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Published by hmilheiro, 2020-01-20 14:22:09

AutoSport 2195

AutoSport 2195

#2195 >> autosport.pt DIRETOR PEDRO CORRÊA MENDES
ANO 42
42
22/01/2020
Semanal anos

2,50€ (CONT.)

O SEMANÁRIO DOS CAMPEÕES

GUIA

WRC

TUDO SOBRE
DOEMRUANLDISIAL

RALIDEPORTUGAL
APRESENTADO

PÁG. 30

ENTREVISTA
ANDREAADAMO

PÁG. 26

ARMINDO ARAÚJO
MUDA-SE PARA
A SKODA

PÁG. 40

RICKY BRABEC 2020 TRI DE

FAZ HISTÓRIA CARLOS
COM A HONDA SAINZ

Pelo prazer
de conduzir

ELEVADO A M.

Oferta do Pack Desportivo M
em toda a gama BMW.

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3

I/ I N S TA N TÂ N E O SIGA-NOS EM EDIÇÃO

#2195
22/01/2020

f l> > a u t o s p o r t . p t
facebook.com/autosportpt twitter.com/AutoSportPT

HISTÓRICO Ricky Brabec e a Honda fizeram história no Dakar ao terminar com um reinado de 18 vitórias seguidas da KTM, José Luís Abreu
que venceu desde 2001, mas o norte-americano não esqueceu a dolorosa perda de Paulo Gonçalves. O seu gesto diz tudo…
DIRETOR-EXECUTIVO
S/ SEMÁFORO EM DIRETO
[email protected]
PARADO A ARRANCAR A FUNDO “Não quero dizer coisas más
sobre os regulamentos, mas K alle Rovanperä estreia-se
Nos anos 80 e 90 O Mundial de Ralis As 24h de Daytona estes não foram justos entre os no próximo fim de sema-
o Dakar tinha 80% arranca sem a Citroën, são a primeira grande Buggy e os 4×4”, Nasser Al-Attiyah na no WRC aos comandos
de abandonos. Este prova do ano para os de um World Rally Car, e
mas com inúmeros amantes das corridas depois de perder o Dakar para Carlos Sainz. eu penso sinceramente
ano foram 30% motivos de interesse que vai arrancar ao mais
os concorrentes que que ‘prometem’ uma de longa duração “Ainda não sei se volto. Agora alto nível o caminho de uma grande
ficaram pelo caminho. época sensacional. e temos lá quatro quero é descansar e recarregar futura estrela dos ralis. Dei comigo a
representantes lusos. energias. O stress foi muito pensar recentemente se Rovanperä
Fácil demais? e o desgaste também”, Carlos poderia ter um efeito no WRC tal
como teve Max Verstappen quando
O SEMANÁRIO DOS CAMPEÕES NA ERA DIGITAL Sainz, que daqui a três ou quatro dias se estreou na Red Bull, mas, hones-
já está a pensar em trabalho. tamente, não só a Fórmula 1 como
o Mundial de Ralis são disciplinas
“O quarto lugar, não foi mau. completamente diferentes, mas
A segunda semana foi muito, também o feitio dos dois jovens é
muito complicada. Com a perda uma absoluta antítese.
do Paulo, não consigo estar feliz”, É preciso recordar que Rovanperä
chega ao pináculo dos ralis apenas
Pedro Bianchi Prata a dizer o que lhe vai com 20 ralis no WRC com um R5, e
na alma. por isso a grande questão aqui é sa-
ber quanto tempo vai levar para se
“Quanto ao percurso, podem adaptar ao ritmo do WRC de forma
dizer que foi um pouco fácil, consistente. Temos casos de pilotos
mas eu quis que fosse assim”, que dominaram o WRC 2 mas nunca
vingaram no WRC, como Pontus
David Castera preferiu um Dakar Tidemand, por exemplo, para falar
de ‘adaptação’ à nova realidade. num piloto recente.
Rovanperä vai passar duma realida-
Siga-nos nas redes sociais e saiba de completamente distinta, e não é
tudo sobre o desporto motorizado no tanto a potência do motor do Skoda
computador, tablet ou smartphone via Fabia R5 que guiou o ano passado
facebook (facebook.com/autosportpt), comparativamente à maior potên-
twitter (AutosportPT) ou em cia do Toyota Yaris WRC que já tem
>> autosport.pt vindo a pilotar em testes. É trabalhar
com o carro e com a aerodinâmica
deste, pois vai agora poder ter um
ritmo com o Yaris WRC que nem
sonhava poder ter com o Skoda.
Seja como for, penso sinceramen-
te que estamos na presença de
um futuro Campeão do Mundo de
Ralis, e sendo verdade que é melhor
esperar pelo menos até meio do
campeonato para consubstanciar
melhor a opinião, arrisco já que não
me admiro nada que consiga um
pódio já este ano. Vencer, só com
alguma sorte.

4

DAKAR 2020

CARLOS SAINZ VENCE

O SEU TERCEIRO DAKAR
O espanhol conquistou pela
terceira vez o Dakar, evento que ste Dakar pode ficar na história Para Carlos Sainz, depois de ter vencido em etapas pelo caminho, bateu Nasser
ficará marcado na história por por váriosmotivos,infelizmente, dois títulos mundiais de ralis, assegurou Al-Attiyah por seis minutos após 5.000
bons e maus motivos. Portugal um deles demasiado triste até este ano o seu terceiro triunfo no Dakar, km de corrida, com Stéphane Peterhansel
para ser recordado. A morte de vitória que pode ainda revelar-se mais e Paulo Fiúza a terminarem no lugar mais
Eperdeu um dos seus atletas Paulo Gonçalves irá ensombrar especial já que não é garantido o regres- baixo do pódio.
mais distintos, Paulo Gonçalves, so de El Matador a estas lides. A poucos As Mini e a Toyota colocaram quatro carros
por outro lado, Paulo Fiúza foi para sempre esta prova, numa dias de completar 58 anos, o espanhol cada no top 10, sendo as duas restantes
consegue mais um feito notável na sua posições alcançadas por dois buggies.
edição do Dakar que para as cores por- excelente carreira, realizando uma corrida Quanto aos portugueses das quatro
ao pódio dos autos, batendo um tuguesas ficará marcada também pelo quase perfeita, contando para isso com a rodas em prova, e para lá do pódio de
recorde com 17 anos. A Honda melhor resultado de sempre de um luso ajuda de Lucas Cruz, o seu fiel navegador. Paulo Fiúza, Benediktas Vanagas e Fi-
regressou às vitórias nas Para a X-Raid, é o regresso aos triun- lipe Palmeiro (Toyota) terminaram em
nos automóveis, com o terceiro lugar fos, o quinto da Mini no Dakar, que já não 15º, depois de terem passado pelo top 10.
motos, a Kamaz voltou a vencer de Paulo Fiúza, navegador de Stéphane sucedia desde 2015. Depois de vencer Ricardo Porém e Manuel Porém ficaram
nos Camiões e Casey Currie quatro vezes seguidas com o Mini All4 pelo caminho na etapa 8, depois de já
Peterhansel. Portugal já tinha dois se- Racing, Sven Quandt mudou de conceito terem abandonado uma primeira vez
triunfou nos SSV, categoria em gundos lugares nas motos, em 2013 e com o seu novo Buggy, mas não de veia antes do dia de descanso. Pedro Bianchi
que Bianchi Prata foi quarto ganhadora, como ficou provado. Prata teve uma grande estreia como
2015, por intermédio de Rúben Faria e 2010, 2018 e 2020. Carlos Sainz assegura navegador ao ficar à beira do pódio
a terceira vitória da sua carreira no Dakar, dos SSV, no quarto lugar, num Dakar
José Luís Abreu Paulo Gonçalves, respetivamente, mas curiosamente, todas com carros diferen- em que navegou Conrad Rautenbach,
tes (Volkswagen, Peugeot e agora Mini). O ex-piloto de ralis. Bruno Sousa termi-
[email protected] nos autos pontificava ainda o quarto lugar espanhol, que conquistou quatro vitórias nou em 26º dos Camiões, mas a missão

de Carlos Sousa e Henri Magne de 2003,

FOTOS A.S.O/F. GOODEN/DPPI; agora suplantado pelo navegador luso.

FLAVIEN DUHAMEL/RED BULL CONTENT POOL Este Dakar fica também para a história de-

vido ao fim do domínio da KTM nas motos,

com a Honda a vencer 30 anos depois da

última vez que o tinha conseguido, agora

intermédio de Ricky Brabec.

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5

C/ CLASSIFICAÇÃO

POS. PILOTO/NAVEGADOR EQUIPA TEMPO/DIF. uma margem significativa, que lhe permi- de 2014, mas ‘ficou-se’ pelo sexto lugar
tiu gerir os dois últimos dias sem grandes que também conseguiu em 2017. Uma
1  CARLOS SAINZ/LUCAS CRUZ BAHRAIN MINI JCW X-RAID TEAM 42H 59M 17S problemas, mesmo com os fortes ataques prova com muito altos e baixos, que não
dos seus adversários. lhe correu nada bem na fase decisiva.
2  NASSER AL-ATTIYAH/MATTHIEU BAUMEL TOYOTA GAZOO RACING +06M21S Tendo em conta este difícil Dakar, é abso- Depois de ter sido terceiro na etapa 8, a
lutamente notável que aos 57 anos Carlos nona correu-lhe mal, perdeu tempo e a
3  STÉPHANE PETERHANSEL/PAULO FIUZA BAHRAIN MINI JCW X-RAID TEAM +09M58S Sainz ainda tenha tido resiliência para partir daí foi cedendo até perder o quinto
levar de vencida a prova, ainda mais face lugar para de Villiers.
4  YAZEED AL RAJHI/KONSTANTIN ZHILTSOV OVERDRIVE TOYOTA +49M10S a adversários do calibre de Nasser Al-At- Bernhard Ten Brinke (Toyota) igualou o
tiyah e Stéphane Peterhansel. Depois de seu melhor resultado de sempre, o 7º em
5  GINIEL DE VILLIERS/ALEX HARO BRAVO TOYOTA GAZOO RACING +1H07M09S várias provas em que a sorte não esteve 2015. Mathieu Serradori (Buggy Century)
do seu lado, com abandonos consecutivos, venceu uma etapa, andou vários dias em
6  ORLANDO TERRANOVA/BERNARDO GRAUE X-RAID MINI JCW TEAM +1H12M15S entre 2013 e 2017, o espanhol venceu a sexto, mas atascou e caiu para oitavo,
prova de 2018, voltou a ter problemas o ano onde terminou.
7  BERNHARD TEN BRINKE/TOM COLSOUL TOYOTA GAZOO RACING +1H18M34S passado com o Mini Buggy, e regressou Yasir Seaidan (Mini) brilhou em casa com
este ano mais forte, ele e o Mini, vencendo o nono lugar. A fechar o top 10 ficou co-
8  MATHIEU SERRADORI/FABIAN LURQUIN SRT RACING +1H59M21S novamente o evento. locado o chinês Wei Han (Buggy Geeley),
Se os dois títulos mundiais de ralis são que andou sempre a rondar o top 10 até
9  YASIR SEAIDAN/KUZMICH ALEXY RACE WORLD TEAM +3H42M17S um grande feito, as agora três vitórias se fixar nele.
no Dakar não ficam atrás. Teve, como Entre os pilotos que se esperava mais, des-
10  WEI HAN  MIN LIAO/GEELY AUTO SHELL LT +3H51M07S todos, alguns contratempos, mas soube taque para Martin Prokop (Ford), que de-
fugir bem da maioria das armadilhas, pois de ter ficado sem ‘mochileiro’ (Martin
11  JÉRÔME PÉLICHET/PASCAL LARROQUE RAIDLYNX +4H01M34S venceu com todo o mérito, terminando Kolomy desistiu no shakedown) não pôde
com 6m21s de avanço para Attiyah, uma arriscar mais e quedou-se pelo 12º lugar.
12  MARTIN PROKOP/VIKTOR CHYTKA MP-SPORTS +4H04M19S das menores diferenças de sempre da Na sua estreia no Dakar, Fernando Alonso,
história do Dakar. que teve Marc Coma ao lado (Toyota),
13  FERNANDO ALONSO/MARC COMA TOYOTA GAZOO RACING +4H42M47S Yazeed Al-Rajhi (Toyota) termina o Dakar não conseguiu o objetivo de vencer uma
em quarto, naquela que é a sua melhor etapa (foi 2º na 8ª), e terminou a prova em
15  BENEDIKTAS VANAGAS/FILIPE PALMEIRO INBANK TEAM PITLANE +7H05M53S classificação de sempre na prova, um facto 13ºdepoisde perdermuitotempologono
ainda mais saboroso para o saudita que segundo dia.
19  JAKUB PRZYGONSKI/TIMO GOTTSCHALK ORLEN X-RAID TEAM +8H35M18S ‘jogou’ em casa. Foi sétimo o ano passado Jakub Przygonski (Mini) teve uma prova
sem antes nunca ter ficado no top 10, o muito azarada e terminou apenas em 19º.
25  ERIK VAN LOON/SÉBASTIEN DELAUNAY OVERDRIVE TOYOTA +11H08M07S que é notável sendo este apenas o seu Vaidotas Sala, o lituano que venceu a 1ª
sexto Dakar. etapa, concluiu a prova em 26º, na frente
26  VAIDOTAS ZALA/SAULIUS JURGELENAS AGRORODEO +11H08M35S Giniel de Villiers (Toyota) termina a prova de Nani Roma, que teve muitos problemas
em quinto, posição a que só chegou nos no Borgward.
27  NANI ROMA/DANIEL OLIVERAS CARRERAS BORGWARD RALLY TEAM +11H39M51S últimos dias, depois duma prova sem Tim e Tom Coronel (Maxxis Buggy) foram
grande brilho, mas suficientemente efi- 28º e asseguraram a sua melhor classifi-
28  TIM CORONEL/TOM CORONEL MAXXIS DAKAR TEAM +11H46M35S ciente para um top 5. Teve problemas logo cação de sempre no Dakar.
a abrir, reagiu na segunda etapa com uma Foi boa a posta da ASO em rumar à Arábia
dele não era o cronómetro, e sim o apoio EL MATADOR vitória, mas foi fogo fátuo. Com oito pódios Saudita, pois o traçado foi exigente, como
aos homens da South Racing. em 16 edições, este Dakar não fica entre se impõe para esta prova. É pena a falta
Carlos Sainz e Lucas Cruz venceram o seu os seus melhores momentos. de público, mas as coisas são como são.
FEZ-SE HISTÓRIA terceiro Dakar fruto de uma prova quase Orlando Terranova (Mini) tinha como ob- Fica um Dakar para esquecer por um lado,
exemplar, e sempre muito consistente. jetivo, repetir ou melhorar o quinto lugar para relembrar por outro.
Como já destacámos, no que a Portugal Chegaram ao primeiro lugar na terceira
diz respeito, fez-se história no Dakar, já etapa e já de lá não saíram. Tiveram dias
que Paulo Fiúza tornou-se no primeiro menos bons, como por exemplo na 8ª eta-
português no pódio do Dakar, nos autos, pa, em que se perderam, e tiveram alguma
melhorando o registo de Carlos Sousa sorte por o mesmo ter sucedido a Attiyah
em 2003, quando foi quarto classifica- e Peterhansel. Venceram quatro etapas,
do. Por outro lado, registe-se ainda o e o triunfo na 10ª foi o momento chave
contributo de Rúben Faria e Hélder Ro- da prova. A 10ª etapa foi interrompida ao
drigues, ex-pilotos que estão inseridos km 345, numa altura em que Stéphane
na estrutura da Honda, que fez história Peterhansel (Mini Buggy) perdia 11m48s
nas motos, ao triunfar. É um grande feito para Carlos Sainz e Nasser Al-Attiyah
para as cores portuguesas, num Dakar (Toyota) 17m46s, o que significava que a
perfeitamente ensombrado pela morte classificação geral, no que aos três primei-
de Paulo Gonçalves. ros diz respeito, ficou bem diferente dos
Para Paulo Fiúza, se o feito de Carlos 6m38s que separava os três concorrentes
Sousa em 2004 foi grande, com o quarto da frente no arranque desse dia.
lugar obtido, o que Paulo Fiúza consegue A partir desse momento, e numa altura
neste Dakar é fantástico, pois há poucos em que Attiyah e Peterhansel tudo ti-
eventos em que o navegador seja mais nham que fazer para recuperar tempo
importante do que nesta grande ma- a Sainz, o espanhol ficou com 18m10s de
ratona. A partir de agora, Fiúza passa avanço para Nasser Al-Attiyah (Toyota),
a ser, nos autos, o português melhor com Stéphane Peterhansel (Mini Buggy)
classificado de sempre no Dakar, nas 16s mais atrás do catari.
quatro rodas, claro... A duas etapas do fim, Carlos Sainz ganhou

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PAULO FIÚZA RICARDO E MANUEL PORÉM

PEDRO BIANCHI PRATA FILIPE PALMEIRO E BENEDIKTAS VANAGAS

PORTUGUESES FIZERAM HISTÓRIA NO DAKAR

BOAPRESTAÇÃO LUSA

Foi boa a prestação lusa neste Dakar, certos no pódio e com isso ficaram-se pelo terceiro sabor foi agridoce. O objetivo apontava para terminar
ensombrada, como já referimos noutro lugar. Ainda assim, como já se percebeu, uma clas- mais à frente, mas o Dakar é isto mesmo.
lado, pela morte de Paulo Gonçalves. sificação histórica. Ao lado de Conrad Rautenbach, ex-piloto de ralis,
Paulo Fiúza terminou no pódio, Pedro Já Ricardo e Manuel Porém, depois de terem parado Pedro Bianchi Prata terminou em quarto dos SSV,
Bianchi Prata ficou perto. Um top 15 para no final da primeira semana de prova com problemas numa prestação muito boa do ‘rookie’ navegador
Filipe Palmeiro, e um abandono para na caixa de velocidades do Borgward, regressam luso, que considerou que este foi um Dakar duro e
Ricardo e Manuel Porém após o dia de descanso, em Dakar Experience, que difícil, mas desportivamente sem problemas signi-
permite continuar em prova sem contar para a clas- ficativos: “Não tivemos problemas de maior, só uns
Tal como já referimos no texto principal sificação, mas na 7ª Etapa voltaram a ter problemas furos, mas o Dakar é mesmo assim. Chegámos ao
do Dakar, o terceiro lugar de Paulo Fiúza desta feita na direção. Falharam vários waypoint e fim. O quarto lugar, não foi mau. A segunda semana
e Stéphane Peterhansel fica marcado na ficaram fora de prova: “Como já tínhamos utilizado o foi muito, muito complicada. Com a perda do Paulo,
história do Dakar como o melhor resultado Joker, ficámos impossibilitados de alinhar novamente não consigo estar feliz, mas saio com o sentimento
de um português nos autos, suplantando uma vez que só se pode utilizar uma vez. Não era o de missão cumprida e com o meu décimo Dakar
o feito de Carlos Sousa em 2003, que com desfecho pelo qual lutámos e demos tudo mas as terminado enquanto concorrente”.
Henri Magne ao lado, terminou na quarta posição. corridas têm destas coisas”, disse Ricardo Porém. Bruno Sousa terminou em 26º dos Camiões, mas a
Logicamente, em termos gerais, são os segundos Benediktas Vanagas e Filipe Palmeiro chegaram ao missão dele não era o cronómetro, mas sim o apoio
lugares de Rúben Faria (2013) e Paulo Gonçalves top 10 na etapa 5, mas na sétima, a primeira após o aos homens da South Racing.
(2015) nas motos, os melhores resultados de sempre dia de descanso, perderam mais de três horas de- Já Armando Loureiro, mecânico do camião #546, tal
de portugueses no Dakar. pois de um grave problema de suspensão. Estavam como já tinha sucedido o ano passado, abandonaram
Fiúza navegou nesta prova um dos melhores pilotos na luta pelo top 10, mas o azar bateu-lhes à porta, cedo, na segunda etapa e continuaram como assis-
de sempre da história do TT, Stéphane Peterhansel, caíram para a 20ª posição da geral. Até aí, tinham tência. Ficam por referir muitos portugueses, já que
mas os adversários estiveram sempre muito fortes, sabido fugir de problemas e estavam a ser regulares. sendo a comitiva que anda na pista, pequena, face ao
e a dupla luso-francesa não conseguiu ir além do Mas com o tempo perdido, as esperanças de uma que já se viu no passado, em África e já na América
terceiro lugar. Chegaram a estar a 6m38s a três boa classificação foram-se. Depois da forte queda do Sul, nos bastidores há muita gente a olear esta
etapas do fim da prova, mas Sainz reagiu e controlou na geral após a sétima etapa, a dupla luso-lituana, enorme máquina que é o Dakar. Quer dois exemplos,
a prova até ao fim. No último dia de prova, não fazia ganhou posições quase todos os dias, terminando Rúben Faria e Hélder Rodrigues, que na estrutura
sentido à X-Raid arriscar os dois carros que tinha no 15º lugar. Depois de terem estado em décimo, o da Honda ajudaram a fazer história nas motos.



