítios nota-
O Thierry Neuville, na maioria dos va-se que ele vinha ali dois ‘pontinhos’
sítios em que o vi, notava-se que abaixo do andamento dos outros três.
vinha, não vou dizer perdido, mas a Quem também gostei bastante de ver
arriscar muito mais para conseguir passar foi o Kris Meeke, também muito
os tempos que conseguiu. Tinha que
arriscar muito mais do que por exem-
R/
RALIS
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consistente, apesar dos problemas
que teve, em termos de condução pura
gostei de o ver passar. O Mikkelsen,
a espaços, nem sempre, num sítio ou
noutro bem, mas depois também uns
furos abaixo.
E quem estava claramente uns furos
abaixo nesta questão da pilotagem
eram os pilotos da Ford. Nota-se que
nenhum deles é um especialista de
asfalto, muito menos no Monte Carlo.
O Tidemand também fez a estreia com
o carro, não deve ter sido nada fácil
para ele.
Mas os outros dois, o Suninen e o
Evans, que já não é a primeira vez
que fazem o rali, notou-se claramente
falta de andamento. Não penso que
tenha sido necessariamente o carro
até porque este carro ganhou dois anos
seguidos o campeonato, mas nota-se
à vista que travam mais cedo, curvam
mais devagar, têm outros cuidados, a
confiança não é nada comparável com
o que se vê do Ogier ou do Tänak ou
Neuville”.
TODOS DIFERENTES... POUCOS realmente numa grande forma, mas mais devagar, mas não… como a Toyota, que tem claramente
curiosamente não tem conseguido O Latvala nota-se que estava um bo- dos melhores carros, com dois grandes
IGUAIS traduzir isso em ainda melhores re- cadinho menos confiante, é um rali pilotos na equipa, acho que ele devia
sultados. Ou culpa dele, ou por culpa difícil para ele, faz alguns troços bons estar sob uma pressão enorme de não
Tendo visto nove troços, alguns deles do carro, as coisas não têm corrido mas quando as condições dos troços cometer qualquer erro e perante isso
não havia a mais pequena dúvida que muito bem desde meados da época são mais adversas, não consegue acho que ele fez um rali muito bom. E
não seriam os pneus a justificar as passada, mas é sem sombra de dúvi- manter o ritmo e essencialmente não depois fechou o rali em beleza com
diferenças, e quando se tem a oportu- das o piloto que neste momento tem consegue a frieza que tem o Ogier e a vitória na Powerstage, que era um
nidade de ver uma parcela boa de um mais possibilidades de bater o Ogier também o Tänak. troço que poucos pensavam que podia
troço, numa zona com vários zonas de no campeonato. Nos sítios mais difíceis, eles são capa- ganhar, tendo em conta que se lutava
dificuldades acrescidas, aí percebe- Contudo, o Neuville também andou zes de mudar completamente o chip pela vitória ao décimo de segundo.
-se tudo um pouco melhor: “Um dos bem, já lutou pelo título o ano passado em apenas 50 metros, e atacar ao má- Portanto, acho que fez um rali exce-
sítios onde vi era bastante bom para e estou convencido que a luta irá ser ximo até aparecer outra dificuldade lente, poderá num troço ou noutro as
perceber esse tipo de diferenças, já entre os três, ainda que um piloto ou outra vez.+ A ideia que dá é que o Lat- coisas não terem corrido tão bem, teve
que era uma zona rápida, depois tinha outro se possa intrometer e vencer vala pode vir bem numa classificativa dois furos, mas acho que ele esteve
uma lomba, logo seguida duma reta um ou outro rali. mas quando aparecem dificuldades mesmo muito bem e atendendo à pres-
pequena de 100 metros, depois era Voltando ao Tänak, não notei nada de ele demora mais tempo a reentrar no são com que devia estar acho que foi
seguida duma esquerda, e aí notava-se muito diferente, notei que ele é muito ritmo. O Ogier e o Tänak, pelo que vi das figuras do rali”, disse Mário Castro,
claramente quem vinha confiante no preciso no que faz, vi situações em que ali, são muito rápidos a mudar o chip, que percebe o que deve ter sentido o
que estava a fazer e quem não vinha. vinha de uma zona completamente quando é para ter cuidado, têm mes- piloto britânico nesta estreia com um
O Ogier, o Tänak, até o próprio Loeb, seca e depois tinha uma placa de gelo, mo cuidado, até parece que às vezes nova equipa...
travavam todos depois da lomba para e ele vem completamente a fundo e passam mais devagar que os outros, Equipa em que também há grandes di-
a esquerda, e os Ford e o Mikkelsen trava mesmo no sítio certo, é muito mas mal passam aquele obstáculo, ferenças é a Hyundai: “Entre os pilotos
antes da lomba já estavam a travar. preciso, tem uma condução muito lim- atacam ao máximo. Vê-se logo que da Hyundai essencialmente notou-se
Portanto, aquilo não é uma questão de pa, tão limpa quanto o Ogier, enquanto vão tentar chegar à próxima curva o algumas diferenças, mas mais em
carro, mas sim de falta de confiança, os outros chegam muito mais de lado, mais rápido possível e os outros vão estilo de condução. Quem viu passar
ou falta de jeito… ou até puxam do travão de mão para ali um bocadinho ainda a ‘acordar’… o Neuville, via um piloto que vinha
Vi vários tipos de troços e vários com- colocarem o carro. Quanto ao Meeke, gostei bastante. completamente ao ataque, passava
pletamente secos em que se via que Dos sítios onde vi o Tänak foi cla- Temos que ter em consideração que por cima de tudo, ele atravessava-se
vinham com os mesmos pneus e no- ramente o piloto que em termos de ele devia ter muita pressão sobre ele. onde mais ninguém se atravessava,
tavam-se essas diferenças. condução mais se nivelou pelo Ogier, Um piloto que é despedido duma marca pode dizer-se que vinha a 110%.
Acho que temos de tirar o chapéu ao muito preciso a acelerar e a travar nos pela razão que foi, teve acidentes, uns Já o Loeb, uma pilotagem sempre muito
Ogier, que apesar do rali nunca ter sítios certos. Quem vê parece que vem atrás dos outros, chegar a uma marca precisa, mas a hesitar, notava-se um
estado controlado, as diferenças foram
mínimas, mas nota-se perfeitamente
que ele sabe o que está ali a fazer. É
difícil cometer um erro, vê-se numa
situação ou outra com um bocado de
gelo que ele faz trajetórias diferentes
dos outros, mas muito mais eficazes.
Um furo é sempre um azar, embora
possa ter sido culpa dele, mas mais
uma vez o Tänak, sem o furo, iria lutar
pela vitória até ao fim, e não sei se
não ganharia. Eu acho que ele está
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bocadinho a falta de confiança, no coisas sejam diferentes e o Lappi já WRC2 Pro, o que não sucedeu no conduzir bastante bem, muito preciso,
carro e talvez em alguns troços que esteja noutro nível.” Monte Carlo, poderão tirar-se mais direito, muito para a frente.
ele disse que não conhecia. Ele vinha as dúvidas dos R5 e dos seus respe- Diferenças à vista nos carros, não vi nada
a fazer tudo bem, mas um grau abaixo, SEMPRE OS PILOTOS tivos pilotos: “Nos R5 é onde se nota de muito significativo, especialmente
mais devagar ou menos confiante do mais as diferenças de condução de por parte do Volkswagen, embora tal-
que o Neuville. A FAZER A DIFERENÇA cada piloto, já que os carros são muito vez o Volkswagen tenha mostrado uma
O Mikkelsen não andou mal, está ali equilibrados. É óbvio que nos R5 há coisa que também mostra o Citroën C3.
no meio termo, não tão agressivo Se no caso do WRC, e depois de termos carros que estão mais adaptados a Pareceu-me ser um carro mais estável
quanto o Neuville mas não também visto e revisto o que Sébastien Ogier uma situação do que a outra, não são do que os outros. Os outros não tão pre-
tão preciso como o Loeb, e os tempos fez em dois anos de M-Sport, e o que exatamente iguais, senão também não cisos, e o VW praticamente não mexe, é
também mostraram isso, chegou a já está a fazer pela Citroën, percebe- tinha piada, mas o equilíbrio é muito um carro que trava, curva e acelera, não
fazer alguns registos interessantes, -se que a sua classe coloca-o num grande entre a performance dos vários tem reações estranhas, pelo menos de
mas teve aquele azar, que é um erro, patamar em que os seus adversários carros das marcas que têm R5. acordo com o que me pareceu, enquanto
até aí estava a fazer um rali bom. Mas ainda lutam para lá chegar. Já há quem Gostei muito do Volkswagen, mas para que os outros não eram tão estáveis. Mas
para um piloto que está na equipa que esteja bem perto, se calhar igual ou ser muito sincero, não achei que, vendo em termos de performance, tração, todos
há um ano estava a lutar pelo título e melhor – vamos ver daqui para a frente de fora, fosse um carro muito superior estiveram muito bem”, disse.
a ganhar ralis, está uns furos abaixo o que faz Tänak e a Toyota – mas no aos outros, gostei muito de ver o Citroën O Rali da Suécia ainda não vai dizer tudo
do que a Hyundai quer. caso dos R5, os carros são ainda mais e do Ford. E tal como no WRC, também quanto à competitividade relativa de
Lappi não andou mal, até gostei de equilibrados que no WRC, e aí são ain- houve alguns pilotos que se distinguiram cada piloto e equipa, pois é uma prova
ver, mas penso que teve um rali bas- da mais os pilotos a fazer a diferença. dos outros, que foram o Gus Greens- muito específica. Sendo verdade que
tante complicado, com dificuldades, Nos últimos anos a Skoda sempre teve mith (Ford), o Kalle Rovanperä (Skoda), todos rodam com os mesmos pneus, as
mas acho que do pouco que vi, já que o melhor ‘conjunto’, e este ano, com a o Nicolas Ciamin, no Volkswagen, e o condições com que se podem deparar
desistiu cedo, vi dois troços ‘normais’ chegada de novos e bons carros aos Yoann Bonato, no Citroën. Depois, tanto na estrada são distintas. Veja-se o que
dele. Pelo menos em condições nor- R5, Citroën C3 R5 e Volkswagen Polo o (Ole Christian) Veiby e o (Guillaume) De sucedeu o ano passado em que houve
mais, não passava mal, mas nota-se GTI R5, será curioso perceber como Mevius, andavam o ‘tal’ furinho’ abaixo. um excesso pouco habitual de neve e
que lhe falta muito conhecimento do tudo irá evoluir. Os carro pareceram-me muito equili- Ogier teve grande dificuldades... para
carro, e mais à vontade. Num carro É pena que a VW não se tenha inscrito brados, achei realmente que o que fez a pontuar. Se o tempo continuar frio mais
novo e num rali tão difícil quanto este na WRC2 Pro, porque desta forma irá diferença foi a condução dos pilotos, e a duas semanas, há um sério risco de se
não é fácil estar ao nível de um piloto suceder algo como o que já sucedeu forma como abordaram o rali. O Bonato repetir a história. Na verdade, será no
como o Ogier. Se os outros têm difi- neste Monte Carlo. O piloto da M-Sport foi sempre um piloto que manteve um México em que se começará a perceber
culdade em conseguir, para o Lappi Gus Greensmith viu Kalle Rovanperä nível muito elevado, passou bem em melhor o que valem os carros, e como se
será ainda mais. atrasar-se e a partir daí não sentiu todo o lado, o Greensmith também, o dão com os pilotos, especialmente os
Mas acredito agora na Suécia que as necessidade de andar totalmente no Rovanperä sempre igual a si mesmo, a que trocaram de equipa.
máximo.
Quando a Citroën tiver um piloto na
E/18 ENJOTSFRÉOENPVETIDESSRTOA
ENTREVISTA
Depois de um ano a meio gás e
com troca de carro pelo meio,
José Pedro Fontes entra em
2019 com aspirações renovadas
quanto à luta pelo título de ralis.
Mas uma conversa com um dos
homens fortes da Sports & You vai
sempre muito para lá dos ralis…
RALIS SÃOUM
DIAMANTEEM BRUTO,
EXPLOQUREANÃROAESOTAMMOÁSAXIMO
José Luís Abreu com Gonçalo regressar às vitórias e lutar pelo título até chegaste à luta pelo título. Como foi o teu Tens uma boa ideia da concorrência, vai
Cabral/16 Válvulas à última prova. Agora, com novo CPR pela ano de 2018 e o que esperas de 2019? Vais haver novos carros, pensas que o nível
[email protected] frente, a confiança é bem maior. voltar a ter a Inês a teu lado? do CPR vai subir ainda mais?
