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Published by hmilheiro, 2019-01-24 04:47:43

AutoSport_2142

AutoSport_2142

#2142 40
ANO 41
anos
16/01/2019
Semanal O SEMANÁRIO DOS CAMPEÕES >> autosport.pt

2,35€ (CONT.) 1º PABLO QUINTANILLAHUSQVARNA

DIRETOR PEDRO CORRÊA MENDES

2º RICKYBRABECHONDA

1º NASSERAL-ATTIYAHTOYOTA +/MOTOS
>>HUSQVARNA, HONDA,
DAKAR TUDO KTM E YAMAHA
PORDECIDIR PODEM VENCER

AUTOS

>>NASSER AL-ATTIYAH
COM BOA VANTAGEM

>>LOEB, PETERHANSEL
E ROMA COM HIPÓTESES

FÓRMULA 1 +

BMW

X4 xDRIVE25D

PÁG. 46

QUEM ‘TRAMOU’ARRIVABENE? PÁG.18 KTM

790 DUKE 2018 PÁG. 32



3

I/ I N S TA N TÂ N E O SIGA-NOS EM EDIÇÃO

#2142
16/01/2019

f l> > a u t o s p o r t . p t
facebook.com/autosportpt twitter.com/AutoSportPT

PRIMEIRA Foi à 1’0ª participação, mas a tão ansiada vitória de Elisabete Jacinto no Africa Race, na categoria reservada aos Camiões, José Luís Abreu
finalmente chegou. A equipa trabalhou muito ao longo dos anos, e vencer naqueles terrenos nunca será fácil para ninguém
DIRETOR-EXECUTIVO
S/ SEMÁFORO EM DIRETO
[email protected]
PARADO A ARRANCAR A FUNDO “O percurso e as conquistas
do Armindo e do Bruno em AviverumDakarbemimpre-
Não correu bem para Muito interessante a Grandes lutas no Portugal e no estrangeiro visível, em que as decisões
a BMW a Fórmula E em prestação portuguesa Dakar nas motos e nos falam por si, são dois dos dos autos e das motos vão
nos SXS no Dakar. Sem autos, especialmente melhores pilotos de sempre ser mesmo levadas até ao
Marraquexe, mas o nas duas rodas com dos ralis em Portugal”, Sérgio fim, é com alguma ansieda-
andamento está lá… exageros, levam a de que espero o começo de
água ao moinho… vários pilotos a Ribeiro, CEO da Hyundai Portugal mais competições. Até aqui a Fórmula
poderem vencer E deu-nos uma grande alegria e uma
“Não quero culpar ninguém, tristeza, porque não gostamos de ver
O SEMANÁRIO DOS CAMPEÕES NA ERA DIGITAL festejámos juntos em Riade, os ‘nossos’ falhar daquela forma, mas
lamentámos juntos em também não estou muito preocupado,
Marraquexe”, Roger Griffiths, porque conheço o António, e sei que
vai ressurgir ainda mais forte e focado.
responsável máximo da BMW i Venha Santiago do Chile.
Andretti Motorsport Dentro de semana e meia começa o
WRC 2019, e arrancar logo com Loeb
“Acho que estamos no ponto e Ogier em luta direta na prova que é a
certo para lutar pelo título no sua ‘praia’, o Monte Carlo, é excelente.
WEC mas também no ELMS, Para além disso a competição tem
estou preparado e focado tudo para voltar a ser muito interes-
para conseguir os melhores sante, num ano em que Arganil vai
resultados em todas as voltar aos grandes palcos do WRC.
frentes”, Filipe Albuquerque, No CPR tivemos a grata surpresa
de ver mais um nome muito for-
após a confirmação que também vai te regressar à competição, Bruno
disputar o WEC Magalhães, e também por isso es-
pera-se uma competição ainda mais
Siga-nos nas redes sociais e saiba acesa que em 2018. Fontes estará
tudo sobre o desporto motorizado no mais forte, Teodósio quererá voltar à
computador, tablet ou smartphone via mesma luta, Meireles tem um carro
facebook (facebook.com/autosportpt), novo, Barros não vai querer ficar a
twitter (AutosportPT) ou em ver de fora, e que bem ficariam aqui
>> autosport.pt Ricardo Moura e Bernardo Sousa.
Provavelmente vão lutar os dois nos
Açores.
Daytona também já não demora mui-
to, e embora este ano um triunfo
pareça mais difícil, são tarefas assim
que os portugueses gostam e João
Barbosa e Filipe Albuquerque estão
aí para as curvas.
Por fim, a F1. Vamos ver o que sai
dos novos carros, e sinceramente
espero que a Honda permita à Red
Bull manter-se nas lutas da fren-
te. Seria uma pena que assim não
fosse. E já agora que a McLaren e a
Williams saiam do buraco em que
se encontram…

/
DAKAR 2019

4

SERÁ DESTA TOYOTA?41ªEDIÇÃODODAKAR

Quando esta edição lhe chegar às mãos
ao Dakar já só faltarão mais dois dias
para que tudo se resolva. Contudo, a
análise que lê nas próximas páginas

será apenas relativa à primeira metade
da prova, com um ‘cheirinho’ do que foi o
arranque da segunda. Na próxima edição,

contamos-lhe quem ganhou!

José Luís Abreu
[email protected]

FOTOS OFICIAIS; ASO/@WORLD/A.LAVADINHO; ASO/DPPI

Não tem faltado nada a este Dakar. Tal como quatro pilotos o vencedor deste Dakar, pois há que contar a prova seria melhor para os buggies, e apesar disso se
‘prometido’ a ASO colocou de pé uma prova com possíveis erros ou problemas mecânicos. confirmar um pouco, a verdade é que, mais do que os
muito dura, e se andar rápido continua a ser Qualquer coisa pode acontecer a qualquer um, e carros, a diferença está a ser feita entre a qualidade e a
de capital importância para vencer, há vários apesar das diferenças que existem neste momento, assertividade das duplas.
outros ingredientes a apimentar esta prova. nada está decidido. Nasser Al-Attiyah e Matthieu Baumel têm estado perto
E nem sequer tem faltado o ‘sal’ da polémica, Se contássemos só com velocidade pura, a prova estava da perfeição, são muito poucos os pequenos erros que
podendo mesmo chegar-se ao ponto do vencedor não resolvida. Mas não está… podemos apontar aos homens da Toyota, e por isso, e
ser outro, porque a ASO meteu os pés pelas mãos ao muito bem, lideram com uma boa vantagem. Até aqui,
desenhar o road book. Mas já lá vamos… BOM DAKAR entre as equipas da frente são os únicos que ainda não
Imperativos de fecho da edição e devido ao facto deste tiveram qualquer espécie de problemas. Esperemos que
Dakar ser mais curto, quando este jornal lhe chegar às Bela prova está a ser este Dakar. Sendo verdade que não seja um mau prenúncio.
mãos já só faltarão as etapas 9 e 10. No momento em nunca tínhamos visto um Dakar tão ‘arenoso’, um dos Sébastien Loeb e Daniel Elena têm rodado ao mais alto
que escrevemos, Nasser Al-Attiyah tinha acabado de pequenos defeitos desta edição, se quisermos ser esqui- nível neste Dakar, com a dupla a vencer, até aqui, metade
aproveitar um dia menos bom de Stéphane Peterhansel sitos, é a falta de paisagens diferentes. Mas por outro lado, das etapas disputadas.
nas dunas de Tanaka para dilatar a sua liderança, com o a areia e as enormes dunas do Peru, que o ano passado Se não fosse o engano de percurso da etapa 3, que já se
francês a cair para o terceiro lugar. na primeira semana deixaram logo perceber que não concluiu ter sido erro não corrigido da organização, a clas-
Quem esteve imperial nessas mesmas dunas foi Sébas- são pêra doce, deixam antever que o que ainda há por sificação poderia ser diferente. De qualquer modo, esta
tien Loeb, que com uma prestação imaculada se colocou disputar pode mudar tudo. é uma espinha bem atravessada na ‘garganta’ da ASO…
como o mais perto perseguidor do homem da Toyota, Antes do arranque desta prova era impossível saber qual Mas ainda assim Loeb e Elena ainda não atiraram a tolha
significando isto que a quatro dias do fim do Dakar, dos diferentes conceitos das equipas da frente, Toyota ao ringue. Só na 6ª etapa saltaram do quinto para o segun-
Al-Attiyah tem entre 37 minutos de avanço (Loeb), 41 e Mini com 4x4 e Mini e Peugeot, leia-se, Sébastien do lugar da geral, e agora só têm pela frente Al-Attiyah.
(Peterhansel) e 45 (Roma). Claramente, será um destes Loeb, com buggies de duas rodas motrizes. E não é que Imagine-se o que seria ver Loeb vencer o Dakar e logo
a ASO encontrou um equilíbrio perfeito? Pensou-se que

>> autosport.pt

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de seguida o Monte Carlo? Se alguém o consegue, é ele... mais recuperou. Alguém sempre começa por ceder com a caixa de velocidades do Mini e agora está a mais
Quem tem estado a falhar bem mais para lá da conta nesta prova, ‘tocou’ a Després… de duas horas do líder.
habitual é Stéphane Peterhansel, mas apesar disso, a Prestação muito consistente estava a ter Jakub Przy- Martin Prokop teve problemas logo a abrir o Dakar,
verdade é que ao volante do seu Mini Buggy o piloto gonski (Mini 4X4). Era quarto a 38m12s de Attiyah, mas mas o que fez a seguir mostrou que podia almejar
que tem 13 triunfos no Dakar tem-se mostrado capaz a etapa 6 foi madrasta para o polaco que teve problemas a outro resultado que não o sétimo lugar em que
de jogar em pé de igualdade com Al-Attiyah em termos se encontra.
de andamento. Mas já esteve três vezes ‘em falta’, numa C/ CLASSIFICAÇÃO Quem mostrou andamento para bem mais foi Ya-
delas com um erro de principiante (distraiu-se). E com APÓS ETAPA 6 zeed Al-Rajhi, noutro Mini 4X4 da X-Raid, mas um
isto está a 41 minutos do líder. problema numa das etapas tramou-o. Perdeu-se
Já Nani Roma tem estado discreto, mas muito constante 1 NASSER AL-ATTIYAH MATTHIEU BAUMEL TOYOTA 21H01M31S duas vezes e caiu para oitavo a mais de três horas
no seu Mini cuja versão 4×4 domina perfeitamente. É +00H37M43S do líder, isto depois de ter andado no pódio na fase
quarto a 45 minutos de Attiyah, e preserva bem intactas 2 SEBASTIEN LOEB DANIEL ELENA PEUGEOT +00H41M14S inicial da prova.
as suas chances de vitória. E c’est fini! quanto aos candi- +00H45M24S Entre os outros pilotos de destaque que se atrasaram
datos a vencer, em condições normais, terminam aqui. 3 STEPHANE PETERHANSEL DAVID CASTERA MINI +01H19M09S está Benhard Ten Brinke que com uma Toyota oficial
Acontecer algo diferente só com uma hecatombe nos +02H03M10S recuperou até nono depois de cair para o 19º lugar.
quatro dias que faltam. Bom, mas isto é o Dakar... 4 NANI ROMA ALEX HARO BRAVO MINI +02H31M02S Giniel de Villiers, vencedor do Dakar 2009, viu as
+03H12M25S suas esperanças de se impor 10 anos depois da sua
OS OUTROS… 5 CYRIL DESPRES JEAN PAUL COTTRET MINI +04H18M44S vitória esfumarem-se ao bater numa enorme pedra.
+05H05M19S Classificado 14 vezes no Top 10 desde 2003, fraquejou
Cyril Després é quinto, mas não teve muita sorte nesta 6 JAKUB PRZYGONSKI TOM COLSOUL MINI +05H18M01S este ano. O sul-africano está quase sete horas atrás
prova. Logo no segundo dia parou para ajudar Peterhansel, +06H48M00S do seu companheiro de equipa.
que se desconcentrou com problemas elétricos e ficou 7 MARTIN PROKOP JAN TOMANEK FORD +08H19M37S Também sem poder mostrar a consistência exemplar que
preso. Para o ajudar, perdeu muito tempo que nunca +139H03M32S vinha mostrando, o bicampeão do Dakar, Carlos Sainz,
8 YAZEED AL-RAJHI TIMO GOTTSCHALK MINI também foi relegado às profundezas da classificação
depois de partir a suspensão do seu Mini num buraco
9 BERNHARD TEN BRINKE XAVIER PANSERI TOYOTA na etapa 3. Recuperou até 11º.
Entre altos e baixos andou sempre Harry Hunt (Peugeot/
10 BENEDIKTAS VANAGAS SEBASTIAN ROZWADOWSKI TOYOTA Ph-Sport) que acabou por ficar pelo caminho na etapa
6, quando era sétimo.
11 CARLOS SAINZ LUCAS CRUZ MINI Boris Garafulic e Filipe Palmeiro estavam a meio caminho
de um grande resultado, já que eram nonos da geral, mas
18 GINIEL DE VILLIERS DIRK VON ZITZEWITZ TOYOTA a etapa 6 foi madrasta. Perderam muito tempo e caíram
para o 19º lugar.
19 BORIS GARAFULIC FILIPE PALMEIRO MINI Não sabemos o que ainda vai acontecer, mas ver a prova
decidir-se nos últimos dias é muito bom…
48 BRUNO AFONSO MARTINS RUI JORGE PEREIRA FERREIRA TEAM BBR

/
DAKAR 2019

6

SXS

DUELOCHILE-BRASIL…
Aluta nos SXS está bem interessante, numa
categoria em que as diferenças não são muito o primeiro líder, depois de bater ‘Chaleco’ Lopez por e passou a comandar, com 11m26s de avanço para
acentuadas. Por esta ordem, Rodrigo Piaz- 1m27’s, posição que manteve no segundo dia, com Gerard Farres. Reinaldo Varela atrasou-se ainda mais,
zoli, Reinaldo Varela, Gerard Farres e Sergei a margem a cair para 1m08s face a ‘Chaleco’ Lopez. passando a distar meia hora da frente. ‘Chaleco’ Lopez
Kariakin terminaram a primeira metade No terceiro dia, mudança de líder. Gerard Farres venceu teve um dia mau e caiu para quinto, a mais de uma
do Dakar separados por 16m20s, pelo que e tonou-se no novo líder da prova, num dia em que hora do novo líder.
qualquer dos quatro está em linha para vencer. Fazer Reinaldo Varela cedeu 15m36s para Farres, caindo Depois da complicada etapa 5, Rodrigo Piazzoli chegou
um prognóstico é difícil tal tem sido o equilíbrio. para o quarto lugar. ao descanso na frente, mas com diferenças muitos
Numa categoria que tem vindo a contar com um au- Nova etapa, novo líder! Sergei Kariakin venceu a tirada curtas para os perseguidores.
mento fenomenal no número de participantes, e uma
completa renovação da lista de favoritos devido ao
influxo de recém-chegados de prestígio, esta é a ca-
tegoria mais aberta do Dakar.
E de facto, as cinco primeiras etapas tiveram cinco
vencedores diferentes, incluindo os ex-motard ‘Chaleco’
Lopez e Gerard Farres, e o ex-vencedor dos quads,
Sergei Kariakin.
Neste ‘pacote’ crescente, a desilusão também surgiu,
com o atraso de Ignacio Casale, logo na fase inicial da
prova. Curiosamente, foram também vários os pilotos
que passaram pelo comando e na paragem para des-
canso, no topo da tabela, a luta reacendeu-se entre
Rodrigo Piazzoli e o atual ‘campeão’ dos SXS no Dakar,
Reinaldo Varela, que passou a rodar 1m42s’ mais atrás.
Escusado será dizer que com Gerard Farres a 7m49s
e Sergei Kariakin a 16m20, tudo está em aberto até ao
quarto lugar e qualquer um dos pilotos pode vencer
os SXS no Dakar.
Fazendo um curto filme da prova, Reinaldo Varela foi

CAMIÕES da equipa de Gerard De Rooy, esta deu poucos sinais pensado que as pessoas teriam fugido a tempo, não devia
KAMAZ À VONTADE positivos, sendo que a armada Kamaz foi novamente mais ter direcionado o camião para o local em que estavam
forte e só não tem três camiões no pódio devido à atitude espetadores, ainda que ali não devessem estar.
A Kamaz era dada como favorita antes do início da prova, de Andrei Karginov, que em luta direta com um dos seus De resto, nem Iveco, nem Tatra ou Maz puderam fazer
mas também era referido insistentemente a possibilidade companheiros de equipa numa zona da etapa 5, não se alguma coisa contra a Kamaz que tem a meio da prova dois
da Iveco fazer uma ‘gracinha’. Ora bem, os italianos não coibiu de virar o camião em direção a um grupo de cinco pilotos em linha para vencer.
foram, mais uma vez, capazes de se impor aos russos, espetadores que tiveram que fugir pela vida. Um deles não Eduard Nikolaev e Dmitry Sotnikov, que estão separados por
que gostam pouco de suspense. Do lado dos Iveco, conseguiu, e o Camião passou-lhe por cima duma perna, 11m54s. Não há três porque Andrei Karginov foi excluído da
partindo-a. prova pelos factos que relatámos acima.
Os russos não olham a meios, e mesmo que Karginov tenha Gerard De Rooy é terceiro, mas a 1h58m49s e dificilmente
terá hipóteses de vencer ainda que tenha muito perto o
companheiro de equipa Ton Van Genugten. O checo Ales
Loprais está quase uma hora mais atrás e Federico Villagra
atrasou-se muito cedo.
Fazendo um curto resumo, Eduard Nikolaev entrou no
Dakar a vencer, repetiu o feito no segundo dia, nesta
altura ainda com Gerard de Rooy por perto, a 4m23s.
No terceiro lugar estava Federico Villagra, a 7m23s.
Andrey Karginov (Kamaz) venceu a etapa 3, com uma
vantagem de quase 12 minutos sobre Villagra (Iveco),
e na geral Nikolaev passou a ter apenas 5m17s de
avanço para o argentino.
Mau dia para a Iveco na etapa 4. Karginov venceu e passou
para segundo da geral. Mais sorte teve Nikolaev que fez uma
etapa menos boa, mas viu Dmitry Sotnikov (Kamaz), que era
segundo, e Federico Villagra (Iveco), terceiro, atrasarem-se,
ficando três Kamaz no pódio provisório.
Na etapa maratona, a Kamaz perdeu um Camião com a
exclusão de Karginov, mas Nikolaev e Sotnikov têm 11m54s
de diferença, com De Rooy a quase duas horas.

BREVES >> autosport.pt

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FILIPE PALMEIRO TOP 10 À VISTA >> EDIÇÃO DEMOLIDORA

O objetivo assumido à partida era o top 10 isso para o 13º lugar, ficando a cerca de um O Dakar mais duro
e até meio da prova a dupla Boris Garafulic/ quarto de hora do top 10, e no dia seguinte desde o último em
Filipe Palmeiro estava a cumprir na íntegra chegaram ao nono lugar, fruto da mesma África! São 74% os
com o que se propôs ao chegar ao dia de posição na difícil tirada. competidores que
descanso no nono lugar. Por fim, na etapa antes do descanso, ainda estavam em
Arrancaram na prova com uma 16ª posição, atrasaram-se um pouco, mas as competição a meio
no dia seguinte fizeram um 18º lugar, dificuldades foram gerais e com isso do Dakar, sendo
que os fez cair para 17º, mas desde aí, mantiveram o nono posto. 26% a maior taxa de
quando as dificuldades aumentaram Estão envolvidos num grupo que luta abandonos desde
significativamente, a experiência da dupla pela manutenção no top 10, sendo que a a prova de 2007. Só
começou a vir ao de cima e a dupla luso- margem ainda não é segura para assegurar na quinta etapa, 28
chilena foi ganhando posições. a posição, ainda que possam gerir, pois têm concorrentes não
Na etapa 3 foram 14º da geral, subindo com boa margem para isso. resistiram à dureza
da prova. No final da etapa 5, 105 motos, 18 quads, 9 carros, 24 SxS e 32 camiões
ficaram fora de prova. Na lista de abandonos, dois portugueses: Hugo Lopes
(Motos), Paulo Gonçalves (Motos).

BRUNO ‘SUPERMAN’ MARTINS >> ASO FALHOU...

Bruno Martins/Rui Ferreira Foram vários os concorrentes
(Can-Am X3 UTV) só a queixarem-se de um erro no
soçobraram na quinta road-book após a Etapa 3 e a ASO,
etapa e mesmo assim por intermédio do homem que
foram precisos três dias é responsável pelo road book,
sem dormir! Por aqui se Xavi Colomé, admitiu que sim:
vê, por um lado a fibra de “Recebemos críticas, e é verdade
piloto e navegador, por que o road book não era preciso.
outro a dureza desta prova. Refiro-me ao km 177, em que
Chegaram ao Dakar com há um desenho de um poste de
tarefa de ‘mochileiros’, eletricidade, mas que não devia
tendo que ajudar os estar desenhado naquele ponto, mas sim, no Km 175,01. Isto causou confusão.
concorrentes da equipa Os desenhos e a quilometragem estavam corretos, mas o desenho do poste
que os contratou, a BBR, de eletricidade confundiu as equipas. A análise foi feita pelos comissários
mas para isso tiveram que andar lá no meio e desportivos, estes confirmaram que havia uma imprecisão, mas decidiram não
passar pelas mesmas dificuldades de todos devolver tempo aos concorrentes queixosos apesar dos que tomaram o poste
os outros. Ainda mais, como se vai perceber como referência e acabaram por se perder. Quem seguiu a quilometragem, não
a seguir: “A segunda etapa foi muito dura e teve problemas, pois esta estava totalmente certa.”
dava para escrever um livro! Sabíamos ao que
vínhamos e o Dakar é mesmo assim. Fizemos o Depois: “Se a segunda etapa tinha sido dura, >> DANIEL ELENA ZANGADO
trabalho que a equipa nos solicitou e, logo nos a terceira foi impressionante! Terminou quase
primeiros quilómetros, eu e o Rui ajudámos o 24 horas depois do início! Chegámos ao Daniel Elena mostrou o seu desagrado, não pelo erro que detetou no road book e
nosso companheiro de equipa Adrian Gouget a bivouac às 5h00 locais, estava quase a nascer que terá prejudicado muita gente, mas pelo facto da ASO não ter logo reconhecido o
trocar uma rótula da caixa de direção. o Sol. Quase três dias sem dormir”, revelou o erro: “Tive de partir, mas sem motivação! Entrei no carro pelo Seb, em nome da nossa
Mais para a frente, e devido ao carro piloto da Marinha Grande. amizade, pelos nossos parceiros, pela a equipa e pelos adeptos. Quando cometo um
ter gastado mais combustível do que o De atraso em atraso foram conseguindo erro, eu reconheço-o. Sempre os reconheci e posso orgulhar-me de ser uma boa pessoa.
esperado para passar as dunas, ficámos sem chegar ao bivouac e pouco dava mais do que Estou muito desapontado por ver que as pessoas que gerem um evento com a
combustível, sendo depois ajudados por um preparar o road book, comer alguma coisa e reputação do Dakar não são capazes de o fazer.
concorrente de um um carro e duma moto partir outra vez. Por favor saibam, organizadores, que a minha cabeça já não está aqui mas sim em
que, com o espírito Dakar, pararam para nos Chegaram a fazer parte da lista de abandonos, Monte-Carlo e que os meus próximos meses de janeiro já não estarão convosco, mas
apoiar”, começou por dizer Bruno Martins. mas regressaram à prova e o trabalho não sim no Africa Eco Race, porque sim, a vossa disciplina é linda”.
Apesar de ser o que menos interessa para o vai parar. Só que agora já não se preocupam
caso, logicamente foram caindo posições. com o cronómetro. Se é que alguma vez se >> TERRANOVA ABANDONOU
preocuparam...
A aventura fica para a vida, e talvez seja Orlando Terranova foi forçado a
possível regressar no futuro, com outras desistir durante a 2ª etapa na
ambições. Mas a experiência, já ninguém lhes sequência de um acidente, uma
tira, isso é certo... ‘queda’ numa duna ao Km 80 da
tirada: “Fiz um salto, depois de
entrar numa pequena duna, aterrei
com violência e aleijei-me nas
costas. Esse impacto causou-me
uma contusão grave na região
lombar, a dor aumentou quilómetro
após quilómetro até que se tornou insuportável, e foi por isso que parámos
naquele ponto e pedimos a ajuda do médico.”