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ESPECIAL DAKAR 2020

HONDADAKAR 2020MOTOS

FAZ HISTÓRIA

Paulo Gonçalves, o piloto português com mais palmarés em provas internacionais
de rally-raid, morreu no Dakar 2020, na etapa 7, vítima de um acidente a alta velocidade,

quando já não discutia qualquer classificação na geral

Pedro Corrêa Mendes no dia seguinte partiu para a etapa 4 Price, o primeiro piloto a chegar junto pre nos orgulhámos dele. Agora, pela
[email protected] e decidiu atacar forte. No final do dia de Paulo, imediatamente soube que ele primeira vez, vimos um dos nossos
tinha conseguido o 4º lugar da geral, estava morto. Toby Price acionou os partir e isso é bem mais duro. Vimos
Paulo Gonçalves tinha sofrido a sua melhor classificação até ao mo- alertas de emergência e salvamento, muitos pilotos, campeões de F1, ralis e
na etapa 3 um problema me- mento. Estava então no 83º posto da que chegaram em cerca de 10 minutos, MotoGP morrerem em acidentes, mas
cânico no motor da sua Hero, geral. O rali estava perdido, mas o gozo e depois afastou-se do corpo de Paulo nunca tinha sido um português, e essa
que o obrigara a perder mui- de andar de moto no deserto ainda po- e ali ficou a cerca de 3 metros, em pé, triste experiência estamos a vivê-la
tas horas. Inicialmente pen- dia muito bem ser aproveitado durante muito quieto e calmo, com os braços pela primeira vez, e está a ser bem duro.
sou-se que o problema fosse mais alguns dias, e, quem sabe, talvez caídos e as lágrimas a correrem pela Mas por que os nossos leitores nos lêem
irresolúvel em pleno percurso, mas a ainda alcançar uma vitória numa etapa. sua cara abaixo. Outros 2 pilotos che- para acompanhar as provas pelo mun-
perseverança e determinação do pilo- Depois disso fez o 10º e oitavo melho- garam entretanto, um deles o portu- do fora, aqui fica a nossa análise sobre
to português levaram-no a conseguir res tempos nas etapas seguintes, até guês Joaquim Rodrigues, cunhado de o Dakar 2020, apesar de termos muita
manter-se em prova. Depois de ter ao dia de descanso, a quinta e sexta, Paulo e seu companheiro de equipa vontade de nos esquecermos rapida-
recebido, ao fim de longas horas, um respetivamente. na Hero. Joaquim Rodrigues chorava mente desta edição.
motor novo, entregue pelo camião de Paulo Gonçalves estava na 4ª posição e olhava o céu em sinal de profundo Paulo Gonçalves, no Autosport vais
assistência da Hero, Paulo Gonçalves na etapa 7 quando sofreu o acidente desespero e tristeza. estar sempre presente nas nossas re-
montou-o na sua moto, sozinho, ape- que lhe tirou a vida. Numa zona de areia Entretanto o mundo já soubera pela cordações. Como um herói!
nas com as suas mãos e algumas fer- dura, sem estrada, em pista aberta, a internet da desgraça e estava em cho-
ramentas. Depois, montou-se na sua alta velocidade, talvez perto dos 150 que. A morte caíra novamente sobre DAKAR 2020
Hero e percorreu a distância rema- km/h, algum pequeno obstáculo fê-lo o Dakar! Os portugueses impulsiona-
nescente de 333 km que o levaram ao voar da moto e aterrar violentamente dos pelos media, converteram Paulo Uma novo Dakar na Arábia Saudita
bivouac. A avaria da véspera fê-lo cair no chão duro, provocando-lhe lesões Gonçalves num herói nacional, nós aqui trouxe uma prova bem diferente e mui-
da 14ª posição da geral para a 111ª, mas no pescoço e coluna, que se revelaram no Autosport sempre o considerámos to dura. Novas regras trouxeram tam-
o que importou a Paulo Gonçalves foi fatais. A explicação foi a de uma pa- isso. Sempre soubemos o valor do que bém uma nova abordagem às ques-
continuar em prova. Dormiu pouco e ragem cárdio-respiratória, mas Toby ele fez ao longo da sua carreira e sem- tões da navegação, que nivelaram as
hipóteses e tornaram tudo mais justo

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9

CLASSIFICAÇÃO ETAPA A ETAPA

ETAPA 1 ETAPA 2 ETAPA 3 ETAPA 4 ETAPA 5 ETAPA 6 ETAPA 7 ETAPA 9 ETAPA 10 ETAPA 11 ETAPA 12

1º RICKY BRABEC 2 12 1 5 4 1 5 4 2 10 2

2 5 1 1 1 1 1 1 1 1 1

2º PABLO QUINTANILLA 6 3 9 14 2 4 8 1 9 1 5

6 2 7 5 4 2 2 2 2 2 2

3º TOBY PRICE 1 17 5 6 1 11 7 2 4 5 3

1 9 6 4 2 3 4 3 4 3 3

4º J. IGNÁCIO CORNEJO 11 7 2 1 13 6 6 8 12 4 1

11 11 5 3 5 4 3 5 5 5 4

5º MATTHIAS WALKNER 3 8 4 27 5 3 3 10 8 2 12

3 4 3 9 6 6 6 6 8 4 5

6º LUCIANO BENAVIDES 8 5 7 20 8 5 4 7 5 3 4

8 7 8 8 8 7 7 7 7 6 6

7º JOAN BARREDA 7 6 6 23 6 2 2 3 1 22 16

7 8 4 7 7 5 5 4 3 7 7

8º FRANCO CAIMI 17 15 28 11 12 7 10 11 15 7 8

17 15 14 13 13 10 9 8 9 8 8

9º SKYLER HOWES 18 11 10 9 18 10 12 15 13 20 11

18 16 11 10 9 8 8 9 8 9 9

10º ANDREW SHORT 9 10 16 13 3 24 9 9 20 8 10

9 10 11 15 12 12 12 11 11 10 10

11º STEFAN SVITKO 19 16 12 12 11 9 14 17 31 14 13

19 18 13 12 10 9 10 10 10 11 11

12º ADRIEN METGE 15 20 11 15 17 22 13 19 29 16 7

15 17 12 11 11 11 11 12 12 12 12 te perigoso para os pilotos das motos, Conquistou a liderança da classifica-
pois estes precisam de escolher bem ção geral no final da etapa 3 e nunca
13º RODNEY FAGGOTER 25 18 14 18 23 15 29 18 6 18 22 onde colocam a roda da frente. É cru- mais a largou. Aliás, foi cimentando
cial evitar pedras que possam rasgar o seu domínio, não dando chance aos
25 19 15 17 17 13 13 13 13 13 13 um pneu (embora estejam protegidos seus adversários, sobretudo nas etapas
pelas mousses), ou simplesmente cau- em que abriu a pista. Nessas situações
14º JAUME BETRIU 37 31 26 16 14 16 17 14 34 12 19 sar uma queda. Houve muitas quedas mais difíceis Ricky Brabec foi franca-
e ossos partidos, houve muitas desis- mente superior e foi aí que ganhou o
37 34 30 23 19 14 15 15 15 14 14 tência por queda e muitos transportes rali, não menosprezando o ritmo dia-
de helicóptero para o bivouac. A nave- bólico que imprimiu sempre, pois mes-
15º JAMMIE MCCANNEY 34 34 27 33 19 19 25 20 7 6 18 gação também foi bem mais difícil pe- mo nas etapas em que poderia ter ge-
las características do terreno, e porque rido a sua vantagem, ele nunca deixou
34 32 30 29 26 22 22 21 19 15 15 de moto não há um co-piloto para de- de atacar. Brabec, sendo à partida um
sempenhar essa tarefa. dos favoritos, até pela performance de
16º J. PEDRERO GARCIA 24 22 23 17 46 18 18 12 38 13 17 2019, surpreendeu pela sua tenacidade
BRABEC SEMPRE desde os primeiros metros da 1ª etapa.
23 22 20 19 22 19 17 16 16 16 16 O americano jogou logo uma cartada
NUM ESCALÃO ACIMA fortíssima nas etapas 3 e 4, vencen-
27º ANTÓNIO MAIO 22 21 24 86 33 20 34 42 19 19 21 do a 3ª e terminando em 5º a etapa 4,
Por todas as novidades e mudanças na qual, apesar de ter de abrir a pista,
22 21 19 36 33 30 29 28 27 27 27 registadas para a edição deste ano, o conseguiu não perder muito tempo.
vencedor do Dakar de 2020 na Arábia Mas veja-se a sequência de classifica-
31º FAUSTO MOTA 51 47 36 31 48 36 38 35 40 35 30 Saudita, Ricky Brabec, o primeiro ame- ções nas etapas, em que, exceptuando
ricano a triunfar na prova, pode ser duas etapas, esteve sempre entre os 5
51 50 42 39 36 34 34 33 31 31 31 considerado um piloto de exceção. Ele primeiros: 2º/12º/1º/5º/4º/1º/5º/4º/2º
conseguiu manter uma enorme con- /10º/2º.
32º MARIO PATRÃO 40 40 102 42 35 32 30 26 36 33 29 sistência de andamento e de atitude
atacante ao longo de todo o evento.
40 40 45 44 40 38 37 35 33 32 32

CLASSIFICAÇÃO NA ETAPA CLASSIFICAÇÃO GERAL

e talvez mais saudável. Os pilotos não stressante. Certamente que Fernando
tinham que gastar horas a marcar os Alonso nunca tinha vivido nada de pa-
seus road-books, pois eles eram en- recido na F1, e parecia estar a gostar...
tregues apenas uns minutos antes da Por outro lado, Mathias Walkner foi
partida, vindo já coloridos e anotados. um dos pilotos mais críticos do novo
O papel dos ‘Map-Man’ foi limitado, e Dakar. Queixou-se da dureza das es-
mais tempo sobrou à noite para o con- peciais, com muita pedra, por vezes
vívio entre os participantes. Muitas escondida debaixo da areia, e muito,
imagens simpáticas em que vimos os muito pó. Houve mesmo na primeira
participantes a comer e conversar em metade da prova muitas etapas em
conjunto uns com os outros, num am- caminhos e trilhos muito pedregosos
biente bem mais agradável e menos e com muito pó. O pó é extremamen-

10

OS PORTUGUESES

PRINCIPAIS OPOSITORES ANTÓNIO MAIO foi o melhor português
do Dakar 2020, obtendo a 27ª posição da
Do lado dos opositores, houve pouca consistência. geral, mas podia ter sido bastante melhor.
Nenhum outro piloto esteve à altura desde cedo. Maio entrou na prova com excelente ritmo,
e estava já na 19ª posição no final da 3ª
SAM SUNDERLAND (KTM) surgia à partida como um forte candidato à vitória, fruto da sua forte etapa, sendo já aí o melhor português. Só
época de 2019 e do seu conhecimento de terrenos semelhantes. Mas o inglês nunca pareceu estar que Dakar é Dakar e o azar apareceu na
ao nível das expectativas. Apesar de ter conseguido um 2º lugar na etapa 2, afundou-se demasiado etapa seguinte, quando sofreu uma queda
nas etapas seguintes, tendo sofrido uma forte queda logo na etapa 5, que o levou ao abandono. que maltratou bastante a sua Yamaha. Caiu
para a 36ª posição e daí teve que recuperar
Já o argentino KEVIN BENAVIDES (Honda) foi um fortíssimo opositor de Brabec, logo de início posições até chegar ao final, em 27º, uma
com um fortíssimo andamento que lhe permitiu estar sempre no pódio da geral até ao momento classificação que não traduz o seu potencial.
em que sofreu uma grave avaria. A 40 km do final da etapa 6 o motor da Honda cedeu, impedindo-o António Maio é um piloto muito rápido em provas de velocidade pura, como as bajas
de continuar, até que um piloto atrasado o rebocou até ao final, o que lhe permitiu manter-se em portuguesas, e tem andamento para andar regularmente dentro do top 20, mas sente-se que
prova. Apesar do atraso, Kevin Benavides manteve sempre uma toada forte até ao final, mas o a sua capacidade de ser rápido enquanto navega ainda não está no nível adequado.
tempo já não era recuperável. Perdeu aqui a sua melhor chance de chegar à vitória no Dakar.
FAUSTO MOTA é um
O chileno PABLO QUINTANILLA (Husqvarna) tinha contas a ajustar com o Dakar, depois do final piloto português que
inglório de 2019, quando partiu o tornozelo esquerdo num espetacular salto numa duna, quando se inscreve sob a
disputava a vitória na última etapa com Toby Price. bandeira espanhola,
país onde vive e
QUINTANILLA iniciou a edição de 2020 com um ritmo moderado/forte, mas já após a etapa 4, trabalha. Andou
apesar de estar no 5ª lugar da geral, trazia um atraso de quase 18 m para Brabec, que nunca mais sempre entre o 40º e o
recuperou. Quintanilla beneficiou muito dos problemas de Kevin Benavides e do momento baixo de 50º lugares nas etapas
Toby Price no final da etapa 6 para assegurar o seu 2º lugar no Dakar. e foi melhorando a sua
classificação até ao
TOBY PRICE, apesar da vitória logo no primeiro dia, foi bastante irregular e, contrariamente 31º lugar final.
a Brabec, perdeu sempre muito tempo nas etapas em que partiu da frente. A sua rapidez
e resistência são bem conhecidas, mas deu-nos a sensação que após o acidente de Paulo MÁRIO PATRÃO ficou na 32ª posição da
Gonçalves, Toby Price deixou de estar focado na vitória e talvez mais no desgosto e tristeza que geral na sua 7ª participação no Dakar. Andou
viveu. No final o 3º lugar foi demonstrativo do que é capaz mesmo com condições adversas. regularmente nos primeiros 40 lugares durante
a primeira metade do rali. Na segunda parte da
JOSÉ IGNACIO CORNEJO (Honda) fez um Dakar exemplar e mostrou que está pronto para prova conseguiu melhorar as suas classificações
ambições mais elevadas. Apesar de ser considerado “aguadeiro” da equipa, o espanhol mostrou e passou a posicionar-se perto do top 30.
bom ritmo e muita consistência e regularidade ao longo de todo o percurso. No final da 3ª etapa já Sofreu um problema mecânico na 3ª etapa que
era 5º classificado, tendo baixado a 3ª na etapa seguinte. Depois, manteve-se sempre entre o 3º e o atrasou bastante e na 10ª etapa encontrou
5º lugar da geral, terminando em 4º e acumulando duas vitórias em etapas. Muito bom! o piloto holandês Edwin Staver gravemente
acidentado, ajudando a socorrê-lo e mantendo-se
No 5º lugar encontramos o nome do austríaco MATTHIAS WALKNER (KTM). O vencedor do Dakar junto dele até este ser assistido, num gesto de
de 2018 iniciou bem o rali, com um bom ritmo, mas infelizmente perdeu-se no final da etapa 4, a grande desportivismo.
qual terminou acumulando um atraso de 27 minutos para o líder Ricky Brabec. Daí para a frente
Walkner conseguiu ainda três pódios em etapas, mas nunca foi capaz de recuperar o atraso, que SEBASTIAN BÜHLER não conseguiu terminar
ainda foi ampliado para 35 minutos no final da 12ª etapa. a etapa 6 devido a uma avaria na sua Hero,
mas decidiu continuar em prova em “Dakar
O argentino LUCIANO BENAVIDES (KTM) terminou o rali na 6ª posição, completando um Dakar Experience”. Mas depois, com o acidente
muito morno onde nunca se destacou. Ao longo das 12 etapas a sua melhor classificação foi um 4º de Paulo Gonçalves na 7ª etapa, Sebastian
lugar, mas na maioria das vezes andou entre o 7º e 8º lugares. decidiu retirar-se. Bühler, apenas no seu 2º
Dakar, andou sempre muito perto do top 20
O espanhol JOAN BARREDA BORT (Honda) foi o 7º classificado no final, resultado que e fez uma excelente prova, numa moto que
conquistou na 2ª metade do rali. Barreda nunca esteve ao seu nível nas primeiras etapas e não tem a mesma qualidade das restantes.
tudo piorou com uma forte queda na etapa 4, que o deixou fisicamente “amassado” e o sistema Confirmou o seu potencial e certamente
de navegação também maltratado. No final da etapa 5 já acumulava mais de 31 minutos para teria terminado perto dos 15 primeiros. É
Brabec, desvantagem que foi demasiado elevada para conseguir recuperar. A partir da etapa 6, o certamente o piloto “português”, ou melhor,
andamento melhorou substancialmente, com vários pódios em etapas, o que lhe permitiu terminar luso/germânico, com melhores possibilidades
o rali na 7ª posição. de ter um bom futuro no Dakar.

Na 8º posição da geral encontramos o argentino FRANCO CAIMI, o único piloto oficial da Yamaha JOAQUIM RODRIGUES abandonou o
a terminar o Dakar deste ano. Na primeira metade da prova andou sempre abaixo do top 10 e mais rali logo na primeira etapa e passou
para o fim começou a conseguir entrar mais frequentemente nos 10 primeiros. A sua classificação a correr em “Dakar Experience”,
final é bastante dececionante, até porque apenas igualou a classificação do seu ano de estreia, pelo que nunca nos foi possível
em 2017. compreender o seu verdadeiro
andamento, uma vez que nunca esteve
SKYLER HOWES, o 9º classificado, é um piloto privado e foi um dos heróis deste Dakar. Depois a disputar uma classificação. Perdeu
de uma participação azarada em 2019, na qual sofreu várias quedas e abandonou na etapa 6, o seu cunhado Paulo Gonçalves na
o americano chegou à Arábia Saudita decidido a ter um andamento mais cauteloso que lhe etapa 7 e retirou-se da prova, aliás,
permitisse aprender o terreno e poder ir subindo na classificação. Assim o fez e paulatinamente como toda a restante equipa Hero.
foi melhorando a sua posição, terminando num brilhante nono lugar.

O americano ANDREW SHORT, piloto oficial da Husqvarna, desiludiu neste seu 3º Dakar
consecutivo, terminando atrás de dois pilotos privados menos experientes, apesar de ter
conseguido entrar no top10.

CAMIÕES >> autosport.pt
KARGINOV DÁ VITÓRIA À KAMAZ
11
Andrey Karginov, Andrey Mokeev e Igor Leonov da sua equipa, a começar pelo vencedor de 2014,
venceram a categoria dos camiões do Dakar Andrey Karginov. O piloto de 43 anos recuperou SSV
no seu Kamaz. A tripla russa ficou classificada de uma atuação pouco inspirada na fase inicial CONSISTÊNCIA FOI
na frente doutro Kamaz, o de Anton Shibalov, da prova para roubar o ‘palco’ com sete vitórias O SEGREDO DE CURRIE
Dmitrii Nikitin e Ivan Tatarinov. A terceira posição em etapas e um ritmo infernal que deixou seus
à geral foi para o Maz-Sport Auto de Siarhei rivais, e também companheiros de equipa, bem Casey Currie e Sean Berriman venceram o Dakar nos SSV. A dupla norte-
Viazovich, Pavel Haranin e Anton Zaparoshchanka, lá para trás, ao ponto do segundo classificado, americana do Can-Am Maverick da South Racing levou a melhor sobre Sergei
os únicos que deram alguma luta à Kamaz. Anton Shibalov ter terminado a mais de 42 Kariakin e Anton Vlasiuk (Can Am). A completar o pódio ficaram Francisco
Vindo de três vitórias consecutivas, Eduard minutos, apesar de ter obtido três vitórias ‘Chaleco’ Lopez e Juan Vinagre (Can Am).
Nikolayev parecia ser o grande favorito para em etapas. Enquanto isso, Siarhei Viazovich Esta foi de longe a categoria mais aberta da prova, que teve como líderes
vencer esta prova, mas a verdade é que o terminou mais de duas horas atrás, depois de Aron Domzala, Chaleco Lopez, Jose Antonio Hinojo Lopez, Sergei Kariakin e
vencedor em título esteve fora do ritmo desde suas boas atuações iniciais se terem revelado finalmente Casey Currie, que chegou definitivamente à liderança na sétima
o início, acabando por desistir devido a graves uma miragem no deserto. Era líder ao cabo da etapa, para de lá já não sair.
problemas mecânicos no seu Kamaz. 2ª etapa, mas a Karginov chegou à frente na 4ª Currie era apenas um entre vários homens na disputa pela liderança, que
Mas o fabricante russo mostrou a profundidade etapa e levou-a até ao fim. como já se percebeu mudou diversas vezes de dono. O piloto americano “deu
o seu tempo” até a segunda semana, antes de subir a parada, deixando os
holofotes iniciais para os concorrentes mais experientes, como o vencedor
do ano passado, ‘Chaleco’ López (2 vitórias em etapas), o vencedor de 2018,
Reinaldo Varela (2), o segundo classificado de 2019 Gerard Farrés (2) e o
penta vencedor nas motos, Cyril Despres (1), bem como Hildebrand Blade (2),
Mitchell Guthrie (2) e Aron Domżała (1). Mas por mais numerosos que fossem
os vencedores de etapas, cada um deles teve pelo menos um dia muito mau,
que acabou com suas esperanças de ganhar o Dakar.
Por outro lado, Currie, permaneceu consistente durante todo o rali e
assegurou a sua primeira vitória no Dakar, naquela que foi apenas a sua
segunda corrida ao volante do seu Can-Am no evento, batendo Sergey
Karyakin, que não venceu etapas, mas ficou feliz por terminar no pódio após
o seu triunfo na categoria em 2017. Conrad Rautenbach, navegado por Pedro
Bianchi Prata, terminaram o Dakar na quarta posição. Chegaram a estar a sete
minutos de um lugar no pódio, fizeram três terceiros lugares em etapas e o
quarto posto foi um bom prémio.

QUADS
REGRESSO DE IGNACIO CASALE

Depois de ter realizado um desempenho sem brilho na
categoria SSV no ano passado, Ignacio Casale decidiu voltar
à sua máquina de eleição, os Quads, e em boa hora o fez já
que foi como se o tempo não tivesse passado para o duplo
vencedor da prova na disciplina. Regressou, viu e dominou por
completo a prova. O chileno venceu quatro etapas, esteve no
pódio das tiradas nove vezes e terminou a prova com 18m24s
de avanço para o francês Simon Vitse.
Nunca teve verdadeira oposição, apesar dos esforços do duplo
vencedor de etapas, Simon Vitse e do compatriota chileno,
Enrico Giovanni. Casale matou o suspense ao apresentar um
nível intenso de consistência, terminando apenas uma vez
fora do top 4. Os 45 minutos desperdiçados em busca de um
waypoint durante a etapa 10 foram a única “lomba na estrada”
para o chileno, que passa a ter agora a ter as mesmas três
vitórias que Marcos Patronelli tem nos Quads.

12

ESPECIAL DAKAR 2020

A DHAISHTOÓNRDIAA
NO DAKAR

Passaram-se mais de 30 anos desde a última vez que a Honda tinha
ganho o Rally Dakar, mas em 2020, a equipa Monster Energy Honda
conseguiu levantar novamente o Tuaregue de bronze. Ricky Brabec fez
história ao tornar-se o primeiro piloto norte-americano a ganhar o rali
raid mais duro e cruel do mundo. Após oito anos de busca pela glória, o

sonho tornou-se agora realidade

Pedro Corrêa Mendes trouxeram uma dimensão de sucesso. piloto francês que ganhara as duas últimas Paris/Dakar continuava a aumentar, com
[email protected] Os participantes começaram a preparar edições numa Yamaha XT500. cada vez mais repercussão mediática e
Fotos Oficiais máquinas mais adaptadas às caracte- A moto escolhida pela Honda foi uma comercial, fazendo com que as marcas
rísticas da prova, para melhor poderem XR500, melhorada e equipada com um investissem mais na sua capacidade de
Ricky Brabec deu à Honda uma suplantar os obstáculos e dificuldades do depósito de grande capacidade e sus- vencer a prova.
vitória muito desejada. A Honda terreno. Rapidamente as próprias marcas pensões de grande curso. Chamaram-lhe A BMW manteve o seu esforço e investi-
voltou ao Dakar em 2013 após aceitaram o desafio e começaram a pen- 500XL por questões comerciais. mento que traduziu em três vitórias su-
23 anos de ausência e, após vá- sar em participar oficialmente. A primeira participação não correu bem cessivas em 1983 (Hubert Auriol), 1984 e
rias vitórias em etapas e dois Estamos a falar de um fenómeno que pelo fraco desenvolvimento da moto, mas 1985 (Gaston Rahier).
segundos lugares, ainda não envolvia, motos, carros e camiões, e a também pela experiência da BMW que Nesses três anos, a Honda conseguiu par-
tinha atingido a sua meta. Este ano de assistência era prestada pelos camiões já vinha perseguindo a vitória nos dois cos resultados atingindo o pódio apenas
2020, na sua oitava temporada, o suces- que participavam no rali e percorriam anos anteriores. Em 1981 a BMW, através por duas vezes, com um segundo lugar de
so finalmente chegou. todo o percurso. da BMW France voltou a inscrever três Patrick Drobecq em 1983 e um terceiro de
1978 foi o ano em que se iniciou a aven- Por vezes atrasavam-se e chegavam GS800 derivadas do modelo de série R80 Philippe Vassard em 1984.
tura do Dakar pelas mão do seu criador a horas tardias ao bivouac, obrigando a G/S que vieram a dominar os aconteci- A Honda não estava satisfeita com os
Thierry Sabine. O francês tinha-se perdido maratonas de trabalho pela noite fora. mentos, obtendo a vitória pelas mãos de resultados obtidos nestes seis anos de
no deserto da Líbia no ano anterior quando As exigências técnicas aumentaram para Hubert Auriol. Cyril Neveu classificou-se participação (1981 a 1985). A vitória de
disputava o rali Abdijan-Nice e depois de satisfazer a dureza e exigência da prova, apenas na 25ª posição, enquanto o seu 1982 não se repetira e a evolução téc-
ter sido encontrado e salvo, quando estava e foi necessário envolver meios e estru- companheiro, Philippe Vassard obteve nica das motos das marcas adversárias
quase às portas da morte, decidiu a parti- turas técnicas sofisticadas, para poder o oitavo lugar. já não permitia qualquer perspectiva de
lhar com o mundo a dimensão e a magia vencer o Dakar e beneficiar da imagem A Honda conseguiu a primeira vitória no vitória das XR, que a Honda utilizara nas
do deserto que quase o levou. positiva retirada de uma vitória, que se ano seguinte, em 1982, com Cyril Neveu suas participações.
A evolução do Paris/Dakar foi rápida e convertia em vendas comerciais con- em primeiro e Philippe Vassard em se- Havia que construir uma nova moto, de
muito mediática, tendo captado desde cretas para as marcas. gundo. raiz e foi em outubro de 1984 que o proje-
o início, o interesse de pilotos famo- A Honda decidiu iniciar a sua participação Parecia o início de um período de suces- to foi encomendado à HRC (Honda Racing
sos e pessoas aventureiras que lhe lhe oficial em 1981, contratando Cyril Neveu o so para a Honda, mas a importância do Corporation) o braço oficial da competição

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13

da fábrica no Japão. A equipa técnica da A equipa oficial da Honda France, com
HRC acompanhou a edição de 1985, para patrocínio da tabaqueira Rothmans ali-
melhor compreender as exigências do nhou com Cyril Neveu e Gilles Lalay, nas
projeto e iniciou o seu desenvolvimento, novas NXR 750, enquanto a Honda Itália
para que tudo ficasse pronto para a edi- alinhou vários pilotos entre os quais Edi
ção de 1986. Orioli, Andrea Balestrieri e Allessandro de
O caderno de encargos predefinia o de- Petri, mas ainda com as antigas XR600.
senvolvimento de uma moto que fosse A nova NXR 750 revelou-se uma máquina
pequena, leve, pouco cansativa, de ma- à parte, sem rivais, de nível técnico bem
nutenção fácil, manobrável em baixa ve- superior a todas as concorrentes e ob-
locidade mas estável em alta velocidade. teve os dois primeiros lugares do pódio,
Deveria ser munida de um motor potente, assim como o terceiro lugar obtido por
mas dócil, e de baixo consumo de com- Balestrieri numa XR600.
bustível e óleo. Em 1987 Cyril Neveu obteve mais uma
A máquina perfeita! Seria a HRC capaz de vitória para a NXR 750, mas o segundo
criar este milagre? lugar do pódio foi da XR600 de Edi Orioli.
Assim nasceu a mítica NXR 750, um ver- Só em 1988 é que a Honda Itália teve di-
dadeiro protótipo de competição com reito a duas NXR, agora já com 800cc e Edi
motor de duplo cilindro em V, de 750cc, Orioli venceu logo na estreia da sua nova
travão de disco à frente, 170kg peso em moto. Gilles Lalay venceu finalmente em
seco, sem arranque elétrico. 1989, ano em que a Honda decidiu afas-
tar-se dos ralis, e do Dakar. Seguiram-
SEGUNDA FASE: 1986-1989 se 25 anos de ausência de participações
oficiais Honda.
Depois da aprendizagem dos primeiros É importante compreender que o en-
cinco anos, a Honda estava pronta para volvimento das marcas na competição,
vencer com o novo modelo NXR 750.

