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Published by hmilheiro, 2020-01-13 11:07:30

autosport_2194

autosport_2194

#2194 42
ANO 42
anos
15/01/2020
Semanal O SEMANÁRIO DOS CAMPEÕES >> autosport.pt

2,50€ (CONT.) PAULO
GONÇALVES
DIRETOR PEDRO CORRÊA MENDES 1979-2020

HERÓI

PARA
SEMPRE

>> RICKY BRABEC
NAFRENTEDASMOTOS
>> CASEY CURRIE
LIDERASSV
>> KAMAZ DOMINA
NOSCAMIÕES

SAINZ NAFRENTEMASTUDOEMABERTO



3

I/ I N S TA N TÂ N E O SIGA-NOS EM EDIÇÃO

#2194
15/01/2020

f l> > a u t o s p o r t . p t
facebook.com/autosportpt twitter.com/AutoSportPT

ÓBITO A vida de Paulo Gonçalves terminou de forma abrupta no deserto saudita, mas o legado que o piloto da Hero deixou é fantástico. O seu José Luís Abreu
segundo lugar no Dakar 2015 (na foto, ainda no tempo da Honda) é o melhor resultado de sempre de um português no Dakar, a par de Rúben Faria
DIRETOR-EXECUTIVO
S/ SEMÁFORO EM DIRETO
[email protected]
PARADO A ARRANCAR A FUNDO “Paulo, tive a sorte de te
conhecer da forma mais Não consigo encontrar me-
A morte voltou O WRC está prestes Três ‘veteranos’ lutam pura possível, partilhando a lhores palavras para des-
ao Dakar e desta vez a arrancar com o Rali pelo triunfo no Dakar. nossa paixão por corrermos crever o que penso sobre
tocou-nos muito mais de Monte Carlo, mas juntos, forçando os nossos Paulo Gonçalves, do que
de perto. Sentimos sob o futuro a médio Têm-nos oferecido limites e lutando para nos as que o meu amigo e an-
todas, mas esta é prazo da competição belas lutas e vai derrotarmos uns aos outros. tigo colega no AutoSport,
mesmo muito dura... continuar assim Que guerreiro tu provaste ser Jorge Rodrigues, escreveu sobre o
estão nuvens mais uma semana. em todos os sentidos na mota, motard luso. “O Paulo era o piloto
um pouco negras... mas o mais humilde homem que melhor encarnava o espírito do
de coração. Uma lágrima no Dakar. Ainda nesta edição, mudou o
O SEMANÁRIO DOS CAMPEÕES NA ERA DIGITAL meu olho para escrever esta motor da sua moto em pleno deser-
mensagem a pensar naqueles to. Não quis desistir. Nunca queria
que deixaste para trás. Até nos desistir. O destino estava traçado.
encontrarmos de novo, meu Partiu a fazer aquilo que mais gos-
amigo”, Sam Sunderland, tava. Como um herói.”
O Jorge seguiu-o desde as suas pri-
piloto da KTM. meiras aventuras no Dakar, em
2006, e alguns tempos depois tam-
“Paulo, deixaste uma marca bém tive o prazer de falar várias
profunda na vida de quem vezes com o Paulo Gonçalves. Era
teve o privilégio de se cruzar uma pessoa fantástica e resiliente
contigo. A tua coragem e como poucos. Há muitos exemplos
valentia são exemplo para da sua abnegação, por exemplo o
todos nós. DEP”, Miguel Oliveira, vídeo da sua queda do Dakar 2016,
exemplos de um grande coração,
piloto de MotoGP. como quando ajudou Cyril Després
a sair da lama em 2012, com o fran-
Siga-nos nas redes sociais e saiba cês a deixá-lo lá a ele.
tudo sobre o desporto motorizado no A onda de consternação que varreu
computador, tablet ou smartphone via o Dakar e a família dos desportos
facebook (facebook.com/autosportpt), motorizados, adeptos incluídos, diz
twitter (AutosportPT) ou em bem do impacto que teve a morte de
>> autosport.pt Paulo Gonçalves.
Assistir, através de fotos, ao sofri-
mento do Joaquim Rodrigues, ou de
Joan Barreda, a escrever, “cuidaste
de mim como um irmão, recordo a
imensidade de horas que passámos
sozinhos no deserto, cuidando-nos
a 100 metros um do outro, permane-
cerá sempre na minha alma.”
É uma enorme perda para o despor-
to motorizado luso, especialmente
porque o Paulo Gonçalves teve ati-
tudes ao longo da sua carreira que
marcaram mais as pessoas que as
suas vitórias. Isso diz muito dele.
São momentos mesmo muito tristes
estes que vivemos.

4

MORREU
PAULO GONÇALVES
Um homem não chega ao fim
Paulo Gonçalves perdeu quando é derrotado. Ele che- inconsciente, em paragem cardio- quando ainda se realizava em África,
a vida no Dakar. O piloto deixa ga ao fim quando desiste!” -respiratória. Após uma tentativa tornou-se num dos melhores pilotos
um enorme vazio no desporto Foi esta a frase encontrada de ressuscitação no local, o piloto foi da competição das duas rodas durante
motorizado português. pela Hero Motorsports para transportado de helicóptero para o a fase do Dakar na América do Sul, e
Abnegado como poucos, tinha destacar a dedicação e ab- hospital de Layla, onde infelizmente manteve-se no Dakar que este ano se
um coração enorme e uma negação de Paulo Gonçalves, que, na se confirmou o seu falecimento. Aos realiza na Arábia Saudita.
força de vontade inigualável. etapa 3 deste Dakar, depois de ver o 40 anos, Paulo Gonçalves competia Mas nem sempre a carreira de Pau-
Morreu como um herói, tal motor da sua moto partido, não se re- no seu 13º Dakar. lo Gonçalves foi bafejada pela sorte,
como tinha escrito no fato signou à sorte e conseguiu manter-se Disputou a prova pela primeira vez em pois algumas quedas em momentos
de competição. À família e em prova depois de mudar o motor da 2006, terminou o Dakar quatro vezes cruciais do seu percurso levaram-no
aos amigos, o Motosport e o moto em pleno deserto. no top 10, conquistando um magnífico a atrasar o merecido reconhecimento
AutoSport endereçam as suas Era assim, Paulo Gonçalves. Resiliente segundo lugar atrás de Marc Coma, o público. Depois do seu título mundial
mais sentidas condolências como poucos e provavelmente dos pi- seu melhor resultado, em 2015, na- de 2013, não foi por acaso que a gigante
lotos que melhor encarnava o espírito quele que é ainda, e a par com Rúben Honda resolveu adquirir na sua tota-
José Luís Abreu do Dakar. Se não o melhor. Partiu a fa- Faria, o melhor resultado de sempre de lidade a pequena estrutura da Spee-
[email protected] zer o que mais gostava, como um herói. um português na prova. Paulo ‘Speedy’ dBrain, uma máquina perfeitamente
Paulo ‘Speedy’ Gonçalves perdeu a Gonçalves foi Campeão do Mundo de oleada e com muito de artesanal, mas
vida no dia 12 de janeiro, vítima de Ralis Todo-o-Terreno em 2013 e era de uma eficácia a toda a prova. Aca-
uma queda ao km 276 do setor seletivo 46º classificado nesta edição de 2020, baria assim por ser Paulo Gonçalves a
do dia. Alertada às 10:08, a organiza- no final da 6ª etapa. ajudar a fazer voltar brilhar a Honda,
ção depressa enviou um helicóptero Não há muitos pilotos que tenham quando toda a gente esperaria que
médico. Estes encontraram o piloto marcado presença nas três ‘eras’ do fosse outro dos pilotos oficiais.
Dakar. Estreou-se na mítica prova Na mesma edição em que o Dakar

>> autosport.pt 5

rumou ao Médio Oriente, Paulo Gon- OS PONTOS ALTOS
çalves iniciou um novo capítulo na sua
carreira com o Hero Motorsports. Após DAKAR 2006 A ESTREIA
cinco anos de sucesso com a equipa
da Honda Monster Energy, o Campeão Paulo Gonçalves estreou-se no Dakar de 2006, juntamente com Hélder Rodrigues
do Mundo de Ralis de Todo o Terreno e Rúben Faria. Terminou a prova em 25º, mas se não fosse uma queda a obrigá-lo a
FIM 2013 decidiu procurar um novo cumprir 360 quilómetros com o guiador ‘preso por arames’, o resultado poderia ter
desafio com o ambicioso fabricante sido outro. Com cinco resultados dentro dos 10 primeiros, nas 13 especiais cumpridas
indiano, onde se juntou a muitos rostos ao cronómetro, o piloto de Esposende teve uma prova muito positiva. “Aprendi muito
familiares, incluindo o seu cunhado desde o primeiro dia e, para ser franco, até mesmo a queda que dei foi uma grande e
Joaquim ‘J-Rod’ Rodrigues. importante lição”, disse na altura o piloto da, então, Honda CRF450X.
O Dakar não foi muito gentil com Paulo
Gonçalves nos últimos anos, já que DAKAR 2009 O PRIMEIRO TOP 10
foi forçado a abandonar pouco antes
da edição de 2018 devido a lesões no Juntamente com Hélder Rodrigues, Paulo Gonçalves também brilhou nos primeiros
joelho e no ombro, fruto de quedas em Dakar da América do Sul e foi aí que conseguiu o seu primeiro top 10. Paulo Gonçalves
provas durante o ano. Em 2019, caiu tinha no final da prova o sentimento do dever cumprido. O 10º lugar final satisfez
na 5ª etapa e abandonou. Já em 2020, o objetivo de um lugar no top 10 e só mesmo a vitória na classe 450cc escapou: “O
depois de boas provas com a sua nova balanço foi muito positivo, pois cumpri o meu objetivo de ficar nos 10 primeiros, e
moto no Rali Rota da Seda e no Rali fui segundo da classe, o que tem de ser considerado bom. Este Dakar foi incrível em
de Marrocos, esperava muito desta termos de público e quando arrancávamos, às três e quatro da manhã, já tínhamos
experiência no Dakar, mas o destino milhares de pessoas nas especiais para nos ver passar”, contou na altura o piloto da
não quis assim. Repsol Honda Europe.

2013 CAMPEÃO DO MUNDO DE TT

Herói nacional. Em 2013 Paulo Gonçalves tornou-se no segundo português a sagrar-se
campeão do Mundo de motociclismo. Aos 34 anos, Paulo Gonçalves chegava ao topo de
uma carreira notável que já incluía mais de 20 títulos nacionais distribuídos por Motocross,
Supercross e Enduro. O piloto de Esposende foi o segundo português a sagrar-se campeão
do Mundo, repetindo um feito já conseguido por Hélder Rodrigues em 2011 com a Yamaha: “É
claramente o ponto mais alto da minha carreira. É diferente ganhar etapas no Dakar ou ser
campeão do Mundo após toda uma época com seis provas e 36 dias de corrida. Ainda para
mais contra um piloto como o Marc Coma. Ele veio dar-me os parabéns como grande campeão
que é, e reconheceu que foi uma luta dura mas sempre ‘limpa’ ao longo de toda a temporada.
Estive sempre nos primeiros lugares, só terminei fora do pódio na Argentina. Nos Sertões
senti que podia realmente lutar pelo título e em Marrocos foi tudo perfeito”, referiu na altura.

DAKAR 2015 SEGUNDO LUGAR

Em 2015, Paulo Gonçalves igualou o melhor resultado de sempre de um português na prova,
repetindo o feito de Rúben Faria em 2013, isto depois de ter estado na luta pelo triunfo,
depois do seu companheiro de equipa Joan Barreda ter tido problemas e perdido o comando
da prova a favor de Marc Coma. A luta não durou até à meta, já que a mecânica da sua
moto, a exemplo do que sucedeu com alguns dos seus companheiros de equipa, fraquejou.
O motor cedeu e a penalização correspondente deitou quase completamente por terra as
esperanças de ‘Speedy’ poder lutar pela vitória até ao fim. Não chegou para vencer, mas foi
mais do que suficiente para alcançar o seu melhor resultado de sempre na prova: “Estou
contente com este segundo lugar, já que foi uma posição muito disputada. Andei sempre
pelo segundo e terceiro lugares toda a prova. Houve uma altura da corrida que fiquei na luta
com o Marc [Coma] pela liderança, mas logo depois surgiu o problema no motor e os quinze
minutos de penalização correspondentes acabaram por praticamente me colocar fora dessa
luta. Na segunda etapa maratona perdemos o Jeremias [Israel], que cedeu o seu motor e
fez com que eu pudesse celebrar o segundo lugar no rali, por isso tenho de estar contente
por mim e pelo trabalho da equipa. Honestamente, penso que tenho os melhores colegas de
equipa do mundo, obrigado Barreda, obrigado Hélder Rodrigues, obrigado Jeremias Israel,
se não fossem vocês possivelmente eu não teria obtido este segundo lugar. Foram decisivos
para que pudesse permanecer em prova”, disse Paulo Gonçalves na altura.

6

PAULOGONÇALVES OMENINO
DE GEMESES QUE CHEGOU

AOTOPO DO MUNDO
P aulo Gonçalves era uma força
da natureza. Determinação e Lembro-me de Harry Everts me falar em era muita e quem o ajudou foi o seu sogro, 2013 e registou o seu melhor resultado
resiliência são apenas duas pa- 1997 de Paulo Gonçalves. A Motogomes Joaquim Rodrigues. O desafio era voltar à de sempre no Dakar: o segundo lugar
lavras que resumem o caráter proporcionou-lhe um estágio com o belga classe MX2 e tentar ser campeão em 2006 em 2015.
do ‘Speedy’ ao longo de toda a na pré-época e a vontade de Paulo Gon- pela equipa Repsol Honda Moto Garrano. Era dos poucos pilotos no ativo a ter par-
sua carreira. çalves em mostrar o que valia era tanta, Gonçalves não fez a coisa por pouco: ven- ticipado no Dakar em África, na América
Quando Paulo Gonçalves apareceu no que Everts teve de lhe dizer várias vezes ceu todas as nove provas do campeonato! do Sul e agora na Arábia Saudita. E que or-
campeonato nacional de Motocross era para ele levar os treinos com mais calma. Foi também em 2006 que se estreou no gulho era ver um português com estatuto
um relativo desconhecido. Com uma Esta “falta de paciência” do minhoto Dakar. Falava-se na altura que vendeu de ‘Legend’ na mais importante prova de
Suzuki do concessionário MGB, não marcaria os primeiros tempos da sua o seu Audi TT - um carro que adorava todo-o-terreno do mundo!
deixou que a sua baixa estatura o impe- carreira. “Falta de paciência” convertida - para ajudar a financiar a sua primeira Mudou para a Hero em 2019 e enfrentou o
disse de se sagrar campeão nacional de em vontade insaciável de vencer… Sim- participação no mais prestigiado Rally Dakar 2020 com a mesma garra de sem-
Iniciados em 1993. plesmente vencer TODAS as provas em Raid do mundo. Tal era a determinação… pre. Na terceira etapa, voltou a ter um ato
Imediatamente depois disso, ascendeu que participava! Terminou o seu primeiro Dakar na 23.ª heróico. Mais um! Vítima de um motor
às classes seniores e começou a dar nas Destronou Luís Serra como o rei do Mo- posição e a aventura incluiu, entre outros, partido, Paulo Gonçalves esperou seis
vistas. Em cima da moto, parecia quase tocross em Portugal e, entre 1997 e 2002, episódios como a queda numa vala em horas pelo camião de assistência e trocou
não chegar aos pousa-pés mas a verdade dominou o MX e SX em Portugal. Nesse que o guiador foi ‘arrancado’ do triângulo o motor em plena etapa, pela primeira vez
é que ‘compensava’ esse facto com uma período, sagrou-se também vice-cam- superior da suspensão. À sua boa ma- na sua carreira!
coragem fora do normal. peão da Europa de 250cc e foi o primeiro neira, Gonçalves improvisou e chegou ao Quantos pilotos oficiais se teriam dado
Bastaram três anos para que alguém re- português a competir numa ronda do fim dessa etapa com o guiador preso ao ao trabalho de trocar um motor, fazer
parasse no ‘baixinho’ natural de Gemeses. AMA Motocross em Red Bud em 2002. triângulo com… abraçadeiras de plástico! os últimos 120 km de noite no meio do
A Motogomes - a mais importante equipa Em 2003 mudou-se para o Enduro com A partir daqui, o universo encarregou- deserto e chegar ao ‘bivouac’ às 20.30h
do Motocross portuguesa dos anos 90 - a equipa de fábrica da Gas Gas mas em -se de recompensar o ‘Speedy’ de todo e sabendo que a vitória já estava fora de
contratou-o em 1997 e permitiu-lhe que 2005 foi Paulo Marques – o primeiro luso o esforço feito ao longo da sua carreira. hipótese?!
se tornasse piloto profissional de mo- a vencer uma etapa no Dakar – que lhe A Speedbrain foi a primeira estrutura es- Este foi o último ato heróico de Paulo
tos - nesta altura, passa a ser o ‘Speedy’ deu a oportunidade de se voltar a dedicar trangeira a dar-lhe uma oportunidade nos Gonçalves na sua carreira. Mas o último
Gonçalves. aos campeonatos nacionais. Rally Raids para, de seguida, chegar àquela ato heróico da sua vida foi ter arrancado
Mas a vontade de regressar ao Motocross que é a equipa ‘de sonho’ para qualquer para a 7.ª etapa do Dakar com a mesma
piloto profissional de motos: a HRC Honda! vontade de sempre… A vontade de vencer!
De vermelho, conquistou o título de cam- Que a tua alma descanse em paz, Cam-
peão mundial de Rallies Cross Country em peão!