/
DAKAR 2019

8

RICARDO PORÉM

“ESTAMOS A ADORAR...”
R icardo Porém terminou a
primeira metade do Dakar estreia na maior prova de resistência estamos a adorar. A primeira parte nos parciais: “Tive muito bom feeling
em 7º da categoria SXS, e de TT do Mundo, o piloto que conta com deste Dakar teve muita areia, muito com o carro e liderámos grande parte
tem vindo a fazer uma prova a assistência da South Racing sabia fesh fesh e muita navegação. A South da etapa, muito graças à excelente
cautelosa, de aprendizagem, que tudo o que ia encontrar no Dakar Racing preparou-nos um carro prati- navegação do Jorge Monteiro”, mas o
arriscando o mínimo possí- era precisamente o que não estava camente novo para a segunda semana, último waypoint revelou-se difícil de
vel de modo a colher no futuro todos habituado. Muita areia, navegação com todas as peças de desgaste troca- descobrir, caindo para a nona posição
os frutos do que agora está a aprender. à ‘séria’ e uma prova muito longa e das e estamos confiantes que vamos na etapa. Na etapa 3, o maior contra-
Mostrou grande respeito pelo Dakar e dura: “Os primeiros dias foram difíceis, chegar a Lima”, disse o piloto que em tempo: “Furámos e inexplicavelmente
pelas sua dificuldades, e com isso está mas também foram uma experiência vindo cada vez mais a adaptar-se à não tínhamos macaco e tivemos de
a levar água ao seu moinho. A fazer a inacreditável, mesmo muito boa. Eu pilotagem do seu Can-Am Maverick. trocar a roda ‘à mão’, perdendo 45
e o Jorge (Monteiro), meu navegador, Numa das etapas, chegou a liderar minutos”, contou o piloto.

PEDRO MELLO BREYNER
“RITMO MODERADO PARA CHEGAR AO FIM”

Depois do ano passado ter desistido por isso iniciámos a prova com um ritmo
cedo, Pedro Mello Breyner, nesta prova moderado, de modo a ir ao encontro do
acompanhado por Javier Uribe, tem vindo a nosso principal objetivo, que é terminar
evoluir calmamente na classificação e está a prova. Fomos superando todas as
apostado em chegar a Lima. dificuldades, especialmente as da etapa
No Yamaha YXZ 1000 R Turbo Extramotion, quatro, que foi um verdadeiro inferno. Agora
preparado pela Franco Sport, Mello Breyner voltámos às dunas onde já me sinto um
tem vindo a realizar uma prova com muita pouco mais à vontade. Tenho a sorte de ter
cautela, evitando ao máximo as muitas comigo o Javier que está no seu território
armadilhas e tentando dessa forma superar e que tem feito uma excelente navegação”,
a enorme dureza desta 41ª edição do Dakar. referiu o piloto. Javier Uribe por seu lado
Essa ‘tática’ tem sido proveitosa, o que se afirmou: “Estou bastante satisfeito por ter
prova precisamente pelo resultado na dura encontrado uma equipa tão profissional,
5ª etapa, onde a equipa conseguiu o seu com tudo muito bem preparado. Estamos a
melhor resultado, que lhes permitiu subir cumprir com os objetivos traçados e vamos
duas posições na geral: “Sabíamos que continuar a trabalhar para chegar com
íamos encontrar um Dakar muito difícil e sucesso a Lima.”

BREVES >> autosport.pt

9

>>ASO PROÍBE ‘MEXIDAS’NOROAD BOOK

MIGUELJORDÃO A ASO decidiu penalizar quem acrescentar
BOA PROVA DE ESTREIA informação aos road book. No final da segunda
etapa vários pilotos queixaram-se nas redes
Miguel Jordão e Lourival Roldan estão a fazer um Dakar muito interessante. São nonos sociais de ter havido quem tenha feito batota no
classificados (fim etapa 6) com o português a realizar uma prova muito consistente nos percurso. A ASO, ciente da questão, mas sem a
SXS. Foram 11º logo a abrir, mas a partir daí foi quase sempre a melhorar, exceção feita à possibilidade de identificar todos os eventuais
complicada etapa maratona antes do descanso. prevaricadores, admitiu: “Detetámos numerosas
Foram 10º na etapa 2, subiram ao mesmo lugar da geral, oitavo na etapa 3, subiram ao infrações, em muitos pilotos, mas a direção de
sétimo lugar da geral, sextos classificados na etapa 4, mantiveram a mesma posição da Corrida decidiu excecionalmente não aplicar o
geral, décimos classificados na etapa 5, caindo um posição na geral, terminando a semana regulamento.”
em nono. De qualquer forma estão apenas a 11 minutos do oitavo lugar, ainda que tenham Mais tarde, proibiu mesmo que fosse colocada nova informação do Road Book.
o décimo classificado, o chileno Michelangelo Bertolla, nove minutos mis atrás. Só nesta Há muito que as principais equipas utilizam os ‘homens dos mapas’, gente com muito
sexta etapa foram passados por Ricardo Porém, já que chegou ao quinto lugar. Está, como se conhecimento das zonas em que se realizam as etapas, a que se juntam especialistas
percebe, tudo muito embrulhado entre o 8º e o 11º lugar. técnicos que assim que recebem o road book depressa e o interpretam sobre o mapa.
Identificam facilmente, em muitos casos, onde estão os waypoints, os pontos de passagem
AS ‘AVENTURAS’ DE PAULO FIÚZA obrigatória e a partir daí conseguem procurar ‘alternativas’ melhores para os seus pilotos
fazerem o seu percurso.
Paulo Fiúza, Alberto Herrero
e Martin Pina Gonzalez já não >> ROBBYGORDON‘ESTRANGULADO’…
partiram para a etapa 4, depois
de até ali fazerem o habitual Robby Gordon e o seu Textron XX são uma das
trabalho que se mistura desilusões deste Dakar. Andam pelos confins da
entre competição e ajuda a classificação, e quem esperava uma prestação
concorrentes, pois boa parte diferente do norte-americano, enganou-se, mas
dos Camiões em prova mitigam a verdade é que o norte americano parece ter
as suas despesas precisamente menosprezado este Dakar. Sempre que surgiu
ao ser contratados para ajudar. com o Hummer ou o Gordini, deu nas vistas,
É o que Paulo Fiúza e os seus mas desta feita com o pequeno UTV Textron
colegas têm feito, mas as ficou completamente espartilhado: “A ASO
coisas não correram bem na Etapa 2 onde ‘viraram’ o camião. disse-nos que sentem que com a potência e
Para Alberto Herrero, o piloto: “Ficaria feliz em ganhar a minha categoria, mas não peso tínhamos vantagem com o Textron XX, e que o limite de velocidade seria um equalizador
penso muito nisso, penso em trabalhar e desfrutar. O que todos nós procuramos, o que justo. Com isso, ficámos limitados a 130 Km/h de velocidade máxima, com os carros a fazer
gostamos, é de uma prova que se possa desfrutar. É verdade que a areia dificulta tudo 190 Km/h. Eu não acho que isso seja o que eu chamo de justo. Disseram-nos no dia 24 de
para os camiões e para nós, carregados de peças e ferramentas, ainda mais. O meu é dezembro que iriam colocar algum tipo de restritor, mas nunca esperei isto. Tenho pilotado
provavelmente o camião mais pesado do Dakar”. carros de corrida que andam mais depressa nas boxes. Isto para mim não é uma corrida.
Lemos as regras e quando eles inspecionaram os carros, em Charlotte, disseram-me que não
havia limite de velocidade. Agora, a prova começou mas esta é uma batalha perdida”.

>>ALONSO PODE ‘FAZER’DAKAR

Fernando Alonso vai testar uma Toyota Hilux V8 e pode disputar o Dakar em 2020 com a
Toyota: “Conheço o Fernando há muito tempo e temos uma boa relação e sei que ele está
desejoso de experimentar o carro. Vai visitar-me no meu país e, depois do Rali do Qatar, vamos
fazer um teste. Ele é um grande piloto e penso que tem de experimentar o Todo-o-Terreno.
Seria muito bom para o desporto motorizado”, disse Al-Attiyah.

JOSÉ MARTINS
“SONHAVA COM O DAKAR DESDE CRIANÇA”

O mais importante para boa parte dos português cresceu em França e tem vivido
Camiões é estar em condições para ajudar alguns momentos memoráveis no TT ao
quem precise, e acima de tudo, colegas longo dos anos, como por exemplo quando
de equipa. Foi o que sucedeu logo a quase foi preso no Cazaquistão durante o
abrir o Dakar com o Team Boucou, onde Rali Rota da Seda: “Já fiz todos os Dakar
milita José Martins, que teve de ajudar da América do Sul, embora tenha havido
os companheiros de equipa que tinham um que não terminei, porque não me
‘virado’ o Camião. Mas eles próprio ficaram deixaram! Comecei com o Michel Boucou,
fora de prova após a etapa 2. partilhámos a condução durante alguns
José Martins tem sido um dos mais anos e, depois, eu próprio guiei. Sempre
assíduos no Dakar desde a mudança para estive envolvido no mundo do desporto
a América do Sul, em 2009, geralmente automóvel. Eu costumava ver o Dakar
como parte da equipa de assistência na televisão quando criança, mas nunca
rápida de Michel Boucou. O mecânico esperei participar um dia!”

10

DAKAR 2019

TUDO EM ABERTO

Após uma semana de corrida é Alexandre Melo cem os de sempre. Falamos da KTM,
impossível fazer um prognóstico [email protected] Honda, Husqvarna e Yamaha. A jo-
sobre que marca e consequentemente FOTOS Oficiais; ASO/@World gar por fora e à espera de um peque-
que piloto irá vencer o Dakar de no milagre temos a Sherco e a Hero
2019, disputado integralmente no F oi preciso esperar por 41ª edi- MotoSports.
Peru. Têm sido muitas as mexidas na ções do Rali Dakar para termos Este está a ser um Dakar, como já foi
classificação geral, o que tem tornado pela primeira vez na história referido anteriormente, marcado por
tudo mais confuso, mas igualmente uma edição da corrida dispu- constantes reviravoltas na classifica-
mais espectacular para quem assiste. tada unicamente num país. ção geral, pelo que temos o cenário de
Corrida até ao fim parece ser uma No caso, o Peru, território que que até ao momento ninguém liderou
certeza e os detalhes vão definir oferece à corrida muita areia para de- a corrida por mais do que duas etapas.
leite daqueles que suspiram pelo anti- Os únicos a conseguirem segurar o
quem cantará vitória go Dakar africano, espaço onde tudo primeiro lugar por mais do que uma
foi germinado. ocasião foram Joan Barreda Bort e
Com ou sem areia a verdade é que os Ricky Brabec, curiosamente dois pi-
favoritos ao primeiro lugar permane- lotos da Honda.
Mais do que em outros Dakar, em 2019

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11

C/ CLASSIFICAÇÃO
APÓS ETAPA 6

1 PABLO QUINTANILLA HUSQVARNA 20H45M13S
2 RICKY BRABEC
3 TOBY PRICE HONDA +04M38S
4 KEVIN BENAVIDES
5 ADRIEN VAN BEVEREN KTM +05M17S
6 MATTHIAS WALKNER
7 SAM SUNDERLAND HONDA +08M01S
8 STEFAN SVITKO
9 XAVIER DE SOULTRAIT YAMAHA +09M15S
10 ANDREW SHORT
KTM +10M46S

KTM +21M06S

KTM SLOVNAFT +31M56S

YAMAHA +38M04S

HUSQVARNA +38M56S

estamos a assistir a uma corrida onde Como já é sua imagem da marca, o
a posição de partida para as etapas chileno está a fazer uma prova mui-
está a ser fundamental para a obten- to consistente, mas ao mesmo tempo
ção de um bom resultado no final do está com a perfeita noção de quando
dia. Por mais do que uma vez já vimos deve atacar. Também Andrew Short,
pilotos a brilhar numa tirada e com isso a fazer o seu segundo Dakar, está a
a subirem lugares na geral, mas no dia dar nas vistas na Husqvarna e um lu-
a seguir como têm de abrir a pista e gar entre os 10 primeiros poderá ser
as referências de percurso são nulas, uma realidade para a antiga estrela
consequentemente são muitos os mi- do Supercross ‘yankee’.
nutos perdidos na luta ao cronómetro. Já a Honda perdeu por queda Joan
Situação que acontece por exemplo Barreda Bort e Paulo Gonçalves, mas
em diversas jornadas do Mundial de continua na luta pelo primeiro posto.
Cross Country e Ralis, competição que Kevin Benavides e Ricky Brabec pro-
é vista pelas marcas e pilotos como o metem dar tudo até ao fim. Brabec tem
palco de eleição para a preparação de sido mesmo uma das grandes surpre-
cada edição do Dakar. sas da prova, pois está a apresentar um
Parece que será no equilíbrio entre o ritmo e consistência aos comandos da
ser rápido, mas por paradoxo não em CRF 450 Rally que nunca tinha exibido
demasia, e ser consistente que está nas anteriores três participações, onde
a chave para o sucesso em Lima, lo- só por uma vez completou o Dakar.
cal onda a caravana chegará esta se- A também nipónica Yamaha mantém
mana para a consagração daqueles igualmente as suas esperanças, ape-
que resistiram a 10 intensos dias de sar de ter apenas em prova dois dos
competição. seus quatro pilotos oficiais. Rodney
Faggotter e Franco Caimi foram para
ALINHAR ESTRATÉGIAS casa precocemente deixando assim a
sós Xavier de Soultrait e Adrien Van
Nas cúpulas das diferentes marcas Beveren. Este último persegue ainda
em competição alinham-se estraté- a meta de pelo menos chegar a Lima
gias para o último esforço no Dakar, em posição de pódio.
esforço que será o decisivo quanto à Nas restantes formações oficiais, a
decisão da vitória final. Hero MotoSports está a ter a sua parti-
A KTM, marca que vence o Dakar de cipação mais discreta no Dakar, desde
forma consecutiva desde 2001, per- a estreia em 2017, enquanto a Sherco
segue um novo triunfo. Contudo, dos surpreendeu com o estreante Lorenzo
seus três líderes, apenas Toby Price e Santolino. Porém uma queda na sex-
Matthias Walkner alimentam essa es- ta etapa atirou o piloto espanhol com
perança. Isto porque Sam Sunderland raízes no enduro para fora de prova.
perdeu muito tempo na sexta tirada, Entre os privados, ou se quiserem se-
com problemas mecânicos, tempo mi-privados, a nota de maior destaque
esse que parece ser decisivo quanto à vai para o sempre fiável Stefan Svitko.
retirada do intento de repetir a vitória Sem se dar por ele vai a caminho de
conquistada em 2017. mais um top 10, onde tudo o que vier
Ao lado da KTM está com uma corrida é acréscimo.
bastante sólida a ‘prima’ Husqvarna.
Insígnia que é representada ao mais
alto nível por Pablo Quintanilla, um
dos mais sérios candidatos ao metal
mais precioso.

/
DAKAR 2019

12

PAULO GONÇALVES

SORTE MADRASTA

Terminou com uma queda
na quinta etapa a 12ª
participação de Paulo

Gonçalves no Rali Dakar. Um
infortúnio que colocou um
abrupto ponto final numa
corrida, até então, sólida,

do piloto português, onde a
consistência estava a ser a
principal arma. Felizmente

o incidente não trouxe
consequências físicas para
o nortenho que já olha com a
mesma determinação para os

desafios futuros

Alexandre Melo Porém, aí uma queda ao quilómetro quinto abandono em 12 participações prevenção, mas estou bem. Não te-
[email protected] 155 do troço cronometrado deitou por na prova organizada pela Amaury nho nenhum problema sério, pelo que
terra o esforço do luso. Era o fim da Sport Organisation. agora é tempo de iniciar a recuperação.
J á diz o povo que aquilo que aventura em 2019 e o adiar do grande Para a Honda este foi igualmente um O meu Dakar terminou mais cedo do
nasce torto, tarde ou nunca se sonho por mais um ano. rude golpe nas suas ambições neste que o esperado. Estava-me a sentir
endireita. E foi assim que come- Inicialmente pensou-se que Paulo Dakar, pois já dias antes havia ficado bem e a adoptar um ritmo seguro para
çou a ser escrita a história de Gonçalves teria fraturado uma mão e sem Joan Barreda Bort, igualmente assim chegar em segurança ao fim da
Paulo Gonçalves neste Dakar. contraído um traumatismo craniano, devido uma queda. Restam Kevin Be- corrida. Porém, infelizmente sofri uma
Uma queda, na preparação para mas após uma noite em observação navides, Ricky Brabec e José Ignacio queda. O que está feito, feito está. Não
o evento, no passado mês de dezem- numa unidade hospitalar, o português Cornejo para salvar a honra da casa podemos mudar o passado, pelo que
bro, colocou o segundo classicado em recebeu alta médica. Do incidente não nipónica. não tenho outra escolha do que seguir
2015 na mesa de operações de forma ficou nenhuma fratura, só mesmo o “Passei uma noite no hospital por em frente”, disse Paulo Gonçalves.
inesperada. Intervenção cirúrgica essa
que teve como fim a remoção do baço.
Todos pensámos que a história de 2018
iria ser repetida, onde igualmente uma
queda em treino tirou Gonçalves da
corrida que sonha um dia ganhar.
Porém, desta vez foi diferente e o pi-
loto da Honda recebeu luz verde para
participar pela 12ª vez na sua carreira
no maior evento de todo-o-terreno
do mundo.
Apesar de não estar a 100% em ter-
mos físicos, a verdade é que com a
garra de sempre ‘Speedy’ Gonçalves
foi à luta. Nos dias iniciais, o piloto da
Honda optou por uma abordagem mais
cautelosa, sabendo bem que o Dakar é
uma corrida longa e onde os riscos têm
de ser muito bem calculados.
Com o endurecer da corrida, Paulo
estava a conciliar de forma exímia a
consistência com a rapidez, pelo que
foi sem surpresa que começou a galgar
posições na classificação geral.
Foi com dois sextos lugares consecuti-
vos em etapas e no oitavo lugar da geral
que Gonçalves abordou a quinta tirada.

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13

BREVES

>>APOSTADO DAKAR

RESISTENTES Competição à parte, vive-se um grande ambiente no seio da KTM, marca que tem
dominado as últimas edições da corrida. Prova disso é a aposta que Toby Price e Laia Sanz
Depois de termos tido apenas um Já António Maio e Sebastian Bühler fizeram entre si em plena competição. Se a piloto espanhola ficar dentro do top 15, algo
piloto português à partida do Dakar estão cada vez mais adaptados à que já fez por três ocasiões no Dakar, o piloto australiano terá de cortar obrigatoriamente
de 2018, este ano foram nove os realidade Dakar e têm dado nas vistas o seu longo cabelo.
representantes da nossa bandeira no entre os pilotos que fazem a sua Caso Price chegue a Lima entre os cinco primeiros, Sanz terá de dar ao seu colega de
Peru. estreia no evento. Na sexta etapa, equipa um beijo de língua de pelo menos cinco segundos. Dois cenários completamente
Desses nove, apenas restam seis após Maio foi mesmo o mais veloz entre prováveis, pelo que fica a pergunta no ar, estaremos a assistir ao nascer de um romance?
uma exigente semana de corrida. Os os estreantes. Já Bühler tem a sua
nomes a saber: Joaquim Rodrigues, estreia no Dakar marcada por uma >> PAIXÃOADOBRAR
António Maio, Sebastian Bühler, David experiência inesquecível. Na quinta
Megre, Fausto Mota e Miguel Caetano. tirada, após o setor cronometrado, Se Toby Price e Laia Sanz andam entretidos com apostas, Sara Garcia e Javier
Depois de um natural início cauteloso, o piloto português foi obrigado, aos Vega Puerta são já um casal. De tal forma que esta dupla espanhola decidiu fazer
alguns percalços e ainda à procura comandos da sua KTM, a fazer 170 a sua lua de mel no Dakar. Certamente que existiriam outras forma de viver os
do melhor ritmo, Joaquim Rodrigues quilómetros de ligação até ao ‘bivouac’ primeiros momentos como marido e mulher, mas a outra ‘paixão’ falou mais alto
começou a subir na classificação sem pneu traseiro. e decidiram cruzar o oceano. Ambos a competir na categoria ‘Original by Motul’,
geral. Cada vez mais dentro do ritmo, David Megre tem vindo a realizar uma após uma semana de corrida apenas Javier Vega resiste. Sara Garcia abandonou
o piloto da Hero MotoSports tem prova muito consistente e sem se durante a quarta etapa, devido a um problema eléctrico na sua Yamaha, e deixou
tudo para terminar o maior evento de desviar um mílimetro do seu principal o Dakar em lágrimas. Há paixões assim...
todo-o-terreno do mundo dentro dos objetivo: terminar pela primeira
25 primeiros, depois de há um ano ter vez o Dakar. Tal está ao alcance do >>SERPIONEIRO
tido nesta mesma corrida um acidente experiente piloto e poderá ter ainda
que quase colocou um ponto final na o acréscimo de acontecer entre os Todos os anos o Dakar é palco de histórias
sua carreira. 30 primeiros. Por último, mas não de superação, onde os limites humanos são
menos importante, temos Fausto colocados à prova numa das mais duras
Mota. O piloto português, residente aventuras que o ser humano pode fazer à face
em Espanha, está a levar a bom porto da terra. Foi isso que moveu Daniel Albero
a sua missão, isto apesar de um Puig, o primeiro piloto diabético a receber
problema mecânico na quarta etapa o luz verde para participar num Dakar. Uma
ter feito perder muito tempo. De então participação com grande significado, pois
para cá tem sido sempre em modo mais do que tudo Albero pretendou mostrar
recuperação nesta que é a sua quarta ao mundo que ter diabates não é sinónimo de
presença na prova. impedir a concretização de sonhos e ser um
desportista. Isto apesar das devidas precauções que teve de tomar. Infelizmente
para Daniel Albero a aventura terminou após três etapas, devido a problemas na
moto e a uma gripe que condicionou fisicamente o espanhol.

