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Published by hmilheiro, 2020-10-05 12:32:34

AutoSport_2232

AutoSport_2232

#2232 O SEMANÁRIO DOS CAMPEÕES
ANO 42
42
07/10/2020
Semanal anos

2,50€ (CONT.)

DIRETOR PEDRO CORRÊA MENDES >> autosport.pt

RED FILEIFPNÉETLAIRLXBEVUDIQASUCTEOARSSQTUAE
BULL
EM

SAI DA F1‘CHOQUE’

EM 2021

ERC RALLYFAFE MONTELONGO HERÓIS

VITÓRIA DE DE LE MANS
ALEXEY LUKYANUK
CONTAM TUDO

PEUGEOT METROPOLIS

DEIXE O CARRO NA
GARAGEM E VIVA MAIS

A Peugeot Metropolis é a solução ideal para deixar o carro em casa e
assegurar uma mobilidade sustentável e socialmente responsável. Já pode
usar uma Scooter nas deslocações para o trabalho ou em lazer, sem pensar
em filas e estacionamento, mantendo todo o conforto, segurança e isolamento
de andar de carro. O seu sistema ABS, Controlo de Tração e Ignição Keyless*
com Smart Key**, aliados ao design e conforto da Peugeot, fazem desta
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conduzida com carta de categoria B e B1. Imagem Ilustrativa da Versão
Metropolis Black Edition.

A Moteo Portugal reserva-se no direito de retirar, e/ou alterar versões, acessórios, equipamentos e extras
sem aviso prévio.

Venha descobrir a Metropolis
www.peugeot-motocycles.pt

3

I/ I N S TA N TÂ N E O SIGA-NOS EM EDIÇÃO

#2232
07/10/2020

f l> > a u t o s p o r t . p t
facebook.com/autosportpt twitter.com/AutoSportPT

INADMÍSSIVEL O que se vê nesta fotografia é inaceitável e intolerável. Não é admissível que fotógrafos credenciados estejam José Luís Abreu
naquela posição, muito menos um deles deitado no chão. Um dia a tragédia bate à porta, e depois não há culpados...
DIRETOR-EXECUTIVO
S/ SEMÁFORO EM DIRETO
[email protected]
PARADO A ARRANCAR A FUNDO “Considero-me bastante completo,
talvez seja um nove em tudo. Pode Recebi de um antigo fo-
O que se passou em As entrevistas feitas a Desportivamente, o haver um piloto mais rápido em chuva tógrafo da nossa ‘praça’,
Lonato, Itália, numa Filipe Albuquerque e a Rally Fafe Montelongo ou aos sábados, mas eu estou perto o Paulo Pacheco, uma
prova do Mundial António Félix da Costa foi uma grande prova, do topo em várias categorias e isso fotografia em que se vê
nesta edição, abrem num campeonato é bom”, Fernando um fotógrafo credenciado
de Karting KZ é ‘pontas do véu’ para o com a decisão do Alonso, como sempre (e bem), muito auto deitado no chão a fotogra-
inadmissível, e os que pode ser o futuro vencedor a dar-se confiante. far. Conheço perfeitamente a zona,
culpados têm de ser apenas no derradeiro é ali na zona de terra que começa o
severamente punidos. dos dois pilotos. troço. Há muito que três “Posso estar orgulhoso de mim troço de Luílhas do Rali de Portugal,
Batalhas campais não pilotos não terminavam mesmo, estou feliz. Agora espero que sei de onde vinham e que trajetó-
são aceitáveis. separados por 4.7s. consigamos mais patrocinadores ria fi eram os carros do Rally Fafe
para o próximo evento porque Montelongo. É uma zona rapidíssima,
O SEMANÁRIO DOS CAMPEÕES NA ERA DIGITAL estamos em apuros neste momento”, e como se vê na foto ao lado, os carros
Alexey Lukyanuk, sem apoios para tendem a alargar trajetória para fazer
continuar a correr. E lidera o campeonato. a longa esquerda que se segue. Não
é possível que alguém fotógrafo, a
“A FIA e a ACI estão profundamente não ser que seja “correspondente
preocupadas com os acontecimentos de guerra”, passe a ironia e fique
perturbadores que ocorreram a ideia, se arrisque daquela forma
durante o Mundial de Karting da FIA para fazer uma foto. Se acontece
KZ em Lonato, Itália, envolvendo algo inesperado, e o azar bate à por-
pilotos, membros de equipas e ta, é morte certa. Não faz qualquer
oficiais de pista”, comunicado da FIA. sentido. O segundo fotógrafo está
É caso para dizer, já ‘foram’... agachado. Não é muito diferente.
Se precisar de fugir rapidamente,
Siga-nos nas redes sociais e saiba em vez de dar um passo, tem que
tudo sobre o desporto motorizado no se levantar primeiro. Pelo que se
computador, tablet ou smartphone via percebe, estes dois senhores estão
facebook (facebook.com/autosportpt), credenciados. Nem sei que dizer de
twitter (AutosportPT) ou em quem se expõe assim. Na mensagem
>> autosport.pt que recebi do Paulo Pacheco, coloco
aqui algumas linhas de alguém muito
experiente que tem mais de 30 anos
‘disto’: “tenho seguido alguns ralis
do lado de fora e o que vejo é uma
vergonha”; “muitos deles nem sa-
bem o que estão ali a fazer”; “Algo
está mal neste meio, pois isto nunca
foi assim”. É bom que quem de di-
reito se comece verdadeiramente a
preocupar com isto, antes que algo
que ninguém quer aconteça. Meus
Senhores, por vezes o AutoSport
procura jornalistas de desporto au-
tomóvel e não os encontra. Troquem
a máquina pelo teclado, apliquem
o mesmo entusiasmo à ‘causa’ e o
futuro do jornalismo de ‘motores’
está assegurado...

4 ERC/
CAMPEONATO EUROPEU DE RALIS

RALLY FAFE MONTELONGO Dois principais adversários do vence-
dor na corrida ao cetro europeu, Oliver
LUKYANUK Solberg e Craig Breen ainda tentaram
DOMINA A NORTE acompanhar o ritmo do seu opositor
mas acabariam por se degladiar entre
Alexey Lukyanuk deu em Fafe importante passo para a conquista de mais um título si pelas restantes posições do pódio ao
europeu. O russo esteve sempre na frente da etapa portuguesa do ERC e ainda be- longo da primeira etapa. Solberg en-
neficiou do facto de nenhum dos seus rivais ter pontuado. Ainda apanhou um susto ganou-se numa das difíceis escolhas
perto do final, mas acabou mesmo por vencer... de pneus e Breen dava o melhor de si
mesmo com o Hyundai i20 R5 calça-
do com borracha da MRF. O irlandês
comprometeu tudo, no entanto, na PE
8 quando, numa poça, deu um toque.
Ainda conseguiu concluir a especial
em três rodas mas viria mesmo a ter
que abandonar.

João Freitas Faria Alexey Lukyanuk, Oliver Solberg e Craig quase “de passeio”. PÓDIO INCERTO ATÉ FINAL
[email protected] Breen prometiam animar as hostes, ao No entanto, o fi al do rali acabaria por
FOTOS ZOOM MotorSport/ menos pelos canais televisivos e ciber- ser bastante emocionante. Alexey Lu- Já Solberg, que forçou a equipa gerida
A. Silva e Oficiais ERC néticos num evento votado a não contar kyanuk realizou uma segunda etapa pelo seu pai a trabalhos forçados após
com público. de gestão da sua vantagem e a duas um acidente no shakedown, parecia
OERC regressou na passada Logo no arranque, Lukyanuk mostrou classificativas da meta dispunha de encaminhado para secundar Lukyanuk
semana a Portugal mas, ao ao que vinha, tomando o comando da mais de 20 segundos de avanço para o mas, também na terceira passagem por
invés da planeada deslocação classificação que não mais viria a deixar. segundo classificado. Contudo, o piloto Anjos, viu o rendimento do seu VW Polo
a São Miguel, a caravana da Numa prova em que as condições clima- viria a errar mais uma vez numa fase GTi R5 baixar drasticamente e perdeu
série proposta pelo Eurosport téricas eram bastante exigentes, a variar crucial da corrida e, na penúltima prova muito tempo tanto nessa classificativa
foi até Fafe para o Rali Fafe entre o piso seco, o húmido e algum bas- especial, um exagero com o travão de como na seguinte. O jovem piloto com
Montelongo, uma organização da De- tante molhado, o russo venceu seis das mão levou-o a fazer um pião e perder licença sueca caiu para a 33ª posição,
moporto que deixou bastante agradados nove provas especiais do primeiro dia de muito tempo. À entrada para o derra- de que veio a recuperar até à 26ª na
os principais intervenientes e comen- competição e conseguiu ir construindo deiro troço cronometrado apenas 3,8 segunda etapa, e ficou arredado dos
tadores do campeonato em tempos de uma vantagem que seria determinante segundos separavam os dois primeiros pontos. Tal situação, conjugada com a
pandemia. no desfecho do evento. Beneficiando de classificados. Aí, aquele que é conhecido desistência de Breen, permite a Alexey
Desportivamente, os três principais problemas alheios, o piloto do Citroën pelo “Foguete Russo” puxou dos seus Lukyanuk deter uma vantagem de 42
animadores da competição estavam C3 R5 da Sainteloc concluiu a primeira galões e, mesmo por reduzida margem, pontos depois de cumprida a primeira
presentes e a disputa da etapa lusa con- etapa com um avanço de mais de 38 ganhou tempo e pôde festejar em Fafe metade da temporada.
figurava-se como uma das que poderia segundos para os seus perseguidores, o a conquista de mais uma vitória num Ao longo do segundo dia de competição
determinar o rumo dos acontecimentos. que augurava um segundo dia de prova campeonato em que é a referência. foram, então, o espanhol Ivan Ares e
o francês Yoann Bonato a lutarem de

>> autosport.pt

5

C/ C L A S S I F I C A Ç Õ E S

POS. PILOTO / CO-PILOTO CARRO DIF. P/LÍDER
1 LUKYANUK ALEXEY / EREMEEV DMITRY CITROËN C3 R5 01:45:52.5
2 BONATO YOANN / BOULLOUD B. CITROËN C3 R5 +4.6
3 ARES IVÁN / VÁZQUEZ DAVID HYUNDAI I20 R5 +4.7
4 MUNSTER G. / LOUKA LOUIS HYUNDAI I20 R5 +6.1
5 MARCZYK MIKO / GOSPODARCZYK S. ŠKODA FABIA RALLY2 EVO +1:43.9
6 HERCZIG NORBERT / FERENCZ RAMÓN VOLKSWAGEN POLO GTI R5 +1:53.4
7 CAIS ERIK / ŽÁKOVÁ J. FORD FIESTA R5 MKII +2:00.2
8 DINKEL DOMINIK / WENZEL MICHAEL ŠKODA FABIA RALLY2 EVO +2:05.8
9 DEVINE CALLUM / FULTON JAMES HYUNDAI I20 R5 +3:02.0
10 PERNÍA S. / GONZALEZ E. HYUNDAI I20 R5 +3:54.1
11 GRIEBEL MARIJAN / BRAUN TOBIAS CITROËN C3 R5 +3:56.1
12 MAYR-MELNHOF N. / WELSERSHEIMB P. FORD FIESTA R5 MKII +4:03.4
13 BARROS JOĂO / HENRIQUES JORGE CITROËN C3 R5 +4:32.3
14 VON THURN UND TAXIS A. / ETTEL BERNHARD ŠKODA FABIA RALLY2 EVO +4:38.1
15 BASSAS JOSEP / CORONADO AXEL PEUGEOT 208 RALLY4 +6:27.7
16 TORN KEN / PANNAS KAURI FORD FIESTA RALLY4 +6:41.6
17 ALMEIDA PEDRO / MAGALHÃES HUGO PEUGEOT 208 RALLY4 +8:49.8
18 BREEN CRAIG / NAGLE PAUL HYUNDAI I20 R5 +11:37.3
21 MONTEIRO A. / EIRÓ SANCHO ŠKODA FABIA R5 +12:52.4
25 PAULA JOSÉ / CARDOSO VALTER PEUGEOT 208 T16 +16:22.8
26 SOLBERG OLIVER / JOHNSTON AARON VOLKSWAGEN POLO GTI R5 +16:35.1
28 PEREIRA MANUEL / MAGALHÃES P. PEUGEOT 208 R2 +20:34.0
30 CASTRO MÁRIO / CUNHA RICARDO FORD FIESTA R2T +21:26.2
31 TEJPAR NABILA / EDWARDS MATTHEW PEUGEOT 208 R2 +24:49.8

CAMPEONATO
ERC: 1º ALXEY LUKYANUK, 108; 2º OLIVER SOLBERG, 66; 3º GREGOIRE MUNSTER, 56; 4º CRAIG BREEN, 40; 5º MIKO
MARCZYK, 34; 6º IVAN ARES, 33; 7º GIANDOMENICO BASSO, 32; 8º EMIL LINDHOLM, 27; 9º EFREN LLARENA, 26; 10º
EERIK PIETARINEN, 24. ERC 1 JUNIOR: 1º OLIVER SOLBERG, 96; 2º GREGOIRE MUNSTER, 89; 3º MIKO MARCZYK, 65.
ERC3 JUNIOR: 1º KEN TORN, 111; 2º JOSEP BASSAS, 84; 3º AMAURY MOLLE, 46. ERC2: 1º TIBOR ERDI, 80; 2º ZELINDO
MELEGARI, 80; 3º DMITRY FEOFANOV, 75. ERC3: 1º KEN TORN, 111, 2º JOSEP BASSAS, 84; 3º AMAURY MOLLE, 40.

forma excitante pelo melhor posicio- pódio, Gregoire Munster foi quarto com
namento nos dois mais baixos lugares o Hyundai i20 R5 mas conseguiu se
do pódio. Ares, a bordo de um Hyundai impor no sempre competitivo ERC1
i20 R5, e Bonato, aos comandos de um Junior, escalão em que foi secundado,
Citroën C3 R5, trocaram várias vezes de a quase 40 segundos, pelo polaco Miko
posição e empolgaram todos aqueles Marczyk num dos poucos Skoda Fabia
que seguiam a corrida. À entrada para R5 Evo que estiveram no norte do país.
a derradeira passagem por Guilhofrei, Ainda num “grupo” mais distante dos
Bonato, que, contudo, não recolhia pon- primeiros mas próximos entre si, nas
tos para o ERC, estava 0,9 segundos na posições imediatas, quedaram-se o
frente. O piloto do país vizinho ainda fez húngaro Norbert Herczig em VW Polo
um esforço na última classificativa mas GTi R5, o checo o alemão DErik Cais
apenas conseguiu reduzir o seu atraso com Ford Fiesta R5 Mk II e o alemão
para um mísero décimo de segundo, di- Dominik Dinkel num Skoda Fabia R5
ferença que espelha bem a proximidade Evo. O ERC regressa à estrada entre 6
de andamentos entre estes dois pilotos. e 8 de novembro com o Rali da Hungria,
Já a grande diferença dos homens do disputado em asfalto.

ERC/
CAMPEONATO EUROPEU DE RALIS

6 RALI MONTELONGO

PEDRO ALMEIDA JOÃO BARROS TERMINOU EM 13º
“É UM RALI PARA
“FOIUMDIA NUNCA MAIS ESQUECER”
DIFÍCIL EM QUE
APRENDIMUITO”
Pedro Almeida e Hugo Magalhães,
em Peugeot 208 Rally4, termina- erro estávamos fora. Pela primeira vez João Barros e Jorge Henriques (Citroën fazer todos os troços no meio dos R5
ram o rali no terceiro lugar do ERC, andámos à chuva com o 208 Rally4 e C3 R5) bem tentaram, mas terminaram do ERC. Houve muita diversão dentro
num prova ganha pelo espanhol J. em pisos também com alguma lama o Rally Fafe Montelongo na 13ª posição do carro. Aqui e ali tivemos alguns
Bassas também em Peugeot 208 Rally4. e escorregadios. Ainda temos muita da geral. Foram, naturalmente, os ‘momentos’, mas mantivemos o carro na
Tendo em conta o que se propôs fazer margem para evoluir, mas optámos melhores portugueses em prova, estrada. Tentámos fazer o nosso melhor,
este ano, dando um ‘passo atrás’ em ter- por adquirir a confiança necessária mas numa prova tão difícil devido às por vezes estivemos mais próximos
mos de máquina de modo a recomeçar para poder ser mais fortes”, começou condições atmosféricas, com muita dos nossos rivais. Já tenho melhores
pela base e poder com isso tirar melhor por dizer, fazendo depois o balanço do incerteza em termos de escolhas de sensações com o carro, mas várias
partido dos carros mais competitivos rali: “Foi uma experiência importante, pneus, isso dificultou um pouco mais vezes tivemos pneus errados nos troços.
quando lá regressar, esta terá sido das porque teve ao longo dos dois dias con- a vida à dupla pois não só tem menos Repito, divertimo-nos muito dentro do
provas que mais ensinamentos colheu dições muito diferentes. Foi também a experiência com o carro que agora guia, carro. Foi um prazer estar aqui, é um
já que tendo em conta as inúmeras mu- primeira vez que que andámos com o como também tem bem menos ritmo rali para nunca mais esquecer! Foi um
danças de condições e o que teve de carro à chuva e isso deu algum conhe- que a maioria dos adversários com R5. fim de semana em grande. Aproveito
fazer em termos de afi ações, e logi- cimento para aquilo que possa vir a ser Foi por isso, um bom rali, sem arriscar para agradecer à minha família, amigos,
camente perceber o que significavam o comportamento no futuro. Foi muito demasiado, especialmente no segundo patrocinadores e à Sports & You. Por
em termos de andamento, esta prova foi desafiante por isso, pela necessidade dia em que a chuva incomodou bem fim, e também muito importante a todo
como uma espécie de curso acelerado. que tivemos ao longo do rali de alterar mais: “Foi um rali difícil e desafiador, o público presente por todo o apoio
O pódio fi al no FIA ERC Junior é prémio muitas vezes as afi ações tendo em mas consegui com o Jorge Henriques sentido”, disse.
para o trabalho que fez: “A aprendiza- conta as mudanças do tempo — ou cho-
gem que tivemos em condições muito via ou o piso estava mais seco, ou mais
diferentes ao longo dos dois dias do rali degradado – e isso foi muito importante
foi muito valiosa para o que queremos e um ensinamento importante para o
fazer. Foi um rali difícil em que aprendi futuro. Satisfeito, naturalmente, por ter
muito. Logo no primeiro dia, tivemos terminado no pódio. É sempre importan-
troços muito complicados, alguns um te, é sempre um prémio para o trabalho
pouco escorregadios, mas regra geral, que tem sido tem sido feito, mas acima
gostei muito. Nunca pensei encontrar de tudo satisfeito por esta experiência
uma prova tão desafiante e difícil. As que vai ser importante para o futuro,
condições climatéricas bastante ad- porque é um rali com 18 classificativas
versas aliadas à rapidez das especiais e permitiu fazer alterações, ir testando,
colocaram esta prova num grau de ir experimentando, foi muito impor-
exigência elevado em que ao mínimo tante por isso, para o que aí vem desta
temporada e para o próximo ano.”

ALOÍSIO MONTEIRO (21º)
“FELIZES POR TER TERMINADO
UM RALI TÃO DIFÍCIL”

Aloísio Monteiro e Sancho Eiró climatéricas. Sabíamos que após um ano
regressaram ao ERC, depois duma longa sem correr a nossa falta de ritmo iria ser
ausência resultante da pandemia de notória, mas fomos evoluindo, sempre a
coronavírus, fazendo a sua estreia no tentar buscar o melhor ‘setup’ para as
FIA ERC 2020. Terminaram a prova no condições do piso, e no final só podemos
21º lugar, depois de perto do fim terem estar felizes por ter terminado um rali
sido durante algum tempo 19º, caindo tão difícil que se apresentou como
para 21º na penúltima especial: “Foi um verdadeiro desafio para todos os
um rali muito difícil dado as condições pilotos”, disse Aloísio Monteiro.