Jorge Ró Jr.
[email protected]

7FOTO: ASO/FLORENT GOODEN/DPPI

PAULO GONÇALVES, NA 7ª ETAPA DO DAKAR 2020,

UMA DAS ÚLTIMAS FOTOS CONHECIDAS DO PILOTO
PORTUGUÊS, CAPTADA POR FLORENT GOODEN/DPPI

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TDAUKADRAOPÓESEMTAPAA8BERTO
AMorte de Paulo ‘Speedy’ Gon-
Ao cabo de oito etapas, çalves, na sequência de uma E se no ano passado o buggy da X-Raid acho que estão muito perto. A verdade é
Carlos Sainz (Mini) lidera queda, tornou este um Dakar não teve andamento para a Toyota Hilux que nós trabalhámos muito na evolução
o Dakar com 6m40s de triste para todos, e para os por- da Al-Attiyah, este ano isso não é ver- do nosso carro e na resolução dos muitos
avanço para Nasser tugueses em particular. Mas a dade e a questão já deu azo a trocas de problemas que tivemos o ano passado
Al-Attiyah (Toyota), estando vida continua e na pista temos galhardetes entre as equipas. O catari diz e isso está a ver-se nesta prova”, disse
Stéphane Peterhansel (Mini) estado a assistir a uma prova super equili- que a Toyota não tem andamento para os Sainz.
à espreita, a 13m09s. Tudo brada, onde, curiosamente, entre as equi- Mini, e Sainz respondeu logo de seguida Na verdade, Sainz tem razão, a Toyota
em aberto na luta pela vitória pas da frente não há quem já tenha deitado a dizer que o ano passado com o avanço não está longe, o equilíbrio é grande e
a toalha ao chão, sendo a experiência e o que conseguiu, Attiyah não se queixou. a principal razão da diferença tem a ver
José Luís Abreu andamento a delinear a classificação. E, Esta é uma luta de conceitos, o buggy é com os muitos furos que a Toyota tem
[email protected] nesse particular, as ‘velhas’ raposas, não melhor numas circunstâncias, a Hilux tido. Logicamente que o Mini é mais ágil,
‘há pai’ para elas. noutras e com 13 minutos a separar três melhor no mau piso, mas a Toyota tem um
FOTOS A.S.O/F. GOODEN/DPPI; Carlos Sainz, Nasser Al-Attiyah e Stépha- carros após oito etapas não parece que grande carro e 10 minutos perdem-se ou
FLAVIEN DUHAMEL/RED BULL CONTENT POOL ne Peterhansel têm jogado um longo jogo a ASO tenha errado no regulamento que ganham-se numa etapa.
do gato e do rato, e no meio de algumas escolheu. Por isso, soou um pouco es- O ano passado por esta altura Attiyah
picardias – já lá vamos – a verdade é que tranho ouvir Nasser Al-Attiyah dizer: “O tinha 37m43s de avanço para Sébastien
temos três pilotos separados por cerca de buggy da Mini é muito rápido para nós.” Loeb, por isso soam estranho as suas
13 minutos e qualquer deles pode vencer. Logicamente, depressa houve reação do desculpas.
Curiosamente, já cá não está a Peugeot, lado da Mini e Carlos Sainz foi claro: “A
mas o conceito que deixou no Dakar, o Toyota venceu o Dakar no ano passado TUDO POR DECIDIR
dos buggy, vingou ao ponto da X-Raid (ndr.: com 46 minutos de avanço para o
também tê-lo seguido. Mini 4x4 de Nani Roma) e agora estão a Portanto, temos três carros separados por
sete minutos (ndr.: agora a 10) pelo que 13m09s e uma imensidão de dunas pela
frente. É a ementa que temos ainda para

>> autosport.pt

9

C/ CLASSIFICAÇÃO (APÓS ET.8)

1  CARLOS SAINZ/LUCAS CRUZ MINI 31H56M 52S

2  NASSER AL-ATTIYAH/MATTHIEU BAUMEL TOYOTA + 00H06M 40S

3  STÉPHANE PETERHANSEL/PAULO FIUZA MINI + 00H13M 09S

4  YAZEED AL RAJHI/KONSTANTIN ZHILTSOV TOYOTA + 00H32M 25S daqui as trocas de posições são mais
determinadas pelos problemas, do que
5  ORLANDO TERRANOVA/BERNARDO GRAUE MINI + 00H43M 02S pelo andamento.
O saudita Yasir Seaidan é nono e está
6  GINIEL DE VILLIERS/ALEX HARO BRAVO TOYOTA + 00H53M 12S a realizar um belo Dakar. Tem vinte
minutos de avanço para o 10º pelo que
7  MATHIEU SERRADORI/FABIAN LURQUIN CENTURY CR6 + 01H02M 42S tem muito para lutar.
Na verdade, o grupo que luta pelo top
8  BERNHARD TEN BRINKE/TOM COLSOUL TOYOTA + 01H07M 00S 10 está mesmo muito interessante, pois
são oito as equipas que estão a poucos
9  YASIR SEAIDAN/KUZMICH ALEXY MINI + 02H37M 18S minutos umas das outras, pelo que
muito pode mudar aqui.
10  WEI HAN/MIN LIAO GEELY BUGGY + 03H06M 20S O chinês Wei Han (Geely Auto) é 10º, mas
Jérôme Pélichet (Raidlynx) dista três
11  JÉRÔME PÉLICHET/PASCAL LARROQUE OPTIMUS BUGGY+ 03H09M 47S minutos, Pierre Lachaume (Ph-Sport)
está um segundo mais atrás, e assim
12  PIERRE LACHAUME/JEAN MICHEL POLATO PEUGEOT + 03H09M 48S por diante.
Fernando Alonso (Toyota) é 13º na frente
13  FERNANDO ALONSO/MARC COMA TOYOTA + 03H10M 51S de Martin Prokop (Ford), e está a quatro
minutos do top 10. Quem esteve no
14  MARTIN PROKOP/VIKTOR CHYTKA FORD RAPTOR RS+ 03H23M 44S top 10 até ao dia de descanso foram
Benediktas Vanagas/Filipe Palmeiro.
15  RONAN CHABOT/GILLES PILLOT TOYOTA + 03H34M 55S Souberam fugir dos problemas e a re-
gularidade valeu o top 10, mas a Etapa
19  BENEDIKTAS VANAGAS/FILIPE PALMEIRO MINI + 06H03M 14S 7 foi madrasta, arrancaram uma roda e
a suspensão e perderam muito tempo
22  NANI ROMA/DANIEL OLIVERAS CARRERAS BORGWARD + 06H47M 48S caindo para 20º, conseguindo subir para
17º na etapa 8.
este Dakar 2020. Após oito etapas, Carlos Stéphane Peterhansel perdeu tempo sig- sul-africano já conseguiu dois segundos Há, como se percebe, muito ainda para
Sainz (Mini Buggy) lidera com 6m40s na nificativo na segunda etapa, mas desde lugares, mas nos dois últimos anos tem decidir, e, neste momento, com 13 mi-
frente de Nasser Al-Attiyah (Toyota), com aí manteve-se o mais possível junto dos dado sinais de já estar a fraquejar. Este nutos a separar os três da frente, vai
Stéphane Peterhansel, navegado pelo homens da frente, venceu duas etapas e ano tem tido demasiados azares, muitos ser interessante perceber quem vai
português Paulo Fiúza (Mini Buggy), a está precisamente aos mesmos 19 minu- furos, e apesar de ter vencido a segunda ganhar. Prognósticos, só no fim do jogo,
13m09s. Tudo em aberto, como se percebe, tos de distância do seu colega de equipa etapa, desde aí o melhor que conseguiu mas a Mini X-Raid parece ter uma ‘mão’
neste Dakar, com os três pilotos mais que estava quando se atrasou. Conseguiu foi um sexto lugar e com isso não passa melhor, porque tem dois carros na luta.
experientes do plantel nos três primeiros recuperar seis minutos, e por isso man- de sexto na geral. Vamos aguardar e desfrutar.
lugares da classificação geral. tém-se à tona. Quemestava a fazer um Dakar acima do
Carlos Sainz começou a prova no terceiro No quarto posto está Yazeed Al Rajhi esperado era Mathieu Serradori (Cen-
lugar, chegou à liderança na 3ª etapa e já (Toyota), a 32m25s da frente. Rápido, mas tury CR6), piloto que tinha conseguido
de lá não saiu. pouco consistente, o saudita já percebeu fugir de grandes problemas, até à etapa
Nasser Al-Attiyah, por sua vez, tem feito que eventualmente pode vencer uma 7, onde ficou plantado no alto duma
o que pode para se chegar à frente, mas etapa, mas só com sorte ou abandonos duna, perdendo meia hora e caindo de
este ano não terá a tarefa tão facilitada chega mais à frente. Começou o Dakar sexto para oitavo. Brilhou na etapa 8,
quanto teve o ano passado. em nono, subiu para quarto no terceiro dia, que venceu e recuperou uma posição,
De qualquer forma, Attiyah tem que se e desde aí não conseguiu avançar mais. para sétimo.
queixar mais dos pneus que equipam a Orlando Terranova (Mini) já liderou este Oitavo posto para Bernhard Ten Brin-
sua Toyota, pois já teve vários furos que Dakar, é agora quinto e está na luta pelo ke (Toyota). Foi sétimo no Dakar 2015,
provavelmente lhe valeriam bem mais do quarto lugar, o que seria a sua melhor mas daí para cá não terminou nenhum.
que os dez minutos que tem de atraso para classificação no Dakar. Quer chegar um pouco mais À frente, o
o líder. Dois furos e uma penalização por Abaixo do esperado está Giniel De Vil- que seria um ótimo prémio, mas falta
ter bloqueado Sainz justificam o atraso. liers (Toyota). Com a Toyota desde 2012, o ainda quase uma semana e a partir

>> autosport.pt

10

PAULO FIÚZA “NÃO TEM SIDO FÁCIL
MAS ESTAMOS NA LUTA”

Stéphane Peterhansel e Paulo Fiúza subiram Para Paulo Fiúza, está tudo em aberto: “A
do quinto ao terceiro lugar da classificação experiência não podia ser melhor, estou a
geral do Dakar da terceira para a quarta navegar o melhor do mundo. Tenho feito o meu
etapa e estão neste momento a 13m09s do trabalho da melhor maneira, não tem sido fácil
líder, o seu companheiro de equipa na X-Raid, mas estamos na luta. Falta uma semana de
Carlos Sainz. Com um começo mais irregular, muita areia e dunas, e vamos tentar tudo por
as coisas entraram nos eixos e estão na luta tudo para chegar em primeiro, mas os nossos
pela vitória à entrada da segunda semana, adversários estão muito fortes, vamos ver o
provavelmente, a mais difícil fase do Dakar. que acontece”, disse Fiúza ao AutoSport.

RICARDO PORÉM
FICAA EXPERIÊNCIA

FILIPE PALMEIRO SONHO DO TOP 10 TERMINOU Não terminou bem o Dakar para Ricardo e Manuel Porém. Primeiro, uma arreliadora avaria
na caixa de velocidades do Borgward levou-os a ter que ser rebocados para o bicouac,
Benediktas Vanagas e Filipe Palmeiro chegaram ao top 10 na etapa 6, mas na sétima, abandonando a prova. Regressaram em ‘Dakar Experience’, que permite continuar sem
a primeira após o dia de descanso, perderam mais de três horas depois de um grave contar para a classificação, mas na 7ª Etapa tiveram problemas na direção assistida.
problema de suspensão. Estavam na luta pelo top 10, mas o azar bateu-lhes à porta. Falharam vários waypoint e ficaram fora de prova: “Como já tínhamos utilizado o Joker,
Para o lituano, o 10º lugar seria um recorde, e apesar do avanço que tinham para quem ficámos impossibilitados de alinhar novamente uma vez que o joker só se pode utilizar
rodava atrás de si não ser garantia de nada, a verdade é que até ali tinham sabido fugir uma vez. Não era o desfecho pelo qual lutámos e demos tudo mas as corridas têm destas
de problemas e estavam a ser regulares. Mas com o tempo perdido, as esperanças de coisas”, disse Ricardo Porém. Antes, a sua prova tinha começado a correr mal na 5ª
uma boa classificação foram-se. De qualquer forma, Filipe Palmeiro fez o balanço da etapa. Depois de subirem até à 17ª posição da geral, o facto de terem parado para ajudar
primeira semana. “Nunca tendo corrido juntos, as duas primeiras etapas foram para nos o colega de equipa, depois de também terem sofrido vários furos, levou-os a perder muito
adaptarmos, pois não houve tempo para fazer shakedown. Até à etapa 6 correu tudo tempo e a cair para a 43ª posição da geral, mas o pior estava para vir no dia seguinte. Um
bem, com alguns contratempos que, pelo menos num dos dias, nos obrigaram a partir problema com a caixa de velocidades do Borgward BX7 DKR Evo fez com que tivessem de
atrás de alguns camiões, o que dificultou mais o andamento. Tem sido um Dakar mais de esperar pela assistência, sendo rebocados para o bivouac: “Vamos adquirir experiência,
velocidade, com algumas dunas e zonas de pedra muito complicadas. Agora é preparar treinar a navegação em conjunto, testar algumas soluções diferentes no carro,
para mais uma ficar a conhecer as etapas, pois o Dakar vai ficar pela Arábia mais quatro anos.
semana, que vai O objetivo agora é chegar ao fim”. Como se percebe, não conseguiram.
ser interessante,
em especial a PEDRO BIANCHI PRATA “SEGUNDA PARTE
etapa maratona, PROMETE SER MUITO DURA”
que está muito
perto do final e O quarto lugar da trabalho excecional. O Conrad tem
que pode alterar geral alcançado pilotado sem falhas. Esta primeira
a classificação. na oitava etapa semana foi boa. Tivemos o azar de ter
Vamos estar pela dupla formada dois furos seguidos na etapa de mais
focados no top 10, por Conrad pedra do rali, o que nos fez perder
mas conscientes Rautenbach e 54 preciosos minutos, e estamos por
que temos alguns Pedro Bianchi Prata enquanto fora da luta pelo pódio, mas
pilotos muito é um excelente ainda falta muito rali e não vamos baixar
rápidos atrás”, resultado os braços”, disse.
concluiu Palmeiro. provisório e, a uma
hora do líder tudo,
está em aberto,
já que lutar pelo
pódio não está
fora de causa. Para Pedro Bianchi Prata:
“O nosso objetivo era chegar ao dia de
descanso sem perder posições, mas ao
mesmo tempo evitar exagerar para não
cometer nenhum erro”, começou por dizer
o navegador português que antecipa a
segunda semana: “Descansámos bem
porque a segunda semana promete
ser muito dura. A equipa tem feito um

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ESPECIAL DAKAR 2020

DAKAR 2020 MOTOS

RICKYBRABEC HONDA
NUMA CLASSE À PARTE

Pedro Correa Mendes uma vantagem de 7m47s sobre Adrien deu 12m13s para o vencedor Ross liderança de 25minutos que parece
[email protected] Van Beveren e 8m28s sobre Toby Price. Branch, enquanto Brabec só perdeu sólida e permitiria gerir a vantagem
Fotos Oficiais Quintanilla era o quinto da geral e estava 8m45s. Na etapa 3, Ricky Brabec ven- para os adversários, caso se tratasse
a 9m59s do líder Brabec. Todos os cinco ce e Price é apenas 5º perdendo mais de outro tipo de prova.
Nummomentoemqueestãoper- primeiros da classificação geral cabiam 8m35s. Na geral, Ricky Brabec já lide- Claro que tudo pode acontecer, uma
corridas as primeiras oito eta- em apenas 10 minutos. Mas apesar de rava a prova no final da etapa 3 e dis- queda está ali ao ‘virar da esquina’ e
pas,nãohácomonegar acon- muito maior diferença este ano, entre os punha de uma vantagem de 11m58s uma avaria mecânica também pode
sistente performance da Honda dois primeiros, a verdade é que os res- para Price e 12m37s para Quintanilla. acontecer a qualquer momento, como
e de Ricky Brabec. 24m48s se- tantes pilotos estão bastante próximos O grande rival de Brabec desde o início, sucedeu no ano passado. Nada está se-
param o piloto americano da e cabem em 5 minutos apenas. Ou seja o parecia ser Kevin Benavides (Honda) guro, e essa é a mística deste rali. Mas
Honda do seu mais direto perseguidor, líder está bem destacado, mas os restan- que estava agora em 2º da geral a ape- temos que ter consciência de que es-
o chileno Pablo Quintanilla (Husqvarna), tes estão bem próximos uns dos outros. nas 4m43s de Brabec. tes pilotos são mesmo os melhores do
precisamente dois dos principais pro- E para não nos esquecermos que no Dakar Na 4ª etapa Brabec e Benavides man- mundo nesta modalidade. Pilotos com
tagonistas da edição de 2019 do Dakar. tudo pode acontecer de um momento para tiveram as duas primeiras posições e enorme experiência de pilotagem de
A primeira KTM aparece apenas no quarto o outro, vale também a pena relembrar Toby Price ficava apenas na 4ª posi- motos, campeões de motocross e de
lugar da geral e é de Toby Price, o austra- que em 2019 o líder Ricky Brabec, de- ção a 12m09s, enquanto Quintanilla enduro no passado, pilotos capazes de
liano vencedor da edição 2019, que este sistiu por avaria mecânica na etapa 8 e era 5ª a 17m52s. Na etapa 5, Toby Price ler o terreno e escapar aos mais peri-
ano apesar de já ter vencido duas etapas, deixou os seus rivais a disputarem a vi- vence pela segunda vez, mas Brabec gosos obstáculos! Mas tudo isto só é
não conseguiu evitar uma forte perda de tória. Portanto tudo em aberto ainda, sem só perde três minutos, e foi aqui que possível correndo enormes riscos, de
tempo em outras etapas menos favoráveis nunca podermos dizer que 25 minutos tudo se consolidou para o americano, maneira a imprimir e manter um ritmo
em que teve que abrir a pista. são suficientes para garantir a vitória da na gestão do tempo perdido, nas eta- verdadeiramente louco, que não está
A Honda tem três pilotos no Top 5 o que Honda em 2020. pas em que partiu da frente. Na etapa ao alcance de todos.
pode comprovar o seu forte domínio des- 6, Ricky Brabec vence de novo e ga- A performance de Ricky Brabec nes-
de o início da prova. COMO SE CHEGOU AQUI? nha mais 16m a Toby Price que não ta edição do Dakar está muito acima
No ano passado no final da 7ª etapa, Ricky consegue melhor que um 11º lugar. E do que é normal, mesmo entre pilo-
Brabec também liderava a geral com Na Etapa 1, Toby Price venceu, e Brabec assim se consegue consolidar uma tos deste nível. Brabec está a rodar a
ficou em 2º. Mas na etapa 2, Price per-

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C/ C L A S S I F I C A Ç Ã O é enorme, a pessoa sente-se no domí- OS PROTAGONISTAS
nio total dos acontecimentos e o gozo, DA PRIMEIRA METADE DO DAKAR
1º RICKY BRABEC HONDA 28H25M01S o prazer vai para além de tudo o que se
2º PABLO QUINTANILLA HUSQVARNA +24M48S consegue experimentar. Por isso não RICKY BRABEC 1º Andamento muito forte desde o início, soube fazer o milagre de perder
3º JOSÉ I. CORNEJO HONDA + 27M01S se abranda, não se toma consciência muito pouco tempo nas etapas em que partiu em posição desfavorável.
4º TOBY PRICE KTM + 28M44S dos riscos, pois estes naquele momen- Classificação nas etapas: 2º / 12º / 1º / 5º / 4º / 1º / 5º
5º JOAN BARREDA HONDA +29M29S to não fazem parte da equação. Estes
são os momentos únicos que fazem os PABLO QUINTANILLA 2º Tem demonstrado andamento irregular e abaixo da expetativas.
uma velocidade estonteante e parece grandes Heróis do Dakar , pessoas que Beneficiou dos atrasos e desistências de Sam Sunderland e Kevin Benavides, mas está
não querer baixar o ritmo. Por vezes conseguem assumir riscos que o mais a aumentar o ritmo. Tem sofrido dores na mão esquerda provocadas por uma tendinite.
ou talvez sempre, são momentos de comum dos mortais não pode assumir. Classificação nas etapas: 6º / 3º / 9º / 14º / 2º / 4º / 8º
inspiração, em que o piloto se sente E esta é a grande homenagem que
perfeitamente em forma, o seu cére- deveremos fazer a estes príncipes do JOSE IGNACIO CORNEJO 3º Iniciou o rali com calma, mas depois brilhou na 3ª e 4ª
bro está perfeitamente lúcido, não há deserto que nos proporcionam, como etapa, sofrendo as consequências na 5ª etapa. Venceu a sua primeira etapa num Dakar.
medo, antes pelo contrário a confiança espectadores, momentos de beleza Classificação nas etapas: 11º / 7º / 2º / 1º / 13º / 6º / 6º
ímpar, que também só podem ser
apreciados pelos verdadeiros aman- TOBY PRICE 4º Iniciou o rali vencendo a primeira etapa e ganhou também a 5ª, mas tem
tes deste desporto fascinante que nos perdido muito tempo nas etapas em que saiu da frente.
dá tanto prazer e tanta tristeza por Na 7ª etapa foi o primeiro piloto a encontrar Paulo Gonçalves e com ele ficou durante muito
vezes. tempo. Depois continuou mas muito abalado e sem ritmo.
Classificação nas etapas: 1º / 17º / 5º / 6º / 1º / 11º / 7º
Acompanhe dia a dia todas as etapas e acontecimentos do Dakar 2020,
JOAN BARREDA 5º O mais experiente piloto do Dakar começou o rali num ritmo baixo que
assim como entrevistas e artigos de análise nos sites: desiludiu, e tudo ficou pior com uma forte queda na 4ª etapa. Desde aí tem vindo a melhorar
a sua prestação e poderá vir a tirar um coelho da cartola nas últimas etapas.
www.offroadmoto.pt e www.motosport.com.pt Classificação nas etapas: 7º / 6º / 6º / 23º / 6º / 2º / 2º