14

prende-se normalmentecom objectivos
promocionais de vendas de determina-
dos modelos.
A participação da Honda no Dakar teve
como consequência o lançamento do mo-
delo Africa Twin, que veio preencher um
espaço no segmento das Dual-Sport, que
muito se desenvolveu na época. Um seg-
mento de motos de utilização mista (es-
trada/terra). A Africa Twin foi um modelo
de grande sucesso na altura e concorreu
essencialmente com as Yamaha Tenéré, e
de alguma forma também com as BMW
GS. A Honda Africa Twin foi comercializa-
da entre 1988 e 2003, mas a Honda con-
siderou não ser mais interessante a sua
participação na competição com motos
deste tipo, decisões que se enquadram na
política e estratégia da marca.
No Dakar, os anos 90 foram totalmen-
te dominados pela Yamaha que obte-
ve seis vitórias, sempre com Stéphane
Peterhansel, apenas com duas intro-
missões da Cagiva em 1990 e 94, pe-
las mãos de Edi Orioli. A BMW venceu
as edições 1999 e 2000 com o francês
Richard Sainct nas F650RR.
Depois a partir de 2001 entrou-se na
era KTM.

A TERCEIRA FASE HONDA: 2013 – 2020 que sim, a fiabilidade é francamente im- tam um nível elevadíssimo de concepção bem preparados para a vitória no Dakar.
portante e quem não a puder garantir, e construção das suas motos, munidas de Foi essa sim, a vantagem que a KTM con-
A KTM já trazia 11 vitórias consecuti- nem lá deverá estar. Mas a performance suspensões e componentes dos melho- seguiu face às suas rivais. Pois uma equipa
vas quando a Honda decidiu regressar das máquinas raramente é explorada no res fabricantes mundiais, todos de um ní- demora muitos anos a desenvolver-se e a
ao Dakar e ao campeonato do mundo de seu máximo potencial. vel qualitativo comparável e equilibrado. formar, e mesmo assim tudo pode falhar,
Cross Country Rallies. Estamos a falar de ralis que se dispu- Não são as motos que fazem os resulta- pois os humanos falham! Sim os pilotos
E porquê esta decisão de regressar? Será tam nas mais duras condições em pisos dos, mas sim um conjunto de circunstân- falham, erram, enganam-se e perdem.
que mais uma vez se prendeu com ques- extremamente irregulares, em que as cias, como a organização e capacidade São esses os factores que a Honda acei-
tões comerciais? O desenvolvimento do surpresas aparecem a cada minuto, e os de resposta da equipa e dos mecânicos, tou novamente enfrentar em 2013, pois a
segmento Adventure estava a esboçar obstáculos têm que ser suplantados um a destreza e coragem dos pilotos, a sua competição está no seu ADN.
tendências de forte crescimento. A KTM após o outro, até a linha de chegada. São preparação,oseuequilíbrio emocional,o
entrara nesse segmento em 1997 com muitos os factores que influenciam os re- seu grau de estímulo competitivo, a sua O GRANDE CALVÁRIO
o modelo Adventure 620. A BMW tam- sultados, quando mais de 25 pilotos com melhor adaptação a determinados tipos
bém foi apostando mais e mais neste tipo velocidade e destreza suficientes para de terrenos e condições, e a sorte! A equipa de 2013 era liderada pelo pilo-
de motos. E em 2016 a Honda lançaria a obter a vitória, se lançam para pista, em O melhor piloto ao longo dos tempos será to português Hélder Rodrigues, (3º clas-
nova Africa Twin! Será que a reentrada cada etapa, alternando posições consoan- aquelequevencemaisvezes?Certamente sificado nas edições de 2011 e 2012 do
da Honda em 2013 no Dakar e no mundo te a classificação da véspera, e tentando que sim, e a KTM conseguiu pela conti- Dakar), do argentino Javier Pizzolito e
dos rali raids, serviu como preparação à perder o menor tempo possível face às nuidade e regularidade das suas parti- do americano Johnny Campbell. No final
promoção da nova Africa Twin? dificuldades do terreno e da navegação. cipações, criar os melhores campeões e Hélder Rodrigues foi o 7º classificado e
Mas assim foi, a Honda HRC Team decidiu Entre as principais equipas oficiais inscri- dar-lhes condições ao longo do ano para Javier Pizzolito oitavo. Em 2014 a equipa
voltar a participar oficialmente no Dakar tas no Dakar, não existem motos melho- treinarem e participarem no maior núme- Honda HRC apresentou uma nova moto,
a partir da edição 2013, tendo como moto, res que outras. Todas as marcas apresen- ro de provas possível, para que estivessem construída de raiz.
a CRF 450 Rally, desenvolvida a partir do Joan Barreda, Paulo Gonçalves, e Sam
seu modelo de motocross o CRF 450X.
Lembrando-se da primeira experiência
em 1981, a Honda sabia que o caminho
até à vitória poderia ser longo. A KTM do-
minava com autoridade há 12 anos, com
muita experiencia acumulada, quer fos-
se na componente técnica, ou na gestão
dos seus pilotos.
E é precisamente esse o ensinamento que
uma equipa como a Honda HRC sabe reti-
rar duma experiência dura como o Dakar.
Não são só os argumentos técnicos que
contribuem para uma vitória. Certamente

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Sunderland juntaram-se a Hélder dade e fiabilidade. A equipa sofreu tam- esse momento. Laia Sanz foi nona, Hélder a equipa Monster Energy Honda Team
Rodrigues e Javier Pizzolito. Joan Barreda bém alterações sendo agora composta Rodrigues foi 12º e Barreda 17º. liderou os acontecimentos desde a pri-
venceu logo a primeira etapa, a primei- por Joan Barreda, Paulo Gonçalves, Hélder Em 2016, novas alterações na equipa meira etapa, em que Ricky Brabec ob-
ra da Honda HRC em 25 anos! No final Rodrigues, o chileno Jeremias Israel, e a levaram Hélder Rodrigues sair, assim teve o 2º lugar.
os melhores resultados foram de Hélder espanhola Laia Sanz. como Israel e Laia Sanz. Entraram Michael Um impressionante andamento nas eta-
Rodrigues (5º) e Joan Barreda (7º). Joan Barreda conseguiu manter-se no Metge, Ricky Brabec e Paolo Ceci. Uma pas em que saiu da frente, permitiram a
Apesar do mau resultado, a Honda asse- segundo lugar durante uma grande par- outra equipa, a Honda South africa ins- Brabec ser muito rápido enquanto nave-
gurou nessa edição seis vitórias num total te do rali, mas depois problemas técnicos creveu mais quatro CRF450 Rally. No fi- gava sem a ajuda dos rodados à sua frente,
de 13 etapas, o que estimulou a equipa e levaram-no a cair na classificação. Paulo nal Kevin Benavides foi 4º, Ricky Brabec e assim conseguiu perder pouco tempo
comprovou a qualidade da moto. Gonçalves levou a sua CRF450 Rally até ao 9º. Metge 11º para os seus adversários. Conquistou a
Em 2015 a CRF 450 Rally foi melhorada em segundo lugar, em Buenos Aires, naquela Em 2017 deu-se a entrada de um novo liderança da geral no final da etapa 3, e
termos de velocidade de ponta, estabili- que foi a melhor classificação da equipa até patrocinador a Monster Energy. Joan desde aí nunca mais a largou. Chegou a
Barreda foi quinto, Paulo Gonçalves, sexto ter mais de 25 minutos de vantagem so-
e Michael Metge, 14º. bre o segundo classificado.
No ano de 2018 a Honda esteve bem perto A Honda, como equipa, também mostrou
da vitória, com o segundo lugar de Kevin sempre ter estado a gerir a sua estraté-
Benavides, mas também com muitas de- gia com grande competência, chegando
sistências na equipa. a colocar quatro motos no top 5. Dominou
2019 foi um ano em que tudo correu mal. claramente os acontecimentos ao longo
Ricky Brabec liderava o rali no final da sé- de todo o rali, e foi claramente a equipa
tima etapa, com mais de sete minutos de mais forte em prova. No final conseguiu
vantagem, mas o motor da sua moto ce- um excelente resultado de conjunto: Ricky
deu na etapa 8, sendo forçado a desistir. A Brabec venceu, José Ignácio Cornejo, foi
vitória estava ali à mão. Kevin Benavides quarto, Joan Barreda, terminou em séti-
foi 5º e José Ignácio Cornejo 8º mo e Kevin Benavides foi 19º.
Valeu o esforço, a perseverança, a deter-
EM 2020 FINALMENTE A VITÓRIA! minação de toda a equipa, dos dirigentes
dos mecânicos e técnicos e dos pilotos.
Liderada pelo português, Rúben Faria, Um exemplo para todos.
e com Hélder Rodrigues na estrutura,

16

CARLOS SAINZ “HOUVE MUITO ESFORÇO NASSER AL-ATTIYAH
POR DETRÁS DESTAVITÓRIA…” “EM 2021 VOLTO PARAVENCER…”

Perto de completar 58 anos, Carlos Sainz vence o seu terceiro Dakar precisamente 30 Nasser Al-Attiyah venceu a última especial do Dakar, mas não foi suficiente para bater
anos depois de ter sido Campeão do Mundo de Ralis pela primeira vez, em 1990. Um feito Carlos Sainz. O catari levou a Toyota a mais um pódio e no final mostrou-se contente com o
absolutamente notável de um piloto que é cada mais uma lenda do desporto automóvel: trabalho realizado, deixando um aviso para 2021: “Estou muito feliz. Fizemos um excelente
“Estou muito contente. Houve muito esforço por trás desta vitória, muito treino. Começámos trabalho, apesar de dois ou três erros durante a prova. Estou feliz, mas para o ano vou voltar
a ganhar este Dakar logo no primeiro dia, foi logo andar a fundo. Como podem imaginar, para vencer. Só preciso de mais um pouco de sorte. A luta com o Carlos (Sainz) e Stéphane
estou muito feliz. Foi um Dakar difícil, tivemos grandes adversários no Nasser e no Stéphane (Peterhansel) foi dura. Havia três pilotos na frente da corrida dando tudo por tudo para
por isso estou orgulhoso desta vitória, com este novo carro. Um Dakar não se ganha sozinho, ganhar, foi muito bom, estivemos todos envolvidos numa grande corrida”, disse Nasser
por isso agradeço ao Lucas (Cruz) pelo seu grande trabalho. Penso que a chave desta vitória Al-Attiyah.
esteve no menor número de erros e andar sempre o mais rápido possível. O ritmo tem vindo
a aumentar na frente, há cada vez menos erros por parte de toda a gente e a segunda
semana foi perigosa, havia muitas armadilhas, era muito fácil cometer um erro” disse Sainz,
que, das três, não destaca uma vitória: “Cada uma foi diferente, mas esta é daquelas que
nos deixa orgulhosos”, prosseguiu Sainz, que ficou contente com o Mini Buggy: “O carro
esteve perfeito, não tivemos quaisquer problemas, não perdi tempo nenhum por causa dele”
concluiu Sainz que colocou agora a fasquia das vitórias no Dakar nos 57 anos: “Há que levar
em conta a idade, claro, mas o cronómetro é que faz a diferença...”. Touché, El Matador.

STÉPHANE PETERHANSEL
“AINDANÃO SEI SE FOI
O MEU ÚLTIMO DAKAR”

Stéphane Peterhansel e Paulo Fiúza, terminaram
o Dakar na terceira posição da geral. O francês
não cumpriu o objetivo, e agora deixa o futuro
em aberto: “Mais um Dakar terminado. Começou
mal quando a Andrea ficou de fora. Mas, no
fim, acabámos no lugar que merecíamos. Ainda
não sei se esta será o meu último Dakar, ainda
vou falar com a Andrea. As quatro vitórias em
especiais são um prémio de consolação e elas
mostram a nossa garra e a nossa velocidade.”

FERNANDOALONSO “ESTOU FELIZ POR
TERMINAR, SEVOLTAR, QUEROVENCER…”

Fernando Alonso estreou-se no Dakar primeira vez. Eu tive a sorte de estar
este ano e terminou a prova na 13º na equipa perfeita para o conseguir,
posição. O espanhol, que teve como a Toyota. A Fórmula 1 e o Dakar são
navegador Marc Coma, teve um Dakar totalmente diferentes. Se aqui consegui
positivo, dado o contexto. Bateu cedo ser competitivo e lutar pela vitória em
e perdeu 2h30, atrasou-se, mais tarde algumas etapas, consigo ser fazê-lo
capotou numa duna, e também o vimos também noutras categorias.” Quando
de joelhos, de ferramentas na mão a questionado se voltaria a repetir a
reparar o carro. Resumindo, desfrutou experiência, Alonso foi claro: “Agora
do Dakar em todo o seu esplendor, não quero pensar nisso. Estou feliz com
ganhando o respeito ainda de mais esta primeira participação e se voltar no
adeptos e observadores: “Estou feliz futuro, quero fazê-lo para vencer, para
por terminar o Dakar. É uma prova muito acrescentar mais uma vitória na minha
difícil. Todos os dias tivemos um desafio carreira. Tenho de ter a melhor equipa,
novo. Sei que existem pessoas que a melhor preparação e o melhor carro.
levam tempo a concluir o Dakar pela Mas acho que ainda não é a altura.”

WRCGUIA2020
APRESENTAÇÃO WRC 2020
EQUIPAS
PILOTOS
CALENDÁRIO
ENTREVISTAS
RALI DE PORTUGAL

18 WRC/
ANTEVISÃO

QUEM TEMMUNDIALDERALIS2020
OÁS DETRUNFO?
O Mundial de Ralis de 2020 arranca no fim de semana com o Rali de Monte Carlo. Numa época DANÇA DE CADEIRAS
em que se baralhou e voltou a dar, com os últimos dois campeões a trocarem de equipa, os
‘suspeitos’ são os do ‘costume’. Há menos um ‘naipe no baralho’, mas não vai faltar emoção… A primeira boa notícia é que ninguém faz
José Luís Abreu com Martin Holmes a mais pálida ideia, com todas as ‘trocas e
[email protected] baldrocas’ do defeso, do que vai acontecer.
FOTOS @World/André Lavadinho Nesta autêntica dança de cadeiras, quando
a música, cujo título era “Adeus Citroën”,
Já lá vai o tempo das ‘vacas gordas’ Hyundai e Toyota terão sempre, no mí- tos dois ralis. É este o ‘filme’ do WRC parou, sobraram só oito lugares para
no Mundial de Ralis, quando a com- nimo, três pilotos a correr, sendo que 2020. Não é o cenário ideal, mas não ocupar, dez se formos otimistas. Três na
petição apresentava seis equipas a Toyota irá ter quatro em pelo menos deverá faltar a frescura e emoção que Hyundai, três na Toyota e dois na M-Sport
oficiais. Este ano, ficou reduzida a seis provas. têm marcado a competição nos últi- Ford. Os outros dois são o quarto carro na
três. A Citroën decidiu sair, devi- Quanto à M-Sport/Ford, dois pilotos mos anos. Toyota para Takamoto Katsuta e o tercei-
do à nova estratégia ‘eletrificada’ estão garantidos a tempo inteiro, Gus E com a dança de cadeiras – já lá va- ro na M-Sport para Gus Greensmith. Ott
do Grupo PSA, que para já deu primazia Greensmith vai juntar-se-lhes em mos – a temporada deste ano tem tudo Tänak saiu da Toyota e foi para a Hyundai,
ao regresso da Peugeot no Endurance, nove desses ralis. para voltar a ser muito renhida, já que equipa que manteve Thierry Neuville, Dani
mas a Hyundai, Toyota e M-Sport/Ford Irá igualmente haver alguns progra- os acontecimentos de 2019 marcam Sordoe Sébastien Loeb,com osdoisúlti-
têm tudo para permitir que o WRC volte mas parciais, por exemplo para Jari- muito o que pode ser esta época de mos a partilharem o terceiro carro.
a ser uma disciplina interessante e muito Matti Latvala, com a Toyota, mas a 2020. Quer saber como? Vamos a isso! Sem o ‘seu’ campeão, Tommi Mäkinen
bem disputada. verdade é que para já só tem previs- mudou tudo, e não renovou os contratos de
Jari-Matti Latvala e Kris Meeke. Contratou
Sébastien Ogier, Elfyn Evans e foi bus-
car a jovem promessa, Kalle Rovanperä,
à Skoda.
Na M-Sport, Teemu Suninen continuou

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19

e um ‘barato’ Esapekka Lappi era bom tas complicam bem a equação de 2020. na Toyota. Ganhou 10 ralis em dois anos! Temos mesmo que esperar para ver, mas
demais para ser verdade. Quando Tänak saiu da Ford e foi para a A dúvida agora é: se ao trocar de equipa desconfiamos que Tänak está um de-
Agora, vamos ver como esta autêntica Toyota, muitos acharam que tinha feito vai manter a mesma bitola ou as coisas grau acima de Neuville e se não o provar
revolução fica no Parque de Assistência. mal, porque o Ford era um carro ganhador, vão sorrir melhor para Thierry Neuville, na primeira metade da época, prova-o
Ott Tänak vai para o seu terceiro carro em mas o estónio sabia o que estava a fazer. que já conhece perfeitamente a equipa, o na segunda.
quatro anos, Sébastien Ogier para o seu E provou-o nos dois anos em que esteve carro e tudo mais na Hyundai Motorsport. O belga vai voltar a ter uma época muito
quarto carro diferente em cinco tempora- forte, e o facto de ter um dos seus prin-
das, o mesmo sucedendo com Esapekka cipais adversários na luta pelo título na
Lappi.Maisimportantequepercebercomo equipa, tanto pode ser muito bom, como
lhes ficam as novas cores é como se es- muito mau. Se Tänak começa a batê-lo
tão a adaptar às novas equipas e carros. rapidamente, Neuville terá problemas,
mas, sinceramente, acreditamos que a
ANO NOVO, VIDA NOVA luta pode ser equilibrada. Lá está, a equa-
ção tem muitas incógnitas.
O ano passado por esta altura escreve- Por outro lado, Ogier foi para a equipa
mos na antevisão do WRC algo assim: “Cá que nos últimos dois anos mais ralis ga-
na casa não fazemos a 'coisa' por menos. nhou, a Toyota. Onze no total, face a sete
Atribuímos o favoritismo do WRC 2019 a da Hyundai e quatro da Citroën e da Ford.
Ott Tänak, sabendo que Sébastien Ogier Claro que, neste caso, sabemos que os pi-
e Thierry Neuville terão uma palavra a di- lotos têm muito a 'dizer' nesta questão. A
zer”. Sem tirar nem pôr. Tänak ganhou e Ford só ganhou porque lá teve Ogier (em
Neuville e Ogier lutaram quase até ao fim. 2019, nem um triunfo para a M-Sport). A
Agora, muito honestamente, com estas Citroën, quase. Portanto, Tänak e Ogier de-
trocas todas não é fácil fazer nova apos- vem continuar a ganhar nas novas equi-
ta. E isso é positivo. pas. Podem é não vencer tanto.
Obviamente, não nos enganaremos Como sempre, com o WRC a abrir com o
muito se dissermos que o trio que irá Monte Carlo e Suécia, aí não vamos per-
lutar pelo campeonato será o mesmo ceber na totalidade como poderá ser o
e não nos admiramos que o desfecho resto do campeonato, mas no México já
possa ser exatamente igual em termos teremos uma ideia bem melhor, com os
de ordem final, mas as novas incógni- pilotos mais adaptados às equipas e mais
feitos aos carros. Aí sim, as coisas come-
çam a definir-se e isto pode significar que
vai ser uma competição muito aberta.
De qualquer forma, acreditamos que difi-
cilmente a luta pelo título fugirá a Tänak,
Neuville e Ogier, pois o nível atingido por

WRC/
CAMPEONATO DO MUNDO DE RALIS

20

estes três pilotos está um bom bocado
acima dos restantes.