ERC/
CAMPEONATO EUROPEU DE RALIS

8 RALI MONTELONGO

JOSEP BASSAS VENCEU ERC3

O ERC3, destinado aos pilotos com viaturas do insuficiente para ultrapassar o espanhol que
grupo RC4, é sempre uma das competições mais cortou a meta com um avanço de 13,9 segundos.
entusiasmantes entre aquelas que compõem O lugar mais baixo do pódio ficou na posse do
o campeonato promovido pelo Eurosport. O português Pedro Almeida que, contudo, ficou
estónio Ken Torn chegou a Portugal determi- já a grande distância dois primeiros. À saída
nado em manter o domínio exercido até agora de Fafe, Torn lidera o campeonato com mais 27
e apenas contestado por Pedro Antunes em pontos que Bassas.
Roma, e colocou-se na frente da classificação Já no que toca ao ERC2, Tibor Erdi liderou de uma
na primeira classificativa. No entanto, o seu ponta à outra a etapa portuguesa da competição
comando seria de pouca dura pois o espanhol e, com o seu Mitsubishi Lancer Evo X, cortou a
Josep Bassas tomou de assalto a liderança na meta com um avanço superior aos três minutos
prova especial seguinte para não mais a perder. para Andrea Mabellini num Abarth 124 Rally.
Torn, ao volante de um Ford Fiesta Rally4, seria O russo Dmitry Feofanov, noutro Mitsubishi
mesmo o piloto a vencer mais troços cronome- Lancer Evo X, foi segundo durante a maior parte
trados, mas o tempo ganho nessas passagens da prova mas acabou por cair, mesmo no fi al,
a Bassas, num Peugeot 208 Rally4, foi sempre para o lugar mais baixo do pódio.

ALPINE ESTREOU-SE
EM PORTUGAL

O Rali de Fafe Montelongo constituiu a estreia em solo nacional
do novo Alpine A110 RGT, viatura francesa que tem batido no
seu país de origem viaturas R5 em classificativas de asfalto. O
responsável pela vinda do modelo a Portugal foi o italiano Zelindo
Melegari que, apesar de habitual neste campeonato, não costuma
primar pela velocidade nas suas participações. Exatamente
por isso, foi impossível aquilatar o potencial do carro francês
nas provas especiais nacionais. Melegari rodou durante os
quilómetros iniciais na terceira posição do ERC2 mas um acidente
na segunda passagem por Queimadela/Travassós fê-lo cair para a
quinta posição, classificação que manteve até final.

CARLOS CRUZ “SATISFEITOS MAS HÁ DETALHES A MELHORAR”

Carlos Cruz, o presidente do Sabemos que há vários pontos a
Demoporto, não escondia no termo melhorar, mas o essencial do rali
da prova o seu contentamento. “Claro encontra-se bem delineado. Mas
que sinto uma satisfação muito temos a perfeita noção de quais os
grande porque o balanço é bastante detalhes a evoluir e não será nada
positivo, depois de termos colocado que não esteja ao nosso alcance”.
tudo de pé num curto espaço de Sobre os comentários, tanto do
tempo. Estou duplamente satisfeito Eurosport Events, promotor do
ao concretizarmos aquilo a que nos Europeu, como da FIA (Federação
propusemos e, portanto, seria difícil Internacional do Automóvel), o
estar mais orgulhoso de uma vasta “patrão” do Demoporto comentou:
equipa que trabalhou com acerto e “Não nos foi feito nenhum reparo
determinação para tornar realidade a muito significativo, somente
realização do Rally Fafe Montelongo pequenos detalhes, como referi
no Europeu.” anteriormente. E manifestaram-
Sem pretender entrar em detalhes se surpreendidos pela nossa
relativos ao futuro, Carlos Cruz capacidade de montar uma
confessa ter perfeita noção dos prova desta envergadura em tão
pontos a melhorar, em termos curto espaço de tempo. Aliás, as
organizativos: “Foi uma experiência declarações do presidente da
nova, pois não estávamos habituados FPAK, Ni Amorim, proferidas ontem,
às exigências de uma prova do referem isso mesmo, na sequência
Europeu, cujo regulamento tem das reuniões que teve com ambos os
outros contornos e é mais exigente. organismos”.

>> autosport.pt

9

CAMPEONATO REDUZIDO A 6 PROVAS

Devido aos muitos cancelamentos de ralis a ser, quase em exclusivo, um campeonato
internacionais, o ERC 2020 encontra-se de asfalto. A única exceção é o Rally
reduzido a seis provas. Após a disputa Liepaja que é caraterizado pelos seus
dos ralis de Roma Capitale (Itália), Liepaja muito rápidos troços cronometrados em
(Estónia) e Fafe Montelongo (Portugal), terra, bem ao estilo do norte da Europa.
está cumprida a primeira metade de A disputa do Spa Rally trará a novidade
um calendário que prevê ainda os ralis de um evento misto em que, contudo, a
da Hungria, de 6 a 8 de novembro, Islas maior parte do piso será de asfalto. O
Canarias (Espanha), entre 26 e 28 do evento, que estará baseado no paddock do
mesmo mês, e o de Spa (Bélgica), previsto famoso circuito, prevê a disputa de várias
entre 11 e 13 de dezembro. passagens pelo circuito de autocross
Com todas estas alterações o ERC passou incluído no campeonato World RX.

PÚBLICO AINDA COMPARECEU

Devido às muitas limitações impostas pela pandemia COVID-19, pelo plano de
contingência e ainda pelo Anexo S da federação internacional, o Rali de Fafe
Montelongo foi realizado com um evento vedado ao público. No entanto, a prova
organizada pela Demoporto, realizada numa zona em que são muitos os adeptos
da modalidade, ainda contou com a presença de muitos espetadores, boa parte
deles espanhóis, em algumas zonas em que as autoridades foram menos zelosas
no cumprimento das regras impostas. No entanto, na maior parte do itinerário do
rali as forças policiais conseguiram demover todos aqueles que não só queriam
assistir ao evento como procurar o acesso às estradas em que a prova passou. Tal
facto levou a que muitos elementos acreditados como Media sentissem grandes
dificuldades em aceder às provas especiais, ou mesmo à sala de imprensa, apesar
de todas as situações terem sido ultrapassadas após muitos recursos não só aos
organizadores como às chefias das autoridades.

CLASSIFICATIVAS ARMANDO PEREIRA VENCEU PROVA-EXTRA
INTERROMPIDAS

A prova disputada no passado fim de semana foi interrompida em
três ocasiões devido a alguns dos acidentes aparatosos de que foi
palco. A primeira ocorreu logo no shakedown devido à saída de estrada
de Oliver Solberg, de que damos conta em separado. No decorrer do
rali propriamente dito, seriam registadas mais duas interrupções. A
primeira foi na PE 3, Queimadela/Travassós 1, devido ao acidente do
finlandês Emil Lindholm com um Skoda Fabia R5 Evo. A prova seria
retomada após o socorro à equipa mas o mesmo já não aconteceu
na PE 8, Anjos 3, interrompida após a passagem de 19 concorrentes
devido a razões de segurança. Aí a direção de prova ‘atribuiu tempos’
à restante caravana. Apesar de alguns dos acidentes registados no
norte do país terem sido aparatosos, não se registaram consequências
físicas a nenhuma das equipas acidentadas.

Armando Pereira, navegado por Kevin Millet, posto, após serem consistentemente rápidos
venceu a prova extra-campeonato integrada nas duas últimas classificativas. Dessa forma
no Rally Fafe Montelongo. Aos comandos arrecadaram também a vitória nas duas rodas
de um Ford Fiesta WRC, o domínio da dupla motrizes.
luso-francesa foi total ao longo da prova O quase estreante Nelson Silva, navegado
que foi disputada no domingo, em seis das pelo veterano José Janela, levou o Mitsubishi
nove classificativas do segundo dia do rali Lancer Evo VI até ao terceiro posto, depois
disputado nas estradas de asfalto da região de bater Miguel Carvalho que, com António
de Fafe e Vieira do Minho. A luta pelos lugares Reis (Peugeot 206 GTi) esteve também na luta
restantes do pódio foi um dos pontos altos da pelos lugares do pódio, mas no final caiu para
prova e só no final, depois de várias trocas, quinto, cedendo à pressão dos homens do
foi possível à dupla Luís Morais e António BMW M3, Miguel Teixeira e Vítor Pereira, que
Pereira (Peugeot 208) festejar o segundo foram mais rápidos na fase final da prova.

ERC/
CAMPEONATO EUROPEU DE RALIS

10 R A L I M O N T E L O N G O

MARCO MOREIRAS

“PENSEI QUE ERA MISSÃO IMPOSSÍVEL,
MASFORAM13H20M…E MUITOTEMPOÀMARRETA”
Treze horas de trabalho e know
how português colocaram o VW FOTO BY PIXEL PREGO A FUNDO Polo GTi R5 foi alvo de uma inspeção
Polo de Solberg como novo. Oliver técnica da FIA, que validou as condições
Solberg é apontado como uma das de segurança e permitiu à dupla alinhar:
grandes promessas dos ralis mundiais, “Os mecânicos fi eram um trabalho fan-
mas com apenas 19 anos é natural que tástico! Trabalharam a noite toda sem
ainda existam alguns momentos de fogo- descanso.”
sidade excessiva. Um desses momentos Horas depois, Marco Moreiras fez-nos
podia ter acabado com a participação do o balanço: “Foi uma saída bem forte!
jovem sueco no Rally Fafe Montelongo De início pensava que era Game Over,
logo no Shakedown, onde Solberg e o os danos eram grandes e pareciam
navegador Aaron Johnston sofreram estruturais, mas felizmente o Roll Bar
uma saída de estrada que ‘limpou’ a não foi afetado. Depois foi mãos à obra
traseira do Volkswagen Polo GTi R5. De ou seja... marreta, rebarbadora, maca-
imediato, a equipa de Petter Solberg co esticador, máquina soldar e afins a
começou a avaliar os estragos através descravar peças contorcidas, dar for-
das fotos que iam chegando ao Parque ma e acrescentar. Tivemos uma ajuda
de Assistência, em Fafe, onde estava a bastante grande do Manuel Castro da
equipa de mecânicos liderada por Marco Racing 4you que nos ajudou a arranjar
Moreiras, português que esteve vários algumas peças que precisávamos em
anos na equipa oficial da VW e que é tempo recorde e em termos logísticos
um dos homens de confiança de Solberg porque o nosso camião teve de seguir
nos ralis e ralicross: “Quando vi o carro para a Sardenha e após 13h20 deixá-
pela primeira vez pensei que era missão mos o carro pronto para o Kid ganhar
impossível. Começámos a reconstruir experiência. Assim, aplicando o ‘Never
toda a secção traseira do carro. Até o give Up’, conseguimos fazer o rali na
Petter (Solberg) e a esposa (Pernilla) íntegra, e foi pena o Turbo ter deixado
trabalharam connosco durante a noite. de colaborar pois o resultado poderia
Ao todo, foram 13 horas e 20 minutos de ter sido melhor. Já agora aproveito
trabalho, muito tempo à marreta!” para agradecer aos habitantes de Fafe
Quando acordaram, Oliver Solberg e pela paciência, pois a noite no Parque da
Aaron Johnston tinham um carro pra- Feira foi tudo menos sossegada com os
ticamente imaculado à sua espera.O ruídos das marteladas a serem ouvidos
do outro lado da cidade...”

TRIUNFO DE LUCAS SIMÕES

NO CAMPEONATO NORTE

Lucas Simões e Simplício Gonçalves de um toque. Na classificativa seguinte LVUEÍNSCMEUONTAOS CLÁSSICOS
(Mitsubishi Lancer Evo IX) venceram a Filipe Teixeira e Bruno Coelho ficavam pelo
prova pontuável para o ‘Regional Norte’. caminho. Augusto Costa e Susana Silva Luís Mota e Alexandre Ramos (Mitsubishi Lancer Evo VI) venceram a
Esta dupla só encontrou o ritmo certo (Peugeot 208 VTi) apostaram na segunda prova pontuável para o Campeonato de Portugal de Clássicos Ralis
na segunda classificativa, à chuva, parte da prova e o ‘forcing’ final levava-os que integrou programa do Rally Fafe Montelongo. Nuno Carreira e
altura em que passou para a frente da até ao terceiro posto, primeiro das duas Danny Carreira (Subaru Impreza WRX STi) começaram na frente, mas
prova, pressionados de muito perto rodas motrizes, à frente de João Andrade e na terceira classificativa foi a vez de Luís Mota e Alexandre Ramos
por Fernando Peres e José Pedro Silva Sérgio Paiva (Citroen AX), que terminaram passarem para a liderança da prova e terminaram com 23,3s de
(Mitsubishi Lancer Evo IX), que também no quarto lugar. vantagem face ao duo do Subaru.
subiram na classificação na segunda Nuno Mateus e Roberto Santos (Mitsubishi Lancer Evo VI) subiram até
Especial. O equilíbrio de forças manteve- terceiros, depois de ‘baterem’ os homens das duas rodas motrizes.
se até final, mas sempre com a dupla Rui Salgado e Luís Godinho (Peugeot 306 GTi) mantiveram um duelo
Simões/Gonçalves no comando. animado pela liderança das duas motrizes, com Bruno Miguel Ramos
Os espanhóis Óscar Palomo e José Bouzas (Ford Escort MKI). À chegada, seriam os homens do Escort a levar a
(Peugeot 208 Rally4) começaram o dia ao melhor neste duelo.
ataque e logo na primeira classificativa,
com piso seco, ganharam 7,8 segundos a
Filipe Teixeira e Bruno Coelho (Citroen C2
GT). Mas no segundo troço a sorte seria
madrasta para a dupla espanhola, que
caía para o fundo da tabela, na sequência

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ERC, ALEXEY LUKYANUK
SEM DINHEIRO PARA MAIS…

Alexey Lukyanuk lidera o Europeu de Ralis e venceu este Rally de
Fafe/Montelongo dilatando com isso a sua margem na competição,
mas a verdade é que a sua prestação pode ficar pelo caminho,
pois o campeão de 2018 ficou sem dinheiro para competir após
esta prova, tal como deixou claro no Twitter: “A propósito, este é
o último evento para o qual temos orçamento suficiente. Agora
temos uma segunda ronda de procura de parceiros – a prova da
Hungria está a cerca de um mês de distância, durante o qual
precisamos de fechar o buraco financeiro. Portanto, se isto
não acontecer, há uma grande possibilidade de não ir a mais
lado nenhum”, escreveu Lukyanuk que disputa a sua segunda
temporada com o Saintéloc Junior Team onde guia um Citroën C3
R5. Começou o ano com uma vitória no Rally di Roma, somou os
pontos relativos ao terceiro lugar no Rally Liepaja, e agora venceu
em Fafe. Vamos ver se Lukyanuk se sai tão bem na procura de
patrocínios como o faz nos troços…

NI AMORIM (FPAK) “EUROSPORT ARMANDO PEREIRA “TENHO
E A FIA ESTÃO SURPREENDIDOS” SETE WRC, MAIS UM R5…”

O presidente da FPAK, Ni Amorim, distante do rali, que era uma das condições Armando Pereira, co-fundador da Altice, guiou um Ford Fiesta WRC em Fafe, ele que é
acompanhou o primeiro dia do Rally de para a prova poder realizar-se. De resto, um empresário de sucesso, mais conhecido por ser um dos administradores da Altice,
Fafe Montelongo junto de responsáveis sinto uma grande satisfação pelo facto de o empresa proprietária da MEO. No entanto, tem também um lado menos conhecido,
da FIA e do Eurosport Events, promotor do parque automóvel, tanto do Europeu como resultado de uma paixão que o colocou ao volante de um Ford Fiesta WRC na prova extra
FIA ERC, que não deixaram de manifestar do Campeonato Norte, ser numeroso”, disse. do Grupo X5-16 nesta edição do Rally Fafe Montelongo. “Como é aqui em Portugal e na
o seu agrado pelo trabalho desenvolvido
pelo Demoporto em tão curto espaço minha terra, faço-o com muito prazer
de tempo: “Este rali vai para o Guiness, e com muito gosto”, afirma o ‘patrão’
pois foi feito em apenas cinco semanas. da Altice, que nasceu em Guilhofrei,
Numa reunião com elementos da FIA e do uma freguesia de Vieira do Minho, há
Eurosport eles não esconderam, de forma 65 anos. Partiu para França com 14 e
unânime, a sua surpresa, perguntando-me aí iniciou a construção de um império
como foi possível em tão curto espaço e o despontar de uma paixão. “Os
de tempo montar um rali do Europeu. ralis são uma paixão que eu sempre
A verdade é que o Demoporto fez um tive e a gente faz as coisas de
trabalho digno de elogios”, revelou o acordo com o que é possível. Desde
presidente da entidade federativa. Depois 1991 comecei a interessar-me pelas
de uma volta por algumas classificativas, corridas e desde essa data que faço
Ni Amorim gostou do que viu na estrada: “A ralis… até hoje. Tenho sete WRC, mais
minha impressão, para já, é muito positiva. O um R5, mas faço poucos ralis. Alinho
frio e a chuva que se têm feito sentir ajudam, nos que posso, não mais de cinco,
por um lado, ao objetivo de manter o público seis por ano, porque tenho pouco
tempo”, disse.

MÁRIO CASTRO
“EXPERIÊNCIA FANTÁSTICA…”

Mário Castro e Ricardo Cunha (Ford Fiesta velocidades. Não era um problema grave mas
R2T) terminaram o Rally Fafe Montelongo o suficiente para não me permitir andar mais
no quinto lugar dos ERC3, depois de uma depressa.”
prova complicada em que um furo e alguns “Outro ‘problema’ foi também a escolha de
problemas com a caixa de velocidades não pneus. Com o clima tão instável era uma
permitiram à dupla desfrutar mais do evento: lotaria acertar na escolha e eu não fui muito
“Foi uma nova experiência, muito difícil, mas feliz. Optei sempre por uma escolha mais
estou feliz. O nosso resultado ficou marcado cautelosa (pneus para chuva) mas apenas no
pelo furo na PE11, tivemos alguns problemas último troço do dia os pneus resultaram. Ainda
elétricos, o carro parou três vezes. No primeiro assim, foi um prazer enorme concluir este rali,
dia, sinceramente, não fiquei muito contente foi uma grande aventura e um grande desafio
com a nossa prestação. Desde o segundo para mim pois nunca tinha conduzido nestas
troço que andei com problemas na caixa de condições”, disse Mário Castro.