>>HOMEMSEM MEDO

Ilustre desconhecido para muitos, Julien Toniutti decidiu desafiar a história.
O francês pretende ser o primeiro piloto a terminar o Dakar e o famoso TT da
Ilha de Man. Duas disciplinas totalmente diferentes, mas que são das mais
simbólicas no mundo das duas rodas. Das velocidades infernais na ilha, onde
o perigo está em cada esquina, para as areias do Peru, onde os desafios são
igualmente perigosos, mas em outra escala. É assim a vida de um devoto do
motociclismo e do cheiro a gasolina.

/ grande momento para o pluricampeão
DAKAR 2019 nacional de todo-o-terreno. Mário Pa-
trão integrou a estrutura oficial da KTM,
14 marca que vence o Dakar desde 2001,
e que alberga ainda mais cinco pilotos.
MÁRIO PATRÃO Um momento alto na carreira do pilo-
to português, nesta que foi a sua sexta
LARANJA AGRIDOCE participação no Dakar. Mais do que o re-
sultado pessoal, o objetivo passava por
No seu primeiro Dakar como piloto ajudar sempre que necessário os líderes
oficial da KTM, Mário Patrão não teve do esquadrão cor-de-laranja: Toby Price,
Matthias Walkner e Sam Sunderland.
certamente o desfecho desejado. Com um início de prova discreto, Mário
Uma queda na sexta etapa Patrão estava a subir paulatinamente na
classificação geral ao mesmo tempo que
conduziu ao abandono do piloto cumpria com sucesso a tarefa incumbida
português no evento. Nova para este Dakar.
desilusão para Patrão, Foi às portas do top 20, mais concreta-
depois de em 2018 ter mente no 21º posto, que Patrão partiu para
falhado a corrida devido a sexta tirada da prova, a primeira a seguir
a uma apendicite ao merecido dia de descanso. Era mesmo
aguda, que surgiu à o melhor luso nas duas rodas. Contudo, eis
última hora que o azar voltou a bater à porta de Mário.
Uma queda no troço cronometrado levou
Alexandre Melo ao encerramento desta sua passagem
[email protected] pelo Dakar de 2019. Foi o seu segundo
abandono em seis aparições na prova
Parece que foi há muito, mas a da Amaury Sport Organisation.
verdade é que foi somente em O incidente deu-se no início da tirada e
2013 que Mário Patrão efetuou após o mesmo, Mário Patrão foi trans-
a sua estreia no Rali Dakar aos portado de helicóptero para uma unidade
comandos de uma artesanal hospitalar em Lima, capital do Peru. Após
Suzuki. a queda, o piloto português encontrava-se
A verdade é que com a participação, com consciente e de seguida foi sujeito a exa-
destaque claro para a vitória na catego- mes médicos para averiguar a extensão
ria Maratona em 2016, o piloto de Seia foi de seus ferimentos.
ganhando o seu espaço no todo-o-ter- Um desfecho amargo num momento
reno mundial, fruto de muito trabalho e histórico para a carreira deste embaixador
perseverança. além-fronteiras do todo-o-terreno na-
Depois da desilusão que foi a ‘operação cional. Agora, e tal como Paulo Gonçalves,
Dakar 2018’, eis que em 2019 chegou o tudo passa por recuperar os indíces e co-
meçar a pensar já no próximo Dakar, pois
QUADS QUESTÃOARGENTINA tudo regressa novamente num ápice.

Nos quads a grande novidade para este Dakar de 2019 é o facto de nenhum dos
vencedores anteriores da categoria estar à partida. Isto significa que em Lima
iremos ter sempre coroado um vencedor inédito, naquela que pode ser vista
como uma passagem de testemunho.
Para já, apesar da corrida estar a ser disputada integralmente no Peru, são os
pilotos argentinos que estão a ditar o ritmo da dança.
Nicolas Cavigliasso lidera a corrida desde o seu início e dada a vantagem
acumulada tem tudo para dar seguimento à herança de Alejandro e Marcos
Patronelli, os outros dois homens do país das Pampas que já venceram no Dakar.
Porém, já se sabe que nestas coisas das corridas para vencer primeiro é preciso
terminar, pelo que Cavigliasso terá de continuar a manter a mesma bitola aos
comandos da sua Yamaha. A seguir de perto um eventual deslize de Nicolas
Cavigliasso temos outros três argentinos: Jeremias Gonzales Ferioli, Manuel
Andujar e Gustavo Gallego.
De fora da batalha estão já os europeus Axel Dutrie e Sebastien Souday,
enquanto o paraguaio Nelson Sanabria está já muito atrasado para ambicionar
algo de relevo nesta corrida.

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SORTES BREVES
DISTINTAS
>>ATORPRINCIPAL
Neste Dakar de 2019 tivemos dois pilotos portugueses que decidiram partir
à aventura, ainda por cima em estreia, e logo na categoria agora denominada No passado recente Anthony Boursaud fazia parte da organização do Dakar, onde tinha
‘Original by Motul’, outrora apelidada de ‘Moto Malle’. como principal responsabilidade tomar o tempo dos pilotos quando estes chegavam ao
Falamos da categoria onde apenas os pilotos podem prestar assistência às suas final de cada setor cronometrado.
motos durante a prova. Nada de mecânicos, apenas duas mãozinhas a mexer na Cansado desta tarefa, Boursaud tomou a iniciativa de passar ele próprio a fazer parte
‘montada’ dia após dia no ‘bivouac’. Esses dois portugueses são Miguel Caetano e da história. Iniciou a sua carreira de piloto e garantiu a participação no Dakar através de
Hugo Lopes, para quem todos os dias são uma etapa maratona. um bom desempenho no Rali de Merzouga ao abrigo do programa ‘Road to Dakar’. E para
Miguel Caetano, que já acompanhou no passado Bernardo Villar no Dakar, continua surpresa não está a ser apenas mais um entre os muitos concorrentes que estiveram à
em prova. Sem excessos, o piloto de Cascais lá está em busca do sonho de uma partida. Aos comandos de uma Yamaha da estrutura Dragon, a mesma que presta apoio
vida, participar e completar um Rali Dakar. A classificação não importa, interessa a António Maio, é presença no top 30 da corrida.
sim levar de vencida a corrida e todas as suas armadilhas.
Hugo Lopes também assentou nos mesmos pressupostos a sua participação no >>IRMÃOSDEARMAS
Dakar, mas tudo foi interrompido ao quarto dia quando um problema mecânico na
sua KTM deitou por terra todo o esforço desenvolvido por este português radicado Max e Harry Hunt são dois irmãos que para além de estarem ligados pelo sangue,
na Suíça, onde é professor de instrução primária. Sortes distintas, mas para ambos compartilham entre si a paixão pelo desporto motorizado. De tal forma que pela primeira
fica uma experiência pessoal para o resto da vida. E isso ninguém lhes tira. vez em simultâneo estiveram presentes no Dakar. Harry participava na categoria auto
ao volante de um Peugeot 3008 DKR Maxi e ficou pelo caminho na sexta jornada quando
estava no top 10, enquanto Max esteve presente na categoria moto. Uma aventura com
uma Husqvarna inscrita na categoria ‘Original by Motul’, aquela que só o piloto pode
prestar assistência à sua máquina. Para Max tudo terminou na quarta etapa, mas para o
futuro está a promessa dos manos unirem esforços e competirem em conjunto.

>>JOVEMLOBO

Nas lides do todo-o-terreno são
muitos os pilotos que chegam a
esta especialidade depois de uma
passagem pelo enduro. O mais recente
exemplo desta ‘Via Sacra’ é Lorenzo
Santolino. O espanhol estreou-se
este ano no Dakar e logo como piloto
oficial da Sherco.
Deu nas vistas com uma corrida em crescendo e na quinta etapa foi mesmo
o quarto mais veloz. Tudo parecia estar a encaminhar-se para ser o melhor
estreante e garantir um lugar no top 10, mas uma queda na sexta etapa levou
Santolino ao abandono.
Ficam as boas indicações e a expectativa para ver aquilo que o homem de Salamanca
poderá fazer em 2020, então com mais um ano de experiência em cima dos ombros.

>> MULHERAUTÓNOMA

Não é só de homens que é feita a longa história do Dakar, pois as mulheres já
desempenharam igualmente um papel importante no evento. É precisamente
mais uma página dourada nesta história feminina que Anastisya Nifontova quer
escrever. A russa pretende tornar-se na primeira senhora a completar o Dakar na
categoria ‘Original by Motul’, onde só Nifontova pode prestar assistência à sua
moto. Sem dúvida, um grande desafio para a mulher dos Urais.

TT/16
AFRICA RACE

ESTREIA A VENCER
DEELISABETEJACINTO

Elisabete Jacinto venceu a categoria reservada aos Camiões “Como sempre foi uma especial gira, Tivemos ainda três travessias de dunas,
pela primeira vez no Africa Race. Naquela que foi a sua 10ª muito alegre e com toda a gente a no entanto, conseguimos passar bem”,
participação no evento, finalmente a ansiada vitória festejar o facto de ter chegado ao fim. afirmou a portuguesa na chegada ao
Tivemos imensos portugueses aqui acampamento em Chami.
José Luís Abreu da no rosto que o trio chegou ao Lago à chegada que nos fizeram uma festa No dia seguinte, a segunda parte da
[email protected] Rosa, perto de Dakar, o mítico fim imensa com direito a champanhe e etapa maratona, com Elisabete Jacinto
FOTOGRAFIA AIFA/Jorge Cunha; de festa para as grandes maratonas tudo.” a ser segunda dos camiões: “Foi um
Alain Rossignol de todo-o-terreno. Triunfo entre os dia difícil. Foi uma daquelas etapas
Camiões, quinto lugar da geral, um FILME DA SEGUNDA SEMANA demolidoras e esgotantes. Fizemos
Já merecia! Numa carreira de Africa Race de sucesso: “Estamos os primeiros 100 quilómetros sempre
piloto de todo-o-terreno já com verdadeiramente felizes com a nos- Depois de ter terminado a primeira na areia mole e havia muita erva e por
um quarto de século, Elisabete sa prestação neste Africa Race 2019. semana com 1h40m03 de avanço para isso tínhamos que andar devagarinho
Jacinto junta agora ao seu pal- Recebemos um troféu enorme e o segundo classificado, o trio do MAN para conseguir passar. Também foi
marés uma saborosa vitória nos pesado e não cabemos em nós com TGS manteve uma toada que lhes per- uma especial complicada em termos
Camiões. Mais uma vez com José tanto orgulho. Foram 16 anos de tra- mitiu não correr muitos riscos, e com o de navegação. Mas conseguimos ter-
Marques como navegador e Marco balho para chegarmos a este dia. cansaço a acumular-se em toda a ca- minar bem porque agora podia baixar
Cochinho como mecânico, a seu lado, Tudo isto é fruto de muito trabalho, em- ravana, começou a perceber-se que em a pressão dos pneus e a potência do
desta feita o mais evoluído MAN TGS foi penho e dedicação e por isso a vitória condições normais tal seria suficiente motor permitia-me avançar com uma
o companheiro ideal para esta prova. sabe ainda melhor”, contou Elisabete para vencer. maior facilidade. Este tipo de etapa é
Exceção feita aos contratempos ha- Jacinto no final desta grande aventu- A sexta etapa foi anulada, devido ao arrasador e recordo que noutras alturas
bituais neste tipo de eventos, o trio ra, na chegada a Dakar, no Senegal. mau tempo, que não permitiu aos heli- ficávamos enterrados e era deveras
esteve exemplar e levou de vencida o Um pouco antes, os 22 quilómetros cópteros de segurança levantarem voo, cansativo. Mas desta vez não parámos
difícil desafio. cronometrados da mítica especial dis- mas na etapa seguinte, a sétima, pri- e não tivemos que cavar vez nenhuma”,
Foi com grande felicidade espelha- putada nas margens do Lago Rosa: meira disputada na Mauritânia, Elisa- disse Elisabete Jacinto, que com o novo
bete Jacinto foi a mais rápida: “Foi uma sistema de baixar a pressão dos pneus
etapa rápida, mas com uma navegação ganhou ‘anos de vida’: “Lamento todas
muito difícil. O road-book tinha várias as horas que passei a cavar nestas du-
imprecisões e notas muito alargadas nas em anos anteriores só por não ter
que tornam as coisas mais difíceis.

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17

AFRICA RACE 2019

DECISÃO POR ELIMINAÇÃO

A corrida dos Autos e Motos foi bem diferente já foi muito feliz no antigo Dakar, os protagonistas são nomes
na segunda semana de prova. Enquanto nas poucos conhecidos a nível internacional e nesta prova um deles
sobressaiu: Dominique Laure. A fazer dupla com Christophe
motos se lutou até ao último dia, nos autos, um Crespo, num Optimus MD, terminaram a primeira semana
estranho acidente tudo decidiu, dias antes da 22m30s na frente de Jean-Pierre Strugo/François Borsotto,
chegada noutro Optimus MD. Os dois, bem distantes do resto do pelotão.
E assim foi por mais uns dias, com a diferença a manter-se
José Luís Abreu sensivelmente igual.
[email protected] Mas tudo mudou no final da sétima etapa, quando mesmo no
FOTOGRAFIA AIFA/Jorge Cunha;Alain Rossignol final da etapa o Buggy amarelo Optimus de Dominique Laure e
Christophe Crespo foi abalroado violentamente pelo Optimus
Sendo este um evento que ainda não conseguiu captar MD de Sergey e Aleksandr Kuprianov, com os dois carros a
a atenção de nomes sonantes dos automóveis e motos, capotar várias vezes. Uma cena absolutamente irrealista,
salvo raríssimas exceções já em fim de carreira, como é que felizmente não teve consequências físicas nos quatro
o caso do vencedor dos autos, Jean-Pierre Strugo, ou de concorrentes dos dois carros.
Kenjiro Shinozuka, que voltou uma última vez a locais em que Por outro lado, para o ranking da prova, esta situação foi uma
catástrofe completa para Dominique Laure e Christophe Crespo,
C/ C L A S S I F I C A Ç Õ E S que estavam perto de vencer a prova, até porque Jean-Pierre
Strugo e François Borsotto perdiam algum tempo nessa etapa.
GERAL O Buggy nº 211 ficou totalmente destruído e, na geral, Jean Pierre
Strugo e François Borsotto ficaram bem na frente da corrida,
AUTOS triunfando facilmente.
Nas motos, venceu o italiano Alessandro Botturi (Yamaha), que
1º JEAN-PIERRE STRUGO/FRANÇOIS BORSOTTO #203 OPTIMUS MD 44H44M58S depois de chegar a meio do evento com 7m16s de avanço para
+1H22M13S Pal Anders Ullevalseter (KTM), ambos estenderam a luta até
2º DAVID GERARD/PASCAL DELACOUR #210 OPTIMUS MD ao derradeiro dia de prova, terminando separados por 4m54s,
+1:43:32 pela mesma ordem.
2º JEAN-NOËL JULIEN/JULIEN RABHA #208 OPTIMUS MD No lugar mais baixo do pódio ficou Simone Agazzi (KTM), uma
48H07:52 posição que teve vários ocupantes intermédios.
CAMIÕES 50H48M59S
54H50M42S
as condições adequadas.” 1º ELISABETE JACINTO/JOSÉ MARQUES/MARCO COCHINHO #404 MAN
A duas especiais cronometradas do 46H05M13S
fim, o trio luso permaneceu firme na 2º NOEL ESSERS/MARC LAUWERS/JOHAN COONINX #401 MAN +04M54S
primeira posição da categoria camião:
“Esta especial foi particularmente dura. 3º JOHAN ELFRINK/DIRK SCHUTTEL #402 MERCEDES +2H28M06S
Fizemos mais de 100 quilómetros em
dunas, o que foi deveras difícil. Fui MOTOS
passando bem, mas num ou noutro
sítio mais complicado ficámos presos e 1º ALESSANDRO BOTTURI #103 YAMAHA
perdemos algum tempo. A navegação
também foi muito complicada. Mas, de 2º PAL ANDERS ULLEVALSETER #100 KTM
uma forma geral a etapa correu relati-
vamente bem porque, onde pudemos, 3º SIMONE AGAZZI #116 HONDA
andámos muito depressa e não tivemos
problemas mecânicos”.
No dia seguinte e com a meta à vista,
a 10ª etapa marcou a ligação entre Ain
Attaya e Akjout, na Mauritânia, e foi
aqui que o trio português subiu uma
posição passando a ocupar o 5º lugar
da tabela conjunta com os automóveis.
“Esta etapa foi muito comprida e difícil
porque o percurso tinha muitas dunas
complicadas de transpor.
Da nossa parte fizemos bem todas as
dunas e apenas perdemos algum tempo
num sítio onde a areia estava muito mole.
Ficámos presos e tivemos que cavar.
O nosso maior problema foi a descer
uma duna e batemos numa erva de
camelo muito grande. Ficámos com
o camião preso e tivemos que pedir
ajuda à equipa do Iveco para nos puxar.
Foi uma jornada difícil, mas no con-
junto acabámos por não ficar mal
classificados”, acabando por ser
esta etapa o fim das dificuldades.
Restou rumar a Dakar e festejar uma
saborosa vitória.

F1/18
QUEM TRAMOU

FÓRMULA 1

MAURIZIO ARRIVABENE?!