FOTOS AIFA/Jorge Cunha Mas a conversa que mantivemos foi bem 2018 foi um ano bom, mas difícil. Bom O CPR continua, felizmente, em cresci-
e ZOOM Motorsport/António Silva para lá da principal competição nacional porque pude voltar a fazer o que gosto e mento, a chegada do Bruno (Magalhães)
de estrada. porque acabei o ano competitivo e com e de novos carros vai tornar o campeo-
Não pode ter sido fácil para José Sendo um dos líderes da Sports & You, um vice-campeonato. nato ainda mais competitivo, mas acho
Pedro Fontes o ano de 2018. À falou-se naturalmente da Peugeot Rally Mas foi também muito difícil, porque não também que há um conjunto de novos
felicidade do regresso depois de Cup Ibérica e do futuro da competição, entrei com o ritmo e a confiança que pen- pilotos que estão a adquirir experiência
tão longa recuperação, somou- mas também da própria Sports & You, sava que iria ter, e só graças ao trabalho e que vão aumentar o lote dos que irão
-se um ano que várias circuns- do passado, presente e futuro de uma das de toda a equipa e o apoio incondicional discutir os primeiros lugares. Não posso
tâncias tornaram um pouco er- maiores estruturas nacionais de compe- do Paulo Babo é que conseguimos ultra- deixar de lamentar que o Carlos Vieira
rático. A sua participação no Campeonato tição automóvel. passar a situação. ainda não possa estar presente, pois sem
de Portugal de Ralis não foi a que queria, Por fim, sendo Licenciado em Ciências da Sempre me questionei como iria regres- dúvida nenhuma seria uma mais-valia
pois apesar do físico ter estado em linha Comunicação, pedimos-lhe, de acordo sar, a verdade é que pensamos que tudo para o campeonato.
com o esperado, quase um ano de fora com o seu ponto de vista, o que se deveria vai ser normal, mas quando chegou ao Só ainda competiste com o C3 R5 em
dos troços deixou algumas feridas, que fazer para aproveitar o ‘embalo’ positivo dia e os primeiros metros das primeiras asfalto, onde já se percebeu que é com-
levaram algum tempo a sarar. que têm tido o CPR os últimos anos, e a especiais, não foi bem assim e foi isso que petitivo, o que esperas do carro em pisos
A isso juntou-se o facto da estreia do novo resposta devia ser lida transversalmente senti. Foi-me difícil, os primeiros troços de de terra? Segundo se sabe, evoluiu muito
carro, o Citroën C3 R5, no Rali de Portugal, por muitas das principais personalidades cada rali, não entrava com a mesma con- nesse aspeto...
ter sofrido alguns contratempos, que de- do nosso automobilismo, nomeadamen- fiança quetinha antes do acidente. Outro O C3 R5 já mostrou que em asfalto é um
pois de resolvidos ainda lhe permitiram te dos ralis. Se não estiver ali parte da so- ponto interessante foi o facto de me ter carro competitivo não só no CPR mas
lução, pelo menos estará um caminho… sido mais difícil nos ralis de terra, do que também fora de Portugal. Nos testes que
no asfalto, mas penso que foi uma fase fizemos em terra pareceu-me ser um
Em 2018 terminaste a tua recuperação, que já está ultrapassada e espero estar carro muito bem conseguido neste tipo
recebeste o novo Citroën C3 R5 e depressa em bom nível logo na qualificação de Fafe. de piso, em que o DS3 R5 não era tão fácil,
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É O SONHO DE QUALQUER EQUIPA, SER UM PARCEIRO DE UM GRANDE
CONSTRUTOR E NÓS NÃO SOMOS DIFERENTES. JÁ O SOMOS EM PORTUGAL
E ESPANHA, VAMOS CONTINUAR A FAZER O NOSSO TRABALHO...
e/
ENTREVISTA
20
JOSÉ PEDRO FONTES
e por isso espero vir a ter um bom aliado cinco portas. Muito pouco é igual. as provas do WRC pois pensamos que
nos ralis de terra, onde nos últimos anos Mudando de tema. Pensamos que estejas isso define a Peugeot Rally Cup Ibérica
temos tido menos sucessos que no asfalto. contente com o ano de estreia da Peugeot quando comparada com outras compe-
Tendo em conta o que já conheces do Rally Cup Ibérica. Que objetivos tens para tições monomarca.
carro, qual é a sua grande mais-valia? o futuro da competição? Já tens ideia se o número de pilotos pode
Destaco a facilidade de condução, as sus- Sim, estamos muito contentes e orgulho- aumentar ou deverá ficar sensivelmen-
pensões para os pisos de terra e o mo- sos pelo o que conseguimos no primeiro te o mesmo?
tor, essas são as grandes mais-valias do ano. Este sucesso deve-se aos excelen- O interesse este ano tem sido muito gran-
Citroën C3 R5. tes pilotos que tivemos e que colocaram de, mas também é normal, pois no ano
Para percebermos um pouco melhor o a Peugeot Rally Cup Ibérica como o tro- passado comunicámos o projeto mui-
que faz uma marca quando constrói um féu de referência na Península Ibérica. to tarde.
novo carro, queres explicar as grandes Pelas equipas, pois foi com elas e para Este ano, o conhecimento dos pilotos e das
diferenças entre o DS3 R5 e o novo C3 R5? elas que também idealizámos este projeto. equipas é muito maior sobre a Peugeot
Uma marca quando constrói um carro Pela Peugeot, que teve a coragem de vol- Rally Cup Ibérica. De qualquer das formas,
novo tenta, com a experiência adquirida e tar ao desporto automóvel, e logo em dois tem sido surpreendente o interesse que
com aquilo que vai aprendendo do que vê países, sendo pioneira a apoiar uma com- temos tido, inclusivamente de equipas
dos carros dos outros construtores, fazer petição ibérica, e por todos os restantes fora da Península Ibérica. Se voltarmos
o melhor carro possível, e que se adeque parceiros, que sem eles não seria possível a ter lista de inscritos acima de 15 carros,
ao mercado que vai ter. A classe onde se passar o nosso sonho a realidade. ficaremos muito felizes.
inserem os R5 é, na minha opinião, a re- Os objetivos que temos para o futuro é Conta só um pouco da história da Sports
gulamentação técnica com mais sucesso consolidarmos a Peugeot Rally Cup Ibérica & You, surge na sequência da Opção 04
da história dos ralis, basta ver o número como uma competição de referência na que vem dos anos 90...
de carros que as marcas já produziram Europa, tornando-a cada vez mais uma A Sports & you surge em 2006, com pes-
desde que estes nasceram há quase seis rampa de lançamento para os futuros soas que estiveram ligadas a outra grande
anos,e a quantidade de carrosde topque campeões de ralis. equipa em Portugal, a Opção 04, que teve
existem em cada campeonato. No passa- Queremos ser também uma porta de
do havia dois, três, no máximo meia dú- entrada na Europa para pilotos sul ame-
zia de carros para vencer os ralis, agora ricanos. Acreditamos que somos os me-
chegamos a ter ralis com vinte ou mais lhores países para eles virem fazer ralis.
carros da classe mais competitiva. Isto é Em 2020, a Peugeot irá ter um novo 208
um facto, e uma das razões para este su- R2 e nós já estamos a trabalhar para que
cesso é que estes carros foram pensados a Peugeot Rally Cup Ibérica tenha um fu-
e feitos tanto para pilotos amadores como turo assegurado a médio prazo.
para profissionais. Por isso, ao projetarem Para além do calendário, já há mais deta-
os seus carros, as marcas têm que pensar lhes que possas revelar da competição?
neste leque de clientes, e aí a facilidade de As principais novidades de 2019 passam
condução e qualidade em pisos de terra pelo novo calendário e as novas provas
ou asfalto é fundamental para o sucesso. que iremos ter.
Esta estratégia foi a seguida pela Citroën Aigualdadedonúmerodeprovasdeterrae
ao construir e desenvolver o novo C3 asfalto e o prémio para equipas. Vamos ter
R5. Quanto às diferenças para o DS3 são uma classificação de equipas e assim ire-
enormes. Passamos do carro mais cur- mos ser coerentes com o que referi na res-
to na distância entre eixos, para o mais posta anterior. Nesta competição, as equi-
comprido do mercado, mudámos forne- pas fazem parte, e a competição também
cedores das suspensões, caixa de velo- é para elas. Esta foi a forma que encon-
cidades, diferencial e motor, passamos trámos de retribuir todo o seu empenho.
de um carro de duas portas para um de Em termos de calendário, mantivemos
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projetos importantes como por exem- a nossa atividade nos TCR e também a e ralis que iremos fazer em Espanha e
plo a equipa Toyota WRC, com o Pedro consolidar a nossa atividade na venda Portugal. Vamoscontinuarafazeronos-
Matos Chaves, a Fórmula BMW, o Troféu de peças e automóveis da PSA. so trabalho para mantermos a confiança
Toyota Yaris. Vamos continuar o nosso esforço em fa- da PSA Motorsport e quem sabe no futuro
Sempre esteve ligada às principais mo- zer crescer a Peugeot Rally Cup Ibérica e podemos fazer mais coisas.
dalidades do automobilismo em Portugal vamos criar um Challenge para os DS3 O sucesso é fruto essencialmente do tra-
- Ralis, Circuitos e Todo-terreno - tendo R5 e Peugeot 208 R5 que participem balho, e por isso vamos continuar a tra-
conseguido alcançar títulos em todas es- em provas de campeonatos regionais balhar com paixão e empenho total e
tas modalidades. ou nacionais em Portugal e Espanha. logo veremos o que o futuro nos reserva.
Nos últimos anos tem mudado um pouco Com isso queremos melhorar conside- És Licenciado em Ciências da
a sua atividade, desde que passou a ser ravelmente as condições económicas Comunicação. O que pensas que poderia
distribuidora oficial da PSA Motorsport para os clientes que compitam com es- ser feito pelo CPR em particular ou des-
para Espanha e Portugal, para as suas tes carros, pois acreditamos que podem porto automóvel em geral para aproveitar
marcas Citroën Racing e Peugeot Sport, ser uma boa opção para o passo a seguir em termos de Comunicação e Marketing
mas a principal mais valia da Sports & You aos carros R2 ou R3. as potencialidades da modalidade?
é o conjunto de pessoas apaixonadas pelo Podes tornar a Sports & You a equipa ou Antes de queremos comuni-
nosso desporto e que trabalham 24 horas uma das equipas de ponta do Grupo PSA car, devemos pensar no produ-
por dia com o foco nos nossos clientes. na Europa? Ralis? TCR? to que temos para comunicar.
Como está hoje em dia a Sports & You e Penso que isso é o sonho de qualquer Devemos, em conjunto com todos os
como a vês crescer no futuro? equipa, ser um parceiro de um grande agentes envolvidos - pilotos, equipas,
A Sports & You está a fazer o seu cami- construtor e nós não somos diferentes. clubes e federação -, refletir sobre que
nho. Estamos a trabalhar para este ano Nós já o somos em Portugal e Espanha, tipo de provas queremos ter no cam-
estarmos presentes nos ralis em Portugal, já temos uma equipa oficial em peonato e como devem ser estrutu-
Espanha e Açores, em campeonatos eu- Portugal, um troféu Peugeot Ibérico radas e organizadas para irem ao en-
ropeus de GT3 e GT4, para mantermos e o apoio da PSA nos projetos de TCR contro dos seus clientes.
e/
ENTREVISTA
22
JOSÉ PEDRO FONTES
E quem são os clientes?
Na minha opinião são os pilotos, o públi-
co e os patrocinadores. Se não tivermos
muitos e bons pilotos, não teremos um
bom espetáculo e, como tal, não teremos
público. Sem público, não teremos patro-
cinadores e sem patrocinadores não ire-
mos ter pilotos, nem equipas, nem clubes.
Por isso temos que pensar aonde vamos
fazer as provas e em que horários, que
estrutura de ralis deveremos ter para
ser apetecível os pilotos participarem,
que condições vamos dar ao público para
assistir, que condições e ferramentas va-
mos dar aos patrocinadores para ativa-
rem o seu investimento e como vamos
garantir o retorno do seu investimento.
Sei que choca aos muitos apaixonados
que temos pensar no desporto automóvel
como um negócio, mas a verdade é que
é um espetáculo de entretenimento, em
concorrência direta com outros, como tal
temos que fazer dele um produto vendável,
temos que criar uma estratégia comercial,
um caderno de encargos para as provas,
não só um caderno de encargos técnico,
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mas um direcionado aos aspetos comer- vive nos ralis, vamos aproveitar e fazer as dessem defender os seus interesses, eu tenho nada contra a criação desse troféu,
ciais, promocionais e de comunicação e mudanças que precisamos de uma forma digo o que penso e intervenho sempre e foi isso que a FPAK propôs e na minha
que tudo seja coerente com as necessi- construtiva e de respeito pelas dificulda- que achar necessário para defender as opinião muito bem. Ainda mais quan-
dades e investimentos que se fazem e des que têm todos os agentes envolvidos. nossas ideias para o desporto, mas, por do vem aí uma nova estratégia regula-
que precisamos. Eu estou disponível para contribuir e aju- exemplo, quanto aos 'N5', que penso que mentar da FIA.