MATTHIAS WALKNER 6º O vencedor da edição 2018 do Dakar arrancou bem mas na 4ª
etapa sofreu uma violenta queda que o fez perder 23minutos e um pouco da sua motivação.
Tem sido um dos maiores críticos deste Dakar na Arábia Saudita que diz ser demasiado
perigoso e duro, e que a novas regras de entrega do road-book criam perigos adicionais.
Melhorou a sua prestação nas 3 últimas etapas.
Classificação nas etapas: 3º / 8º / 4º / 26º / 5º / 3º / 3º

LUCIANO BENAVIDES 7º O ‘aguadeiro’ da KTM tem vindo a desiludir um pouco, pois
considerávamos que este seria o Dakar da confirmação do seu potencial. Nunca esteve
verdadeiramente no ritmo dos da frente. Classificação nas etapas: 8º / 5º / 7º / 20º / 8º / 5º / 4º

SKYLER HOWES 8º O americano é o piloto privado que melhor classificado está na
geral. Não ganhou uma etapa como o Ross Branch mas tem sido extremamente regular,
melhorando a sua classificação na geral em cada etapa. Poderá conquistar um lugar no
top10. Classificação nas etapas: 18º / 11º / 10º / 9º / 18º / 10º / 12º

KEVIN BENAVIDES 26º O argentino poderia ganhar o Dakar 2020 e desde o início que
atacou forte, sempre ‘agarrado’ a Ricky Brabec, que nunca o deixou fugir. Mas o azar bateu-
lhe à porta na 6ª etapa em que uma avaria mecânica o fez perder 3h37m, relegando-o à
28ªposição do rali. Como resposta venceu a 7ª etapa. Não tem qualquer hipótese de fazer um
bom lugar, mas merecia. Classificação nas etapas: 4º / 4º / 3º / 2º / 9º / 105º / 1º

SAM SUNDERLAND abandonou na 5ª etapa O piloto inglês da KTM era um dos fortes
pretendentes à vitória do Dakar na Arábia saudita, fruto do seu conhecimento da região e do
seu excelente momento de forma ao longo de todo o ano 2019 em que se sagrou Campeão
do mundo de Cross Country Rallys. Iniciou o rali com força mas depois não conseguiu
responder a Ricky Brabec, nunca mostrando o andamento necessário. Foi uma desilusão.
Sofreu uma queda grave na etapa 5 que o obrigou a abandonar.
Classificação nas etapas: 5º / 2º / 15º / 8º

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OS PORTUGUESES KTM
NÃO PARECETER ESTRATÉGIA
PAULO GONÇALVES (PERDEU A VIDA DEVIDO A QUEDA, NA ETAPA 7)
O piloto português nunca teve moto para andar no top 10, mas andou A KTM vencedora das últimas 18 edições consecutivas do Dakar não tem apresentado sinais de
sempre lá por perto. Na 3ª etapa partiu o motor, que teve que substituir boa coordenação e estratégia. Nunca esteve no controlo das operações, apesar da boa prestação
sozinho, depois de receber um novo, entregue pelo camião da Hero ao de Toby Price, o único piloto KTM que tem dado alguma resposta à Honda. Matthias Walkner esteve
fim de várias horas de espera. Terminou a etapa mas teve que rodar sempre pouco adaptado ao terreno que considerou demasiado duro e perigoso. E tanto Sam
mais de duas horas de noite. No dia seguinte ficou em 4º da geral, Sunderland como Luciano Benavides desiludiram um pouco.
mostrando que sabia ser rápido só por prazer!
Classificação nas etapas: 12º / 13º / 126º / 4º / 10º / 8º YAMAHA
NEM CHEGOUAAQUECER
ANTÓNIO MAIO (29º) É o português melhor classificado. Foi regular
desde o início, mas uma forte queda e problemas na moto fizeram- A Yamaha teve um péssimo Dakar, não por culpa das suas máquinas, mas sim pelos seus pilotos que
no perder muito tempo na etapa 4. Depois disso as classificações estiveram desenquadrados do ritmo.
pioraram um pouco. Adrien Van Beveren fez apenas 10º e 14º nas primeiras etapas e sofreu um grave acidente na 3ª,
Classificação nas etapas: 22º / 21º / 24º / 86º / 33º / 34º abandonando com a clavícula fracturada. Xavier de Soultrait fez 13º, 9º e 8º nas primeiras etapas,
mas uma queda no final da 3ª etapa originou um corte das veias do pulso direito, e não aguentou as
MÁRIO PATRÃO (37º) O piloto português demorou a encontrar o seu dores no dia seguinte, tendo abandonado na 4ª etapa. Franco Caimi está na 9 posição assegurando
ritmo nas primeiras etapas, fruto da dureza do terreno e do muito pó pelo menos para já a possibilidade de conseguir um lugar no top10.
que enfrentou. Uma avaria mecânica fê-lo perder muito tempo na etapa
3 e desde aí que tem vindo a melhor os seus resultados. HERO MOTOSPORT
Classificação nas etapas: 41º / 40º / 102º / 42º / 35º / 32º/ 30º FIABILIDADE
DUVIDOSA
JOAQUIM RODRIGUES JR. ABANDONOU NA ETAPA 7, após o acidente
do seu cunhado Paulo Gonçalves que encontrou no percurso e com As Hero nunca estiveram à altura em termos
quem ficou até ao final, não tendo mais arrancado para a prova. Joaquim mecânicos tendo provocado fortes problemas
Rodrigues arrancou fortíssimo no primeiro dia, mas logo no primeiro aos seus pilotos. Joaquim Rodrigues Jr não
reabastecimento a moto não quis pegar mais. Não terminou a etapa, aguentou nem 200 km até surgirem os
e ficou fora da classificação geral, tendo continuado o rali em Dakar primeiros problemas que o relegaram para
Experience. Classificação nas etapas: 140º / 47º / 29º / 23º / 25º / 27º fora do rali, logo na 1ª etapa. Paulo Gonçalves
viu partir-se o seu motor na 3ª etapa e
SEBASTIAN BUHLER ABANDONOU NA ETAPA 7 na sequência do Sebastian Buhler também partiu o motor na
acidente do seu companheiro de equipa, Paulo Gonçalves. Já estava 6ª etapa. o Indiano Santosh Shivashankar é o
fora da classificação geral do rali após problema mecânico na etapa único piloto da equipa em prova no 35º posto.
6, quando era 18º da geral. Fez um bom Dakar 2020 enquanto a
moto lhe permitiu, tendo demonstrado uma boa evolução face ao
seu primeiro Dakar no ano anterior. Buhler tem potencial para se
tornar um excelente piloto de ralis TT, mas tem que mudar de marca.
Classificação nas etapas: 31º / 23º / 20º / 21º / 21º

FAUSTO MOTA 34º Sempre no seu ritmo tranquilo, Fausto Mota faz o
seu rali tentando retirar o máximo prazer que lhe for possível. Não tem
grandes expectativas de classificação mas estar nos 35 primeiros é
um excelente resultado.
Classificação nas etapas: 53º / 47º / 36º / 31º / 48º / 36º / 38º

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CAMIÕES SSV
KARGINOV NA FRENTE CINCO LÍDERES DIFERENTES
MASTUDO EMABERTO

Ao cabo de sete etapas, Andrey Karginov (Kamaz) lidera com uma vantagem
de 21m12s sobre o seu companheiro de equipa na Kamaz, Anton Shibalov, com
Siarhei Viazovich (Maz) agora a 46m39s. Dois triunfos seguidos em etapas
permitiram-lhe alargar a margem.
Siarhei Viazovich chegou a este Dakar determinado a questionar a supremacia
da Kamaz, mas na etapa 3, Andrey Karginov já estava a pressionar fortemente
Siarhei Viazovich na classificação geral, com o russo a passar mesmo para a
frente na etapa seguinte, a quarta, relegando Siarhei Viazovich para segundo.
Na Etapa 5, Dmitry Sotnikov venceu a etapa face diante dos seus
companheiros, Anton Shibalov e Andrey Karginov, oferecendo o pódio da
etapa à Kamaz, numa tirada em que Viazovich cai para terceiro por troca com
Shibalov.
Na sexta etapa, o líder da corrida, Andrey Karginov, acrescenta uma nova
vitória em etapas e dilata a liderança num dia em que o vencedor dos últimos
Dakar nos Camiões, Eduard Nikolaev, se despediu, depois duma prova cheia de
problemas.
Na sétima etapa, Karginov obtém a sua segunda vitória consecutiva, apenas
com três segundos de avanço para o seu companheiro de equipa Dmitry
Sotnikov e com isso aumenta o seu pecúlio na frente.

Casey Currie converteu um atraso de 9m48s que voltaria a suceder no dia seguinte, com o
para Chaleco Lopez num avanço de 32m03s ao triunfo na etapa para Mitchell Guthrie, mas com
cabo da sétima etapa para virar novamente a Hinojo Lopez a subir à liderança.
classificação dos SSV, numa prova que já foi Na Etapa 5 o triunfo foi para Cyril Despres, que
liderada por Aron Domzala, Chaleco Lopez, Jose regressou em Dakar Experience, e para não
Antonio Hinojo Lopez, Sergei Kariakin e agora variar, a liderança mudou novamente de mãos,
Casey Currie. desta feita novamente para Chaleco Lopez, com
No quinto lugar estão agora Conrad Rautenbach Gerard Farrés a vencer a sua segunda etapa no
e Pedro Bianchi Prata, que subiram uma posição Dakar.
na etapa 7. Na etapa 7, Casey Currie passou para a liderança
Uma prova muito aberta com cinco líderes em por troca com Chaleco López, com a dupla
sete etapas, e onde tudo pode ainda acontecer, americana a passar a ter uma vantagem de
já que o top 5 está separado por uma hora. trinta minutos para os vencedores da edição de
Após a segunda etapa, Chaleco López estava 2019, depois duma tirada em que Chaleco López
na frente, mas na terceira a liderança mudou perdeu 53 minutos. Terceira posição à geral para
novamente, para as mãos de Casey Currie, algo Sergei Kariakin, mais de 40 minutos dos líderes.

QUADS
IGNACIO CASALE NAFRENTE

Nos Quads lidera Ignacio Casale, com na etapa 4, ao vencer de novo. Giovani
36m49s de avanço para Simon Vitse. Enrico passou a ser segundo, a
Rafal Sonik é terceiro a 1h23ms. 21m03s.
Ao cabo de dois dias de prova já Na etapa 5, Romain Dutu venceu,
Ignacio Casale estava bem instalado mas o domínio de Ignacio Casale na
na frente fruto de dois triunfos em frente manteve-se, passando a meia
etapas. Na etapa 3, Giovanni Enrico hora com Simon Vitse em terceiro a
pôs um fim à supremacia de Ignacio 41m39s. Na etapa 6, Vitse venceu na
Casale, e conquistou a sua primeira frente de Casale e a diferença na geral
vitória em etapas, mas na frente diminuiu um pouco, nada mudando na
Casale aumentava a margem para sétima etapa em virtude das margens
Sonik, o que o chileno voltou a fazer terem sido muito pequenas.

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FÓRMULA 1

“QUO VADIS”
WILLIAMS?! páginas do jornal que educou o meu gosto
A segunda equipa mais titulada da Fórmula 1 a seguir à Ferrari uando decidi fazer esta “estó- pelas corridasde automóveis)tinha ten-
continua a ser arrastada pela lama da amargura e da falta ria” em redor da Williams fui ao ros 12 anos. Recordo como se fosse hoje a
de dinheiro, tendo sido uma de duas equipas que em 2019 “armário” da memória e quase capa sobre as 24 Horas de Le Mans com o
regressava ao ventre da minha Rondeau preto com as cores do Le Point e
Qperderam dinheiro. Os dias de gloria da formação criada por Sir a capa onde estava o Williams FW07 com
Frank Williams perderam-se na poeira do tempo e 2020 será mãe, onde me agitava sempre efeito de solo com Alan Jones a conquis-
decisivo para a Williams F1 Grand Prix Team sobreviver tar o seu primeiro e único título mundial
que um motor rugia. Quase re- de pilotos e o primeiro de nove coroas de
campeão de construtores conquistados
gressei a esses tempos de antanho para pela formação criada por aquele que hoje
é Sir Frank Williams.
recordar os dias de glória da Williams. Esta imagens bailaram na minha men-
te com carinho ao passo que desfolha-
Lembro-me de pedir ao meu professor va o livro das memorias e da estatística
global da Williams. Como disse, foram
José Manuel Costa para comprar o Autosport (imaginem nove títulos de construtores: 1980, 1981,
[email protected] que 40 anos depois estou a escrever as 1986, 1987, 1992, 1993, 1994, 1996 e o úl-
timo em 1997. Pelo caminho, sete títulos
de pilotos: Alan Jones em 1980 (5 vitórias),

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Keke Rosberg em 1982 (1 vitória), Nelson 1 atrás de Ferrari e McLaren – 128 pole po- nicos que lutaram todo o ano pelo título esquecer o “annus horribilis” que foi
Piquet em 1987 (3 vitórias), Nigel Mansell sitions, 133 voltas mais rápidas, 312 pódios de “equipa mais rápida a fazer um pit 2019, Claire Williams e o piloto “em-
em 1992 (9 vitórias), Alain Prost em 1993 e 33 dobradinhas. Anotou 3.561 pontos, stop”, perdido para a Red Bull. Terá sido prestado” pela Mercedes encontra-
(7 vitórias), Damon Hill em 1996 (8 vitó- liderou 7.584 voltas (igual a 35.241 km) a única coisa positiva do ano de 2019 ram pontos positivos. “A resiliência
rias) e, finalmente, Jaques Villeneuve em e cumpriu, em corrida, 75.602 voltas que para Claire Williams e seus comanda- da equipa é simplesmente extraor-
1997 (7 vitórias). Ou seja, a Williams não correspondem a 365.364 km. dos, pois tudo o resto foi mau demais: dinária!” Não se cansa de dizer a fi-
ganha um campeonato de construtores Perante um palmarés desta riqueza que chegaram atrasados aos testes de in- lha de Sir Frank Williams, com o pro-
e de pilotos há 23 anos! lhe permite estar à frente de equipas como verno em Barcelona e com um carro dígio George Russell a sublinhar isso
Contas feitas, a Williams participou em a Mercedes, nas estatísticas da Fórmula 1, inacabado que deitou para o lixo dois ao dizer: “É incrível, apesar de tudo o
744 corridas (falhou 36 provas) ao longo seria de esperar que a Williams fosse uma dias de trabalho; apesar da presença que nos aconteceu, estes tipos conti-
de 44 temporadas (1975 a 2019), já teve das protagonistas da disciplina máxima de Paddy Lowe, o FW42 foi mal conce- nuarem com um sorriso na cara todos
10 fornecedores de motores diferen- do desporto automóvel. Mas ao invés da bido e era muito lento, sendo impossí- os fins de semana de corridas! Este é
tes (185 provas com a Renault, 121 com equipa que me habituei a ver ganhar e vel de reverter a situação; o controlo de um grupo que já lutou por pódios e
a Mercedes, 114 com o Ford Cosworth DFV, a trazer inovação para a Fórmula 1, hoje qualidade da fábrica da Williams dei- apesar do que passam hoje, não de-
103 com a BMW, 65 com a Honda, 56 com temos uma caricatura daquilo que Frank xou muito a desejar; amealharam um sistem. Por isso, pessoalmente, sinto-
a Cosworth, 52 com a Toyota, 16 com Judd, Williams criou no já longínquo ano de 1975. único ponto, e devido à desqualificação -me verdadeiramente motivado para
Mecachrome e Supertec), utilizou 68 pi- da Alfa Romeo no GP da Alemanha, e, me tirar deste lamaçal e acredito que a
lotos e 50 carros diferentes. RESILIÊNCIA É PALAVRA CHAVE sem surpresa, fecharam a temporada equipa vai continuar a trabalhar duro
No palmarés tem 114 vitórias – ainda é a Durante2019,aWilliamssódeunas vistas no último lugar dos construtores. para resolver cada problema, cada di-
terceira equipa mais vitoriosa da Fórmula pela rapidez dos seus resilientes mecâ- Apesar de tudo isto e de quererem ficuldade.”

f1/
FÓRMULA 1

18

DECLÍNIO COMEÇOU HÁ DÉCADAS, do começo de época tão atribulado, não
só porque o carro mal saiu para a pista
BATEU NO FUNDO EM 2019 deu péssimas indicações – manteve-se
lento ao longo da temporada e sempre a
Após o segundo lugar de 2003 com os mais de um segundo dos outros –, Robert
motores BMW, a Williams encontrouum Kubica começou a queixar-se muito cedo
degrau partido na escada de ascensão (ainda em Barcelona), a conta bancária
ao topo, caindo desamparada pela per- estava pouco forrada de dólares, a maré
da dos motores BMW, tendo depois uma estava muito baixa na fábrica e no stock
experiência interessante com os motores de peças a qualidade estava muito acima
Toyota, a dupla utilização dos desatualiza- do par face aos concorrentes. Neste con-
dos motores Cosworth e um regresso ao texto, todos evitaram procurar os limites
passado com os blocos Renault. pois o carro perdia peças e Kubica acabou
Agarrou-se com unhas e dentes à por ter um despiste estranho devido a fa-
Mercedes em 2014, quando a era híbri- diga de material.
da chegou à Fórmula 1 e parecia que a Claro que Claire Williams quis agitar as
Williams estava de regresso aos primei- águas e depois de “despedir” Paddy Lowe,
ros lugares. Assinou dois terceiros lugares através de algumas frases assassinas di-
com 320 pontos em 2014, 257 pontos em tas em declarações à imprensa, encon-
2015 e 138 pontos em 2016. trou recursos para a equipa apresentar
Claro, a superioridade dos motores da uma evolução do FW42 na Alemanha.
Mercedes nessa época escondia a debili- Mudou quase tudo em termos de fundo
dade que a Williams exibia há muito tem- plano, “bargeboards”, asas e asinhas... “a
po. A “máscara” só caiu em 2017 (depois de equipa pensava que seria suficiente pelo
dois 5ºs lugares) quando a superioridade menos para lutar com as equipas do meio
dos motores alemães foi desaparecendo. do pelotão. Não foi, e a partir da Alemanha
As equipas que ficavam atrás da Williams já sabíamos que o resto do ano estava re-
foram-se reforçando e evoluindo e a equi- servado para o carro de 2020”, explicou
pa britânica voltou a desequilibrar-se e a George Russell.
queda foi mais violenta: marcou 83 pontos O pacote aerodinâmico não resultou, a di-
em 2017 e no ano seguinte a tragédia foi ferença para os outros continuou acima
absoluta com apenas 7 pontos registados do segundo por volta e o canto do cisne
e o último lugar entre os construtores. da Williams deu-se quando surgiu mais
Não parecia ser possível cair mais, mas uma asa dianteira que acabou na prate-
a Williams ainda não tinha encontrado leira, já que sem estar integrada no pacote
o chão e em 2019 registou, apenas, um aerodinâmico do carro, não funcionou.
pontinho! E graças a uma desclassificação! Perdida há muito a temporada de 2019,
Claire Williams decidiu investir no car-
MUDANÇAS SEM EFEITO, ro de 2020, colocando a maioria dos 635
colaboradores a trabalhar no futuro. Ao
MAIS A CAMINHO

Claire Williams teve a perfeita consciência
que 2019 poderia ser quase trágico depois

mesmo tempo, fez uma engenharia fi-
nanceira ao vender a maioria do capital da
equipa de Fórmula 1 à Williams Advanced
Engineering (WAE), mitigando, assim, o
prejuízo apurado de 25 milhões de dóla-
res. Mas esta venda só aconteceu porque
Mike O’Driscoll, o CEO do Williams Group,
vendeu grande parte do capital da WAE
ao fundo de investimento EMK Capital
que, assim, segundo o CEO do grupo, “vai
permitir manter a equipa de Fórmula 1 e o
ritmo de desenvolvimento de novas tec-
nologias, pois a EMK Capital tem um re-
gisto de sucesso apreciável nesta área.”
Portanto, o grupo Williams resume-se a
participações minoritárias na formação
de Fórmula 1 e na WAE, salvando assim
ambas as empresas, nomeadamente esta
última, que conheceu alguns problemas
depois de perder o fornecimento das ba-
terias para a Fórmula E, onde foi fornece-
dor exclusivo entre 2014 e 2018.
A filha de Frank Williams fez muito esforço
para que o teto orçamental fosse aprovado
e depois de gastar 150 milhões de dólares