José Manuel Costa caminho da retoma. O espanhol falhou Chegou à Ferrari pela mão de Sergio Marchionne, depois de
[email protected] por muito pouco o título de 2010, com a muitos anos na Philip Morris colado à casa de Maranello
Ferrari a deixar-se apanhar nas malhas
Quando Kimi Räikkönen recebeu do regulamento – que proibia ordens de através do forte apoio da tabaqueira americana á formação
a bandeira de xadrez no final do equipa desde 2003 – e a ser multada em italiana. Tinha nos ombros a responsabilidade de fazer
Grande Prémio do Brasil de 2007, 100 mil dólares. O ano seguinte voltou a ser o Cavallino Rampante galopar de regresso à vitória no
os sinos dobraram em Maranello, de controvérsia com o F150 a ser vetado
a Ferrari regressava aos títulos de pela Ford (o nome era o mesmo da pick- Campeonato Mundial de Fórmula 1. Sucumbiu à pressão e,
pilotos e construtores. O efeito -up do construtor americano) e a trans- curiosamente, sai da Ferrari no final daquela que foi a melhor
Schumacher dissipava-se e parecia que formar-se em F150 Itália. Em 2012, Alonso temporada dos últimos anos. Saindo de cena pela porta baixa,
a Scuderia reencontrara o caminho do su- foi vítima de erros de estratégia que lhe
cesso de que estava arredada desde 2004, fizeram perder, uma vez mais, o título. interessa saber quem foi que tramou Maurizio Arrivabene
quando Michael Schumacher conquistou Em cinco anos, Stefano Domenicali não
aquele que seria o seu último título mun- conquistou nenhum título, envolveu a Como disse acima, falhar na Ferrari não nizar a situação dentro e fora da equipa,
dial na Fórmula 1. Mal sabiam os “tiffosi” Ferrari em questões menos dignas e er- é uma opção, principalmente quando a aparecendo cada vez mais irritado e per-
que os festejos de Kimi Räikkönen, Jean rou na estratégia e a sua cabeça foi ser- seca de títulos já vai longa, no caso, mais dendo a cabeça várias vezes, a mais grave
Todt, Aldo Costa e da sua equipa no Brasil vida em bandeja de prata quando Sergio de uma década. Como disse um dia Ross delas quando se insurgiu contra a própria
celebravam aquele que seria o último tí- Marchionne, em 2014, assumiu o contro- Brawn: “Ser segundo é um fracasso e para equipa no Japão, depois de ter cometido
título de pilotos da Ferrari. lo da Ferrari. Marco Mattiaci (ex- CEO da os ‘tiffosi’ isso é insuficiente, pelo que um um clamoroso erro.
O “pequeno Napoleão” abandonou a Ferrari North America e da Ferrari Asia falhanço na Ferrari é quase um assun- A perspetiva de perder um título no qual
Ferrari e para o seu lugar seguiu o seu Pacific) ocupou a cadeira de Domenicali e to nacional em Itália!” E a verdade é que chegou a ter uma mão deixou-o à beira
braço direito, Stefano Domenicali, com poucos meses depois, antes do GP de Itália, Arrivabene... falhou! Desde o dia em que de um ataque de nervos e no final da tem-
Aldo Costa a ficar com a responsabilidade seria a vez de Luca Cordero di Montzemolo foi apresentado como alguém que tinha porada, quando se concretizou a perda do
do projeto e Mario Almondo. O F2008 era anunciar a sua retirada depois de entrar as qualidades e que liderava “pelo seu título, Maurizio Arrivabene mostrou um
excelente, porém, pouco fiável e a Ferrari em rota de colisão com Marchionne. exemplo pessoal, o seu profissionalismo e lado mais agressivo e a sua relação com a
conheceu sérios problemas de estraté- integridade de decisão” que a sua estrela imprensa deteriorou-se ao ponto de pa-
gia. Ainda assim, Massa lutou com Lewis MAURIZIO, ARRIVABENE começou a perder lustro e, falhanço após recer um animal acossado que “rosnava”
Hamilton até à última curva do Grande falhanço, Arrivabene esteve na porta de a tudo e a todos.
Prémio do Brasil de 2008 pelo título, que (CHEGA BEM) À FERRARI saída ainda antes da morte do seu ami- Quatro anos sem conseguir títulos com
caiu para o britânico. O título de constru- go Marchionne. condições plenas para conseguir regres-
tores, muito devido a Felipe Massa, ficou Mattiaci não tinha perfil para comandar A passividade de Maurizio Arrivabene no sar às vitórias nos campeonatos fez a
em Maranello. Seria o último que a for- os destinos da Scuderia Ferrari e em no- GP de Itália, onde uma anunciada dobra- cúpula da Ferrari – lá está, instigada pe-
mação criada por Enzo Ferrari conquis- vembro de 2014 Sergio Marchionne es- dinha terminou com a vitória de Lewis los “tiffosi” e pela terrível e implacável
taria. Começava a Ferrari aqui o caminho colhe para ocupar o lugar de responsável Hamilton, o clamoroso erro na qualifi- imprensa italiana – pensar se Maurizio
das trevas... máximo da equipa Maurizio Arrivabene, cação no GP do Japão (escolha de pneus Arrivabene era o homem certo para o lu-
Ocupar um cargo de responsabilidade na promovendo a diretor do departamento errada) e os sucessivos tropeços nos ata- gar de responsável máximo da Scuderia
Ferrari é terrível e na Fórmula 1 é quase de motores Mattia Binotto que, até ali, era cadores da vedeta Sebastian Vettel, dei- Ferrari. E a verdade é que o italiano sabia
assustador pois as derrotas não são per- um dos engenheiros desse departamento xaram a Ferrari debaixo dos holofotes. E que estava a caminho da porta de saí-
doadas. A exigência dos “tiffosi” é cega depois de ter chegado à Ferrari nos tempos Arrivabene pouco ou nada fez para ame- da, pois a seguir ao final da temporada
e perder não é uma opção e, quando em áureos de Michael Schumacher.
2009 a Ferrari não conseguiu melhor quer Nascido em Brescia em 1957 (62 anos),
uma sortuda vitória em Spa, os “tiffosi” Maurizio Arrivabene veio do marketing e
tiveram um ataque de nervos. Para pio- das vendas, tendo estado na Philip Morris
rar a situação, Felipe Massa ficou fora da desde 1997, chegando a vice-presiden-
equipa a partir do GP da Hungria – quan- te da Marlboro Global Comunication e
do uma peça saída do Brawn de Rubens Promotions em 2007, tendo-se apro-
Barrichello acertou em cheio na cabeça ximado da Ferrari por via do patrocínio
do brasileiro da Ferrari quase perdendo o do gigante americano à Ferrari. Esteve
olho esquerdo, na segunda ronda de quali- na Comissão da Fórmula 1 como re-
ficação – e Luca Badoer e depois Giancarlo presentante dos patrocinadores desde
Fisichella, ocuparam o seu lugar de forma 2010, quando foi desviado para a gestão
completamente desastrada. da Ferrari.
Apesar da amizade com Luca di Foi apresentado por Marchionne (seu ami-
Montezemolo, Stefano Domenicali foi go) como “alguém que conhece e percebe
sendo o alvo privilegiado para culpar dos a Ferrari, mas também os mecanismos de
maus resultados. Saiu Räikkönen, entrou governança e os requisitos do desporto.”
Fernando Alonso e tudo parecia estar a Seria, no entender de Marchionne, o sal-
vador da Scuderia e o homem que viria
trazer a reconquista de títulos.

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19

Maurizio Arrivabene respondeu assim, influência da casa de Maranello nas de- na ofereceu a Vettel e a Räikkönen o me- culpas próprias. Perante a adversidade,
quando lhe perguntaram se o seu lugar cisões políticas da F1, como tão bem fa- lhor carro de 2018. O papel de Arrivabene não manteve a calma e mostrou irritação
estava seguro: “Perguntem ao Camilleri!” zia Jean Todt. seria controlar os seus pilotos e fazer as onde teria de haver tranquilidade.
Louis Camilleri, outro ex-Philip Morris e Com a chegada de Maurizio Arrivabene, melhores escolhas para o objetivo final. Comparando-ocomTotoWolff,opatrãoda
amigo de Maurizio Arrivabene, ficou com percebeu-se que havia mais organiza- O que conseguiu o italiano? Demonstrar Mercedes, o italiano fica mal na fotografia.
o lugar do seu amigo Sergio Marchionne ção dentro da equipa, particularmente nervosismo que se propagou à equipa e A Mercedes conheceu alguns momentos
na Ferrari, quando este faleceu no verão quando Mattia Binotto assumiu as ré- incapacidade de gerir a sua vedeta ale- difíceis ao longo da temporada, mas pre-
de 2018. E foi ele quem teve de decidir o deas do departamento técnico. O ano mã que cedeu sobre pressão e cometeu feriu sempre defender a equipa e mesmo
futuro do seu amigo, questionando-se se de 2016 foi particularmente duro para a erros atrás de erros, ajudando a cavar a quando os erros de estratégia acontece-
continuava, ou não, a ser o homem certo Ferrari e a retoma da equipa tem o dedo sepultura de Arrivabene. ram, Wolff nunca culpou a equipa e falou
para aquele lugar. de Arrivabene, coadjuvado por Binotto. A verdade é que Maurizio Arrivabene nun- sempre na quarta pessoa. Arrivabene fez
Mas, sabe-se agora, no final desse ano ca conseguiu soltar-se dos fios de mario- exatamente o contrário.
CHEFE DE EQUIPA OU POLÍTICO? de 2016 o italiano esteve na porta de saí- neta controlados por Sergio Marchionne O peso da responsabilidade que foi co-
da por decisão de Marchionne. Ironia das e quando após a morte deste teve essa locado por Sergio Marchionne em cima
Recordemos o trajeto de Maurizio ironias, Sergio Marchionne queria Charles oportunidade, deitou-a fora ao mostrar dos ombros de Maurizio Arrivabene re-
Arrivabene. Como referi acima, esteve Leclerc como segundo piloto no lugar de que não tinha talento para isso. E compa- velou-se demasiado para as capacidades
na Philip Morris e esteve sempre próxi- Kimi Räikkönen e Mattia Binotto no lu- rando-o com Toto Wolff, Arrivabene tem do italiano. Percebe-se, agora, que nunca
mo da equipa. Desenvolveu contactos e gar de Arrivabene. O ex-CEO da Ferrari de esconder a cara de vergonha, pois com esteve à altura da exigência. Declaração
tornou-se amigo de Bernie Ecclestone, descansa no reino da eternidade, mas uma equipa poderosa, com recursos qua- que pode ser dura para o italiano, mas
tirando um curso catedrático sobre os parece que da sua campa ainda ema- se infinitos, dois pilotos de elevada quali- quem está na Ferrari sabe que não pode
mecanismos e a política da Fórmula 1. A nam ordens e em 2019, Leclerc estará ao dade e um carro excelente, não conseguiu falhar e o terceiro responsável máximo
sua presença na Comissão da Fórmula 1 lado de Vettel e Binotto será o responsá- ganhar os títulos. da casa de Maranello em 11 anos, desde a
aumentou o seu conhecimento, e sendo vel máximo da Ferrari! Maurizio Arrivabene não teve a capacida- partida de Jean Todt em 2008, falhou re-
amigo de longa data de Sergio Marchionne, Arrivabene pouco teve a ver com o su- de de motivar as tropas, de mostrar ha- dondamente. Não conseguiu que a equi-
percebeu-se a sua chamada para ocupar cesso da Ferrari em 2018, pois foi no de- bilidade no xadrez da política da Fórmula pa fizesse soar os sinos de Maranello as
o lugar de Marco Mattiaci. Para o CEO da partamento técnico liderado pelo calmo e 1 e, pior que isso, sacudiu muitas vezes a vezes suficientes e no ano em que tudo
Ferrari, tratava-se de colocar um políti- envergonhado Binotto que a marca italia- água do capote, entregando à equipa as estava alinhado para conseguir, finalmen-
co na frente da equipa para recuperar a te, bater a Mercedes, não teve pulso para
impor ordens de equipa, não teve coragem
para trocar Kimi Räikkönen por um pilo-
to que fosse mais “dócil” para Vettel e foi,
enfim, incapaz de controlar os nervos do
seu piloto vedeta, que acabou cilindrado
por Lewis Hamilton.

FERRARI REGRESSA

AOS TEMPOS DE MAURO FORGHIERI

O período de fulgor da Ferrari entre 1964
e 1979 teve um nome: Mauro Forghieri. O
brilhante engenheiro italiano, nascido em
1935, em Modena, chegou à Ferrari pela
mão do seu pai depois de concluir o curso
de engenharia mecânica na Universidade
de Bolonha, em 1960. Assumiu o depar-
tamento técnico da Ferrari em 1963, de-
pois do abandono de Carlo Chiti depois de
um ano de 1962 sem vitórias e num páli-
do sexto lugar no campeonato de cons-
trutores. Foi ele que desenhou o V8 que
deu o título a John Surtees em 1964, títu-
lo que entusiasmou Enzo Ferrari. De tal
forma que entregou a Mauro Forghieri a
gestão desportiva e técnica da Scuderia
Ferrari. Foi em 1965 que isso aconteceu.
Mauro Forghieri foi quem desenhou, tam-
bém, os Ferrari 312 dos anos 70 (modelos
de Fórmula 1 e de Sport), a primeira cai-
xa de velocidades automática transver-
sal e o primeiro motor turbo da Ferrari.
Debaixo da sua gestão técnica e des-
portiva, a Ferrari ganhou quatro títulos
de pilotos (John Surtees em 1964, Niki
Lauda em 1975 e 1977 e Jody Scheckter
em 1979) e sete títulos de construtores
(1964, 1975, 1976, 1977, 1979, 1982 e 1983).
Foi ele quem deu o último título de pilotos
à Scuderia até chegarem Jean Todt, Ross
Brawn,RoryByrneeMichaelSchumacher,
que deram novo título à equipa fundada
por Enzo Ferrari em 1999 (Construtores)
e 2000 (Pilotos). Foram 21 anos sem tí-
tulos de pilotos e 15 sem vencer entre os

f1/
FÓRMULA 1

20

QUEM TRAMOU MAURIZIO ARRIVABENE?!

construtores. O que a Ferrari quer é evitar
que os 10 anos sem títulos de construto-
res e 11 sem título de pilotos se prolon-
guem. E para isso, Louis Camilleri, o CEO
da Ferrari, afastou Maurizio Arrivabene
e vai tentar aquilo que Enzo Ferrari fez
com Mauro Forghieri: entregar a gestão
técnica e desportiva a um engenheiro, no
caso, Mattia Binotto.
A pergunta que todos fazem é: afinal o que
é que Mattia Binotto pode fazer diferente
de Arrivabene?
Os responsáveis da Ferrari perceberam
que há várias áreas onde a equipa não tem
estado a funcionar, especialmente, no que
toca à gestão e à integração de todos os
departamentos. Na casa de Maranello, a
organização é mais vertical que horizon-
tal, ou seja, há sempre alguém que está
dependente de alguém e quando James
Allison esteve no comando do departa-
mento técnico existia uma verdadeira
separação entre italianos e estrangeiros
que levaram a problemas graves de proje-
to que, por sua vez, redundaram na saída
do técnico britânico.
Portanto, sentiu-se no topo da hierarquia

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21

da Ferrari que era preciso introduzir mu- E tudo isto sem que Mattia Binotto, um a sua autoridade, decidiu escolher um or- penalizações, usando apenas a alocação
danças e uma nova cultura que mais que “veterano” da Ferrari, tivesse no currí- ganigrama horizontal, onde todos os de- regulamentar.
desejável, era absolutamente necessária. culo a criação de um carro de competição. partamentos têm opinião válida e onde há Também podemos apontar o excesso
Sergio Marchionne começou esse traba- Podem perguntar: mas afinal, o que vai fa- discussão de conceitos. Uma estrutura de desenvolvimento a partir do GP da
lho com a promoção de Mattia Binotto, zer um engenheiro de motores que nunca que dá rédea solta à criatividade dos en- Bélgica, perdendo a vantagem na ges-
mas falhou com Maurizio Arrivabene. tinha desenhado um carro de competição, genheiros, que estimula o pensamento tão dos pneus, até à tomada de posição
Quase o colocou borda fora no final de na direção desportiva da Ferrari? “fora da caixa” e a procura incessante de de recuar nas afinações e definições de
2016, mas percebeu que Binotto precisava Voltemos a Mauro Forghieri. Em 1964, o soluções novas e diferenciadoras. Spa para o SF71H. Sim, isso pode ter con-
de amadurecer nas questões desportivas. brilhante engenheiro italiano desenhou Foi assim que a Ferrari mostrou diver- tribuído para o falhanço da Ferrari, mas
A sua morte não parece ter interrompi- um dos melhores motores da Ferrari e sas inovações como os pontões laterais , fica evidente que foi mais pelos erros
do o processo e por isso Louis Camilleri conseguiu o título. Enzo Ferrari deu-lhe os espelhos no Halo, a divisão das bate- estratégicos e falta de boa gestão dos
avançou com a promoção a Mattia Binotto. a liderança técnica e desportiva e nos rias, o reservatório suplementar de óleo, pilotos – áreas lideradas por Maurizio
Claro que dá a sensação que a gestão da anos 70 desenhou dos melhores carros da utilização de óleo como combustível, en- Arrivabene – que a Ferrari perdeu o tí-
Ferrari reagiu a quente a mais um insu- Ferrai na F1 e no Sport, logo ele que tinha fim, uma série de inovações que colocou tulo de 2018.
cesso de Arrivabene ou que a altura para mais interesse nos aviões que nos carros. a Ferrari na frente da Fórmula 1. Portanto, a Ferrari quer regressar aos
tomar esta decisão não é a melhor, mas Um maestro não tem de saber tocar todos É verdade que nem tudo foi perfeito no tempos de Mauro Forghieri, acreditan-
era impossível continuar com a mesma os instrumentos para liderar uma orques- caminho trilhado por Mattia Binotto, pois do que Mattia Binotto será o cimento que
situação mais uma temporada. Além dis- tra, pois não? Mas tem de saber quais os em 2017 a fiabilidade dos Ferrari foi trági- irá solidificar toda a estrutura. O me-
so, aquilo que Marchionne viu atrás dos melhores em cada instrumento, reuni-los ca. Mas ao invés de culpar as muitas cen- lhor carro do plantel não é passaporte
óculos grossos, do cabelo espetado e da numa sala e orientá-los para tocarem as tenas de pessoas do seu departamento, para ganhar títulos, mas é como o có-
timidez de Mattia Binoto (nascido no dia mais belas melodias. o engenheiro italo-suiço assumiu que o digo postal, é meio caminho andado. E
3 de novembro de 1969 em Lausanne) Ora, é isto que a Ferrari quer de Mattia controlo de qualidade não tinha sido cui- nisso, Binotto já deu provas de ser muito
também Louis Camilleri viu: alguém que Binotto, querem um “regista” que coor- dado e por isso iria trabalhar nessa área. bom. E se Mattia Binotto conseguir im-
percebe, muito, de engenharia e como fa- dene todos os departamentos, aglutine to- Em 2018, Sebastian Vettel abandonou plementar em toda a equipa aquilo que
zer um carro competitivo (como o provou das as qualidades dos muitos e brilhantes uma única vez, no GP da Alemanha, por fez no departamento técnico, é melhor
em 2017 e 2018); sabe como uma equipa engenheiros que a Ferrari reuniu pagos a despiste, e os dois pilotos da Ferrari fize- a Mercedes e a RedBull começarem a
de Fórmula 1 deve funcionar; e sabe como peso de ouro, enfim, faça aquilo que fez em ram as 21 corridas do ano passado sem preocupar-se. Seriamente!
motivar as tropas agindo como elemen- 2014 quando a Ferrari quase implodia no
to inspirador e não como desanimador. departamento técnico com as saídas de
Foi Mattia Binotto quem deu moral à Luca Marmorini e James Allison.
equipa após a saída de Fernando Alonso Os tempos de Mauro Forghieri, quando
em 2014. Foi ele quem assumiu a res- um carro de Fórmula 1 era “sinfonia de
ponsabilidade dos motores da Ferrari, um homem só” morreram no tempo de
já na época dos híbridos, quando Luca John Barnard, o brilhante britânico que
Marmorini saiu, também, em 2014, fa- trabalhou na Ferrari e introduziu a fibra de
zendo a Ferrari sair do fundo do poço, carbono na Fórmula 1. Hoje, um Fórmula
passando de um motor mediano para o 1 é o resultado de um enorme conjunto
melhor motor da Fórmula 1, batendo os de contributos, de centenas de pessoas,
homens de Brixworth (Mercedes). Foi ele baseado em dados recolhidos das mais
quem orientou a criação do SF71H que foi, variadas formas (CAD, fluxos, simulação,
durante muito tempo, o melhor carro do etc.) e não de ideias de uma só pessoa.
plantel em 2018. Foi ele quem assumiu a Quando chegou à liderança do departa-
direção técnica da Ferrari quando James mento técnico, Mattia Binotto introduziu
Alisson saiu de cena no verão de 2016. uma nova abordagem e ao invés de impor

FE/22
FÓRMULA E - MARRAQUEXE
DO CÉU
AOINFERNO!
O fim de semana em Marraquexe teve tudo para nos fazer
sorrir novamente. Infelizmente a corrida ficou marcada pela
desistência de António Félix da Costa, depois de um toque com
o seu colega de equipa

Fábio Mendes Antes disso um incidente estranho na en- de Robin Frijns e Jerôme D`Ambrosio,
[email protected] trada para as boxes levou a um choque em com este último a assumir a tercei-
FOTOS Fórmula E/LAT Images cadeia entre Tom Dillmann, Robin Frijns e ra posição.
Sam Bird, que ficou com o difusor trasei- Tudo indicava que seria uma vitória fá-
Asegunda jornada do campeo- ro danificado e sem hipótese de o reparar, cil dos homens da marca bávara, mas
nato de Fórmula E teve como pois o seu carro ficou em Parque Fechado, Sims tentou chegar à vitória e atacou o
palco o circuito Internacional pelo que teria de lutar pela pole mesmo português na curva 7, por fora. Ambos
Moulay El Hassan. O segundo assim. Mas tal não impediu o britânico “queimaram” a travagem e deu-se um
evento do ano marcava o re- de ser o mais rápido e de garantir o pri- toque que atirou Félix da Costa para fora
gresso às pistas, após uma es- meiro lugar da grelha (1’17.489), seguido de prova e Sims para o quarto lugar, fi-
treia auspiciosa, em que António Félix da de Vergne (+0.046s) e da Costa (+0.137s). cando D`Ambrosio com a liderança que
Costa regressou às vitórias confirmando O português seria, no entanto, penaliza- não perdeu até ao fim, mesmo depois da
as boas indicações dos testes. O português do por ter excedido os 200 Kw na volta de saída do Safety Car que liderou o pelotão,
chegava assim com a motivação em alta lançamento da qualificação, atirando-o enquanto o BMW nº 28 era removido de
para enfrentar o traçado de 2.99km (que para o sexto lugar. Mas o português era pista. Frijns tentou um ataque final, mas
em teoria favorecia os BMW) e a forte o mais rápido no segundo e terceiro seto- nem um erro na última curva tirou a vi-
concorrência. res, mostrando estar preparado para subir tória a D`Ambrosio. Frijns foi segundo e
Se no papel a Techeetah, a Mahindra e a posições e lutar por um lugar no pódio. Bird ficou com a terceira posição. Sims e
Nissan pareciam ser as oponentes em A sua tarefa ficou facilitada logo na lar- Vergne fecharam o top 5, com o francês
melhor forma para esta segunda prova, gada, com Vergne a tentar uma manobra a fazer uma recuperação fenomenal do
nas sessões de treinos livres pudemos ver agressiva e demasiado otimista, tocando último para o quinto.
que a Virgin e a Jaguar se juntaram tam- em Bird na curva 1, o que levou a um pião D`Ambrosio assume assim a lideran-
bém a este grupo. Robins Frijns e Mitch do piloto da Techeetah, caindo para últi- ça do campeonato, com 40 pontos, após
Evans foram os homens mais rápidos do mo, afetando também Buemi e Evans. Os duas presenças no pódio em duas pro-
Treino Livre um e dois, respetivamente, grandes beneficiados foram os homens vas. Félix da Costa é segundo com 28, os
comFélix daCostasempre entreos mais da BMW, com Sims e da Costa a subi- mesmos que Vergne. No campeonato
velozes. Eram assim animadoras as pers- rem para o top 3, atrás de Bird. Mais atrás, por equipas, apesar de voltar a vencer
petivas para o resto do dia. Wehrlein tinha um toque com Piquet e em Marraquexe, tal como fez em 2018,
Na qualificação foram os homens do gru- viria a desistir pouco depois, tal como os a Mahindra ocupa o segundo lugar (40
po 1 a destacarem-se com Félix da Costa pilotos da HWA, que também não evita- pontos), atrás da Techeetah (47), líder da
a ser o mais rápido deste grupo, segui- ram o contacto na curva 1. competição. A BMW Andretti Autosport
do de perto de Jean-Èric Vergne e Mitch Félix da Costa conseguiu subir à se- (40) fecha o top 3.
Evans. No grupo 2 foi Sébastien Buemi gunda posição e iniciou um ataque à
a garantir a presença na Super Pole, tal liderança que seria bem-sucedido, com
como Sam Bird no grupo 3 e Alexander o seu colega de equipa a seguir-lhe o
Sims no grupo 4, ficando assim definido exemplo, passando Bird para terceiro
os seis que disputariam a pole position. lugar, não resistindo depois ao ataque