‘OUTSIDERS’ menos tem que fazer melhor do que em CALENDÁRIO DO WRC 2020
2019 e isso significa somente não ser tão REGRESSAM SAFARI EJAPÃO
Basta olharmos para as classificações dos irregular. Talvez nem repita o segundo lu-
dois últimos campeonatos para perceber gar da Sardenha de 2019. Gus Greensmith O calendário de 2020 do Mundial de Ralis é um dos mais diversificados do passado
que a Toyota pode ter feito uma excelente tem mais nove ralis para mostrar que se recente. Regressam os ralis Safari, Japão e Nova Zelândia, ficando de fora face a
operação ao contratar Elfyn Evans, pois o pode fazer um bom piloto de WRC, ‘coisa’ 2019, Córsega, Espanha e Austrália. Devido à situação política do Chile, a prova
galês é o piloto que mais perto está de se que ainda não é. deste ano foi cancelada, e por isso o Rali da Argentina realiza-se um pouco mais
chegar ao trio da frente. Jari-Matti Latvala Falta ainda falar de Kalle Rovanperä. cedo do que o inicialmente previsto. A primeira grande novidade é o regresso
e Kris Meeke saíram da Toyota porque Estreia-se no WRC, e espera-se muito do Rali Safari. Com base em Nairobi, será muito provavelmente um dos eventos
não confirmaram o que prometiam. O dele. Se calhar espera-se demais para mais difíceis da temporada. Após 18 anos fora do calendário, os World Rally Car
finlandês é irregular há muito, o britâni- o que pode fazer já em 2020. Até aqui, regressam a uma prova cujas ‘estradas’ ajudaram a criar a lenda do WRC. Por falar
co, é muito rápido, mas muito regular a para ele, tudo foi ‘peanuts’. Mas agora em estradas lendárias, regressa também o Rali da Nova Zelândia. Com base em
ter acidentes. Demasiado. não vai ser. Agora é que tem de mostrar North Island, será uma das provas mais interessantes do ano, do ponto de vista
Em resumo, acreditamos que quando se tem fibra de campeão, o que acredita- dos pilotos. O Rali do Japão marca o encerramento da temporada, naquela que
se adaptar ao carro, se tudo correr bem, mos ter, mas tem que a mostrar. Será um será a segunda prova de asfalto do ano, depois da Alemanha. Disputado na zona de
Evans vai fazer pódios e provavelmente dos pilotos no qual vamos ter mais aten- Aichi, cidade a cerca de 250 Km de Tóquio, esta será uma nova tentativa de fazer
vencer. Mas não acreditamos que lute ção. Próximo finlandês a ser Campeão do ‘vingar’ o WRC no Japão, isto numa altura em que se fala do regresso da Subaru em
pelo título. Mundo de Ralis lá para 2023/24? Daqui a 2022. A competição inicia-se, como habitualmente em Monte Carlo, seguindo-se a
Outro caso estranho é o de Andreas um ano já lhe diremos mais alguma coisa Suécia que está neste momento a ‘viver’ problemas com a falta de neve. Seguem-
Mikkelsen. Todos lhe auguravam, quan- quanto a isso... se oito provas em pisos de terra, entre elas o Rali de Portugal, com a competição a
do estava na VW, um futuro melhor do que A Toyota vai também dar oportunidade terminar com duas provas de asfalto, com a lama da Grã-Bretanha pelo meio.
o que tem tido. Teve enormes dificuldades a Takamoto Katsuta no WRC, mas sendo
em lidar com a nova era do WRC, de 2017 um piloto razoável, não parece que seja
para cá, e a prova disso é que a época ar- desta que o Japão consegue ter um piloto
ranca sem ele. Acreditamos que se Lappi para lutar no top 5. E não estamos a falar
não tivesse um dote tão interessante, de 2020. Mas sim de 2025!
Mikkelsen seria o escolhido de Malcolm A grande questão do ano é: Será que Ogier
Wilson, mas Lappi ainda tem margem consegue ser Campeão no ano da despe-
para fazer melhor do que tem feito. Tem é dida? Têm a palavra Ott Tänak e Thierry
que o provar com resultados e na M-Sport Neuville.
está na equipa perfeita para isso, já que a
pressão é muito pouca e qualquer vitória
é uma dádiva. Caso seja capaz.
Esapekka Lappi vai dar vitórias à Ford?
Esta é uma grande questão para 2020. Não
nos parece. Na Citroën foi difícil vê-lo con-
tente, portanto, pode ser que recupere a
alegria que chegou a ter em 2018, mas que
depressa perdeu. Das duas uma, ou exige
demasiado de si próprio e está frustrado
por não conseguir mais, ou já percebeu
que não dá mais que aquilo. Este ano será
uma boa oportunidade para se perceber
“quem é Esapekka Lappi?”
Ainda não falámos de Sébastien Loeb
e Dani Sordo. Basicamente vão fazer os
mesmos papéis dos últimos anos, e, nes-
se capítulo, qualquer um deles é capaz, no
fim de semana ‘certo’, de vencer um rali.
Loeb até mais do que isso.
Na M-Sport, Teemu Suninen tem ‘pati-
nado’ um pouco e não evoluiu o que se
pensava dele. Mas dizia-se o mesmo de
Tänak há uns anos e agora veja-se. Pelo

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21

YVES MATTON

O orador convidado troços. Garantir que isso transita para a próxima
no dia da abertura geração é um desafio?
do Autosport Show, “Sim é um desafio, mas também diria que será
em Birmingham, foi um grande carro para pilotar, e é isso que todos os
o Diretor de Ralis da pilotos me têm dito. Será um grande carro também
FIA, Yves Matton, para os adeptos. Mas é verdade que aumentámos o
que deu a todos nós custo entre este carro atual e o anterior, e, talvez,
uma visão dos dois se tivermos perdido algo tenha sido o facto de que
primeiros anos do seu o custo operacional deste WRC de agora ser muito
trabalho. Falou-se do alto para ter Gentleman Drivers que sejam capazes
futuro do WRC, do novo de o usar, e isso é algo que nós temos de ter em con-
carro para 2022, mas sideração para a próxima geração de carros. Temos
também da vontade de um objetivo, que é ter 20 carros de fábrica em cada
a FIA criar condições prova do Campeonato do Mundo de Ralis no futuro.
para descobrir jovens Ok, sabemos que isso não será feito em um ou dois
anos, a meta são cinco anos, e para isso precisamos
“talentos para os ralis. de encontrar soluções para ter alguns pilotos não
SERÁ DIFÍCIL TER profissionais para pilotar os novos carros, no futuro.”
UMANOVAEQUIPAEM 2022, Os regulamentos de 2022 foram claramente conce-
MAS A HYUNDAI CONSEGUIU bidos para serem atraentes para novos fabricantes.
Qual é o interesse? Tem falado com alguns fabri-
José Luís Abreu com Martin Holmes que tipo de carro quer promover, por isso precisa- cantes novos, acha que vamos ver alguns novos
[email protected] mos de lhes dar alguma flexibilidade a esse nível.” ‘players’ na grelha quando chegarmos a 2022?
FOTOS @World/André Lavadinho Com o novo regulamento vem também um custo ex- “Alguns fabricantes estão a seguir o que estamos a
tra. Malcolm Wilson, ‘chefe’ da M-Sport, expressou fazer. Penso que agora o próximo passo será quan-
Possivelmente no topo da sua agenda neste recentemente preocupações reais sobre o custo da do tivermos o regulamento técnico completo para
momento estão os regulamentos dos novos próxima geração, com carros de ralis potencialmente lhes mostrar. A tecnologia híbrida faz sentido para
carros para 2022. É um passo na direção a custar um milhão de euros. Como é que isso se muitos deles. Temos alguns que realmente querem
certa para os ralis, passarem a híbridos. coaduna com o que acabou de dizer, que os ralis são estar envolvidos nos ralis, porque também pensam
Acha que é suficiente? para amadores, e fabricantes. Corre-se o risco de que os ralis são uma boa ferramenta de marketing,
“Acho que é suficiente. Ok, primeiro temos que os custos se tornem proibitivos em termos de mas penso que será difícil ter uma nova equipa em
que falar sobre o Mundial de Ralis. O Campeonato do desenvolvimento do campeonato? 2022, porque já estamos em 2020.
Mundo é para profissionais e amadores, isso faz e “Com certeza é onde podemos chegar, com um carro Os novos fabricantes com quem estamos a falar,
sempre fez parte do ADN dos ralis, e os ralis têm de a custar um milhão de euros. Mas posso dizer-vos eu diria que eles não têm por enquanto a estrutura
ser feitos com alguns carros dos fabricantes e tam- que estamos a trabalhar com os fabricantes para para fazer algo.
bém alguns carros de pilotos amadores e privados. ficarmos longe disso. Isso faz parte do trabalho que Mas vimos no passado o que a Hyundai foi capaz de
Para termos fabricantes envolvidos no campeonato, estou a fazer com os chefes de equipa. Eu diria que fazer em dois anos, portanto não é impossível, mas,
precisamos de ter carros híbridos, caso contrário há dois níveis de trabalho. Um são os engenheiros e honestamente, é bastante difícil. Mas tenho a certeza
eles deixam de estar interessados, pois para eles o pessoal técnico que está a trabalhar na especifi- que com este novo regulamento teremos alguns dos
os ralis são uma ferramenta de marketing. cação do carro, não se preocupando realmente com que estão agora à volta da mesa interessados.”
Penso que estamos perto agora, o principal foi votado o que vai custar no final. E depois são as pessoas
pelo Conselho Mundial da FIA em dezembro. Acho que os vão ter que pagar. O dinheiro não sai do
que o novo regulamento é um bom compromisso bolso dos Chefes de Equipa, mas eles têm que ir às
para permitir, primeiro, as tecnologias que eles suas administrações para ter o orçamento. Posso
querem apresentar, mas também para permitir dizer-vos que estamos a trabalhar arduamente
que diferentes tipos de carros estejam presentes. com todos os Chefes de Equipa para tentar ter um
Eu diria que há 10 anos era bastante fácil entender carro que finalmente estará perto do que temos
o que era um carro do segmento B, e o que era um neste momento”.
carro do segmento C. Hoje em dia, cada fabricante A atual geração de World Rally Cars tem tanto de
tem a oportunidade de ter a sua própria visão sobre bom: a aparência, a potência, o espetáculo nos

WRC/
CAMPEONATO DO MUNDO DE RALIS

22

NOVOS

REGULAMENTOS

Não existiram este ano grandes dos carros que competem no WRC Júnior. carro que custa cerca de 75.000€. de velocidades sequencial, suspensão
mudanças nos regulamentos do WRC, mas Os motores não turbo podem ter 1600 Por fim o ‘Rally 5’, os R1 atuais, como melhorada, mas com motores e travões
há um significativo, que, basicamente, cc de cilindrada, mas o Fiesta R2 da por exemplo o Ford Fiesta R1 da M-Sport, de série. O custo destes carros está
passa pela simplificação das categorias M-Sport mantém um motor de um litro, que oferece cerca de 150 cv a partir de fixado em valores que rondam os
de carros de Ralis, a tão propalada que oferece cerca de 200 cv. Suspensão um motor turbo de um litro (pode ser 40.000€, e será a forma mais barata de
‘Pirâmide de Ralis da FIA’. Assim, o e travões são mais desenvolvidos num motor atmosférico até 1400 cc), caixa entrar nos ralis do mundial.
topo dos ralis passa a ser denominado
‘Rally 1’. É onde correm os World Rally
Cars atuais, construídos sob as regras
introduzidas em 2017. O segundo nível
será o ‘Rally 2’, e aqui irão competir os
construtores e equipas profissionais
independentes com os R5, no WRC 2. O
‘Rally 3” será igualmente para R5, mas de
equipas privadas, e a competição será o
WRC 3. Portanto, como se percebe, os R5
dividem-se entre WRC 2 e WRC 3. Carros
iguais, profissionais de um lado, privados
do outro.
A ‘Rally 3’ será o novo carro de ralis da
FIA, de baixo custo mas tração às quatro
rodas. Só lá mais para a frente iremos
ouvir falar dela.
Basicamente, será qualquer coisa como
os R2 atuais mas com tração total e baixo
custo, segundo a FIA, inferior a 100.000€.
O ‘Rally 4’, cujo Peugeot 208 Rally4 é o
exemplo mais recente, é conhecido neste
momento como R2, esta é a especificação

ADEUS SKODA, OLÁHYUNDAI

A grande novidade desta temporada num programa que também inclui
do WRC 2 - os ‘profissionais’ dos R5 a Suécia, Portugal, Itália, Finlândia,
- é que a equipa campeã dos últimos Alemanha, Grã-Bretanha e Japão: “É
anos, a Skoda Motorsport, não marca ótimo continuar. Trabalhámos muito
presença na competição, depois dos no desenvolvimento do carro no ano
seus responsáveis terem optado por passado, nomeadamente no que diz
suportar melhor os seus mais de 300 respeito aos travões, suspensão e
clientes. Não há Skoda, mas há Hyundai desempenho do motor e isso pode dar-
(numa parceria entre Markko Martin e nos alguma vantagem em 2020.”
Ott Tänak), que pela primeira vez irá ter A Hyundai Motorsport confirmou
equipas oficiais no WRC 2. uma equipa de dois carros para Ole
A Citroën Racing saiu dos ralis a nível Christian Veiby e Nikolay Gryazin. Tanto
oficial, mas deixa ‘herança’, já que a PH o norueguês como o russo vão competir
Sport vai recolocar o Citroën C3 R5 na em pelo menos oito provas nos mais
estrada. evoluídos i20 R5, começando já em
Por fim, a M-Sport, que sempre apoiou Monte-Carlo. A RedGrey Team, sediada
pilotos. Em Monte-Carlo o WRC 2 na Estónia e dirigida pelo ex-piloto da
arranca com dois Ford, dois Hyundai e Subaru, Ford e Peugeot no WRC, Markko
um Citroën. Märtin, vai gerir a operação. Adrien
Mads Ostberg, que terminou em Fourmaux e Rhys Yates juntam-se à
segundo no WRC 2 Pro o ano passado, M-Sport/Ford no WRC 2. O francês chega
atrás de Kalle Rovanperä, está de esta temporada ao WRC 2 depois de
regresso, agora com um carro gerido ganhar a competição para descoberta
pela PH Sport, equipa que tem o de talentos, o Rallye Jeunes (França) em
apoio da Citroën Racing. Vai fazer oito 2016. Já Yates vai disputar oito provas.
provas, começando já em Monte-Carlo, Ambos começam já em Monte-Carlo.

HYUNDAI SHELLMOBIS WRT >> autosport.pt

#11 #8 #6 23

#9

THIERRY OTT DANI SÉBASTIEN
NEUVILLE TANAK SORDO LOEB

IDADE 31 ANOS IDADE 31 ANOS IDADE 36 ANOS IDADE 45 ANOS

PAÍS BÉLGICA PAÍS ESTÓNIA PAÍS ESPANHA PAÍS FRANÇA

NAVEGADOR NICOLAS GILSOUL NAVEGADOR MARTIN JÄRVEOJA NAVEGADOR CARLOS DEL BARRIO NAVEGADOR DANIEL ELENA

PARTICIPAÇÃO 97 PARTICIPAÇÃO 105 PARTICIPAÇÃO 167 PARTICIPAÇÃO 178

PRIMEIRA RALI CATALUNHA 2009 PRIMEIRA RALI DE PORTUGAL 2009 PRIMEIRA RALI DA CATALUNHA 2003 PRIMEIRA RALI DA CATALUNHA 1999

VITÓRIAS 12 VITÓRIAS 12 VITÓRIAS 2 VITÓRIAS 79

2º LUGAR 13 2º LUGAR 8 2º LUGAR 25 2º LUGAR 29

3º LUGAR 15 3º LUGAR 6 3º LUGAR 19 3º LUGAR 10

MELHOR CLASSIFICAÇÃO 1º MELHOR CLASSIFICAÇÃO 1º MELHOR CLASSIFICAÇÃO 1º MELHOR CLASSIFICAÇÃO 1º

TOTAL PÓDIOS 40 TOTAL PÓDIOS 26 TOTAL PÓDIOS 46 TOTAL PÓDIOS 118

PONTOS 1220 PONTOS 870 PONTOS 1124 PONTOS 1719

DESISTÊNCIAS 14 DESISTÊNCIAS 18 DESISTÊNCIAS 22 DESISTÊNCIAS 22

TITULOS 0 TITULOS 1 (CAMPEÃO MUNDO RALIS 2019) TITULOS 1 (MUNDIAL JÚNIOR WRC 2005) TITULOS 1 (MUNDIAL S1600/2001,

9 TÍTULOS WRC, 2004 A 2012)

EQUIPA

A Hyundai construiu este ano uma equipa ainda e construtores. Sabemos que a ferocidade da dúvida, uma das equipas mais fortes do WRC,
mais forte, com um recém-chegado de luxo, competição permanecerá intensa, por isso com o Thierry, Ott, Dani e Sébastien, e eu estou
Ott Tänak, que se junta a Thierry Neuville, Dani temos de ter a certeza que o nosso pacote tremendamente concentrado no trabalho que
Sordo e Sébastien Loeb. Apesar de ter vencido técnico é tão forte quanto possível. Temos, sem há para fazer.”
o Mundial de Construtores pela primeira vez na
sua história, Andrea Adamo e os seus pupilos
querem mais, e a equipa vai agora atacar
também o título de pilotos. Reduzindo
a questão à matemática, ficam com
66% de hipóteses de o conseguir,
sendo que tanto Loeb quanto
Sordo são pilotos para vencer um
ou outro rali. Vamos ver é como
Adamo vai gerir os seus dois
pilotos de ponta a lutarem por
vitórias e pelo título, mas, como
se viu até aqui, o italiano não se
atemoriza com este tipo de desafios.
De resto, o Hyundai i20 WRC sofreu algumas
evoluções, que incluem a mudança de local
do escape. O difusor traseiro também foi
remodelado.
Para Andrea Adamo: “Tivemos um grande
sucesso em 2019, mas agora começa tudo do
zero. O nosso objetivo é claro: lutar pela vitória
em cada prova e tentar os títulos de pilotos

WRC/ #18
CAMPEONATO DO MUNDO DE RALIS

24 TOYOTAGAZOO RACING WRT

#17 #33 #69

SÉBASTIEN ELFYN KALLE TAKAMOTO
OGIER EVANS ROVANPERA KATSUTA

IDADE 36 ANOS IDADE 31 ANOS IDADE 19 ANOS IDADE 26 ANOS

PAÍS FRANÇA PAÍS PAÍS DE GALES PAÍS FINLÂNDIA PAÍS JAPÃO

NAVEGADOR JULIEN INGRASSIA NAVEGADOR SCOTT MARTIN NAVEGADOR JONNE HALTTUNEN NAVEGADOR DANIEL BARRITT

PARTICIPAÇÃO 149 PARTICIPAÇÃO 86 PARTICIPAÇÃO 20 PARTICIPAÇÃO 23

PRIMEIRA RALI DO MÉXICO 2008 PRIMEIRA RALI DA GRÃ-BRETANHA 2007 PRIMEIRA GRÃ-BRETANHA 2017 PRIMEIRA FINLÂNDIA 2016

VITÓRIAS 47 VITÓRIAS 1 VITÓRIAS 0 VITÓRIAS 0

2º LUGAR 19 2º LUGAR 4 2º LUGAR 0 2º LUGAR 0

3º LUGAR 13 3º LUGAR 4 3º LUGAR 0 3º LUGAR 0

MELHOR CLASSIFICAÇÃO 1º MELHOR CLASSIFICAÇÃO 1º MELHOR CLASSIFICAÇÃO 6º (PORTUGAL 2019) MELHOR CLASSIFICAÇÃO 10º (ALEMANHA 2019)

TOTAL PÓDIOS 79 TOTAL PÓDIOS 9 TOTAL PÓDIOS 0 TOTAL PÓDIOS 0

PONTOS 2185 PONTOS 506 PONTOS 22 PONTOS 1

DESISTÊNCIAS 14 DESISTÊNCIAS 15 DESISTÊNCIAS 2 DESISTÊNCIAS 0

TITULOS 6+1 (WRC PILOTOS 2013-2017 TITULOS 1 (MUNDIAL JÚNIOR WRC 2012) TITULOS 1 (CAMPEÃO MUNDO RALIS WRC2 2019) TITULOS 0

+MUNDIAL JÚNIOR WRC 2008)

EQUIPA

A Toyota viu sair o ‘seu’ Campeão, Ott Tänak, na temporada passada, mas estamos sempre confiante que os nossos novos pilotos se
mas pouco ficou a perder com a troca, já que a trabalhar para fazer melhorias e nesse sentirão rapidamente confortáveis e que
passa a ter Sébastien Ogier na equipa. Não contexto vamos entrar nesta temporada com podemos apontar alto novamente nesta
é uma aposta de futuro, mas para ‘reagir’ um carro mais leve e mais potente. Estou temporada.”
no imediato ao ‘Dream Team’ da Hyundai é
uma movimentação perfeita, sendo que ao
lado do francês vai estar Elfyn Evans, um
piloto que é capaz de ganhar ralis. Por
fim, a jovem esperança, o finlandês
Kalle Rovanperä, piloto que muitos
acreditam ser o próximo finlandês
a ser Campeão do Mundo de Ralis.
Também o ‘estagiário’ da Toyota,
Takamoto Katsuta, terá um
programa de seis provas com
um WRC. Espera-se que a Toyota
dê grande luta à Hyundai, já que,
ao fim ao cabo é a equipa que mais
tem ganhado ralis nos últimos dois anos.
Resta saber como se adaptam Ogier e Evans
a uma nova realidade. No Rali da Suécia
haverá um quarto Yaris WRC para Jari-Matti
Latvala, mas esta será uma participação
esporádica. Para Tommi Mäkinen: “Por fora, o
nosso carro parece similar, foi um conjunto
que foi forte em muitas condições diferentes

CMI-TSRPOOËRNTTFOTRADLWRT >> autosport.pt

25

#3 #4 #44 EQUIPA

TEEMU ESAPEKKA GUS A M-Sport vai tentar fazer em 2020 o que
SUNINEN LAPPI GREENSMITH não conseguiu fazer no ano passado.
Vencer provas. Com os pilotos mais
IDADE 25 ANOS IDADE 28 ANOS IDADE 23 ANOS fortes todos concentrados nas outras
duas equipas, Malcolm Wilson e ‘sus
PAÍS FINLÂNDIA PAÍS FINLÂNDIA PAÍS GRÃ-BRETANHA muchachos’ decidiram manter Teemu
Suninen e contrataram Esapekka Lappi,
NAVEGADOR JARMO LEHTINEN NAVEGADOR JANNE FERM NAVEGADOR ELIOTT EDMONSSON um bom piloto, mas que ainda não se
afirmou definitivamente no WRC. Gus
PARTICIPAÇÃO 53 PARTICIPAÇÃO 55 PARTICIPAÇÃO 4 Greensmith é o terceiro piloto e tem
previstas nove provas. Ao trio não será
PRIMEIRA RALI DA FINLÂNDIA 2014 PRIMEIRA RALI DA FINLÂNDIA 2011 PRIMEIRA RALI DA CATALUNHA 2019 fácil fazer muito melhor do que o ano
passado, ainda que a má prestação da
VITÓRIAS 0 VITÓRIAS 1 VITÓRIAS 0 equipa também se deva muito ao facto
de Elfyn Evans ter ficado vários meses
2º LUGAR 1 2º LUGAR 3 2º LUGAR 0 de fora. Será curioso perceber se Lappi
conseguirá fazer melhor do que fez em
3º LUGAR 1 3º LUGAR 3 3º LUGAR 0 2019. Obter vitórias não será nada fácil à
M-Sport/Ford. Para isso contam com um
MELHOR CLASSIFICAÇÃO 2º MELHOR CLASSIFICAÇÃO 1º MELHOR CLASSIFICAÇÃO 9º Ford Fiesta WRC com um motor evoluído,
mas só no segundo trimestre da época:
TOTAL PÓDIOS 2 TOTAL PÓDIOS 7 TOTAL PÓDIOS 0 “Quando chegar teremos mais potência,
binário e maneabilidade”, disse Wilson,
PONTOS 180 PONTOS 292 PONTOS 11 que concede não ser possível à equipa
lutar pelos Construtores: “Não vamos
DESISTÊNCIAS 5 DESISTÊNCIAS 11 DESISTÊNCIAS 2 ter três pilotos em todas as provas, mas
vamos apontar para alguns eventos que
TITULOS 0 TITULOS 1 (MUNDIAL WRC2 2016, CAMPEÃO ERC 2014) TITULOS 0 podemos vencer. De resto, vamos voltar
às nossas raízes, tendo uma equipa muito
jovem, e voltamos a ter dois finlandeses de
volta à família. Tivemos alguns resultados
fantásticos com o Marcus (Grönholm),
Mikko (Hirvonen) e Jari-Matti (Latvala), e
agora estou ansioso para ver como se irá
desenvolver esta próxima geração.”