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em 2019, mesmo que o investimento seja dade que pode haver uma debandada Os milhões que o canadiano carre- QUAIS OS PROBLEMAS
o mesmo, os outros vão estar bem mais de patrocinadores, mas George Russell é ga consigo vão permitir que Claire
perto devido ao teto de 175 milhões e há uma aposta de futuro e assegura os mo- Williams possa sobreviver. “Estamos DA WILLIAMS?
possibilidades, concretas, da Williams tores Mercedes. A chegada de Nicholas a reposicionar e a reestruturar a equi-
surgir mais forte em 2020. Lattifi é sinónimo de dinheiro fresco, pa há 14 meses, um processo que tem Para lá da falta de dinheiro crónica devido
Apesar de alguns revezes como a saída da curiosamente, vindo dos bolsos de ou- sido longo e que não oferece resultados às más prestações – basta ver que a Rokit
Rexona do grupo de patrocinadores, tal tro milionário canadiano como já tinha da noite para o dia. Mas, lentamente, dá o nome à equipa e paga “apenas” 20
como a Orlen (que seguiu com Robert sucedido com Lawrence Stroll e o seu estamos a ver frutos do trabalho des- milhões de dólares, tendo a Mercedes e
Kubica para o lugar de piloto de testes filho Lance Stroll. tes meses.” a Orlen em 2019 pago 30 milhões de dó-
da Alfa Romeo), Claire Williams está lares e a Liberty entregue 60 milhões de
decidida a mudar. Parou com o inves- dólares –, a Williams sofreu muito com os
timento em 2019 bastante cedo, e usou problemas experimentados com o tú-
os erros cometidos para aprenderem e nel de vento. Numa situação muito pa-
focarem o departamento de projeto no recida com o sucedido com a Ferrari há
carro de 2020. uns anos, tudo aquilo que era feito pelos
Ninguém que conheça bem a história engenheiros de aerodinâmica no túnel
da Fórmula 1 concebe a disciplina sem de vento não tinha correspondência em
a Williams e todos acreditamos que a pista. Ou seja, o desenvolvimento virtual
equipa britânica de Grove bateu mes- não rimava com o real.
mo no fundo, pelo que agora só pode “Havia aspetos que estavam totalmente
recuperar. É verdade que o dinheiro da errados e tivemos que ir desenvolvendo
Liberty será menos, não só devido ao soluções nos treinos livres, tendo como
10º lugar, mas porque a Liberty ganhou base um carro que estava errado desde
menos dinheiro que o previsto e por isso o projeto”, explicou George Russell. Foi
o bolo é mais pequeno. Também é ver- comum ver os Williams FW42 andarem
nos treinos livres cheios de “flowviz” a
parafina líquida colorida que mostra os

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FÓRMULA 1

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fluxos do ar ao longo do chassis, mas com
resultados pouco práticos, pois o chassis
tinha erros de base provocados pelo tú-
nel de vento. Imaginem uma forma de
bolo com uma amolgadela no fundo. Se
não for reparada, todos os bolos vão sair
com essa amolgadela. Foi isso que suce-
deu à Williams!
Recordemos 2018 e alguns dos inusita-
dos despistes de Lance Stroll e Sergey
Sirotkin. Muitos acusavam os pilotos de
serem inexperientes e de terem pouco
andamento, mas as culpas rapidamente
se dirigiram para a aerodinâmica e para
o chassis do carro. O chassis perdia apoio
aerodinâmico nas zonas menos espe-
radas sem se perceber bem como e os
despistes eram inevitáveis. Acreditava a
Williams que estava resolvido o problema
e com a chegada de Robert Kubica e da
sua experiência, juntamente com a rapi-
dez de George Russell, tudo fosse melho-
rar. Mas o que aconteceu foi exatamente
o contrário, com o FW 42 a nunca passar
a Q3 e sempre longe do último carro do
pelotão. Foi então quando foi descoberto

>> autosport.pt

21

o problema com o túnel de vento que a acontecerá. Realisticamente? Acho que Robert Kubica, que saiu da Williams Dhabi, última corrida de 2019, andava
Williams parou com o desenvolvimen- vai ser mais um ano complicado, pois de costas voltadas para a equipa, não a voar pelo “paddock” um rumor que o
to, errado, do FW42 e concentrou todas há equipas que deram mais que um par quis dizer muito, referindo, “tenho a mi- carro para 2020 já estava atrasado por
as suas forças em recalibrar o túnel e de passos em frente e só lá chegamos nha opinião, mas reservo-a para mim”, dificuldades de produção de peças e,
desenhar um carro eficaz para 2020. se equipas como a Haas, a Racing Point uma frase que tem muito para se ler, até nas últimas semanas, fala-se de uma
George Russell já falou sobre o novo carro ou a Toro Rosso não evoluírem muito. porque o polaco foi deixando ao lon- sangria de colaboradores.
e parece estar razoavelmente confian- Se todos conseguirem ganhar tempo go do ano indicações de que nem tudo O ano de 2020 será decisivo para a
te. “Será uma enorme evolução! Levou face a 2019, ficaremos mais ou menos está bem na Williams ao contrário do Williams e se em 2019 o único piloto a
muito tempo para refazer as bases do no mesmo sítio.” que apregoa Claire Williams. Em Abu não pontuar foi George Russell, o britâ-
carro e acreditem que há muito tempo nico, que vive a 20 minutos de distância
não víamos progressos em termos de das instalações da Williams, continua
apoio aerodinâmico nas medições do a ser a maior motivação. “Vou todos os
túnel de vento. Mas hoje tudo está dife- dias à fábrica, faço perguntas aos enge-
rente, para melhor, e os progressos que nheiros, mostro a minha cara sempre
vemos no túnel de vento no carro de risonha e tento mantê-los motivados!”
2020 parecem-me muito promissores. Veremos se isso e o talento do piloto da
Não tenho muitas dúvidas que vamos cantera da Mercedes serão suficientes
crescer muito no próximo ano.” para ultrapassar a necessidade de ‘edu-
Claire Williams surge muito confiante: car’ Nicholas Latiffi e de lidar com a pres-
“Estabelecemos metas e conseguimos são que a Williams vai sentir para obter
alcançá-las”, mas a verdade é que ape- resultados. Se a tendência for a mesma
sar da confiança da responsável, George de 2018 e 2019, há o real risco da equipa
Russell faz de ‘cheerleader’ com con- fundada por Sir Frank Williams se des-
tenção: “Espero para 2020 poder lutar membrar e encerrar portas após 45 anos
com mais frequência com os homens de presença na Fórmula 1. Esperamos
do pelotão do meio, mas não sei o que todos que isso não aconteça!

F1/
FÓRMULA 1

22

MAX
Max Verstappen assinou um novo acordo
com a Red Bull, válido até ao final de
2023, o que juntamente com a extensão
acordada entre Charles Leclerc
e a Ferrari tem impacto
no mercado de pilotos

VERSTAPPEN
RENOVA

Fábio Mendes de várias queixas ao longo de 2019. >> autosport.pt

[email protected] O futuro de Verstappen está agora definido e a 23
RedBullmantém um dos seusprincipais trunfos
Max Verstappen pode ter acabado para a entrada na nova era da F1. JOS VERSTAPPEN
com a Silly Season de 2020, mesmo A renovação de Max Verstappen, anunciada pela
antes da época começar. O piloto Red Bull, é uma das melhores notícias que a equipa “OMAX ÉOMEU
holandês renovou contrato com austríaca poderia ter recebido nestes dias e poderá PROJETO DEVIDA…”
a Red Bull, colocando assim um ajudar o futuro da estrutura.
Em entrevista ao jornal holandês De Telegraaf, Jos Verstappen,
ponto final na discussão sobre o Verstappen é uma das grandes estrelas da F1. O pai e manager de Max Verstappen é da opinião que depois da
Red Bull ter levado o seu filho para a Fórmula 1, seja com esta
seu futuro após 2020. Verstappen foi apontando seutalento,asuaposturaempistaealegiãodefãs, equipa que o piloto vai tentar ser Campeão do Mundo de Fórmula
1. Depois de muito se falar da possível ida para a Mercedes do
à Mercedes, mas os rumores perderam força ao especialmenteosholandeses,fazemdeleumdos jovem Verstappen, já que a Red Bull não tem estado nos últimos
anos, em condições de lutar pelos títulos, o jovem de 22 anos
longodotempoeagoradeixamdefazerqualquer pilotos com maior exposição e isso é certamente assinou recentemente um contrato que se diz ser de 64 milhões de
dólares por quatro anos, com a clã Verstappen a colocar toda a sua
sentido:“Estoumuitofelizporterrenovadocoma bomaoníveldomarketing.Alémdisso,acapaci- confiança no que a Red Bull e a Honda podem fazer nos próximos
anos: “A Red Bull deu ao Max a oportunidade de ir para a Fórmula 1
Red Bull. A equipa acreditou em mim e deu-me a dade do piloto em pista e a sua postura cada vez em 2015, por isso, para nós seria muito bom ter sucesso com essa
equipa”, começou por dizer Jos Verstappen, que colocou um acento
oportunidadedecomeçarnaFórmula1,algopelo mais madura garante à Red Bull um piloto capaz tónico numa questão que é importante: “Para o ano há novas regras
na Fórmula 1 e para o Max é importante estar totalmente envolvido
qual sempre fui muito grato. Ao longo dos anos, delutarpelotítuloacurtoprazo.Os‘Bulls’querem nos preparativos. Sabemos o que a equipa está a fazer, não apenas
para esta temporada de 2020, mas também para os novos carros
aproximei-me cada vez mais da equipa e, além voltar a levantar o troféu de campeão e para isso de 2021 e é muito bom estar envolvido nisso. É muito importante
o facto do Max se sentir em casa na Red Bull. Ele tem toda a
da paixão de todos e do desempenho na pista, precisam de ter o melhor ao volante do seu carro confiança neles para os próximos anos”, disse Jos Verstappen que
na mesma entrevista falou também um pouco de si.
também é realmente agradável trabalhar com e Verstappen é a escolha certa. Quando foi questionado pelo facto de não ter dado sequência à
sua carreira, ao contrário de muitos pilotos da sua geração, Jos
um grupo tão grande de pessoas. A chegada da Além disso, a permanência de Verstappen na Verstappen explicou que apesar de poder ter continuado a correr,
depois de sair da F1, percebeu cedo que o filho tinha vocação para
Honda e o progresso que fizemos nos últimos 12 equipa poderá convencer a Honda a ficar na F1. as corridas, e colocou nele todo o seu foco: “O Max (Verstappen)
tem sido o meu projeto de vida. Eu quero ganhar com ele, e quero
mesesdá-meaindamaismotivaçãoeesperança Numa altura em que os japoneses têm dúvidas que ele se torne um campeão. Temos esse objetivo juntos. Sempre
achei este tempo todo que tenho passado com o Max muito mais
de que podemos vencer juntos. Eu respeito a se devem ficar, o facto de Max Verstappen se divertido do que eventualmente seria a minha própria carreira.
Acho que quando se pode conseguir algo assim com o próprio
maneira como a Red Bull e a Honda trabalham manternaequipa,podeajudaradecisãodaHonda. filho, é muito mais intenso do que quando o fazemos por nós. Na
verdade, eu fiz mais pela carreira do Max do que pela minha”, disse
e todos estamos a fazer o que podemos para ter Muito se tem falado do potencial de Verstappen Verstappen pai…
E não é de agora que Max Verstappen agradece o que o pai tem
sucesso. Quero vencer com a Red Bull e o nosso e a Honda vê o jovem holandês como uma es- feito por ele: “O que ele fez por mim é inacreditável e nunca poderei
agradecer-lhe o suficiente. Claro que há muitos pais que fazem
objetivo é claro: lutar por um campeonato mun- pécie de Ayrton Senna, um piloto que pode ser a muito pelos seus filhos, mas da forma intensiva que o meu pai fez
por mim? Eu não conseguiria mencionar tudo o que ele fez ao longo
dial”, disse Verstappen. bandeira da marca. Com Verstappen assegurado destes anos”, disse Max Verstappen. JLA

Para Christian Horner, Chefe da Equipa: “é uma até 2023, é mais fácil para a Red Bull convencer

notícia fantástica, para a equipa, ter renovado o a Honda a ficar.

acordocomoMax,atéatemporadade2023.Como Há também a considerar os efeitos desta reno-

desafiodaregulamentaçãode2021,acontinuidade vação no mercado. Os rumores da ida de Ha-

em tantas áreas quanto possível é fundamental. milton para a Ferrari foram crescendo de tom e

OMaxprovouoseuvalor,eleacreditanaparceria o substituto mais desejado para o lugar do #44

que estabelecemos com o nosso fornecedor de na Mercedes era Verstappen. Com o holandês

motores, a Honda”. disse Horner. ‘preso’ à Red Bull, a Mercedes terá de pensar

Parece assim que Verstappen ficou convencido duas vezes para não deixar escapar a sua estrela

com o trabalho da Red Bull e da Honda, apesar para a Ferrari, caso esse cenário se confirme.

Todos esperavam um efeito

CONTRATO dominó nesta silly season
e bastava um grande nome
mudar de equipa para que
uma reação em cadeia acon-
tecesse. Assim, com a Red
Bull praticamente fechada

(Alex Albon ou Pierre Gasly

deverão fazer parte da equi-

pa em 2021) são menos dois

lugares de topo que ficam à disposição o que

diminui a possibilidade de grandes trocas (a

Ferrari também já garantiu Charles Lecelerc

até 2024). As grandes mudanças nas equipas

de topo começam a parecer cada vez menos

prováveis.

E/24
ENTREVISTA

ENTREVISTA PEDROALMEIDA

OFOCO ÉDEFINIRUM
PROGRAMAQUESEJABOM

PARAAEVOLUÇÃODEUMPILOTOCOM22ANOS

Pedro Almeida terminou Aos 22 anos, Pedro Almeida é, entre os que andam mais à frente
o último Campeonato de no CPR, de longe o piloto mais jovem e com maior futuro pela frente.
Portugal de Ralis na quarta
posição, atrás dos consa- Numa altura em que se prepara para tomar decisões importantes,
grados, Ricardo Teodósio, fizemos um balanço da sua ainda curta carreira
Bruno Magalhães, ENTREVISTA José Luís Abreu [email protected]
Armindo Araújo e José FOTOGRAFIA Aifa/ Jorge Cunha e oficiais
Pedro Fontes. Há muito
que andamos a dizer que é importan- se tudo correr bem, Pedro Almeida mecânicos à volta dos carros, aquela e estar no Campeonato de Portugal a
te que apareçam novos jovens valores tem todas as condições para singrar, adrenalina. Aquele ambiente deixa- um bom nível passou a ser a primei-
nos ralis, já que os nossos melhores pi- já que apesar de já disputar ralis há va-me fascinado. Nessa altura já ti- ra meta.”
lotos, sem ainda já estarem a acusar o quatro anos, nos últimos dois já an- nha contacto com o karting e sempre Quando decidiste fazer ralis?
peso da idade - até porque a classe não dou na alta roda e em alta rotação de que íamos para as provas andava ali “Como te disse antes, muito cedo. Fui
se vê pelo B.I. - já não têm pela frente aprendizagem, ao guiar R5 no CPR. em volta do carro, dos preparadores, para o karting porque ia dizendo ao
os mesmos anos de competição que Ter terminado em quarto do cam- perguntava muito, porque tudo aqui- meu pai, ‘eu quero andar num carro
deixaram para trás. peonato diz muito do que já anda, e lo era para mim muito interessante. destes’ (na altura os Golf e Mitsubishi
Por isso se tem falado da nova 'forna- aos 22 anos é o momento certo para Sabes aquela pergunta que te fazem que ele conduzia nos regionais). Os
da', e nesse contexto os últimos anos o duplo piloto - de carros de ralis e em pequeno, ‘o que é que queres ser ralis sempre me fascinaram. Gostava
foram passados a ouvir-se falar de aviões - subir o nível de exigência quando fores grande?’, eu respondia, do karting mas as pistas não me pu-
Diogo Gago, primeiro, mais recente- consigo próprio. O melhor resultado ‘quero andar num carro de ralis!’” xavam.”
mente, Pedro Antunes, Miguel Correia que tem no CPR são dois quartos lu- Por onde começaste? Resume o teu percurso nos ralis até
e Pedro Almeida. Se olharmos para as gares no Rali Casinos do Algarve de “Comecei no Karting. Aquela adrena- aqui e finalmente fala-nos um pouco
respetivas idades, percebemos que 2018 e 2019, mas em vários outros lina começou a mexer e pela mão do do que tem sido a evolução.
Diogo Gago e Miguel Correia têm 28 andou pelo top 5, 6. Como se percebe, meu pai comecei na escola nacional “Comecei no regional norte com um
anos e Pedro Antunes, 26. Só um de- 2020 é uma época importante para o de karting. Aprendi muito ali. Não só Twingo R2 e nesse ano de estreia con-
les é mais novo que... Max Verstappen. que poderá ser o seu futuro nos ra- a técnica, mas também a resiliência, o seguimos um quinto lugar no campeo-
Pedro de Almeida tem menos dois me- lis, e as decisões que está prestes a espírito competitivo, o saber ganhar e nato, com o primeiro lugar na categoria.
ses de idade que o 'portento' holandês. tomar podem dizer muito das suas o lidar com os momentos menos bons, No segundo ano adquirimos um Clio
E é precisamente Pedro de Almeida intenções.... com o imprevisível que são as corridas. R3 e fomos fazer o campeonato gale-
que procura neste momento soluções Mas a minha paixão eram os ralis. Aos go mas as coisas não correram muito
para o seu futuro nos ralis, e como vai Quando começaste, e porquê, a gostar 16 anos passei para o ralicross e logo bem. Fizemos poucos ralis e dos pou-
perceber pela entrevista mais abaixo, de desportos motorizados? que os regulamentos me permitiram, cos que fizemos também poucos ter-
está a estudar a melhor solução que lhe “O desporto automóvel vem da pai- aos 18 anos, tivemos a oportunidade de minámos, mas, por estranho que pa-
permita abrir o caminho, para que da- xão que o meu pai também teve pe- conduzir um carro de ralis. Passaram reça, aprendi muito. Corrigimos erros,
qui a algum tempo possamos ter nova- los carros e pelos ralis em especial. quatro anos apenas e continuamos a percebemos o que estávamos a fazer
mente um piloto na alta roda dos ralis. Desde pequeno que o acompanhava alimentar a paixão. A partir da minha mal, onde existiam oportunidades
Há, claramente, um caminho longo nas corridas e ficava encantado com adolescência os ralis passaram a ser de evoluir. E esse ano foi fundamen-
a trilhar, mas existe muita vontade os carros, com o público e com os uma ideia a concretizar, com método, tal para o que se seguiu. Primeiro no
de se rodear das pessoas certas que Skoda S2000, um carro mais competi-
o ajudem a cumprir esse caminho, e tivo, percebemos que estávamos a fi-
car preparados para novos desafios, e
depois, com a aquisição do Ford Fiesta

>> autosport.pt

25

EXPERIMENTÁMOS
RECENTEMENTE
O NOVO 208 RALLY4
E GOSTÁMOS, E FAZER
ESSE CAMPEONATO
É UMA POSSIBILIDADE,
MAS PARA JÁ APENAS
UMA ENTRE OUTRAS