As provas devem ser estruturadas e ava- dar no que puder. ser o motivo da pergunta, a minha opi- Mas também como disse numa última en-
liadas nestes pressupostos e não pelos Não te parece que o desporto automóvel nião é partilhada pela grande maioria das trevista que dei ao AutoSport, não consigo
critérios técnicos, esses critérios devem é mal aproveitado, sendo uma disciplina equipas portuguesas. No entanto, respeito entender a polémica à volta, se o futuro
ser condição obrigatória para a organi- que proporciona tantas emoções? Quem sempre a opinião de todos. dos nossos ralis são carros de 130.000€
zação de uma prova do CPR, não adianta ou como se devia fazer? A FIA está a fazer grandes modificações (N5) ou 160.000€ (R4) e ninguém se preo-
cumprir os requisitos técnicos e depois Talvez seja a altura de a federação ter um na regulamentação dos ralis, a célebre cupa em pensar na base dos ralis, em
não pensarmos nos clientes e na quali- responsável de marketing que crie esta pirâmide R1 a R5. Será mais uma razão como criar condições à entradade novos
dade do produto que vendemos. estratégia de uma forma fundamentada, para os N5 não fazerem sentido? participantes de uma forma sustentável
As pessoas no mundo de hoje são exigen- e que ajude a todos nós e nomeadamente Queria mais uma vez deixar bem claro e de baixo custo. A Peugeot Rally Cup
tes e gostam de coisas boas e extraordi- os clubes a estruturar as suas provas... que não sou contra os N5 correrem em Ibérica já distribui 120.000€ de prémios,
nárias, temos que nivelar o CPR por cima, Por vezes és acusado nas redes sociais Portugal. Sou sim contra alterarmos a o que já é uma ajuda, mas precisamos
temos que fazer um grande espetáculo de quereres regulamentos que mais te regulamentação do CPR e abrir a estes duma competição que complemente e
em que os pilotos gostem de participar, convenham para o negócio da Sports & carros não FIA a possibilidade de pon- que seja a entrada no desporto.
o público de assistir e os patrocinadores You. Tens algo para dizer a essas pessoas? tuarem no CPR. Todos os regulamen- Fala-se que a FIA está a ponderar um
de estarem presentes, até porque nin- Em primeiro lugar gostava de dizer que tos deverão ter estabilidade e confian- Kit para aplicar num R1 e transformá-
guém vai conseguir comunicar bem um acho normal e legítimo que uma empre- ça, e isso é com a regulamentação FIA. -lo num R2 sem ser preciso novo inves-
produto menos bom. sa opine ou intervenha sobre matérias É essa a que mais nos garante melhor timento num carro. O que sabes e o que
Temos, na verdade, um diamante em bru- que dizem respeito ou que interfiram no essasituação, mas se existirumpromo- podes dizer sobre isso?
to, que não estamos a conseguir explo- seu negócio. tor que queira dar prémios interessantes Penso que poderá ser o caminho, tudo o
rar ao máximo. Temos uma oportunida- Mal estaríamos se as equipas ou pilotos e que haja um número mínimo de inscri- que fazemos deverá ter uma estratégia e
de extraordinária pelo momento que se não pudessem ter a sua opinião ou pu- tos aceitável que viabilize um troféu, não a estratégia de o mesmo carro servir para
o primeiro e segundo passo na carreira
do piloto parece-me bem, como passar
a regulamentação R3 para 4WD também
poderia ser interessante, pois poderíamos
ter um carro FIA por 110/120.000€ e qua-
tro rodas motorizes com 250 cv, vamos
ver o que irá acontecer.
Na tua cabeça, até quanto pensas con-
tinuar a correr?
Enquanto for competitivo e me dê pra-
zer, e claro, que os meus patrocinadores
acreditem em mim!
Mas uma coisa eu sei, quando deixar de
correr vou continuar a estar envolvido no
desporto automóvel e vou tentar retribuir
ao desporto tudo de bom que ele me deu.
Gostaria muito de ajudar jovens pilotos e
assim retribuir também todas as ajudas
que tive na minha carreira.
V/24
VELOCIDADE
VILA REAL
EM GRANDE!
CAVR aposta forte em 2019 trazendo novas provas à sua
cidade, numa aposta no futuro que passa também pelo
regresso ao nacional de ralis
Fábio Mendes A questão do WRX em Montalegre foi um tradição nas competições de duas rodas.“
[email protected] dos temas quentes de 2018. O CAVR a ter Um dos pontos altos do ano será a vinda
FOTOS Interslide/Paulo Maria um papel fundamental na organização da do WTCR, um campeonato cada vez mais
prova que saiu do calendário de 2019, mas forte: “O WTCR será uma prova magnífica,
OClube Automóvel de Vila Real que foi substituída pelo Global Rallycross: com cerca de 30 carros em pista. Além de
é um dos clubes mais ativos “Temos de dar o mérito à Autarquia de vermos uma evolução clara nos carros,
do país, estando diretamente Montalegre pelo excelente trabalho reali- vemos um interesse cada vez maior das
envolvido na organização de zado, e percebendo o abandono do WRX marcas e dos pilotos nesta prova. A juntar
duas provas internacionais e tomou as diligências necessárias para en- a isto teremos também os GT4 que vêem
várias provas a nível nacional. contrar uma prova de grande nível como o trazer ainda mais cor ao programa. O TCR
No ano em que a Vila Real recebe a 50ª edi- Global Rallycross. A saída do WRX obrigou Ibérico também é uma boa aposta. Este
çãodoCircuitoInternacionalde VilaReal, as pessoas a olhar de forma diferente e tipo de campeonato já foi tentado ante-
o CAVR tem planeados grandes eventos tentar novas soluções e neste momento riormente, mas do outro lado da fronteira
que certamente serão do agrado dos fãs. temos um programa fabuloso para 2019, nunca houve grande interesse. Nestes
Jorge Almeida, presidente do CAVR, falou que passa também pela prova do mundial moldes penso que há possibilidades para
ao Autosport sobre o presente e futuro. de Supermotos, o que para nós é também termos um bom campeonato. E claro, as
uma alegria, pois o CAVR tem também restantes provas dos nacionais, que dão
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semprebonsespetáculos.”Outrodospon- darmos início à prova, por volta das 2:30, Além da Super Especial, o CAVR tem mais a crescer, com excelentes pilotos. Não
tos altos do ano será também a realização com três passagens. A primeira às 2:30, provas em vista: “Temos previsto também podemos avançar ainda com a localização
de uma Super Especial no dia 1 de maio, o a segunda às 17:30 e a última passagem receber uma prova do campeonato na- da prova, mas estamos a trabalhar nes-
início de um projeto que pretende trazer às 21:00. É este o plano que está delineado cional de perícias, em princípio por altura se sentido. Temos um espaço definido e
de volta o rali de Vila Real: “Desde o início e acreditamos que será um excelente das festas da cidade e pretendemos que brevemente virá o observador da FPAK
que procuramos aumentar o número de espetáculo. Esta Super Especial para nós ela seja realizada na zona das bancadas juntamente com o CAM, para analisar o
provas organizadas pelo CAVR pois que- é um passo assumido, para voltarmos a do antigo circuito. Com estas ativida- lugar e então sim poderemos anunciar
remos voltar a fazer provas que fazíamos organizar o Rali de Vila Real. Queremos des queremos associar-nos ao grande a localização. Há também trabalho a ser
no passado. Uma das novidades para 2019 num espaço de quatro ou cinco anos criar evento que é o 50º Circuito Internacional feito no sentido de Montalegre receber
é a Super Especial que será realizada na todas as condições para que a prova suba de Vila Real e dar uma grandeza ainda uma prova de Drift. Não há nada definido
zona do Paddock do WTCR, agendada ao nacional de ralis. Teremos de avançar maior à data, que está a ser preparada ainda, mas o município de Montalegre
para o dia 1 de maio. Será um evento que passo a passo, com os pés bem assentes pelo município de Vila Real, pela APCIVR está a trabalhar para trazer uma prova
durará todo o dia, com as verificações na terra, mas sempre com a consciência e pelo CAVR. Queremos honrar a história de grande qualidade.”
a serem feitas na praça do município, o de que o CAVR está preparado para orga- e tradição da cidade. Outra das provas que Um 2019 em cheio para o CAVR e para Vila
que permitirá a exposição dos carros. nizar a prova. Temos de trabalhar muito temos planeadas é Campeonato Nacional Real que será certamente um dos pontos
De seguida faremos um desfile com os para atingir os níveis elevados necessários de Drift, e que terá lugar, em princípio, em de passagem obrigatórios para os fãs do
carros até à zona da prova, para então para recebermos o CPR.” setembro. É um campeonato que está desporto motorizado.
V/
VELOCIDADE
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12 HORAS BATHURST
PORSCHE
VENCECOM
FINAL ÉPICO
Afinal as corridas de resistência e com modelos GT podem
ser interessantes e do outro lado do mundo, “down under”
como dizem os britânicos, a oito minutos do fim decidiu-se
a classificação final de uma corrida sem grandes motivos
de interesse até aos 30 minutos finais. Pedro Lamy deu um
“saltinho” lá abaixo e trouxe consigo mais uma vitória onde
mostrou que “velhos são os trapos”!
José Manuel Costa nada de substancialmente grave sucedeu perdeu o primeiro lugar da grelha de par- feitas, David Reynolds (Mercedes AMG GT
[email protected] e se o Porsche e o Audi ficaram piores que tida por ter ultrapassado o limite de velo- GT3) ficou com a “pole” na frente de Maro
FOTOS oficiais o chapéu de um pobre, o Ferrari de Lamy cidade nas boxes. Ficou, assim, a primei- Engel (Mercedes AMG GT GT3).
ressuscitou para a corrida. ra fila da grelha de partida na posse da
As 12 Horas de Bathurst come- Na qualificação, o Aston Martin de Jake Mercedes com dois AMG GT GT3, segui- 12 HORAS RESUMIDAS
çaram com grande animação Dennis, significativamente, conquistou a dos de outro Mercedes e depois o Aston EM POUCOS MINUTOS
logo nos treinos livres quando “pole position” e o troféu “Allan Simonsen Martin que com 2m09,494s, feitos por O Mount Panorama foi palco para uma
Paul Della Lana destruiu a fren- Trophy”, homenagem ao piloto da casa Jake Dennis, foi mais rápido quase meio corrida tranquila que acabou por se de-
te do Ferrari que partilhava com de Gaydon que faleceu na edição de 2013 segundo que o resto do pelotão. Contas cidir na última meia hora. Pelo comando
Pedro Lamy e Mathias Lauda e das 24 Horas de Le Mans, ao volante de
dois outros carros ficaram fora de prova: o um Aston Martin (a primeira morte em
Porsche 911 GT3-R de Tim Pappas e o Audi Le Mans desde 1986 quando Jo Gartner
R8 LMS de Pete Storey, Gordon Shedden bateu forte e faleceu imediatamente e
e Matt Neal. Ambos ficaram danificados desde 1997, englobando os treinos, quando
para lá do reparável e o piloto do 911 teve Sebastien Enjolras morreu na pré-quali-
mesmo de recolher ao hospital. Porém, ficação). A equipa manteve o troféu, mas
PEDRO LAMY >> autosport.pt
VENCE PRO AM
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Pedro Lamy e os seus companheiros quando sofremos uma penalização de final da grelha.
de equipa, Paul Dalla Lana e Mathias 10 lugares para a grelha de partida. A Na corrida demonstrámos que estratégia desde o início. Assim,
Lauda, venceram as 12 Horas de qualificação também não correu como tínhamos um carro muito rápido e conseguimos ir conquistando lugares
Bathurst na categoria Pro-AM, ao esperado e acabámos por arrancar do fiável e a equipa adotou uma boa e alcançar o topo da classificação,
volante do Ferrari 488 GT3 da equipa posição que conseguimos manter até
Spirit of Race. Depois de um início de ao final. Foi um excelente resultado
fim de semana muito atribulado, o trio numa corrida tão desafiante como
levou o Ferrari ao triunfo. Um acidente Bathurst.” Pedro Lamy dedicou este
nos treinos livres que deu muito resultado à sua avó Amélia, que
trabalho aos mecânicos da equipa, partiu no sábado passado: “Tenho
que passaram a noite a reconstruir a certeza que a minha avó me deu
o carro depois duma penalização força para conquistar este resultado
que atirou o Ferrari ainda mais para e esta vitória é para ela!” Pedro Lamy
trás na grelha, durante a corrida, regressará às corridas ao volante do
tudo mudou: “Os nossos problemas Aston Martin para a primeira prova
começaram logo nos treinos livres de 2019 do Campeonato WEC, 1000
Milhas de Sebring, a 15 de março.
passaram várias equipas, mas alguns fa- Porém, o melhor estava para vir. BRABHAM BT62 BATE RECORDE
voritos começaram a cair como tordos. O Jake Dennis conseguiu parar nas boxes
primeiro a ficar pelo caminho foi o Porsche o Aston Martin e manter a liderança, en- O novo Brabham BT 62 bateu o recorde um ’56s alto’: “Já pilotei muitos GT’s aqui,
911 GT3-R com o número... 911, depois de quanto que Soucek voltava a desenten- de Mount Panorama, com um registo mas o Brabham BT62 está noutro nível.
ter estado na liderança bastante tempo e der-se com o corta-corrente e perdia a de 1.58.69. O feito foi alcançado por Parece e é um carro de corridas. Dá-te um
ultrapassada a marca das nove horas de possibilidade de entrar na luta pela vitória. Luke Youlden, numa das demonstrações excelente feedback enquanto o conduzes
corrida na frente. Problemas com a dire- Com trinta minutos para o final da corrida, que fez ao longo do fim de semana. e com isso a confiança necessária para
ção assistida tornaram-se uma monta- Matt Campbell trocou de posição com o A equipa liderada por David Brabham continuar a acelerar. É muito leve, apenas
nha impossível de escalar. Um dos Audi BMW de Chaz Mostert, com uma ultra- estabeleceu agora o novo recorde de 972kg, e o som é incrível. Ter o recorde
R8 LMS GT3, o de Frderic Vervisch, Kevin passagem musculada e controversa que ‘carros fechados’, com Youlden a revelar de volta mais rápida num circuito tão
van der Linde e Garth Tander, também acabou julgada como incidente de corrida, que a sua volta esteve longe de ser icónico é um sonho tornado realidade
saiu de cena, juntamente com o Mercedes chegando ao terceiro lugar. Depois, um perfeita, o que significa que o tempo e quero agradecer a todos da Brabham
AMG GT GT3 de Maro Engel, Luca Stolz e Safety Car entrou em pista para retirar poderia facilmente ter sido ainda mais Automotive por criarem este carro”, disse
Gary Paffett, o carro da “pole positon”, um KTM X-Bow GT4 despistado, o que baixo. Portanto, o carro ‘vale mais’, talvez Youlden.
o Mercedes de David Reynolds, Yasser veio proporcionar um final de excelência.