F1/12

PORQUE NÃO HÁ UMFÓRMULA 1
‘MIGUEL OLIVEIRA’ NA F1?
Muitos esperavam que Para orgulho de todos nós, há cerca de mês e meio, Miguel Oliveira conquistou o maior
Oliveira oferecesse o re- feito do desporto motorizado português – vencer um Grande Prémio de MotoGP. Pela
sultado com que nos brin- primeira vez, um piloto luso subiu ao degrau mais alto de uma corrida da categoria
dou no Grande Prémio da máxima da sua disciplina. Na Fórmula 1 o máximo que pudemos celebrar foi um pódio
Estíria, mas foram muitos em circunstâncias muito especiais… Mas será por falta de talento nas quatro rodas?
os surpreendidos com a
subida ao degrau mais alto do pódio do Jorge Girão
português, que se espera não ser o cul- [email protected]
minar de uma carreira, mas antes a as- FOTOS Oficiais, Arquivo AutoSport e Facebook AFC
censão a um patamar que o poderá levar a
feitos ainda maiores – Campeão Mundial, Moto2 e, então, MotoGP. Nas quatro rodas, na Moto2 – valores elevados sem dúvi- das na Fórmula 4 – só aqui, já temos
por exemplo. o caminho é muito menos esclarecido… da, mas que não estarão fora do alcan- 400 mil euros.
Este sucesso do piloto da KTM Tech 3 é Presentemente, em Portugal não existe ce de algumas empresas portuguesas. Vamos agora dar o salto para a Fórmula
um dos mais recentes eventos que tem sequer uma categoria que albergue os No mundo do automobilismo os valores 3 e esperar que o nosso jovem lobo dê
deixado o desporto motorizado portu- jovens pilotos oriundos do karting, tendo são assustadoramente distintos… nas vistas frente aos olheiros das equi-
guês em alta – vamos receber um Grande que, se quiserem realizar uma carreira que Uma temporada na Fórmula 4 não custa pas de Fórmula 1.
Prémio de Fórmula 1, um Grande Prémio os leve até às portas da Fórmula 1, deixar menos de 200 mil euros, com tudo a cor- Uma temporada nesta categoria não custa
de MotoGP, António Félix da Costa sa- o país ainda com tenra idade. rer bem. Repare que ainda nem sequer menos de 800 mil euros, mas poderá ul-
grou-se Campeão da Fórmula E, Filipe A partir daí existe uma multiplicidade chegámos ao circo que acompanha a trapassar um milhão. Mas vamos partir
Albuquerque venceu as 24 Horas de Le enorme de categorias e campeonatos Fórmula 1 (Fórmula 3 e Fórmula 2) e um do princípio de que o nosso piloto é um
Mans na classe LMP2, a segunda mais im- desde à Fórmula 4, com diversos cam- piloto de quatro rodas já paga quase tan- fora de série e ganha o campeonato à
portante da competição e Miguel Oliveira peonatos nacionais, até à Fórmula Renault to como o seu congénere das duas rodas primeira e sobe à Fórmula 2.
venceu um Grande Prémio de MotoGP. 2.0, existindo ainda a Fórmula Regional – que está a competir numa competição Para isso terá de encontrar cerca de dois
Curiosamente, Portugal tem mais tradi- a sucessora da antiga Fórmula 3. de acesso à MotoGP. milhões de euros (em patrocínios, claro)
ção nas quatro rodas que nas duas, ten- Paralelamente, existe ainda a atual Vamos supor que, para sedimentar para continuar a sua senda ganhadora e
do sido inúmeros os pilotos de automo- Fórmula 3, que acompanha o circo da bem o seu salto do mundo dos karts bater-se por mais um título. No fi al do
bilismo, sobretudo de pista, a tentar a sua Fórmula 1, desembocando na Fórmula 2, para os automóveis, o nosso piloto das ano tem mais um campeonato no bolso
sorte fora de portas, ao passo que no mo- sucessora da GP2, que continua a ser a quatros rodas passa duas tempora- e está a bater à porta da Fórmula 1, mas,
tociclismo, para além de Miguel Oliveira, antecâmara dos Grandes Prémios.
tivemos Miguel Praia e pouco mais, sendo, Esta é uma das dificuldades que os pilo-
por isso, o feito do jovem do Pragal ainda tos das quatro rodas têm relativamente
maior, uma vez que foi ele quem teve de aos das duas, estando estes desde tenra
desbravar caminho até chegar ao topo. idade sob o olhar atento das equipas de
Se existe maior tradição no automobilis- MotoGP, ao passo que os jovens aspiran-
mo, qual o motivo para que Portugal tenha tes do automobilismo para ter o mesmo
tido apenas um pódio no Campeonato nível de atenção têm de rumar de ime-
Mundial de Fórmula 1 e mesmo esse em diato à Fórmula 3. Mas com dinheiro tudo
circunstâncias muito especiais? se consegue e aqui existe outra diferença
Bem, falta de talento não é, Pedro Lamy, abissal entre as duas categorias.
Álvaro Parente e António Félix da Costa Segundo o que pudemos apurar, uma
mostraram mais que competência para temporada de Moto3 custa algo que ron-
singrar no exigente mundo da categoria da os 250 mil euros, ao passo que uma de
máxima do desporto automóvel, digla- Moto2 não ultrapassará os 500 mil.
diando-se e batendo até pilotos com pro-
vas dadas no mundo dos Grandes Prémios, VALORES MUITO DÍSPARES
portanto, a questão terá de ser outra. Antes
de mais, a estrutura de acesso ao MotoGP Se partirmos do princípio que Miguel
é muito mais clara, apesar do recente es- Oliveira teve de pagar todas as tempora-
forço para criar um caminho efetivo para das nas categorias de acesso à MotoGP,
ascender à Fórmula 1. algo que não é um facto, chegaríamos a
um valor de cerca de 2,5 milhões de euros
TRAJETO BEM DEFINIDO – militou quatro épocas na Moto3 e três

Nas duas rodas, depois dos campeonatos
nacionais para alcançar o topo do moto-
ciclismo a estrada é evidente – Moto3,

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entretanto, já gastou, no mínimo, 3,2 mi- mentos da sua família em equipas. dimensão, presentemente, para colocar ro que sim, os dois nomes mencionados
lhões de euros em quatro anos. Com tudo Mas vamos supor que o nosso piloto tinha um piloto na categoria máxima do des- são prova disso, mas não existe no nosso
a correr na perfeição… impressionado uma equipa de Fórmula 1, porto automóvel. país a capacidade fi anceira para que, a
Recorde-se que as sete épocas de Miguel tendo sido colocado por esta numa estru- Depois de Tiago Monteiro, estivemos mui- curto/médio prazo, possamos ouvir “A
Oliveira nas categorias de promoção ti- tura da sua confiança para ver o que real- to perto de ver Álvaro Parente, primeiro, e Portuguesa” numa cerimónia de pódio
veram um custo de cerca de 2,5 milhões mente vale. Hoje em dia, teria de esperar depois António Félix da Costa no mundo da categoria máxima do automobilismo
de euros – uma diferença abissal. Mas o por um lugar na Mercedes, na Red Bull dos Grandes Prémios de Fórmula 1. O pilo- e essa é a triste realidade.
nosso “next big thing” teria subido ful- ou até na Ferrari para pensar em pódios, to do Porto viu desaparecer os apoios que Mas basta olhar para o que Filipe
gurantemente à Fórmula 1 após quatro quanto mais em vitórias. lhe poderiam permitir alcançar o “Santo Albuquerque e António Félix da Costa
anos nos automóveis. Do lado do motociclismo, uma equipa que Graal”, ao passo que no caso do jovem de fi erameestãoafazeresteano,paraper-
Presentemente, na categoria máxima pretenda ter a possibilidade de lutar por Cascais viu a Red Bull colocá-lo de lado ceber que em nada somos diferentes no
do desporto automóvel uma temporada vitórias com uma moto-cliente gasta cer- para promover Danill Kvyat à Toro Rosso, talento. Resta-nos sonhar e agradecer o
custa entre 100 e 400 milhões de euros, ca de quinze milhões de euros por tem- uma decisão surpreendente, mas que a Grande Prémio de Portugal que este ano
é claro que nenhum piloto paga valores porada – 15% daquilo que uma estrutura estrutura austríaca tinha legitimidade se realiza no Autódromo Internacional do
destes por um lugar na Fórmula 1, mas de Fórmula 1 despende para sonhar com para tomar… Algarve, não esquecendo que no mesmo
são conhecidos os casos de alguns jo- uma ida aos pontos ocasional. Portanto, se existe talento em Portugal circuito também vamos ter o MotoGP,
vens que chegam ao mundo dos Grandes São valores dispares e difíceis de com- para que possamos ter um piloto a ven- cerca de um mês depois e aí poderemos
Prémios devido a massivos investi- portar para o nosso país, que não tem a cer um Grande Prémio de Fórmula 1, cla- ver novamente Miguel Oliveira no topo.

F1/
FÓRMULA 1

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HONDA SAI
NO FIM
DE 2021

A Honda vai abandonar N uma altura em que os japo- japonesa ainda está longe de se equili- incluindo as tecnologias de veículos
a Fórmula 1 no final da neses já perceberam que fi- brar em termos de motorização com os a pilhas de combustível (FCV) e de
temporada 2021. O anúncio caram muito longe do que se melhores, a Mercedes. Sendo verdade baterias EV (BEV), que serão o núcleo
foi feito na passada semana propuseram fazer quando que a Honda conseguiu, finalmente das tecnologias sem carbono”.
em Tóquio, no Japão, em vieram para a F1, em 2015, após vários anos, chegar aos triunfos, Como se percebe, a fasquia do custo
conferência de imprensa, e e sabem que dificilmente lá o caminho até aos títulos é ainda longo. para vencer na F1 está muito elevada
apesar de ser inesperado chegariam a curto/médio prazo, opta- No seu comunicado, a Honda revela e num período de transição e ainda
não é uma surpresa. Seja ram pela saída, o que numa primeira que esta decisão surge devido ao facto alguma indefinição no mundo automó-
como for, tem implicações análise deixa a Red Bull e Alpha Tauri de necessitar dos recursos que coloca vel, leva a que mais uma grande marca
em vários quadrantes em ‘maus lençóis’. na F1 para a eletrificação dos seus saia duma grande competição. Muito
Recorde-se que a Honda regressou à carros de estrada: “A Honda precisa ainda fica por dizer, mas o desporto au-
José Luis Abreu e Jorge Girão F1 com a McLaren em 2015, reavivando de canalizar os seus recursos empre- tomóvel tem que saber baixar custos
[email protected] uma parceria com grande historial de sariais em investigação e desenvolvi- um pouco por todo o lado, sob pena de
FOTOS Red Bull vitórias na F1, mas as coisas correram mento nas áreas das futuras unidades haver uma debandada generalizada.
muito mal, e seis anos depois a marca de energia e tecnologias energéticas, Ainda que não particularmente na F1…

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O IMPACTO DO do programa de Fórmula 1 da Honda, indústria automóvel, podendo existir tor vai desenvolver um dispendioso
esquivou-se à questão dos jornalistas outro motivo para a decisão. e complicado V6 turbohíbrido para
ABANDONO DA HONDA quanto à possibilidade da marca japo- A debandada da Honda tem também apenas dois anos de vida, o que obriga
nesa abandonar o mundo dos Grandes um significado simbólico, uma vez que a que a formação de Milton Keynes
Ainda que inesperado, o anúncio de Prémios, o que uma semana mais tarde foi o único construtor a ser seduzido recorra a um dos actuais fornecedores.
que Honda abandonará a Fórmula 1 foi confirmando oficialmente. pelo novo regulamento técnico de mo- A Mercedes, a partir do próximo ano,
no final de 2021 não é totalmente uma A decisão da Honda foi apontada à ne- tores, introduzido em 2014 – Ferrari, terá quatro equipas a seu cargo – a
surpresa, mas ainda assim tem diver- cessidade de alocar recursos para os Mercedes e Renault já estavam pre- sua estrutura oficial, a Aston Martin,
sas ramificações para o futuro da cate- desafios que a indústria automóvel en- sentes na Fórmula 1 anteriormente –, a McLaren e a Williams – ao passo
goria máxima do desporto automóvel. frenta, com a electrificação de gamas e criado precisamente para reflectir o que a Ferrari continuará com três – a
A continuidade do construtor nipónico o desiderato de alcançar a neutralidade mercado automóvel que se vira cada “Scuderia”, a Alfa Romeo e a Haas –
para lá da próxima temporada era uma carbónica, mas segundo diversas fon- vez mais para os híbridos e carros ficando a Renault apenas com uma – a
incógnita já há algum tempo, uma vez tes não terá havido consenso quanto à eléctricos. sua formação de Enstone.
que não tinha ainda se empenhado na saída da marca da Fórmula 1 e terá sido Apesar de ter produzido os motores de A relação entre a Red Bull e os france-
continuidade a longo prazo e em Sochi, Takahiro Hachigo, o CEO do construtor, combustão interna mais avançados da ses terminou de forma abrupta e sem
durante o Grande Prémio da Rússia, a apontar a sentença fi al. história do automóvel, este conjunto grandes laivos de amizade entre as
Toyoharu Tanabe, o diretor técnico Contudo, esta resolução da Honda surge de regras acaba por ser um falhanço, duas partes, após algumas palavras
num período em que as marcas de auto- dado que não conseguiu cativar o in- duras de ambos os lados, mas esta
móveis estão a concluir que o futuro da teresse generalizado das marcas de poderá ser a única solução para Ch-
generalidade da mobilidade não passa automóveis, e aquele que atraiu dei- ristian Horner e Helmut Marko.
pelos carros eléctricos, mas sim pelos xou a Fórmula 1 ainda antes do fim do A Mercedes e a Ferrari já recusaram no
combustíveis sintéticos obtidos através atual ciclo regulamentar, previsto para passado fornecer as suas unidades de
da captação de dióxido de carbono da 2025, sem que se anteveja o ingresso potência à Red Bull por considerarem a
atmosfera e da sua sintetização com de outro construtor. formação de Milton Keynes uma amea-
hidrogénio obtido através de água. Com a saída da Honda, do que a Red ça aos seus resultados e, seguramente,
Esta tecnologia mantém os atuais mo- Bull precisava era precisamente de que esta visão de cada uma delas não
tores de combustão interna e é o ca- uma nova marca a potenciar os seus se terá alterado, entretanto.
minho que os responsáveis da Fórmula chassis, uma vez que, para já, não tem Os homens da equipa fi anciada por
1 pretendem seguir no futuro, sendo, unidades de potência para 2023. Dietrich Mateschitz têm fortes possi-
portanto, a justificação da Honda pouco No entanto, isso será difícil de conse- bilidades de cair no regaço da Renault
consistente com o panorama futuro da guir, uma vez que nenhum constru- para poderem animar os chassis re-

F1/
FÓRMULA 1

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sultantes da pena de Adrian Newey.
Por seu lado, o construtor gaulês não
tem outra opção senão fornecer os seus
motores à Red Bull, uma vez que é o
construtor com menos equipas a seu
cargo, o que a obriga a disponibilizar
as suas unidades de potência caso lhe
seja pedido.
A não ser que Mateschitz resolva abrir
os cordões à bolsa e decida que a sua
equipa conceba e construa os seus
próprios V6 turbohíbridos ou pague
a um construtor para o que o faça. A
Red Bull tem a capacidade fi anceira
para qualquer um dos cenários e em
Milton Keynes, com o fim da associação
à Aston Martin no fi al do ano, existe
a infraestrutura para tal. Esta seria
a melhor solução para manter Max
Verstappen feliz.
O holandês deixou escapar algumas
afir ações fortes em que a visada era
a Renault, quando tinha debaixo do pé
direito cavalos-vapor de Viry-Châtil-
lon, evidenciando que não confiava
na capacidade técnica dos franceses.

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O seu novo contrato assinado em ja- de 2022, com Carlos Sainz e Charles válido para o próximo ano. Assim sendo, a decisão da Honda
neiro último válido até ao final de 2023 Leclerc, que tem contrato até ao final É esperado que assine um contrato de, poderá ter até implicações nas ne-
tinha como aliciante a continuidade da de 2024, mas a Mercedes poderá ter pelo menos, dois anos, o que levará até gociações entre Toto Wolff e Lewis
Honda com a Red Bull, um cenário que, uma porta aberta, ou duas. 2022, mas com Max Verstappen no Hamilton, seja porque o piloto de vinte
subitamente, se esfumou e que deixa Valtteri Bottas tem o seu lugar seguro mercado, a sua capacidade negocial e três anos poderá terminar ao lado do
grandes dúvidas quanto a competi- até ao início de 2022, ao passo que reduz-se substancialmente, até por inglês, criando uma situação em que
tividade dos monolugares de Milton Lewis Hamilton, muito embora seja que a Mercedes se mostra interessa- este talvez não se mostre interessado,
Keynes, no mínimo, a partir de 2022. seguro que continue com a formação da no holandês desde os tempos de ou porque substitua o hexacampeão
Um regresso às unidades de potência de Brackley, não tem ainda um acordo Fórmula 3 deste. mundial que se pode sentir tentado a
da Renault seguramente que não cairá rumar a novos ambientes ou deixar
no goto do holandês, que estará já a a Fórmula 1 para se dedicar aos seus
equacionar o seu futuro. interesses fora do automobilismo.
Verstappen assinou o seu atual acordo Por outro lado, com a introdução de um
baseado em certas premissas que, novo regulamento técnico em 2022,
com a saída da Honda, se modificaram, que poderá ter um impacto profundo
tendo, como é habitual, cláusulas de no equilíbrio de forças entre as equi-
rescisão que lhe permitem antecipar pas, Verstappen poderá sentir-se ten-
o seu fim em determinadas circuns- tado a permanecer na Red Bull mais
tâncias. dois anos e perceber se uma nova força
Não será de estranhar se a equipa de emerge fruto de uma interpretação
gestão do holandês estiver já a realizar apurada das novéis regras. Seja como
uma prospeção de mercado, tendo for, a decisão da Honda tem ramifica-
em vista 2023 ou, mais tardar, 2024, ções a diversos níveis e tem o potencial
quando o seu presente acordo termina para alterar a constituição das equipas
Nas restantes duas grandes, a Ferrari da frente e futuro de alguns pilotos de
tem o seu “line-up” fechado até ao final forma evidente.

F1/
FÓRMULA 1

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SCHUMACHER,ILOTT
ESCHWARTZMAN
TESTARAM
COM A FERRARI
Mick Schumacher, Callum
Ilott e Robert Shwartzman à Academia de Pilotos da Ferrari, a todos os procedimentos, que são há a potência extrema do motor e a
testaram com a Ferrari em têm estreia marcada para a primeira bastante complexos e também com a travagem quase instantânea”, disse o
Fiorano, como preparação para sessão de treinos livres do GP do Eifel, forma como uma equipa trabalha neste jovem inglês que está na Ferrari Drive
as sessões de treinos livres que têm no Nürburgring. nível superior do desporto. Há algumas Academy desde 2018 e é atualmente
agendadas até ao fi al do ano. Os três Robert Shwartzman rodará com a Alfa semanas em Mugello, pude conduzir o segundo classificado na F2 com três
pilotos rodaram com o Ferrari SF71H de Romeo no primeiro treino livre do GP um F2004, um carro fantástico, mas vitórias já obtidas este ano. Esta foi
2018 e Marco Matassa revelou que para de Abu Dhabi. agora bastante antiquado. Colocar-me a sua primeira vez ao volante de um
os jovens “não é fácil mudar do estilo Mick Schumacher, o atual líder da F2, ao volante de um carro híbrido de 2018 Ferrari, embora o jovem de 21 anos de
de condução exigido de um monolugar depois de ter obtido duas vitórias e permitiu-me compreender como a Cambridge tivesse testado um Alfa
de Fórmula 2 para um mais adequado alcançado um conjunto consistente eletrónica é importante para a Unidade Romeo Racing C38 de F1 no teste do GP
à Fórmula 1. O carro tem muito mais de resultados, está com a Academia de Potência e quanto progresso a F1 tem de Barcelona do ano passado.
potência, um sistema de travagem Ferrari desde 2019 e esta não foi a sua feito em termos de aerodinâmica. Mal Por fim, Robert Shwartzman. Para o
significativamente mais sofist cado primeira vez ao volante de um Ferrari. posso esperar para saltar para o cockpit russo de 21 anos, que tem três vitórias
e uma direção assistida que requer Em 2019, guiou o SF90 desse ano no na Alemanha e será bom participar na F2, obtidas este ano, esta foi a sua
sensibilidade e precisão para ser uti- Bahrein, tendo também posteriormente numa sessão de treino pela primeira primeira vez ao volante de um F1. O
lizado corretamente. Contudo, todos pilotado o Alfa Romeo C38 no mesmo vez em frente à minha multidão, em jovem, que faz parte da Academia
eles foram rápidos e começaram ime- teste. Mick Schumacher completou ‘casa’. Na equipa, há alguns mecânicos Ferrari desde 2017, teve um início cau-
diatamente a rodar a um bom ritmo.” o seu programa, com o objetivo de se que trabalharam com o meu pai, e isso teloso, mas rapidamente ‘apanhou o
Mick Schumacher e Callum Ilott vão-se familiarizar novamente com um F1: tornará o dia ainda mais especial”. jeito’ do carro e da pista: “Sonhei com
“Gostaria de agradecer à Ferrari e à Já para Callum Ilott: “Foi um dia in- o dia em que iria conduzir um F1 pela
estrear oficialmente num fim de FDA por me darem a oportunidade de esquecível. Já tinha guiado um F1 no ano primeira vez desde que era criança e
semana de GP na Fórmula 1, me colocar ao volante de um F1 com passado, mas desta vez rodei apenas fi almente chegou o dia. Guiar este
sendo que os jovens motor híbrido, alguns dias antes da 10 dias antes da minha estreia num carro foi fantástico e muito divertido.
pertencentes minha estreia num fim- e-semana fim- e-semana de GP. Agradeço à A potência é o que mais o impres-
de Grande Prémio, no Nürburgring. Ferrari por me ter dado esta oportu- siona: quando se acelera parece nunca
Foi muito útil habituar-me novamente nidade. O que me impressionou mais terminar. Os travões são igualmente
no SF71H foi a sua eficiência aerodi- impressionantes: o carro pára quando
nâmica, o que significa que tem níveis parece que é demasiado tarde para
de aderência que simplesmente não se fazer a curva. Para além da pilotagem
encontram noutras categorias. Depois propriamente dita, também foi especial
trabalhar com a equipa. São muitos
e prestam atenção a cada pequeno
detalhe. Trabalham realmente a um
nível muito elevado. Dou graças a to-
dos os que tornaram possível este dia
memorável”. .