E/
ENTREVISTA

26

PEDRO ALMEIDA

R5, conseguimos cimentar o trabalho dos mas essas são mais ou menos notórias raste de um ano para o outro? Quantos normais, daqui a quanto tempo pensas
dois anos anteriores. Lembro que termi- dependendo do piso de que falamos. No segundos ou décimos de segundo por poder ter condições para ganhar ralis
námos o CPR em sexto lugar, sem qual- caso da terra o Skoda tem de facto um quilómetro? (em andamento puro)?
quer desistência, e os quilómetros rea- comportamento diferente do Fiesta, sen- “Sim, noto de facto uma diferença sig- “Isso é uma questão um pouco difícil
lizados vão ser-nos muito importantes do mais fácil de aprender e de se guiar… nificativa de ano para ano, penso que no de responder. O nosso andamento tem
para o futuro. Esta temporada está mais no asfalto, a história já é outra. O Fiesta geral baixei por volta de 1s por km, mais melhorado muito, somos consistentes e
fresca na memória de todos. Traçámos não fica tão atrás do Skoda e é um carro ou menos, sendo que este ano em alguns os registos dizem que estamos de facto
como objetivo evoluir do ponto de vista fácil de guiar e competitivo. Ambos me troços já estive a apenas 0.5s por km do mais perto de… A verdade também é que
dos registos de tempo – conseguimos – e transmitiram excelentes sensações, é primeiro classificado, e isso para mim é o campeonato é muito competitivo, com
se possível melhorar a classificação final apenas uma questão de gosto e da facili- um sinal de evolução.” pilotos com anos de competição e que
– o que também conseguimos. O maior dade e confiança que cada um dos carros Já fizeste vários quartos lugares, para estão todos num nível muito elevado. O
dos objetivos da temporada também foi transmite nos diferentes pisos.” quando o primeiro pódio? Em condições nosso trabalho e esforço para melhorar
aqui e ali conquistado: o desafio era es- Apesar de ainda estares em evolução,
tar muito mais próximo dos pilotos da julgo que já notas muito as diferenças
frente do campeonato. Todos eles têm quando mexem nas afinações do Skoda.
muitos anos de ralis e uma experiência Queres explicar o tipo de afinações que
que ainda nos falta. Em alguns dos ralis podes fazer no carro, e as principais con-
conseguimos fazê-lo. Noutros aprende- sequências que isso tem na pilotagem?
mos bastante, porque entendo que é na “É normal que com os quilómetros a mi-
autocrítica que podemos fazer a evolução nha sensibilidade às alterações de set-up
que desejamos. Estamos mais rápidos, do carro evolua, mas tento sempre fazer
mais confiantes e ficámos logo ali atrás um trabalho de equipa com os engenhei-
dos quatro pilotos que disputaram o títu- ros. Vou dando os inputs e as sensações
lo até à última prova. E na frente do CPR que vou sentindo na estrada e o que me
este ano andaram todos muito depressa!” parece ser melhor para andar confortá-
Custou-te mais a passagem do Renault vel e mais rápido. As afinações são uma
Clio R3 para o Skoda Fabia S2000 ou des- multiplicidade de possibilidades e a equi-
te para o Ford Fiesta R5? pa de engenheiros tem um largo conhe-
“Obviamente a passagem de um carro de cimento e é neste trabalho conjunto que
duas rodas motrizes para um carro 4x4 vamos afinando e melhorando o carro.
é sempre mais difícil do que a passagem Ao longo do ano evoluímos muito neste
entre dois carros da mesma categoria. O sentido, numa perspetiva de aprendiza-
Ford e o Skoda são carros ligeiramente gem mútua e de melhoria permanente.”
diferentes, mas não deixam de ser muito Nestes últimos dois anos em que corres-
parecidos na base de condução.” te de R5, já passaste em muitas zonas
A troca do Fiesta pelo Skoda Fabia R5 já que são as mesmas. Notaste diferenças
não deve ter sido tão 'stressante'. Que na velocidade em que passaste nesses
diferenças existem nos carros? locais, ou mesmo em troços que tenhas
“Existem de facto algumas diferenças, repetido? Tens ideia de quanto melho-

vai continuar e estamos certos de que va- diferente. Quanto à condução no TT não >> autosport.pt
mos chegar ao mesmo nível de todos os é de todo o meu estilo, é uma condução
outros e disputar esses lugares de pódio.” muito ‘à vista’. Acima de tudo é uma ex- 27
Já tens ideia do teu programa de provas periência positiva que nos permite fazer
em 2020? Ouvimos recentemente um ru- corridas em terra, piso que vamos en- AÇÕES SOLIDÁRIAS
mor que falava no Peugeot 208 Rally4... contrar no início da nova época de ralis.” “GRATIFICANTE E ENRIQUECEDOR”
“Não temos ainda tudo definido e estamos Achas que podes vir a fazer TT no futuro,
a ponderar um conjunto de fatores, que ou preferes só mesmo os ralis? Ao longo do último ano, Pedro Almeida visitou instituições sociais do país,
nos levam a uma diversidade de possibi- “Os ralis são de facto a minha paixão, a em ações que tinham como objetivo promover os ralis e a responsabilidade
lidades. O nosso foco está na evolução e qual não troco por outra. A minha parti- social. “Desafiámos alguns dos nossos parceiros, e escolhemos um conjunto
na tal aprendizagem que sentimos ainda cipação no TT é apenas lúdica - natural- de instituições com projetos sociais, enraizadas na região onde decorreram as
ser necessário fazer para esbater as di- mente que queremos sempre andar bem provas do CPR para visitar, e de alguma forma contribuir para o seu bem estar.
ferenças que registamos - e que são na- e depressa -, mas não mais que isso.” Acabámos por desenvolver as nossas ações maioritariamente junto de crianças
turais - para os pilotos mais experientes Tens curiosidade de algum dia experi- e jovens, e de todas elas trouxemos muito mais do que levámos. Foi muito
do nosso campeonato. Experimentámos mentar uma prova do WRC (para além de gratificante e enriquecedor” diz o piloto.
recentemente o novo 208 Rally4 e gos- Portugal, claro), por exemplo a Finlândia. Pedro Almeida marcou presença em instituições de acolhimento de crianças
támos, e fazer esse campeonato é uma Há algum rali que te seduza? e jovens em risco em Fafe, nos Açores e no Marco de Canaveses. Visitou ainda
possibilidade, mas para já apenas uma “Todos os pilotos sonham com isso e eu uma instituição de apoio a portadores de deficiência, em Castelo Branco e
entre outras. O foco não é obsessiva- não sou diferente. Participar em qual- um internato de meninas em Portimão. “Quisemos que tivessem um contacto
mente correr, é definir um programa que quer uma das provas do mundial seria próximo com a nossa modalidade e levámos o carro para o verem de perto, para
seja bom do ponto de vista da evolução uma experiência positiva, e eu gosto de falarmos no que são os ralis e partilhar o meu percurso na modalidade. E o
para um piloto de 22 anos, que nas duas passar por novas experiências e enfren- sorriso e fascínio com que nos receberam é de uma satisfação incomparável!”.
últimas temporadas terminou atrás de tar novos desafios. Já tive a oportunidade E os objetivos foram cumpridos como conta Pedro Almeida. “Habitualmente
pilotos - todos eles campeões nacionais - de conduzir na neve em teste e confesso fazíamos estas visitas na semana que antecedia os ralis e os depois
que de carreira têm provavelmente mais que participar em ralis com estas carac- reencontramos algumas das crianças e jovens no parque de assistência ou no
anos que eu no BI… Vencer obriga a muito terísticas me agradaria… a ver vamos o final das classificativas, o que nos deu um gozo enorme”.
trabalho e nós estamos a trabalhar inten- que o futuro nos proporciona.” Com o apoio de um conjunto de parceiros Pedro Almeida deixou ainda em
samente para conseguir concretizar esse Deves ver por vezes os pilotos do WRC cada instituição apoio para as atividades de cada uma delas. “Nos Açores
objetivo de forma consistente no futuro. a andar, surpreende-te o que por vezes deixamos uma pequena biblioteca e em Portimão equipámos o espaço com um
É essa análise, de quais os passos a dar eles fazem com os carros, ou achas que computador. Em Fafe, onde todos são fãs de ralis, entregámos uma consola com
para lá chegar, que estamos a ponderar com treino também lá chegas, àquele o jogo do WRC. Gestos simples mas que alegram quem nos recebeu”.
e a definir.” tipo de andamento num WRC? O piloto espera repetir algumas ações idênticas na próxima temporada.
Depois de Fronteira, fala-me da expe- “Claro que fico surpreendido com aqui- "Queremos continuar com estas iniciativas, não só pelo contributo que podemos
riência, da camaradagem, da festa, do lo que vejo mas também acredito que é dar mas também pela valorização do desporto motorizado. Há muito que
que é guiar no TT. tudo uma questão de treino e dedicação. podemos fazer".
“É um ambiente diferente daquele que O patamar de exigência é enorme, bem Ao todo, visitamos o Lar da Criança em Revelhe-Fafe (acolhimento de crianças e
encontro nos ralis, é de facto um espírito sabemos, e é muito difícil lá chegar. No jovens em risco) Lar Mãe de Deus em S.Miguel Açores (acolhimento de crianças
e jovens em risco - perto de uma centena de utentes) ART - Associação de
Respostas Terapêuticas no Marco de Canaveses (jovens entre os 14 e os 18
anos institucionalizados) APPACDM de Castelo Branco (mais de uma centena de
utentes) Casa Nossa Senhora da Conceição em Portimão (internato feminino).

E/
ENTREVISTA

28

PEDRO ALMEIDA

atual panorama, para um piloto português
chegar a esse nível é muito difícil mas…”
Já fazes o CPR há alguns anos, o que
está bem e o que está mal nos ralis?
Mudavas alguma coisa?
“Faço o CPR há duas temporadas. Foram
dois anos que comparados com alguns
dos nossos melhores pilotos que fazem
o campeonato há quase 20 anos são ir-
risórios. É um campeonato muito com-
petitivo, que exige muita preparação e
um orçamento elevado para poder estar
ao melhor nível. O quadro de provas é
positivo para jovens pilotos, permitin-
do somar quilómetros e aprendizagem,
mas depois há muito para fazer em ter-
mos de promoção. Aqui penso que a
Federação pode ter um papel importan-
te. É necessário dar visibilidade ao ca-
lendário e tornar os ralis atrativos para
o público, não só nos troços mas tam-
bém nas zonas de assistência. A uni-
formização de um caderno de encargos
para a promoção das provas seria um
primeiro passo. Se os patrocinadores
não virem rentabilizado o investimen-

>> autosport.pt

29

to nunca poderemos promover o apa- exigências. Na sequência do mercado, uma extensão do mercado, numa ver- vimento. Tecnologicamente evoluímos
recimento e a renovação do quadro de o desporto automóvel também se sa- são tecnológica mais evoluída, com a muito rapidamente e essa é uma pos-
pilotos. E isto a Federação e os clubes berá adaptar a esses novos tempos e segurança que se exige e que permita sibilidade. O que tenho a certeza é que
têm de perceber rapidamente, sob pena evoluir nesse sentido.” limites que num utilitário não se conse- os carros de ralis com energias limpas
de os campeonatos perderem pilotos, Vês-te numa questão de quatro ou cinco guem explorar. Não sei se os elétricos terão de ser à mesma competitivos, rá-
atratividade, público e patrocinadores. anos a guiar um carro de ralis elétrico? são a solução de futuro. A propulsão a pidos e que mantenham o espírito dos
E todos perdemos.” “Os carros de competição são sempre hidrogénio também está em desenvol- ralis vivo.”
Como vês a pressão que se acentua E já agora, quando pensas que a aviação
sobre a indústria automóvel no que vai deixar os motores como os conhe-
à redução de emissões diz respeito? cemos hoje em dia. Vês-te a pilotar um
Sendo tu um jovem, qual é a tua visão avião totalmente elétrico?
do problema, e como achas que o des- “A aviação evoluiu imenso, mas é im-
porto motorizado deve evoluir nas suas portante que não se confunda a avia-
variadas vertentes? ção civil e o transporte de passageiros
“A pressão não é sobre a indústria au- com a evolução que já existe em aviões
tomóvel. A questão é um problema que experimentais. A segurança dos passa-
me parece bem mais sério e de todos geiros e a autonomia são a prioridade de
nós. E hoje, no nosso dia a dia, há análise e estou em crer que ainda esta-
hábitos que temos de mudar para re- mos muito longe de uma solução des-
duzir a pegada de carbono. Começa sas. Penso que ainda temos um longo
por aí, na nossa reaprendizagem diá- caminho a percorrer para chegar a esse
ria e no respeito pelo espaço onde vi- ponto, apesar de existirem empresas a
vemos. Quanto mais exigentes formos anunciar que nos próximos 15 a 20 anos
connosco neste cuidar, mais rapida- iremos ter aviões de passageiros elé-
mente o mercado - o automóvel tam- tricos. Acredito quando me colocarem
bém - se irá adaptar às necessidades e um nas mãos (risos).”

30 WRC/
CAMPEONATO DO MUNDO DE RALIS
equipa olha para o futuro com um novo de excelência em engenharia verdadei-
M-SPORT line-up jovem e ambicioso. Para além de ramente único à beira do Parque Nacional
NOVA CRIAÇÃO Esapekka Lappi/Janne Ferm e Teemu de Lake District.
APELATIVA Suninen/Jarmo Lehtinen, previstos para Para Malcolm Wilson, responsável má-
as 14 provas que compõem o WRC 2020, ximo da M-Sport e membro OBE (ndr, Or-
Já são conhecidas as novas cores do Ford Fiesta WRC também os britânicos Gus Greensmith/ dem do Império Britânico): “À semelhan-
com que as duplas Esapekka Lappi/Janne Ferm e Teemu Elliott Edmondson irão juntar-se-lhes ça de todos os adeptos dos ralis, estava
Suninen/Jarmo Lehtinen, vão correr no WRC 2020. No em nove desses ralis. ansioso por ver a nossa nova decoração
mínimo, pode dizer-se que o Designer Gráfico, Phil Dixon A equipa da região britânica de Cumbria e tenho que dizer que a equipa fez um
esteve muito inspirado… está, também, a olhar para um futuro trabalho fantástico este ano. Os ralis
mais perto de casa, sendo que estas fo- estão no seio do nosso negócio, pelo
José Luís Abreu to do apoio da Castrol este esquema de tos oficiais foram tiradas no Centro de que concebemos uma equipa da qual
[email protected] cores foi fácil de alcançar. Em geral, todo Avaliação da M-Sport, presentemente estou imensamente orgulhoso. Mas
o projecto leva-nos à primeira metade em avançada fase de construção, pre- se quisermos continuar, é importan-
AFOTOS Oficiais dos anos 90. Alguns padrões e modas vendo-se que fique concluído no pró- te podermos diversificar, algo que o
M-SportFordWorldRallyTeam, dessa época voltaram agora a estar em ximo Outono. Tendo construído, no ano novo Centro de Avaliação da M-Sport
apresentouanovaeimpressio- destaque, pelo que decidi criar algo nesse passado, uma pista de testes com 2,5 permite. Os trabalhos da Northern
nante decoração do seu Ford estilo, ao mesmo tempo que pretendi quilómetros de extensão, os especialistas Developments estão a avançar per-
Fiesta WRC para a temporada seguir as tendências que hoje são mais da Northern Developments estão agora mitindo-nos dotar de umas fantásticas
de 2020 do Mundial de Ralis. relevantes.” focados na oficina adjacente, com uma instalações onde os líderes da indústria
Saída da ‘pena’ do Designer Para esta temporada, a sua visão ins- área de 10.723 m2. e do desporto automóvel terão tudo
Gráfico Phil Dixon, a nova decoração pirou-se nas decorações do início da A avançar a ritmo acelerado, já estão o que precisam para completar um
tem o potencial para ser novamente a década de 90, e os Fiesta têm um tema instaladas cerca de 550 toneladas de processo desde o projeto inicial à sua
favorita dos adeptos, algo que algumas que tem tanto de moderno como de clás- estruturas metálicas e todas as pare- produção. Na verdade, acredito que temos
equipas descuram, mas não a M-Sport: sico, curiosamente num ano em que a des exteriores de betão pré-fabricadas algo especial na M-Sport, pelo que este
“A minha inspiração inicial remonta ao foram totalmente colocadas. Uma vez novo desenvolvimento irá assentar nisso
Ford Escort RS Cosworth que François concluído, este amplo empreendimento mesmo, promovendo Dovenby Hall como
Delecour usou em 1995”, começou por de vários milhões de libras marcará uma um centro de excelência único em termos
explicar Phil Dixon. “Os carros brancos nova era para a M-Sport, com um centro de engenharia.”
sempre foram populares e com o aumen-

>> autosport.pt

31

QUASE TUDO NOVO…TOYOTAGAZOORACINGWRCAPRESENTOU-SENOJAPÃO

A Toyota Gazoo Racing WRC escolheu Para Tommi Mäkinen, Chefe de Equipa: “É ótimo marcar
o Salão de Tóquio para a apresentação da presença no Japão para lançar a nova temporada com
sua equipa. Novos pilotos, carro mais leve, os nossos novos pilotos. Estamos realmente ansiosos
motor mais potente, a mesma decoração pelo facto do WRC voltar ao Japão este ano, por isso,
é bom começar a temporada aqui junto dos nossos
José Luís Abreu adeptos, que são grandes fãs de carros japoneses.
[email protected] Por fora, o nosso carro parece similar ao anterior. Es-
tamos a manter, em termos gerais, o mesmo ‘pacote’,
Com o Salão de Tóquio a decorrer na que foi forte em muitas condições diferentes no ano
mesma altura da programada passado. Mas, estamos sempre a trabalhar para fazer
apresentação do WRC para Bir- pequenas melhorias, que tornem o carro ainda melhor.
mingham, eis que a Toyota Gazoo Vamos entrar nesta temporada com um carro mais
Racing WRC preferiu mostrar-se leve e mais potente. Estou confiante de que os nossos
ao mundo no país de origem da talentosos novos pilotos se sentirão rapidamente
equipa, no Japão, lançando uma temporada confortáveis e que podemos apontar alto novamente
que terminará em novembro, com a primeira nesta temporada”, disse.
ronda do Campeonato do Mundo de Ralis, o
Rali de Monte Carlo, a realizar-se dentro de
duas semanas. A aparição no Salão Automóvel de
Tóquio coincide também com a estreia mundial do
novo Toyota GR Yaris, que incorpora tecnologia e co-
nhecimentos adquiridos no WRC pela marca nipónica.
Parece que foi ontem o regresso, mas a verdade é
que a Toyota Gazoo Racing World Rally Team já vai
para o quarto ano do seu bem sucedido regresso
ao WRC, tendo conquistado pelo meio os títulos de
pilotos e navegadores em 2019, que somou à coroa
dos fabricantes conquistada em 2018. O Toyota Yaris
WRC continua – como todos os outros carros - em
constante evolução, e tem novos desenvolvimentos
para 2020, incluindo uma redução no peso, bem como
um motor melhorado.
Com os seus novos pilotos, Sébastien Ogier, Elfyn
Evans, Kalle Rovanpera e Takamoto Katsuta, na equipa
oficial, a proporcionarem uma boa mistura de velo-
cidade, experiência e juventude, a equipa pretende
lutar mais uma vez em todas as frentes, começando
já no Rali de Monte-Carlo.