Shain e Luke Youlden e o BMW M6 GT3 Após o recomeço da corrida, duas vol- C/ C L A S S I F I C A Ç Õ E S
de Christian Krognes, Nicky Catsburg e tas bastaram para que Matt Campbell
Mikkel Jensen. chegasse ao segundo lugar, passan- 1 EBM D.WERNER/D.OLSEN/M.CAMPBELL PORSCHE 911 GT3-R 12:02:08.40
Entretanto, o Porsche 911 GT3-R de Matt do pelo Mercedes de Maximilian Buhk, 2 R-MOTORSPORT J.DENNIS/M.VAXIVIERE/M.KIRCHHOEFER ASTON MARTIN VANTAGE 12:02:11.84
Campbell, Dennis Olsen e Dirk Webber Maximilian Goetz e Raffaele Marciello. 3 MERCEDES-AMG TEAM GRUPPEM RACI M.BUHK/R.MARCIELLO/M.GOETZ 12:02:16.00
aproveitou para ensaiar uma estratégia Quinze minutos para o final e o Porsche 4 MERCEDES-AMG TEAM VODAFONE C.LOWNDES/J.WHINCUP/S.VAN GISBERGEN MERCEDES AMG GT3 12:02:16.20
diferente dos restantes, deixando a lide- de Campbell acercava-se do Aston Martin 5 BMW TEAM SCHNITZER A.FARFUS/C.MOSTERT/M.TOMCZYK MERCEDES AMG GT GT3 12:02:17.32
rança para outros como o Aston Martin de de Jake Dennis. Pouco tempo depois, eis 6 BENTLEY TEAM M-SPORT A.SOUCEK/M.SOULET/V.ABRIL 12:02:20.90
Jake Dennis, Mathieu Vaxiviere e Marvin que a luta pela vitória acendeu-se, com o 7 KC MOTORGROUP LTD A.IMPERATORI/O.JARVIS/E.LIBERATI BMW M6 GT3 12:02:59.49
Kirchhoefer ou o Bentley Continental nariz do Porsche encostado à asa trasei- 8 BENTLEY TEAM M-SPORT S.KANE/J.GOUNON/J.PEPPER BENTLEY CONTINENTAL 12:02:30.91
GT de Andy Soucek, Maxime Soulet e ra do Aston Martin. À chegada a Forrests 9 SPIRIT OF RACE P.DALLA LANA/P.LAMY/M.LAUDA (1ºPROAM) NISSAN GTR NISMO GT3 12:02:56.50
Vincent Abril. Mas paragens tardias do Elbow, Matt Campbell não deu hipóteses 10 AUSSIE DRIVER SEARCH T.HAZELWOOD/R.LAGO/D.RUSSELL BENTLEY CONTINENTAL 12:02:31.42
Aston Martin e do Bentley e um desa- a Jack Dennis e passou para o primeiro
guisado de Andy Soucek com o corta- lugar. Estava concretizada a recuperação FERRARI 488 GT3
-corrente do Continental GT GT3, duran- do Porsche com o número 912, que deu à AUDI R8 LMS
te a paragem na box, juntamente com casa de Zuffenhausen mais uma vitória
a estratégia desacertada dos restantes em corridas de resistência.
por parte do Porsche de Matt Campbell, Na categoria Pro-Am, o Ferrari 488 de
Dennis Olsen e Dirk Werner, deixaram- Pedro Lamy, Paul Dalla Lana e Mathias
-nos na lidetrança. Lauda, venceu depois de muito trabalho
Economizar combustível era a palavra de Lamy que esteve irrepreensível du-
de ordem no 911 número 912 até que a rante toda a corrida. Nos GT4, ou Classe
equipa EBM mostrou o jogo. A 75 minu- C, a vitória foi para o KTM X-Bow GT4 de
tos do final saiu do carro Dennis Olsen, Justin McMillian, Glen Wood e Dean Lillie,
entrando Matt Campbell, deixando uma enquanto na categoria “Invitational” foi
diferença de 90 segundos para o, ago- o MARC V8 de Adam Hargreaves, Daniel
ra líder, Aston Martin de Jake Dennis. Jilesen e Steve Owen a vencer.
ENTOMRLIIEGVVEUIIESRLTAA
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>>motosport.com.pt
ÉTCREDAOÇPAARRA
OBJETIVOS
Numa fase em que já se iniciaram os primeiros testes
de pré-época de MotoGP, no circuito malaio de Sepang,
o piloto luso esteve à conversa com o MotoSport.
Saiba tudo nas próximas linhas
Alexandre Melo Qual a importância desta nova par-
[email protected] ceria com a MEO?
FOTOS Red Bull É a primeira que vez que estou em
parceria com a MEO, marca do Grupo
Aantes de partir para os pri- Altice, e tem tudo para dar certo e ser
meiros testes do ano, Mi- uma parceria de sucesso por muitos
guel Oliveira falou-nos um anos. É algo de muito positivo, pois
pouco sobre o novo desafio todo o atleta ambiciona no auge da sua
que enfrenta na sua car- carreira ter uma marca destas por trás
reira. Ambição, humildade que possa potenciar e dinamizar a sua
e ao mesmo tempo muita vontade imagem junto das pessoas. Falámos
de aprender não faltam ao piloto da em alguns valores que se enquadram
KTM Tech 3, que é a par de Armindo em ambas as partes. Toda a parte da
Araújo o mais recente embaixador dinâmica, da eficiência e desenvol-
da Altice Portugal e da MEO. Por fim vimento tecnológico está muito em
e não menos importante, o piloto luso linha com aquilo que é a minha ati-
foi distinguido pela terceira vez na vidade no MotoGP, para além de algo
Gala do Desporto com o prémio de que é transversal a todos os desportos,
Desportista do Ano da Confederação que é a emoção. É muito importan-
do Desporto de Portugal. te ter alguém que possa traduzir a
emoção, patente no desporto, e levar
isso para junto das pessoas. Assim a
minha imagem pode ser ainda mais
potenciada e estar mais próxima de
todos os portugueses.
É o Miguel Oliveira que está a trazer
os desportos motorizados mais para
cima, ou são as parcerias que fazem
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com que tu subas ainda mais? poderá exigir um pouco mais, mas isso que vou apostar, terminar as corridas já este ano, é algo que estará fora da
A minha entrada no MotoGP não se deu é algo que estou ainda por descobrir. e amealhar quilómetros e experiência. equação. Eu gosto de traçar objetivos
por ter algum patrocínio grande, e isso Ainda não vivenciei aquilo que vai ser, na Disseste recentemente que tinhas de que sejam reais e não criar falsas ex-
sempre ficou claro, foi tudo baseado nos realidade, o meu compromisso a nível de moldar a tua forma de pilotagem, a tua pectativas.
resultados desportivos e no mérito. É tempo e de rotinas nesta nova categoria, postura na moto tinha que ser um pouco E ser o melhor estreante do ano?
lógico que quando se ganha e quando o MotoGP. Espero naturalmente toda a corrigida, acreditas que já o conseguiste? O prémio de ‘rookie’ da época é algo que
se está no auge existe uma atenção atenção mediática que gira à volta dos Tudo vem com o tempo, e de facto foi não me alimenta muito o ego. Contudo, se
diferente e essa atenção atrai poten- pilotos, que é natural, e de todo o ‘circo’ possível identificar nos primeiros testes alcançar esse desiderato é algo que será
ciais parceiros e patrocinadores, o que que representa o MotoGP. alguns aspectos de postura que eu podia bem vindo. No entanto, temos pilotos es-
é natural. Mas é o momento certo para Falaste de emoções, como estão as melhorar na moto, mas isso só vem com treantes que estão num momento muito
acontecer, e dou também a oportunidade emoções a pouco mais de um mês da a experiência e com os quilómetros que diferente do meu. Têm motos diferentes e
à MEO de chegar pela primeira vez ao tudo estreia no MotoGP? farei nos testes... estão em equipas com muita experiência
MotoGP, fazer parte de um momento Estou muito ansioso por voltar a traba- Acreditas que é possível alcançar o título nessas mesmas motos, portanto diria
que é histórico, que é ter um português lhar com a equipa e a familiarizar-me mundial já nesta temporada de estreia? que esse prémio também será suado...
no Campeonato do Mundo, no MotoGP, a com a moto. Fazer mais quilómetros em (Risos) Para já a minha realidade é di- Já pensaste o que vais sentir ao competir
Fórmula 1 das motos. Portanto, tem tudo cima da moto com que vou correr para ferente. Só posso falar dos factos das pela primeira vez ao lado do teu ídolo, o
para dar certo e para ser uma parceria mim é essencial. Os testes estão aí à épocas passadas e a verdade é que a Valentino Rossi?
de sucesso, durante muitos anos. porta, seis dias em Sepang, outros três KTM é uma moto que esteve entre os Como me senti noutras corridas, enfim,
Entrando agora na ‘aventura MotoGP’, no Qatar, nove dias no total, e acredito 10º e 15º lugares em corrida, portanto o Valentino Rossi é um adversário como
o que esta mudança alterará nas tuas que serão dias suficientes para estar essa será talvez a prestação em que eu outro qualquer, faço parte deste leque
rotinas? à vontade. Contudo, e como é lógico, a me posso inserir neste momento. Sendo de 24 pilotos do MotoGP, portanto todos
A rotina mudou muito pouco, apesar do experiência de corrida só nos fins de um estreante, chegar a essas posições contam, tenho respeito por eles todos, de
meu treino ser agora ligeiramente mais semana dos Grandes Prémios é que terei poderá demorar ainda um pouco mais. forma igual, e enfim, se tiverem à frente,
intenso. A nível de calendário o MotoGP a oportunidade de a vivenciar e é nisso Portanto, ser campeão do mundo, para têm que ficar atrás...
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Qual é o teu objetivo para esta época? Portugal. O que sentes com mais esse
Para mim neste momento é ainda mui- prémio?
to cedo para traçar um objetivo real. É a terceira vez que eu levo para casa
Não sei o que será um bom resultado este prémio de Atleta Masculino, uma
para mim. Sei que tenho ao meu lado, distinção que para mim tem muito valor,
na grelha, mais três pilotos com KTM. pois é o público que tem o grande peso
Por isso, tratar de ser o mais com- nesta decisão e deixa-me muito orgu-
petitivo possível dentro deste leque lhoso saber que o mesmo considerou
de pilotos fará com que fique muito que, entre vários atletas nomeados, eu
satisfeito. fui o que mais mereceu esta distinção.
Recentemente tornaste-te embai- Deixo também uma palavra de apreço a
xador da Hyundai, achas que um dia todos os atletas nomeados, pois tal como
te podemos ver dentro de um carro eu, têm valores como a perseverança, a
de ralis? dedicação e a auto superação, elevando
Não sei, mas neste momento o foco são o nome de Portugal além fronteiras, cada
as duas rodas, de facto a experiência um no seu desporto, todos com muito
de ralis foi algo que me deixou com mérito. Desejo o maior sucesso des-
vontade de repetir, noutro tipo de piso, portivo a todos os restantes nomeados
também. Quem sabe, só o futuro o dirá. e que 2019 seja um ano em que todos nós
O Armindo (Araújo) talvez possa dar possamos continuar a elevar o nome de
um bom professor, quem sabe (risos)... Portugal no desporto além fronteiras.