E/26 ABANDONAPROODTECMROSANDREAADAMOHYUNDAIMOTORSPORT SE
ENTREVISTA

José Manuel Costa AS COISAS NÃO MUDAREM
[email protected] Andrea Adamo será, por ventura, uma das personagens mais interessantes do Mundial
de Ralis, não só pelo seu estilo descontraído e brincalhão, mas sobretudo pelas suas
Acordaràs3damanhãparaapa- convicções, pelo seu compromisso e pela ambição bem controlada que impede a Hyundai
nhar um avião é sempre um
exercício complicado, mas ter a Motorsport de dar “o passo maior que a perna”
oportunidade de conhecer, por
dentro, a Hyundai Motorsport ceu muito nesses anos.” A família, claro, desafio e no final de 2015 um telefonema eu, mas com alguém para cuidar do de-
e o seu responsável máximo, desejava que fosse um advogado ou um mudou tudo. “A Hyundai Motorsport con- partamento de clientes, o Andrew Jones.
Andrea Adamo, justificou a soneira com médico, mas a competição automóvel tactou-me na altura para abraçar um novo Isso permite-me sair daqui mais cedo, às
que entrei no Airbus da Lufthansa e roncar marcou-o de forma decisiva e aos 14 anos projeto, no qual teria maior amplitude de oito da noite (risos)!”
durante mais de duas horas no desconfor- “decidi que queria ser um engenheiro funções e uma missão clara: implemen- Tudo isto porque o ano passado, “assim
tável banco do A320 Neo. Quando, final- mecânico dedicado à competição. Estive tar de forma cabal a Hyundai Motorsport quando ninguém estava à espera”, Andrea
mente, cheguei à Carl Zeiss Str., na cida- numa escola profissional antes de ir para Customer Racing.” Adamo ficou como o responsável máxi-
de de Alzenau, e entrei portas adentro da a universidade, em Turim, para estudar mo da Hyundai Motorsport, depois da
Hyundai Motorsport, senti-me em casa. engenharia mecânica.” O DESAFIO HYUNDAI MOTORSPORT saída de Michel Nandan, o responsável
Culpa, claro, da Nicoletta Russo, a respon- O seu percurso académico foi imaculado da equipa do Mundial de Ralis desde 2013.
sável de relações públicas e imprensa da e, ainda como estudante, já trabalhava Andrea Adamo lembra-se que quando “Ninguém estava à espera que isso suce-
divisão desportiva da casa coreana e filha como colaborador na Abarth na área dos chegou “eramos apenas três pessoas e desse e organizar tudo de um dia para o
de Ninni Russo, um nome muito conheci- ralis e da velocidade. “É verdade, e estive o foco estava no programa R5. Tivemos outro não é tarefa fácil. Foi um ano muito
do do mundo dos ralis por ter sido um dos em Portugal para a prova portuguesa do de criar a Hyundai Motorsport Customer complicado, em que tive de reorganizar as
mais importantes elementos da equipa Mundial de Ralis no início dos anos 90 mais Racing do zero, construindo e desenvol- coisas e manter a equipa focada e moti-
oficial Lancia dos anos 80. Uma portugue- que uma vez.” Lá fui, uma vez mais, aos vendo um carro para homologar num vada para lutar pelos títulos no Mundial
sa (da parte da mãe, irmã do piloto portu- arquivos da memória e tentei reconhecer curto espaço de tempo. Por outro lado, de Ralis. Nesta reorganização, que colo-
guês João Santos) que saiu da Motorsport a face. Não estava fácil ate que Andrea tivemos de construir uma base de clien- cou o Andrew Jones a cuidar da divisão
Italia – onde esteve o Armindo Araújo – Adamo me diz, “mas nessa época tinha tes de forma muito rápida. Foi um obje- clientes, não fiquei com menos trabalho,
para a Hyundai Motorsport. cabelo grande e usava óculos.” tivo muito duro e ambicioso, mas conse- pois quero sempre saber de tudo e man-
Eu que tive o privilegio de conhecer Ninni Cumpridos os estudos, ficou na Abarth guimos. E desde que juntámos o muito ter tudo controlado, mas deixei de ser o
Russo ali em Alfragide quando a equipa e foi para a divisão que cuidava da par- bem-sucedido programa TCR, estamos funil por onde tinham de passar todas as
Lancia vinha ao Rali de Portugal e o meu ticipação da Alfa Romeo no DTM, como a conseguir construir uma sólida repu- decisões”, explicou o italiano.
querido e saudoso pai usava a prerroga- engenheiro estagiário de aerodinâmica, tação para a Hyundai, a nível global, no Mas foi mais longe, lembrando que no
tiva de ali trabalhar, para me levar a ver antes de passar para os Turismos com o que toca à competição.” “desporto automóvel, para vencer, tens
os carros. Confesso que, ao olhar para a 156. Foi durante algum tempo engenheiro E o italiano lembra que foram tempos de ser flexível e rápido nas decisões. Com
Nicolleta, vejo o pai, e recuo com saudade de pista de equipas italianas e espanho- “muito duros, que ficaram piores quando o Andrew a cuidar dos clientes, ganhei
e prazer aos tempos em que era garoto e las em campeonatos de super turismos. me entregaram a responsabilidade de ser essa rapidez de decisão e isso ficou evi-
queria, um dia, fazer parte daquela festa. Manteve-se no grupo Fiat até que em o CEO da Hyundai Motorsport. Os meus dente na temporada que fizemos.” Além
Apesar deste conforto lusitano logo à 2008 decidiram reduzir a sua participa- dias tornaram-se longos e raramente saía de que, passa a ser tempo para “olhar para
entrada, o rigor germânico obrigou ao ção no desporto automóvel. “A Abarth daqui antes das nove da noite. Mas, en- o futuro, pois no desporto automóvel há
registo da entrada e à impressão de car- prometia isto e aquilo, que fariam muitas tretanto, separei as várias divisões, com sempre coisas a mudar, nomeadamen-
tões de identificação para tudo ficar re- coisas, mas a verdade é que nada arran- o mesmo responsável máximo, que sou
gistado. Estava chegada a hora de entrar ca ou andava para a frente e decidi sair.”
no “santuário” da Hyundai Motorsport e Foi nessa época que se tornou consultor
nas suas duas grandes áreas de trabalho: de várias empresas e acabou a desen-
competição cliente e Mundial de Ralis. volver o Lotus Exige R-GT, comissiona-
do por Claudio Berro, na época respon-
QUEM É ANDREA ADAMO? sável pela competição no grupo Lotus.
Bernando Sousa fez parte desse proje-
O pai foi comissário técnico da federação to que acabou por não ir a lado nenhum
italiana de desporto automóvel e a família devido à falta de dinheiro para desenvol-
esteve sempre ligada à competição, pelo ver o carro. Esteve na N Techonology de
que o jovem Andrea bebeu golfadas de au- Mauro Sipsz e Monica Bregoli, a formação
tomobilismo que o foram entusiasmando italiana que era a responsável pela ativi-
e formado o seu desejo para o futuro da dade desportiva da Fiat (Turismos com
sua vida. “Tinha de ter boas notas pois só os 156, ralis com o Punto S2000, Fórmula
assim poderia ir com o meu pai ver ralis Master, entre outros...), altura em que en-
e não me esqueço das saídas para ir ver trou para a Honda e trabalhou no projeto
um rali. Lembro-me das discussões entre WTCC até 2015.
o meu pai e primo dele, com o meu pai a A sua carreira necessitava de um novo
defender a Fiat, o primo a Lancia, via-os
a fazer o farnel para irem ao Sanremo ou
ao Monte Carlo, cresci a ler a Autosprint e
depois a Rombo, pelo que a paixão cres-

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27

Construtores. Fomos em 2019 e isso dei-
xou-nos, a mim e à Hyundai, muito satis-
feitos, e é isso que queremos repetir.” Mas
a contratação de Ott Tänak não é um passo
rumo a isso? Com um sorriso maroto re-
plicou: “Sabes, estatisticamente é possível
convidar para jantar a Gwyneth Paltrow,
mas sem um contacto para a convidar é
impossível que isso suceda. Já com um
telefone ou um email, as probabilidades
aumentam, mas não é certo que suceda
(gargalhadas). Claro que a junção do Ott
Tänak a Thierry Neuville, ao Dani Sordo e
ao Sébastien Loeb torna-nos muito mais
fortes, mas nada está garantido, temos de
trabalhar muito para que as coisas acon-
teçam. Na vida nada está garantido, nem
as amizades – os amigos têm de saber
que estamos lá para eles – nem sequer o
casamento (mais risos), porque se consi-
deras a tua esposa como garantida, estás
a desrespeita-la e não tarda muito estás
sozinho. Portanto, temos todos os dias de
confirmar o nosso trabalho e aproveitar
o que temos do nosso lado para ser bem-
-sucedidos. Mas, repito, o nosso objetivo
é o título de Construtores.”

te, os regulamentos. Para 2022 teremos gostamos do que fazemos, quando cum- mas o italiano parece que leu o meu pen- SÃO OS CUSTOS
novos carros no WRC e o TCR também primos um sonho, vivendo a nossa pai- samento e adiantou-se. “Sou um gestor
conhecerá novidades. Para lá disso, esta- xão, não estamos a trabalhar, estamos a exigente e sei que não devo ser dos pa- UMA AMEAÇA PARA O WRC?
mos envolvidos no e-TCR, o campeonato viver uma história, a nossa história!” Mas trões mais fáceis de aturar (risos). Acho
de carros de turismo elétricos, portanto, não deixa de confessar, com risos: “No que todos vão dizer isso e eu sublinho Malcolm Wilson apregoa aos sete ven-
há muitas decisões a tomar e se não for- final do ano passado, cheguei ao final da (risos). Mas isso é porque quero ganhar! tos que a escalada de custos ameaça
mos flexíveis e velozes, ficamos para trás. temporada realmente cansado. Foi um Ganhar sempre! Quando não ganho, dói! a disciplina. Estão a Hyundai e Andrea
Já para não falar da politica que está en- ano muito difícil, mesmo.” Muito! Por isso sou muito exigente, re- Adamo preocupados com este assunto?
volvida na competição e uma das minhas Sendo um homem apaixonado pela sua conheço. Sabes, ganhar não é o mesmo “Absolutamente nada! Aliás, não percebo
funções é gerir, também, essa parte.” vida, pela competição e pelo seu ‘bebé’ que que acabar em primeiro!” O meu riso e o porque se fala nisso, pois ninguém sabe
é a Hyundai Motorsport, será a divisão de meu olhar de espanto fez Andrea Adamo quais as regras de 2022, por isso fala-se
MOTIVADO PELA PAIXÃO competição da Hyundai gerida pela pai- explicar o que queria dizer. “Acabar em sobre nada. Eu sei que os jornalistas e as
xão? “Eu tento passar a todos esta paixão primeiro pode acontecer uma vez espo- redes sociais têm de ter assunto sobre o
Andrea Adamo confessa: “Sou movido pelas corridas, pela competição, mas só radicamente ou ser um conjunto de fac- que falar, mas como engenheiro e gestor
pela paixão.” Diz-se um privilegiado por- isso não chega para ganhar e para fazer tos ou situações que permitiram acabar tenho de ser pragmático e falar de factos:
que tudo o que lhe aconteceu na vida as coisas bem-feitas. É uma grande fatia no primeiro lugar. Ganhar é ser consis- quando o novo regulamento chegar fala-
“permitiu que tenha chegado onde es- do sucesso, mas para lá chegar temos de tente, é estar sempre na luta pela vitória remos sobre o assunto e perceberemos
tou, a cadeira de sonho.” Não esqueceu ter determinação, compromisso e parti- e acabar em primeiro várias vezes sem se os custos são ou não mais elevados.”
de mencionar alguém muito importante: lha. Para mim partilhar tudo aquilo que condicionantes. Por exemplo, dizem-me E sobre isto, Adamo confessou: “Estive
“Ao longo de todos estes anos [tem sido é possível com todos os colaboradores é que devo estar feliz porque ganhei qua- numa reunião há dias com os patrões do
uma pessoa que] me apoia muito e per- fundamental para os manter motivados tro provas do Mundial. Pois... eu digo que WRC e com as pessoas da FIA e outras
mitiu que tivesse tido a carreira que tive, rumo ao objetivo. Só assim posso pedir- ganhei apenas três e acabei em primeiro equipas e partilhei a nossa visão do futuro
com muitas semanas fora sem um quei- -lhes que se esforcem um pouco mais, que uma.” Curioso ponto de vista. e esta é a forma correta de fazer as coi-
xume”, a sua esposa. “É uma parte muito façam um pouco mais, porque sabem a sas. Tudo o resto é bom para o Facebook
importante da minha vida”, diz Andrea razão desse pedido, sabem por que é ne- QUAL É O TÍTULO QUE e Instagram e para quem não tem nada
Adamo com alguma emoção. cessário puxar mais. Por isso eu partilho de mais importante para fazer. Eu tenho
“Estou muito feliz, vivo na Alemanha – diariamente os objetivos, a estratégia e a A HYUNDAI QUER EM 2020? de gerir e planear o futuro da Hyundai
brinco muitas vezes ao dizer que sou um visão do futuro.” Motorsport e não tenho tempo para as
emigrante italiano – e vivo, claramente, o A conversa tergiversou para o Mundial redes sociais.”
meu sonho de criança quando decidi ser UM CHEFE DURO E EXIGENTE de Ralis, com Andrea Adamo a surpreen- E porque estávamos perto da oficina onde
engenheiro, comprometi-me com esse der-me, quando lhe perguntei se o obje- estavam a ser construídos vários i20 R5,
desejo e empenhei-me fortemente nisso.” Com a conversa a um nível muito descon- tivo era ganhar o título de pilotos. “Não!” incluindo aqueles que vão fazer parte da
Não resisti a perguntar ao Andrea se não traído – Andrea Adamo é um excelente Perante a minha incredulidade, Adamo foi equipa oficial da Hyundai Motorsport
está um bocadinho cansado, e o italiano conversador e tem opiniões concretas muito claro: “Não é o nosso objetivo ser- Customer Racing, na categoria WRC2,
atirou de imediato: “Claro que não! Quando e sagazes – ia lançar uma provocação, mos campeões entre os pilotos, o nosso atirei-lhe mais uma provocação. E os R5,
objetivo é sermos campeões do Mundo de não estão a ficar fora de controlo? “Mais
uma vez são conversas de redes sociais.
Diz-me lá: há tantos carros R5 em redor
do mundo, os campeonatos regionais

e/
ENTREVISTA

28

ANDREA ADAMO

funcionam todos muito bem com estes petaculares, façam barulho e desde que vados. Seria uma forma de gerar negócio tão de dinheiro, não faz a mínima ideia
carros, não é razão mais que suficien- a minha mãe não perceba a diferença... para os construtores, para as equipas e do que se passou, de como é o desporto
te para considerar que a disciplina é um estamos safos!” uma forma de dar acesso ao Mundial de automóvel ou como se deve gerir uma
sucesso?!” Anuí com a cabeça e o italia- E aqui Andrea Adamo tem uma visão mui- Ralis a uma série de jovens com talen- empresa. E digo-te mais, se acham que a
no aprofundou a sua visão. “Quando não to particular, que partilho com ele e que to. Temos de regressar a esses tempos Hyundai tem mais dinheiro que a Toyota,
houver mais nenhum R5 ou existir algu- remonta aos tempos das equipas oficiais, e isso faz-se com um regulamento com então não percebem nada disto. Mesmo!
ma dificuldade, aí falaremos. Claro que o semioficiais e privados: a possibilidade menos influência dos engenheiros e mais Dito isto, acho que se percebe bem como
meu trabalho é prever o futuro, mas não de mais equipas surgirem no Mundial de dos gestores. A FIA, Malcolm Wilson e a é que o Ott Tänak veio para a Hyundai.”
penso que nos dias de hoje o custo dos Ralis com carros WRC. “Se todos gasta- Toyota, todos sabem que temos de re- Digo eu que foi pelo projeto da equipa li-
R5 seja exagerado. Porque o custo dos mos menos dinheiro, podemos ter três gressar a esses tempos.” derada por Andrea Adamo. “Sabes, eu
R5 não é só o carro. Quando esse custo carros oficiais, mais três carros semiofi- Quando perguntei ao Andrea pelas novi- li tanta coisa... que lhe paguei um avião
for maior que o valor do carro e da com- ciais e alguns privados, tal como sucedia dades técnicas do i20 WRC, fiquei choca- privado, enfim, tanta coisa que nem vale
petição, aí teremos um problema. Penso nos anos 80 e 90. Hoje isso é quase im- do! “Novidades técnicas? Não falo sobre a pena falar nisso.”
que hoje temos um bom compromisso possível e só pilotos do médio oriente têm isso! Desde janeiro de 2019 que disse que E gerir o campeão do mundo e o vice-
entre o custo e o valor de exploração, pois dinheiro para comprar e manter um WRC, nunca falaria sobre esse assunto e man- -campeão do mundo dentro da mesma
não podemos contar apenas com o preço que aproveito para dizer, passa a ser um tenho a promessa”, e perante o meu esgar equipa? “Deixa-me dizer-te: tudo está
do carro, mas com tudo o que é preciso mercado onde a Hyundai Motorsport en- de desilusão, rindo, Adamo disse: “Faço muito claro, quando és honesto e sincero
para o colocar a competir. O sucesso é tão trou, oficialmente, e teremos já três WRC isto a toda a gente, não é só contigo, não com os teus colaboradores, tudo fica mais
grande que falar de custos não faz senti- vendidos. E não iremos, para já, vender é nada pessoal!” simples e fácil de gerir. Os problemas de
do.” E após refletir um pouquinho, Andrea mais nenhum.” qualquer relação, seja de trabalho, seja
Adamo disparou: “Sabes, eu acho que as Ou seja, o sonho de Andrea Adamo é o de “NÃO CHANTAGEEI O OTT TÄNAK amorosa, é haver zonas cinzentas, coi-
pessoas procuram sempre a polémica. É voltar aos tempos da Lancia e da Audi e sas que não se contam e não se falam
um bocadinho como diz um provérbio em outras marcas. “Não é um sonho, pois um PARA ELE ACEITAR A HYUNDAI!” sinceramente, e quando surge qualquer
Itália, ‘faz mais barulho uma árvore que gestor não se pode mover por sonhos, pequeno problema será uma enorme di-
cai que uma que nasce’, ou seja, ninguém mas por objetivos, mas sim, tenho como A conversa foi-se alongando em temas ficuldade. Sempre que há uma dificulda-
fala daquilo que é importante, falam da- visão ter mais carros WRC à partida de que não cabem nesta entrevista, mas aca- de, o melhor é sentar e discutir olhos nos
quilo que pode ser polémico.” E que dá cada prova, com pilotos jovens que que- bou por desaguar em Ott Tänak. E, claro, olhos o problema e a sua solução, porque
audiência, acrescento eu. rem chegar às equipas oficiais, renovan- quis saber se era verdade que o estónio se deixamos que o problema se resolva
Fica no ar então como não fazer escalar os do e abrindo a oportunidade a mais gente trocou a Toyota pela Hyundai apenas por por si mesmo, estás acabado. Isso nun-
custos do WRC a partir de 2021, quando de andar com os carros de topo dos ralis, dinheiro. “Sabes, é mais um assunto so- ca acontece e vai-se tornar um problema
chegar a hibridização ao Mundial. “Temos tal como sucedia nos anos 90, tens toda bre o qual muito se diz e pouco se acerta, cada vez maior ao invés de desaparecer.
de lidar com isso de uma maneira inte- a razão, quando havia a equipa oficial, a mais um tema de redes sociais. Certo é Quando somos sinceros e honestos com
ligente. O problema dos carros do WRC semioficial e ainda uma mão cheia de pri- que não ameacei ou raptei a família do Ott gente inteligente como todos nós somos
atual é muito simples: o regulamento foi Tänak para ele aceitar vir para a Hyundai.
feito por engenheiros e não há controlo Quem pensa que foi apenas uma ques-
nenhum. Ora, o que queremos do novo
regulamento é que os engenheiros fiquem
sossegados e que sejam os gestores das
equipas a falar e a tomar decisões. Eu es-
tou à-vontade, pois sou um engenheiro e
quando era apenas engenheiro, era a favor
de gastar o mais possível (risos), mas ago-
ra que sou gestor vejo as coisas de outra
forma e sei, claramente, como controlar
as coisas.” Então vamos ter carros muito
diferentes: “Não! O que nós queremos para
2021 é que se mantenham, exteriormen-
te, muito semelhantes ao que temos hoje,
pois precisamos de ter carros com aspeto
agressivo e musculado para transmitir a
paixão e a adrenalina aos espectadores
– e desculpem, mas não consigo ver os
R5 a serem o topo dos ralis, peço descul-
pa –, mas não queremos a aerodinâmica
descontrolada como temos hoje. Na parte
mecânica, precisamos de cortar algumas
coisas que são caríssimas e que quem
está na berma da estrada não faz a mí-
nima ideia que o carro tem. Por exemplo,
ninguém sabe que a válvula que controla
o diferencial custa mais de 5.500 euros/
cada e eu tenho duas no i20 WRC. Se não
estiveram lá e o carro for espetacular na
mesma, poupei uma série de dinheiro. E
digo mais, se o carro não tiver o veio de
transmissão especial que custa 15 mil
euros, ninguém vai dar por isso. Não faz
sentido. É preciso que os carros sejam es-