TT/32 C/ C L A S S I F I C A Ç Õ E S
TODO O TERRENO
AUTOS/SSV

1º BOUWENS IGOR IVECO T4 / 1 19:27:12

2º FROMONT YVES BUGGY T1 / 1 00:00:06

3º MARTIN PATRICK MERCEDES T1 / 2 00:09:02

4º KOVACS MIKLOS SCANIA T4 / 2 00:11:08

5º ESSERS NOEL MAN T4 / 3 02:35:41

6º FAZEKAS KAROLY SCANIA T4 / 4 02:48:05

7º TOMECEK TOMAS TATRA T4 / 5 03:09:34

8º FRETIN BENOIT CAN AM SSV / 1 03:25:25

9º TITOV ALEXEY FORD T2 / 1 03:36:19

10º VAN VELSEN AAD GINAF T4 / 6 03:42:52

11º ELFRINK JOHAN MERCEDES T4 / 7 04:38:43

12º FREBOURG LOIC CAN AM SSV / 2 04:45:51

13º ETIENNE PATRICE CAN AM SSV / 3 05:36:03

14º NOEL DE BURLIN GEOFFROY POLARIS SSV / 4 05:44:39

15º COLE ALEX BOWLER OP / 1 05:55:22

46º BARREIROS FERNANDO ISUZU T2 / 3 48:53:24

MOTOS

1º BOTTURI ALESSANDRO YAMAHA 19:41:32

2º ULLEVALSETER PAL ANDERS KTM 00:04:10

3º POSKITT LYNDON KTM 00:25:16

4º CZACHOR JACEK KTM 00:47:05

5º LUCCI PAOLO HUSQVARNA 01:01:05

68º ROLO JOAO KTM 50:31:10

LUTAAFRICAECORACE2020

DE DAVID
E GOLIAS

O Africa Eco Race 2020 melhor SSV é o Can AM de Benoit Fretin, do Tarek Buggy a vencer e a ascender à Buggy. Nos SSV, a liderança permanecia
prossegue o seu caminho rumo que roda no oitavo lugar da geral, a quase liderança da classificação geral. Fernando no Can-Am #250 de Benoit Fretin e Cedric
a Dakar com três portugueses três horas e meia da frente. Os pequenos e Nuno Barreiros terminaram o dia no Duple. Nas motos, também o mesmo líder
na caravana, dois pilotos e um SSV são bem ágeis nas dunas, mas os 50º lugar e João Rolo era 70º da geral. Na com Alessandro Botturi a manter cerca de
navegador. Nas quatro rodas, motores pequenos para percursos muito Etapa 4, outra vitória para os camiões, quatro minutos de vantagem. Quanto aos
grande luta entre Camiões e rápidos levam a grandes diferenças. novamente o Iveco #480 de Igor Bouwens. portugueses, Fernando e Nuno Barreiros,
Autos, enquanto nas Motos e Nas Motos, boas lutas na frente, com Ales- Por fim, antes do descanso, após a Etapa no Izusu #225 terminaram os primeiros
SSV boas lutas pela liderança sandro Botturi (Yamaha) a envolver-se 5, novamente ganha pelo Iveco de Igor cinco dias na 46ª posição enquanto João
num duelo com Pal Anders Ullevalseter Bouwens, a luta à geral dá-se entre os Rolo roda com a sua KTM #134 na 66ª
José Luís Abreu (KTM), que dista 4m10s do líder. Lyndon ‘monstros’ das areias e os pequenos posição da geral.
[email protected] Poskitt (KTM) é terceiro a 25m16s. Quanto
FOTOS Oficiais aos dois portugueses em prova, Fernando
e Nuno Barreiros são 46º com a sua Isuzu
Ao cabo da primeira semana T2, depois de já terem conhecido alguns
de prova no Africa Race, um problemas, enquanto João Rolo é 68º na
Camião lidera a classificação sua KTM.
geral. O Iveco pilotado por Igor A primeira etapa foi apenas um ‘aperitivo’,
Bouwens lidera com apenas e no final da segunda já estavam dois
seis segundos de avanço para Camiões na frente à geral. Liderava o Iveco
o Buggy de Yves Fromont. No lugar mais de Igor Bouwens, Ulrich Boerboom e Frits
baixo do pódio está classificado Patrick Driesmans. Quanto aos dois portugue-
Martin, que roda a 9m02s da frente. ses, Fernando e Nuno Barreiros tiveram
Numa prova com percursos muito rápidos, algumas dificuldades e eram 48º da geral,
os Camiões têm conseguido manter-se enquanto João Rolo terminou o dia em 69º.
nos primeiros lugares, sendo que o Scania Na Etapa 3, os carros foram superiores aos
de Miklos Kovacs é quarto a 11m.08s. O camiões, com a dupla Yves e Jean Fromont,

N/ 33

NOTÍCIAS

TIAGO MONTEIRO Tiago Monteiro mantém-se vo. “Não poderia estar mais feliz por
CONTINUA COM na Honda e volta a correr no me manter com a Honda por mais
WTCR em 2020. Este será o uma época. Já lá vão oito temporadas
A HONDA NO WTCR nono ano ao volante dos carros que têm sido muito gratificantes.
da marca nipónica, após o regresso No ano passado, a vitória em Vila
GTÁLVARO PARENTE NO GT em 2019, depois de ter recuperado de Real e a pole position no Japão fo-
WORLD CHALLENGE EUROPE um grave acidente. O piloto portu- ram momentos muito felizes que
ENDURANCE CUP guês, que regressou à competição o espero repetir em maior número em
ano passado, teve um ano difícil, mas 2020. Acredito que vai ser um bom
com bons momentos de glória, como ano para toda a equipa e que vamos
a vitória em Vila Real. Volvido um atingir os nossos objectivos.” , disse
novo ano, Monteiro espera regressar Tiago Monteiro. O WTCR arranca em
às vitórias e estar na luta pelo título, Marrocos, no fim de semana de 3 a
num campeonato muito competiti- 5 de abril.

CALENDÁRIO
DO CAMPEONATO DA
MADEIRADE RALIS 2020

A agenda de Álvaro Parente começa a ficar preenchida e a juntar CALENDÁRIO Já é conhecido o novo calendário do Calendário do
ao IMSA, tem agora o desafio do GT World Challenge Europe DO CAMPEONATO DOS Campeonato da Madeira de Ralis 2020, competição que
Endurance Cup, com a K-PAX. A formação norte-americana resolveu AÇORES DE RALIS 2020 se inicia entre 20 e 21 de março com o Rali Município de
este ano dar o salto para a mais importante competição europeia São Vicente, para terminar sete meses depois com o Rali
dedicada a carros de GT, que tem como prova maior as 24 Horas do Faial, que se realiza a 23 e 24 de outubro. A competição
de Spa-Francorchamps, onde representará oficialmente a Bentley inclui, como sempre, o Rali Vinho da Madeira, que se
Motorsport e a sua escolha para liderar um dos seus carros recaiu realiza entre 30 de julho e 2 de agosto. O calendário sofreu
no português. pequenas alterações, Machico passa de abril para julho, o
Álvaro Parente volta a representar as cores da equipa da Rali do Faial passa a fechar a competição por troca com o
Califórnia, com quem conquistou o título de 2016 do Pirelli World Rali Municípios Câmara Lobos e Funchal.
Challenge, tendo como colegas de equipa aos comandos do
Bentley Continental GT3 #9 Andy Soucek e Jordan Pepper, piloto Com algumas afinações, por exemplo a troca de ordem CALENDÁRIO
oficial da Bentley Motorsport. A K-PAX Racing colocará ainda dos Ralis Ilha Azul e Sical, e naturalmente sem o Lotus
um segundo carro para Maxime Soulet, Jules Gounon e Rodrigo Rallye, prova que foi cancelada o ano passado, já é 20/21 MARÇO RALI MUNICÍPIO DE SÃO VICENTE
Baptista: “É fantástico poder voltar ao GT World Challenge Europe conhecido o calendário de 2020 do Campeonato dos
Endurance Cup com a K-PAX Racing, uma equipa que me permitiu Açores de Ralis 2020. A competição arranca a 27 de março 8/9 MAIO RALI DA CALHETA
vencer um título e tornar-me no piloto com mais vitórias do GT com o início do Azores Rallye, prova do Grupo Desportivo
World Challenge America. Sinto-me em casa e sinto que posso e Comercial que também conta para o Europeu de Ralis 12/13 JUNHO RALI DA RIBEIRA BRAVA
fazer a diferença e estou entusiasmado e desejoso para que a e abre igualmente essa competição, e termina a 7 de
temporada tenha o seu início”, disse Álvaro Parente. novembro com o Além Mar Rali, nova prova do Grupo 3/4 JULHO RALI DO MARÍTIMO/MUNICÍPIO DE MACHICO
Desportivo e Comercial.
30 JULHO/2 AGOSTO RALI VINHO DA MADEIRA

18/19 SETEMBRO RALI MUNICÍPIOS CÂMARA LOBOS E FUNCHAL

23/24 OUTUBRO RALI DO FAIAL

CALENDÁRIO

27/29 MARÇO AZORES RALLYE

1/2 MAIO RALI SICAL

5/6 JUNHO RALI ILHA AZUL ALÉM MAR

7/8 AGOSTO RALLYE ALÉM MAR SANTA MARIA

18/19 SETEMBRO RALI ALÉM MAR/ 42º ILHA LILÁS

16/17 OUTUBRO RALI DO PICO

6/7 NOVEMBRO ALÉM MAR RALI

34

HISTÓRIA MUDANÇA
DO DAKAR DE CONTINENTE

1979-2019 Em 1977, Thierry Sabine, o ‘pai’ do Dakar, participa no rali
Abidjan-Nice de moto, e perde-se durante a prova na Líbia.
2ª PARTE Resgatado in extremis, regressa maravilhado com a paisa-
gem africana… e com uma vontade: organizar um rali que
Aproveitando o facto de estar a decorrer mais um passasse por Argel, Agadir e Dakar. Foi assim que nasceu o mito:
Dakar, esta semana deixamos a segunda parte da
história, muito resumida, da prova, que entra agora

no seu 41º ano. Esta é a segunda de duas partes.
Nesta edição, desde 2001 até 2019
FOTOS Arquivo AutoSport

CONHEÇA ESTA E MUITAS
OUTRAS HISTÓRIAS EM AUTOSPORT.PT

“Um desafio para os que partem. Um sonho para os que ficam”. >> autosport.pt
Sabine esteve quase a morrer, foi encontrado por nómadas,
deitado nas areias escaldantes. Recuperou, e da sua cabeça 35
saiu a epopeia heróica que se conhece até hoje. Sendo África
um continente multifacetado, ofereceu o elixir perfeito. As 2001
coisas mudaram com o tempo, mas a ‘alma’ da prova está
lá. A 26 de Dezembro de 1978, arrancava a primeira prova, de VIVA O SEXO FRACO!
Paris, o dia em que o Dakar descobriu a Place du Trocadero.
Já lá vão 41 anos! 01/1 CHAMP DE MARS, PARIS – 21/1 LAC ROSE, DAKAR
Nesta segunda parte da história do Dakar, passamos pelo domí-
nio da Mitsubishi, pelas provas a arrancar de Portugal e a afir- Depois da primeira especial e da liderança, Jutta
mação definitiva de Stéphane Peterhansel como o Sr. Dakar. Kleinschmidt tornou-se a primeira mulher a ganhar a
prova, com Carlos Sousa a falhar por pouco o triunfo,
terminando em 5º lugar e vencendo duas etapas.
Primeira vitória da KTM, nas motos, com Fabrizio Meoni.
Vencedores
Motos: Fabrizio Meoni (KTM);
Autos: Kleinschmidt/Schulz (Mitsubishi Pajero);
Camiões: Loprais/Kalina (Tatra).

2002

“PETER” QUASE, QUASE…

28/12/2001 ARRAS – 13/1/2002 LAC ROSE, DAKAR

Hiroshi Masuoka consegue a primeira vitória no Dakar, com
Meoni a repetir o primeiro lugar do ano anterior. Depois de
no ano anterior ter estado perto de vencer, Sousa repete
igualmente a posição, voltando a terminar a prova no 5º posto.
Vencedores
Motos: Fabrizio Meoni (KTM);
Autos: Masuoka/Malmon (Mitsubishi Pajero);
Camiões: Chagin/Mardeev/Savostine (Kamaz).

2003

A ÚLTIMA DE SAINCT

01/1 MARSEILLE – 19/1 SHARM EL SHEIKH, EGITO

O Dakar festeja a sua 25ª edição. Sainct vence e junta-se aos
grandes nomes da prova com três vitórias, enquanto Masuoka
volta a vencer. Mas é Peterhansel a dar nas vistas, já que por
pouco não se torna apenas no segundo piloto a vencer em
duas e quatro rodas. Carlos Sousa consegue o seu melhor
resultado de sempre, o 4º lugar, atrás dos seus colegas da
equipa Mitsubishi, Peterhansel (3º), Fontenay (2º) e Masuoka.
Regresso da VW…
Vencedores
Motos: Richard Sainct (KTM);
Autos: Masuoka/Schulz (Mitsubishi Pajero);
Camiões: Chagin/Yakoubov/Savostine (Kamaz).

36 2004

Jutta Kleinschmidt MITSUBISHI X 10
tornou-se a primeira
01/1 RÉGION D’AUVERGNE – 18/1 LAC ROSE, DAKAR
mulher a ganhar a
prova, em 2001 Com Carlos Sousa ausente – venceu a Taça do Mundo no ano
anterior, mas o orçamento ficou curto –, Stéphane Peterhansel
consegue a ambicionada vitória, tal como Nani Roma, que dá
dessa forma o segundo triunfo à KTM. O piloto espanhol teve
que esperar pela nona participação para o conseguir! Primeira
vitória de um Diesel em etapas (Luc Alphand em BMW) e a
estreia de Colin McRae na prova.
Vencedores
Motos: Nani Roma (KTM);
Autos: Peterhansel/Cottret (Mitsubishi);
Camiões: Chagin/ Yakoubov/Savostine (Kamaz).

2005 Em África, público
foi algo que nunca
BORN IN THE USA faltou no Dakar

31/12/2004 BARCELONA – 16/1/2005 LAC ROSE, DAKAR

Ainda sem o carro que o tornará famoso, Robby Gordon troca
as pistas da Nascar pela areia do Dakar. Com Carlos Sousa de
regresso com um sétimo lugar e Guerlain Chichérit a vencer
o ‘Volante Dakar’ (menos de 30 anos), Peterhansel repetiu
o triunfo do ano anterior e, nas motos, foi a estreia de Cyril
Despres no lugar mais alto do pódio. 2005 fica ainda marcado
por ser o ano em que morreu Fabrizio Meoni, antigo vencedor
da prova por duas vezes.
Vencedores
Motos: Cyril Despres (KTM);
Autos: Peterhansel/Cottret (Mitsubishi);
Camiões: Kabirov/ Belyaev/Mokeev (Kamaz).

2006 2007 2008
OLÁ, PORTUGAL! PORTUGUESES BRILHAM NO ARRANQUE MEDO VENCE DAKAR

31/12/2005 PRAÇA DO IMPÉRIO, LISBOA – 15/1/2006 LAC ROSE, DAKAR 06/1 PRAÇA DO IMPÉRIO, LISBOA – 21/1 LAC ROSE, DAKAR 05/1 PRAÇA DO IMPÉRIO, LISBOA – 20/1 LAC ROSE, DAKAR

Finalmente, o Dakar passa por Portugal. 300 mil pessoas Nova partida de Portugal e os ‘nossos’ não perdem tempo. A 30ª edição do Dakar foi anulada após ameaças terroristas,
deslocam-se a Lisboa para ver de perto a caravana da prova, Carlos Sousa vence a primeira classificativa, enquanto na véspera da partida da Praça do Império, nos Jerónimos, em
em ano de estreias: Carlos Sainz faz o seu primeiro Dakar e Luc Hélder Rodrigues e Rúben Faria fazem o mesmo nos dois Lisboa. Depois de dois anos fantásticos na passagem do Dakar
Alphand obtém a primeira vitória, mas trocando o BMW por um dias seguintes. Mesmo sem o saber, Peterhansel obtém a por Portugal, o destino seria a América do Sul. África despediu-
Mitsubishi. De resto, a KTM continuou imbatível, mas agora sua última vitória no Dakar aos comandos de um Mitsubishi se, até ver, do Dakar.
com Marc Coma. Sousa voltou a ser 7º e, nas motos, Hélder (a nona da carreira, terceira nos carros). Sousa foi 7º pela
Rodrigues foi o melhor português, em 9º. Também Rúben Faria 3º vez seguida… mas sendo o 2º melhor VW. Segunda vitória
dá nas vistas, ao vencer a segunda especial. de Despres, nas motos, onde a KTM continuou a dominar. Já
Vencedores Hélder Rodrigues foi 5º.
Motos: Marc Coma (KTM); Vencedores
Autos: Alphand/Picard (Mitsubishi); Motos: Cyril Despres (KTM);
Camiões: Chagin/ Yakoubov/Savostine (Kamaz). Autos: Peterhansel/Cottret (Mitsubishi);
Camiões: Stacey/ Gotlib/Der Kinderen (MAN).

>> autosport.pt

37

2010
ESTREIA DE CARLOS SAINZ
Carlos Sousa deixou uma grande marca
no Dakar, aqui na prova de 2002 02/1 BUENOS AIRES – 16/1 BUENOS AIRES

Carlos Sainz estreia-se a vencer no Dakar, mas quem
entusiasmou foi Nasser Al-Attiyah, que por pouco não roubou
a glória ao espanhol. Num pódio VW, destaque ainda para
comitiva nacional: Sousa (6º) liderou nos automóveis e
Rodrigues (4º) nas duas rodas. Cyril Despres dominou e venceu
nas motos, numa edição em que Portugal conseguiu o melhor
resultado de sempre com o 4º lugar de Hélder Rodrigues.
Vencedores
Motos: Cyril Despres (KTM);
Quads: Marcos Patronelli (Yamaha);
Autos: Sainz/Cruz (VW);
Camiões: Chagin/Savostin/Nikolaev (Kamaz).

2011
TRIUNFO DE NASSER AL-ATTIYAH
A Mitsubishi é uma marca muito importante
na história do Dakar com as suas 12 vitórias 01/1 BUENOS AIRES – 15/1 BUENOS AIRES

2009 Nasser Al-Attiyah vingou a ‘afronta’ do ano anterior, liderando
um pódio totalmente VW. Nas motos, o duelo Coma-Despres,
NO FIM DO MUNDO que se iniciou em 2005, ainda em África, continuou, mas, agora,
com resultado favorável ao espanhol, pela terceira vez na sua
03/1 BUENOS AIRES, ARGENTINA – 15/1 BUENOS AIRES, ARGENTINA carreira. Nos camiões, Vladimir Chagin faz história ao conquistar
o seu sétimo Dakar, um recorde absoluto. Entre as cores
Depois do fiasco do ano anterior, o Dakar rumou à América do nacionais, Hélder Rodrigues foi ao lugar mais baixo do pódio
Sul. Razões para queixas teve a BMW – Nasser Al-Attiyah fez – à época, o melhor resultado de sempre de um português -,
batota e foi afastado pela equipa quando era forte candidato à enquanto Ricardo Leal dos Santos terminou em sétimo.
vitória – e, sobretudo, a Mitsubishi. Três dias, três abandonos, Vencedores
sobrando apenas Nani Roma. Primeira vitória de um Diesel, o Motos: Marc Coma (KTM);
VW de Giniel de Villers. Nas motos, Marc Coma foi o vencedor, Quads: Alejandro Patronelli (Yamaha);
repetindo o triunfo de 2006, sempre com a KTM, depois de Autos: Al-Attiyah/ Gottschalk (VW);
mais uma luta com Despres. Hélder Rodrigues foi de novo 5º Camiões: Chagin/ Savostin/ Shaysultanov (Kamaz).
classificado, numa prova histórica pela mudança de continente.
Vencedores 2012
Motos: Marc Coma (KTM); RAPOSA DO DESERTO
Quads: Josef Machacek (Yamaha); Ficou famoso o
Autos: De Villiers/Von Zitzewitz (VW); ‘qui pro quo’ de Leal 01/1 MAR DEL PLATA, ARGENTINA – 15/1 LIMA, PERU
Camiões: Kabirov/Belayev/Mokeev (Kamaz).
dos Santos com Não se chama Erwin Rommel, mas sim Stéphane
Schlesser no Dakar Peterhansel. A MINI confirma o favoritismo com a 10ª
Elisabete Jacinto, no vitória do francês, a sua primeira na América do Sul. Cyril
Dakar 2001 Despres vence a batalha com Marc Coma, numa edição
muito controversa pois o francês ficou atolado na lama
da polémica etapa 8, ‘ganhando’ depois na secretaria o
tempo que então perdeu para o catalão. Carlos Sousa é
sexto com os chineses da Great Wall e Hélder Rodrigues
é novamente terceiro classificado.
Vencedores
Motos: Cyrl Despres (KTM);
Quads: Alejandro Patronelli (Yamaha);
Autos: Peterhansel/ Cottret (MINI);
Camiões: De Rooy/Rodewald/Colsoul(Iveco).