Foste novamente distinguido - pela ter-
ceira vez - com o prémio de Desportista
do Ano da Confederação do Desporto de
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HONDA
» MONKEY 2019
QUANDO AS COISAS BOAS VEEM EM EMBALAGENS PEQUENAS
A nova Honda Monkey 125 recupera a designação de um
importante ícone dos anos 60/70 da marca mas atualiza-se
em termos de conceito e polivalência
Pedro Rocha dos Santos lidade” associada a mesma, é agora
[email protected] manifestada na sua condução e numa
utilização mais abrangente, permitindo
F oi em Barcelona o nosso pri- percursos mais longos, quer urba-
meiro contacto com esta nova nos quer semi-urbanos, garantindo
versão da Honda Monkey, uma maior estabilidade e segurança na
moto que pela sua facilidade de sua utilização.
condução, pela sua agilidade O mercado tem também evoluído den-
e pela sua estética apelativa tro de um sentimento revivalista, onde
nos convida a percorrer todo tipo de vemos quase todas as marcas a irem
situações no tráfego urbano, circulan- buscar referências ao seu passado e a
do com enorme facilidade no meio da reeditarem novos modelos com inspi-
grande densidade de carros. Somos ração nos mesmos mas com tecnologia
capazes de explorar com facilidade moderna e atual.
ruelas estreitas e zonas de circula- A Honda em 2018 lançou dois modelos
ção mais difícil, como por exemplo de inspiração clássica e que fizeram
no acesso a locais de parqueamento renascer dois ícones da sua história,
nos passeios. anunciados em simultâneo, a Honda
O conceito das motos tipo Monkey Super CUB e a nova Honda Monkey,
dos anos 60, que sobreviveu até aos ambas com motorização de 125cc a
anos 80 e que permitiam ser facil- 4 tempos.
mente transportadas na mala do carro, Para ambas a Honda tinha reservado
deu lugar a uma nova evolução que, uma apresentação muito especial em
mantendo a característica de “faci- Barcelona onde teríamos a oportuni-
dade de experimentar os dois modelos
num ambiente para o qual as mesmas
foram concebidas e assim podermos
testar todas as suas qualidades.
A Monkey em termos de dimensão
nada tem a ver com o seu modelo ori-
ginal mantendo no entanto uma apa-
rência estética semelhante à Monkey
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CONCORRÊNCIA HONDA MSX 125 - 125CC dos anos 60/70, mas uma dimensão acabamento na cor da moto, uma so-
mais pequena do que uma moto dita lução muito clássica. O manómetro de
BENELLI TNT 125 - 125CC 10 CV “normal”. A sensação de leveza quan- formato clássico redondo com friso
do nos montamos na Monkey e o fácil cromado disponibiliza no entanto toda
11 CV POTÊNCIA acesso dos nossos pés ao chão inspira a informação num painel LCD digital.
logo de início uma enorme facilidade A iluminação é também de tecnologia
POTÊNCIA 102 KG na sua condução. LED e mais um pormenor interessante
A sua estética clássica e cuidada tem que a Honda inclui na sua nova Monkey
124 KG PESO pormenores “vintage” como os guarda é uma chave com botão de localização
lamas cromados, o farol de aro também que permite acender as luzes da moto
PESO 3 399€ cromado, o manómetro redondo e os à distância e assim a podermos loca-
piscas cromados, e uma pintura que lizar com mais facilidade. Um toque de
1 995€ PREÇO BASE replica aquela utilizada nos modelos modernidade num modelo clássico que
originais do passado. Esteticamente é o torna mais prático e atual.
PREÇO BASE uma moto que de imediato nos apai- A nível da travagem a Honda, como
xona. é habitual, não deixa também de ser
Do ponto de vista da sua motorização referência na Monkey e inclui um dis-
temos um motor de 125cc a 4 tem- co dianteiro de 220mm assistido por
pos do tipo SOHC que debita 9,25 cv ABS, comandado por uma unidade de
de potência e apenas 4 velocidades. medição de inércia ( IMU ). Na trasei-
As suspensões invertidas dianteiras ra também apenas um disco de 190
com acabamento dourado e com 100 mm mas que em conjunto com o ABS
mm de curso dão-lhe um toque de e o pouco peso da Monkey (107 kg)
modernidade e garantem maior es- garantem sempre travagens eficien-
tabilidade ao conjunto. Já na traseira tes e em segurança, realidade para a
vemos os clássicos amortecedores qual contribuem também as rodas de
duplos com acabamento cromado no maior diâmetro e dimensão que as da
topo e um braço oscilante em aço com Monkey original ( 12” para 5” ).
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FT/ F I C H A T É C N I C A
125 CC
CILINDRADA
9,2 CV
POTÊNCIA
5,6 L
DEPÓSITO
107 KG
PESO
4 100€
PREÇO BASE
DIÂMETRO X CURSO 52,4 X 57,9 MM
ALIMENTAÇÃO INJEÇÃO ELETRÓNICA PGM-FI TAXA
DE COMPRESSÃO 9,3 : 1 CILINDRADA 125 CC
TIPO DE MOTOR MONOCILINDRO, 4 TEMPOS SOHC
2 VÁLVULAS COM REFRIGERAÇÃO A AR POTÊNCIA
MÁX. 9,2 CV / 7.000 RPM BINÁRIO MÁX. 11 NM /
5.250 RPM CAPACIDADE DE ÓLEO) MÁXIMO 1,1 L /
MÍNIMO 0,9 L EMBRAIAGEM MULTI-DISCO BANHADA
EM ÓLEO CAIXA DE VEL. 4 VEL. TIPO TRANSMISSÃO
4 VEL. TRAVÕES FRENTE DISCO DE 220 MM COM
ABS TIPO IMU TRAVÕES RETAGUARDA DISCO DE
190 MM SUSPENSÃO - FRENTE FORQUILHA USD,
CURSO DE 100 MM SUSPENSÃO - RETAGUARDA
DOIS AMORTECEDORES, CURSO DE 104 MM PNEUS
- FRENTE 120/80 12 65J PNEUS - RETAGUARDA
130/80 12 69J RODA - TIPO - FRENTE 10 RAIOS
ALUMINIO FUNDIDO RODA - TIPO - RETAGUARDA
10 RAIOS ALUMINIO FUNDIDO ÂNGULO COLUNA DE
DIRECÇÃO 25° DIMENSÕES 1.710 X 755 X 1.029
MM QUADRO TUBULAR EM AÇO CONSUMO DE
COMBUSTÍVEL 1,5 L / 100 KM DISTÂNCIA LIVRE
AO SOLO 160 MM LUZES LED ALTURA DO ASSENTO
776 MM TRAIL 82 MM DISTÂNCIA ENTRE EIXOS
1.155 MM
Graças à sua maior dimensão, a posi-
ção de condução é agora muito mais
confortável, conforto também pro-
porcionado por uma colocação alta
do guiador e por um assento muito
cómodo. Fácil de conduzir e com sus-
pensões e travagem eficientes para a
potência do seu motor e desempenho
geral da moto, o circular em cidade é
bastante agradável e claro que onde
quer que paremos a pequena Monkey
desperta sempre a atenção de quem
passa pois a sua estética é realmente
atrativa. A sua velocidade máxima
pode no entanto atingir os 100 km/h,
o que nos faz pensar que estará apta
também para pequenos trajetos se-
mi-urbanos por estradas nacionais
e secundárias já que imaginamos que
o circular em auto-estrada se possa
tornar algo entediante.
Com um depósito de 5,6 litros a
Monkey proporciona uma autono-
mia de cerca de 200 km, o que para
uma utilização urbana é excelente. A
Monkey está disponível em 3 cores,
amarelo, vermelho e negro e tem um
PVP de 4 100 euros.
36 Rodrigo Fernandes
[email protected]
ENTREVISTA FOTOS Arquivo AutoSport
e arquivo pessoal de Luís Pimentel
“ LUÍSPIMENTEL
QUANDO Luís ‘Licas’ Pimentel é um piloto
NÃO FAÇO açoriano com uma longa carreira
RALIS, FICO nos ralis, 35 anos, ainda que com
interrupção pelo meio. Como qua-
MUITO se sempre sucede, o ‘bichinho’ dos
CHATO ralis, quando ataca, é forte, e por
isso, como o próprio admite, quando não
Luís Pimentel, ou Licas, como é mais conhecido, é um dos está a disputar ralis torna-se ‘rezingão’.
grandes animadores dos ralis regionais. O piloto da ilha de
São Miguel recebeu o AutoSport, no seu escritório, em Ponta
Delgada, e falou-nos do passado, presente e futuro
CONHEÇA ESTA E MUITAS
OUTRAS HISTÓRIAS EM AUTOSPORT.PT
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A sua carreira arrancou em 1983 com a tem na mente continuar a correr até que empresa. O meu primeiro carro a sério foi tei já só havia os Grupo A e foi aí que fui
primeira Volta à Ilha. Pelas suas mãos as mãos lhe doam... um Grupo A, um Toyota Starlet, que era do a Inglaterra e comecei a montar uma es-
passaram carros como o Fiat 124 Spider, Dia 23 de julho de 1983. Lembra-se do que Jorge Ortigão, e que veio para os Açores trutura mais profissional.
Toyota Starlet, Renault 5, Lancia Delta aconteceu nesse dia? para o Rui Ferreira, depois eu comprei-o. Trouxe de lá um Mitsubishi preparado pela
Integrale, Mitsubishi Galant VR-4 e Ford Foi o meu primeiro rali, a Volta à Ilha. Fez, A seguir passei para o Renault 5, que era Ralliart e trouxe um mecânico deles para
Escort RS Cosworth, entre muitos outros em 2018, 35 anos que fiz o meu primeiro do António Barros e era o único com motor vir viver cá na ilha. O Mitsubishi Galant
bem mais recentes. Em conversa com rali. Comecei muito novo. Tinha acabado central em Portugal, a par do do Joaquim VR-4 foi praticamente feito cá, com dois
o AutoSport recordou muitas histórias, de tirar a carta e é giro porque o primeiro Moutinho. Tive, também, um bom apoio mecânicos que vieram, e eu fui campeão
como os quatro títulos de campeão dos carro com que corri foi um Fiat 124 Spider, do Moisés Martins, que era responsável em 1993, 1994 e 1995 com o carro.
Açores, o dia em que ‘meteu’ o Presidente sem o meu pai saber. Fiz os meus primei- da Renault. Depois, eu e o pai do Bruno Até ao primeiro título foi mais ou menos
do Governo Regional dos Açores [Mota ros ralis e o bichinho ficou. A partir daí Magalhães [Augusto Magalhães] fomos este o percurso.
Amaral] ao lado e também os ralis que tive de levar tudo mais a sério, mudar de os primeiros a ter, em Portugal, o Lancia Como é que nasce a paixão pelos ralis?
disputou nos Estados Unidos, o Rali da máquina e arranjar o tal ’paitrocínio’ da Delta Integrale [1988]. Sempre gostei de carros, mesmo antes
Suécia, as paragens e os regressos, e como empresa dele e dos fornecedores dessa Fui para os Estados Unidos e quando vol- de correr acompanhava muito o Horácio
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Franco, que infelizmente já não está en- Tem alguma história marcante desse vida. Na altura fiz o convite e ele aceitou e dois Volkswagen da equipa oficial, um de-
tre nós. Quando ele ia treinar e para ra- evento? gostou muito. Ainda hoje em dia, quando les pilotado pelo Tim O’Neil, só que eram
lis noutras ilhas, eu ia com ele e com o Tenho muitas histórias, mas, por acaso, nos encontramos, ele fala dessa experiên- carros de tração à frente. A sorte foi que
Rui Ferreira. Sempre tive este bichinho neste não há nenhuma. A grande dife- cia. Penso que há pouco tempo ele foi con- começou a nevar e eles ficaram sem qual-
e sempre foi o meu sonho um dia poder rença é que, naquela altura, dentro do vidado por outro piloto, mas não sei se foi. quer hipótese.
correr. É o meu desporto favorito. A minha carro, queríamos todos vencer. Fora, éra- Na altura, ele teve coragem e foi comigo. Eram quatro passagens, duas de manhã
mulher diz, e com razão, que quando não mos todos amigos, convivíamos. Hoje isto Em 1991 fez alguns ralis nos Estados Uni- e duas depois de almoço no sentido in-
faço ralis fico muito chato - e é verdade -, perdeu-se, infelizmente. dos. É um mundo totalmente à parte dos verso. Cheguei ao almoço à frente do rali
pois é um desporto que vivo intensamen- Tem quatro títulos de campeão dos Aço- ralis a que estamos habituados, na Eu- e eles queriam todos saber como é que
te. Tenho pena de ver os ralis nos Açores res. Qual é o mais saboroso? ropa… um piloto que ninguém conhecia, vin-
a morrerem um pouco, por não aparece- Todos têm um sabor especial, mas o últi- Os ralis de lá têm uma grande diferen- do de Portugal, chegava ali e se punha à
rem mais jovens. mo, em 1998, foi depois de uma luta mui- çeles, dão-te o roadbook na manhã da frente do rali.
E que memórias do Rali de Santa Maria to intensa, porque havia vários carros prova, mas os pilotos locais já conhecem, Era o único tração às quatro e, por isso,
de 1986 guarda? A sua primeira vitória… iguais e fui campeão com o Ford Escort porque é impossível andar ao ritmo que facilmente ganhei. A partir daí, as orga-
Foi com o Renault 5 Turbo. O primeiro rali RS Cosworth que era do Fernando Peres, eles andavam sem ter notas. Foi na zona nizações começaram a convidar-me para
que se ganha é sempre especial, fiz com o o último Grupo A deles antes do WRC. Era da Pensilvânia, e eram ralis com troços fazer mais provas e ainda hoje recebo
meu amigo Artur Tavares - também foi a um carro extraordinário, foi com esse car- muito bons em terra. convites. É um campeonato giro e uma
primeira vitória dele como navegador -, e é ro que fui campeão e foi uma luta muito Mas chegas lá e dão-te o roadbook e par- experiência gira. Quem sabe se um dia
um rali especial para mim, ainda por cima grande porque o Gustavo Louro tinha um tes para as especiais. Hoje em dia, já não aceito um dos convites...
porque a minha mulher é de Santa Maria. carro igual. Todos me deram um bom sa- é assim, já podes passar uma vez, mas Em 1997 faz o Rali da Suécia, como é que
Sempre foi um rali que gostei muito. bor, mas este penso que tenha sido o mais na altura não se podia. Mas os pilotos da a possibilidade de fazer este rali surgiu?