>> autosport.pt

29

- e o líder funciona sempre assim! - não é uma competição para os departamentos regras –, mas provámos que isso não era muito tempo livre com as redes sociais. É
há problema nenhum.” E sem se deter, de competição cliente das marcas e não verdade quando antes de começarem os bom ver que as pessoas, ao contrário de
explica: “Muita gente me pergunta, ‘e se para presença oficial das marcas. Todos treinos para a primeira prova da época, em mim, têm muito tempo livre, mas, por ou-
tiverem um na frente do rali e outro em os construtores aceitaram as regras e os Marrocos, já tínhamos vendido 25 carros tro lado, fico triste pois podiam usar esse
segundo e a concorrência longe, o que desafios, mas o ano passado não foi isso e já havia i30 N TCR a competir um pouco tempo livre em coisas como caminhar,
vais fazer?’. Confesso que me irrita, pois que se viu, levando o campeonato uma por todo o lado. Outros não fizeram isso e passear, pescar, enfim, qualquer coisa,
tenho tanta coisa para decidir e fazer que orientação que não gostei nada. E por só tinham quatro carros. É este o cami- sair com amigos e amigas. Também é
estar, nesta altura, a pensar nisso é uma isso não há ainda certezas que façamos o nho? Se é, não estamos interessados!” verdade que as redes sociais criaram es-
fonte de distração. Se começo a pensar em WTCR em 2020. Provavelmente faremos, Curiosamente, são os mesmo que já li- pecialistas em tudo e mais alguma coi-
todas as combinações possíveis, se hoje mas não é seguro que isso aconteça. Irei quidaram outros campeonatos. “Pois... sa, engenharia, comunicação, estratégia,
saio daqui às 8 da noite, começo a ter de analisar com atenção a questão, mas não por isso não há razão para dar cabo do tudo! E muita gente que acerta sempre no
dormir aqui, e essa não é a minha forma estou nada satisfeito com o que sucedeu WTCR, um sucesso no formato de cam- dia seguinte e muitos que são capazes de
de estar na vida. E não vale a pena pensar em 2019 e a forma como tudo foi gerido peonato para clientes.” adivinhar o futuro. Lembro que um dia ha-
que lhes vou dizer que não exagerem no entre as diversas partes envolvidas. O tra- Andrea Adamo confessou, no final des- via uma pessoa da empresa que me dizia
Monte Carlo que é a primeira prova e tal balho que foi feito com o WTCR é exce- ta longa conversa, que a sua preocupa- sempre que devia ter feito isto e aquilo,
e coisa. Nada disso!! Vou-lhes dizer que lente, mas estou a ver pessoas a destruir ção está “para lá do WRC, do WRC2, do sempre a colocar reparos no que fazia.
vão lá e ganhem! São inteligentes e por o campeonato. As mesmas pessoas que TCR, das corridas de turismos com car- Simpaticamente (risos) tive de lhe dizer
isso sei que vão fazer as escolhas certas. destruíram o WTCC com categorias estu- ros elétricos e do forte apoio que damos o seguinte: se achas que fazes melhor que
E o mesmo vou dizer ao Seb (Loeb), que pidas como o TC1, que fez escalar os cus- ao Mundial de Ralis”, é dar outra imagem eu, do outro lado da empresa está lá o pa-
pelo que vi nos testes está muito compro- tos sem nenhuma necessidade. Portanto, à competição, “e deixar de parecer uma trão e concorres ao meu lugar! Depois há
metido com a equipa. Vi nos seus olhos a como disse, vou meditar de forma em- vaca leiteira (risos), onde todos os promo- os novos ‘jornalistas’, que são aqueles que
vontade de ganhar e depois de estar mais penhada sobre a situação e decidir se a tores vêm ordenhar alguma coisa todos abrem páginas no Facebook, que criam
envolvido com a formação e habituado ao Hyundai Motorsport Customer Racing os anos. As pessoas têm de perceber que blogs e sites de internet e que por isso se
carro... podemos ter surpresas nos seis vai ou não disputar o WTCR em 2020.” E os construtores não são vacas leiteiras a julgam ‘jornalistas’. Desculpem lá, mas
ralis que vai fazer.” Andrea Adamo deixou claro quem está quem podem espremer tudo e mais al- por tocar à campainha de um palácio ou
a destruir o campeonato: “Como disse, guma coisa e acreditar que quando uma de um teatro não me torno músico ou
A DESILUSÃO COM O TCR este é um campeonato dos serviços de seca, virá outra com as tetas ainda mais ator. Tocar campainhas não faz de mim
competição cliente, e quando há alguém cheias! Esses anos acabaram definitiva- um músico. Portanto, o futuro da Hyundai
A deliciosa conversa com Andrea Adamo que faz quatro carros para ganhar (ndr.: mente. Há que proteger os construtores, Motorsport está nas minhas mãos e por
estava a chegar ao final – como ele diz, Lynk&Co) o campeonato, isso não é cum- pois se eles desaparecerem de cena, a isso estou sempre a tentar encontrar coi-
está organizado pelo Outlook e as reu- prir as regras do jogo. Se é este o cami- competição acaba.” Ou seja, foram de- sas para fazermos e assim mitigar deci-
niões chegam a ser às dezenas por dia nho, não gosto e por isso terei de pensar masiados anos a ordenhar a vaca e o leite sões futuras, porque tenho nas minhas
–,mas nãopodia deixá-loiremborasem no que vamos fazer e já deixei bem claro acabou: “É verdade, agora apanham pela mãos a sobrevivência de 250 famílias. E
falar do TCR, até porque andam por aí uns a quem os deixou fazer isso que não gos- frente com um tipo mal-encarado e que isso é um fardo pesado, mas que levo com
rumores de que o italiano não gostou mui- tei nada e que a forma como abordaram tem mau feito nesses assuntos! (garga- todo o carinho e vontade.”
to do que se passou em 2019. “Olha, tenho o campeonato de 2019 não foi a que es- lhada) Que sou eu!” Bandeira de xadrez para esta entrevista
de te dizer que fiquei muito feliz por ter- tava acordada.” Remate final: se o programa do WRC ti- com Andrea Adamo, o responsável má-
mos dois títulos de pilotos, um do Gabriele E, neste particular, Andrea Adamo foi ver um desfecho muito negativo, fechará ximo da Hyundai Motorsport, um homem
Tarquini outro do Norbert Michelisz. Por buscar o que sucedeu em 2018. “Nesse a Hyundai a divisão Motorsport: “Faz de com classe, carisma e que adora o que faz.
outro lado, não fiquei nada satisfeito com ano, acusaram-nos de fazer um carro mim um adivinho e tornar-te-ei um rei!” Sabe bem o que quer, está sentado na sua
o rumo do campeonato o ano passado. Vi para ganhar a todo o custo – quando o No meio de muitos sorrisos e de mais uma cadeira de sonho e vai tentar conquistar
coisas no ano passado que me deixaram que fizemos foi desenvolver o carro de provocação com as redes sociais, Andrea mais títulos e mais vitórias: “Tanti auguri
muito irritado e preocupado. Deixa-me forma árdua e competente segundo as Adamo lembrou: “As pessoas arranjaram Andrea Adamo. Grazie!”
colocar as coisas neste patamar: o WTCR

WRC/
CAMPEONATO DO MUNDO DE RALIS

30

MUITASVODAFONE RALLY DE PORTUGAL
NOVIDADES
Foi apresentada na sede do ACP a 54ª edição do VODAFONE números e da visibilidade que o Rali de
RALLY DE PORTUGAL, prova do Automóvel Club de Portugal. Portugal provoca em território nacional P/ P R O G R A M A
Com muitas novidades, destaque para os regressos dos troços no mundo inteiro”, disse Carlos Barbosa. PROVISÓRIO
de Mortágua, Porto Street Stage e Felgueiras
REGRESSAM MORTÁGUAE FELGUEIRAS
QUINTA-FEIRA 21 MAIO 2020
O Rali de Portugal realiza-se entre 21 e 24
José Luís Abreu Stage do Porto, que vai dar as suas es- de maio, tendo desta feita 22 troços, mais SHAKEDOWN – PAREDES (4,60 KM) 09H00 / 15H00
[email protected] petaculares imagens características”, quatro que em 2019. Dia 21 de maio, 5ª fei-
FOTOS Oficiais disse, reforçando ainda que o ACP con- ra, realiza-se o Shakedown, novamente COIMBRA – CERIMÓNIA DE PARTIDA 20.30
tinua a poder contar com o Turismo do em Paredes, à noite, já em Coimbra, tem
Estáemfaseadiantadadeprepara- Norte e mais recentemente também do lugar a cerimónia oficial de partida, junto SEXTA-FEIRA 22 MAIO 2020
çãoa ediçãode 2020 do Vodafone Centro: “Toda esta força do poder local à Porta Férrea da Universidade.
Rally de Portugal, um evento que, foi agregada de forma exemplar quer Na 6ª feira, dupla passagem nos troços de COIMBRA – PARTIDA 06H50
como tem vindo a ser habitual pelos presidentes do Turismo do Porto e Lousã, Góis e Arganil, que tem cinco qui-
por parte do ACP, surge a cada Norte, quer pelo presidente do Turismo lómetros novos. Mortágua é novidade no PE1/LOUSÃ (12,35 KM) 08H08
ano com novidades de monta. Em do Centro, mostrando ao país que uma traçado deste ano, e o final do dia será no
2019 regressou a zona Centro do País, já causa comum pode ser feita com frutos Norte com a Super Especial de Lousada. PE2/GÓIS (19,46 KM) 09H08
este ano essa mesma zona foi “revista e comuns. E não é demais repeti-lo. Só com No sábado, o Rali de Portugal percorre os
aumentada”. Mas já lá vamos. este apoio coeso e com visão é possível troços de Vieira do Minho, Cabeceiras de PE3/ARGANIL (18,77 KM) 10H08
A cerimónia iniciou-se com um minuto ter o evento turístico e desportivo que Basto e Amarante, este ano com um novo
de silêncio em memória de Paulo Gon- anualmente mais receita gera em Portu- início e menos sete quilómetros. O dia PE4/LOUSÃ (12,35 KM) 12H31
çalves, piloto que foi apoiado pelo ACP gal. No ano passado a prova gerou mais de termina com o regresso da Porto Street
na fase inicial da sua carreira no Dakar. 141 milhões de euros, dos quais 21 milhões Stage, a fantástica dupla classificativa PE5/GÓIS (19,46 KM) 13H31
Carlos Barbosa, Presidente do ACP, fez foram diretos para os cofres do estado, urbana disputada na zona da Avenida
as honras da casa e recordou: “Vamos quer por via da receita fiscal em sede dos Aliados. PE6/ARGANIL (18,77 KM) 14H31
ter uma prova com mais quilómetros do IVA, quer por via do ISP. O estado é o O último dia de competição tem novida-
e mais concelhos envolvidos, que mais grande beneficiário da vinda a Portugal des, com o regresso do troço de Felguei- PE7/MORTÁGUA (18,24 KM) 15H58
não é do que a pujança do poder local, do Mundial de Ralis, mas a dificuldade ras, a que se juntam os habituais Mon-
face a um evento altamente popular e de obter apoios públicos é sempre uma tim e Fafe, todos com dupla passagem, PE8/LOUSADA (3,36 KM) 19H03
rentável. Juntam-se agora Mortágua e realidade. Não consigo entender que uma sendo Fafe novamente a Power-Stage.
Felgueiras, que regressam depois de 20 prova com tanto retorno seja preterida O pódio será novamente na Marginal de SÁBADO 23 MAIO 2020
anos de ausência. Vamos voltar à Street por outras que ficam muito aquém dos Matosinhos.
PE9/VIEIRA DO MINHO (20,53 KM) 08H08

PE10/CABECEIRAS DE BASTO (22,22 KM) 09H08

PE11/AMARANTE (30,36 KM) 10H28

PE12/VIEIRA DO MINHO (20,53 KM) 15H03

PE13/CABECEIRAS DE BASTO (22,22 KM) 16H03

PE14/AMARANTE (30,36 KM) 17H23

PE15/PORTO STREET STAGE (1,95 KM) 19H03

PE16/PORTO STREET STAGE (1,95 KM) 19H28

DOMINGO 24 MAIO 2020

PE17/FELGUEIRAS (9,16 KM) 07H08

PE18/MONTIM (8,71 KM) 08H03

PE19/FAFE (11,18 KM) 08H58

PE20/FELGUEIRAS (9,16 KM) 09H53

PE21/MONTIM (8,71 KM) 10H48

PE22/FAFE (11,18 KM) – POWER STAGE 12H18

MARGINAL DE MATOSINHOS – CERIMÓNIA DE PÓDIO 15H45

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31

PARA O COI, RALI DE PORTUGAL É CASO DE SUCESSO

O Comité Olímpico Internacional elegeu recentemente o WRC Vodafone Rally de Portugal como o
primeiro caso de sucesso do desporto motorizado para a sustentabilidade ambiental. Através do seu
programa de acreditação ambiental, a FIA tem como objetivo reduzir o impacto das provas do Mundial
de Ralis, sendo a sustentabilidade ambiental do rali umas das principais prioridades para o ACP.
Em estreita colaboração com a Agência Portuguesa do Ambiente, a FIA, através do programa Action
for Environment, e as Câmaras Municipais, a organização continuará o seu trabalho para manter a
Acreditação Ambiental FIA, “Achievement of Excellence”.

CARLOS BARBOSA CONFIRMA
RALI DE PORTUGAL NO WRC EM 2021

Em declarações produzidas no âmbito da apresentação do Rali de Portugal, Carlos Barbosa, Presidente
do ACP, que também é Presidente da Comissão do WRC (Mundial de Ralis), falou sobre o sistema
de rotatividade que a FIA anunciou o ano passado, e que teria lugar a partir deste ano de 2021.
Questionado sobre o assunto, Carlos Barbosa revelou: “A ideia não vingou. Os organizadores do Rali de
Espanha foram a exceção, mostraram-se dispostos a ficar um ano de fora, para preparar o regresso
com um rali num só tipo de piso, pois as equipas não gostam de ralis mistos”, começou por dizer Carlos

Barbosa, que explicou que o sistema de
rotatividade das provas não vai avante: “Há
sete países que querem entrar no WRC.
Agora saiu França, a Alemanha esteve
para sair, entram o Safari e o Japão, mas
podem ficar ou não, vamos ver como corre
este ano. Mas a rotação dos ralis não vai
existir”, disse Barbosa, que quando lhe
perguntámos se o Rali de Portugal vai
estar no calendário de 2021, deu uma
resposta lacónica: “Está certo.”

FE/32
FÓRMULA E - CHILE
FÉLIXDA
CDOASTVAITPÓERRITAO!
António Félix da Costa esteve perto de vencer o E-Prix de
Santiago, no Chile. O piloto português fez uma recuperação
fantástica desde o 10º lugar até à liderança da prova, mas um
problema na sua bateria obrigou-o a renunciar ao merecido
triunfo. Maximilian Günther, da BMW, foi o vencedor

Fábio Mendes Günther, que parecia ter a pole garanti- numa altura em que o português caiu para A meia hora para o fim da corrida, Evans
[email protected] da (apesar das dúvidas sobre a legalidade 12º, envolvendo-se ainda num incidente controlava a liderança perante Wehrlein e
da sua saída das boxes, pois falou-se de que teve Sims como ator principal. A su- atrás do alemão seguia um ‘comboio’ com
AFórmula E regressou às pistas, uma possível saída com o sinal verme- cessão de toques danificou em demasia Günther, Mortara e Massa. Pouco depois,
para a terceira ronda do cam- lho, o que não aconteceu), mas o esforço o BMW do britânico, que foi obrigado a o brasileiro foi obrigado a ir contra o muro
peonato 2019/2020, cujo palco de Mitch Evans (Jaguar) roubou a pole ao desistir pouco depois, dando origem ao num desentendimento com Mortara, seu
foi O’Higgins Park, na cidade de alemão, com Evans a ficar a quase 0,3s de primeiro Full Course Yellow (FCY). colega de equipa, e abriu a porta aos dois
Santiago, no Chile. Foi a terceira vantagem (1:04.941), garantindo assim o No recomeço da prova, os dois DS DS Techeetah, com Vergne a ficar em
visita da competição 100% elé- primeiro lugar da grelha, enquanto Félix Techetaah defendiam-se dos ataques quinto e Félix da Costa em sexto.
trica a esta pista. Alexander Sims (BMW) da Costa ficava pela 10ª posição, à frente dos Mercedes de Vandoorne e de Nyck As lutas sucediam e na frente Günther
era o líder antes do evento do último fim de Jean-Èric Vergne. de Vries. A batalha intensificou-se com atacou forte Evans, que não teve argu-
de semana, seguido de Stoffel Vandoorne Destaque para o acidente de Rowland, no mais intervenientes e uma manobra de- mentos para segurar o jovem alemão, o
(Mercedes) e Sam Bird (Envision Virgin). seu grupo de qualificação, o que obrigou a masiado otimista de Rowland danificou qual assumiu assim a liderança da prova.
António Félix da Costa era 13º, atrás do seu Nissan a trabalhos redobrados para repa- a asa do piloto da Nissan e fez Sam Bird Foram precisas algumas voltas para
companheiro de equipa e campeão em rar o seu monolugar, complicando a volta perder muitas posições. Vergne passar Wehrlein e assumir a ter-
título Jean-Èric Vergne (DS Techeetah). a Lucas Di Grassi (Audi), que também aca-
O fim de semana começou da melhor ma- bou no fundo da tabela. Edoardo Mortara
neira para o piloto português com o se- (Venturi) ficou perto da Super Pole mesmo
gundo tempo na primeira sessão de trei- depois de ter sido atrapalhado por Robin
nos livres, logo atrás de Sam Bird (1:04.914). Frijns (fez um pião, embora tenha recu-
Na segunda sessão de treinos foi Oliver perado rapidamente) e Turvey merece
Rowland (Nissan) a ficar no topo da ta- uma menção honrosa por ter colocado o
bela (1:04.799), seguido de Felipe Massa seu NIO na Super Pole, um feito notável
(Venturi), com Félix da Costa a ser sexto, para o carro menos competitivo da grelha.
numa sessão interrompida prematura-
mente após acidente de Ma Qing Hua (NIO). CORRIDA ATRIBULADA E GRANDE
Evans brilha na qualificação
Seguiram-se as qualificações, com Félix RECUPERAÇÃO DE FÉLIX DA COSTA
da Costa a ficar no Grupo 3, tendo con-
seguido apenas o quarto melhor tem- Na corrida, Mitch Evans arrancou bem,
po do grupo. Sébastien Buemi (Nissan), com Pascal Wehrlein a conseguir subir
Oliver Turvey (NIO), Felipe Massa e Pascal uma posição, ficando na frente de Günther.
Wehrlein (Mahindra) conseguiram vaga Enquanto na frente a luta ficava mais cal-
para a Super Pole, assim como “Maxi” ma, mais atrás esta intensificava-se. Jean-
Èric Vergne saiu melhor do que António
Félix da Costa e colocou-se em oitavo,

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33

C/ C L A S S I F I C A Ç Ã O ro pódio pela sua nova equipa, logo na FÉLIX DA COSTA DESCONTENTE
terceira corrida, e, mais que isso, con-
1 MAXIMILIAN GÜNTHER ANDRETTI AUTOSPORT 40 VOLTAS seguiu assim prestar a desejada ho- COM POSTURA DE VERGNE
2 ANTÓNIO FELIX DA COSTA TECHEETAH +2.067 menagem a Paulo Gonçalves. Félix da
3 MITCH EVANS JAGUAR RACING +5.119 Costa estava determinado em levar a O piloto português não escondeu a frus-
4 PASCAL WEHRLEIN MAHINDRA RACING +7.050 bandeira portuguesa ao pódio e fazer o tração durante a parte final da corrida,
5 NYCK DE VRIES, MERCEDES + 9.883 devido tributo ao “Speedy”, que faleceu quando estava atrás de Jean-Èric Vergne.
6 STOFFEL VANDOORNE MERCEDES + 11.237 tragicamente no Dakar 2020. Os danos no carro do francês já estavam a
7 LUCAS DI GRASSI TEAM ABT +14.437 A prestação de Félix da Costa foi bri- atrapalhar o seu ritmo, mas nem por isso o
8 JAMES CALADO JAGUAR RACING + 18.255 lhante, tendo chegado à liderança da piloto facilitou a vida a Félix da Costa, que
9 FELIPE MASSA VENTURI +20.430 prova perto do fim, mas um problema perdeu tempo atrás do colega de equipa.
10 SAM BIRD VIRGIN RACING + 21.780 de sobreaquecimento das baterias do Na conferência de imprensa, da Costa
seu monolugar obrigaram-no a ceder admitiu que ficou feliz com o trabalho de
CAMPEONATO na luta com Günther. Ainda assim foi um equipa na primeira parte da corrida, em
1º STOFFEL VANDOORNE, 38 PTS; 2º ALEXANDER SIMS 35 PTS; 3º SAM BIRD 28 PTS; 4º MAXIMILIAN GÜNTHER excelente resultado para o português. que ambos subiram na classificação, mas
25 PTS; 5º LUCAS DI GRASSI 24 PTS; 6º OLIVER ROWLAND 22 PTS; 7º ANTÓNIO FÉLIX DA COSTA 21 PTS; 8º MITCH “É muito bom obter um primeiro pódio mostrou algumas dúvidas quanto ao com-
EVANS 21 PTS; 9º ANDRE LOTTERER 18 PTS; 10ª EDOARDO MORTARA 18 PTS e lutar pela vitória com a minha nova portamento do seu colega na parte final
equipa, logo ao cabo de três corridas. e afirmou que o assunto seria discutido
ceira posição e da Costa passar Mortara prova. Mas foi sol de pouca dura, pois a Ainda temos algum trabalho a fazer, internamente.
para chegar ao quarto posto. Mas a cor- bateria do seu monolugar não aguentou porque, nesta jornada, a nossa primei-
rida de Vergne terminou pouco depois, o esforço e estava a sobreaquecer, o que ra vitória esteve totalmente ao alcance. SEGUNDA VITÓRIA
com os danos sofridos nas lutas do iní- obrigou o piloto luso a levantar o pé e a Somos uma equipa nova e temos algu-
cio da prova a impedirem o francês de ceder a posição a Günther a três curvas mas coisas para melhorar. Em termos CONSECUTIVA PARA A BMW
continuar. Félix da Costa protestou pela do final. Günther foi assim o vencedor do da gestão de energia, cometemos um
demora de Vergne em o deixar passar, e, E-prix, tornando-se no piloto mais jovem erro e pensei que estávamos bem para O ano está a começar da melhor forma
assim que ficou livre do francês, tratou de a vencer na Fórmula E. Félix da Costa teve ir até ao fim da corrida. Foi por isso que para a BMW. A equipa lidera o seu cam-
despachar Evans pouco depois, subindo de se contentar com o segundo posto e fiz a ultrapassagem para a liderança da peonato e leva já duas vitórias, superando
ao segundo posto, indo de faca nos den- Evans completou o pódio. corrida, mas, logo de seguida, tive de o registo de triunfos conseguido no ano
tes atrás de Günther. abrandar subitamente para acautelar passado. Alexander Sims perdeu a lide-
A dois minutos do fim, o português ar- PELO PAULO GONÇALVES a temperatura do sistema. No final, é rança do campeonato para Vandoorne,
riscou tudo e tentou a ultrapassagem ao António Félix da Costa fez uma excelen- bem melhor terminar em segundo e mas agora os dois pilotos da BMW estão
piloto da BMW e, apesar de alguns to- te corrida e foi um dos homens do dia. pontuar do que não conseguir termi- no top 5. Um começo muito positivo para
ques, conseguiu alcançar a liderança da O português conquistou o seu primei- nar a corrida.” a equipa bávara. Desde que Félix da Costa
saiu da equipa que a BMW tem estado em
boa forma, algo que o português admitiu,
reiterando ainda assim plena confiança
na decisão de ter mudado.