38

2013 Ruben Faria fez
história em 2013
MELHOR RESULTADO ao assegurar para
PORTUGUÊS DE SEMPRE Portugal o seu melhor
resultado de sempre
05/1 LIMA, PERU – 20/1 SANTIAGO, CHILE
no Dakar, feito
Stéphane Peterhansel vence a prova pela 11ª vez, entre autos repetido por Paulo
e motos, numa corrida que fica marcada pelo segundo lugar Gonçalves em 2015
de Rúben Faria nas motos, a melhor classificação de um
português no Dakar. Cyril Després vence pela quinta vez e
iguala Cyril Neveu em vitórias. Paulo Fiúza é quinto ao lado de
Orlando Terranova, e Hélder Rodrigues é apenas sétimo na
estreia com a Honda, que lhe deu imensos problemas. Carlos
Sousa também repetiu, mas o 6º lugar, com o Haval.
Vencedores
Motos: Cyril Despres (KTM);
Quads: Marcos Patronelli (Yamaha);
Autos: Peterhansel/Cottret (MINI);
Camiões: Nikolaev/ Savostin/Rybakov (Kamaz).

2014

NANI ROMA VENCE, QUANDT ‘DECIDE’

04/1 ROSARIO, ARGENTINA – 18/1 VALPARAISO, CHILE

Nani Roma venceu a prova, mas este triunfo foi uma ‘oferta’ Dakar 2009: Diesel no topo. A Volkswagen 2015
de Sven Quandt, que impediu que Stéphane Peterhansel declarou o desafio em 2003, seis anos
lutasse até ao fim com o espanhol. Este demonstrou ser depois tornou-se no primeiro construtor a
menos eficaz em velocidade pura e em luta direta que o ganhar o Dakar com um motor diesel, por
francês. Nas motos, Coma regressou e ganhou de novo, intermédio de Giniel De Villiers
dominando no ano em que Despres trocou a KTM pela
Yamaha. Hélder Rodrigues foi 5º. A presença portuguesa no Dakar manteve-se forte
Vencedores
Motos: Marc Coma (KTM); PAULO GONÇALVES EM 2ºna América do Sul. Na foto, Martine Pereira e José
Quads: Ignacio Casale (Yamaha); Manuel Marques no pódio do Dakar 2009 4/1 BUENOS AIRES, ARGENTINA – 18/1 BUENOS AIRES, ARGENTINA
Autos: Roma/ Perin (MINI);
Camiões: Karginov/Mokeev/ Devyatkin (Kamaz).

Nasser Al-Attiyah venceu pela segunda vez o Dakar, numa prova
que dominou de fio a pavio. A Toyota deu luta, mas ainda não tinha
carro para a MINI. Boas prestações dos pilotos lusos. Nos autos,
sem o erro de navegação que lhe custou 40 minutos, Carlos
Sousa teria lutado por um lugar no top 5, enquanto Ricardo Leal
dos Santos terminou o Dakar na 25ª posição. Nas Motos, Paulo
Gonçalves igualou o melhor resultado de sempre de Portugal -
igualando o melhor resultado de sempre obtido por um motard
português na prova, o de Ruben Faria, em 2013. Ruben Faria
terminou o Dakar em sexto, a sua segunda melhor classificação
na prova, ao passo que o 12º lugar de Hélder Rodrigues foi o seu
pior resultado de sempre na prova. Mário Patrão abandonou.
Vencedores
Motos: Marc Coma (KTM);
Quads: Rafal Sonik (Yamaha);
Autos: Attyah/Baumel (MINI);
Camiões: Mardeev/Belyaev/Svistunov (Kamaz).

2016 2017 >> autosport.pt

39

2018

REGRESSO AOS TRIUNFOS PEUGEOT LOEB ESTEVE QUASE, MAS... MAIS UMA PARA A PEUGEOT

02/1 BUENOS AIRES, ARGENTINA – 16/1 ROSARIO, ARGENTINA 02/1 ASSUNÇÃO, PARAGUAI – 14/1 BUENOS AIRES, ARGENTINA 6/1 LIMA, PERU – 20/1 CORDOBA, ARGENTINA

Stéphane Peterhansel venceu o seu 12º Dakar, seis nas motos Parecia que seria à segunda tentativa que um antigo campeão Carlos Sainz e Lucas Cruz venceram o seu segundo Dakar,
e seis nos autos. A Peugeot obteve a sua quinta vitória, a nos ralis convencionais, Sébastien Loeb, se iria impor na prova oferecendo à Peugeot a sua terceira vitória em quatro anos, na
primeira de um buggy de duas rodas motrizes desde o triunfo ‘rainha’ do todo-o-terreno mundial, algo que a experiência de despedida da marca da prova. Depois do azar de Peterhansel, os
de Jean-Louis Schlesser no Paris-Dakar de 2000. Sébastien Stéphane Peterhansel se encarregou de desmentir quando Toyota completaram o pódio, numa prova desastrada para a Mini.
Loeb liderou enquanto os percursos foram ao estilo WRC, mas mais interessava. O pódio foi todo para a Peugeot. Nas Motos, Nas Motos, e pelo 17º ano consecutivo, a KTM venceu, desta
quando chegou a areia, a vegetação rasteira e os rios secos, Sam Sunderland venceu pela primeira vez e a KTM conquistou a feita, a marca austríaca, pela primeira vez, conquistou a corrida
não evitou um aparatoso capotanço que lhe retirou quaisquer 16ª vitória consecutiva na prova, mantendo uma invencibilidade com um piloto originário da Áustria. De seu nome: Matthias
hipóteses de triunfar. histórica num ano em que Portugal foi o único país a colocar Walkner. Carlos Cousa abandonou o Dakar a caminho da oitava
Nas motos, Toby Price não deu hipóteses à concorrência. Paulo três pilotos no top 10, Paulo Gonçalves (Honda) em 6º, Hélder etapa, no arranque para a segunda metade da prova. Não
Gonçalves foi o único a ameaçar o australiano, mas ficou de Rodrigues (Yamaha) em 9º e Joaquim Rodrigues Jr. (Hero) em acabou bem e também terminou cedo a participação de André
fora da luta após uma aparatosa queda e problemas mecânicos 10º. Nos Camiões, novo triunfo para a Kamaz, por intermédio Villas-Boas e Rúben Faria no Dakar. Fausto Mota terminou pela
na sua Honda. Com o 5º lugar, Hélder Rodrigues foi o melhor de Eduard Nikolaev/Evgeny Yakovlev e Vladimir Rybakov. No terceira vez a corrida.
português. primeiro ano dos SSV com classificação venceu Leandro Torres. Nos Camiões, novo triunfo de Eduard Nikolaev (Kamaz), mas a
Vencedores Vencedores categoria de pesos pesados só ficou resolvida a favor do russo
Motos: Toby Price (KTM); Motos: Sam Sunderland (KTM); quando Federico Villagra cedeu na etapa 13, isto depois de ter
Quads: Marcos Patronelli (Yamaha); Quads: Sergey Karyakini (Yamaha); arrancado para essa tirada a um segundo do líder. Nos SSV,
Autos: Stéphane Peterhansel (Peugeot); Autos: Stéphane Peterhansel (Peugeot); triunfo de Reinaldo Varela, que dominou por completo. Pedro
Camiões: De Rooy/Torrlladrona/ Rodewald (Iveco). Camiões: Eduard Nikolaev/Evgeny Yakovlev e Vladimir Rybakov; de Mello Breyner e Pedro Velosa desistiram cedo, devido a
SSV: Leandro Torres/Lourival Roldan (Polaris). acidente. Nos Quads, quatro anos após a sua primeira vitória no
Na imensidão do Dakar, Ignacio Casale venceu pela segunda vez.
percurso do Dakar, A beleza das Vencedores
há sempre ‘espaço’ paisagens do Dakar Motos: Matthias Walkner (KTM);
na América do Sul foi Quads: Ignacio Casale (Yamaha);
para ‘encontros sempre um grande Autos: Stéphane Peterhansel (Peugeot);
inesperados’ ponto de interesse Camiões: Eduard Nikolaev (Kamaz);
SSV: Reinaldo Varela (Can-Am).

2019
TOYOTA FEZ HISTÓRIA
Ricardo Leal dos Santos e Paulo Fiúza deram nas Em 2016, Stéphane Peterhansel venceu
vistas em 2010 com o 14º lugar num BMW X5 o seu 12º Dakar, 6/1 LIMA, PERÚ – 17/1 LIMA, PERÚ
A Mini é a quinta marca com mais seis nas motos
triunfos na história do Dakar e seis nos autos A Toyota fez história ao vencer o Dakar pela primeira vez. Para
Nasser Al-Attiyah este foi o seu terceiro triunfo, numa prova
Em 2019, Nasser al Attiyah fez história que dominou quase por completo. Nani Roma levou o seu Mini
ao oferecer à Toyota a sua primeira vitória no Dakar 4X4 ao segundo lugar e Sébastien Loeb terminou no pódio.
Filipe Palmeiro fez o seu melhor resultado no Dakar. Com uma
missão de mochileiros, Bruno Martins e Rui Ferreira levaram
o Can-Am X3 UTV até ao fim. Ricardo Porém e Jorge Monteiro
terminaram o Dakar em 11º da geral, naquela que foi a primeira
participação do bicampeão de Portugal de Todo-o-Terreno. Nas
Motos, só podia dar KTM. Vezes 18! Toby Price foi o homem que
manteve a supremacia da marca laranja numa corrida bem
disputada e onde a indefinição quanto ao vencedor perdurou
até ao último dia. As rivais Honda e Yamaha saíram como as
grandes derrotadas. Nos Camiões, apesar dos Iveco terem
vencido quatro das 10 etapas, com os Kamaz a vencerem as
outras seis, o triunfo foi novamente para Eduard Nikolaev, o que
fez pela quarta vez. Nos SSV, ‘Chaleco’ López, que tinha terminou
o Dakar 2010 em terceiro nas motos, venceu entre os SSV no
Dakar. Nos quads, o triunfo foi para Nicolas Cavigliasso.
Vencedores
Motos: Matthias Walkner (KTM);
Quads: Ignacio Casale (Yamaha);
Autos: Stéphane Peterhansel (Peugeot);
Camiões: Eduard Nikolaev (Kamaz).
SSV: ‘Chaleco’ López (Can-Am).

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MOTOS
QUE IREMOS
ENSAIAR
EM 2020

MODELOS E DISPONIBILIDADE

Alguns modelos já foram sendo apresentadas, os quais
já tivemos a oportunidade de testar e de publicar os
seus ensaios. Destacamos aqui aquelas que na nossa
opinião são as mais marcantes e que ao longo do ano
iremos publicar o resultados do nosso contacto

Pedro Rocha dos Santos
[email protected]

D epois dos Salões de Milão inovadoras e importância no mercado, BENELLI LEONCINO 800 E LEONCINO 800 TRAIL
e de Tóquio já se conhe- são geradores de maior curiosidade
cem praticamente todas por parte dos nossos leitores, razão A nova Leoncino 800 passa a ser a moto de maior cilindrada da Benelli e as suas duas
as novidades para este ano pela qual iremos estar muito aten- versões com motor de 754cc e 81 CV , a primeira mais estradista e a segunda, a versão X,
de 2020. Na nossa “dura” tos à sua disponibilidade, quer junto com roda dianteira de 19” , com mais curso de suspensões e com maior aptidão offroad, irão
tarefa de colocar à prova das diferentes marcas, quer dos seus estar disponíveis ainda no primeiro semestre de 2020. Com uma relação preço-qualidade
todos os modelos que vão sendo apre- representantes e importadores, para muito interessante, as novas Leoncino renovam o estilo neoclássico que as caracteriza e
sentados ao longo do ano, existem os darmos a conhecer com os nossos que tanto sucesso tem trazido à marca. É bem possível que esta nova motorização venha
alguns que, pelas suas características ensaios. também a dar origem a uma nova Adventure TRK800 a ser revelada até final de 2020.

41

APRILIA RS 660 E TUONO 660

Esta nova desportiva foi apresentada em
Milão e causou uma enorme expectativa.
Este novo modelo estreia um novo motor de
660 cc, um bicilíndrico paralelo que deriva
diretamente do motor V4 1000 da Aprilia
RSV4. Com uma estética típica de moto
desportiva italiana e a envergar as cores
características da marca, a nova RS660 só
estará disponível mais perto do final do ano
de 2020. Também no final deste ano será
apresentada uma nova versão Tuono 660,
uma Naked que terá por base precisamente
a RS 660.

BMW F 900R, F 900XR, F 1000XR E R18

Estes quatro modelos são uma absoluta novidade da gama BMW para 2020. Temos em
crer que as versões F900R e F900XR vão estar muito em breve disponíveis no mercado,
equipando motores bicilíndricos de 895 cc e 105 cv, sendo a versão R uma Naked e a versão
XR uma Sport Tourer. A versão F 1000XR está prevista apenas para o início do segundo
trimestre de 2020. Finalmente, a Big Boxer R18 com o seu motor boxer de 1800 cc, o maior
boxer de toda a história, que estará apenas disponível mais perto do final do ano.

DUCATI PANIGALE V2 E STREETFIGHTER V4 HARLEY-DAVIDSON LIVEWIRE, PANAMERICA E BRONX

A mais sofisticada Panigale V4, derivada diretamente da competição, veio criar no O modelo Livewire é a primeira Harley-Davidson totalmente elétrica. A LiveWire é capaz
mercado em 2019 novos desafios no segmento das super desportivas. A Ducati quis de acelerar rapidamente com apenas um rodar do acelerador, não sendo necessária
este ano atacar o segmento das Power Naked e lançou a potente Streetfighter V4 que embraiagem ou troca de velocidades. Com um autonomia de 158 km, a performance
tem por base precisamente a Panigale V4. Com ciclística de topo, motor de 4 cilindros é otimizada para o condutor urbano. A LiveWire é o primeiro de um amplo portfólio de
em V com 208 cv e eletrónica do mais sofisticado que existe neste momento no veículos elétricos de duas rodas projetados para estabelecer a Harley-Davidson como
mercado, a Streetfighter V4 irá estar disponível em duas versões, sendo a S a versão líder na eletrificação de motos e estará disponível no primeiro trimestre de 2020.
com melhores componentes, nomeadamente a montagem de suspensões Ohlins. Não A Harley-Davidson PanAmerica é também a primeira moto da marca americana no
sendo totalmente nova, a Panigale V2 sofreu um processo de renovação exaustivo, segmento Adventure e monta um novo motor V-Twin a 60º de 1250 cc. Por outro lado,
começando pelas suas linhas que colam agora às linhas da versão V4. O motor é o já foi também apresentado o modelo Bronx, uma naked desportiva que monta também
conhecido V2 de 955 cc, com 155 cv, já de acordo com as limitações impostas pelo Euro o novo motor V-Twin a 60º mas com 975 cc. Os três modelos fazem parte da nova
5. Um dos pormenores que de imediato salta à vista é a montagem de um monobraço estratégia de diversificação da Harley-Davidson, sendo que os dois últimos estarão
na suspensão traseira. A Panigale V2 já está disponível e a Streetfighter V4 estará no apenas disponíveis no fim de 2020.
mercado no início do 2º trimestre de 2020.

42 MOTOS QUE IREMOS

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HONDA AFRICA TWIN 1100 L, ADVENTURE SPORTS E CBR1000RR-R INDIAN CHALLENGER

As novas Africa Twin de 2020 são modelos totalmente novos relativamente ao seu modelo O modelo Challenger é a principal novidade da Indian Motorcycles para 2020, uma moto
anterior. Uma evolução a todos os níveis, quer da sua ciclística, quer da sua motorização do estilo Bagger que monta o novo motor Indian PowerPlus de 1769 cc, que debita 122
e também nas ajudas eletrónicas, onde constatamos subtis melhoramentos estéticos. cv e tem um binário máximo de 178 Nm. Paralelamente à Challenger veremos também
Os dois modelos estão já disponíveis e pudemos já ensaiar a versão Adventure Sports. A as versões especiais do modelo, a Dark Horse e a Limited, que se diferenciam pelo tipo
versão standard deste ano é aquela que está mais orientada para uma utilização offroad. de acabamentos e pela melhor qualidade de alguns componentes, nomeadamente os
Paralelamente, a Honda lançou também uma nova e revolucionária super desportiva, com a travões Brembo Radiais e os pneus Metzeller. Os modelos Challenger encontram-se já
qual pretende voltar a ter uma presença no Campeonato do Mundo de SBK. Com um motor disponíveis.
a debitar 214 cv, controlado por uma eletrónica proveniente da alta competição, a nova
Fireblade contará também com uma versão especial SP que monta suspensões Ohlins e
travões Brembo Stylema. As novas CBR1000RR-R e SP vão estar disponíveis no início do 2º
trimestre de 2020.

KAWASAKI Z900, Z650, NINJA 650, NINJA 1000SX E KAWASAKI Z H2 KTM 390 ADVENTURE, 890 DUKE R E 1290 SUPER DUKE R

A Z900 de 2020 não é propriamente uma novidade mas uma evolução da atual, A pequena Adventure da KTM com motor de 373 cc debita uns respeitáveis 44 cv de
sobretudo em matéria de eletrónica, com mais modos de condução e de motor potência máxima. Apresentada em Milão, a nova Adventure laranja monta uma roda
e controle de tração, para além de uma revisão estética. A grande novidade é frontal de 19” e suspensões WP ajustáveis. Inclui ainda ABS OffRoad e controle de tração,
porém a Kawasaki Z H2, uma naked que monta o conhecido motor tetracilíndrico características inéditas em motos Adventure deste segmento. A anterior Duke 790 R vê
sobrealimentado de 998 cc, que debita uma potência de 200 cv montado sobre um a sua cilindrada aumentada para 890 cc e passa a designar-se KTM 890 Duke R, agora
chassi multitubular e inclui suspensões Showa e travões Brembo. A nova Powernaked com 121 cv de potência máxima, com embraiagem deslizante e a opção de Quickshift
privilegia o controle e a manobrabilidade e inclui eletrónica de topo de forma a garantir bidirecional. As suspensões são WP totalmente ajustáveis e os travões são Brembo
uma boa gestão de toda a potência gerada pelo motor sobrealimentado, garantindo Stylema. Com um peso surpreendente de apenas 166 kg, a nova 890 Duke R é uma autêntica
um desempenho controlado da moto. A nova Ninja 1000SX, uma Sport Tourer, tem agora arma letal. Paralelamente, a KTM 1290 Super Duke R vê também melhoramentos, com um
uma nova frente com faróis LED e eletrónica mais sofisticada. O tetracilíndrico de 1043 novo chassis mais rígido e mais leve, ao passo que o motor monta elementos aligeirados,
cc debita uma potência máxima de 142 cv. Os novos modelos da Kawasaki vão estar atingindo a potência máxima de 180 cv e um binário de 140 Nm. Inclui agora uma nova
disponíveis já durante o primeiro trimestre de 2020. unidade de medição de inércia (IMU) de seis eixos. Os travões são Brembo Stylema e
as suspensões WP APEX. Os novos modelos KTM estarão disponíveis durante o primeiro
trimestre de 2020.