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23

C/ C L A S S I F I C A Ç Ã O

1 JÉRÔME D’AMBROSIO MAHINDRA RACING 46’45.884 CAMPEONATO

2 ROBIN FRIJNS ENVISION VIRGIN RACING +0.143 1 JÉRÔME D’AMBROSIO 40

3 SAM BIRD ENVISION VIRGIN RACING +0.461 2 ANTÓNIOFÉLIXDACOSTA 28

4 ALEXANDER SIMS BMW I ANDRETTI MOTORSPORT +0.740 3 JEAN-ÈRIC VERGNE 28

5 JEAN-ÈRIC VERGNE DS TECHEETAH +1.232 4 ANDRE LOTTERER 19

6 ANDRE LOTTERER DS TECHEETAH +1.457 5 ROBIN FRIJNS 18

7 LUCAS DI GRASSI AUDI SPORT ABT SCHAEFFLER +1.633 6 SAM BIRD 18

8 SÉBASTIEN BUEMI NISSAN E.DAMS +2.455 7 MITCH EVANS 14

9 MITCH EVANS PANASONIC JAGUAR RACING +2.980

10 DANIEL ABT AUDI SPORT ABT SCHAEFFLER +4.014 8 ALEXANDER SIMS 12

11 JOSE MARIA LOPEZ GEOX DRAGON NT +4.528 9 SÉBASTIEN BUEMI 12

12 MAXIMILIAN GUNTHER GEOX DRAGON NT +6.034 10 LUCAS DI GRASSI 9

13 EDOARDO MORTARA VENTURI FORMULA E TEAM +6.790

14 NELSON PIQUET JR. PANASONIC JAGUAR RACING +6.833 CAMPEONATO POR EQUIPAS

15 OLIVER ROWLAND NISSAN E.DAMS +7.529 1 TECHEETAH 47

16 OLIVER TURVEY NIO FORMULA E TEAM +9.241 2 MAHINDRA RACING 40

17 TOM DILLMANN NIO FORMULA E TEAM +9.665 3 ANDRETTI AUTOSPORT 40

18 FELIPE MASSA VENTURI FORMULA E TEAM +10.250 4 VIRGIN RACING 36

NT ANTÓNIO FÉLIX DA COSTA BMW I ANDRETTI MOTORSPORT +6 VOLTAS

NT GARY PAFFETT HWA RACELAB NT +28 VOLTAS 5 DAMS 18

NT PASCAL WEHRLEIN MAHINDRA RACING +30 VOLTAS 6 JAGUAR RACING 15

NT STOFFEL VANDOORNE HWA RACELAB NT +30 VOLTAS 7 TEAM ABT 14

fe/
FÓRMULA E

24

FÉLIX DA COSTA

BMWHARAKIRI
Um misto de tristeza e incredulidade deveria ter aceitado isso e deixá-lo ir. Foi um -se a apontar a falta de comunicação como o
terá invadido os fãs portugueses ao dia que tinha tudo para ser muito produtivo principal problema: “Naquele momento, pen-
ver a conclusão da manobra de Sims para a BMW, mas ambos quisemos muito so que tinha mais energia do que o António,
sobre Félix da Costa, que era o res- ganhar e infelizmente isso acabou por não mas não comuniquei à equipa o que estava a
to da desilusão que se apoderou de ser benéfico para nenhum de nós nem para sentir. O António e eu continuamos a dar-nos
toda a equipa. Apesar da atribuição a equipa. Há que aprender com o sucedido e bem e somos bons amigos. Não queríamos
das culpas poder ser repartida, o português saber que se queremos lutar pelo campeo- que essa situação acontecesse, obviamen-
chamou a si a responsabilidade e assumiu o nato, não podemos de forma alguma repetir te. Mas vamos aprender e seguir em frente.”
erro em público, pedindo desculpa à equipa. o que se passou hoje. Estamos tristes pelo Do lado da BMW o responsável Roger Griffiths
Em declarações aos media presentes na prova, sucedido, mas com a certeza que estamos preferiu não apontar culpados preferindo
Da Costa teve uma postura que muito poucos competitivos, portanto olhos postos na pró- realçar o trabalho da equipa que permitiu
pilotos teriam: “Ele [Sims] foi mais rápido hoje, xima corrida, no Chile, e continuar a trabalhar, que pudessem ter hipótese de lutar pela vi-
especialmente na altura do incidente. Nas úl- focados com a equipa” tória, confirmando o excelente andamento
timas 15 voltas ele tinha mais ritmo que eu. Eu Já Sims preferiu não atribuir culpas e limitou- dos carros.

FORD CONTINUA INTERESSADA

BMW VOLTOU A ESTAR FORTE Apesar de não terem surgido o nosso plano para os carros de
desenvolvimentos em 2018, a Ford estrada, estamos muito interessados
continua interessada em ingressar em adicionar uma forma eletrificada
na Fórmula E. A marca pretende de automobilismo no futuro próximo.
entrar numa forma de competição Continuamos a estudar todas ou a
eletrificada e os monolugares 100% maioria dessas opções e suspeito que
elétricos são uma opção para a tomaremos decisões no início de 19”.
marca oval, como afirmou Mark Quanto à entrada na FE, com o
Rushbrook: ingresso da Porsche em 19/20,
“Temos analisado em 2018 todas as implicaria que a marca teria de
diferentes formas de competição unir esforços com uma estrutura
para entender quais são as opções já inserida na competição. com
para o automobilismo eletrificado, a Dragon Racing a ser uma das
seja ele híbrido ou totalmente principais candidatas a receber a
elétrico “, disse Rushbrook. “Dado marca americana.

Obviamente que o maior destaque tem de tentar o título, mas que por vezes é preferível
ir para a BMW e pela forma como perdeu a chegar em segundo do que arriscar o primeiro
corrida. Talvez tivesse sido melhor para a equipa e perder tudo. Sairá deste episódio mais forte
ter definido ordens de equipa, mas certamente e mais preparado para próximas lutas. Merece
que será um episódio que irá fortalecer a equipa ainda assim o nosso respeito pela postura e
para o futuro. Destaque também para a postura pela coragem. Foi apenas um percalço, numa
de Félix da Costa. Sem rodeios nem desculpas, caminhada que tem tudo para ser memorável
assumiu a culpa e disse que deveria ter-se e que dependerá também do apoio dos fãs
contentado com o segundo lugar. Discurso nacionais. Sims merece também ser referido
pouco ambicioso dirão alguns? Visão acertada pelo excelente andamento demonstrado, o que
de quem quer ser campeão, dizemos nós. Da mostra que se está a adaptar bem e que a BMW
Costa sabe que tem as armas necessárias para está de facto muito forte.

BREVES >> autosport.pt

25

VIRGINEM DESTAQUE

A Virgin, após uma primeira prova
longe dos lugares da frente, conseguiu
colocar os dois carros no pódio. Apesar
de não terem conseguido segurar os
BMW e o Mahindra, mostraram que
evoluíram bem e que podem ainda
evoluir mais. Bird afirmou que a equipa
terá tido uma abordagem demasiado
conservadora, mas enalteceu a forma
como a equipa está a aprender. Já Frijns conseguiu o seu melhor resultado de sempre
nesta competição. A equipa esteve melhor que a Audi, apesar de usar a mesma
unidade motriz.

F1 MARCOU PRESENÇA VERGNEDIABÓLICOAPESAR DEERRO

Com a Fórmula E a crescer cada comissários, tentando entender a Vergne foi também um dos pilotos mais
vez mais, é também cada vez mais sua função e a dificuldade do seu desta corrida. Apesar do toque na curva 1
comum ver caras conhecidas da trabalho, numa experiência que (que considerou idiota, assumindo o erro),
F1 nas provas. Max Verstappen considerou construtiva. Também a fez uma recuperação fantástica o que
foi um dos ilustres convidados, Mercedes esteve bem representada mostra bem o andamento dos Techeetah.
embora neste caso, convidado à com Toto Wolff e James Vowels, Apesar do incidente, ficou a pouco mais de
força. O holandês cumpriu a sua estratega da equipa de F1, que terá 1 seg. do vencedor (beneficiando também
pena de serviço público atribuída estado no local em trabalho para do Safety Car) o que mostra bem o ritmo
após empurrão a Esteban Ocon, a marca germânica que continua a infernal que colocou em pista. Foram 15
após o incidente no GP do Brasil. preparação para a sua estreia neste carros ultrapassados, incluindo o do seu
O piloto esteve o dia todo com os campeonato. colega de equipa que esteve mais discreto, apesar do resultado positivo.

BUEMICONTENTE COM OANDAMENTO

Buemi enalteceu o andamento do seu Nissan, e apesar de ter sido apanhado na
confusão da curva 1, conseguiu fazer uma boa recuperação e ficou satisfeito com o
ritmo colocado em pista. O suíço considerou que o carro tinha andamento para lutar
pelo pódio, o que não aconteceu na primeira prova.

AUDIAINDALONGE DOTOPO

Já Lucas di Grassi, apesar de uma primeira metade de corrida positiva, perdeu
andamento na segunda metade de forma misteriosa. A Audi continua longe dos
lugares da frente, com pouco ritmo e com alguns problemas. A unidade motriz
parece estar ainda a precisar de evolução e tanto os carros da Audi como a Virgin
tiveram problemas numa bomba de água no segundo treino. Mas a Audi já no ano
passado recuperou de um arranque menos conseguido.

TESTE PARA ‘ROOKIES’ MAHINDRAE OUTROSDESTAQUES

Decorreu no domingo o teste e Antonio Fuoco (Dragon), num Para Jerôme D`Ambrosio foi a segunda
para rookies da Fórmula E. Foram teste que contou com nomes presença consecutiva no pódio este ano,
21 pilotos a tentarem convencer como Nyck de Vries (4º), Jann apesar de ter vencido pela margem de
os responsáveis das equipas. Mardenborough (5º), Tatiana 0.143 seg., a mais curta da Fórmula E. A
Felipe Nasr seria o 22º piloto, Calderon (6º), Bruno Spengler (7º) Mahindra voltou a festejar em Marraquexe
mas embora no local, não foi Raffaele Marciello (8º), Sergey e mostra-se muito competitiva nesta fase.
para a pista devido a problemas Sirotkin (11º), Jamie Green (14º), Os Jaguar prometeram muito nos treinos,
contratuais. Nico Muller (Audi) foi Daniel Juncadella (16º), Marco mas Evans ficou-se pelo nono posto e
o mais rápido da sessão, seguido Wittmann (18º) e Benoit Treluyer Nélson Piquet Jr. ficou fora dos pontos.
de James Rossiter (Techeetah) (20º), entre outros. Pascal Wehrlein fez a sua estreia e por
pouco não conseguia o lugar na Super Pole. Um toque no arranque da corrida obrigou à
desistência, mas o alemão mostrou potencial.

NOVIDADESPARABREVE

Os responsáveis da Fórmula E poderão anunciar o primeiro rascunho do calendário
da época seis já em Maio, um mês mais cedo do que habitual, esperando-se que se
mantenham as provas atuais com a possível adição de Seul e S.Petersburgo, fazendo
assim um calendário de 14 ou 15 eventos. Espera-se também que aconteçam reuniões
em breve para discutir o conceito dos carros da terceira geração.

26 CPR/

NOVO LEMATEAMHYUNDAIPORTUGAL
‘VOLTAMOS PARAVENCER’

Depois de ter trazido de José Luís Abreu
regresso aos ralis Armindo [email protected]
Araújo em 2018, agora foi a FOTOS Team Hyundai Portugal/@
vez do Team Hyundai Portugal World/Ricardo Oliveira
fazer ressurgir no CPR, Bruno
Magalhães. Uma equipa de Ahistória de sucesso que se
luxo que vai elevar ainda mais está a passar com a Hyundai
o nível do Campeonato de em Portugal devia servir de
exemplo a outras marcas.
Portugal de Ralis Mostra bem a força que os
desportos motorizados têm
em Portugal e todo o elan que se pode CPR 2019. O formato é o mesmo do ano
gerar à volta de uma equipa, a Hyundai, passado, com estrutura técnica indivi-
que ganha novo e reforçado fôlego dual a cargo de cada piloto.
com o regresso de Bruno Magalhães à O objetivo renova-se, e o lema da equi-
principal competição lusa de estrada. pa é agora: ‘Voltamos para Vencer’.
Ganham os ralis nacionais e ganham
todos à volta da competição.
A aposta do Team Hyundai Portugal no
panorama dos ralis nacionais deu fru-
tos o ano passado, e este ano vamos ter
uma versão “revista e aumentada”.
A Armindo Araújo e Luís Ramalho jun-
tam-se agora Bruno e Hugo Magalhães,
duas duplas que entram diretamente
para o lote dos principais favoritos do

TEAM HYUNDAI PORTUGAL >> autosport.pt
ARMINDO ARAÚJO
27
Armindo Araújo regressa em 2019 aos comandos do Hyundai i20 R5 com que se
sagrou Campeão no ano passado, tendo novamente ao seu lado o navegador Luís TEAM HYUNDAI PORTUGAL
Ramalho: “O facto de termos sido campeões logo no primeiro ano do projeto foi BRUNO MAGALHÃES
algo muito especial e partimos para 2019 com o objetivo de ganhar o maior número
possível de ralis para a equipa e de estarmos novamente na luta pelo título. Bruno e Hugo Magalhães são a dupla-novidade do CPR 2019, com o vice-Campeão
Seria difícil ter um melhor regresso à competição e continuo muito motivado para Europeu de Ralis 2017 e terceiro classificado em 2018 a regressar agora ao CPR
regressar ao volante do Hyundai i20 R5. Vamos trabalhar como sempre o temos com o Team Hyundai Portugal. O Hyundai i20 R5 que será assistido pela estrutura
feito para podermos repetir o sucesso este ano. Depois da paragem na minha da Sports&You: “Regressar ao Campeonato de Portugal de Ralis integrando o Team
carreira e de ter regressado para disputar as vitórias frente ao lote de pilotos de Hyundai Portugal, com o Hyundai i20 R5, é um motivo de orgulho e, ao mesmo tempo,
qualidade que estiveram presentes no campeonato do ano passado, creio que ficou uma grande oportunidade. Vamos dar o nosso melhor e estou seguro de que juntos
demonstrado que ainda temos muito para dar. Renovo o agradecimento e confiança alcançaremos grandes resultados!
aos meus patrocinadores, Galp, MEO, Câmara Municipal de Santo Tirso e ACP, bem Depois de nos últimos anos ter apostado em provas fora de Portugal, e de ter
como a todos aqueles me acompanham na minha carreira”, disse. demonstrado que temos andamento para discutir lugares cimeiros, em outros
Tecnicamente, o ‘Team Hyundai Portugal/Armindo Araújo’ contará de novo com a campeonatos, é uma enorme alegria regressar ao Campeonato Nacional, e, desde
assistência da equipa RMC, que garantirá a preparação e assistência do Hyundai i20 R5. logo, para integrar a equipa da Hyundai.
Estou seguro que quer eu, quer o Hugo, estamos prontos para surpreender pela
positiva, e esperamos poder contribuir para o sucesso deste projeto com vitórias na
estrada.”

SÉRGIO RIBEIRO CEODAHYUNDAIPORTUGAL
“AMBIÇÃO RENOVADA”

Sérgio Ribeiro, CEO da Hyundai Portugal, deu sequência ao automóvel, que reafirmamos a nossa aposta e voltamos a
projeto no CPR, e construiu em cima do sucesso: “O ano de competir no Campeonato de Portugal de Ralis na época de 2019.
2018 foi para a Hyundai Portugal um excelente ano! Um ano em Com o mesmo espírito, a mesma vontade, e com total confiança
que conseguimos de forma sustentada, continuar a crescer e que seremos capazes de lutar pelas duas primeiras posições do
a afirmar a marca Hyundai no mercado de Indústria Automóvel Campeonato. Com as duas equipas que este ano vão envergar
em Portugal, e também o ano em que celebrámos a vitória no as cores do Team Hyundai Portugal.
CPR, pelas mãos da dupla Armindo Araújo e Luís Ramalho com o O percurso e as conquistas do Armindo e do Bruno em Portugal
Hyundai i20 R5. e no estrangeiro falam por si, são dois dos melhores pilotos
A aposta era ambiciosa, vencer no ano de estreia de uma equipa de sempre dos ralis em Portugal. Ao lado do Luís (Ramalho) e
é algo digno de registo, e assim foi, com luta até ao final do do Hugo (Magalhães) temos todas as garantias em termos de
Campeonato sem nunca desviar a atenção do nosso objetivo talento e experiência, até porque o potencial do Hyundai i20 R5
– Entrar para Vencer e catapultar ainda mais a notoriedade ficou mais uma vez comprovado em 2018.
da marca junto do público, pelos melhores motivos. Somos Penso que o nosso lema, ‘Os ralis pelos ralis’, marcou o
Campeões, e estamos todos de parabéns pelo feito alcançado, campeonato de forma muito positiva. É com esta filosofia de
bem como gratos a todos os que connosco acreditaram neste profissionalismo, competitividade e com ambição renovada que
projeto, e de alguma forma fizeram parte do mesmo. Não queremos vencer novamente em 2019.
podemos deixar de realçar igualmente, a onda de apoio por Como membro deste projeto desde o início, uma palavra muito
parte do público português, que fomos sentindo ao longo da especial para o Carlos Vieira, que complete rapidamente a sua
época, nos bons e nos menos bons momentos. Obrigado! recuperação, e que regresse o mais brevemente possível ao
É de novo com este enquadramento da marca em Portugal e mundo do automobilismo nacional.
em linha com a estratégia global da Hyundai para o desporto Até Fafe, para o arranque do Campeonato de Portugal de Ralis.”

28 WRC/

ASNOVAS CORES DOWRC
Faltam apenas duas José Luís Abreu
semanas para o arranque da [email protected] feita a Sébastien Loeb e Daniel Elena, que
temporada de 2019 do WRC, FOTOS @World/A. Lavadinho/A. Vialatte andam a ‘brincar na areia’ lá para os lados
Oe no Autosport International do Peru.
Show foram apresentadas Mundial de Ralis está mais ani- Citroën, Hyundai, M-Sport Ford e Toyota
as novas cores do Mundial mado do que nunca e por isso mostraram pela primeira vez ao vivo os
de Ralis, bem como todas as não foi de estranhar a ávida seus carros, num quarteto que se prepara
multidão que marcou presen- para grandes batalhas.
novidades...ça no passado fim de semana Regressos, trocas de equipa, novas par-
cerias entre pilotos e co-pilotos, mas tudo
em Birmingham para ver pela caras conhecidas. Os pilotos escolheram
também os seus novos números, com que
primeira vez este ano as estrelas do WRC, vão viver este ano de 2019. Um direito con-
quistado na estrada, Sébastien Ogier será
bem como o novo colorido da competição. novamente o nº 1.
Os maiores destaques passam pela pri-
Com o Rali de Monte Carlo à porta, o plantel meira aparição pública de Ogier na Citroën
Total World Rally Team, bem como a nova
esteve quase todo em Inglaterra, exceção contratação da equipa, Esapekka Lappi.
Kris Meeke surgiu com o seu novo co-pi-
loto, Seb Marshall, vestido à Toyota, claro.
Num dia repleto de atividades, marcaram
também presença pilotos das categorias
de apoio, WRC2 e WRC Junior. Para Oliver
Ciesla, diretor administrativo do Promotor
do WRC: “O Super Sábado do WRC foi um
sucesso retumbante. Ver a emoção nos
rostos dos adeptos ao depararem-se com
os seus heróis, mostra bem a importância
que este tipo de evento tem”.

>> autosport.pt

29

QUE REGRESSO
PARA SÉBASTIEN
LOEB?

Um dos pontos mais quentes
do WRC 2019 é o regresso
de Loeb, ainda que só por seis
provas. O que irá conseguir com
o Hyundai i20 Coupe WRC este ano,
depois do triunfo na Catalunha com
a Citroën em outubro passado, é uma
das incógnitas mais interessantes
da temporada. Depois de nove títulos
mundiais, o francês tem novo desafio
pela frente. Ironicamente, fará seis
duelos com os seu arqui-rival Sébastien
Ogier, que rumou à equipa que Loeb
deixou, a Citroën.
Vai ser fascinante ver como Loeb se sai
desta tarefa. Será que aos 44 anos ainda
será capaz de polvilhar o WRC com a sua
lendária magia, ou o Rali de Monte Carlo
vai colocar a nu a enorme dimensão do
desafio que enfrenta? Vamos descobrir
em breve.

N/30
NOTÍCIAS

RALIDE PORTUGAL
BATE RECORDES

Sempre a crescer. O Rali de Portugal
de 2018 gerou 138,3 milhões de euros

de retorno para a economia nacional

José Luis Abreu
[email protected]

LEIA E ACOMPANHE TODAS T em sido constante. Desde tos dos adeptos, com destaque
AS NOTÍCIAS EM AUTOSPORT.PT que o Rali de Portugal re- para os setores da alimentação
gressou ao WRC em 2007, e bebidas, transportes internos
o retorno que gera para a e alojamento, é possível estimar
economia nacional cresceu todos que residentes e turistas com des-
os anos. No mais recente estudo pesas afetas ao Rali de Portugal
de impacto do rali na Economia 2018 proporcionaram ao Estado
e Turismo, metade do retorno uma receita fiscal bruta superior
verificou-se em despesa direta a 20 milhões de euros (IVA e ISP),
assegurada por adeptos e equipas representando 28,7% de impostos
na região onde decorreu a prova do face à despesa direta total.
ACP: 72,9 milhões de euros, mais De acordo com o estudo do Rali de
1,7 milhões de euros face a 2017, Portugal na Economia, do Centro
registando assim um novo recorde Internacional de Investigação
no impacto que o evento provoca em Território e Turismo da
anualmente no país. Universidade do Algarve, regis-
A relevância do Rali de Portugal tou-se cerca de um milhão de
para a economia desde 2007 re- assistências. Isto é, um milhão
gistou no total 1.174 milhões de de adeptos, nacionais e estran-
euros, contributo que nenhum geiros, geraram um importante
outro evento desportivo ou tu- fluxo turístico com índices de
rístico organizado anualmente satisfação elevados: 8 em cada
em território nacional atingiu. Por 10 adeptos classifica o destino
aqui se percebe a importância que como bom ou muito bom. E um
este evento tem no país. em cada dois adeptos melhorou
Face ao volume e tipologia de gas- a imagem positiva que tinha da

FILIPE ALBUQUERQUE ESTÁ DE REGRESSO AO WEC

Filipe Albuquerque está de regresso ao Mundial entre os LMP2 pelo que agora só me resta
de Resistência com a United Autosports, equipa ambicionar chegar ao título. O Phil é um excelente
com que vai disputar também o European Le Mans piloto, tem evoluído como ninguém e acredito
Series. O piloto português, que foi vice-campeão que faremos uma excelente dupla. A nossa
em LMP2 em 2016, fará equipa com o jovem Phil competitividade enquanto equipa ficou bem
Hanson no Ligier JS P217 e acredita que estarão patente nas últimas corridas do ELMS em 2018.
em posição de lutar pelo título. Acho que estamos no ponto certo para lutar
O Campeonato arranca em agosto em Silverstone pelo título no WEC mas também no ELMS. Vai ser
(a super Season de 2018-2019 estende-se até um ano muito exigente em termos profissionais
às 24 Horas de Le Mans deste ano, em junho) e competindo em três campeonatos, mas estou
termina em 2020 com a realização das 24h de preparado e focado para conseguir os melhores
Le Mans: “Estou muito contente por estar de resultados em todas as frentes”, disse Filipe
regresso ao WEC. Em 2016 fiquei em segundo Albuquerque.