F1/34
FÓRMULA 1

RACINGPOINT
TEMANO DECISIVOEM 2020
A primeira época completa
“Não há desculpas se não conseguirmos como Racing Point e com particularmente depois da mudança
as performances que já conseguimos no o dinheiro do bilionário de propriedade a meio de 2018, quan-
passado”, diz Otmar Szafnauer à entrada Lawrence Stroll e dos seus do Lawrence Stroll resgatou a equipa
amigos, foi uma profunda das mãos de Vijay Mallya e injetou
para o ano de transição para as novas desilusão. “No início do ano dinheiro na equipa e na fábrica. O re-
regras, despejando um camião de pressão nem sequer conseguíamos chegar à sultado acabou por ser claramente o
Q3, depois fomos sendo irregulares e oposto do desejado, como deixou cla-
sobre as suas tropas, depois de um ano chegámos a momentos em que tive- ro Otmar Szafnauer. Descontando os
em que o dinheiro parece ter feito mal à mos dificuldades em não ficar na Q1”, últimos meses de 2018, gastos com a
referiu Otmar Szafnauer, o CEO da organização da “casa” e com a melho-
equipa Racing Point. Uma radiografia clara do ria de vários setores, 2019 seria o ano
que foi o ano de 2019, em que a equipa de relançamento.
José Manuel Costa baseada em Silverstone terminou em Não é preciso fazer um enorme exercí-
[email protected] sétimo, longe do desejado quarto lu- cio de memória para recordar os tem-
gar, navegando em águas muito mais pos em que Otmar Szafnauer tinha de
turbulentas que o esperado e fican- raspar o fundo ao mealheiro para pagar
do atrás de McLaren, Renault e Toro aos colaboradores, tinha de encontrar
Rosso. Algo que não era o esperado, infinita paciência para negociar com
os fornecedores prazos de pagamento

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alargados, encontrar os recursos para
manter o departamento de projeto com
um mínimo de trabalho de evolução do
carro e conseguir levar a equipa para
as pistas. Não era uma tarefa fácil e
o “paddock” da Fórmula 1 elogiava a
equipa de Andy Green, o responsável
técnico da, então, Force India.
E se olharmos para o palmarés da equi-
pa sediada em Silverstone até à venda
a Lawrence Stroll, os resultados foram
muito interessantes. A estreia deu-se
em 2008, com motores Ferrari e pou-
ca experiencia, não tendo conseguido
um único ponto, mas evitando ficar
em último lugar, pois a Aguri Suzuki
Honda abandonou o campeonato após
o GP da Turquia, quinta prova da tem-
porada. Eram pilotos da equipa o ale-

f1/
FÓRMULA 1

36

mão Adrian Sutil e o italiano Giancarlo e em 2015 terminaram o ano no quinto
Fisichella. lugar. Muito por culpa de Sergio Pérez
Com mais experiência e tendo a sa- e de Nico Hulkenberg, com o mexicano
gacidade de manter a mesma dupla a trazer de volta aos pódios à equipa no
de pilotos, misturando juventude com GP da Rússia.
veterania, mas trocando para os moto- Os anos de 2016 e 2017 foram de gran-
res da Mercedes, a Force India ficou em de compromisso da equipa, com Andy
nono no campeonato de construtores, Green a dar nas vistas ao aproveitar a
com um ponto alto: o segundo lugar excelência do motor Mercedes na era
de Giancarlo Fisichella em Spa. No ano híbrida com um orçamento cada vez
seguinte, há um salto assinalável e co- mais à míngua. E se em 2016 a dupla
meçam-se a ver as qualidades de Andy Pérez/Hulkenberg se manteve e foi
Green e da sua equipa, com um sólido possível trabalhar em conjunto para
sétimo lugar, batendo a Sauber Ferrari que Sergio Pérez conseguisse dois pó-
e a Toro Rosso Ferrari. Sutil manteve- dios, no Mónaco e em Baku, Azerbaijão,
-se, saiu Fisichella e entrou Vitantonio ainda como GP da Europa, 2017 foi o
Liuzzi. O pódio não se repetiu e a melhor ano em que o mexicano começou a ter
classificação foi um 5º lugar de Sutil. Em séria oposição. Chegava à equipa ou-
2011, a Force India subiu mais um de- tro protegido da Mercedes, Sebastien
grau e chegou ao final do ano com o 6º Ocon. Ambos conseguiram uma exce-
posto entre os construtores, voltando a lente temporada de conjunto, deixando
falhar o pódio, com Adrian Sutil a cum-
prir o quarto ano com a equipa, tendo
a seu lado Paul di Resta (colocado pela
Mercedes) e um tal de Nico Hulkenberg
como terceiro piloto. No ano seguinte,
não houve melhoria e o sétimo lugar
foi o melhor que conseguiu, desta fei-
ta com uma dupla de pilotos renovada:
Paul di Resta e Nico Hulkenberg, tendo
o muito jovem Jules Bianchi como ter-
ceiro piloto. Pódios continuaram a não
surgir e o melhor resultado voltou a ser
um 4º lugar.
A partir daqui a Force India foi crescen-
do nos resultados e encolhendo nos bol-
sos. Em 2013 e 2014 foram sextos clas-
sificados entre os construtores, com o
regresso de Adrian Sutil e a manuten-
ção de Paul di Resta em 2013. Em 2014,
a chegada da Sahara de Subrata Roy deu
a ideia que o dinheiro iria jorrar e que,
finalmente, a Force India iria dar o sal-
to, aproveitando também as novas re-
gras e a excelência do motor Mercedes.
A chegada do mexicano Sergio Pérez e
o regresso de Nico Hulkenberg deram
outro entusiasmo e confiança à equipa

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não era suposto acontecer, olhando aos
excelentes carros que a Force India fez
quando o tempo era de vacas magras.
Um desapontado Andy Green admitiu,
no final de 2019, que “o chassis chegou
ao final do ano sem que todos os proble-
mas tenham sido resolvidos.”

a Force India Mercedes como a líder do PERDA DE TEMPO APRENDER COM OS ERROS
segundo pelotão. Mas um extraordi-
nário chassis desenhado pela equipa Após ter resolvido todos os problemas E BENEFICIAR DAS REGRAS
de Andy Green não foi suficiente para e ter deixado de andar a raspar o fundo
conseguiram um único pódio. do mealheiro, Otmar Szafnauer melho- “Temos trabalhado muito, mas mesmo
Aos problemas legais graves com a jus- rou o funcionamento da equipa, e com o muito, para que o carro de 2020 seja
tiça de Vijay Mallya juntaram-se os pro- dinheiro fresco Andy Green tinha mais bem diferente, pois, apesar de tudo,
blemas com a justiça de Subrata Roy, e possibilidade de desenhar um excelen- aprendemos muito com a temporada
a Force India estava a caminho do abis- te chassis. Porém, os rivais já estavam de 2019 e acreditamos que muito do
mo, com Mallya a tocar a concertina e a há muito tempo a pensar nos carros que fizemos o ano passado pode ser
dançar o so-li-dó, assemelhando-se à de 2019, algo que até meio do ano de útil este ano”, refere Andy Green. Se
banda musical do Titanic. 2018 a equipa não podia fazer. Não ha- olharmos à temporada passada, nin-
E foi assim, com muitos desaguisados via dinheiro! guém pode acusar a Racing Point de
em pista entre Pérez e Ocon, que no can- Mas outros erros houve que precipita- não ter tentado inverter o curso da
to do cisne da equipa indiana sediada ram a má temporada de 2019. Além de temporada, pois foi a equipa que mais
em Silverstone a estrutura terminou terem perdido muito tempo com o car- novidades apresentou, quase em to-
no sétimo lugar o campeonato, atrás ro de 2018, que tinha um problema de dos os fins de semana. Foi um traba-
de Renault, Haas e McLaren. base, Andy Green subestimou os efei- lho duro que Andy Green refere: “Não
A par disso, e descontente com a tos da nova asa dianteira para 2019: de quero atirar para o cesto do lixo, antes
Williams, Lawrence Stroll canalizou o 1,8 para 2.0 metros de largura e apenas aproveitar para o novo carro.”
seu muito dinheiro para a compra da cinco bordos ou “flaps”, sem aquelas es- Ou seja, o trabalho árduo não foi “para
Force India e deu-lhe o nome de Racing truturas muito complicadas. Isso acabou o boneco” e poderá ser uma grande
Point. Um pódio no Azerbaijão sublinhou por criar um carro desequilibrado, com ajuda, mas não maior que o facto do
assim o fim da linha para a Force India, muita dificuldade em controlar o fluxo de regulamento ser o mesmo em 2020,
nascia a Racing Point. ar e os turbilhões criados pelos pneus e antes da grande mudança em 2021. E
pela própria frente. Uma trapalhada que se por um lado isso é a grande vanta-
gem, a necessidade de dividir a equipa
técnica no projeto de 2020 e no mega
projeto de 2021, e dividir recursos, pode
ser um entrave, já que, não sendo es-
cassos, não são os de Ferrari, Mercedes
ou Red Bull.
A Racing Point gastou, em 2019, 155
milhões de dólares e acabou o ano
sem prejuízo graças à subvenção de
Lawrence Stroll e de seis sócios, no va-
lor de 25 milhões de dólares, já que os
45 milhões dos patrocinadores, os 20
milhões de Sergio Pérez e os 60 mi-
lhões da Liberty não chegaram para
cobrir as despesas.
Como confessa Otmar Szafnauer, um

f1/
FÓRMULA 1

38

regulamento em que “o peso mínimo
passa de 743 para 745 kg, cada piloto
pode usar agora três MGU-K ao invés
de apenas dois e os pneus serão os
mesmos, é uma boa ajuda.” Isto, para
que tudo funcione e a Racing Point
tenha a temporada que deseja e os
resultados do túnel de vento e do de-
senvolvimento CFD batam certo com
o que é medido em pista, algo que ra-
ramente sucedeu em 2019.
Sergio Pérez, instrumental para que
Lawrence Stroll conseguisse resgatar
a equipa, frisa: “Depois do ano de tran-
sição que foi 2019, acredito que 2020
seja o ano da nossa afirmação, debaixo
de uma nova liderança. Acredito que
vamos estar fortes e o objetivo é cla-
ro: queremos o 4º lugar!” Mas as coi-
sas podem não ser assim tão simples.
AS REGRAS DE 2021
VÃO INFLUENCIAR 2020
O ano de 2021 vai trazer a maior revo-
lução nas regras na história da Fórmula
1 e a preparação para essa montanha

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39

que vão ter de escalar já começou e sem limite de gastos. Mais uma des- anos de sofrimento em termos de re- 2021. Isso acontecerá, diz Andy Green,
irá influir sobre os desenrolares de vantagem para as equipas pequenas sultados: “Tudo porque temos de pensar bem antes do final da temporada.
2020. Claro que as estruturas de topo como nós.” em 2020 em 2021, mas não podemos Ou seja, mais do que nunca, chegar a
podem dar-se ao luxo de estabele- Ainda assim, ao contrário de equipas negligenciar 2020. Complicado!” Uma Melbourne com um bom carro é funda-
cer duas equipas de grande qualidade como a Renault, que deixaram nas equação difícil que numa equipa pe- mental. Quem chegar à Austrália com
para desenvolver dois projetos para- entrelinhas que não se vão preocu- quena com metade do efetivo de cola- um chassis com problemas ou que fique
lelos, mas a Racing Point não se pode par muito mais com 2021 que com boradores de uma Ferrari e menos de muito longe dos melhores, vai conhecer
dar a esse luxo. Mas, ainda assim, te- esta temporada, a Racing Point terá a metade do orçamento, se torna quase um ano miserável. Por outro lado, quem
rão de se dividir, ou seja, o que foi fei- mesma abordagem de outras equipas, uma impossível quadratura do círculo. conseguir fazer um carro rápido logo à
to com 465 pessoas na Racing Point como a McLaren, ou seja, fazer tudo Para piorar as coisas, se é verdade que saída do camião, pode parar o desen-
terá de ser feito com metade de tudo: para dar nas vistas em 2020. o futuro da Racing Point não está em volvimento cedo e concentrar-se em
pessoal, dinheiro, tempo no túnel de A equipa sediada em Silverstone não causa e há planos a médio e longo pra- 2021, pois não deverão suceder grandes
vento e no CFD. tem o futuro ameaçado e assim vai zo, Otmar Szafnauer deixou claro em saltos de competitividade no segundo
Apesar disso, a Racing Point não vai tentar em 2020 fazer um carro com- várias entrevistas a sua visão: “Os re- pelotão. Por isso, a Racing Point está
sacrificar, totalmente, a temporada de petente e lutar pelo 4º lugar do cam- cursos que gastamos são bem me- a colocar uma enorme pressão sobre
2020, até porque como diz alguém, ca- peonato. “Veremos como as coisas vão nos do que aqueles que desejávamos. Andy Green: terá de fazer muito melhor
marão que dorme a onda leva. O teto decorrer. Não queremos atirar a toa- Menos que numa temporada normal.” que nos dois últimos anos, sob pena de
orçamental de 175 milhões ainda não lha ao chão demasiado cedo e man- Isto porque a administração da Racing ser mais um ano atirado para o lixo e
estará em vigor e, por isso, estar en- dar para o lixo o trabalho de um ano. Point cortou nos fundos para 2020. “Um uma via sacra até 2021. A Racing Point
tre os melhores obriga a trabalho ár- Porém, inevitavelmente, teremos de terço a menos que em 2019”, precisa tem de começar a temporada com um
duo. O que leva Andy Green a dizer que nos dividir pelos dois projetos, sendo Andy Green. carro pronto, competitivo e capaz de
em 2020, “as equipas de topo vão es- que o de 2021 será prioritário, claro, Por isso, o plano para 2020, como dis- evoluir o suficiente para que os recursos
tar ainda mais longe, pois vão apos- pelo que teremos de desistir do carro semos acima, para a Racing Point é e a massa cinzenta possam ser inves-
tar tudo em ganhar e vão, ao mesmo de 2020 cedo”, diz Andy Green. tentar fazer um carro competente e tidos na temporada de 2021. Caso con-
tempo, gastar o que for preciso para Mas o experiente engenheiro tem a desenvolvê-lo até ao momento em que trário, poderá a Racing Point hipotecar
desenvolver o carro de 2021 este ano, sensação que 2020 e 2021 podem ser tudo será requisitado para o projeto de a temporada de 2020 e a de 2021.

N/40
RALIS /CPR
NOTÍCIAS CAMPEONATO PORTUGALDE RALIS
ARMINDO ARAÚJO
COMATHE RACING
FACTORY EM 2020
Armindo Araújo e Luís Ramalho apresentaram oficialmente o seu projeto para
a temporada de 2020, associando-se à ambiciosa equipa The Racing Factory, a estrutura
que tem como CEO o piloto-empresário Aloísio Monteiro. Armindo Araújo e Luís Ramalho
vão estar aos comandos de um Skoda Fabia R5 Evo preparado pela Skoda Motorsport

Duarte Mesquita Além do objetivo principal do hexacampeonato, há para mim. Estou convencido que com a ajuda da
[email protected] mais alguma meta específica que gostarias de con- equipa e de todos os engenheiros que vão trabalhar
FOTOS ZOOM Motorsport/António Silva cretizar? connosco, nós rapidamente poderemos estar num
“Realmente é uma nova época, um novo projeto e bom nível e esse bom nível é estar a poder lutar pela
Foicompompaecircunstância que Armindo Araújo um novo desafio, mas sem dúvida que se mantém a vitória já em Fafe.”
e Luís Ramalho apresentaram o seu novo projeto vontade de vencer, de ganharmos mais um título e Esta apresentação contou com mais de uma centena
no passado sábado, numa cerimónia que serviu é para isso que estamos aqui, para tentarmos lutar de pessoas presentes, entre patrocinadores, media,
igualmente para apresentar oficialmente as novas pela vitória no Campeonato Nacional 2020. Estamos clubes, amigos, família e também muitos fans a
instalações da The Racing Factory, uma empresa de com uma estrutura nova, a The Racing Factory, uma acompanhar nas redes sociais. É um prazer para ti
competição automóvel que nasceu em 2018 com base equipa extremamente ambiciosa que se está a esfor- ter tanta gente a seguir-te uma vez mais e a dar-te
em Santa Maria da Feira, criada a partir de um conceito çar imenso para atingir o sucesso, para passarmos todo este apoio para mais uma grande época?
de equipa de competição desenhado em conjunto por o desporto automóvel nacional para outro nível, por “Claro que sim! Nós até na apresentação quisemos
Aloísio Monteiro, com Justino Reis e Fábio Vasques. isso acho que em conjunto poderemos alcançar estes inovar, sermos profissionais, mas de uma forma
Aloísio Monteiro traz para esta nova equipa a filosofia objetivos, estou muito motivado e a equipa também. mais informal, para proporcionarmos uma maior
“lean“ e a metodologia “5S” aplicada com sucesso no Portanto, vamos tentar entrar no campeonato bem e proximidade entre o projeto desportivo e o público,
grupo industrial Sodecia, com uma visão de cresci- gostava de estar na luta pela vitória já no Rali Serras sponsors, media e portanto não criar barreiras. É esse
mento no mercado europeu da competição, a partir de Fafe.” o nosso objetivo e a nossa forma de estar no desporto
da conquista de vitórias e títulos. Armindo Araújo e O Skoda Fabia R5 Evo é um carro novo para ti, já e é assim que nos devemos manter em 2020.”
Luis Ramalho são assim os sócios ideais para esta tiveste algum contacto com o carro ou conversaste
parceria, com o objetivo muito claro de vencer ralis e com alguém que o tenha conduzido?
conquistar o título absoluto no Campeonato Portugal “Eu ainda não experimentei o carro, iremos ter
de Ralis. Depois de agradecer à Hyundai Portugal o testes em breve, obviamente que iremos ser bem
contributo importante que teve para o seu regresso assessorados nessa primeira abordagem e iremos
ao ativo e conquista do Penta, Armindo Araújo reve- ter cá técnicos da Skoda Motorsport. A estrutura já
lou-nos mais detalhes deste novo projeto: conhece bem o Skoda, já fez uma época com o carro,
Parabéns por mais um projeto no Nacional de Ralis. portanto nada é novo para a estrutura, apenas é novo

PRIMEIRO TESTE NO FINAL DO MÊS

O primeiro teste de Armindo Araújo com o Skoda Fabia R5 Evo deverá ser realizado
no final deste mês e contará com a presença de técnicos da Skoda Motorsport.
Segundo o piloto, “a preparação da época vai assentar em dois dias de testes para
cada piso, antes de iniciarmos cada fase do campeonato, e teremos ainda mais um
teste antes de cada rali. Vamos ter três carros à disposição, o que está já decorado
é o carro de testes, estando prevista a chegada de um novo exemplar para fazermos
os ralis de terra e mais tarde uma outra unidade para a fase de asfalto.” O Autosport
acompanhará in loco a primeira sessão de testes do piloto de Santo Tirso com o
carro checo. O que ainda está pendente de definição é a escolha das oito provas
para pontuar do total das 10 que compõem o calendário, mas o Rali Serras de Fafe e
o Rali de Portugal estão garantidos. Refira-se ainda que a The Racing Factory estará
presente no Campeonato da Madeira de Ralis com Miguel Nunes, no Europeu de Ralis
com Juan Carlos Alonso e o próprio Aloísio Monteiro, e ainda na Peugeot 208 Rally Cup
Ibérica com um jovem piloto a anunciar.

V/ >> autosport.pt
VELOCIDADE
41

24H DE DAYTONA

No próximo fim de duzida, com a Aston Martin (-3l) a BMW A Mazda esteve muito forte no teste e
semana teremos o (-3l) e a Acura (-2l) a serem as mais pe- conseguiu a pole no ROAR. Se a fiabili-
primeiro grande evento nalizadas neste capítulo. dade tiver sido aprimorada, poderemos
do ano de endurance. ver os Mazda a dar luta aos Cadillac. Já no
As 24h de Daytona RECORDAR O ROAR ano passado o cenário tinha sido idêntico,
são a primeira prova mas a falta de fiabilidade das máquinas
para os amantes das Pelas indicações que tivemos no ROAR da marca nipónica hipotecou qualquer
Before the Rolex 24, que serve de ensaio hipótese de um bom resultado. A Acura
corridas de longa geral para a mítica prova, temos motivos começou mal o ROAR, mas mostrou que
duração e este ano para sorrir. Filipe Albuquerque está inse- também tem de ser considerada favorita.
rido numa equipa muito experiente, com Nos GTLM o equilíbrio foi também nota
os portugueses uma tripla de pilotos rapidíssima e com o dominante com os Porsche a parecerem
têm motivos para Cadillac, carro que já provou ser a máqui- ter algum ascendente, apesar da pole ter
ficar agarrados à na a bater na pista da Florida, o qual conta ficado para o Ferrari #62. O novo Corvette
transmissão, com com três vitórias consecutivas, nos três pareceu ter potencial para estar na luta
quatro representantes anos da regulamentação DPi. O #31 foi o logo na sua estreia e os BMW apresenta-
lusos na mítica prova melhor Cadillac na qualificação e esteve ram alguns tempos interessantes, embora
constantemente nos lugares da frente no sejam o pacote com performance menos
americana teste. João Barbosa teve um ROAR mais forte deste lote.
discreto, mas é um dos pilotos mais bem Na classe LMP2 os carros mais fortes fo-
39 CARROS sucedidos da história da prova (três vi- ram o #52 da PR1 Mathiasen Motorsports
E REPRESENTAÇÃO tórias) e tem consigo dois grandes nomes e o #81 da DragonSpeed USA. As duas má-
PORTUGUESA DE LUXO que o ajudarão na luta pelo pódio. Tudo o quinas foram-se sucedendo no topo da
Aedição de 2020 das 24h de que não seja ver os nossos compatriotas tabela, sendo que na qualificação foi mes-
Daytona terá 39 carros em Misha Goikhberg, Trent Hindman e AJ a lutar pelos primeiros lugares será mo- mo o #52 a fazer o melhor registo. O car-
pista, uma das afluências mais Allmendinger, enquanto Pedro Lamy re- tivo de surpresa, nunca esquecendo que ro #8 da Tower Motorsport by Starworks
baixas de sempre nesta prova, gressa a Daytona com o Aston Martin #98 falamos de uma prova de resistência, com também foi dos que mais perto andou dos
que em 2019 recebeu 47 carros. da Aston Martin Racing com Ross Gunn, tudo o que isso implica. melhores tempos.
Na linha de partida estarão oito Mattias Lauda e Andrew Watson, jovem Em GTD foram os Lamborghini a liderar a
DPi, seis LMP2, sete GTLM e 18 GTD. São promessa do programa da Aston Martin H/ H O R Á R I O maioria das sessões, com os Lexus a da-
12 marcas representadas, num pelotão que substitui Dalla Lana, impedido de rem boa conta de si, mas os Acura, espe-
recheado deexperiência(42vencedores participar por lesão. HORA PORTUGUESA cialmente o de Álvaro Parente, mostrou
em Daytona) e jovens talentos, que repre- que tem potencial para estar na luta pe-
sentam um total de 22 nacionalidades. BOP – ACURA PENALIZADA QUINTA 23 DE JANEIRO las primeiras posições. O BoP penalizou
Em comparação com o ROAR Before the 15:00 TREINO LIVRE 1 sobremaneira a máquina do português,
Rolex 24 é uma lista com menos um carro, Os Acura foram penalizados na classe ra- 17:45 TREINO LIVRE 2 (GTD/LMP2 SILVER/BRONZE) mas Parente tem experiência e talento
com o segundo Oreca da PR1/Mathiasen inha, os DPi, para as 24h de Daytona. As 18:00 TREINO LIVRE 2 (GTLM/DPI) para levar o seu NSX a bom porto e supe-
a ficar de fora. máquinas nipónicas, operadas pelo Team 21:15 QUALIFICAÇÃO GTD rar todas as surpresas que possam surgir.
O contingente português conta com Penske, tiveram uma redução de potência 21:40 QUALFICAÇÃO GTLM O Aston Martin #98 de Pedro Lamy fez
quatro representantes de luxo, todos (6.7 cv), enquanto os Cadillac ficaram 10 22:05 QUALIFICAÇÃO DPI/LMP2 apenas as três últimas sessões, mas as
eles já com experiência nesta prova. kg mais pesados. A Mazda manteve-se SEXTA 24 DE JANEIRO primeiras impressões não foram más,
João Barbosa estará aos comandos do igual ao nível da performance tendo, no 0:15 TREINO LIVRE 3 com Lamy a fazer o melhor registo do
Cadillac #5 da JDC-Miller MotorSports entanto, recebido mais 2l de combustível 14:50 TREINO LIVRE 4 carro, que valeu o sétimo tempo na últi-
com Sébastien Bourdais e Loic Duval, uma por depósito, tal como os Cadillac, e mais SÁBADO 25 DE JANEIRO ma sessão.
tripla de alto nível para o ataque à vitória. um que os Acura. 18:40 INÍCIO DA CORRIDA
Filipe Albuquerque estará ao volante do Nos GTLM o novo Corvette recebeu um
Cadillac #31 da Action Express com Pipo aumento no restritor de ar (+0.3 mm), o
Derani e Mike Conway. A equipa tem mui- que equivale a um aumento de 4.15 cv, en-
ta experiência nesta prova, o Cadillac tem quanto os Ferrari terão -5.3Cv e a Porsche
sido a máquina de eleição nos últimos anos +10 kg de peso, sendo os BMW a referên-
e são claros favoritos ao primeiro lugar. cia nesta categoria.
Nos GTD o contingente luso fica com- Nos GTD os Acura ficaram 25 kg mais
pleto com Álvaro Parente no Acura #57 pesados, os BMW perderam 13.4 cv, os
da Heinricher Racing na companhia de Ferrari terão menos 4 cv e os R8 terão
-10kg de peso. Quase todas as marcas
viram a capacidade dos depósitos ser re-

TT/42
AFRICA RACE

AFRICA RACE

VENCEDORES SEM SURPRESAS

Desta vez sem um oceano a separá-los, enquanto o Dakar se
estreou na Arábia Saudita, o Africa Eco Race chegou mais uma
vez a Dakar. Novamente sem nomes muito fortes, o desafio foi o
mesmo nas areias onde Thierry Sabine sonhou. Patrick e Lucas
Martin (Mercedes-Benz) venceram a edição de 2020 do Africa
Eco Race na geral (Autos/Camiões), nos SSV Xtreme o triunfo
foi para Benoit Fretin/Cédric Duplé (Can Am) e, por fim, nas
motos, Alessando Botturi (Yamaha) confirmou o triunfo