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HONDA E CHEVROLET GP EMILIAROMAGNAF1
ESTENDEM ACORDOS
NA INDYCAR 13 MILADEPTOSNASBANCADAS

Para a Honda foi Rei Morto, Rei posto. Depois de ter anunciado O Grande Prémio de Emilia Romagna, que se realiza limitado, com a organização a premiar os profissionais
a saída da F1, a IndyCar revelou que os atuais fornecedores no circuito de Imola a 1 de novembro, já recebeu de saúde. Mas, a primeira corrida com adeptos nas
de motores, Honda e Chevrolet, comprometeram-se a longo autorização para ter adeptos nas bancadas. Em bancadas foi o Grande Prémio da Toscânia Ferrari 1000.
prazo com a disciplina e já têm previsto produzir e desenvolver Imola, as autoridades permitem 13 mil adeptos. Num evento que será de dois dias, os adeptos do GP
motores híbridos para 2023. Os novos motores substituirão as Em comunicado, os organizadores afirmam: Emilia Romagna vão ter acesso apenas durante as 9h30
unidades de 2,2 litros utilizadas desde 2012, e aumentarão os “Graças ao precioso e meticuloso protocolo de e as 18h. O uso de máscara é obrigatório, exceto quando
níveis de potência de 700 para 900 cv. segurança anti-Covid, apresentado à Região sentados. Os lugares sentados são específicos para se
Depois de anunciar a saída da F1, prolongou a presença na de Emilia Romagna, foi possível a presença de cumprir a distância social correta. À entrada do circuito
IndyCar: “A Honda congratula-se com este passo para o futuro da público, com 13 mil pessoas por cada dia”. também serão feitas verificações de temperatura.
IndyCar, ação que reflete os esforços da Honda para desenvolver Em 2020, as sete primeiras corridas foram todas Para além do GP Emilia Romagna, o Grande Prémio de
e fabricar produtos eletrificados de alto desempenho que irão efetuadas à porta fechada, sendo que em Monza, no Portugal, o Grande Prémio da Turquia e o Grande Prémio
responder aos desafios da indústria e encantar os nossos Grande Prémio de Itália, já houve um número muito do Eifel (em Nürburgring) terão público.
clientes. Na Honda, corremos para inovar tecnologias e envolver
os adeptos. Estamos orgulhosos da nossa liderança ininterrupta GUENTHER STEINER
de 27 anos na IndyCar, e ansiamos por fornecer uma unidade “A MELHOR SOLUÇÃO
de potência híbrida Honda de 2,4 litros com mais de 900 cv”, É CONTINUARMOS
revelou o presidente da Honda Performance Development, Ted COM A FERRARI”
Klaus. Recorde-se que o piloto da RLL, Takuma Sato ganhou
recentemente as 500 milhas de Indianapolis, ao volante de um
carro da Honda, e Scott Dixon, outro utilizador Honda, lidera
atualmente o campeonato.

Em 2020 o motor da Ferrari não é competitivo e a que é importante manter-se com a Ferrari: “Eu e
equipa italiana, juntamente com as equipas clientes, o Gene acreditámos em lealdade. A Ferrari tem
passam por muitas dificuldades. Apesar disso, desempenhado um grande papel na constituição da
Guenther Steiner, chefe da equipa da Haas, diz que nossa equipa. Agora estão com dificuldades, mas
a melhor solução é o motor italiano. A Haas, que são problemas a curto prazo. A Ferrari regressa
entrou para a F1 em 2016, tem estado sempre com sempre”. “Muitas das nossas infraestruturas estão
a motorização Ferrari. Em 2018, a equipa alcançou o em Itália, por isso é difícil ir para outro sítio. Mudar
quinto lugar no campeonato de construtores, mas de fornecedor poderia causar uma mudança para
em 2020 tem estado com muitas dificuldades com Inglaterra, o que não seria barato. De momento,
o VF-20, depois de 2019 também não ter corrido a melhor solução é continuarmos com a Ferrari”,
bem. Apesar da fraca performance, Steiner acredita finalizou Steiner.

FERNANDO regressa à Fórmula 1, isso não é
ALONSO suficiente. A Renault já colocou a
hipótese do espanhol rodar nos
FRUSTRADO COM testes de jovens no Abu Dhabi, com
FALTA DE TESTES o chefe de equipa, Cyril Abiteboul, a
pedir permissão à FIA. Também já se
Fernando Alonso expressou a sua colocou a hipótese do espanhol rodar
frustração perante a falta de testes com um carro mais antigo: “A Fórmula
neste seu regresso à F1 em 2021. O 1 é uma contradição. É o desporto
bicampeão do mundo [2005 e 2006] mais avançado do mundo, milhões
vai regressar ao campeonato com e milhões de investimento, mas
a Alpine, depois de ter feito a sua depois é o único em que um atleta
última corrida em 2018, no GP de está proibido de treinar. Em janeiro
Abu Dhabi. Para a próxima época as de 2021 há um dia e meio no total de
equipas já concordaram em limitar testes por carro e depois começa
os testes de pré-temporada para o campeonato. Se fores ao Jogos
apenas três dias. Para Alonso, que Olímpicos é impensável que treines
um dia e meio, mas, é o que é. Temos
de procurar meios alternativos, como
o simulador”, afirmou o espanhol
ao AS.

E/20
ENTREVISTA
ENTREVISTAFILIPE ALBUQUERQUE
OSONHO QUEFINALMENTE
SE TORNOU
REALIDADE

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21

Filipe Albuquerque está o automobilismo começa a ganhar um era algo que queria muito. E sincera- não conseguimos controlar. O facto é
numa das melhores fases novo impulso, à boleia das conquistas de mente, embora esteja muito feliz pelo que havia muitos carros competitivos
da sua carreira. As vitórias Albuquerque e António Félix da Costa. que conquistei, não sinto muito isso e que ficaram pelo caminho, uns por erros
sucedem-se a um ritmo Finalmente, dizemos nós! só penso que tenho de trabalhar ainda dos pilotos, outros por erros da equipa,
espantoso, e a qualidade que Uma semana depois da grande conquis- mais para a próxima corrida, pois quero outros por azares, como aconteceu com
todos lhe reconhecem recebe ta na mítica prova francesa, falamos com muito ganhar o campeonato da Europa, os nossos colegas de equipa do carro
agora os louros há muito Albuquerque para uma análise mais a quero muito fazer um bom resultado em #32, que estavam com um carro em
merecidos. No balanço da sua frio do que aconteceu naquele fim de Monza. É que tudo o que estou a viver melhores condições que o nosso a meio
participação em Le Mans, o semana que será recordado por muito agora é tão bom que tenho medo de o da corrida porque tinham mais veloci-
piloto de Coimbra falou ao tempo. Encontramos um piloto cansa- perder e sinto que vou perder esse fee- dade de ponta e com isso conseguiam
AutoSport do antes, durante do mas feliz com tudo o que está a vi- ling se não estiver no meu melhor nível ser mais rápidos. O carro do António
e depois daquelas longas 24 ver: “Admito que nesta fase já começo na próxima corrida. Estou a tentar des- [Félix da Costa] também estava muito
horas em La Sarthe a sentir algum cansaço, nesta correria frutar do momento claro, mas não perco bem, pois nas paragens nas boxes eles
que tem sido estes últimos tempos, com o foco na próxima corrida.” eram à volta de dez segundos mais rápi-
Fábio Mendes muitas entrevistas, mas que ao mesmo O carro #22 da United Autosports vi- dos. Por isso tivemos que lidar com cada
[email protected] tempo isso deixa-me imensamente fe- nha de uma série imparável de vitórias problema que foi surgindo sabendo que
FOTOS OJB Photopress/José Bispo; liz, como é claro.” e eram os favoritos à vitória, apesar da não havia volta a dar e que teríamos de
Philippe Nanchino e Oficiais forte concorrência, favoritismo que era lidar com esses problemas até ao fi al.
O QUE MUDOU? sentido na equipa, com a a pressão ine- No caso do carro do António, se contar-
Filipe Albuquerque tem sido o rente, mas com a noção que iam enfren- mos que fazemos mais de trinta para-
centro das atenções desde que O que é ser um vencedor de Le Mans? tar Le Mans e que a concorrência não ia gens, podemos ver o tempo que eles
conquistou a tão desejada vitória Uma pergunta que muitos pilotos se co- dar tréguas: conseguiram ganhar só aí.”
em LMP2 nas 24h de Le Mans. locam mas poucos conseguem obter a “Tinha a perfeita noção que éramos “Sentia que os nossos colegas de equipa
O piloto tem acumulado presen- resposta. Para Albuquerque, que acu- favoritos, que no papel tínhamos tudo do #32 nos iam dar muito trabalho, até
ças nos meios de comunicação mulou esse triunfo com o título virtual para ganhar, mas tive que lidar com a porque eles sabiam o que estávamos a
generalistas, distinções e homenagens. de campeão do mundo de endurance pressão e as expetativas que as pes- fazer e houve até uma situação em que
Para quem acompanha o AutoSport e em LMP2, as mudanças depois deste soas tinham, porque em Le Mans não eles começaram a copiar a nossa asa.
segue o desporto motorizado, sabe bem feito são… muito poucas: interessa o favoritismo. A prova é tão Sabíamos que a G-Drive é uma equi-
que este reconhecimento apensa peca “É algo engraçado porque a Joana, a mi- difícil com tantas ratoeiras, é tão exi- pa espetacular, que tem sido a nossa
por tardio, mas chega numa fase em que nha mulher, perguntou-me isso, se me gente, quer fis camente que ao nível da grande adversária no ELMS e seriam
sentia diferente, por ser campeão do mecânica, que há muitos aspetos que também em Le Mans. E sabíamos que
mundo, por ter vencido Le Mans, que

E/
ENTREVISTA

22

FILIPE ALBUQUERQUE

os carros assistidos pela JOTA também FINALMENTE... o melhor Audi e não estávamos em pri-
iriam ser muito rápidos. Ou seja, já está- meiro porque a Porsche estava a usar
vamos a falar de quatro carros capazes As duas primeiras passagem por Le reabastecimentos rápidos, poupando 5
de ganhar, fora outros carros que iriam Mans de Filipe Albuquerque pela Audi seg. por paragem. Mas estavam apenas
estar a colocar pressão.” A meio da cor- prometeram muito e sentíamos que o a um minuto de distância e daria para
rida o #32 parecia ter alguma vantagem português tinha o que era preciso para meter pressão mas infelizmente não
sobre o #22. Albuquerque admitiu que as vencer. Infelizmente o fim do projeto da aconteceu [um problema elétrico ditou
circunstâncias beneficiavam os colegas marca alemã obrigou-o a procurar ou- a queda do segundo para o sétimo pos-
de equipa naquela altura, mas a vanta- tras soluções, que nem sempre lhe de- to]. Mas mesmo no Ligier, fi emos pro-
gem foi sempre controlada e gerida da ram o melhor carro. Na primeira vez que vas fantásticas, no primeiro ano ficamos
melhor forma: “Tivemos muitos danos na teve um carro LMP2 verdadeiramente em quarto e tínhamos um carro muito
corrida, um deles comigo, com o Tristan competitivo…o resultado está à vista: lento. Podíamos ter ficado em terceiro
Gommendy , que numa travagem bate- “Eu sentia que poderíamos ganhar a no ano seguinte, mas infelizmente o Paul
-me de lado e parte algumas peças do corrida e sabia que eu tinha andamen- di Resta bateu, no ano passado ficamos
carro. O Paul di Resta apanhou com um to para isso, até porque quando estava em quarto. Ou seja mesmo com um carro
destroço que estava em pista que bateu na Audi, o meu carro das duas vezes inferior aos outros, conseguimos exce-
em cheio no nariz do carro, o que pro- foi o mais rápido dos três. No primeiro lentes resultados. Este ano, no arranque
vocava mais atrito ao ar. O #32 quando ano fomos abalroados por um GTE em da prova, nem queria acreditar no carro
veio para as boxes trocou várias partes fase de chuva, no segundo ano éramos
e o carro ficou muito mais aerodinâmi-
co que o nosso, que já estava mais sujo
e danificado. Mas a verdade é que está-
vamos com um ritmo de gestão de cor-
rida e de não correr riscos nenhuns, o
que implica um andamento diferente e
uma mentalidade completamente dis-
tinta. Não éramos propriamente lentos,
mas fi emos a gestão que achávamos
que era a ideal. “
“Nas primeiras três, quatro voltas admito
que forcei o andamento, mas depois co-
mecei a poupar gasolina para fazer mais
uma volta, comecei a subir menos nos
corretores, a não forçar tanto pois ain-
da faltava muito tempo. Houve o caso do
James Allen que passou por mim e que
depois bateu nas curvas Porsche perto
do fim,o que é de um piloto que não sabe
gerir o andamento numa prova destas.
Mas temos de lidar com isso e para ven-
cer, primeiro é preciso terminar a prova. “

FILIPE
ALBUQUERQUE
HOMENAGEADO
PELO MUNICÍPIO
DE COIMBRA

Filipe Albuquerque foi homenageado pela
Câmara Municipal de Coimbra com a Medalha de
Reconhecimento do Município pela vitória nas
emblemáticas 24h de Le Mans. O reconhecimento
público foi feito pelas mãos de Manuel Machado,
Presidente da Câmara, e pelo Vereador do Desporto,
Luís Cidade. No final da cerimónia Filipe não escondeu
a satisfação: “Nasci e vivo em Coimbra. É por isso com
orgulho que levo o nome da minha cidade no capacete
em todas as provas que disputo pelo mundo. Sinto-
me orgulhoso deste reconhecimento, pois o Município
tem apoiado a minha carreira há muitos anos e é
importante perceber que continuam a acreditar no
meu sucesso profissional”, referiu.

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23

que tinha nas primeiras voltas, compa- lizmente já não está com Albuquerque,
rando com as dificuldades que sentia mas que o ajuda a atingir os objetivos.
com o Ligier. Eu fiz aquela volta rápida Alguém muito importante na vida e na
por puro prazer e completamente sob carreira do piloto e que foi muito lem-
controlo e se fui por fora com o LMP1 brado quando a vitória fi almente sor-
é porque estava espantado por ele ter riu: “Eu já me sentia na minha melhor
travado tão cedo. Eu tinha tudo sob con- forma desde o tempo do Ligier onde
trolo e podia travar mais tarde e quase consegui fazer grandes qualificações.
passar o ByKolles e por isso fiquei es- Analisando o que dependia de mim,
pantado com a qualidade do nosso carro. sentia-me em bom nível nestes qua-
Fizemos grandes corridas com o Ligier tros anos com o Ligier até porque, se
e posso até dizer que fi emos corridas não me engano apenas numa ou duas
melhores do que estamos a fazer ago- corridas não fomos o melhor Ligier. Isso
ra com o Oreca, pois com o Ligier, para demonstra o nosso andamento. Agora
conseguir bons resultados tínhamos de temos um carro em que não temos de
ser perfeitos. Infelizmente ninguém via ser ultra-perfeitos para os resultados
isso pois ninguém consegue entender a surgirem. Mas acredito que também é
diferença de valia das duas máquinas, preciso ter uma pontinha de sorte, não
mas o facto é que desde que mudamos há campeões sem aquela estrelinha e
de carro, só não acabamos duas vezes acho que desde que o meu pai faleceu
no pódio devido a problemas elétricos. “ tenho tido essa estrelinha e tenho um
anjo da guarda que me dá um pouco
PONTO ALTO mais de sorte e as coisas têm corrida
de forma fantástica. Tento perceber o
Será esta a melhor fase da carreira do porquê de tanto sucesso ultimamente
piloto de Coimbra? Provavelmente sim e por vezes até questiono se o mereço,
e tal pode ser explicado com a estreli- mas sei também que tive muitos anos
nha de campeão que agora acompanha com muito azar.”
o piloto. Ou talvez seja alguém que infe-

E/
ENTREVISTA

24

FILIPE ALBUQUERQUE

“Claro que quando ganhamos a memória e não consegui por isso só vou acreditar que se saúda e que está muito ligada béns como disse o nosso Presidente da
do meu pai estava muito presente. Mas quando ganhar mesmo. Sou muito ex- aos sucessos recentes, uma porta que República quando me ligou. É fantástico
agarro-me ao que disse, a este sucesso periente a perder, infelizmente, por isso agora se abre e que se espera possa e é bom que tanto eu como o António,
todo que tenho conseguido ultimamen- tenho de treinar muito, preparar-me o trazer mais pilotos para a ribalta: “Tem como o Miguel estejamos a consegui-
te. Mesmo que não vencesse Le Mans as melhor que posso. São duas corridas sido uma guerra para os pilotos de au- -lo e não interessa quem o consegue.
coisas já estavam a correr muito bem, ótimas, pois adoro Monza, conheço mui- tomóveis conseguirem singrar e apa- O que interessa é que esteja a ser feito
mas ainda correu melhor. Conseguimos to bem por isso vou-me sentir muito à recer nas capas dos jornais. Creio que mas temos de continuar a tentar fazer
a quarta vitória consecutiva para o WEC vontade, tal como em Portimão, mas sei tanto eu como o António como o Miguel com que os media estejam mais aten-
que é um novo recorde. Claro que ain- que a G-Drive e que o carro #32 vão estar [Oliveira] temos ajudado a abrir essas tos ao desporto motorizado.”
da estou numa fase de luto, e creio que muito fortes e agora ainda mais chatea- portas e mostrar às pessoas a qualidade
todos nós, quando perdemos alguém dos por não terem ganho Le Mans. Vou que há a nível nacional no desporto mo- FUTURO ESTÁ À PORTA
tão importante na nossa vida tenta- ter de gerir essa vontade toda da parte torizado e é impossível não olhar para o Quanto ao futuro, se Albuquerque ti-
mos perceber e dar explicação às coi- deles e sei que eles se vão apresentar sucesso que estamos a ter. Já tive alguns ver de escolher entre um LMDh ou um
sas, mas muitas vezes essa explicação muito fortes. “ picos de notoriedade como quando ga- Hypercarro… a escolha não será fácil. Os
não existe. Mas sei que o meu pai, onde Aos poucos temos visto mais pilotos nhei a Corrida dos Campeões e as 24h rumores começam a aumentar e os re-
quer que esteja está super feliz pelo que nas TV generalistas, e os seus feitos de Daytona, Agora estou a beneficiar do sultados recentes do piloto luso fazem
está a ver e pelos resultados que estou começam a ter mais repercussão na sucesso do Miguel e do António e é claro dele uma escolha óbvia para qualquer
a alcançar.” população em geral. É uma mudança que o desporto motorizado está de para- equipa com ambição para vencer. A
Quando o piloto de Coimbra surge na
TV, normalmente está sorridente e com
uma boa disposição contagiante mas
nos momentos fi ais de Le Mans, vimos
um Albuquerque nervoso como nunca,
naquele que foi o momento mais tenso
que viveu na boxe, seguido de um mo-
mento de grande alegria e orgulho pela
prestação do seu colega de equipa, Phil
Hanson: “Acho que sim que foi mesmo o
momento da maior nervosismo na boxe.
As oportunidades para ganhar Le Mans
são poucas e depois de 23h na frente, as
coisas a mudarem de repente com um
Safety Car e termos de vir à boxe quan-
do o carro da JOTA talvez não tivesse de
o fazer… começar a sentir que a corrida
podia escapar a 10 minutos do fimdepois
de termos estado tão bem, seria muito
ingrato. Por isso estava muito nervoso e
eu que sempre tinha sonhado ir ao pó-
dio, iria ter um sabor muito amargo se
não vencesse. Mas eu acho que o Phil
esteve muito bem, desde a passagem
ao Ferrari, até queimar a entrada da
boxe. Tinha de ser tudo no limite para
conseguirmos sair à frente porque não
sabíamos se o Anthony [Davidson] ti-
nha de ir à boxe ou não, por isso o Phil
esteve brilhante porque não cometeu
nenhum erro. Temos de lhe dar os pa-
rabéns pela sua prestação, mas não lhe
menti que estava nervoso, porque não
estava no controlo da situação. Se es-
tivesse no carro provavelmente esta-
ria menos nervoso. É mais difícil para
quem está a ver.
Sinto muito orgulho do que o Phil tem
feito e da forma como tem evoluído.
Houve alturas em que eu lhe estava a
dizer o que ele tinha de fazer mas ele já
o estava a fazer e fico muito orgulhoso
pois ao longo destes anos ele tem esta-
do muito atento ao que lhe digo e o facto
é que ele esteve muito bem.”