BREVES >> autosport.pt

31

R/ R E T O R N O >>NASCEU O CAMPEONATOPORTUGALR4-KIT
2007-2018

2007 78.7 MILHÕES Há muito que a FIA colocou de pé o regulamento Kit R4 FIA que possibilita a existência
2009 78.9 MILHÕES de novos carros nos ralis. Este kit pode ser utilizado para montar numa enorme panóplia
2010 85.2 MILHÕES de carros de produção em série, e neste momento existe já uma grande diversidade de
2011 91.8 MILHÕES carros em estudo. Neste contexto, e prevendo o aparecimento regular deste tipo de
2012 97.7 MILHÕES carros, a FPAK decidiu criar o Campeonato Portugal R4–KIT que é reservado aos carros
2013 100.1 MILHÕES que estejam em conformidade com o Regulamento Técnico do CPR4 – KIT R em vigor.
2014 109.5 MILHÕES Curiosamente também a Sports & You está a trabalhar para a criação de uma
2015 127.5 MILHÕES competição com melhores condições que envolva R5 de primeira geração do Grupo PSA,
2016 129.3 MILHÕES o Citroën DS3 R5 e Peugeot 208 T16, numa iniciativa que está em estudo e a qualquer
2017 137.0 MILHÕES momento pode ter desenvolvimentos.
2018 138.3 MILHÕES

região após a visita motivada pelo através dos Media – impacto indi- >>MAIS‘SINTRA’NO RALI DASCAMÉLIAS…
rali. A estes, junta-se ainda o facto reto – segundo o critério de valor
de 92,4% dos adeptos visitantes, monetário das notícias (AEV) pro- A organização do Rali das Camélias divulgou um pré-programa da prova deste ano. A partida
independentemente da sua ori- veniente da exposição nacional e simbólica será em Sintra, com os concorrentes a rumarem aos mesmos dois troços de 2018,
gem, expressarem intenção de internacional, projeta que o WRC Cascais, que liga a Lagoa Azul e Peninha, e Sintra, o habitual troço que começa no Pé da Serra
regresso às regiões cobertas pelo Vodafone Rally de Portugal 2018 e desce a Rampa da Pena.
rali nos próximos três anos. gerou 65,4 milhões de euros. Depois as equipas rumam a Mafra para a primeira assistência, sendo que depois se realizam
Já o retorno económico da prova Esta valorização resulta da ex- mais dois troços míticos, Gradil e Livramento. Depois de nova passagem pelo parque de
posição da imagem do evento e assistência, nova ronda pelos troços de Mafra e Sobral da Abelheira. Ao fim do dia, dupla
da região nos vários canais de passagem pelo troço de Capuchos, uma versão diferente de Sintra, com a chegada a dar-se
media internacionais, com des- no Estoril.
taque para as 1.168 horas de ex-
posição internacional através da >>WTCRHONDASEM NOVIDADES
TV em mercados, entre outros,
como França, Finlândia, Bélgica, A marca nipónica ainda não anunciou os seus pilotos para 2019. Depois da Lynk&Co
Polónia, Japão, Espanha, Suécia, ter apresentado um quarteto de luxo, tal como a Hyundai, e com a SLR a receber Huff,
Alemanha e República Checa. Bennani e Johan Kristoffersson, parece cada vez mais claro que 2019 é uma espécie de
“all in” para as várias marcas e equipas representadas. É expectável assim que a Honda
BRABHAM NO WEC EM 2020/2021 possa seguir o mesmo exemplo, mas para já nada está confirmado. A lógica dirá que
Esteban Guerrieri e Tiago Monteiro manterão a posição como pilotos oficiais da marca.
Numa altura em que se fala das possibilidade de futuro para o WEC, eis que é
anunciada uma entrada que vai animar os fãs. A Brabham tem agendado o regresso >> PEDROALMEIDADE SKODAFABIAR5
às pistas do mundial de endurance em 2020/2021, na classe GTE Pro, usando como
base o BT62, apresentado em maio. Pedro Almeida vai correr no CPR 2019 com
O objetivo de regressar à competição foi assumido desde cedo e agora parte do um Skoda Fabia R5. O piloto já testou o
plano fica assim esclarecido: “Dissemos a todos, quando lançámos o carro em maio, carro: “Ficámos entusiasmados com a
que queríamos competir e que o objetivo final era chegar a Le Mans. Tem havido performance do carro, um pouco mais
muita especulação sobre como poderíamos fazê-lo, por isso queremos confirmar a ‘agressivo’ que o anterior e com um
direção que escolhemos – os GTE a tempo para a temporada 2021/22. Seria errado comportamento em classificativa que
dizer que será um carro totalmente novo. Será um desenvolvimento do que temos muito nos agradou. Estamos satisfeitos
agora, um carro que construímos com corridas de resistência em mente, mas o que com a evolução e vamos procurar cimentar
será exatamente e como será chamado virá mais tarde.” a aprendizagem do primeiro ano de CPR.”
A marca procura agora apoios e parceiros para continuar o desenvolvimento já iniciado do
carro, que manterá o motor V8 de 700 cv, sendo que a última fase de preparação do BT62 >> GREENSMITHESTREIA-SEDEWRC
antes das entregas aos clientes, conta com uma extensiva bateria de testes de endurance, EM PORTUGAL
já com a competição em mente. Os carros serão desenvolvidos em Adelaide mas a marca
pretende estabelecer-se na Grã Bretanha para desenvolver a sua máquina de competição Gus Greensmith vai estrear-se de Ford Fiesta WRC, como terceiro carro da M-Sport, no
que poderá estar também disponível a equipas clientes. Rali de Portugal. Será o batismo do piloto que tem uma memória fotográfica que lhe
Para Pierre Fillon, presidente do ACO, este anuncio é uma excelente notícia: “Para a ACO, o permite lembrar-se das notas de andamento sem precisar que o navegador lhas dite.
regresso do nome Brabham às corridas de resistência é muito mais do que simbólico”, disse Para além disso, a M-Sport vai ter uma equipa de dois carros na nova WRC 2 Pro, com Gus
ele. “Demonstra uma lealdade notável e um extraordinário espírito competitivo”. Greensmith e Lukasz Pieniazek.
Neste projeto está envolvidos David Brabham. O seu filho Sam e Matthew , filho de Geoff
Brabham, poderão estar na calha para pilotos da equipa, tornando assim o regresso do
nome Brabham ainda mais simbólico.

>>motosport.com.pt

33

KTM

» 790 DUKE 2018

“ARE YOU READY TO RACE ?”W

A expectativa era grande mas nada nos fazia pensar
que conduzir a nova Duke 790 se iria transformar numa
experiência de pilotagem única e inesquecível

Pedro Rocha dos Santos que sentimos quando subimos a um de-
[email protected] terminado modelo pela primeira vez.
À partida tínhamos connosco toda a
Entre a KTM 1290 Super Duke R informação técnica sobre a 790 Duke:
e a 690 Duke existe obviamente 105 cv de potência para cerca de 170 kg de
um enorme fosso tecnológico e peso para uma bicilíndrica de 800 cc, que
de desempenho pelas diferenças é o peso de uma moto monocilíndrica de
evidentes de potência, ciclística, 400/600 cc, o que deixava antever que a
eletrónica, peso e, claro, preço experiência iria certamente revelar-se
também. A nova 790 Duke é por isso o como única.
elo natural de ligação entre estas duas A primeira sensação que temos ao subir
realidades. para a 790 Duke é mesmo da sua incrível
E se a própria KTM considera a versão leveza. O simples tirar da mota do des-
1290 Super Duke R como “The Beast”, canso lateral deixa-nos surpreendidos
depois da experiência que vivemos de pela sua facilidade e pouca resistência.
condução e pilotagem da versão 790 da Depois a estreiteza do conjunto ao nível
Duke, é justo pensar que a mesma, pelo do depósito e do assento que quase dá
seu desempenho, mereça ser também a ideia de estarmos numa supermo-
“adjetivada” ou devidamente classificada. tard derivada de uma moto de cross
Desde o início que temos vindo a designar ou enduro. Também a simplicidade e a
este ensaio como “experiência”, e na pouca envolvência frontal pela falta de
realidade foi de facto uma experiência carenagem ou cúpula passa a sensa-
e marcante, pois o seu desempenho di- ção de estarmos numa moto de menor
gamos que estabelece um novo estatuto dimensão e cilindrada.
em termos daquilo que são as sensações Claro que assim que arrancamos o bicilín-

34

>>motosport.com.pt

drico de 105 cv percebemos de imediato, de imediato sentimos. E aqui queremos deixar um elogio claro Não tivemos oportunidade de a testar-
até pela mensagem que aparece no painel E a nível da eletrónica a KTM não fez con- aos engenheiros da KTM, a caixa com sis- mos em pista mas numa próxima ocasião
de informação, que não estamos a li para cessões e a Duke 790 vem com um pack tema Quickshift e Blipper e embraiagem iremos tentar fazê-lo. Talvez até já com a
passear mas sim “Ready to Race”. digno de uma moto de competição “Ready deslizante é mesmo do melhor senão o anunciada versão R que virá certamente
O roncar do escape da 790 Duke é mui- to Race”. Com modos Rain, Street, Sport e melhor que já testámos numa moto de com suspensões reguláveis, realidade
to envolvente, quase musical, e a cada Track fica claro que a 790 vem dotada da estrada… só mesmo igualável numa moto que na versão normal acabámos por sen-
rodar de punho responde com um som maior capacidade de adaptação ao tipo de pista carregada de eletrónica. tir falta. No entanto, sendo peso pesado
entusiasmante que nos leva a colocar de condução que pretendemos realizar O motor da 790 é também uma enorme (85 kg) digamos que o compromisso de
interiormente o chip “Sport”. É que tal em função da situação do momento. A referência pelo seu desempenho. Uma fábrica das suspensões invertidas WP
como as motos também nós, sobretudo eletrónica conta com uma unidade IMU, baixa notável com uma subida rápida de estava bastante aceitável, inclusivamente
os jornalistas que têm o privilégio de ABS em curva, Controle de Tração progra- regime, com binário sempre disponível a com um desempenho acima da média em
ensaiar muitas motos, temos “modos” mável, Controle anti-cavalinho, Launch qualquer rotação independentemente da mau piso, absorvendo de forma eficiente
selecionáveis de condução e que a maior Control para arranque em pista e ainda mudança engrenada, sem batimentos em todo o tipo de imperfeições e sem trans-
parte das vezes nos são transmitidos Quickshifter nas duas direções com sis- baixa e com o redline às 9.500 rpm onde mitir vibrações ou abanões excessivos ao
pelas próprias motos e pelas sensações tema de “Blipper” automático que provoca chega com enorme facilidade. Não fosse o guiador, que aliás monta amortecedor de
que nos transmitem. Na 790 Superduke o uma pequena subida de rotação para a controle de tração, o sistema anti-cavali- direção, proporcionando uma excelente
“modo” é definitivamente “Sport” e tanto mudança engrenar mais facilmente e uma nho… andávamos sempre de roda no ar e leitura da estrada.
assim é que também a moto proporcio- caixa de 6 velocidades com embraiagem lá se íam mais não sei quantos pontos na A nível da travagem talvez se possa
na pela sua eletrónica o mesmo modo deslizante. Tudo digno de uma verdadeira nossa carta de condução. Mas é no limite melhorar ligeiramente apesar de a
“Sport”… sintonia perfeita foi aquela que moto R de competição. que a 790 Adventure nos convida a rodar. Duke travar sempre em segurança e no

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espaço desejado, com mais ou menos HONDA CB 650 R - 649 CC TRIUMPH STREET TRIPLE - 765 CC FT/ F I C H A T É C N I C A
força na manete do travão dianteiro.
A KTM 790 Duke é uma moto muito di- 95 CV 116.4 CV 799 CC
vertida de conduzir, com uma ciclística
e uma eletrónica irrepreensível que a POTÊNCIA POTÊNCIA CILINDRADA
colocam num patamar de desempenho
embriagante. De uma suavidade ex- 202 KG 166 KG 105 CV
trema e sem vibrações, tanto a baixos
como a altos regimes, com uma caixa PESO PESO POTÊNCIA
ajudada pelo “Quickshift” que funciona
de forma surpreendente a qualquer que n.d. (7 500€/ 2018) 11 200€ 14 L
seja o regime do motor e que em simul-
tâneo emite um “Blipper” de rotação PREÇO BASE PREÇO BASE DEPÓSITO
extra que torna a condução ainda mais
entusiasmante. 169 KG
Pormenores estéticos como o farol da
frente full LED no formato triangular PESO
dividido que a KTM tem utilizado em
muitos do seus novos modelos, as belas 11 450€
jantes 17” de 5 braços em Y, o painel
TFT de leitura clara e nítida, o formato PREÇO BASE
do escape que acompanha as linhas da
traseira da mota, traseira que monta COMBUSTÍVEL GASOLINA TIPO DE MOTOR
um sub-quadro em perfil de alumínio LC8C CILINDRADA 799 CM3 POTÊNCIA 105 CV
ultra-leve, um belíssimo braço oscilante DIAMETRO X CURSO 88 X 65,7
com reforço interior em estrutura de TRANSMISSÃO EMBRAIAGEM DESLIZANTE
trelissa e um desenho do banco duplo, PASC™, CONTROLO MECÂNICO NUMERO
o dianteiro do tipo triangular e bastante VELOCIDADES 6 DISTÂNCIA ENTRE EIXOS
cómodo e ergonómico e o traseiro algo 1475 MM ALTURA DO ASSENTO 825 MM
minimalista e que pode ser coberto por DISTÂNCIA AO SOLO 186 MM
um acessório opcional que o torna em
mono-lugar com acabamentos de altís-
sima qualidade, distinguem a KTM 790
como um verdadeiro objeto de prazer e
uma “arma letal” na estrada.
Se a KTM intitula a sua Super Duke R de
“The Beast”, nós atrevemo-nos a adje-
tivar a 790 Duke como “The Beauty”,
pois a experiência de pilotagem que nos
proporcionou deixou-nos totalmente
maravilhados.
A KTM 790 Duke está disponível em
duas cores, Preto e Laranja, e tem o
PVP de 11.450 euros.

CONCORRÊNCIA

KAWASAKI Z650 - 649 CC

67.3 CV

POTÊNCIA

187 KG

PESO

6 990€

PREÇO BASE

36 José Luís Abreu
com Gonçalo Cabral / 16 Válvulas
RUFINO FONTES [email protected]

“OZÉPEDRO Rufino Fontes é a primeira gera-
TEMFEITO ção de uma linhagem familiar
que tem escrito páginas impor-
UMA CARREIRA tantes do automobilismo em
Portugal, e como pode ficar a
QUE A MIM perceber lá mais para a frente
MUITOME nesta conversa, pode estar a preparar-
ORGULHA” -se para o continuar a fazer por muitos
mais anos.
Rufino Fontes, um dos mais consagrados pilotos
portugueses dos anos 70 e 80, recordou connosco
alguns momentos da sua carreira, falou do filho, José
Pedro Fontes, e também da possibilidade de estar a

caminho uma terceira geração de ‘Fontes’…

CONHEÇA ESTA E MUITAS
OUTRAS HISTÓRIAS EM AUTOSPORT.PT

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PALMARÉS

1976 ESTREIA NOS CIRCUITOS, ALFA ROMEO GTV 2.0
1979 CAMPEONATO DE CIRCUITOS, OPEL COMMODORE – CAMPEÃO
1980 CAMPEONATO DE CIRCUITOS – VICE-CAMPEÃO
1981 CAMPEONATO DE CIRCUITOS, PORSCHE 935 / TROFÉU CITROËN VISA (RALIS) - 2º CLASSIFICADO
1983 CAMPEONATO DE CIRCUITOS, ALFA ROMEO GTV6 – CAMPEÃO
1984 CAMPEONATO DE CIRCUITOS, ALFA ROMEO GTV6 – VICE-CAMPEÃO
1987 CAMPEONATO DE CIRCUITOS, ALFA ROMEO 75 / TROFÉU CITROËN VISA (CIRCUITOS) - VENCEDOR
1988 PILOTO DE FÁBRICA DA CITROËN NO RALI DE PORTUGAL, COM UM AX SPORT DE GRUPO A
1989 CAMPEONATO DE CIRCUITOS, CITROËN BX DE GRUPO 1
2009 6 HORAS DE CLÁSSICOS BRAGA, ALFA ROMEO GIULIA SUPER – VENCEDOR (COM JOSÉ PEDRO FONTES,
CARLOS ABREU E FRANCISCO SOTTOMAYOR)

Tudo começou, claro está, por intermé- motorizado em Portugal. Por isso, fomos, Como começou a sua paixão pelos au- Começou pelos ralis Campeonato de
dio do próprio Rufino Fontes, piloto que como se impunha, direitos à Fonte, para tomóveis? Iniciados com o Citroën GS, era um mo-
marcou uma época, tanto nos ralis, como, uma conversa que dava pano para man- Quando as paixões nascem nem sem- delo que não tinha grande potência...
especialmente, nas pistas, em Portugal. gas, e da qual se fala, entre outras coisas, pre têm interferências externas. Estive Era realmente pouco potente, mas na
Foi, como poucos, piloto oficial de uma de histórias, dos carros que guiou, de ve- ligado aos automóveis através do meu altura estamos a falar de carros como o
equipa de fábrica no Rali de Portugal, e locidade, de ralis, da Alfa Romeo e da pos- pai, que era concessionário da Citroën, Datsun 1200 que tinha 70 ou 80 cv, es-
tendo em conta que começou a correr a sível continuação da já tradição familiar… Alfa Romeo, Morris/Rover e Peugeot e tamos a falar do Opel Commodore que
meio dos anos 70, são mais do que mui- Como é a sua vida hoje em dia? eu sempre andei no mundo automóvel, tinha 120 cv, penso eu, portanto a pro-
tas as histórias que tem para nos contar. Não tem nada a ver com as corridas de mas a minha paixão pelas corridas não é cura da grande potência naquela altura
Davam certamente para fazer um livro. automóveis, a não ser seguir o meu fi- condizente com a forma de estar do meu era diferente, mas o carro era muito bom
Como se sabe, é pai de José Pedro Fontes, lho, o Zé Pedro Fontes, que tem feito uma pai, porque eu tive alguma dificuldade porque tinha uma suspensão fantástica
atual piloto de ralis, e um dos homens for- carreira que a mim muito me orgulha. Não para começar nos automóveis porque o e na terra era muito eficaz.
tes da Sports & You, uma das estruturas estou cá muito tempo, mas tento estar meu pai não gostava. Lembro-me que a Por falar nisso, quem me ajudou nessa
técnicas mais importantes do desporto cá sempre na altura dos principais ralis. primeira corrida que fiz inscrevi-me com altura foi o Francisco Romãozinho, com
um pseudónimo, que era Zatopek, para quem eu estive há dias, a recordar os ve-
ver se o meu pai não sabia, de forma a não lhos tempos.
me impedir de correr. Depois mais para Que memória pode partilhar connosco
a frente começou a ser um grande fã, ia dos seus tempos de jovem...
comigo para as corridas, mas no princí- Na altura aquilo não era fácil e hoje as coi-
pio não foi fácil. sas funcionam de forma muito diferente.
Na altura em que comecei, há quase 50 O meu primeiro carro nos ralis era o car-
anos, os automóveis estavam impreg- ro que eu tinha, acabei por adaptá-lo, no
nados do perigo, achava-se que era uma primeiro rali nem sequer tinha arco de
atividade muito perigosa, e era mais essa segurança, porque não era obrigatório
questão - o perigo - que complicava a nos ralis de Iniciados...
vida dos meus pais do que propriamente Capotei-o no segundo rali e a partir daí
o resto. Em relação ao perigo, o desporto comecei a levar a ‘coisa’ mais a ´serio, o
automóvel teve que evoluir muito duran- Romãozinho emprestou-me um motor
te anos em questões de segurança e as feito pelo Jaime Rodrigues que teria em
pessoas não sentiam toda a segurança vez de 60 cv para aí 70 ou 85 cv, e o carro
quando vinham para as corridas na altura. até era razoavelmente competitivo.
O meu pai acabou por ser convencido e Isto foi no tempo em que, para aí um ano
tornou-se adepto até com mais facilida- antes, tinham começado os troços cro-
de do que a minha mãe. nometrados, até ali não, era o penalizar
Porquê Zatopek? menos. Havia uma média, eram roubados
Lembrei-me disso porque era muito fa- quilómetros ao road book do percurso e
moso na altura e ele tinha como caracte- ganhava quem penalizava menos, mas foi
rística principal o índice de Rouffier, que nessa altura que passou a ser por troços
era a capacidade de aguentar e recuperar cronometrados.
do esforço, passando de um estado de pul- Como eram as coisas em termos finan-
sação muito elevada para uma situação ceiros na altura, porque pelos vistos co-
mais calma. Era um indivíduo fantástico meçou sem ‘paitrocínio’?
e na altura como o meu nome podia com- Foi só na primeira prova, pois na segunda
plicar, inscrevi-me com esse pseudónimo. o meu pai já me ajudou. Na primeira prova
A primeira prova foi com um MG GT, mas foi com o apoio de dois amigos. Foi o meu
acabei por não participar, e a seguinte foi futuro sogro, que eram os lençóis Sotecal,
com um Citroën GS que era um carro com e eram as Galerias Palladium, que era o
pouca potência mas com enorme resis- sobrinho de um amigo meu. Mas depois
tência, tal como o grande atleta polaco e as coisas montaram-se normalmente.
então utilizei o nome Zatopek para ver se Porque mudou para a velocidade?
o meu pai não se apercebia. Ocupava menos tempo e era menos dis-
Mas isso foi só na primeira corrida por- pendiosa que os ralis. Nessa altura, pen-
que eles souberam e depois passaram a so que em 1976, comprei um Alfa Romeo
autorizar o meu nome. que tinha sido do Team Mocar, que era o