Independentemente da ilha que é, acho difícil de conseguir. frente, quando fiz, tinham claramente no- Penso que fui o primeiro português a fazer
que temos sempre a memória desta pri- Rali de São Martinho em 1988. Como é tas, porque é impossível andar da maneira a prova. Quando corria com o Mitsubishi,
meira vitória. Há muitos ralis que ganhei que foi ter o Presidente dos Açores [João que eles o faziam sem as ter. criei um relacionamento forte com o
e com um sabor muito especial, mas o Bosco Mota Amaral] ao seu lado, ainda Foi uma experiência gira. Fiz com o meu Kenneth Eriksson, que foi piloto oficial
primeiro é sempre o primeiro. A minha que como carro 0? Mitsubishi, um carro quase de origem, de várias marcas, chegando ele a vir cá
estreia com o Porsche também aconte- Foi uma experiência diferente, e sei que foi só colocar um rollbar e fazer a prova. passar férias várias vezes. Quando fui lá,
ceu lá, este ano (ndr.: 2018), por causa dis- ele gostou muito. Ele era muito amigo da Depois fiz uma prova em Nova Iorque que ele ajudou-me muito a montar este pro-
so. Foi uma forma de celebrar os 35 anos minha família e eu estimo-o muito e acho ganhei. Era dentro de um parque privado. jeto para correr na Suécia.
anos de ralis e a minha primeira vitória. que tem muito valor pelo seu percurso de Tive muita sorte, pois havia nessa prova Antes da prova, estive numa escola para
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aprender a andar na neve, com base num é logo diferente, o carro já faz o que que- de rali. Infelizmente aconteceu isso e foi provas, mas, infelizmente, tive uma le-
4X4. A Toyota oficial da Suécia tinha o res. Foi uma experiência muito gira, ainda daqueles anos em que o abandono me são depois de um acidente nas Canárias,
Marcus Grönholm e alguns mecânicos da por cima tinham ido muitos amigos meus custou muito. Muitos diziam que era a da qual estive quase um ano a recuperar.
equipa oficial, e dele, que me ajudaram na aqui da ilha e foi uma festa muito grande minha curva e, no ano seguinte, uns ami- Parei quando era líder do ERC2, podia ter
minha estrutura. quando terminei. gos tinham uma faixa a dizer: ‘Olha a cur- lutado pelo título europeu.
Foi uma experiência em que aprendi mui- Ainda gostava de repetir uma prova em va, Licas!’. O que aconteceu em 2018 para não fazer
to e acho que todos os pilotos que que- neve, não digo a Suécia, porque é uma pro- É como digo na brincadeira, foi uma ma- o programa no ERC que estava previsto?
rem evoluir na terra devem fazer uma va muito dura, mas algo pequeno em neve. neira de ver a lagoa de forma diferente. Fiz os Açores e ia fazer as Canárias, mas é
experiência na neve. Aprende-se muito. E a ‘curva do Licas’? Em 2011 fez de carro 0 no Rali Sical, com cada vez mais difícil alugar um bom Grupo
Aconselho os mais novos a fazerem isso: Foi nas Setes Cidades, em 1997. Estava um Porsche, e em 2018 voltou a ter um N. A equipa com quem estava a trabalhar
fazer um rali, sem ficar preocupado com com o Toyota Celica e tinha tido um pro- Porsche nos ralis de asfalto. Mais do que não conseguiu arranjar um bom carro,
o resultado, apenas fazer quilómetros e blema no primeiro troço no Pico da Pedra. resultados, o objetivo era animar as pes- porque o carro com que fiz os Açores já
aprender. Dá-nos uma experiência muito Queria recuperar terreno e estava a fazer soas? estava num estado muito mau. Os pou-
grande para as provas de terra. as coisas uma velocidade acima do que O conceito do Porsche é ser um carro ba- cos carros que havia eram caríssimos e
Quem quer andar depressa devia mesmo dizia o meu navegador, e isso, às vezes, rato a nível de custos para correr. É um não quis estar a gastar dinheiro, achei que
experimentar, acho muito importante. não dá certo. carro muito difícil de pilotar, exige mui- não se justificava o investimento.
Como foi a adaptação à neve? Foi um erro meu. Na zona final, numa zona tos quilómetros, e sei que ainda tenho de No seu facebook tem posto imagens de
Os primeiros testes que fiz foram num muito rápida, deveria ter feito a curva fazer mais com ele para poder tirar bom um Yaris R4. É o projeto para este ano?
carro com pneus sem pregos, para an- numa mudança a baixo e não deu certo. proveito do mesmo. É um carro que, com Eu tenho a minha estrutura toda, onde,
dares e perceberes como ele reage. Viras Capotámos umas quatro ou cinco vezes, bom piso e piso seco, faz tempos muito além dos meus carros, gostava de poder
para um lado e ele vai para o outro, fiquei mas, felizmente, ninguém se magoou. Foi bons - se bem pilotado, faz tempos pró- ter um para alugar e então surgiu a hipó-
muito preocupado, mas o meu instrutor pena, porque estava com um grande ritmo. ximos dos R5. tese do R4, que é um projeto que eu acre-
só se ria e dizia que era mesmo assim. Tinha vindo do Rali da Suécia e estava O José Pedro Fontes já mostrou isso lá dito que tem futuro. O projeto R5 é espeta-
Depois, montam-te pneus com pregos e muito bem, penso que ia fazer um gran- fora, na Madeira também já brilharam. cular, é o melhor projeto que a FIA fez até
Este ano quero fazer o máximo de quiló- hoje. O projeto R4 tem a mesma base, e,
metros possíveis com o carro para poder para pilotos que não querem correr num
conseguir algum resultado. R5 e queiram um carro com que possam
Mas o principal objetivo é divertir-me. correr em provas FIA, mas pontuar numa
Pilotar um carro com 500 cv dá um gozo classe diferente, é uma boa opção.
enorme, nunca tive em nenhum carro em Por isso temos isto em cima da mesa e
asfalto um gozo tão bom, não só pela po- estamos a avançar com o projeto de um
tência, mas também por ser um carro de Yaris, e vamos também avançar com um
pista, em que vais quase sentado no chão, projeto com a Kia para podermos ter um
com um barulho fabuloso, que sabes que Kia R4 - KIA Rio - a fazer provas. Em janei-
as pessoas gostam de ver passar. Tudo o ro vou ter várias reuniões para ver como
que está à volta é especial. Quero ver se pode decorrer este processo.
faço uma prova lá fora, com bastantes O problema não são os Kit, porque a Oreca
quilómetros, para rodar bastante, para tem vários disponíveis, mas sim o tempo
quando chegar cá às provas de asfalto que falta para o Rali dos Açores, é difícil
poder rodar à vontade e sentir-me mais ter a carroçaria pronta para qualquer um
confortável. O principal objetivo não são destes carros, mas há uma empresa, na
os resultados, já fui campeão quatro ve- Polónia, que estamos a ver qual é a sua
zes e já ganhei muitos ralis, agora quero disponibilidade, estamos a ver também
é ter prazer. com os nossos patrocinadores, para tentar
Ganhar deixo para os mais novos. Já tive fechar este capítulo o mais brevemente
a minha época. possível, e a ideia era ter os dois a correr
No campeonato espanhol de terra e no nos Açores.
Rali da Finlândia de 2014 já tivemos Pors- Há vários interessados em correr com es-
che a fazer ralis. Vai tentar fazer o mesmo tes carros. Vamos tentar fechar este as-
aqui nos Açores? sunto o mais rápido possível para poder
Já estive a ver preços e a própria Porsche fazer as provas do regional em terra com
deu-me as indicações do que era preci- um R4 e ficar disponível para alugar para
so quando comprei as suspensões para os restantes ralis, quer nos Açores, quer no
o carro fazer ralis de asfalto. O problema resto do país. Vamos ver se conseguimos
é que o orçamento é de 30 e ‘tal’ mil eu- fazê-lo. O projeto é para avançar, mas a
ros. Acho que prefiro manter o carro só ideia é tentar estrear no Rali dos Açores,
para asfalto, prepará-lo para fazer provas naquela que seria uma estreia mundial.
FIA em asfalto, como as Canárias, Roma Depois, para as Canárias, não é difícil, mas
ou Hungria, e provas do ERC em asfalto. para cá começa a haver pouco tempo.
Prefiro investir na homologação FIA do Em Portugal também há uma empresa
que gastar para fazer terra. que faz carroçarias, que é a empresa que
Esteve parado de 2009 a 2017, com excep- fez os Picanto para o Troféu Kia. Já falei
ção de 2012. O que o fez regressar em 2017? com eles e mostraram vontade em avan-
Eu queria voltar por gostar muito do con- çar com o projeto, eu também teria todo o
ceito do ERC. Tive a possibilidade de ter gosto que fossem eles a fazer, estamos a
uma equipa espanhola que me apoiou trabalhar a 110% para conseguirmos es-
no projeto de fazer o Rali dos Açores e trear no Rali dos Açores.
das Canárias. Éramos para fazer mais Vamos ver o que conseguimos fazer, acre-
40
dito que pelo menos um vamos ter a tem- Vou trabalhar para isso, passa a ser um mas é uma aventura e há quem faça. É um cada vez mais profissionais. Há quatro ou
po da abertura do ERC. objetivo. Acho que não será difícil chegar rali que um dia gostava de fazer, mesmo cinco pilotos com grandes condições, mas
Caso estes R4 não estejam prontos, não a este marco. (ndr.: Horácio Franco é o pi- sem contar para o ERC. Neste campeo- todos os outros fazem grandes sacrifícios
vai correr no Rali dos Açores? loto com mais Rali dos Açores, com 26, a nato queria fazer o Rali de Roma, quero para correr e acho que esses pilotos me-
Correr, vou correr. Eu trabalho com a que se juntam mais alguns como nave- ver se o faço este ano. recem ser apoiados, porque são eles que
Sports&You e com a PB Racing e poderá gador; já Luís Pimentel tem 24]. Tendo orçamento ilimitado, qual o carro fazem as listas grandes.
passar por lhes alugar um R5 para fazer Qual o carro que lhe deu mais prazer até que escolhia? Ando a batalhar sobre este assunto com
a prova cá. Mas a ideia é fazer o rali de R4, agora? Ia para o Fiesta WRC. Gosto muito do Ford. a Federação e com as associações. Temos
para poder pontuar no ERC2, já que quero Em asfalto, sem dúvida que foi o Porsche, Não quer dizer que seja o melhor carro, de ser mais unidos e arranjar soluções
fazer as Canárias depois. apesar de ser um carro difícil é fabulo- mas valorizo muito o trabalho do Malcolm para promover mais o campeonato, por-
Em 2019 volta a ter algum projeto no ERC? so. No geral, foi o meu Subaru de Grupo Wilson, que tem uma empresa privada, que o campeonato não vive só com os R5.
Quero fazer o Rali dos Açores e das A, que foi feito pela Prodrive, e que fez o com apoio da Ford, mas não é uma equipa Eu, como presidente da Associação de
Canárias e, se correr bem, continuar. WRC com o Piero Liatti e que depois o de fábrica. O que tem feito e conseguido é Pilotos, faço os possíveis e vou ter uma
Agora há uma vantagem no ERC2, por- Vitor Sá comprou e depois comprei eu. O muito bom. Se tivesse orçamento, gosta- reunião no início de 2019 com a Kia.
que só precisamos de quatro pontuações, Sá foi campeão da Madeira com ele e foi o va de fazer três ou quatro ralis com eles. Gostava de trazer para cá o Troféu Kia,
o que faz com que se reduza os custos - é carro que mais gostei, no geral e em terra. Como vê o estado atual do CRA? para ver se conseguíamos melhorar o
fazer as mais perto e mais económicas. Mas, em asfalto, o Porsche é muito bom. Infelizmente, tudo o que se criou após nosso parque automóvel e trazer miú-
Conseguindo um bom resultado cá e nas Qual o rali que gostava de experimentar? o problema do Pico fez-me ter medo. dos a correr.