AGORA A ELMS

Mas a ambição de Albuquerque não pára
e o piloto já está focado no próximo obje-
tivo: “O grande objetivo agora é o ELMS.
Já estive perto de o vencer várias vezes

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escolha do projeto ideal será funda- tão a mandar alguns piropos, mas isso piloto espetacular e ainda por cima so- estranho termos pilotos considerados
mental mas para já… apenas rumores para já não conta para nada pois não é mos muito parecidos a nível de altura e dos melhores do mundo. Para nós que
e nada mais: “Escolher entre LMDh e nada oficial e nada concreto. Para já só fazer o banco era fácil. Somos ambos temos a felicidade de acompanhar as
Hypercarros?Teria que me sentar e ou- temos a Peugeot com um projeto novo portugueses e conhecemo-nos bem. carreiras destes talentos, é algo que
vir os planos de uma parte e de outra. para Le Mans. Fala-se na Porsche, fa- Mas o António está muito envolvido repetimos sem nos cansarmos pois é
Não sei. Sinceramente não sei qual vai la-se na McLaren. Vamos ter de espe- na Fórmula E eu estou claramente di- uma verdade que nos enche de orgulho.
ser o melhor carro e é um ponto de in- rar mais um pouco até para ver quem recionado para resistência e é aí que me Albuquerque é um piloto fantástico, que
terrogação para muita gente. Eu acho é que a Peugeot escolhe para o seu lote vou manter, não pretendo mudar para teve finalmente o merecido prémio por
que o que existem são apenas rumores. de pilotos e também se os outros cons- mais lado nenhum, portanto os próxi- todo o seu esforço e todo o seu talento,
Tenho ouvido falar que estou no topo da trutores vão entrar ou não.” mos meses vão dizer qual será o meu num ano que está a ser de ouro para as
lista de alguns construtores, mas isso O futuro a médio prazo parece ser riso- futuro. Nunca escondi que o meu obje- cores nacionais. Um raio de sol que ilu-
não quer dizer nada. É como sermos fa- nho para Albuquerque. Uma dupla com tivo era vencer Le Mans à geral. Quando mina a penumbra que a pandemia lan-
voritos a ganhar uma corrida. Só conta Félix da Costa seria o sonho de qualquer a Audi saiu tive muita pena de ter de ir çou sobre o nosso país e o mundo. Um
quando for contactado pela pessoa res- português, mas a única certeza que te- para LMP2 pois forçosamente não ha- motivo de alegria que esperemos que
ponsável e me oferecem um contrato. mos é que Albuquerque quer manter-se via lugar em mais lado nenhum mas se repita, mas agora na classe principal.
Até lá, são apenas especulações. Há na resistência por muitos anos e não gostava de voltar aos LMP1 e correr à A prova foi dada… se lhe derem o carro
algumas conversas com algumas pes- pensa noutras paragens: “Fazer dupla geral, por um construtor. É essa a mi- certo, Filipe Albuquerque trata de chegar
soas ligadas a certos grupos que me es- com o António era fantástico, ele é um nha ambição e o meu sonho. Falta-me ao objetivo traçado. Aguardamos ansio-
ser campeão europeu, ganhar o IMSA, samente pelas novidades do seu futuro,
ganhar Sebring, falta o campeonato mas antes disso vamos torcer para que
do mundo, ganhar Le Mans à geral... o ELMS venha fi almente para Portugal,
há sempre mais a conquistar e depois além da confir ação do título mundial
repetir tudo outra vez, porque não? ” em LMP2. Filipe Albuquerque para nós
Para muitos dos que agora tomam co- sempre foi um campeão, agora o rótulo
nhecimento do talento que Portugal tem é óficial. Ainda vamos sorrir muito gra-
no desporto motorizado, pode parecer ças ao Filipe.

E/26
ENTREVISTA

Fábio Mendes FÉLIX DAANTCÓONSTIOA
[email protected]
FOTOS Oficiais; JB Photopress/ O António Félix da Costa atravessa uma excelente
José Bispo fase na sua carreira e juntou ao campeonato de

Não é todos os dias que se fala Fórmula E um pódio em Le Mans. O AutoSport
com um campeão do mundo falou com o piloto de Cascais e passou em revista
(os mais preciosistas dirão
que o título mundial não é ofi- os acontecimentos da prova francesa e tentou
cial, mas uma competição do
calibre da Fórmula E merece CAMPEÃOespreitar o futuro do piloto
neste momento que seja assim desig- QUEQUER SEM
nada, algo que acontecerá oficialmente Esse pneu funcionou muito melhor e
na próxima época). É um privilégio dado estivemos muito mais próximos dos que tínhamos para dar e tivemos sorte outlap, o que implica muito tempo per-
a poucos mas, desta vez não falamos Michelin. Por isso contando com as nos- com alguns carros mais rápidos a terem dido. Só em furos perdemos à volta de
com um campeão qualquer. Falamos sas forças e fraquezas sabia que o top problemas. A minha equipa fez um tra- dois minutos. Mas considerando tudo,
com o António Félix da Costa, igual a si 5 era um resultado alcançável. Mas em balho excecional, como tem sido habi- acho que um segundo lugar é ótimo.”
mesmo, simples e honesto. Agora com Le Mans não se pode contar com teorias tual, mas nas boxes então foi demais,
uma pressão menor em cima dos om- nem normalidade, pois enfrentamos pois ganhávamos muito tempo nas pa- DO SPRINT À ENDURANCE
bros, e com o reconhecimento que lhe sempre muitos imprevistos e vimos ragens, no mínimo 5 seg. para o carro do Corridas de endurance são um ambiente
é devido, mas com o mesmo à vontade logo no início vários carros a sofrerem e Filipe [Albuquerque]. Os carros da Alpine muito diferente das corridas sprint. Félix
e a mesma paixão pelas corridas. Foi achamos que podíamos tirar algo mais, e da G-Drive estavam com tempos nas da Costa cresceu nas provas de sprint,
neste tom leve que recordamos aquele nunca mudando a nossa mentalidade. paragens muito parecidos aos nossos. mas adaptou-se rapidamente à fi osofia
fim de semana louco de Le Mans, em Desde que cheguei à equipa disse ao Isso depende muito da abordagem que do endurance e desde que começou nes-
que um “tuga” fez a vida negra a outro Roberto e ao Anthony [Davidson], em- cada equipa faz às paragens. As nossas tas andanças, não tem cometido erros,
“tuga” na classe mais renhida e interes- bora este tenha muito mais experiência por serem mais rápidas podiam estar ao contrário de outros pilotos sprint que
sante as 24h de Le Mans 2020, a LMP2. que eu, que é indiferente se perdemos mais propensas a erros, como acon- por vezes não conseguem medir o seu
Do nosso ponto de vista, um português um segundo no tráfego ou noutras coi- teceu comigo numa das paragens em esforço. Junta-se a isso uma tripla onde
em luta com outro português pela vitó- sas. Não queria travagens bloqueadas, que fiquei com os cintos todos torcidos reina a sintonia e não há luta de egos e
ria em Le Mans é algo que para nós é... não queria saídas de pista, não queria e até se acabaram por soltar e com isso a fórmula para o sucesso está encon-
um cenário perfeito. toques com GT e foi essa mentalidade perdemos um minuto. A juntar a isso trada: “Eu tive sorte em certos momen-
Ainda antes do arranque das “hostili- que tentei introduzir e que trouxe da tivemos dois furos lentos, um deles na tos da minha carreira de ter colegas de
dades”, Félix da Costa sabia que rea- BMW. O Augusto Farfus incutiu-me
listicamente um bom resultado em Le muito esta fi osofia de fazer corridas de
Mans não implicaria forçosamente uma endurance e a realidade é que o Roberto
presença no pódio e os motivos para este ano ainda não fez um erro sequer.
isso eram fáceis de explicar: “Quando E isso é muito bom para ele e para nós
eu fui para Le Mans sabia que num bom e acho mesmo que esprememos tudo
cenário, se tudo corresse bem e se fi-
zéssemos tudo bem, um top 5 já era um
resultado espremido. Por varias razões:
temos uma equipa boa uma tripla boa,
um silver que faz muito bem o seu tra-
balho, mas que no dia seguinte a prova
teve de ir para o escritório. Aqui entra-
mos numa questão por onde não me
quero alongar muito, mas se alguns
pilotos são silver o Roberto [González]
tem de ser bronze. Depois tínhamos
também a questão dos pneus, embo-
ra a Goodyear tenha vindo a fazer um
trabalho muito bom, tendo desenvol-
vido um pneu especificamente para Le
Mans, por ser uma prova com tempe-
raturas mais baixas do que o habitual.

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PRE MAIS

e/
ENTREVISTA

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equipa muito bons, que me ensinaram cutir aos meus colegas de equipa e as mais um stint duplo. Estavamos com
muito e que me deram muito na cabeça. mudanças são claras se compararmos 20 seg. de avanço, ele estava a andar
O primeiro que me lembro é o [Valtteri] com o que, por exemplo, o Roberto fazia bem e disse para deixarem o homem
Bottas na Fórmula Renualt 2,0 em 2008, no ano passado com outros colegas de brilhar e ele aceitou fez mais um duplo
que tinha um estilo de condução mui- equipa. Há esta mentalidade de não errar e um excelente trabalho.”
to particular. Eu levava na cabeça, mas e deixar os egos de lado. Por exemplo,
obrigou-me a aprender muito rápido e nas qualificações o Anthony tem mais BLUFF E ‘POKER FACE’
permitiu-me melhorar muito. Agora no experiência. E quando chegava a pistas
endurance com a BMW quem me en- que não conhecia tão bem eu próprio Le Mans teve um fi al de cortar a respi-
sinou muito foi o Augusto. Ao ponto de dizia para ele qualificar. Quando chega- ração nos LMP2, com tensão e incerteza
em Nordschleife ele dizia para termos mos à Europa como já conhecia melhor no resultado. A JOTA tentou tudo para
calma, não cometermos erros, até que as pistas ele próprio disse “Não, agora enganar a United e foi por um porme-
chegou uma altura às cinco da manhã, qualificas tu”. Não há egos, as coisas nor que a vitória não ficou decidida de
em que ele sai do carro e entro eu, ele funcionam muito bem e é importante outra forma: “A realidade é que está-
está a apertar-me os cintos e agarra-me ter esta dinâmica numa equipa. E se não vamos a um minuto e tal do carro do
na boca do capacete e diz-me “António, for assim não faz sentido. Se o Anthony Filipe no começo da prova e a 10h do
tá na hora de acelerar” e fecha a por- estiver dois segundos por volta mais rá- fim estávamos a 15 seg. e foi aí que tive
ta. Ali aprendi que há alturas para ir a pido não tenho de ficar chateado, tenho o problema com os cintos. Ao tentar
fundo e alturas em que temos de gerir.” é de estar contente porque tenho mais ajustá-los dou um toque na peça que
“Quando a JOTA me ligou e estava a pen- hipóteses de levantar a taça no fim do os prende e desapertei os cintos, tive
sar contratar-me e eles pediram-me o dia. O Roberto também tem essa ca- de voltar à boxe e perdemos muito. Todo
meu historial no endurance. Eu fiz um pacidade de entender que como não é o trabalho de recuperação foi por água
documento com as minhas médias, mas o mais rápido faz o tempo dele e depois abaixo ali, mas disseram-me no rádio
sublinhei que, tendo corrido nas 24h sai e não exige fazer mais uma hora, que em 10 horas conseguimos voltar a
de Daytona, Nordshleife e duas vezes porque ele está a pagar para isso. Em recuperar o tempo perdido. Assim foi,
Le Mans, posso não ser sempre o mais Xangai por exemplo ele estava a andar começamos a recuperar e na última hora
rápido em pista mas ainda não cometi bem no carro e eu disse ao engenhei- estávamos a 45 seg. mais ou menos.
um erro. Nunca. E é isso que tento in- ro para lhe perguntar se queria fazer Sabíamos que estávamos desfasados
duas voltas ao nível das paragens e na

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fez um trabalho mais completo, não só
nesta corrida como na época toda. Foi
o que eu disse ao Filipe antes da corri-
da, “Vocês não tem de inventar, é só ir
com calma”. Foi o que eles fizeram, não
cometeram erros e acho que está mui-
to, muito bem entregue.”

última hora estava no pit wall e disse ao MAIS RELAXADO
engenheiro “agora um Safety Car (SC)
é que era bom” e pouco depois acon- Apesar de chegar a Le Mans campeão de
tece isso mesmo. Começamos a fazer Fórmula E, não foi essa a maior mudan-
contas e se o SC ficasse em pista mais ça que Félix da Costa sentiu este ano. A
uma volta conseguíamos chegar ao fim abordagem mais relaxada que usou este
sem ir à boxe. ano pode ter sido uma das chaves para
Para a United conseguir o mesmo, o SC o sucesso. O piloto falou dessa aborda-
teria de ficar mais duas voltas. Não acon- gem e dos stints que mais o marcaram
teceu, mas foi o suficiente para fazer o este ano: “Esta é a minha terceira par-
‘bluff’ embora soubéssemos que não ticipação em Le Mans e sinto muitas
tínhamos combustível suficiente. Eles diferenças em relação às duas primei-
tinham o Phil que é rápido mas o mais ras passagens. Com a BMW o ambien-
inexperiente, e nós tínhamos o Anthony te era mais tenso, e isso inconsciente-
que é o mais experiente e ele entendeu mente afeta-nos também e na primeira
muito bem a mensagem. Nós ainda ten- vez que me sentei no carro da BMW em
támos poupar gasolina e foi por causa Le Mans, ia nervosíssimo com a preo-
disso que o Phil saiu à nossa frente da cupação de que não podia errar e isso
boxe, mas o Anthony estava muito per- torna-te lento. Mas isso é algo que te
to. Aí eu vi a cara do Filipe de assustado afeta a primeira vez e depois lidas com
mas eu sabia que tínhamos de entrar na isso bem. No segundo ano eu arranquei
boxe e a ideia de vencer a corrida quase e também tinha a preocupação de não
não existia, algo que entendi logo que bater. Mas este ano estava muito mais
o SC saiu de pista. Mas foi divertido e tranquilo e o meu primeiro stint foi dos
quando começámos a fazer as contas mais giros. O primeiro stint ao Anthony
ao tempo perdido nos contratempos não correu tão bem, íamos em sétimo
o fi al podia ter sido diferente. Apesar e quando entrei fartei-me ultrapassar
disso ganhou a equipa mais rápida, que carros e subimos para terceiros e foi dos
mais divertidos. Os da noite também fo-
ram muito engraçados especialmente
quando estava a ter lutas por posição
às quatro da manhã, quando faltavam
10h de corrida.
Logo de manhã, o Roberto teve um furo
e para as paragens começarem a bater
certo, eu faço um triplo e eles pergun-
tam-me se consigo fazer mais um triplo,
mas respondi “não me levem a mal mas
mais um triplo não dá. Faço mais um
se quiserem mais um triplo já não dá”.
Temos de ter a noção dos nossos limites
e tenho de admitir que eu já não via bem
sequer. E por isso é também importante
ter confiança na equipa para delegar.”
Apesar da abordagem cautelosa, por
vezes é preciso arriscar como acon-
teceu logo no início: “Naquele primeiro
stint, o nosso carro não era o mais rápi-
do em reta e metemos mais downforce
porque achávamos que ia chover. Isso
dificultou muito as ultrapassagens e
andei umas cinco voltas atrás do carro
da Algarve Pro Racing, que estava mais
lento. Na segunda hora de corrida já
estava farto daquilo e mandei-me e de
facto aquilo podia ter corrido mal mas
o [Simon] Trummer viu-me e correu
tudo bem. Às vezes quando tem de ser
temos de arriscar.“
Félix da Costa é agora um piloto mais
relaxado, ainda mais sorridente, e com
uma dose de confiança como há muito
não se via. A mudança de realidade (da
BMW para a Techeetah) fez bem ao pi-

e/
ENTREVISTA

30

loto luso, que agora se sente acarinha- altura corria contra dois ou três pilotos competições de peito cheio porque so- como é normal, mas vai haver espaço
do e capaz de ser competitivo em qual- bons. Agora na Fórmula E são vinte pi- mos tão bons ou melhores que eles. E para outros e tenho a certeza que serei
quer lado: “Eu sinto que desde que saí da lotos bons e ganhar uma corrida tem é essa mentalidade que eu quer incutir um dos pilotos considerados para essas
BMW, uma saída que fizcom muita pena um valor diferente. É uma excelente nos miúdos que estejam a começar as vagas. Nada está feito para já, mas te-
como toda a gente sabe, sou um piloto fase, mas sei também que estas fases carreiras agora. Temos que meter mais nho a certeza que pelo menos poderei
muito mais relaxado, a DS demonstra vão e vêm e por isso tenho de aprovei- miúdos nos desportos sejam eles quais ter essa hipótese.”
que me quer e sinto-me muito bem lá. tar. Certamente que voltarei a ter dias forem, pois temos visto este ano que o
Também sinto isso na JOTA e o Roberto maus, mas enquanto isso é aproveitar desporto traz uma felicidade coletiva e INDYCAR, DAKAR,
disse-me uma vez “que sorte termos- ao máximo.” une as pessoas. Permite esquecer das
-te aqui no carro”, tudo isso a juntar aos políticas e das doenças e ajuda a sorrir. MUNDIAL DE KARTING...
resultados positivos, aumenta a minha REABRIR PORTAS E em vez de sermos três temos de ser
confiança. Na BMW não senti tanto isso. muito mais.” Indycar pode também ser destino para o
E a confiança é algo fundamental para O impacto das vitórias portuguesas nos Um piloto está sempre a olhar para a piloto de Cascais que poderá testar ain-
qualquer atleta de alta competição e a media generalistas é algo raramente próxima curva e o futuro de Félix da da este ano: “Tenho a Indycar que ado-
realidade é que tenho estado cheio de visto por cá, uma mudança que se saú- Costa tem tudo para trazer ainda mais rava pelo menos experimentar o carro.
confiança em mim e tenho a certeza que da e que Félix da Costa quer ver conti- alegrias. O projeto da Peugeot poderá Sempre tive o sonho de ir à Indycar e só
quando me sentar num carro e tudo es- nuar, independentemente da modali- ser um destino para o piloto luso, mas quero quando terminar, poder pelo me-
tiver bem, posso não estar em primeiro dade: “Acho que que tanto eu como o para já, não há certezas: “Enquanto pi- nos dizer, não corri lá mas experimentei
mas vou andar lá perto. Eu agora sen- Filipe como o Miguel [Oliveira] estamos loto há duas ou três coisas que gostava o carro. Há conversações com uma ou
to-me no carro estou feliz, estou a rir e a abrir uma porta que até agora pare- de fazer antes de terminar a carreira. duas equipas para fazer um teste até
a divertir-me e isso faz com que tudo cia fechada. Mas isto tem acontecido de Uma delas é ganhar Le Mans à geral e ao fi al deste ano. Não é muito provável
saia mais naturalmente.” forma mais generalizada, pois vemos no por isso o projeto da Peugeot poderá mas há essa possibilidade em cima da
“Acho que é a melhor fase da minha surf com o Frederico Morais, no ténis ser a minha melhor hipótese a curto mesa. Gostava de fazer o campeonato
carreira. Já tive fases muito boas em com o João Sousa, no Golf com o Pedro prazo. O meu chefe é também o chefe do mundo de Karts em Portimão este
campeonatos que se calhar não tinham Figueiredo e com o Melo Gouveia e es- desse projeto, o Carlos Tavares, por isso ano e irei testar lá para ver como está o
tanto impacto mediático. Em 2012 por tamos a mudar um pouco a mentalidade estamos bem posicionados para po- meu nível. E a juntar a isso quero fazer
exemplo, parecia que em cada carro portuguesa que ia para uma competi- der tentar algo. Obviamente vai haver um Dakar… tenho mesmo de fazer um.”
que me sentava ganhava tudo, mas na ção e se atemorizava quando via atletas muitos pilotos franceses nesse projeto Quanto ao futuro já definido, a DS
de outros países. Agora entramos nas Techeetah é o destino para a próxima
época e os preparativos já começaram