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carro do Domingos Sá Nogueira, irmão do Eu na altura tinha outra ocupação e tinha 1976 (Alfa Romeo GTV 2.0), 1979 (Opel Sabe que eu sem querer ser vaidoso, acho
Bernardo Sá Nogueira, pai do Bernardo muita dificuldade em ter tempo para trei- Commodore), 1981 (Porsche 935), 1983 que andei na altura em que havia um lote
Sá Nogueira. Éramos muito amigos e o nos, e os circuitos na altura eram muito (Alfa Romeo GTV6), 1987 (Alfa Romeo 75). fantástico de pilotos. Estou-me a lembrar
Domingos tinha um carro que era do Team mais simples e apesar de gostar mui- Eu fui Campeão Nacional com o Opel do Sá Nogueira, o pai do Bernardo, grande
Mocar e eu fiquei com esse carro que era to de ralis, comecei a dar-me bem nos Commodore, no ano a seguir fui vice- amigo e grande piloto, estou-me a lem-
um 2000 de Grupo 1. Ainda fiz um rali de circuitos. Depois só voltei aos ralis com -campeão. brar do Kiko Ribeiro da Silva, que morreu
alcatrão com o carro, mas depois come- aquele troféu, o Citroën Visa. Não ganhei Podia ter sido novamente campeão mas a fazer equipa comigo, estou-me a lem-
cei a fazer velocidade. Entretanto com- o troféu, mas ganhei um de velocidade perdi o campeonato por meia dúzia de brar do Álvaro Parente, o pai do Álvaro, do
prei um Opel Commodore e dediquei-me em 1987. Nos ralis venci a maior parte pontos. O Opel Commodore era um carro Joaquim Moutinho, do António Rodrigues,
maisaoscircuitos. DepoisconduzioGTV das provas, mas houve ali umas chati- muito eficaz, era um bom carro. do Carlos Rodrigues, Mário Silva, Pêquêpê,
200O, esse tal Grupo 1, depois do GTV dois ces, umas batidelas… Depois guiei o Visa Depois passei para o Porsche, que era era a nata da nata, portanto, tive boas cor-
litros e meio, o GTV6, que foi um carro que de Grupo B, depois o Visa Chrono, depois um carro fantástico, ainda um destes ridas com muitos deles, algumas derrotas,
ganhou um campeonato da Europa e eu fiz com o Romãozinho duas vezes a Volta dias estava a falar com o Zé Pedro, penso algumas vitórias, mas assim em especial
depois comprei-o e fui Campeão Nacional a Portugal e a volta ao Algarve com uma que o carro pesava 940 kg e tinha 300 e recordo-me deles todos com muita sau-
com o carro. Andei três anos com o GTV6, equipa que não era oficial mas era apoiada muitos cv, e não tinha ajudas eletrónicas dade, graças a Deus fiquei com grandes
e depois no final com um 75 Turbo. e depois até acabei por ser piloto oficial da nenhumas, não tinha nada, nem direção amigos, e eram todos grandes pilotos.
Esse GTV6 tem uma história engraçada Citroën no Rali de Portugal de 1988, com assistida tinha. Em Vila Real, o Manuel Fernandes era fan-
e desta forma damos um salto à carreira um AX Sport. Os carros com que eu me senti melhor na tástico. O Quim Moutinho era um gran-
do seu filho, o José Pedro Fontes, pois era Foi para a velocidade e lá ficou. Preferiu velocidade foram dois, os GTV6, com que de piloto, com o Mário Silva fizemos uma
preparado pela mesma oficina belga que a velocidade aos ralis porquê? ganhei uma grande experiência e havia grande corrida uma vez em Vila Real com
mais tarde vendeu o Honda ao Zé Pedro... Os ralis eram mais complicados, havia ali uma grande cumplicidade entre mim os Visa. Tive a sorte de fazer parte do des-
Era a Luigi Racing. Criámos uma certa carros de treino, era mais complicado. e o carro, aquilo funcionava muito bem, e porto automóvel numa altura em que eu
amizade com o Luigi que foi o homem que Para além disso eu quis estar sempre li- mesmo em molhado eu gostava do carro. penso que tenha sido uma altura de ouro
preparou o Honda com que o Zé Pedro foi gado às marcas com que o meu pai tra- Por outro lado, com um Citroën Visa de em termos de pilotos.
Campeão Nacional em 1999. Eu tive muito balhava e de facto podia andar nos ralis Grupo B ganhei uma corrida no Estoril, Preferia correr em Vila do Conde ou Vila
boas relações com o Luigi e com o Imberti, com um Citroën, mas o carro não era mui- era um carro que tinha, penso, 130 cv, Real?
era visita de casa dele e comprei-lhe um to competitivo na geral e os Alfa Romeo mas que pesava à volta de 600 kg, era Vila do Conde era a festa cá do Norte, como
segundo carro. O segundo GTV6 com que eram carros mais de velocidade e também um carro bestial, fantástico. Era mesmo ambiente Vila do Conde era fantástico,
corri foi guiado pela Lella Lombardi. por isso dediquei-me mais à velocidade. muito eficaz… depois com uma pista pequena passa-
Guiou muitos carros distintos e tinha uma Qual foi o carro que mais gostou de pi- Qual foi o piloto que mais trabalho lhe va-se mais vezes, o público era fantás-
paixão pelos Alfa Romeo... lotar? deu em pista? tico. Já como pista Vila Real era melhor.

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Vila Real tinha um traçado fantástico. Eu 1988, com um Citroën AX Sport de Grupo avião para apoiar nas comunicações, para dente na estrada percebe-se logo quando
ainda comecei a correr quando a desci- A, quer contar-nos como aconteceu? que não ficássemos sem rádio, era tudo há pânico generalizado de tragédia ou se
da de Mateus tinha muros em que não se Foi um entusiasmo brutal porque aquilo com deve ser. é uma coisa só de chapa. Via-se estam-
via a curva seguinte, e eram curvas fei- foi tudo muito levado a sério. Porque na al- Por acaso a prova não me correu mui- pado no rosto das pessoas o pânico ge-
tas muito depressa. Já como ambiente de tura as equipas de fábrica levavam aquilo to bem, embora tenha andado relativa- neralizado.
festa era melhor Vila do Conde. mesmo muito a sério, eu andei quase um mente bem, mas lá em cima, perto da Quando eu parei já estava a ser iniciado
E quanto aos Ralis? mês a treinar. Com a equipa, com o carro Caminha, por aquela zona, no arranque todo o sistema de apoio, ambulâncias,
Eu gostava muito de fazer o Rali do Targa de treinos semelhante ao de prova, enge- partiu-se uma transmissão e eu fiquei bombeiros, etc..
que na altura era ali na zona de Vilar de nheiro, mecânico, tudo ali como deve ser, lá porque estava num sítio em que não O que viu ali afetou-o?
Mouros, Serra de Arga, aquela zona, agora o carro era muito giro de guiar, tinha cer- podia ter assistência. Mas foi uma ex- Sabe que afetar, não afetou, a única coisa
nem há ralis do nacional ali. Esse rali do ca de 140 cv, era um carro bom, eficiente periência fantástica. que mais me marcou e eu estive mesmo
Targa era um rali especial. Tinha troços para a altura, foi há 30 anos. Que memórias tem do Rali de Portugal? para desistir foi quando morreu o Kiko
fantásticos. Eu fiz os ralis quase todos, A estrutura era bestial, não só de pneus, Pela minha paixão pelos automóveis eu Ribeiro da Silva. Porque era amigo dele,
Volta a Portugal, Volta ao Algarve, Rali de antigamente não havia os parques de as- comecei a ver ralis muito cedo, o que eu tinha andado com ele no colégio, eu era
Portugal, fiz os ralis quase todos. Gostava sistência como agora, era tudo feito nos recordo melhor são o tempo dos Alpine, mais novo que ele nove anos, foi ele que
muito de Sintra, por acaso gostava de vol- sítios em que acabavam ou começavam 1971/72, lembro-me muito bem daquele me convidou para o Team Argo, que fize-
tar a fazer as Camélias, tenho de conven- as etapas, e na altura também podíamos ano em que ganhou o Warmbold (ndr.: mos os dois mais o Jorge Ortigão. Ele teve
cer o Zé Pedro a emprestar-me um carro… ser assistidos na estrada. Havia carros rá- 1972, Achim Warmbold/John Davenport, um convite para ir num carro melhor que
Foi piloto de fábrica no Rali de Portugal pidos para andar atrás de nós, havia um BMW 2002 Alpina). O rali era uma festa o meu, foi ele que me telefonou para irmos
para aquela malta toda que gostava de a essa prova (ndr.: Campeonato Europeu
automóveis, naquela época as regras não de Turismo, 500 km do Estoril, 16 de outu-
eram tão apertadas, havia possibilidades bro de 1977) e ele morreu à minha frente…
de ficarmos mais próximos do espetácu- Vinha a atravessar a pista em direção a
lo, agora por força das limitações e pelos mim e ao Sr. Eduardo da Garagem Aurora.
cuidados em termos de segurança não Isso fez-me pensar um bocado na vul-
é tão entusiasmante, não se chega tão nerabilidade da vida, pois isto passa-se
próximo do espetáculo. de um lado para o outro com muita fa-
Eu penso que se regressássemos a esses cilidade. Fez-me pensar. Só não desisti
tempos e fizéssemos uma comparação porque aqui foi em outubro de 1977, era
entre o que era o desporto automóvel e a última corrida do Campeonato, demo-
o que era o futebol, não sei se para o fu- rou uns meses até tudo recomeçar no
tebol iria muita gente com cinco ou seis ano seguinte e isso teve influência, ficou
horas de antecipação a fazer quilómetros mais leve na memória. Se fosse a meio do
a pé, a passar noites ao frio, como acon- campeonato penso que tinha desistido.
tecia nos ralis. Nós sabemos que o desporto automóvel
Os automóveis são mesmo um despor- é perigoso, assumo isso e sofro quando o
to de massas, as pessoas gostam de ir. Zé Pedro lá anda.
O Rali de Portugal foi sempre um gran- Hoje em dia é um risco calculado e mi-
de espetáculo e isso deve-se ao César nimizado por muitas coisas mas pode
Torres que conseguiu fazer uma prova haver coisas que nos escapam, a nós e à
fantástica, trazia cá pilotos que por vezes segurança passiva e ativa.
a gente pensava que nunca iria ver cor- Para aliviar a tensão da conversa.
rer, mas depois eles começaram a vir cá Lembra-se de algumas histórias cari-
todos os anos… catas, as pessoas gostam de histórias
Viveu aquele dia terrível de 1986, o que do Rali de Portugal...
se lembra? Lembro-me que no Rali de Portugal de
Em 1986 eu penso que fui mesmo o pri- 1983 havia uma equipa Citroën com três
meiro piloto a parar após o acidente. Eu Visa: era o Philippe Wambergue, que
era o número 29 (ndr.: Rufino Fontes/ chegou a ganhar o Dakar com a Citroën,
Waldemar Guimarães, Citroën Visa Maurice Choma, e Christian Rio. Enquanto
Chrono) do Troféu Citroën, mas como cá era eu e o Romãozinho. Chegámos ali
eu e o Mário Silva éramos prioritários a um troço na zona centro, penso que S.
viemos mais próximos, logo a seguir aos Pedro de Moel, que chovia de uma for-
pilotos de fábrica, e quando arranco da ma que não se via nada. Eu nunca tinha
Lagoa Azul à minha frente já tinham pas- treinado de noite nem andado ali de noi-
sado sete ou oito carros e quando lá chego te, chovia violentamente, e penso que a
vejo o ar de pânico espelhado na cara das maior parte do troço foi feito sem a cons-
pessoas, quase no meio da estrada, e eu ciência exata de onde a gente estava, não
parei. Eu penso que fui mesmo o primei- sabíamos. Mas por caso fiz um bom troço.
ro a parar… o Mário Silva que ia à minha Nunca mais me esqueci daquilo.
frente informou e eu paro. Também tive muitas batidas. Uma vez
Percebi que tinha havido um acidente, num Rali do Centro em terra, na zona de
via-se um bocadinho da frente do car- Abrantes, vinha-se duma reta e entra-
ro e via-se aquela gente completamen- va-se num sítio que tinha lá umas ca-
te em pânico. sas, onde se tinha que fazer uma direita
Percebia-se! Quando se chega a um aci- e uma esquerda, mas fomos em frente e

40

capotámos para um buraco, o navega- lhantes em termos de performance e os outros tempos, agora é tudo muito mais tinha nada a ver em termos de conforto
dor perdeu-se nas notas, foi uma chati- nossos ralis eram mais os ralis de nós uns profissionalizado. e adaptação. É tão eficaz que até parece
ce. Outra, na Volta ao Algarve, caí numa contra os outros do que com o resto do Sabemos que chegou a guiar um GT3 em que passa tudo devagar e de facto fazer
daquelas pontes sem guarda. Saiu uma Troféu porque na altura eu fazia o Troféu Braga, pensa que é mais fácil ou difícil ser um tempo razoável não é difícil, difícil é
roda de trás, o carro capotou, mas por Visa. Lembro-me de uma vez no Rali de bom piloto hoje em dia? depois passar do razoável para o bom. A
acaso não tinha água, o rio. Portugal a equipa Citroën estar em Tomar Foi muito giro esse dia porque o Zé Pedro fasquia está muito alta.
Os ralis tinham uma coisa bestial, o am- no Hotel dos Templários. Nesse ano, 1988, guiou um carro semelhante ao que eu O Zé Pedro nasceu em 1975, você tinha
biente durante os treinos, fiz grandes ami- o Carlos Sainz e o Stig Blomqvist cor- corria na altura e eu guiei o carro dele começado a correr um ano antes, era
zades. Houve um ano que andei sempre riam na Ford e estavam também lá. Nós (Mercedes AMG GT3). Na altura pergun- inevitável que ele corresse...
com o João Batista e com o Jorge Ortigão, fizemos muito tempo os treinos juntos taram-lhe o que ele pensava que eu iria Incentivei-o e ajudei-o sempre que pude.
porque eles corriam nos Toyota Starlet e com eles, ainda um dia destes encontrei dizer do Mercedes, e ele disse exatamente Fui o grande responsável por isso, por-
eu corria no Visa. Os carros eram seme- o Sainz e estivemos a falar disso. Eram o que eu disse a seguir, que o carro não que o Zé Pedro andava sempre comigo.

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Quando começou a ter dois, três anos, Ainda mais um pai que tem consciência uma palavra a dizer, está ao nível dos ou- Eu sou muito amigo do Ni Amorim há mui-
andava sempre comigo, por vezes ficáva- dos perigos disto! Por acaso neste último tros, não acho que esteja deficitário em tos anos, tenho muita simpatia por ele, e
mos nas boxes até tarde e ele ficava por lá, eu não estava cá, mas fui sendo coloca- relação aos outros, pelo contrário, e se fico contente por estar como presidente da
e andava sempre ali no meio, lembro-me do a par. Ele quando estava a entrar na ele ganhar, ainda melhor, porque ganha FPAK um homem da velocidade. Embora
que esta malta, que agora são jornalistas ambulância telefonou-me logo, “Ó pai, perante um lote do melhor que há. Estou tenha feito ralis e chegámos a fazer ralis
importantes, lembram-se dele de peque- passou-se isto, mas eu estou bem. Não com esperança que sim, isto tem a ver juntos, é um homem mais de velocidade.
nino, porque eram meus amigos, o Zé estou bem, mas estou cá”, e depois tinha com muitas coisas, a sorte também é Mas a velocidade em Portugal está doente
Pedro já tinha uma paixão muito grande e a família, os amigos, toda a gente pró- importante nisto. Uma vez ganhei uma há muitos anos.
ele nessa altura também gostava de mo- xima dele, mas foram momentos mui- corrida em que não dei a volta de aqueci- Começou logo por aquela história do se-
tos. Eu dei-lhe uma moto, e nessa altura to difíceis e muito tristes. Ele disse-me mento, porque fiquei sem embraiagem; já guimento ou não dos regulamentos in-
ele teve umas quedas, e eu comecei a fi- logo que não era preciso vir logo e percebi acabei uma corrida com um pneu furado. ternacionais. Eu lembro-me que quando
car nervoso e preocupado com as motos que as coisas estavam a funcionar bem. O Zé Pedro também já tem tido situações tinha o Alfa Romeo Turbo, deixou de po-
e disse-lhe, o melhor é tu passares para Tinha uma filha de um amigo meu que assim, na última época uma escolha de der correr, esse e alguns Ford Sierra por
os automóveis. Curiosamente foi na altura era médica no Hospital onde ele estava pneus, são coisas às vezes que são ex- causa da geração que mudou.
em que me telefonou o Artur Lemos, por que me ia informando, não era nada de teriores à competição direta mas que Depois mudou para aquele Grupo N na-
causa da Fórmula Ford. muito complicado, tinha dores mas não têm influência nos resultados. Portanto, cional, depois começou-se a nivelar de-
Então comprei-lhe um Fórmula Ford e era um perigo iminente. se tudo correr bem eu acho que ele pode masiado por baixo, eram carros que não
incentivei-o sempre em tudo o que pude Os Ralis em Portugal estão muito inte- ser Campeão. Duma coisa estou certo, andavam. As pessoas quando vão ver
para que ele chegasse onde chegou. ressantes, aposto que sei quem é o pilo- não parte em desvantagem em relação velocidade querem ver carros que andem
O que sentiu em 1992 quando ele se es- to que para si vai ser Campeão em 2019? aos outros. e façam barulho, que sejam semelhantes
treou? Quem eu gostava que fosse, todos sabe- Como tem olhado para o que se passa em aos que as pessoas têm, porque todos nós
Há uma fotografia em que se vê eu a pôr- mos! Era o Zé Pedro, claro! É evidente que Portugal no desporto automóvel, nomea- gostávamos de poder dizer que o nosso
-lhe o capacete na primeira corrida de há ali um lote de pilotos muito bons, que damente estas questões da velocidade, carro ganhou aquela corrida, mas que
Fórmula Ford que ele fez. É evidente que é vão discutir, eu acho que ele tem sempre que recentemente perdeu o promotor? sejam um bocado diferentes.
uma responsabilidade muito grande, mui- Depois, o facto de andar sempre a trocar
to mais em fórmulas. De qualquer forma, de regulamentação, vai para os GT3, depois
mesmo que não incentivasse não valeria vai para Turismos, depois vai não sei quê.
de muito porque ele iria fazer a mesma coi- Embora eu não esteja muito à vontade
sa porque estava vocacionado para isso agora, porque não conheço bem os re-
e tinha uma grande paixão. Era natural gulamentos, mas tem que se fazer qual-
que acontecesse. Ele foi Campeão duas quer coisa na velocidade. Penso que o Ni,
vezes na Fórmula Ford, em 1995 e 1997. as equipas e os pilotos estão interessados
Deu para perceber logo que tinha ali um em fazê-lo, e que o façam, porque a velo-
filho talentoso… cidade continua a ser uma disciplina im-
Eu acho que, como disse o saudoso José portante do desporto automóvel.
Pinto, num Rotações que fez a reportagem Terceira geração de Fontes! Parece que
duma PGA (ndr.: prova geral de acesso) está para aparecer. Depois do Rufino,
em que vários jovens de 15/16 anos for- do Zé Pedro, agora é a vez de quem? O
ma experimentar os carros no Estoril e o Zé Pedro parece que já tem feito um bom
Zé Pedro foi o único que baixou dos dois trabalho com o filho…
minutos, o Zé Pinto disse isso na repor- Fico muito contente, embora o meu neto
tagem e foi aí que se percebeu que ele ti- seja mais alto que eu, a minha posição de
nha jeito. Ele quando começou na Fórmula condução e a dele são semelhantes e não
Ford ainda mal sabia guiar… é por acaso porque fui eu que o ensinei.
Um pai sofre muito mais pelos filhos do Eu acho que a primeira condição para se
que por si próprio, já apanhou alguns guiar bem é saber-se sentar. Senão, não
sustos... se pode guiar.
Eu gostava muito que um dos meus ne-
tos continuasse. O filho mais novo do Zé
Pedro gosta muito de corridas. Tem uma
paixão terrível e um dos meus netos, o
do meio, da minha filha, que é mais ou
menos da idade do Francisco, também
é outro apaixonado pelo tio, pelas cor-
ridas, e eu acho que no meio desses dois
pode aparecer um piloto, espero que sim.
Parabéns pelo que fez pelo desporto mo-
torizado e quem sabe participar no Rali
das Camélias…
Por acaso recentemente estive para fa-
zer a Rampa do Caramulo, mesmo muito
próximo, e agora lá em África há um miú-
do, que é filho de um grande amigo meu,
fui eu que o comecei a meter nos karts,
foi Campeão lá duas vezes, está a come-
çar a vir para a Europa guiar, chama-se
Rodrigo Almeida, já foi duas fezes à Taça
FIA e é capaz de continuar. Vamos ver…

+42

MITSUBISHI

» OUTLANDER PHEV

ÓTIMO HÍBRIDO

O Outlander é um automóvel que oferece um sistema
híbrido muito interessante que, infelizmente, está
embrulhado numa carroçaria desajeitada em termos de
estilo e um interior que começa a parecer cansado. Por
outro lado, é um produto tipicamente Mitsubishi, ou seja,
prático, robusto, fiável e... discreto

LEIA MAIS ENSAIOS E ACOMPANHE José Manuel Costa o Outlander recebeu, que é mínimo:
TODAS AS NOVIDADES EM AUTOSPORT.PT [email protected] um novo par de luzes LED, jantes de
Fotos José Manuel Costa liga leve diferentes e... pronto, está
feita a remodelação. Ou seja, o carro
efetuadas com o Samsung Galaxy S9+ está, basicamente, igual ao anterior.
No interior, aplauso para a isenção de
O estilo não é bonito nem feio, falhas ergonómicas e para um am-
escondendo de forma in- biente agradável, sem nenhum rasgo
teressante as dimensões de grande originalidade, é certo, mas
do modelo. Diferente da com tudo no local certo e com a (boa)
anterior geração, o novo lógica Mitsubishi de não oferecer mais
Outlander não é muito fo- que aquilo que é necessário. A riqueza
togénico e ao vivo é mais agradável dos pormenores e a qualidade per-
que em fotografia. Bom sinal, pois é cecionada fica longe de ser rival para
na estrada que ele vai andar. Destaque os produtos Premium europeus, mas
para a grelha dianteira que toma o lu- como referi, a Mitsubishi sempre op-
gar da anterior “Jet Fighter” como base tou por oferecer produtos funcionais,
da linguagem de estilo da Mitsubishi, confortáveis e robustos. E qualidade,
para os pilares dianteiros mais finos apesar de não ser muito percetível,
para beneficiar a visibilidade e um existe. Porém, não deixo de dizer que
desenho que se aproxima mais de uma o interior do Outlander está a ficar
carrinha que de um verdadeiro SUV. O velho e cansado.
redesenho da frente é que deixa algo a A posição de condução é boa e nesta
desejar, pese embora o “restyling” que sua vida como híbrido, o Outlander

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FT/ F I C H A T É C N I C A

2.4/135+82+95 cv

HÍBRIDO - GASOLINA/DOIS MOTORES ELÉ.