José Luís Abreu três, mas Fretin recuperou a liderança atrás estava o Tarek Mercedes de Patrick Mercedes) passaram a ser os novos
[email protected] na quarta etapa para não mais a largar. e Lucas Martin. Estes três concorrentes líderes do Africa Race, com a dupla fran-
FOTOS AIFA/Jorge Cunha e Oficiais Nas Motos, Alessandro Botturi (Yamaha) estavam separados na geral por sete cesa do buggy a aproveitar uma tirada
só teve o norueguês Anders Pal Ulleval- minutos, o quarto classificado estava mais complicada para se sobrepor aos
Na geral a corrida foi liderada seter (KTM) à sua frente na etapa dois. a quase três horas e meia… camiões, que no dia anterior ocupavam
por SSV, Camiões... e autos. Os Na seguinte, Botturi recuperou a dian- Nos SSV, lideravam Benoit Fretin e Cé- os dois primeiros lugares da classifica-
SSV dominaram na primeira teira e por aí ficou até ao fim, apesar da dric Duplé, com mais de duas horas de ção geral.
curta especial, os Camiões diferença nunca ter sido muito grande. avanço para Noel de Burlin. Oito horas… 19m17s foi o que o melhor
nos percursos rápidos de Fazendo uma cronologia da corrida, na Na etapa 8, Patrick e Lucas Martin (Tarek auto registou na etapa 8 do Africa Race, e
Marrocos, e quando a areia etapa 5, o Iveco #408 de Igor Bouwens,
começou a aparecer muito mais em Ulrich Boerboom e Frits Driesmans
forma de dunas, os buggy solidifica- seguia na frente com seis segundos
ram-se na frente. de avanço para o Tarek Buggy #200 de
Na tabela da classificação geral, Benoit Yves e Jean Fromont. Nas motos, a KTM
Fretin foi o primeiro líder da prova, num #101 de Alessandro Botturi mantinha a
SSV, Miklos Kovacs impôs o seu camião liderança com cerca de quatro minutos
Scania na etapa dois, Yves Fromont de vantagem.
(Buggy) liderou na etapas três e quatro. Na etapa 6, continuava a grande luta en-
Depois foi a vez doutro Camião, de Igor tre camiões e autos, com o Iveco pilotado
Bouwens, que se manteve na frente nas por Igor Bouwens a liderar com apenas
etapas cinco, seis e sete. Na etapa oito seis segundos de avanço para o buggy
foi a vez de Patrick Martin passar para de Yves Fromont. No lugar mais baixo
a frente, onde permaneceu até ao fim. do pódio estava classificado Patrick
Nos Camiões o domínio de Miklos Ko- Martin, que rodava a 9m02s da frente.
vacs (Scania) foi interrompido na quarta Nas Motos, Botturi (Yamaha) mantinha
etapa, com Igor Bouwens (Iveco) a liderar a distância para Ullevalseter (KTM).
nas três tiradas seguintes. O húngaro Na etapa 7, o Iveco de Igor Bouwens con-
Miklos Kovacs foi novamente para a quistava a sua terceira vitória em eta-
frente na etapa 8 e aí ficou até final. pas, apesar de um acidente entre duas
Nos SSV, Benoit Fretin foi o primeiro pequenas dunas que formavam uma
líder, na primeira e segunda etapas. Ale- ‘tigela’. O belga tinha na altura 3m40s
xandre Debanne suplantou-o na etapa de avanço para o Scania do húngaro
Miklos Kovacs. Quatro minutos mais

Logo a seguir terminou outro SSV, o >> autosport.pt
Can AM X3 de Loïc Frebourg e Franck
Boulay. Na 3ª posição ficaram Patrick e 43
Lucas Martin, no seu Tarek Mercedes.
Os franceses aproveitaram a oportuni- AAVENTURA
dade para assumir a liderança da geral DE FERNANDO E NUNO BARREIROS
provisória Auto/Camiões/SSV.
Depois de terem andado no topo da ta- Fernando e Nuno Barreiros tinham como principal objetivo, neste ano de estreia,
bela até aqui, nesta etapa os camiões terminar esta grande maratona africana e conseguiram-no. Apesar das muitas
sofreram. O belga Igor Bouwens, ante- dificuldades, chegaram a Dakar: “Foi uma prova muito dura e deveras exigente
rior líder da classificação geral com seu sobretudo para um carro como o nosso muito próximo do veículo de série. Foram
Iveco, foi vítima de um acidente do qual muitas horas a conduzir e poucas para recuperar, mas estamos satisfeitos e
demorou mais de duas horas para sair. orgulhosos de termos sido bem-sucedidos. Foi um enorme prazer chegar a Dakar
Nas Motos, Ullevalseter esteve perto e disputar a mítica etapa do Lac Rose”, referiu Fernando Barreiros.
de chegar à liderança, pois estava 15 A sua prova não foi fácil, foram cedo vítimas de dois problemas mecânicos na
minutos na frente de Alessandro Botturi Isuzu D-Max que os atrasou imenso na classificação,
aquando do reabastecimento, mas o ita- chegaram a permanecer várias horas no deserto, mas conseguiram levar a sua
liano da Yamanha reagiu e manteve-se avante e chegaram ao fim da prova.
líder por apenas 2m05s. O vencedor da
etapa, Lyndon Poskitt (KTM), passou a JOÃO ROLO CHEGOU A DAKAR
terceiro da geral.
Na etapa 9 nada mudou e na etapa 10 do João Rolo não teve vida fácil, mas logrou chegar a Dakar. Logo na etapa 3, alguns
Africa Eco Race, que era suposto deci- contratempos não lhe permitiram concluir a tempo, os 516.31 km da especial
dir – ou pelo menos encaminhar muito que ligava Mhamid a Assa, mas apesar da penalização, o anadiense cumpriu o
bem – esta 12ª edição do evento, quer objetivo de chegar ao Lago Rosa, em Dakar. Antes, novos problemas na moto não
nas motos ou nas quatro rodas, o diretor deram oportunidade ao #134 de atacar o percurso que ligou Assa a Smara, mas
de prova teve que neutralizar a etapa a perseverança de João Rôlo passou qualquer obstáculo. O bairradino percorreu
no km 249, num ponto de reabasteci- centenas de quilómetros durante a noite, sempre acompanhado por outros
mento, já que três motociclistas tiveram participantes que também não escaparam a azares mecânicos e cumpriu o seu
um acidente na primeira parte do per- objetivo. O cansaço imperou mas a vontade de chegar a Dakar falou mais alto!
curso, facto que necessitou da atenção
o mais curioso é que foi um Polaris SSV, de dois dos helicópteros, tornando-se
o de Geoffroy Noel de Burlin. impossível garantir a segurança dos
Ainda por cima este belga de 40 anos concorrentes no percurso de cerca de
‘viajava’ sozinho, ou seja, sem co-piloto. 500 km. Desta forma, os participantes
Para além disso, é paraplégico. O feito é rodaram em ligação nos últimos 250 km.
tanto ou mais ‘enorme’ pois esta foi uma Nos autos, Yves e Jean Fromont, no
especial particularmente difícil, da qual Buggy Mercedes, terminaram na
um bom número de concorrentes só de dianteira a etapa 10, na frente dos seus
lá saiu à noite. companheiros de equipa do Team MMO,
Patrick e Lucas Martin, que, no seu Tarek
Mercedes Buggy, permaneceram na
liderança da prova, na altura com 1h10s
de avanço para os segundos classifica-
dos, o camião Scania guiado por Miklos
Kovacs.
Nos SSV Xtreme Race, Benoit Fretin e
Cedric Duplé tinham quase duas horas
de avanço para Patrice Etienne e Jean
Pierre Saint Marin.
Nos Camiões, novo triunfo para o Scania
de Karoly Fazekas, mas na frente per-
manecia o Scania de Miklos Kovacs, com
meia hora de avanço para o vencedor
desta etapa nos camiões. Nas Motos,
Alessandro Botturi mantinha-se na
frente com 2m04s face a Pal Anders
Ullevalseter.
Após esta, seguiu-se a última etapa, a 11,
na qual as classificações em cada cate-
goria, no que diz respeito às lideranças,
não viriam a sofrer quaisquer alterações,
confirmando-se assim a vitória na prova
dos até então seus comandantes.
Quanto aos portugueses, João rolo ter-
minou em 70º e Fernando e Nuno Barrei-
ros, no Izusu #225, terminaram a prova
na 51ª posição. Uma autêntica aventura
para o trio, com muitos problemas pelo
meio, mas concluíram a prova, chegaram
a Dakar e isso é o mais importante.

44 AUTO++ mais

MAZDA

» CX-30 2.0 SKYACTIV-G EVOLVE

UMA AGRADÁVEL CERTEZA

Os últimos produtos da Mazda têm vindo a surpreender
e o contacto mais demorado com o CX-30 permitiu-me
ficar surpreendido com várias coisas, entre elas,
a qualidade, o refinamento e o cuidado nos detalhes. Para
lá disso, o motor a gasolina voltou a mostrar qualidades

LEIA MAIS ENSAIOS E ACOMPANHE José Manuel Costa impressionar. Os materiais são de grande
TODAS AS NOVIDADES EM AUTOSPORT.PT [email protected] qualidade, há muito plástico suave ao
toque a revestir quase todo o habitáculo
Abase do CX-30 é a mesma do e não tenho dúvidas que no caso do CX-
Mazda3, não sendo uma apli- 30 estamos a falar de qualidade ao nível
cação pura e simples. A Mazda do BMW X2, deixando para trás os rivais
encolheu a distância entre ei- do segmento como o Seat Ateca, Nissan
xos e o CX-30 é mais pequeno Qashqai e outros. O CX-30 utiliza muitas
que o 3. Diz a marca japonesa das peças usadas no 3 para compor o ha-
que a ideia foi dar ao CX-30 dimensões bitáculo, por isso lá está o mesmo sistema
mais confortáveis para a cidade. Quanto de infoentretenimento, o mesmo ecrã de
ao estilo, o departamento de design da 8,8polegadasmontadonamesmaposição,
Mazda voltou a acertar em cheio com um controlado pelo mesmo comando rotativo
SUV bem proporcionado e que não nos colocado entre os bancos, tem grafismo
esfrega na cara ser um SUV. As proteções sóbrio e oferece de série Apple CarPlay
de plástico negro nas cavas das rodas e Android Auto.
dão-lhe carácter e o aspeto geral é exce- A posição de condução é facilmente en-
lente. Enfim, um carro muito agradável à contrada graças às muitas possibilidades
vista e sedutor. de regulação em termos de banco e coluna
de direção, e apesar de estarmos sentados
INTERIOR DE QUALIDADE mais alto que no Mazda3, se estiver ao seu
Tal como tem acontecido com os últimos lado um Qasqhai parece que estacionou
modelos da Mazda, o CX-30 tem um in- ao lado de uma Navara! Espaço existe
terior muito bem construído e volta a em abundância à frente, atrás as coisas

>> autosport.pt/automais

45

FT/ F I C H A T É C N I C A

2.0 / 122 CV

GASOLINA

10,6 S

0-100 KM/H

5,1 L / 6,1 L (AUTOSPORT)

100 KM

116

G/KM- CO2

27 650€

PREÇO VERSÃO

ESTILO / QUALIDADE / EFICIÊNCIA

PERFORMANCES

MOTOR GASOLINA, 4 CIL. EM LINHA COM
INJEÇÃO DIRETA POTÊNCIA MÁXIMA
122 CV / 6000 RPM BINÁRIO 213 NM /
4000 RPM TRANSMISSÃO DIANTEIRA,
CX. MANUAL DE 6 VEL. SUSPENSÃO
MCPHERSON À FRENTE E EIXO DE TORÇÃO
ATRÁS TRAVAGEM DV/D PESO 1320 KG
MALA 430 LT (C/ BANCOS REBATIDOS 1406)
DEPÓSITO 51 LT VEL MÁX. 186 KM/H

chegue aos 7,4 l/100 km se insistirmos em
explorar a parca potência disponível. Mas
a verdade é que o motor deixa de ter piada
e só estamos a gastar gasolina. Contas
feitas, um consumo médio do ensaio de
6,1 l/100 km é um extraordinário resultado
para o CX-30 Skyactiv G, sim, a gasolina.

são menos risonhas, principalmente se atenção do condutor, reconhecimento dos tura de luz LED e luzes diurnas LED). Tudo EFICAZ SEM PRETENSÕES ABSURDAS
quem estiver ao volante tiver um chassis sinais de trânsito, aviso de saída de faixa isto para poder colocar no seu CX-30.
robusto. A bagageira não tem truques com e assistente de posicionamento na faixa, Não tendo performances apuradas, o
fundos falsos ou arrumações específicas apoio inteligente à travagem, controlo MOTOR A GASOLINA CONVENCE CX-30 não deixa de ser um carro eficaz
e a capacidade está abaixo da média do de velocidade com radar e assistente e competente, embora como sucede com
segmento: são 430 litros que se podem inteligente de velocidade, sensores de Do motor 2.0 Skyactiv-G, a debitar 122 cv todos os SUV, não seja um desportivo,
esticar aos 1406 litros com o rebatimento estacionamento traseiros, máximos e 213 Nm, não se pode esperar grandes longe disso. Porém, encaixa bem com as
dos bancos traseiros. automáticos, botão de ignição, compu- veleidades em termos de performances. capacidades do motor, e o comportamento
A unidade ensaiada tinha como nível de tador de bordo, sensores de luz e chuva, Mas pelo menos é um motor refinado, acaba por ser bom: controlo efetivo dos
equipamento o Evolve, que oferece jantes sistema de som com Bluetooth e 8 co- suave porque não tem turbo, e com ca- movimentos da carroçaria, eixo dianteiro
de liga leve, faróis dianteiros LED, luzes lunas de som. racterísticas muito simpáticas como o com excelente aderência e uma direção
frontais de halogéneo, faróis traseiros LED, Existem, depois, quatro pacotesdeequi- consumo e as emissões. Naturalmente precisa e com o peso certo, apesar de ser
spoiler da cor do tejadilho, retrovisores pamento opcional. Pack Ative (Jantes de que a necessidade de levar o motor até às menos rápida a regressar ao ponto neutro.
exteriores com rebatimento automático, liga leve de 18 polegadas, câmara traseira, 3000 rpm para ter binário, obriga, também, Ou seja, não sendo desportivo ou parti-
ajustáveis e aquecidos, antena integrada sensores de estacionamento dianteiro, a mexer mais na caixa. Mas como sucede cularmente emocionante na condução,
no vidro traseiro, ecrã central TFT de 8,8 vidros traseiros escurecidos, chave in- com o Mazda3, a caixa do CX-30 é uma o CX-30 é eficaz, seguro e competente.
polegadas, volante em pele, comandos no teligente e abertura e fecho elétrico da preciosa ajuda para utilizar o motor, sendo Contas feitas, o CX-30 é um carro que
volante, Bluetooth, alavanca da caixa em bagageira), Pack Safety (alerta de tráfego fácil, suave e agradável. Já a eficiência satisfaz em, praticamente, todas as áreas:
pele, ar condicionado automático, apoio frontal, sistema de monitorização do con- do motor Skyactiv-G é impressionante: tem um interior com enorme qualidade –
de braço central, HUD display, assistência dutor, sistema inteligente de apoio à trava- observando os cuidados próprios de uma que pede meças aos produtos Premium
ao arranque em declive, apoio inteligente gem em marcha atrás, monitorização de condução responsável, o CX-30 devol- – tem muita atenção aos detalhes (veja o
à travagem em cidade com deteção de visualização superior e sistema de apoio veu-me um consumo de 5,4 l/100 km. exemplo do ruído interior do sistema de
peões, monitorização do ângulo morto ao trânsito em fila), Pack Sound (sistema Absolutamente excelente. É verdade que indicador de mudança de direção, suave
com alerta de tráfego traseiro, alerta de Premium da Bose) e Pack Sport (assina- se queremos abusar um pouco, a fasquia e requintado), tem espaço suficiente e
sobe para os 6,8 l/100 km e é possível que uma bagageira que não é de topo, mas não
envergonha, um comportamento seguro
e eficaz e uma eficiência notável. Enfim, é
um carro giro que merece a sua atenção,
até porque está muito bem equipado e por
menos de 30 mil euros, é um carro muito,
muito interessante.

AUTO+ mais

VOLVO ticamente tudo o que a carrinha sueca
oferece, em termos de tecnologias de
» V60 CROSS COUNTRY D4 AWD GEARTRONIC MOMENTUM conforto e apoio à condução.
De resto, num habitáculo ergonomica-
AVENTURAS COM ESTILO mente bem conseguido, do qual fazem
parte poucos botões, mas também vários
Variante com tradição na marca sueca, a versão Cross Country está já também disponível espaços de arrumação de capacidade
na atual geração da carrinha Volvo V60, que, de resto, a veste como uma luva. Ajudada razoável, ótima, sem dúvida, é a posição
igualmente por um turbodiesel de 190 cv e respetiva caixa automática de 8 velocidades, de condução. Garantida por um banco
importantes contributos para as prometidas aventuras com estilo... em couro e muito confortável, com todos
os ajustes necessários e bons apoios
A. C. Assim, além de uma maior altura ao solo a bordo um prazer sempre renovado. laterais. E a que se junta não somente
[email protected] (75 mm), surge com as tradicionais prote- Resultado também de um ambiente que, um bom apoio de pé esquerdo, como
ções em plástico dos rebordos inferiores em tudo idêntico ao da V60 dita normal, também um volante de pega excelente.
Carrinhaplenadeestiloeimagem da carroçaria, no caso do pára-choques junta a uma escolha criteriosa dos mate- Já a visibilidade traseira é, certamen-
cativante, cujo cunho nórdi- e saias laterais, em metalizado. A mes- riais, solidez da construção e atenção ao te, o aspeto menos convincente para o
co lhe garante uma imagem ma cor, aliás, das barras longitudinais pormenor, um certo toque tecnológico. condutor. Embora atenuada através da
distinta da (forte) concorrên- no tejadilho, ponteira dupla estilizada e Transmitido, desde logo, pela presen- disponibilização de sensores exteriores
cia alemã, a Volvo V60 Cross integrada no pára-choques traseiro, ou ça de um equipamento de série muito de aproximação e câmara traseira de
Country acresce às linhas já até mesmo das bonitas jantes em liga completo e do qual faz parte um painel boa definição.
de si estatutárias, muitos dos já espe- leve de 18” - infelizmente, opcionais, e de instrumentos de 12,3” 100% digital, Já para os restantes passageiros, a ga-
rados pormenores oriundos do território com um preço - diz a Volvo - de 154€... assim como o já conhecido e enorme rantia de muito conforto, em particular,
dos Sport Utility Vehicles (SUV) e até Já no interior do habitáculo, uma sensa- tablet que preenche a quase totalidade quando a lotação se resume a apenas
crossovers; mas, atenção: sempre com ção de qualidade, exclusividade, e até de da consola central. A partir do qual se dois ocupantes no banco de trás; isto,
muita classe! luxo, capaz de tornar qualquer momento torna possível configurar/aceder a pra- não porque a largura existente seja in-
suficiente para albergar três, mas porque,
não só o lugar do meio se mostra menos
confortável, como, a dificultar a colocação
das pernas, ainda existe um túnel de
transmissão largo e elevado.
Quanto à bagageira, nada a dizer, a não
ser bem, mercê de um acesso baixo e

>> autosport.pt/automais

47

amplo, ajudado por um portão elétrico, que acaba revelando-se um bom compa- quando, por exemplo, a frio ou numa FT/ F I C H A T É C N I C A
a anunciar ótima capacidade de carga - nheiro de aventuras para esta Volvo V60 condução mais enérgica, altura em que
529 litros. Valor aumentável através do Cross Country. Desde logo, pela forma até mesmo a transmissão acaba por se 2.0 / 190 CV
prático rebatimento 40:20:40 das costas convincente e à-vontade como se exibe, mostrar um pouco mais brusca. Com a
dos bancos traseiros, apenas uma de um sem dificuldades para proporcionar bons opção a repercutir-se até mesmo nos GASOLINA
sem número de soluções de funcionali- ritmos (8,2s nos 0-100 km/h), podendo consumos, que até aqui facilmente po-
dade que o espaço contém. mesmo garantir um pouco mais de emo- derão rondar os 7,2 l/100 km. 8,2 S
Debaixo do capot dianteiro, um quatro ção na condução, mediante o recurso Ao volante, a constatação de que nem
cilindros 2.0 litros turbodiesel de 190 às ótimas patilhas da caixa no volante; mesmo a maior altura ao solo impede 0-100 KM/H
cv e 400 Nm, acoplado exclusivamente mesmo se, em termos de tempos de esta V60 mais aventureira de conse-
a uma caixa automática Geartronic de resposta, as coisas pouco mudem. guir exibir-se em plano elevado, tanto 5,9 L / 7,2 L (AUTOSPORT)
dupla embraiagem e oito velocidades, e Menos positiva, a sonoridade mais notada no alcatrão, como fora-de-estrada.
Ambiente onde, no caso da nossa 100 KM
unidade, só mesmo os “inesperados”
Pirelli PZero Rosso mostravam alguma 155
(pouca) inadaptação.
Ainda assim, e até mesmo no alcatrão G/KM- CO2
mais molhado, destaque para a forma
estável e segura como a carrinha sueca 57 937€
se exibe, salvaguardando sempre um
conforto refinado que, nem mesmo PREÇO BASE
as ligeiras cedências da suspensão,
quando por trajetos mais sinuosos e QUALIDADE DE VIDA A BORDO / CONFORTO
numa condução mais agressiva, con- EM TODOS OS PISOS / APTIDÕES OFFROAD
seguem penalizar. Algo, de resto, para o
qual, a direção, pouco informativa mas SONORIDADE DO MOTOR A FRIO /
precisa na forma como encaminha o FUNCIONAMENTO POUCO INTUITIVO DOS
conjunto, não deixa de contribuir, aju- COMANDOS NO VOLANTE / PREÇO
dando a tornar ainda mais estatutárias
e exuberantes quaisquer aventuras a MOTOR GASÓLEO, 4 CIL. EM LINHA, INJEÇÃO
bordo desta Volvo V60 Cross Country DIRETA COMMON-RAIL, TURBOCOMPRESSOR
D4 Geartronic AWD Momentum... DE GEOMETRIA VARIÁVEL E INTERCOOLER
POTÊNCIA 190 CV/4250 RPM BINÁRIO
400 NM/1750-2500 RPM TRANSMISSÃO
TRAÇÃO INTEGRAL, COM CAIXA AUTOMÁTICA
GEARTRONIC DE 8 VEL. SUSPENSÃO TIPO
DUPLO BRAÇO TRIANGULAR À FRENTE E EIXO
TRASEIRO TRANSVERSAL ATRÁS TRAVAGEM
DV/D PESO 1.854 KG MALA 529 LT
DEPÓSITO 60 LT VEL. MÁX. 210 KM/H

E/ Dando cumprimento ao estabelecido no n° mais importantes provas de desporto au- leitores uma informação atual, rigorosa e abordagem e de análise dos factos noti-
1 do artigo 17° da Lei 2/99, de 13 de Janeiro, tomóvel disputadas em território nacional de qualidade, opinando sobre tudo o que se ciosos, com total abertura à interatividade
ESTATUTO Lei da Imprensa, publica-se o Estatuto e no estrangeiro, relata acontecimentos passa na área do automóvel e dos automo- com a sua comunidade de leitores.
EDITORIAL Editorial da publicação periódica AutoSport: ligados à competição automóvel, bem como bilistas, numa perspetiva plural, recusando 4. O AutoSport pratica um jornalismo pau-
1. O AutoSport é um semanário dedicado temas que versam o automóvel como bem o sensacionalismo e respeitando a esfera tado pela isenção, sem comprometimentos
ao automóvel e aos automobilistas, nas de consumo, tanto na área industrial como da privacidade dos cidadãos. ou enfeudamentos, tendo apenas como
suas mais distintas vertentes: desporto e comercial. 3. O AutoSport pauta as suas opções edito- pressuposto editorial facultar a melhor
competição, comércio, indústria, segurança 2. O AutoSport está comprometido com riais por critérios de atualidade, interesse informação e a melhor formação aos seus
e problemática rodoviária. O AutoSport o exercício de um jornalismo formativo e informativo e qualidade, procurando apre- leitores, seguindo sempre as mais elemen-
edita, semanalmente, conteúdos sobre as informativo e procura oferecer aos seus sentar aos seus leitores a mais completa tares normas deontológicas.

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