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31

e Félix da Costa está radiante com a nos seis anos da BMW. É impressio- a possibilidade que se esfumou quan- entrar na F1 são muito, muito baixas.
mentalidade da equipa, que comparou à nante. Custou-me muito sair da BMW, do tudo parecia encaminhado é ci- Até porque os únicos lugares que estão
Mercedes da F1: “Esta equipa surpreen- fiz muitos amigos lá e tenho a certeza clicamente referida e há poucos dias disponíveis neste momento são lugares
de-me a cada dia porque, ganham há que o potencial para eles terem sucesso Christian Horner referiu que seria inte- que são pouco interessantes, com o de-
dois anos seguidos (como DS) e o em- está todo lá também. Mas estou muito ressante ver o português num F1. Mas vido respeito pelas equipas. Não quero
penho, a motivação e a força que eles feliz com esta minha fase.” o piloto da DS relativizou o comentário: ir para a F1 para ser um número quan-
têm de melhorar é de loucos. Já tes- Para voltar a ter sucesso, DAC, como “Eu vi a notícia a sair muito por vias do na Fórmula E sou campeão. Tenho
tamos como motor novo, do ano que é conhecido na Fórmula E terá de en- portuguesas e tenho a certeza que ele o respeito de muitos dos pilotos da F1 e
vem que é um avanço significativo. E frentar o seu colega de equipa Jean-Éric disse isso num contexto específico e quando ganhei o campeonato 70% deles
estou completamente alinhado com a Vergne, que na época passada não lhe não apenas assim como foi veiculado. me ligaram ou mandaram mensagem
mentalidade da equipa e saí desse teste facilitou a vida: “O confronto com o JEV Eu sempre tive uma relação muito boa a dar os parabéns. E se for para lá para
muito contente. Tenho a certeza que as vai dar faísca outra vez mais isso vai e com o Christian, e quando eu corria levar voltas de avanço deles esse respei-
outras equipas vão melhorar também vem. No dia ele fica nervoso mas depois pela Arden, a equipa dele e do pai dele, to desaparece. Prefi o estar na Fórmula
mas é como na F1, todas se aproximam no dia a seguir já tá OK. Ele é assim, há eu era o menino querido dele. E a ganhar do que ser mais um na F1. “
da Mercedes mas eles continuam na dias que somos os melhores amigos, ou- Quando eu não entrei na F1, o contrato A forma é passageira mas a classe é in-
frente e revejo muito a mentalidade da tros em que não me fala, mas da minha do Kvyat era só de três corridas e ele temporal. A forma de António Félix da
Mercedes na DS.” parte se ele for sempre justo comigo, se dizia que me queria pronto para entrar Costa é agora notável e todos torcemos
A mudança para a DS foi um choque e ficar à minha frente nunca deixará de a qualquer altura. Eles sabiam que era para que assim se mantenha por muito
uma aposta de risco, mas que tem dado ter um sorriso e as devidas felicitações, um risco apostar no Kvyat mas ele até tempo. Mas inevitavelmente virá o dia
frutos muito saborosos. A coragem para como foi sempre este ano. Se calhar não fez uma época muito boa e aí as minhas em que os resultados não são os deseja-
mudar e sair da zona de conforto foi pre- vamos ser os melhores amigos mas vai hipótese foram por água abaixo mas ele dos. Mas temos a certeza que depois de
miada com um título de campeão, um haver sempre respeito e somos pilotos sempre fez força para estar pronto a en- tudo o que enfrentou, Félix da Costa terá
segundo lugar em Le Mans e a possibi- da DS e os interesses da equipa estão trar a qualquer momento. Mas o que ele a capacidade de dar a volta e fazer-nos
lidade de ser vice-campeão do mundo acima disso.” disse agora vale o que vale e até o Toto sorrir novamente, sempre com a sua
em LMP2. Uma mudança complicada Wolff disse-me aqui há dias que devia boa disposição. O título é dele e agora
mas que valeu a pena: “Sim foi aposta FÓRMULA 1 E O RISCO KVYAT experimentar os F1 de hoje em dia são queremos mais. Queremos o vice-cam-
ganha a 100%. Tenho mais taças ganhas muito giros. Isso pode dar aso a boatos peonato do WEC em LMP2 e queremos
em casa nos últimos doze meses do que É um tema quase incontronável quan- mas realisticamente as hipóteses de o bi. Como diz o António… Vamos!
do falamos com Félix da Costa… A F1 e

TT/32 SÉBASTIEN
TODO-O-TERRENO LOEB NO

José Luís Abreu ADAPKRAORDRCOIVME
[email protected] de carbono e pesa cerca de 1.850 kg. O Sébastien Loeb já definiu o seu futuro imediato e depois de
FOTOS BRX duplo vencedor do Dakar, Nani Roma, já anunciar o fim da sua ligação à Hyundai, assegurou o regresso
foi anunciado na equipa: “Aqui estamos
No mesmo dia em que se des- nós no fim da aventura com a Hyundai ao Dakar, com um buggy RX, carro e equipa desenvolvido e
pediu da Hyundai, Sébastien Motorsport – e que aventura tem sido! preparado pela Prodrive
Loeb confir ou que vai correr Estou extremamente grato pela oportu-
no Dakar com a Prodrive. Sem nidade que me deram durante estes dois nem a Hyundai Motorsport nem eu que- David Richards, fundador e presidente da
perder tempo! Existia alguma anos, oferecendo-me um programa par- remos fechar completamente o livro de Prodrive, lidera a também BRX, ele que há
especulação face ao seu fu- cial, totalmente de acordo com as minhas vez”, disse Sébastien Loeb, que como se muito tem ligações ao Médio Oriente, pois
turo imediato, já que há muito sabemos expetativas, dentro de uma equipa muito percebe vai disputar o Dakar 2021 com a já durante a década de 1970, a Prodrive
que sendo verdade que Sébastien Loeb profissional e numa atmosfera agradável. Bahrain Raid Xtreme (BRX). Porsche venceu o Campeonato de Ralis
e Daniel Elena saíram do WRC a tempo Estes dois anos passaram depressa – este do Médio Oriente, em numerosas ocasiões.
inteiro, no fim de 2012, cansados de tan- também foi cortado em vários meses em MAS AFINAL QUEM SÃO? Desde então, e como se sabe, David
tas viagens e dias fora de casa, a verda- resultado da pandemia – mas terão mar- A BRX foi fundada pela Prodrive Richards liderou muitas equipas nos
de é que a sua paixão pelos desportos cado parte da minha carreira, e com outro International, numa parceria entre desportos motorizados, todas elas ba-
motorizados estava longe de se esvair título de fabricante, para o qual contribuí. Prodrive e Mumtalakat, o fundo sobe- seadas na ‘sua’ Prodrive, alcançando seis
e apesar de Loeb ter passado a ser visto Para mim, a Hyundai Motorsport deu-me rano do Reino do Bahrain. Portanto, fi- Campeonatos do Mundo de Ralis, cinco
cada vez menos no WRC, especialmente o melhor carro do WRC que alguma vez nanciamento é ‘coisa’ que não vai faltar. triunfos nas 24 Horas de Le Mans, foi vi-
quando rumou à equipa oficial da Peugeot conduzi, e fiquei contente por poder com- A Prodrive International é um ‘braço’ da ce-campeão no Mundial de Construtores
no Dakar, nunca deixou de competir ao petir ao mais alto nível com a última gera- Prodrive, e naturalmente trabalha no de- de Fórmula 1 com a Lucky Strike BAR-
mais alto nível. ção de World Rally Car. Agora, vai abrir-se senvolvimento de carros de corrida e ralis. Honda em 2004.
Esse projeto com a Peugeot terminou, um novo capítulo em 2021 com a Prodrive Foi criada com o objetivo de conceber e Os novos carros da Prodrive International
Loeb ainda realizou três provas com a in Rally Raid, mas quem sabe para o WRC; fabricar carros para competir – e se possí- irão competir na classe T1, a mais alta no
Citroën no WRC em 2018, vencendo na vel vencer – o Rali Dakar a partir de 2021. Dakar. Dois carros estão a ser fabricados e
Catalunha, mas no ano passado a Hyundai operados pela Prodrive International, que
seduziu-o a cumprir um programa de também produzirá outros carros, tendo
seis provas no WRC, com o francês a ob- intenção dos vender a clientes.
ter um pódio no Rali do Chile. Este ano, a
pandemia estragou os planos, mas de-
pois de um hiato de um ano sem Dakar,
a dupla franco-monegasca regressa em
2021 com um novo projeto.
A Prodrive está a construir um BRX, um
buggy com motorização V6 de 3.500 cc
turbo (gasolina) com cerca de 400
cv. O propulsor é de origem Ford,
o carro tem chassis tubu-
lar em aço, carro-
çaria em fibra

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33

A equipa tem como diretor David Ri- Loeb fará parte da dupla da BRX na ca-
chards, o Chefe de Equipa é Paul Ho- tegoria T1, e terá ao lado o vencedor do
warth, Diretor de Operações da Prodrive, Dakar de 2014, Nani Roma, cuja nomea-
David Lapworth é o Diretor Técnico, ção já é conhecida desde setembro do ano
tudo gente bem conhecida e experiente. passado. O ano passado o espanhol teve
O carro é um buggy com motorização Ricardo Porém como colega de equipa
V6 de 3.500 cc twin-turbo (gasolina) de na Borgward, desta feita será Loeb. Boas
tração total (4X4), com cerca de 400 cv e companhias para o espanhol.
700 Nm de binário. O propulsor é de ori-
gem Ford, o carro tem chassis tubular RICHARDS CONFIANTE
em aço, carroçaria em fi ra de carbono
e pesa cerca de 1.850 kg, mede 4.5 me- O Director da Equipa Bahrain Raid Xtreme,
tros, as suspensões são independentes David Richards, diz que ficará ‘desaponta-
de duplo eixo, que oferece à suspensão do’ se a equipa não for vista como poten-
uma geometria bem diversa. Para per- cial vencedora aquando do arranque do
correr as grandes distâncias ao longo das Dakar 2021: “Uma das coisas mais inte-
ressantes do Dakar e os seus regulamen-
etapas mais longas do Dakar, o carro tos técnicos é a liberdade que dá. A gama
pode transportar até 500 litros de de competências que temos na Prodrive
combustível. é boa com uma fórmula mais aberta para
Como se sabe, desenvolver o carro a partir do zero”, co-
Sébastien meça por dizer David Richards: “Quando
se vai para uma nova categoria no des-
porto motorizado, com concorrentes re-
gulares que têm muita experiência, não se
pode ser complacente, é preciso aceitar
quehámuitoaaprender. Nessecontexto,
faremos vários milhares de quilómetros
de testes nos próximos meses e não te-
nho dúvidas de que seremos competiti-
vos em Janeiro de 2021, mas o Dakar é um
evento longo, e tudo pode acontecer. Por
isso temos de ser realistas quanto à pos-

sibilidade de vencer. Mas ficarei de-
sapontado se não nos virem como
potenciais vencedores”, concluiu
Richards.

V/34
VELOCIDADE

O Automobile Club L’Ouest
(ACO) há muito escolheu que
o seu caminho ecológico será

feito a hidrogénio. Mas os
franceses não estão sozinhos

e a aposta no hidrogénio
ganhou um aliado de peso nos

arredores de Estugarda

HIDROGÉNIO COMEÇA A SER
LEVADO A SÉRIOSérgioFonseca
[email protected]
FOTOS Oficiais
temas centrais. É por isso que é tarefa
E m termos desportivos, en- da empresa desenvolver um carro
tre os grandes construtores, com emissões quase zero”, explica
há um consenso quase ge- Aufrecht. O primeiro campeonato da
ral que não há espaço para Hyraze League, que terá também uma
projetos de grande dimensão
que não apoiados numa das componente de sim racing muito valo-

energias “da moda”. Enquanto que os rizada, irá ser realizado na Alemanha,

campeonatos com viaturas elétricas em 2023, com corridas nos fins-de-

começam a proliferar, o hidrogénio, -semana da ADAC, pois 2021 e 2022

apesar de ser altamente complexo e serão anos para a construção, testes e

sofisticado, continua a ser visto como desenvolvimento. A internacionaliza-

a melhor alternativa em Le Mans e em ção está agendada para 2025 e a HWA

Affalterbach. não está sozinha. Ao seu lado estão

Livre de qualquer compromisso no influentes parceiros, como a ADAC, a

DTM, com o fim do programa do Aston Schaeffler, a DSMB ou a Dekra.

Martin Vantage DTM da R-Motorsport, O conceito do carro recém-apresenta-

a HWA - a empresa que Hans Wer- do, que na teoria debitará 800cv e será

ner Aufrecht fundou em 1998 quando capaz de atingir os 250 km/h, dita que

vendeu a AMG à DaimlerChrysler AG este será alimentado por hidrogénio

e que constrói os GT4 e GT3 da Mer- verde, que é convertido em eletricidade drogénio oferece em comparação com de rede de distribuição. Há atualmente

cedes-AMG - arregaçou as mangas para os quatro motores elétricos nas os veículos exclusivamente elétricos apenas 87 postos de abastecimento

e anunciou o mês passado um novo duas células de combustível. A nova a bateria - as corridas podem ser de de hidrogénio em todo o país, mas a

conceito para o automobilismo a hi- tecnologia tem uma vantagem sig- longa distância. ADAC, o automóvel clube germânico,

drogénio - a Hyraze League. Porquê nificativa, pois graças ao conceito de estima que cerca de mil estações são

a hidrogénio? Basta lembrar que um energia otimizada, o desempenho do HIDROGÉNIO MAIS ACESSÍVEL necessárias para garantir o abasteci-

1kg de hidrogénio liberta três vezes veículo não terá restrições de gestão O hidrogénio ainda é um combus- mento em todo o país.

mais energia que um 1kg de gasolina. de energia ao longo de toda a distância tível caro, mas a HWA acredita que Contudo, esta escolha não é consen-

Esta era uma ideia que vinha a ser de uma corrida. Graças à possibilidade a estratégia do Governo Alemão irá sual dentro da própria influente in-

“cozinhada” há cerca de dois anos de encher os dois tanques rapidamente permitir que este seja mais acessível dústria automóvel alemã. “Um carro

pela HWA. “Percebemos que o meio durante uma corrida - uma vantagem num futuro próximo. A Alemanha a hidrogénio requer três ou quatro

ambiente e os jovens estão se a tornar fundamental que a tecnologia do hi- tem ambições de se tornar líder nas vezes mais energia que um veículo

tecnologias associadas ao hidrogé- elétrico para cobrir a mesma distância,

nio verde e o Governo Alemão recen- tornando-o três a quatro vezes mais

temente apresentou o plano para lá caro para viajar uma mesma distân-

chegar. Até o final de 2030, cerca de cia”, disse o CEO do Grupo VW, Herbert

seiscentos milhões de euros deverão Diess, numa conferência da PwC. “É

ser investidos para implantar a rede por isso que mais e mais construto-

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res estão a afastar-se das células de diz que espera ter “pelo menos duas A HWA gostaria de contar com OEMs as duas carroçarias, desde que sigam a
combustível.” marcas” para a estreia da categoria de no seu campeonato, mas organização regulamentação técnica e aerodinâmi-
Ainda assim, os defensores do hidro- hidrogénio nas 24 Horas de Le Mans não obriga que os carros de competi- ca. Valores do arrasto, downforce e fluxo
génio dizem que a paridade de custos de 2024. “Ficaríamos muito felizes se ção, que serão construídos em Affal- de ar de arrefecimento serão limitados.
está mais próxima do que se imagi- tivéssemos entre quatro e seis car- terbach, estejam intimamente ligados A ideia por trás destas regulamentações
nava, especialmente para viagens de ros”, diz. A BMW nunca negou estar com os carros de estrada. A Hyraze apertadas é manter os custos baixos e
longa distância. “O ecossistema do nas reuniões do grupo de trabalho do League não se vai ficar pela retóri- dar a oportunidade às equipas em se
hidrogénio é muito mais amplo do que ACO sobre tecnologia de hidrogénio, ca habitual do uso de um propulsor concentrarem no uso do hidrogénio, que
apenas carros”, diz Bernd Heid, um enquanto que a Audi chegou a consi- amigo do ambiente. “A tecnologia do será algo novo para quase todas elas”.
especialista da McKinsey. “A célula derar competir na “Garagem 56” com hidrogénio no carro é um tópico, mas Numa altura em que a economia não
de combustível não será desenvolvida um protótipo a hidrogénio. não vamos de forma alguma parar aí. está propícia a exageros, os orçamen-
apenas para veículos de passageiros”, A marca de Ingolstadt deverá intensi- Estamos a desenvolver um campeo- tos terão de acompanhar a realidade.
acrescenta, argumentando que o custo ficar o desenvolvimento da tecnologia nato em que o pacote, no geral, será Por agora, “não temos números pre-
da eletrólise diminuirá à medida que de célula de combustível de hidrogénio, sustentável”, afirma Ulrich Fritz, o cisos, pois sabemos apenas os preços
a produção de hidrogénio aumente de acordo com um anúncio público CEO da HWA. Para além da aposta das peças em desenvolvimento. O que
com a sua aplicação no transportes do seu presidente, Bram Schot. As no hidrogénio, ao conceito da Hyraze podemos dizer agora é que o budget
pesados e na indústria. razões por trás da mudança incluem League passa também pela aposta em necessário será acima de um GT3 e
Pierre Fillon, o presidente do ACO, preocupações com o abastecimento fibras naturais que possam substituir abaixo do nível do DTM”. Traduzindo,
de recursos naturais para a produ- a fibra de carbono. estamos a falar em orçamentos por
ção de baterias e as dúvidas sobre a Se o ACO espera convencer os grandes carro entre um e quatro milhões de
capacidade dos carros elétricos de construtores, a ideia da HWA é cativar euros por temporada. Sabendo que
atender às expectativas cada vez mais também as equipas, pequenos constru- os futuros carros da categoria ETCR,
exigentes dos clientes. Apesar do WRC tores e outros investidores. “A primeira o “irmão elétrico” do TCR, rondarão
ser o seu programa desportivo princi- geração de carros será construída com os 750,000 euros a unidade, a ideia
pal, a Hyundai, a empresa líder neste partes comuns”, explicou fonte oficial que fica é que ambas as tecnologias
ramo, também já tinha publicamente da Hyraze League. “As equipas e cons- poderão nos próximos anos discutir de
mostrado interesse na ideia do ACO. trutores têm a liberdade de desenhar igual para igual pelo mesmo trono.

36 CPR/
CAMPEONATO DE PORTUGAL DE RALIS - RALI VIDREIRO

RALLYE VIDREIRO
CENTRO DE PORTUGAL/

MARINHA GRANDE

MAIS PERTO

DAS DECISÕES

Realiza-se no próximo fim de semana o Rallye Vidreiro Centro de
Portugal/Marinha Grande, quinta de sete provas do CPR 2020.

Bruno Magalhães e Armindo Araújo destacaram-se no campeona-
to, mas os favoritos ao triunfo nesta prova são bem mais...