Canárias, porque já conheço, abrem-se as Gostava de experimentar o Rali da Pensei, inclusive, que uma das fábricas O futuro passa pelos pilotos mais novos
portas para conseguir um bom resulta- Acrópole, apesar de já ter saído do ca- pudesse desistir de apoiar, o que ia pre- e espero ver aparecerem alguns pilotos
do europeu. Claro que todos sonham ser lendário do ERC, mas ainda gostava de o judicar bastante, quer a nível de pilotos, novos. Já temos alguns cá, pilotos jovens
campeões, eu adorava ser campeão, mas fazer (ndr.: o rali acabou, pelo menos para quer de provas. com um bom andamento, e fico satisfeito
um lugar no pódio já não era mau. Vou fa- já, por falta de meios económicos do clu- Acho que cada uma das tabaqueiras de- que assim seja. Espero contribuir para este
zer os possíveis para isso. be organizador). veria apoiar pilotos mais novos, mas o di- desenvolvimento, podendo trazer alguma
Ser o piloto com mais ‘Voltas à lha’ é um Depois, temos o Rali de Monte Carlo, que nheiro é deles, e, como é óbvio, eles é que marca para cá e apoiar outros projetos.
objetivo? Está em terceiro, neste momen- acho que qualquer piloto gostava de fazer escolhem onde o gastar. Falou no Troféu Kia, na Madeira já existe
to, e a três participações de ser o piloto um dia. Infelizmente, começa muito cedo, Mas, na minha opinião, acho que deviam o Troféu da Citroën, era algo importante?
com mais Ralis dos Açores. é preciso começar a trabalhar muito cedo, apoiar pilotos mais jovens, o que viria Os carros que fazem os ralis já são algo
Já tinha visto essses números, mas já não mas é um rali giro para fazer, quer com o valorizar o campeonato. Inclusive num velhos e os pilotos também já começam
me lembrava. Vai ser um objetivo, nem R4, quer com o Porsche. Com o Porsche, possível troféu de duas rodas motrizes. a ter alguma idade… que outras hipóte-
que seja com o carro vassoura [risos]. é uma loucura, porque tem muita neve, As organizações também precisam de ser ses existem para voltar a tornar os ralis
>> autosport.pt
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dos Açores mais atrativos? promoção e um bom retorno, e acho que Temos dois extremos. Um é o Luís Rego, Da mesma maneira que não concordei
O aparecimento das fábricas de tabaco era uma mais valia para valorizar o cam- que foi prejudicado com aquele aciden- com a decisão, aceito que o Luís, tam-
foram muito importantes para o despor- peonato regional. O facto dos R1 só terem te, mas também temos uma atitude im- bém não aceite, e que tenha ficado cha-
to automóvel, mas se conseguíssemos homologação para asfalto também não portante da Play, ao admitir que estive- teado com isso, mas depois de tudo o que
que qualquer uma das fábricas pudes- seria um problema. ram mal e ao abdicarem da última prova, aconteceu, e dele ter sido campeão, o que
se apoiar um troféu que desse prémios Já falei com o responsável do projeto e para não prejudicar mais o Luís. A partir tem de fazer é começar a trabalhar e pre-
a pilotos que pilotassem carros de duas com pessoas da Kia e os carros podem daí, penso que a decisão da FPAK tem a parar a temporada de 2019, para poderem
rodas motrizes, acho que era uma mais ser adaptados para terra de forma muito ver com o que cada equipa argumentou voltar a lutar pelo título, como também
valia e era uma maneira de poder apoiar fácil. A própria suspensão que usam pode e não posso dizer muito mais porque, se já lhe disse.
o aparecimento de novos projetos. fazer ralis de terra, até porque os pisos dos o departamento jurídico deles avaliou as- Em toda a carreira, qual a história que
Quando falo no Troféu Kia é porque é um Açores são muito bons e, mesmo no Rali sim, é preciso respeitar. mais gozo lhe deu no mundo dos ralis?
projeto que já está a funcionar em Portugal dos Açores, poderiam participar. Partiam Em 2007 ou 2008 ganhei o rali da Terceira Havia um restaurante muito famoso aqui,
Continental, e bem. no fim e pontuavam só para o regional e porque o Fernando Peres foi desclassifi- que era o Bataclan, em que a malta toda,
Os pilotos às vezes correm com marcas para o Troféu, fazendo, por exemplo, só cado por se ter enganado no percurso, o quando vinha do continente, fazia con-
separadas e, se estiverem num projeto a primeira etapa, mas isso só para 2020, que está nos regulamentos. nosco sempre grandes festas lá. Depois
bem organizado, como é o da Kia, às ve- para 2019 já é muito em cima. Os carros Nós os dois estávamos a discutir o título de estarmos todos, fechávamos a porta
zes podiam conseguir dar outro retorno têm um custo muito baixo para serem e, com esta minha vitória e a desclassifi- e aquilo só acabava quando estava tudo
aos seus patrocinadores, estando todos adaptados para terra. Em 2019 seria só cação dele, ficava muito perto do título, só partido, copos, pratos, etc... Já era conhe-
em igualdade de circunstâncias, há gran- asfalto e, em 2020, então fazerem terra tinha de terminar no pódio no rali seguin- cido por toda a gente dos ralis. Era o que
des condições para quem corre. Falo do também. Penso que vamos conseguir te. Mas eles recorreram para a FPAK, toda dizia, antes havia muito mais convívio.
Kia porque já existe, mas qualquer mar- apoio da marca e já falei com vários pi- a gente viu, o próprio Fernando assumiu Na altura da Volta à Ilha fazíamos sem-
ca é bem vinda. lotos que mostraram interesse. o erro, mas eles decidiram que não havia pre estas festas.
Se fizermos um bom trabalho cá, tal como Qual a sua opinião sobre o acidente do motivos para a desclassificação e anula- Da primeira vez que comprei um carro
fazem no Continente, existe uma boa Pico e a decisão da FPAK? ram a decisão e acabei por ser prejudicado. ao Tommi Mäkinen, a equipa dele veio
cá e nós fizemos uma festa destas, claro
que eles ficaram todos muito assustados,
porque, lá na Finlândia, iam todos parar à
cadeia se fizessem aquilo.
Quando lhe comprei um Subaru N12, tam-
bém fomos jantar e ele, antes de irmos,
disse que só me levava com uma condi-
ção, não partir loiça nenhuma.
Ainda este ano, no Rali de Portugal, fa-
lei com ele e recordámos esta história.
Estes jantares eram quase uma imagem
de marca já, mas, infelizmente, o restau-
rante já fechou.
E dentro do carro?
Pela negativa, tenho um Rali do Algarve
em que aluguei um Toyota para fazer a
prova e desisti na ligação para a parti-
da do rali, parti o diferencial traseiro, foi
nos anos 80. Acho que foi a minha maior
frustração, nem consegui começar. Foi a
minha maior desilusão nos ralis.
Outra história acontece quando tinha o
Starlet, em 1985, fui fazer um rali à Terceira
e tinha um piloto lá da ilha que estava a
estrear um Volkswagen Golf GTI, que ti-
nha mandado vir da Alemanha. Era do
Dr. João Martins. Durante o rali, o carro
começou a arder e passaram vários pilo-
tos sem parar. Eu parei e apaguei o fogo do
carro dele, com o extintor do meu carro.
Depois de ter terminado a prova, ele veio
ter comigo e disse que moralmente tinha
sido o vencedor da prova, porque, se não
fosse eu, tinha ficado sem carro.
Mostrou também, em parte, a minha for-
ma de estar nos ralis. É como digo sempre
aos mais novos, para se ser campeão e
bom piloto, temos de saber ganhar e sa-
ber perder, valorizar as vitórias dos nossos
adversários. Quem não conseguir associar
estas duas coisas, nunca vai ter sucesso.
Não nos devemos esconder atrás de ava-
rias ou outras coisas, porque assim nunca
crescemos. Estamos sempre a aprender,
com todos os intervenientes dos ralis.
42 AUTO++ mais
RENAULT
» APRESENTA MOTOR 1.3 TCe
APOSTA GASOLINA
O ano de 2019 começou com a chegada de uma nova
motorização na Renault, concebida em parceria
com a Daimler, o bloco 1.3 TCe. Uma proposta que faz
o seu lançamento no Renault Mégane, com preços
a começarem nos 24 255€
André Duarte do atrito e otimização da transferência as versões de caixa de velocidades. A sobressaiu pela sua quase ausência de
[email protected] de calor; aumento da pressão de injeção potência máxima chega-nos às 5.500 ruído, mas também pela forma linear com
direta de combustível, em 250 bar, para rpm e o binário de 260 Nm às 1.750 rpm. que nos chega a potência. É a partir das
Os modelos a gasolina têm reduzir os consumos e emissões; dese- 1500 rpm que os 220 Nm de binário se re-
cada vez ganhado mais es- nho específico da câmara de combustão, PRIMEIRO CONTACTO velam, mas ao volante foi a partir das 2000
paço no mercado, tanto em que otimiza a mistura de combustível/ Num curtoprimeirocontactocomonovo rpm que nos transpareceu maior conforto
oferta por parte das marcas, ar; árvore de cames variável com lin- bloco 1.3 TCe de 140 cv, alocado a uma na utilização de cada relação, escalando
como em procura nos respe- guetas de gestão hidráulica – permite caixa manual de 6 velocidades, o motor até às 2750/3000 para se realizar passa-
tivos clientes. Neste contexto, maior binário a baixas rotações e maior
com o lançamento do motor 1.3 TCe na linearidade a rotações mais elevadas;
Renault, para cada motor diesel, a marca filtro de partículas (FAP) em todas as
passa a ter disponível também um bloco versões do motor, com vista à redução
a gasolina. das emissões.
O Renault Mégane foi o modelo escolhido
para a apresentação à imprensa deste TRÊS PROPOSTAS
novo motor a gasolina e os preços, para
as respetivas versões, começam nos: Neste momento o bloco está disponível
24.255€ (berlina), 24.275 (Grand Coupé) com três níveis de potência: TCe 115
e 25.170€ (Sport Tourer). O Mégane está FAP, TCe 140 FAP e TCe 160 FAP.
também disponível com três níveis de O TCe 115 FAP constitui a versão de
equipamento: Limited; GT Line; Bose entrada e é mais direcionado para um
Edition. cliente profissional, pelo seu custo mais
reduzido. O binário é de 220 Nm às 1500
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS rpm. Esta proposta surge associada a
uma caixa manual de seis velocidades
A proposta 1.3 TCe foi desenvolvida à luz e está disponível com o nível de equi-
do protocolo WLTP e é compatível com a pamento Limited.
norma ambiental EURO 6D-TEMP (em No nível acima temos a versão de 140
vigor a partir de setembro próximo). cv, obtidos às 5.000 rpm, e um binário
Entre as principais características des- de 240 Nm às 1600 rpm. É proposta
tacam-se: “Bore Spray Coating”, ou seja, com caixa manual de 6 velocidades
revestimento dos cilindros com aço de ou automática de dupla embraiagem
alta resistência (técnica estreada no EDC de 7.
Nissan GT-R) – uma opção que visa A proposta de topo é o bloco de 160
melhorar a eficiência através da redução cv, também disponível com ambas
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gensdecaixasemque seperdessemuito de alguns trajetos mais sinuosos com terem sido os consumos, numa condução bloco que já nos pode colocar facilmente
embalo. Mediante o modo de condução prazer. Para isso contribuem o chassis e regrada e cumpridora, maioritariamente um sorriso no rosto. A resposta é bem
escolhido (Eco; Comfort; Sport; Neutral; suspensão que nos garantem um com- em autoestrada, nunca baixámos dos mais pronta e a faixa de utilização de cada
Perso.) obviamente que há variações, portamento equilibrado. No entanto, em 7,0l, o que pode dar que pensar. Com a relação pareceu-nos maior, o que também
mas de uma forma geral é um bloco que se recuperações, é ainda assim um motor versão de 160 cv e igual opção de caixa aumentaoconfortoaovolantee dispensa
adequa bem ao Mégane e à sua genética que não se revela muito expedito, e ficou não chegámos a realizar uma dezena de recorrermos com frequência há caixa
de modelo que tem um bom compromisso a sensação de que carece de algum fulgor de quilómetros. Contudo, o curtíssimo de velocidades. Em qualquer um dos casos
com a estrada e nos permite desfrutar nesse aspeto. Apesar de o pendor não contacto deu para perceber que é um ficou o desejo de mais... venha o ensaio.
44 AUTO++ mais
TOYOTA
» C-HR 1.8HYBRIDEXCLUSIVE+PACKLUXURY
BONITO E EQUILIBRADO
A marca nipónica colocou o mercado em sentido quando
em 2016 lançou o C-HR. Um SUV do segmento B com
motorização híbrida que marcava pontos só por se olhar.
Mas à semelhança de um livro, também não nos devemos
ficar pela capa, e por isso fomos testá-lo.
O parecer em seguida...