10,5 S

0-100 KM/H

1,6 L / 4,9 L (AUTOSPORT)

100 KM

46

G/KM- CO2

39 348€

PREÇO BASE

SISTEMA HÍBRIDO / QUATRO RODAS
MOTRIZES / PRATICABILIDADE

INTERIOR CANSADO / CONECTIVIDADE
MENOR / ESTILO

MOTOR GASOLINA, 4 CILINDROS COM CICLO
OTTO E ATKINSON POTÊNCIA 135 CV/4500
RPM POTÊNCIA MOTORES ELÉTRICOS 82
CV + 95 CV (FR/TR) BINÁRIO 211 NM/4500
RPM TRANSMISSÃO DIANTEIRA OU
INTEGRAL COM TRANSMISSÃO DE MUDANÇA
ÚNICA SUSPENSÃO MCPHERSON FR /
MULTIBRAÇOS INDEPENDENTE TR TRAVÕES
DV/D PESO 1880 KG MALA 462 LT / 1602 LT
VEL. MÁX. 170 KM/H

PHEV só perde a possibilidade de ter Porém, mesmo não controlando de kWh que está colocada na bagageira. A média final ficou em aceitáveis 4,9
sete lugares (as baterias tinham de forma perfeita o rolamento da carro- O sistema tem dois motores elétricos, l/100 km.
ir para algum lado) pois a bagageira çaria, promove um comportamento um no eixo dianteiro e outro no eixo O sistema híbrido oferece vários mo-
não perde muito com esta alteração razoável para um carro que, apesar traseiro, sem ligações mecânicas que dos de condução, todos eles muito sim-
oferecendo interessantes 463 litros. de ter perdido cerca de 100 kg (em asseguram a tração integral. O motor ples: para o sistema de tração integral
O sistema de info entretenimento não média, consoante a versão), ainda é traseiro tem 95 cv e o dianteiro tem há o “Snow” e o “Lock”, para o motor
é fantástico, mas conta com o Apple algo pesado (1880 kgs)... e grande. Pena 82 cv. há o “Normal”, “Save” e o “Charge”.
Carplay e o Android Auto. que a direção seja demasiado leve a ve- O sistema híbrido tem capacidade para O modo “Save” poupa a bateria para
O Outlander é um automóvel muito locidades mais elevadas, colmatando andar em modo apenas elétrico até que se possa usar o modo elétrico à
confortável, cortesia de uma suspensão esse defeito com uma resposta rápida aos 135 km/h. A autonomia elétrica é chegada de uma cidade com taxas
bem pensada e uma afinação europeia às instruções do condutor. de 45 quilómetros, suficientes para as de congestionamento ou proibição de
que privilegia o controlo do rolamento O bloco 2.4 litros com quatro cilin- deslocações pendulares. A Mitsubishi passagem de veículos com emissões
da carroçaria e o conforto. Isto foi possí- dros é capaz de funcionar em ciclo anuncia 1,6 l/100 km, impossíveis, e superiores a determinado valor. O
vel com um novo sub-chassis dianteiro, Otto (para potência) ou ciclo Atkinson quando a bateria descarrega, tudo é modo “Charge” utiliza o motor térmico
novos braços para a suspensão traseira (para o consumo), tem mais potência pior. Com a bateria carregada e uma para recarregar a bateria na eventua-
independente multibraços e novos to- que anteriormente, chegando esta às boa utilização do sistema de regene- lidade de não conseguir encontrar
pos para o ancoramento dos elemen- rodas da frente através de uma caixa ração de energia – controlado através um carregador ou não desejar passar
tos mola/amortecedor à frente. Tudo chamada “Multimode eTransmission” das mesmas patilhas que eram usa- quatro horas a carregar as baterias.
isto, mais o normal endurecimento das que não é uma CVT, dizem os homens das nos Lancer Evolution – é possível Finalmente, o sistema oferece um
barras estabilizadoras e das taragens da Mitsubishi, mas parece-se tanto andar abaixo dos 5 litros de gasolina regenerador de energia com seis ní-
de molas e amortecedores, permite com uma que até irrita. Com carga na por cada centena de quilómetros. Se veis de regeneração controlados pelas
controlar o rolamento, mas para não bateria, o motor passa a maior parte usarmos o modo de carga da bateria, as patilhas colocadas atrás do volante.
penalizar o conforto, o Outlander ainda do tempo parado ou a funcionar como coisas são bem diferentes e os valores Simples e muito intuitivo.
está algo macio. gerador para carregar a bateria de 13,8 sobem para próximo dos dois dígitos. Num segmento onde existe tanta
oferta, o Outlander tem vida muito
complicada. Ser confortável, compe-
tente, prático e robusto são excelentes
argumentos, mas não são suficientes
para contrariar um estilo sem grande
apelo e algumas áreas menos conse-
guidas. Quem já tem um Outlander
mais antigo, vai encontrar nesta ge-
ração uma melhoria enorme, até no
sistema híbrido. Quanto aos outros...
provavelmente não vão encarar este
Mitsubishi como opção.

+44

TOYOTA

» PRIUS+ LUXURY 1.8 HYBRID

PARA TODAS AS NECESSIDADES

A versão “+” é a proposta de monovolume do Prius, um modelo
de sete lugares e muito espaço para levar toda a família.
Fizemo-nos à estrada com a versão 1.8 Hybrid de 136 cv

André Duarte ou acomodar bagagem. Pena apenas os te nos habituamos, e, em certa medida, que a gestão do sistema é automática. A
[email protected] bancos da segunda fila serem rebatidos a nos leva a estar mais concentrados e regeneração da bateria é feita em modo
“dois tempos”: primeiro temos que inclinar focados na condução, porque não temos roda livre ou nas travagens. Quando ace-
OPrius+mantémalinhadocarro as costas para a frente e depois carrega- mostradores que nos impelem a olhar leramos, sem serem precisos exageros,
que lhe deu origem, mas en- mos numa patilha para os rebater; já para sistematicamente. O Toyota Prius+ é um facilmente o habitáculo é envolvido por
quanto monovolume apresenta voltaremàposiçãonormalbastapuxá-los. modelo com uma condução agradável. um incomodativo e ruidoso barulho –
uma imagem que parece data- O espaço é bom e no 6º e 7º lugares podem Em estrada o comportamento chega a pedia-se uma melhor insonorização
da, numa estética ausente dos ir adultos até cerca de 1,70m, se bem que ser ágil para um carro com as suas di- - oriundo do esforço do motor e caixa a
padrões atuais em que impe- logicamente com as pernas encolhidas, mensões. Estas podem requerer alguma satisfazerem-nos o desejo. Sensações
ram o arrojo e personalização. Ainda que isto contando que na segunda fila de ban- habituação, mas depressa percebemos que aumentam quanto mais depressa
partilhe a frente dos mais atuais Toyota, cos os passageiros seguem confortáveis. as suas proporções e respetiva noção de circularmos. Em autoestrada, é quando
conte com vidros laterais traseiros escure- Se estes derem ‘um jeitinho’, tudo fica distâncias. Depois há sempre a câmara
cidos, spoiler traseiro e faróis LED, no seu facilitado para quem vai atrás. Interessante traseira e sensores a ajudar em ma-
todo o conjunto peca por uma imagem é que cada um dos lugares da terceira fila nobras de estacionamento. Os travões
pouco refrescante. Porém, é um modelo tem apoio de braços e base para um copo merecem destaque pela sua prontidão
apontado à função e não há forma. cada. Um bom pormenor. A bagageira e a direção também está perfeitamente
Já o interior espelha equilíbrio, comodi- tem 450l e estende-se até aos 1035 com de acordo com o pretendido. Revela-se
dade e pragmatismo e apresenta uma a segunda e terceira filas de assentos confortável mesmo no mau piso, o que
configuração bem diferente daquilo a que rebatidas. é bastante importante, mais ainda para
estamos habituados, que causa surpresa Na consola central temos um ecrã tátil um modelo que geneticamente nos faz
inicial. O painel de instrumentos está co- que demora até estar operacional quando andar, por princípio, acompanhados.
locado ao centro do tablier, e por isso não ligamos o carro, mas que depois se revela O Toyota Prius+ Luxury 1.8 Hybrid é mo-
temos quaisquer mostradores atrás do fácil de utilizar. Através dele podemos vido por um motor elétrico e um bloco
volante, algo muito pouco usual. A própria aceder ao sistema de navegação, mapas, a gasolina que no conjunto geram uma
consola central tem um design muito informações de trânsito, ligação bluetooth, potência de 136 cv. Temos três modos
próprio e requer alguma habituação para ver e-mails ou mensagens. É possível de condução: Eco; EV; PWR. No EV an-
percebermos a disposição e funcionali- também aceder a informações sobre o damos somente em modo elétrico; no
dade dos botões. O modelo marca assim sistema híbrido: consumos, monitor de PWR só com o motor a gasolina; no ECO
pela diferença. Já os materiais, como os energia e um gráfico que nos mostra o e Normal (quando nenhum dos modos
plásticos, não deslumbram, mas também nosso tipo de condução, com os consu- está selecionado) com ambos, sendo
não comprometem. mos, energia regenerada e média horária.
O grande trunfo deste modelo, que justi-
fica a adição do “+” ao nome Prius, são os AO VOLANTE
sete lugares. Com bancos independentes
num habitáculo espaçoso, o Prius+ é uma A princípio causa estranheza o facto de
boa opção para quem precise de circular não termos o painel de instrumentos atrás
com frequência com muitos ocupantes do volante e sim no topo do tablier, ao
centro. Porém, é algo a que rapidamen-

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45

FT/ F I C H A T É C N I C A

136 CV

HÍBRIDO

11,3 S

0-100 KM/H

5,5 L / 5,0 L (AUTOSPORT)

100 KM

126

G/KM- CO2

38 060€

PREÇO BASE

ESPAÇO / MODULARIDADE /
CONFORTO / CONDUÇÃO
IMAGEM EXTERIOR / RESPOSTA DO
SISTEMA HÍBRIDO / INSONORIZAÇÃO /
CAIXA CVT

MOTOR HÍBRIDO, 4 CIL. EM LINHA, INJEÇÃO
ELETRÓNICA / MOTOR SÍNCRONO DE
MAGNETO PERMANENTE, 650 V C/BATERÍA
DE IÕES DE LÍTIO, 1798 POTÊNCIA 136 CV
BINÁRIO 142 NM / 4000 TRANSMISSÃO
DIANTEIRA, TRANSMISSÃO AUTOMÁTICA CVT
SUSPENSÃO MCPHERSON À FRENTE E EIXO
DE TORÇÃO ATRÁS TRAVÕES DV/D
PESO 1645 KG MALA 450 LT ATÉ 1035 LT
(C/ 2ª E 3ª FILA DE ASSENTOS REBATIDOS)
VEL. MÁX. 165 KM/H

o esforço do conjunto mais se sente, maioritariamente a solo, não é descabido carro para ritmos calmos, sem pressas, ros circulem com alguma comodidade
pelas velocidades serem naturalmente que numa utilização normal, com por ainda que talvez em demasia. Realizámos (mediante a sua estatura). Em estrada é
mais elevadas. Já em percursos urbanos exemplo quatro pessoas num modelo que consumos de 5l a solo, cortesia do sistema equilibrado e oferece-nos uma sensação
esta sensação dilui-se ligeiramente, é talhado para sete, cheguemos a um peso híbrido que funciona bem. De carro cheio, agradável em viagem. Além da estética,
ainda que o sistema híbrido nunca nos total perto das duas toneladas ou superior. acreditamos que irão para os 6/7l. só mesmo os 136 cv do sistema híbrido
entregue uma resposta expedita. Os136 Nesse sentido, pedia-se um bloco com em conjunto com a caixa automática CVT
cv de potência revelam-se assim pouco maior disponibilidade para a maioria das BALANÇO FINAL se revelam insípidos, com o esforço para
desenvoltos e a caixa automática CVT, de situações. Dada a pacatez de alma do sis- O Toyota Prius+ é um modelo pensado deslocar o conjunto a ser traduzido em
desenvolvimento humilde, também não tema híbrido, é necessário precaver com para uma utilização em que o espaço seja barulho e não acompanhado em reação.
ajuda. Face aos 1645 kg de peso do conjun- antecedênciasituaçõesdeultrapassagens imperial. O aproveitamento interior é bom Ainda assim, não deixa de ser uma modelo
to e ao facto de o ensaio ter sido realizado ou recuperações. Percebe-se que é um e permite mesmo que o 6º e 7º passagei- interessante em termos de utilização.

+

BMW com saídas nas extremidades de um a não existir o mesmo conforto que nos
difusor traseiro cinza - a mesma cor restantes lugares.
» X4 XDRIVE25D dos frisos que protegem a parte inferior Oferecendo excelentes sensações e
da carroçaria e molduras das rodas. conforto no habitáculo, o BMW X4 es-
QUANDO QUATRO RIVALIZAM COM SEIS Já sentados aos comandos, a confir- tende as boas impressões à bagageira, a
mação de um habitáculo idêntico ao do qual, com portão elétrico, mas também
Depois do impacto alcançado com o “enorme” X6, a BMW não X3, inclusive, na excelente qualidade de alta face ao solo, viu aumentada a sua
se cansa de repetir a fórmula noutros patamares, na maior construção, materiais e funcionalidade. capacidade de carga em mais 25l, para
parte dos casos, com confirmado sucesso. É o caso deste Embora e no caso específico deste X4, os 525l. Embora continuando sem con-
BMW X4, que, equipado com um novo quatro cilindros de 231 conjugado com uma posição de condu- seguir oferecer a funcionalidade e ver-
cv, chega mesmo a rivalizar com o topo de gama!... ção ligeiramente mais desportiva, com satilidade que os espaços de arrumação
volante de ótima pega e multiregulável, independentes, ganchos porta-sacos
Francisco Cruz base rolante, a começar pela plataforma além de banco de concepção despor- (mais altos) ou redes laterais facilmente
[email protected] modular CLAR (Cluster Architecture), tiva, em couro preto, pespontos azuis garantiriam... se os houvesse.
o novo X4 é também maior que o ante- e ótimo apoio lateral. A garantir não Quanto ao equipamento, mantém-se
Aviver a sua segunda geração, cessor, à excepção da altura; reduzida somente um correto acesso a comandos a premissa da personalização do carro
desvendada em 2018, o BMW em 3 mm (1,621 m) face à primeira gera- e espaços de arrumação (todos com ao gosto (e posses!) do cliente. O que,
X4 mantém-se como um dos ção, graças aos milímetros “roubados” tampa), além de uma boa visibilidade neste X4 xDrive25d, significava optar
SUV Coupé da BMW mais na distância ao solo. do exterior - à excepção, claro está, da pela versão X desportiva M, a melhor
equilibrados e cativantes: Entre os pormenores a contribuirem visibilidade traseira. Fortemente limita- forma de contar com um SUV “vestido”
nos pormenores exteriores, para um visual robusto, afirmativo da por um óculo traseiro demasiado na de acordo com a imagem da marca;
nas dimensões e na imagem desportiva e cativante, as bonitas jantes de 19” perpendicular e que só a presença dos ainda que isso signifique um acréscimo
que transmite. (de série na versão X desportiva M), sensores e câmara traseira conseguem total de 9.580 euros, num carro que já
Partilhando com o irmão X3 toda a as “guelras” junto às cavas das rodas atenuar... tinha um preço base elevado...
dianteiras, e a ponteira de escape dupla Melhor que na anterior geração, a ha- Merecedor de elogios é, sem dúvida, o
bitabilidade nos lugares traseiros, onde binómio motor/caixa de velocidades.
a colocação mais baixa do banco acaba O primeiro, uma evolução do conhecido
contribuindo para mais espaço em al- quatro cilindros 2,0 litros turbodiesel,
tura e para pernas. Inclusive, no lugar a debitar 231 cv de potência às 4.400
do meio, onde o túnel de transmissão rpm e 500 Nm de binário logo a par-
não é tão intrusivo quanto à partida tir das 2.000 rpm, ao passo que, a se-
seria de esperar, embora continuando gunda, uma eficiente caixa automática

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47

FT/ F I C H A T É C N I C A

2.0 / 231 CV

GASÓLEO

6,8 S

0-100 KM/H

5,5 L / 7,8 L (AUTOSPORT)

100 KM

145

G/KM- CO2

62 800€

PREÇO BASE

MOTOR / CAIXA DE VELOCIDADES
DESEMPENHO DINÂMICO / CONSUMOS

PREÇO / NECESSIDADE DE OPCIONAIS /
VISIBILIDADE TRASEIRA

MOTOR QUATRO CILINDROS EM LINHA,
INJECÇÃO DIRECTA, TURBOCOMPRESSOR
DE GEOMETRIA VARIÁVEL E INTERCOOLER
CILINDRADA (CM3): 1.995 POTÊNCIA MÁX.
(CV/RPM): 231/4.400 BINÁRIO MÁX. (NM/
RPM): 500/2.000 TRANSMISSÃO INTEGRAL,
COM CAIXA AUTOMÁTICA DE OITO VELOCIDADES
DIREÇÃO DE PINHÃO E CREMALHEIRA,
COM ASSISTÊNCIA ELÉT. SUSPENSÃO (FR/
TR): DUPLOS TRIÂNGULOS COM MOLAS
HELICOIDAIS; DUPLOS TRIÂNGULOS COM
MOLAS HELICOIDAIS TRAVÕES (FR/TR)
DISCOS VENTILADOS/DISCOS VENTILADOS VEL.
MÁX. (KM/H): 230 PESO (KG) 1.830 MALA (L)
525/1.430 DEPÓSITO DE COMBUSTÍVEL (L)
60 PNEUS (FR/TR) 225/60 R18 / 225/60 R18

Steptronic de oito velocidades e pati- toca aos consumos, registos que jogam quer pela tração integral xDrive, quer excelente plataforma, contribuem para
lhas no volante. Dois componentes que, a favor deste modelo, com médias 7,8 pela opcional suspensão adaptativa. um maior envolvimento na condução,
em conjunto, acabam garantindo um l/100 km. Algo que em parte se deve a Ambas garantia de estabilidade, se- especialmente com as opções Sport ou
desempenho global excelente, marcado um Stop&Start discreto no operar e às gurança e conforto elevados e per- Adaptive (configurável) seleccionadas
pelo vigor, impetuosidade e resposta vantagens na utilização de um modo manentes, inclusive, nos estradões de no sistema de modos de condução.
pronta da parte do propulsor - basta de condução “Eco Pro”, sinónimo de terra que são, fora de estrada, o desafio Tecnologia com intervenção perceptível
recordar os 6,8s nos 0-100 km/h, ou maiores restrições nos consumos, mas mais exigente a que este SUV pode na resposta do conjunto, proposta de
os 230 km/h de velocidade máxima -, não de menos vigor... ambicionar. série neste BMW X4 xDrive25d, mas
tudo isto complementado com passa- Igualmente surpreendente, pela posi- Num patamar igualmente elevado, a di- também uma das muitas razões para os
gens de caixa rápidas e quase imper- tiva, é o desempenho dinâmico, bem reção, precisa e de feedback correto, e o mais de 88 mil euros que o “nosso” SUV
cetíveis. Nota para a insonorização, mais convincente e ágil que no enorme sistema de travagem, não menos eficaz. Coupé custava, que, inegavelmente,
que é quase perfeita. Também no que X6, graças também ao contributo dado, Dois elementos que, em conjunto com a custam... a dar.

E/ Dando cumprimento ao estabelecido no n° mais importantes provas de desporto au- leitores uma informação atual, rigorosa abordagem e de análise dos factos noti-
1 do artigo 17° da Lei 2/99, de 13 de Janeiro, tomóvel disputadas em território nacional e de qualidade, opinando sobre tudo o ciosos, com total abertura à interatividade
ESTATUTO Lei da Imprensa, publica-se o Estatuto e no estrangeiro, relata acontecimentos que se passa na área do automóvel e dos com a sua comunidade de leitores. 4. O
EDITORIAL Editorial da publicação periódica AutoSport: ligados à competição automóvel, bem como automobilistas, numa perspetiva plural, re- AutoSport pratica um jornalismo pautado
1. O AutoSport é um semanário dedicado temas que versam o automóvel como bem cusando o sensacionalismo e respeitando pela isenção, sem comprometimentos
ao automóvel e aos automobilistas, nas de consumo, tanto na área industrial como a esfera da privacidade dos cidadãos. 3. ou enfeudamentos, tendo apenas como
suas mais distintas vertentes: desporto e comercial. O AutoSport pauta as suas opções edito- pressuposto editorial facultar a melhor
competição, comércio, indústria, segurança 2. O AutoSport está comprometido com riais por critérios de atualidade, interesse informação e a melhor formação aos seus
e problemática rodoviária. O AutoSport o exercício de um jornalismo formativo e informativo e qualidade, procurando apre- leitores, seguindo sempre as mais elemen-
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