José Luís Abreu

[email protected]
FOTOS AIFA/J. Cunha; ZOOM Motorsport A.Silva
Estáaaproximar-seafasedecisiva
do Campeonato de Portugal de título deverá decidir-se entre os pilotos A prova organizada pelo CAMG, tem cerca tempo de pandemia criou-nos naturais
Ralis. A quinta ronda da compe- que estão nos primeiros lugar, embora o de 100 km de troços, o primeiro, cedo, no dificuldades, mas nem por isso nos tirou a
tição, o Rallye Vidreiro Centro de leque de potenciais vencedores das três sábado, logo pelas 9h00. No total, nove tro- vontade de sermos diferentes. Em parceria
Portugal-Marinha Grande, vai restantes provas seja bem mais alargado. ços, isto depois de na sexta-feira, pilotos e com a Movielight, vamos partir para uma
Emcondiçõesnormais,acincopilotos.Mas máquinas enfrentarem o Shakedown e a verdadeira aventura online, ao qual se
Qualificação, a partir das 13h00. juntam duas personalidades carismáticas
paraaestradanospróximosdias já lá vamos à parte desportiva... do desporto automóvel nacional, como é
‘LIVE STREAM’ o caso da Diana e do Gonçalo. Esta será
9 e 10 de outubro, num evento que marca Emanodepandemia,enumaaçãoapen- Para além da parte competitiva, a orga- a edição mais desafiante de sempre, e
nização investiu num ‘Live Stream’, da tudo faremos para que tudo corra bem
o arranque da fase decisiva da competi- sar nos adeptos, a prova organizada pelo responsabilidade da Movielight, sendo nesta transmissão, de forma a aproximar,
que a emissão estará em direto durante ainda mais, os ralis do público”, explicou
ção, já que a partir daqui cada vez mais ClubeAutomóveldaMarinhaGrandecon- 12 horas a partir da Marinha Grande, com o dirigente marinhense.
ligações aos troços e entrevistas a partir
se defini á o destino da competição. Até tarátransmissõesonline,oquepermitirá do estúdio e Parque de Assistência, com LUTA NO AUGE
apresentação a cargo de Diana Pereira Quatro realizados, faltam três! Com
aqui, dois pilotos destacaram-se, ambos aos adeptos dos ralis, que não se possam e Gonçalo Gomes. “Montar um rali em o CPR a rumar ao seu final, a impor-

comduasvitóriascada.BrunoMagalhães, deslocar à Marinha Grande, estar mais

líder do campeonato e Armindo Araújo, perto da ação. Aliás, nada o impede de

segundo classificado, mas numa altura marcar presença na prova para a ver ao

emquematematicamenteháaindacinco vivo, como tem sucedido até aqui, mas

candidatosteóricos,naprática,desdeque convémevitar‘ajuntamentos’,ecomisso

nãoexistanenhum‘cataclismo’alutapelo proteger-se de eventual contágio.

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37

tância das provas é cada vez maior, e Hyundai na frente com 121,63 pontos 67,26 pontos. Pedro Meireles abando- Pedro Almeida, com Ernesto Cunha e
a “dança das cadeiras” do título vai e o da The Racing Factory com 112,94. nou em Fafe e depois foi (4º, 5º, 5º), tem Ricardo Sousa não muito longe. Tendo
acelerar. Bruno Magalhães obteve duas vitórias, 42 pontos. Todos eles têm hipóteses em conta a Peugeot Rally Cup Ibérica,
Há, como já se percebeu, dois claros nas duas últimas provas, as mesmas matemáticas, e todos eles são can- é natural que os concorrentes desta
candidatos ao título, Armindo Araújo duas que Armindo Araújo, que venceu didatos a vencer na Marinha Grande. competição se destaquem, até pela
e Bruno Magalhães, com o piloto da as duas primeiras. Bruno Magalhães Seja como for, em termos de cam- valia dos carros.
terminou as quatro provas realizadas peonato as contas estão bem mais Pela frente há ainda duas provas de as-
sempre em 1º ou 2º. Armindo Araújo complicadas do terceiro lugar para falto, Rali Vidreiro-Centro de Portugal
também, exceção feita ao facto de ter baixo, e em níveis diferentes. Como se e Rallye Casinos do Algarve e outra de
sido terceiro na Madeira. Sabendo-se percebe, a próxima prova vai deixar terra, Rali Terras d’Aboboreira.
que em termos matemáticos está tudo claramente definida a luta pelo título Esta prova do CAMG contará tam-
em aberto (35x3=105 pontos) há mais ou, eventualmente, irá aproximar mais bém para o Campeonato Portugal GT,
candidatos ao título, mas bem mais os candidatos. Campeonato Portugal de Clássicos,
condicionados em termos práticos. Nas duas rodas motrizes a luta está Campeonato Portugal Júnior, Campeo-
Ricardo Teodósio vem duma sequência equilibrada, com Daniel Nunes na nato Centro de Ralis, Peugeot Rally Cup
de (3º, 3º, 4º, 3º), soma 79,61 pontos e frente do campeonato, mas com uma Ibérica, Desafio Kumho,Challenge R2 &
José Pedro Fontes (4º, 8º, 2º, 4º), soma margem curta face a Pedro Antunes e You e para a KiaPicanto Rally Cup.

V/38 ESTORIL CLASSICS
UM DOSVELOCIDADE
MAIORES
EM 2020

No próximo fim de semana, o Circuito do Estoril
recebe mais uma edição de um dos melhores eventos

de Clássicos da Europa: o Estoril Classics

José Luís Abreu não se realizam, mas ambos vão ter uma Derivado do CER 1, o CER 2 é dedicado a chegou às duas últimas edições do Spa
[email protected] presença no Paddock do Estoril Classics, GT e Protótipos desde meados dos anos Classic e Dijon-Prenois como grelha
FOTOS Rui Reis Photo; Photo com uma mostra dos vencedores do 70 até ao início dos anos 80. É a época de de demonstração e junta-se agora ao
Classic Racing; Fotorissima Concurso de Elegância do ano passado ouro dos carros de GT, com desempenhos Estoril Classics. Algumas das inscrições
e com o tradicional Slalom do rali na reta próximos, senão superiores, aos protóti- são carros protótipos GT, uma catego-
Longe da vista, perto do coração. do Autódromo. pos contemporâneos, com os Porsche 935, ria que regressou à moda na indústria
Neste ‘annus horribilis’ devido à Na pista, mais de 250 carros de compe- BMW M1 e Ferrari BB512 LM no topo. São do automobilismo nas 24 Horas de Le
pandemia, no próximo fim de se- tição históricos de 12 países diferentes e também os primeiros passos para protó- Mans em 2020.
mana temos algo muito irónico no equipas a representar mais de 20 naciona- tipos fechados com elevada aerodinâmi-
Circuito do Estoril. Um dos melho- lidades diferentes, vão competir ao longo ca como o Inaltera, Rondeau, WM ou Lola, O GROUP C
res eventos de Clássicos da Europa, de três dias num programa completo que anunciando a era dos Grupo C. Introduzida em 1982, a categoria do
com viaturas absolutamente fabulosas, e inclui 10 grelhas diferentes, com 14 corri- Grupo C impôs uma regulamentação
o público a ter de ficar em casa. É assim das e mais duas exibições. Mais do que a ENDURANCE RACING LEGENDS baseada no consumo de combustível,
este ano, mas havemos de derrotar o mal- quantidade, a qualidade dos carros, alguns Esta é a competição com os carros mais a fim de evitar os excessos dos fabri-
dito vírus para podermos voltar a desfru- feitos em pequeno número como o único modernos que a Peter Auto tem para cantes e o desenvolvimento de carros
tar de perto deste magnífico evento, que Ferrari 250 Drogo de valor incalculável, os oferecer. O Endurance Racing Legends turbo alimentados cada vez mais poten-
incluirá as prestigiadas grelhas da Peter míticos Porsche 962 de Group C que con-
Auto, mas também as corridas únicas de quistaram Le Mans e o F1 Williams FW08
Classic Grand Prix, os Fórmula 1-pré 1986, ex-Keke Rosberg.
Iberian Historic Endurance, bem como a
tradicional exibição do Slalom do Rally de A CLASSIC GRAND PRIX,
Portugal. Além disso, 20 motos históricas
de competição de GP irão à pista para uma PARA FÓRMULAS 1 PRÉ-1986
demonstração. Marcas como Lotus, McLaren, Tyrrell,
Em 2020, será difícil encontrar no Mundo Williams ou Hesketh One são os carros
um evento com uma variedade tão gran- de um dos eventos mais emblemáticos,
de de carros e motos históricas, como que se realiza pela terceira vez no Estoril
neste apoiado pela Câmara Municipal de Classics. É aqui que correm os inesquecí-
Cascais. Infelizmente e como já referimos, veis F1 até 1986. É também nesta competi-
a DGS não autoriza a presença de público ção que podemos recordar as grandes ba-
no Estoril Classics. talhas na pista que o público pôde assistir
O Turismo de Cascais está decidido em no fi al dos anos 70 e início dos anos 80.
fazer do Estoril Classics um evento de
referência no panorama internacional CER 1 & 2
e em 2020, com a parceria feita com a O C.E.R 1 remete-nos para o período de
Peter Auto, a Race Ready e o ACP, o Estoril 1966 a 1974 (1971 para protótipos) - quan-
Classics entra numa nova dimensão e do as corridas de resistência domina-
marca em defin tivo uma presença no vam o automobilismo, junto com o GP de
panorama global dos eventos de clássi- F1. Um período glorioso dos Ford GT40,
cos. Devido à pandemia o Concurso de Porsche 910, Ferrari 512e dos seus pilo-
Elegância e o Rally de Portugal Histórico tos: Jacky Ickx, Henri Pescarolo, Gérard
Larrousse, apenas para mencionar alguns.

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39

tes. Será excelente para recordar gre- trutores da época lutar pelo primeiro SIXTIES’ ENDURANCE pre com uma grande dose de despor-
lhas a apresentar mais de 40 carros e a lugar. A Heritage Touring Cup, recorda Aprova de Endurance dos anos sessen- tivismo entre as equipas. A premiada
grande fi al em 1993 com o “hat trick” uma era e um estilo que promete muita ta, dedicado aos GT’s pré-63 e pré-66, competição, uma das cinco primeiras a
da Peugeot, classificando-se em 1º, 2º e ação em pista. oferece uma oportunidade maravilho- nível europeu, está de volta ao Estoril e
3º com o 905 nas 24 Horas de Le Mans. sa de admirar na pista todos os ícones conta com várias equipas portuguesas.
GREATEST’S TROPHY do Campeonato Mundial daquela épo-
HERITAGE TOURING CUP ca. Ícones especiais das provas de re- DUAS RODAS TAMBÉM CELEBRAM
A Heritage Touring Cup é o palco dos O Greatest’s Trophy (anteriormente cha- sistência, estas corridas de duas horas
tempos gloriosos (1966-1984) do mado de Trofeo Nastro Rosso) está aber- reúnem uma ampla gama de carros O Spirit of Speed é o maior clube de
European Touring Car Championship to aos excecionais carros que marcaram do período, 1950 a 1965, num ‘mix’ de motos de estrada clássicas da Europa
(ETCC). Ford Escort e Capri, BMW 3.0CSL as principais corridas de resistência dos capacidade dos grandes motores de 5 e como no ano passado, este clube vai
e 635 CSi, Alfa Romeo GTV6, carros se- anos 50 e 60. Respeito e condução limpa litros dos AC Cobras aos ágeis e leves trazer para o Estoril as suas motos de
melhantes em aparência aos que en- são agora as palavras-chave para es- Lotus XI com seus pequenos motores competição. A FIM está sempre pre-
chiam as ruas e que se tornavam, quan- tes Gentleman Drivers que participam 1000cc de quatro cilindros. Cada corri- sente nestes encontros, pelo que os
do preparados, em carros de corrida do novo Greatest’s Trophy, que oferece da reúne cerca de 70 carros e promete amantes das duas rodas também te-
maravilhosos, uma montra dos cons- uma rara oportunidade de ver, mais uma lutas épicas! rão grandes motivos para se alegrar
vez nas pistas, os ícones da época de numa exibição que é sempre um pra-
ouro das grandes marcas: Maserati 300, O IBERIAN HISTORIC ENDURANCE zer de assistir. Vão estar presentes,
Ferrari 250 GT Berlinetta, Alfa Romeo TZ, O charme do já icónico Iberian Historic por exemplo, a Ducati de MotoGP14 ex
Aston Martin DB4 GT, Mercedes-Benz Endurance para carros de Turismo e Andrea Iannone, a Suzuki 1000 GSX-R
300 SLS ou Porsche 550. Muitos mode- GT até 1976, também estará presente da equipa oficial Suzuki BSB do cam-
los que foram produzidos em números e promete animar as pistas com várias peonato de 2008 - ex Tom Sykes ou a
limitados, portanto, o seu valor conti- lutas ao longo do denso pelotão, sem- Yamaha 350 TZ-E - 1978 - ex Patrick
nuou a aumentar nas últimas décadas. Pons.

N/40 AJunior Racing Festival é uma periente engenheiro que trabalhou
NOTÍCIAS competição baseada em mo- no WEC, Fórmula E, ELMS, Fórmula
JUNIOR RACING nolugares FIA F4 e F3 regionais Renault 3.5, Toyota Racing Series e GT
FESTIVAL ARRANCA e turismos, que se destina a World Challenge, em equipas como
EM DEZEMBRO oferecer oportunidades e a atrair jo- a Andretti Autosport, SMP Racing,
Denomina-se Junior Racing Festival e surge vens pilotos para as corridas. Arranca Charouz Racing System, Absolute
para oferecer oportunidades e atrair jovens pilotos em dezembro no Estoril e terá outro Racing e Status Grand Prix.
para as corridas. Arranca em dezembro no Estoril evento em Portimão, já em janeiro. Os concorrentes podem inscrever-se
e tem novo evento em Portimão, já em janeiro A ideia passa por desenvolver uma numa das três categorias. As duas
plataforma de transição para os jo- classes de monolugares, Fórmula 16 e
José Luís Abreu vens que saem do karting, e não só, Fórmula 18, são um equivalente à FIA
[email protected] que pretendam dar sequência às suas F4 e F3 Regional, respetivamente, en-
carreiras. quanto a classe Touring e GT utilizam
FOTOS Oficiais O festival inaugural será organizado veículos homologados selecionados,
em dois eventos de seis dias cada, o das suas séries nacionais e regionais.
LEIA E ACOMPANHE TODAS primeiro no Circuito Estoril e o se- Cada classe incluirá também catego-
AS NOTÍCIAS EM AUTOSPORT.PT gundo no Autódromo Internacional rias para ‘rookies’ e femininos.
do Algarve, sendo esta uma boa Quatro chassis serão elegíveis na
oportunidade para, na tradicional Fórmula 16 (Dome F110, Tatuus F4-
época baixa do desporto motorizado
europeu, os pilotos poderem partici-
par em sessões de testes durante os
primeiros quatro dias de cada evento,
antes de competirem em corridas
multi-motor e multi-chassis durante
o fim- e-semana.
A Junior Racing Festival tem par-
cerias com a Hankook Tire, Tatuus,
AF-Tech e P1 Racing Fuels. É uma
criação de Cesar Alvarez, um ex-

MIGUEL CAMPOS
DE REGRESSO

DTM AUDI TRABALHA Miguel Campos vai regressar à correr no campeonato nacional, desta
PARA 2021, BMW INCERTA atividade depois de algumas aparições vez ao volante de um carro que nunca
onde guiou carros de segurança. No conduzi em prova, por ser de tração
Rali Vidreiro, a viatura a utilizar é o traseira. Correr de Porsche significa
Porsche 997 GT3, da categoria GTR, muito para mim porque é um dos meus
e no banco do lado direito vai estar carros favoritos desde criança. Sei que
Rui Raimundo. A ideia é ganhar ritmo, a nível competitivo não vou entrar com
com o intuito de regressar a tempo ambições de lutar pela vitória à geral,
inteiro ao Campeonato de Portugal mas vou fazer o meu melhor”, disse
de Ralis: “é um prazer poder voltar a Miguel Campos.

O DTM está a passar por mudanças ronda da temporada, em Hockenheim, se
profundas, com 2020 a ser o último ano faça o anúncio dos regulamentos finais
dos carros da Class One. Para 2021, o dos GT Pro.
DTM terá carros baseados nos GT3, os Já o envolvimento da BMW em 2021 é
denominados GT Pro. O campeonato ainda incerto. Na marca alemã, o atual
funcionará também com equipas cliente. modelo GT3 é o M6, mas esta já fez saber
O chefe da Audi Motorsport, Dieter que não vai atualizar este modelo. A
Gass, já confirmou que a marca teve BMW está a desenvolver um GT3 novo, o
conversações com equipas clientes para M4, mas este não será homologado até
a temporada de 2021. O ‘chefe’ do DTM, setembro de 2021, invalidando assim uma
Gerhard Berger, pretende que na última inscrição no DTM 2021.

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41

HYUNDAI REVELOU
NOVO ELANTRANTCR

T1014, Mygale M14-F4 e Crawford Racing Festival: “O conceito do Junior A Hyundai apresentou oficialmente a sua aproveitar a oportunidade para melhorar
F4-16) bem como seis motores da Racing Festival foi desenvolvido ao mais recente proposta para as corridas de ainda mais o desempenho global do carro,
Abarth, Ford, Renault Sport, Geely, longo dos últimos anos, na sequência carros de turismo com especificação TCR, o bem como utilizar todo o conhecimento
Honda e TOM’S Toyota. de uma série de discussões com pro- Elantra N TCR, que se junta aos já existentes e experiência adquiridos em dois anos de
A Fórmula 18 utilizará o chassis prietários de equipas de monolugares i30 N e Veloster N. Depois de ter ganho os dois corridas com o i30 N TCR e o Veloster N TCR.
Tatuus F3 T-318 com a escolha de e GT e managers de pilotos. Estas últimos anos de WTCR, em 2018, com Gabriele O Elantra N TCR juntar-se-á a eles na nossa
motores entre Renault Sport, Alfa conversas tornaram-se gradual- Tarquini, em 2019 com Norbert Michelisz, a gama de carros TCR disponíveis, e estou
Romeo e Toyota Gazoo. mente mais sérias, e agora conce- que se juntou o título de Josh Files no TCR confiante de que partilhará o mesmo nível
Os pilotos devem ter pelo menos 15 bemos um evento destinado a atrair Europa, o novo Elantra N TCR, que já tem vindo de sucesso. Já fizemos grandes progressos
anos de idade e possuir licença inter- jovens pilotos para novos testes e a testar há algum tempo, está pronto para no desenvolvimento do chassis com vários
nacional A, B ou C, ou ainda equiva- oportunidades de corridas durante o rumar às pistas: “Após três meses de trabalho pilotos diferentes para criar um pacote
lente Nacional. inverno. A nossa esperança é recriar de teste e desenvolvimento estou muito feliz global forte para os nossos clientes, para
A data limite para as inscrições é 1 de o ambiente que foi criado no Festival por poder finalmente revelar o Elantra N TCR lhes permitir continuar o sucesso da Hyundai
novembro de 2020. original da Fórmula Ford e reunir al- ao mundo. A realização da primeira exibição Motorsport Racing na competição TCR”, disse
O Junior Racing Festival inaugural guns dos melhores pilotos de todas as pública do carro na China mostra os nossos o Diretor da Hyundai Motorsport Team, Andrea
está agendado para 15-20 de dezem- séries nacionais, e recompensá-los planos globais para que os carros reforcem a Adamo. Curiosamente, numa altura em que
bro de 2020 no Estoril, com Portimão com prémios de topo”, disse. Quem Hyundai Motorsport em séries de corridas em a marca retirou os seus carros da ronda de
a 6-11 de Janeiro de 2021. sabe não aparece aqui um futuro todo o mundo. Ao começar com uma folha de Nurburgring, no fim-de-semana passado,
Cesar Alvarez é o fundador do Junior Campeão de Fórmula 1… papel limpa, os designers e engenheiros do explicando que “a Hyundai Motorsport tem
departamento de corridas-cliente puderam a sensação de que nem a empresa nem
as nossas equipas de clientes recebem

tratamento igual na série, face a
outros concorrentes, e não se
sente bem-vinda”.