ENSAIAR EM 2020 MODELOS E DISPONIBILIDADE 43

MV AGUSTA BRUTALE 1000 RR E SUPERVELOCE 800 SUZUKI V-STROM 1050

A MV Agusta Brutale 1000 RR é aquela que juntamente com a Ducati Streetfighter V4 Inspirada esteticamente nas míticas Suzuki DR-BIG dos anos 80, onde se destaca
partilha o lugar máximo do pódio das naked mais potentes do mercado. Os seus 208 cv o famoso ”bico de pato” sobre a roda dianteira, a nova Suzuki V-Strom 1050
de potência vêm acompanhados de eletrónica de topo e aerodinâmica de acordo com o incorpora agora um motor de 1037 cc que debita uma potência máxima de 106
cariz desportivo do modelo, onde se destacam os estabilizadores de asas laterais que cv. A nova Adventure topo de gama da Suzuki vem agora equipada com eletrónica
costumamos ver no MotoGP. Uma das mais espetaculares desportivas é a MV Agusta que inclui modos de motor e controle de tração, atualizando a Maxi Trail da Suzuki
Superveloce 800, com belíssimas linhas neo-retro que escondem uma verdadeira moto que acompanha assim as tendências de mercado. Existirá também uma versão XT
desportiva de tecnologia atual, quase uma F3 800 com traje vintage. A MV Agusta especialmente equipada para OffRoad e que inclui eletrónica mais completa e mais
Brutale 1000RR vai estar disponível no início de 2020 e a 800 Superveloce a partir do orientada para o todo-o-terreno. A Suzuki V-Strom 1050 estará disponível no final do 1º
2º trimestre. trimestre de 2020.

TRIUMPH TIGER 900 GT E TIGER 900 RALLY YAMAHA TRICITY 300, TRACER 700, R1 E R1M

As novas Tiger 900 foram recentemente reveladas e a sua apresentação oficial Da gama de 2020 já ensaiámos a Maxi Scooter TMAX, mas, a par da TMAX, a estrela
decorrerá durante o mês de fevereiro próximo. São motos totalmente novas, com um das scooters é a Tricity 300, com três rodas, prevista para o 2º semestre de 2020.
novo chassis e um novo motor de 889 cc que debita 95 cv e um binário de 87 Nm, mais Uma renovação completa da imagem sofreu também a Tracer 700, que apresenta
10% que o modelo anterior. Ao nível da ciclística existe também uma enorme evolução, agora uma carenagem completamente nova e uma frente muito agressiva com
com um quadro totalmente novo e com um subquadro não soldado ao quadro principal. pequenos faróis LED tipo R1M. A nova Tracer 700 é o tipo de máquina que consegue
Travões Brembo Stylema, jantes de liga nas versões base e GT e jantes raiadas nas fazer praticamente tudo, na cidade ou em estrada, com o seu emocionante motor CP2
versões Rally. As suspensões são Marzocchi invertidas nas versões base e GT. A versão de elevado binário. A nova Tracer 700 vai estar disponível no 2º trimestre de 2020.
base inclui dois modos de condução, Rain e Road. A versão Pro da Tiger 900 Rally é Finalmente as Superdesportivas R1 e R1M evoluíram este ano e estão cada vez mais
aquela que vem mais preparada, inclui um modo de OffRoad Pro, que desliga totalmente próximas da estética das suas versões de MotoGP. O seu conhecido motor de 998
o controle de tração e o ABS e inclui um mapa eletrónico específico para uma condução cc de tipologia Crossplane a debitar 200 cv foi alvo de uma série de melhoramentos,
offroad. De série vem ainda com faróis LED anti-nevoeiro, quickshift bi-direcional, fruto da experiência conseguida na alta competição. A versão R1M para circuito inclui
assento aquecido e controle de pressão dos pneus. As novas Triumph Tiger 900 vão eletrónica específica e suspensões eletrónicas Ohlins ERS e uma série de componentes
estar disponíveis no 2º trimestre de 2020. em carbono. As Yamaha R1 e R1M estão disponíveis no início de 2020.

44 AUTO+mais

MERCEDES José Manuel Costa tao apertado quanto isso. Por outro lado,
[email protected] a forma dos vidros traseiros, e por serem
» GLC 300D COUPÉ 4 MATIC escurecidos, deixam ver pouco para fora,
Ocarro acaba de receber uma tornando o interior muito escuro. E uma
QUESTÃO DE MODA atualização de meio de ciclo, criança ou alguém mais baixo dificilmen-
não mexendo muito a Mercedes te vê alguma coisa para fora. O espaço
O GLC Coupé é um carro da moda, uma espécie de “mal” no estilo, o que é uma boa no- para as pernas é suficiente e em altura
necessário dentro de um segmento onde a BMW inventou tícia: sendo menos psicadélico também. Não é perfeito e não é tão bom
o carro com tejadilho descendente que rouba espaço aos que o X4, este GLC Coupé tem como na versão “normal”, mas suficiente.
bancos traseiros e à bagageira. Tornou-se viral, como se mais chances. Não há muitas diferenças, E porque a Mercedes não quer que o GLC
diz hoje em dia, e para a Mercedes petiscar uma fatia do apenas nos grupos óticos com os LED Coupé fique refém da carroçaria, há cinco
lucro que a marca de Munique tem feito com os X4 e X6 a desenharem novos grafismos, num lugares e não apenas um banco com dois
era inevitável, por isso deu um coupé ao GLE na luta com conjunto que acaba por ser equilibrado, lugares. Mas não queria viajar no lugar
o X6 e outro coupé ao GLC para encarar de frente o X4. embora não seja a mais bela criação que do meio...
Mesmo que continue a pensar que no GLE a forma coupé saiu da pena de Gorden Wegener, o patrão O tabliê do GLC foge à norma dos atuais
justifica-se e até produz um carro agradável, no GLC a do estilo da Mercedes. E, na minha opinião, modelos da Mercedes, mas já dispõe da
coisa não é tão harmoniosa o carro perde algum carácter com esta mais recente tecnologia, com um ecrã de
versão coupé, pois se no GLE as maiores 5,5 polegadas que é de série em todos os
LEIA MAIS ENSAIOS E ACOMPANHE dimensões tornam-no mais agradável, no modelos, com vários menus e submenus
TODAS AS NOVIDADES EM AUTOSPORT.PT GLC prefiro o tradicional. Um bocadinho que não sendo fáceis de descortinar, aca-
o mesmo que se passa com o X6 e o X4 bam por ser apreendidos rapidamente. O
da BMW. volante tem os tais “touch pads” peque-
ninos e mais uma série de botões que
INTERIOR... MERCEDES! ocupam os dois braços do volante. A meio
está o ecrã de 10,25 polegadas, que serve
O interior não reserva surpresas e apesar o sistema de infoentretenimento. O pro-
da forma da carroçaria, o GLC não é assim

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45

FT/ F I C H A T É C N I C A

2.0 / 245 CV Não é de estranhar que os extras sejam centena de quilómetros, com emissões GLC Coupé é um desportivo foi endurecer
mais que muitos e que do preço inicial entre 152 e 159 gr/km. Se estas últimas a suspensão. Desnecessariamente, digo
GASÓLEO o seu GLC acabe com uma etiqueta de não são verificáveis, o consumo é diferen- eu, pois o carro fica mais desconfortável
preço muito diferente. O GLC 300d tem te. Porque o protocolo WLTP aproxima-se que o GLC “normal” e com as jantes de 19
6.6 S de série um equipamento completo que mais da vida real, a média de consumo ou 20 polegadas, tudo piora. E o que mais
passa por coisas como o sensor de chuva deste ensaio ficou nos 6,8 l/100 km, valor entristece é que o GLC, apesar de uma
0-100 KM/H e de luz, Apple CarPlay, Android Auto, muito bom tendo em conta o motor e direção rápida e bem assistida que oferece
sistema de navegação, cruise control, o peso do carro. Alturas houve em que uma sensação de maior agilidade, não ga-
6.0 L / 6.8 L (AUTOSPORT) suspensão desportiva, câmara 360 graus, os valores subiram para perto dos dois nha nada em termos de comportamento.
leitura de sinais de trânsito, MBUX, má- dígitos, mas foram situações limite na E a verdade é que mexer nos modos de
100 KM ximos automáticos, vidros escurecidos, busca de toda a essência do GLC 300d. condução não muda quase nada e ao
acesso mãos livres, teto de abrir, entre contrário do que se passa, por exemplo,
159 outras coisas. Como opcionais, este GLC APESAR DA FORMAS, no Porsche Macan, o GLC está sempre no
300d Coupé estava equipado com paco- lado dos duros e não dos macios. O que
G/KM- CO2 te Premium Plus (10.750 euros), Pintura NÃO É UM DESPORTIVO é um pecado, já que o GLC “normal” é
Designo Brando Diamond (1.850 euros), um carro que é confortável e muito mais
68 450€ linha interior e exterior AMG (3.050 euros) Ao insistir na versão coupé, a Mercedes suave. Em autoestrada, nada a dizer, mas
e acabamentos em carbono e alumínio quer que acreditemos que o GLC Coupé em estradas mais degradas é uma chatice.
PREÇO BASE (1.200 euros). é mais desportivo que o GLC “normal”. E não havia necessidade.
Como é que isso se faz? Em primeiro lugar, Continuo a dizer que prefiro o GLC “nor-
CONFORTO / FACILIDADE DE MOTOR NOVO MUITO AGRADÁVEL ao oferecer uma visibilidade traseira pés- mal”, que não sendo um carro fabuloso,
CONDUÇÃO / TECNOLOGIA sima, um truque dos carros desportivos, é um ótimo SUV, sendo mais confor-
O bloco de 2.0 litros turbodiesel é novo e que aqui se consegue com um óculo tra- tável e benigno com o condutor. Claro
EVOLUÇÃO APENAS LIGEIRA / ALGUNS toma o lugar do excelente 2.1 litros, que seiro comprido, mas estreito, e cuja forma que o GLC Coupé tem um estilo que
DETALHES DE ERGONOMIA já estava velhinho, rabugento e incapaz da carroçaria torna pouco mais que um pode seduzir, mas não se fie na ideia
de cumprir as normas de emissões. O adorno. Aliás, se olhar para trás com todas de desportivo, pois não é. É mais duro,
MOTOR GASÓLEO, 4 CIL. TURBODIESEL COMMON novo motor surge aqui no 300d na ver- as ajudas desligadas (sensores e câmara tem pior visibilidade, mas não deixa
RAIL COM INTERCOOLER POTÊNCIA 245 CV / são de 245 CV e, não tenho problemas de visão traseira) e o seu filho estiver atrás de ser um... GLC. Se isso não o preocu-
4200 RPM BINÁRIO 500 NM / 1600 – 2400 RPM nenhuns em dizer, é um excelente motor, do GLC Coupé, não vai conseguir vê-lo de pa, se gosta do GLC Coupé e não é um
TRANSMISSÃO INTEGRAL PERMANENTE COM com uma margem de utilização ampla que certeza absoluta. Por isso é que o carro fundamentalista ambiental que acha o
CX. AUTO. DE 9 VEL. SUSPENSÃO INDEPENDENTE a igualmente nova caixa automática de tem de série os sensores e a câmara de gasóleo o demónio, este 300d assegura
MCPHERSON À FRENTE E EIXO MULTIBRAÇOS ATRÁS 9 velocidades explora de forma perfeita. marcha atrás e o sistema de navegação performances muito interessantes.
TRAVAGEM DV/DV PESO 1800 KG MALA 500 LT (C/ Por isso é que os consumos são baixos. A é capaz de encontrar um lugar de esta- O preço começa em elevados 68.450
BANCOS REBATIDOS 1400) DEPÓSITO 50 LT VEL. caixa não está pensada para ser abusada cionamento. E pronto, tenho de confessar, euros, mas se começar a aplicar a lista
MÁX. 233 KM/H e quando precisamos de maior rapidez, o a resolução da câmara é excelente e os de opcionais, pode ficar com um GLC
processador não consegue acompanhar. sensores igualmente de qualidade. Mas 300d Coupé como o deste ensaio que
cessador é rápido, o ecrã tem uma ótima EsteMercedes,segundooprotocoloWLTP, à chuva as coisas são diferentes e dava fica em 88.881 euros.
resolução, o grafismo é bom e a alternação consome entre 5,8 e 6,0 litros por cada mesmo jeito ver melhor para trás.
entre modos e ecrãs é feita de modo quase A segunda estratégia para dar a ideia que o
impercetível. O grande problema é que a
Mercedes decidiu instalar um generoso
“touch pad” ao invés de um botão rotativo,
e isso complica muito a utilização. Ou seja,
antes com um dedo conseguíamos chegar
a todo o lado, agora são precisos vários
toques que muitas vezes levam-nos a
tirar os olhos da estrada. Felizmente que o
MBUX faz parte do equipamento de série
e basta dizer “Olá Mercedes” e explicar o
que queremos. Claro que os mais habitua-
dos a mexer nos smartphones não vão ter
muitas dificuldades, os outros nem tanto.
Tenha o cuidado é de não dizer muitas
vezes “mercedes”, pois o sistema está
sempre vigilante e pode passar a viagem
toda a falar com o MBUX.

AUTO+ mais

CITROËN E se, no caso do condutor, a posição de
condução alta - ainda que com volante
» C3 AIRCROSS 1.5 BLUEHDI 100 SHINE e banco ajustáveis em altura e profun-
didade -, não deixa de se afirmar válida,
CARINHA LAROCA!... pela facilidade de acesso a comandos e
ecrã táctil, assim como pela boa visibi-
Interveniente no segmento que mais cresce na Europa, o dos SUV do segmento B, lidade exterior em redor - só a traseira
o Citroën C3 Aircross é uma das caras larocas nesta espécie de disputa acirrada. não prescinde da ajuda dos sensores...
E na qual acaba por se afirmar, bem mais pelos atributos de cariz familiar ou pela -, já para os restantes passageiros, e em
imagem irreverente e arrojada, que propriamente pelo desejado posicionamento particular os dos três lugares traseiros, é
não só o conforto, como também o muito
A.C. tico “importadas” do universo SUV, também é verdade que sabe transportar espaço, que encanta. Resultado também
[email protected] até às rodas de dimensões maiores, esse mesmo ar simpático e modernaço da regulação em profundidade (1/3-2/3
de 16 polegadas. para o interior do habitáculo. Onde, apesar ) dos bancos, chegando mesmo a fazer
Espécie de derivação pretensa- A contribuir igualmente para o visual da conjugação entre boa qualidade de esquecer o alto acesso ao interior...
mentemaisaventureira do cita- moderno e até arrojado, a aposta na so- construção e fraca qualidade da grande De resto, num ambiente onde não fal-
dino C3, não deixa de ser ver- lução bicolor carroçaria/tejadilho, assim maioria dos plásticos, dá gosto estar! tam bons espaços de arrumação, a par
dade que, o Citroën C3 Aircross como na aplicação de cores contrastantes A contribuir para esta impressão, não de alguns pormenores personalizados,
acaba tendo, efectivamente, nas capas dos retrovisores, nas barras de somente um tablier minimalista, mas ao mas a requererem habituação - veja-se
uma presença exterior bem tejadilho e até no vidros laterais entre os mesmo tempo fortemente personalizado o caso da alavanca manual do travão de
mais... imponente. Graças não só a uma pilares C e D. Pormenores que, diga-se, e agradável ao olhar, mas, principalmente, estacionamento... -, palmas também para
maior altura ao solo (17,5 cm), como fazem com que o aspeto exterior resulte... uns bancos em tecido que à frente mais o sistema de rebatimento 60/40 das cos-
também, e principalmente, a uma série e muito! parecem ter sido trazidos da sala lá de tas dos bancos traseiros. O qual, num só
de soluções estéticas específicas. E Mas se não restam dúvidas de que o C3 casa, tal é a largura generosa e conforto processo, faz baixar o assento, ao mesmo
que vão desde as proteções em plás- Aircross consegue ser bonitinho por fora, que oferecem. tempo que rebate as costas para o mesmo
nível do piso da mala. Garantindo, desta
forma simples e prática, um aumento da
capacidade da bagageira dos 520 para os
1.289 litros - com piso totalmente plano e
alçapão generoso por baixo!
Igualmente disponível com outras moto-
rizações, o C3 Aircross que fizemos nosso,

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47

durante alguns dias, envergava uma das aceleração dos 0 aos 100 km/h em 10,8s, a 1.5 BlueHDi 100 Shine acaba revelando-se, FT/ F I C H A T É C N I C A
mais apetecíveis motorizações: um 1.5 marcar igualmente qualquer deslocação, neste último capítulo, um fiel seguidor
BlueHDi de 100 cv, com caixa manual de a sonoridade característica do Diesel, em- dos Citroën de outrora. Afirmação que, 1.5 / 100 CV
seis velocidades. bora rapidamente cortada, sempre que o mais do que uma crítica, é, sim, um enal-
E se, em termos de transmissão, à agra- rápido sistema Stop&Start entra em ação; tecer daquilo que é a defesa declarada GASÓLEO
dabilidade na utilização junta-se um acio- ele próprio, o único contribuinte externo do conforto dos ocupantes, seja em que
namento demasiado vago, já o turbodiesel para a alegria que são os consumos, cujas condições ou pisos for. E que, embora 10.8 S
garante vivacidade no desempenho, em médias, no nosso caso, fixaram-se nos 5,6 cobrando os custos resultantes da des-
particular, quando acima das 2.000 rpm. l/100 km - um excelente número! valorização de qualquer envolvência na 0-100 KM/H
O que agrada, em particular, na previsível Já quanto ao desempenho dinâmico e condução, facilmente agrada e convence
vida em cidade. apesar de ser uma proposta moderna e até qualquer família! 4.8 L / 5.6 L (AUTOSPORT)
De resto, anunciando uma capacidade de arrojada no visual, o Citroën C3 Aircross De resto, a abordagem familiar faz-se
notar não só no comportamento da sus- 100 KM
pensão, como também da direção, sem
feedback, mas ainda assim convincente 127
para o dia-a-dia. Ou até mesmo na trava-
gem, a qual não esconde um pedal com G/KM- CO2
pouco feeling, ainda que nunca beliscando
a segurança. 19 206€
Assim, e mesmo com as oscilações de
carroçaria quando sujeito a fortes PREÇO BASE
guinadas no volante, ou quando por
trajetos especialmente sinuosos, fica a DESIGN / HABITABILIDADE /
garantia de que basta um andamento CONFORTO
descontraído para que toda a família
se sinta feliz a bordo deste pequeno EFICÁCIA DINÂMICA / PLÁSTICOS /
SUV. Desde logo, por disfrutarem de DIREÇÃO MUITO FILTRADA
um espaço e conforto que nem todos
os rivais conseguem dar, impulsionado MOTOR GASÓLEO, 4 CIL. EM LINHA,
por um1.5BlueHDiqueajudaafazerdeste INJEÇÃO DIRETA, TURBO DE GEOMETRIA
Citroën C3 Aircross bem mais que uma VARIÁVEL E INTERCOOLER POTÊNCIA 102
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EDITORIAL Editorial da publicação periódica AutoSport: ligados à competição automóvel, bem como bilistas, numa perspetiva plural, recusando 4. O AutoSport pratica um jornalismo pau-
1. O AutoSport é um semanário dedicado temas que versam o automóvel como bem o sensacionalismo e respeitando a esfera tado pela isenção, sem comprometimentos
ao automóvel e aos automobilistas, nas de consumo, tanto na área industrial como da privacidade dos cidadãos. ou enfeudamentos, tendo apenas como
suas mais distintas vertentes: desporto e comercial. 3. O AutoSport pauta as suas opções edito- pressuposto editorial facultar a melhor
competição, comércio, indústria, segurança 2. O AutoSport está comprometido com riais por critérios de atualidade, interesse informação e a melhor formação aos seus
e problemática rodoviária. O AutoSport o exercício de um jornalismo formativo e informativo e qualidade, procurando apre- leitores, seguindo sempre as mais elemen-
edita, semanalmente, conteúdos sobre as informativo e procura oferecer aos seus sentar aos seus leitores a mais completa tares normas deontológicas.

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