André Duarte principalmente a elegante tonalidade pré-colisão com deteção de peões, que nos faz ter orgulho por estarmos
[email protected] Piano Black que orna a consola central, aviso de saída de faixa de rodagem ao seu volante. Move-se bem, é ágil
o ecrã tátil e o volante, de pega em pele, com assistência na direção, sistema e tem um tamanho que se percebe
Esteticamente não há muito a tecido que encontramos também no de reconhecimento de sinais de trân- em toda a linha. O conforto merece
dizer do C-HR (a sigla significa fole da alavanca das velocidades e tra- sito e sistema inteligente de ajuda ao destaque, permitindo-nos passar com
Coupé – High Rider). Por uma vão de mão. Os bancos dianteiros são estacionamento. agrado pelas várias irregularidades,
razão muito simples: o carro desportivos e prestam um bom sentar. como lombas ou piso esburacado. Nota
é bonito de todos os ângulos. No entanto, o habitáculo não é muito AO VOLANTE menos para a reduzida visibilidade
A Toyota criou uma proposta espaçoso, em particular nos lugares O Toyota C-HR é um modelo que traseira, fruto de um vidro de pequenas
com uma estética arrojada e diferen- traseiros, que apesar de acomoda- proporciona uma boa experiência de dimensões, aliado ao estilo de Coupé.
ciadora e foi bem sucedida. rem três passageiros, adequam-se condução. Se o estilo exterior marca O bloco 1.8 híbrido (motor a gasolina +
As linhas esculpidas atribuem carácter melhor a viagens para duas pessoas. pontos, ao volante não se fica atrás. elétrico) de 122 cv é uma proposta ra-
a um carro de design muito próprio. Na A isto junta-se a linha de cintura que As medidas compactas sentem-se em cional. A resposta é algo lenta e acom-
carroçaria destacam-se as grelhas coloca os vidros traseiros, de peque- estrada e fazem dele um SUV que se panhada por um ruído que se revela
dianteiras – superior no tonalidade nas dimensões, numa posição eleva- encaixa perfeitamente nas cidades e incomodativo, que vai aumentando
Piano Black, inferior tipo favo de mel da. Características que no conjunto
-, as luzes LED, os pára-choques dian- produzem uma sensação de aperto
teiros e traseiro, as capas dos espelhos para quem circula atrás. É um SUV
retrovisores e puxadores das portas compacto, com fisionomia de Coupé,
na cor da carroçaria, o difusor em pre- claramente mais apostado na imagem
to, os vidros escurecidos, o spoiler que no utilitarismo. Ainda assim pe-
traseiro e, em opcional, a tonalidade dia-se maior atenção neste aspeto.
bi-tom (tejadilho em preto e carroçaria A conectividade e infoentretenimento
em cor diferente). Atrás o formato dos são garantidas através do ecrã multi-
faróis também é muito característico. média de 8 polegadas, que nos permite
No seu todo, é um modelo muito bem aceder ao sistema de navegação, a
conseguido. informações de trânsito ou do veículo
ou conectar o telemóvel via bluetooth.
INTERIOR O modelo surge muito bem equipa
em sistemas de assistência à condu-
O interior é visualmente agradável e ção, com destaque para o sistema de
sobressai pelos materiais utilizados,
>> autosport.pt/automais
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FT/ F I C H A T É C N I C A
1.8 / 122 CV
HÍBRIDO
11 S
0-100 KM/H
4,3 L / 5,0 L (AUTOSPORT)
100 KM
98
G/KM- CO2
34 340€
PREÇO BASE
IMAGEM EXTERIOR / CONSUMOS /
CONDUÇÃO / CONFORTO
CAIXA DE VELOCIDADES CVT /
RESPOSTA DO SISTEMA HÍBRIDO /
INSONORIZAÇÃO
MOTOR HÍBRIDO, 4 CIL. EM LINHA, INJEÇÃO
DIRETA, TURBO, INTERCOOLER, 1798 CM3
POTÊNCIA 122 CV BINÁRIO 142 NM /
3600 RPM TRANSMISSÃO DIANTEIRA,
TRANSMISSÃO AUTOMÁTICA CVT SUSPENSÃO
TIPO MCPHERSON À FRENTE E TRIÂNGULOS
DUPLOS SOBREPOSTOS ATRÁS TRAVÕES DV/D
PESO 1535 KG MALA 377 LT DEPÓSITO 37 LT
VEL. MÁX. 170 KM/H
adequa-se perfeitamente às neces-
sidades. Já quando passamos para
autoestrada, aí já pediríamos maior
desenvoltura. No fundo, é um SUV
talhado para o meio urbano, e que
revela algumas fragilidades quan-
do o queremos fora da sua “zona de
conforto”.
O sistema híbrido é gerido de forma
autónoma, mas permite também que
selecionemos apenas o modo elétri-
co se a bateria tiver carga suficiente,
ainda que esta tenha uma utilização
limitada: apenas a baixas velocidades
e durante um curto espaço de tempo.
Médias reais de 5l/100 km fazem dos
consumos um trunfo a favor deste
modelo.
quanto mais exigirmos do pedal do BALANÇO FINAL
acelerador. A isto junta-se uma caixa
automática CVT que deixa a desejar O Toyota C-HR é um carro muito atrati-
no desempenho da sua função. Ainda vo. Passa para a condução a satisfação
assim, estes são reparos que não nos que produz pela estética exterior e
fazem desgostar do Toyota C-HR. permite-nos uma utilização diária com
O modelo permite-nos consumos bas- um sorriso na cara. O sistema híbrido
tante interessantes, consequência de proporciona-nos facilmente bons con-
um motor elétrico que é uma mais sumos, apesar de a potência se reve-
valia em percursos urbanos, princi- lar com alguma cerimónia. O espaço
palmente a baixas velocidades ou no interior não é o seu forte, mas este é
pára-arranca. um carro a pensar em viagens a solo
No geral a resposta é suficiente, e, em ou, maioritariamente a dois, apesar
cidade, em que circulamos por norma de acomodar bem quatro passageiros.
a baixas velocidades, o desempenho No global é um carro com muito esti-
lo, e, pelas suas características, ideal
para quem circule maioritariamente
em cidade, ou em trajetos curtos de
autoestrada. Nesse ambiente é uma
boa aposta.
AUTO+ mais
AUDI
» A7 SPORTBACK 50 TDI QUATRO TIPTRONIC
400 o desejo de tocar, sentir, admirar, ao luz LED), além das soluções de fun-
A7 não falta sequer uma excelente cionalidade.
Quatrocentos. É o número de personalizações que a Audi posição de condução, confortável e Com um equipamento que, conforme
anuncia para o novo A7, em Portugal, mas podem ser também a partir da qual é possível ter acesso a própria Audi deixa entender, de-
os pontos de interesse neste impressionante executivo de correto a tudo em redor (banco e vo- penderá sempre muito daquilo que o
luxo. Fomos para a estrada descobri-los... lante multireguláveis), à exceção da proprietário estiver disposto a gastar
visibilidade traseira - quase nula, é a mais (felizmente, a suspensão dinâ-
Francisco Cruz natural para a Segurança, com o novo atenuada pela presença, de série, de mica, a tração integral permanente
[email protected] A7 a prometer um total de 40 sistemas sensores e câmara traseira... quattro com diferencial central au-
de assistência à condução, 12 senso- Quantos aos lugares traseiros, conti- toblocante mecânico, ou o Audi Pre
U tilizando como base a mes- res ultrassónicos, cinco câmaras de nuam mais vocacionados para apenas Sense Basic e Frente, estão à partida
ma plataforma do topo de vídeo, cinco sensores radar e um sen- dois ocupantes, os quais beneficiam assegurados), o “nosso” Audi A7 con-
gama A8, o Audi A7 aposta, sor-laser. Tudo a prometer níveis de do aumento em 21 mm do espaço in- tava ainda com a única motorização a
no entanto, num visual ex- segurança e inteligência excepcionais! terior. Já um terceiro ocupante, ao gasóleo disponível nesta fase inicial,
terior bem mais cativante, Mas se o exterior arrebata, o interior, meio, tem à sua espera um espaço em Portugal: 3.0 TDI V6 de 286 cv e
arrebatador até, sustentado impressiona. A começar pela excelente estreito, saliente, pouco confortável, 620 Nm. O qual, associado a uma não
num perfil de coupé de dimensões construção e materiais, acrescido de além de prejudicado por um túnel de menos competente caixa Tiptronic de
generosas (quase 5,0 m de compri- um ambiente fortemente tecnológico transmissão intrusivo. 8 velocidades, tem assegurada não
mento...), linhas mais dinâmicas e com e vanguardista, traduzido numa qua- Na bagageira, 535 litros iniciais fazem apenas força, impetuosidade e dis-
pormenores de estilo e estatuto - a se eliminação dos botões físicos, em acreditar que será possível acomodar ponibilidade em praticamente todos
começar na nova grelha Singleframe, detrimento de três generosos painéis facilmente as bagagens de todos os os regimes, como também suavidade,
mais larga e mais baixa, e nas ópticas digitais a cores: o já conhecido Virtual passageiros, existindo ainda a possibi- souplesse e discrição, seja qual for o
LED mais esguias e com a possibilidade Cockpit, o ecrã táctil do sistema MMI, lidade de transportar objetos maiores tipo de condução. Já para não falar
de integrarem tecnologia Matrix LED além de um novo segundo ecrã táctil, e mais compridos, mediante o reba- numa insonorização de topo, quase
(opcional). Além de uma traseira que, colocado mais abaixo, a partir do qual timento fácil das costas dos bancos tão convincente quanto os 7,5 l/100
mantendo o spoiler traseiro retráctil, é possível accionar o ar condicionado e traseiros na horizontal e no segui- km de média real obtida neste ensaio!
anuncia-se agora mais larga e agres- algumas das ajudas à condução. Sendo mento do piso da mala. Mantendo-se Importante no alcançar deste resulta-
siva, graças também a farolins com que até mesmo o comando das luzes, o excelente acesso (o portão é enorme do, não apenas a ação da transmissão
assinatura luminosa idêntica à do A8. à esquerda do volante, é digital e tátil! e de acionamento elétrico), boa lumi- para manter o V6 por regimes mais
Abordando a questão do equipamento Ainda assim extremamente intuiti- nosidade (apresenta duas linhas de baixos, mas também a presença de
e da anunciada personalização, realce vo no operar, além de despertando
>> autosport.pt/automais
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FT/ F I C H A T É C N I C A
um sistema acessório elétrico a que o mesmo espírito descontraído, con- integral quattro com diferencial central 3.0 / 286 CV
a Audi deu o nome de Mild-Hybrid, ou fortável, quase majestático, embora autoblocante mecânico e Audi drive
Semi-Híbrido. E que, socorrendo-se e quando numa condução mais as- select, com os modos Auto, Comfort, GASÓLEO
de um alternador e de uma pequena sertiva, com a estabilidade e eficácia Efficiency, Sport e Individual. Atributos
bateria de iões de lítio, substitui-se não só possíveis, num modelo destas di- suficientes para não apenas fazer face 5,7 S
apenas ao motor de arranque, como mensões e peso, graças à presença de a uma direcção que podia ser mais
inclusivamente consegue locomover soluções tecnologias como é o caso de informativa e pesada, como também 0-100 KM/H
sozinho, a baixas velocidades (até aos uma plataforma especialmente evo- para elevar em mais de 400% - muito
22 km/h), o A7. luída, suspensão pneumática nivelável mais!... -, o prazer de toda e qualquer 5.6 L / 7.5 L (AUTOSPORT)
Em termos de desempenho dinâmico, (também no MMI), sistema de tração viagem...
100 KM
147
G/KM- CO2
94 691€
VERSÃO ENSAIADA SEM OPCIONAIS
MOTOR/CAIXA DE VELOCIDADES /
COMPORTAMENTO / CONFORTO
LUGAR DO MEIO / OBRIGATORIEDADE/
PREÇO DE OPCIONAIS / PREÇO
MOTOR SEIS CILINDROS EM LINHA, INJECÇÃO
DIRECTA, TURBOCOMPRESSOR DE GEOMETRIA
VARIÁVEL E INTERCOOLER CILINDRADA (CM3):
2.967 POTÊNCIA MÁXIMA (CV/RPM): 286/3.500-
4.000 BINÁRIO MÁXIMO (NM/RPM): 620/2.250-
3.000 TRANSMISSÃO INTEGRAL, COM CAIXA
AUTOMÁTICA DE OITO VELOCIDADES DIREÇÃO DE
PINHÃO E CREMALHEIRA, COM ASSISTÊNCIA ELÉ.
SUSPENSÃO (FR/TR) DUPLOS TRIÂNGULOS COM
MOLAS HELICOIDAIS; DUPLOS TRIÂNGULOS COM
MOLAS HELICOIDAIS TRAVÕES (FR/TR) DISCOS
VENTILADOS/DISCOS VENTILADOS VELOCIDADE
MÁX. (KM/H): 250 PESO (KG): 1.955 MALA (L) 535
DEPÓSITO DE COMBUSTÍVEL (L): 63
E/ Dando cumprimento ao estabelecido no n° mais importantes provas de desporto au- leitores uma informação atual, rigorosa abordagem e de análise dos factos noti-
1 do artigo 17° da Lei 2/99, de 13 de Janeiro, tomóvel disputadas em território nacional e de qualidade, opinando sobre tudo o ciosos, com total abertura à interatividade
ESTATUTO Lei da Imprensa, publica-se o Estatuto e no estrangeiro, relata acontecimentos que se passa na área do automóvel e dos com a sua comunidade de leitores. 4. O
EDITORIAL Editorial da publicação periódica AutoSport: ligados à competição automóvel, bem como automobilistas, numa perspetiva plural, re- AutoSport pratica um jornalismo pautado
1. O AutoSport é um semanário dedicado temas que versam o automóvel como bem cusando o sensacionalismo e respeitando pela isenção, sem comprometimentos
ao automóvel e aos automobilistas, nas de consumo, tanto na área industrial como a esfera da privacidade dos cidadãos. 3. ou enfeudamentos, tendo apenas como
suas mais distintas vertentes: desporto e comercial. O AutoSport pauta as suas opções edito- pressuposto editorial facultar a melhor
competição, comércio, indústria, segurança 2. O AutoSport está comprometido com riais por critérios de atualidade, interesse informação e a melhor formação aos seus
e problemática rodoviária. O AutoSport o exercício de um jornalismo formativo e informativo e qualidade, procurando apre- leitores, seguindo sempre as mais elemen-
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