IMSA MAZDA REDUZIDA
A UM CARRO EM 2021

A Mazda optou por um programa reduzido LMDh entra em vigor na IMSA e a Mazda SAINZ E PETERHANSEL
na IMSA em 2021 sendo este mais um procura avaliar se é possível correr com NO DAKAR COM A X-RAID
sinal que a pandemia de coronavírus, que este conjunto de regras criadas pelo
surgiu no meio de uma enorme transição ACO e IMSA para que os carros de ambos A X-Raid Mini vai marcar presença no próximo Dakar com Carlos Sainz e Stephane
por que passa a indústria automóvel, os campeonatos mais importantes de Peterhansel. Esta é a terceira participação consecutiva da dupla, após a saída da
está a afetar muito as marcas e por resistência possam efetuar provas em Peugeot da Dakar. Os Mini JCW Buggy da X-Raid voltam assim ao vencedor da edição de
isso há que ser cuidadoso com novas todo o mundo. 2020, Carlos Sainz, e ao terceiro classificado, Stephane Peterhansel. Sainz vai ter como
regras e os efeitos que isso pode ter nas Em termos de campeonato, em 2021 o navegador Lucas Cruz, enquanto ao lado de Peterhansel estará Edouard Boulanger, com
competições. Esta decisão da Mazda pelotão DPi vê-se ainda mais reduzido. Paulo Fiúza a ficar de fora.
‘diz’ que as novas regras da categoria Juntando à inscrição da Mazda, esperam-
LMDh não são ‘favas contadas’ quanto à se dois Cadillac DPi, um da Action Express
chegada de muitos novos construtores Racing, onde corre Filipe Albuquerque
às competições de endurance. e outro da JDC-Miller Motorsports
Em 2021, pela primeira vez, a Mazda vai Cadillac, onde está João Barbosa. Para
reduzir o seu programa DPi na IMSA para além destes deve haver uma inscrição
apenas uma inscrição, com Oliver Jarvis individual de um Acura ARX-05 por parte
e Harry Tincknell. Jonathan Bomarito é o da Wayne Taylor Racing e Meyer Shank
terceiro elemento para as corridas mais Racing, devido à saída do Team Penske no
longas. Para 2022 a regulamentação final de 2020.

42 AUTO+mais

CNOIVTOROËN C3 Identidade reforçada, mais cipais mudanças. A nova forma em
personalização e conforto “V”, idêntica à utilizada no Concept
CHEGA A são as principais novidades CXPERIENCE, surge com faróis diurnos
PORTUGAL do novo C3 em LED renovados. Para além disso,
E NÓS JÁ O destaque para os airbumps que so-
CONDUZIMOS João Isaac freram ligeiras alterações e para dois
[email protected] novos desenhos de jantes com 16 e 17
polegadas. Como se isso não bastasse,
OCitroën C3 é um dos mo- a Citroën aposta forte na personali-
delos mais importantes da zação do veículo e, por isso, aumenta
marca em solo nacional. De as combinações de cor de 36 para 97
facto, o modelo de segmen- possibilidades. Todas estas novidades
to B conquistou em 2019 o demonstram a forte aposta num design
quinto lugar no ranking de diferente do que estamos habituados
modelos mais vendidos em Portugal. a ver neste segmento.
Agora, decidiram renovar a “receita” em Já no habitáculo, o Citroën C3 mantém
2020, de modo a tornar o C3 mais apela- o visual, porém, com mais argumentos.
tivo com uma série de evoluções, e nós Desde logo pela adoção dos novos ban-
fomos conhecê-lo um pouco melhor cos Advanced Comfort que se carac-
num evento da Citroën em Espanha. terizam pela suavidade. Já no capítulo
Começando pelo design exterior, é na da tecnologia, o C3 mantém um ecrã
dianteira que se concentram as prin- central com os cada vez mais “normais”
assistentes de conectividade. Quanto às
ajudas de condução, a Citroën realizou

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43

um reforço com um novo assistente de as normas de segurança neste “novo opção Diesel disponível no modelo. menos positivos deste motor é o pre-
estacionamento dianteiro que aumenta normal”, tivemos a possibilidade de o Tendo em conta a situação difícil que ço. De facto, o 1.5 BlueHDi é cerca de
para 12 o número de ajudas disponíveis. conduzir. Aqui no Automais realizámos se vive em Espanha graças à segunda 3400€ mais caro quando comparado
alguns quilómetros ao volante do C3 vaga de covid, os representantes da com o bloco a gasolina 1.2 PureTech
“NOVO NORMAL” com o nível de equipamento C-Series, marca francesa realizaram um percur- de 110 cv e caixa manual com nível de
AO VOLANTE DO CITROËN C3 uma variante em que a marca deposita so afastado da “confusão”, marcado por equipamento semelhante.
Durante a apresentação que decorreu algumas esperanças de vendas, com autoestrada e estradas secundárias em Apesar de não termos conseguido rea-
em Madrid, um evento completamente o motor 1.5 BlueHDi associado à caixa zonas pacatas. Neste tipo de percurso lizar uma parte do trajeto em cidade,
diferente do habitual e a respeitar todas manual de cinco velocidades, a única percebemos que o C3 é realmente um mas compreende-se porquê, o C3 não
veículo confortável ao ter uma afi a- se sentiu fora do habitat natural. Porém,
ção de suspensão mais suave. A isto a suspensão focada no conforto retira
acrescentamos os novos bancos que alguma da dinâmica do C3 que, em
garantiram um “passeio” que se pode curvas mais rápidas, mostrou algum
caracterizar por tranquilo. balançar de carroçaria. Quanto a con-
sumos realizamos uma média de 4,3
DIESEL AINDA IMPORTA l/100km neste tipo de percurso sem
“para-arranca”.
Apesar do paradigma que se vive no Por fim, a gama do novo Citroën C3
segmento B, em que algumas mar- é composta por quatro níveis de
cas começam a abandonar as opções equipamento (Feel Pack, C-Series,
Diesel, a Citroën inclui este 1.5 BlueHDi Shine e Shine Pack) e quatro tipos de
na gama do C3 e mostra que o gasóleo motorizações. Para além do Diesel já
ainda pode ter uma palavra a dizer. referido, há ainda o 1.2 PureTech com
Com 100 cavalos e 250 Nm de binário, 83 cavalos e caixa manual de cinco
esta solução tem potência suficien- velocidades, 1.2 PureTech com 110 cv
te para o dia-a-dia. Para além disso, e caixa manual de seis velocidades, e
torna o C3 um carro fácil de conduzir, ainda, 1.2 PureTech 110 cv com caixa
tendo em conta que o binário máximo automática EAT6. O C3 já se encontra
surge logo às 1750 rpm. Contudo, se o disponível em Portugal com preços a
condutor quiser uma solução de caixa começar nos 16 372€, valor esse que
automática, saiba que isso só acontece pode ir até aos 23 372€.
com motores a gasolina. Um dos pontos

44 AUTO++mais

SEAT

RENOVA ATECA
E ESTAS SÃO
AS NOSSAS
PRIMEIRAS
IMPRESSÕES

A convite da Seat Portugal, fomos até à zona do Guincho e da Serra
de Sintra conhecer de perto a atualização do Ateca, o primeiro
SUV da marca catalã, lançado em 2016, e que é, presentemente,
o terceiro pilar da Seat e um dos principais responsáveis pelo
seu crescimento, com mais de 300 mil unidades desde que
chegou ao mercado. Assim, sensivelmente quatro anos depois
de ter inaugurado a família onde também se incluem o mais
pequeno, Arona, e maior, Tarraco, o Ateca moderniza-se, não só
esteticamente, como também a nível de conteúdos tecnológicos,
atualmente, uma das vertentes mais valorizadas pelos clientes

João Isaac
[email protected]

Exteriormente, o Ateca mudou
bem mais do que parece à pri-
meira vista, adotando a nova
grelha dianteira da Seat, já
presente no Tarraco e no novo
Leon, mas conseguindo ao mes-
mo tempo distanciar-se de ambos, com
uma personalidade muito própria, com-
binando o formato SUV do seu irmão
maior com o estilo mais desportivo do

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45

FT/ F I C H A T É C N I C A

1.5 / 150 CV

GASOLINA

8.5 S

0-100 KM/H

6.1 L

100 KM

139

G/KM- CO2

30 029€

PREÇO BASE

MOTOR 4 CILINDROS EM LINHA, INJEÇÃO
DIRETA, TURBO, GASOLINA CILINDRADA
(CM3) 1498 POTÊNCIA (CV/RPM)
150/5000-6000 BINÁRIO (NM/RPM)
250/1500-3500 TRANSMISSÃO MANUAL
DE 6 VELOCIDADES DIREÇÃO PINHÃO E
CREMALHEIRA ASSISTIDA ELETRICAMENTE
SUSPENSÃO INDEPENDENTE TIPO
MCPHERSON/EIXO SEMI-RÍGIDO
TRAVAGEM (FR/TR) DISCOS VENTILADOS/
DISCOS PESO 1355 KG MALA 510 LITROS
DEPÓSITO 50 LITROS VEL. MÁX. 198 KM/H

compacto familiar. Atrás, a iluminação em associação com a transmissão DSG. dentro, importa ainda referir a atualiza- dianteira, o Ateca Xperience que condu-
foi igualmente redesenhada, contando Foi com este motor mais potente que ção a nível de materiais e acabamentos, zimos recorre a um eixo semi-rígido na
agora com piscas dinâmicos e a desig- tomámos contacto com o novo Ateca, como por exemplo, nos painéis das por- traseira, solução menos evoluída do que
nação Ateca copia também o estilo de no entanto, associado à caixa manual tas, e ainda destacar o novo volante que a geometria multibraços específica das
letra adotado pela quarta geração do de seis velocidades. Do lado dos Diesel, a pode contar com função de aquecimento, versões 4Drive, mas em combinação com
Leon. O SUV compacto da Seat está agora oferta faz-se com o 2.0 TDI, em dois pa- um luxo muito útil para enfrentar climas o controlo dinâmico de chassis, com con-
ligeiramente mais comprido devido ao tamares de potência, 115 ou 150 cavalos, mais rigorosos. No que diz respeito a sis- trolo variável do amortecimento, ficámos
novo desenho de ambos os para-cho- sendo que o mais potente pode também temas de apoio à condução, a Seat dotou impressionados com o comportamento
ques. Uma estreia é igualmente o novo estar associado à caixa DSG e, neste caso, o Ateca, por exemplo, com o assistente de do Ateca, quer com o conforto propor-
nível de equipamento Xperience que também à tração integral 4Drive. Quer pré-colisão, o cruise control adaptativo cionado na configuração mais branda,
eleva o carácter aventureiro do Ateca, os motores TSI, quer os TDI, viram as e preditivo e ainda o assistente de saída escondendo, por exemplo, o baixo perfi
apontando às famílias com um estilo de suas emissões serem reduzidas nesta de estacionamento. dos pneus que o equipam, quer com a
vida mais ativo e que recorre a elementos atualização. Quanto a conectividade, o dinâmica, com uma resposta rápida da
exclusivos como as aplicações negras Ateca passa agora a contar com o mais AO VOLANTE direção e uma ótima agilidade, sem mo-
nos para-choques, frisos e protetores recente sistema de infotainment, com vimentos excessivos da carroçaria. Neste
de guarda-lamas e ainda as molduras display tátil de 9,2 polegadas, idêntico ao Como acima referido, conduzimos o re- primeiro contacto, importa ainda referir
dos vidros com acabamento com aspeto estreado pelo novo Leon, bem como com novado Ateca com o motor 1.5 TSI de que, apesar da digitalização ser um dos
de alumínio. compatibilidade sem fios com Android 150 cavalos e 250 Nm associado à caixa focos do Ateca, apreciámos a presença
Auto e Apple Car Play e ainda conecti- manual de 6 velocidades, um casamen- de botões rotativos para controlo da cli-
MOTORIZAÇÕES E RECHEIO vidade a partir do exterior com o Seat to feliz entre um propulsor enérgico e matização, prescindindo da solução tátil
Connect. O sistema de reconhecimento refi ado – e que pode trabalhar, sob e igualmente inserida no infotainment a
Relativamente a motores a gasolina, o por voz utiliza a frase de chamada “Hola determinadas condições, apenas com que o Leon novo recorre, simplificando
Ateca 2020 está disponível com o 1.0 Hola” e permite interagir com a tecnologia dois cilindros - e uma transmissão com a utilização e evitando que os olhos se
TSI de 110 cavalos, bem como o 1.5 TSI a bordo usando linguagem natural. Por um bom tato, confortável mas decidido. desviem muito da estrada. Relativamente
de 150 cavalos, agora também disponível Tratando-se de uma versão de tração a consumos, bem como a uma avaliação
mais pormenorizada sobre como é vi-
ver com o novo Ateca durante uns dias,
deixamos essa análise para um ensaio
mais prolongado a realizar em breve e
que poderá ler aqui no Automais. Fique
igualmente a saber que a produção do
novo Seat Ateca teve início no passado
mês de agosto, sendo que as primeiras
unidades deverão chegar ao mercado
nas próximas semanas. Para além do
novo nível de equipamento Xperience,
o Ateca conta ainda com outros três, já
conhecidos da gama, Reference, Style e
o mais desportivo, FR, sigla que a marca
de Martorell passou também a associar
ao Tarraco. Os preços do novo Ateca ar-
rancam nos 30 029 euros.

AUTO+ mais

MAZDA

» MX-5 RF 1.5 SKYACTIV-G

PEQUENO, MAS ESTIMULANTE

Sensivelmente três décadas e quatro gerações depois, o Mazda te em altura, que permite obter uma DIVERTIDO E ÁGIL
MX-5 continua a ser um roadster pensado para os entusiastas postura mais correta ao volante. Ao
dos automóveis. Com baixo peso, dois lugares, tração traseira e centro do tablier encontramos um Ao volante estamos sentados perto do
caixa manual, rapidamente percebemos que temos tudo o que é ecrã que pode ser comandado com chão, aliás, ficamos pela porta da maio-
necessário para uma condução divertida “à antiga” o manípulo circular na consola, onde ria dos SUV que passamos na cidade.
são transmitidas as informações do Apesar de ser um roadster confortável,
Guilherme André tivo e simples. Na dianteira tem uma sistema de infotainment que inclui não é em ambiente urbano que o MX-5
[email protected] grelha em preto e as luzes diurnas as funções de conectividade Apple se “sente em casa”. De facto, é longe da
são separadas dos faróis, localizadas CarPlay e Android Auto. Nesta varian- confusão, com estrada livre, que real-
A unidade ensaiada é o MX-5 numa zona inferior. Na versão RF a te Evolve o visual é sóbrio e simples mente desfrutamos deste Mazda MX-5.
na versão RF 1.5 Skyactiv-G abertura da capota é automática com com um revestimento em preto sem Num trajeto mais sinuoso, com um baixo
de 132 cavalos com o nível processo realizado em 13 segundos, ao grandes “luxos”. Um dos pontos me- peso associado a uma direção precisa,
de equipamento Evolve, ou contrário da versão de lona em que nos bons passa pelos poucos espaços o MX-5 mostra que é possível ter uma
seja, é o roadster hard-top todo o trabalho tem de ser feito à mão. de arrumação no habitáculo, sendo o condução mais divertida e, se desligar o
mais acessível do mercado. A carroçaria da unidade ensaiada está compartimento ao centro atrás dos controlo de tração no botão situado no
A título de curiosidade, em 2019, esta revestida pela cor opcional Polymetal dois bancos o principal apoio, visto lado esquerdo do volante, vai perceber
variante RF registou um maior nú- Gray, enquanto as jantes de 16 pole- que não existe porta-luvas. Tudo o que que a traseira desliza com facilidade,
mero de vendas (53%) face à variante gadas são de série. não couber no interior, pode sempre sem que nunca se sinta descontrola-
soft-top (47%), enquanto o motor 1.5 ser levado na bagageira que oferece do. Tudo isto é acompanhado por uma
Skyactiv-G é, de longe, o preferido HABITÁCULO SÓBRIO E PEQUENO 127 litros, um valor algo curto, mas o caixa manual de seis velocidades de
dos clientes, ou seja, temos em en- suficiente para levar duas bagagens comando curto. Se o tempo o permitir,
saio a combinação mais procurada No habitáculo do MX-5, os passagei- de mão e mais qualquer “coisinha”. pode sempre abrir a capota e desfru-
em Portugal. No exterior, a marca ni- ros têm alguma dificuldade em en- Apesar de ser o nível de equipamento tar do som proveniente do motor 1.5
pónica foi evoluindo o design desde a trar, principalmente quando a capota mais acessível, a unidade ensaiada Skyactiv-G atmosférico de 132 cavalos,
primeira geração NA, mas sem fugir às está fechada. Ambos vão sentados está equipada com os dois opcionais o mais contido da gama, mas que chega
linhas que o tornaram mítico. Hoje é nos bancos em pele, porém o espaço disponíveis. Falamos do Pack HS que perfeitamente para uma utilização diá-
um roadster moderno, de pequenas é algo reduzido. Uma das novidades acrescenta ar condicionado automá- ria. Ao ralenti é bastante discreto, mas
dimensões e com um visual despor- trazidas pelo mais recente restyling tico, sensor de luminosidade, sensor à medida que as rotações vão subindo,
foi a regulação em profundidade da de chuva e bancos aquecidos. Já o Navi vamos percebendo que tem uma sono-
coluna de direção, anteriormente acrescenta, como o nome indica, na- ridade apurada e desportiva. Mesmo em
apenas era possível realizar o ajus- vegação. autoestrada é fácil manter o veículo no
limite de velocidade, sem que para isso

>> autosport.pt/automais

47

FT/ F I C H A T É C N I C A

1.5 / 132 CV

GASOLINA

8.6 S

0-100 KM/H

6.3 L / 7,0 L (AUTOSPORT)

100 KM

145

G/KM- CO2

31 264€

PREÇO BASE

COMPORTAMENTO, MOTOR, DESIGN

seja necessário recorrer em demasia realizámos uma média de 7 l/100 km. caixa manual, baixo peso. Mesmo ESPAÇO HABITÁCULO, BAGAGEIRA
ao acelerador. Para além disso, apesar Caso queira “espremer” os 132 cavalos nesta variante RF e com o nível de
das dimensões e peso, consegue ser do roadster, saiba que os valores sobem equipamento mais acessível, continua MOTOR 4 CILINDROS EM LINHA, INJEÇÃO
um carro estável a velocidades mais para valores superiores a 8 l/100km. a ter o necessário para satisfazer os DIRETA, GASOLINA CILINDRADA (CM3) 1496
elevadas. Se pretender um pouco mais condutores que procuram um car- POTÊNCIA (CV/RPM) 132/7000 BINÁRIO
de potência no roadster nipónico, saiba SUFICIENTE PARA ro que apele à emoção. Caso tenha (NM/RPM) 152/4500 TRANSMISSÃO
que há ainda na gama de motores o SER UMA OPÇÃO A CONSIDERAR? um gosto mais exigente no que diz MANUAL DE 6 VELOCIDADES DIREÇÃO
2.0 litros a gasolina com 184 cavalos. Mesmo nesta quarta geração, o Mazda respeito ao equipamento, deve optar PINHÃO E CREMALHEIRA ASSISTIDA
Passando para os consumos, a Mazda MX-5 continua a ser um carro para por uma variante mais recheada que, ELETRICAMENTE SUSPENSÃO TRIÂNGULOS
anuncia 6,3 l/100 km. Aqui, no Automais, quem quer divertir-se ao volante e consequentemente, tem um preço DUPLOS/MULTILINK TRAVAGEM (FR/TR)
após uma condução normal do dia a dia, a receita é simples: tração traseira, mais elevado. DISCOS VENTILADOS/DISCOS PESO 1105 KG
MALA 127 LITROS DEPÓSITO 45 LITROS
VEL. MÁX. 203 KM/H

E/ Dando cumprimento ao estabelecido no n° mais importantes provas de desporto au- leitores uma informação atual, rigorosa abordagem e de análise dos factos noti-
1 do artigo 17° da Lei 2/99, de 13 de Janeiro, tomóvel disputadas em território nacional e de qualidade, opinando sobre tudo o ciosos, com total abertura à interativi-
ESTATUTO Lei da Imprensa, publica-se o Estatuto e no estrangeiro, relata acontecimentos que se passa na área do automóvel e dos dade com a sua comunidade de leitores.
EDITORIAL Editorial da publicação periódica AutoSport: ligados à competição automóvel, bem como automobilistas, numa perspetiva plural, 4. O AutoSport pratica um jornalismo pau-
1. O AutoSport é um semanário dedicado temas que versam o automóvel como bem recusando o sensacionalismo e respeitan- tado pela isenção, sem comprometimentos
ao automóvel e aos automobilistas, nas de consumo, tanto na área industrial como do a esfera da privacidade dos cidadãos. ou enfeudamentos, tendo apenas como
suas mais distintas vertentes: desporto e comercial. 3. O AutoSport pauta as suas opções edito- pressuposto editorial facultar a melhor
competição, comércio, indústria, segurança 2. O AutoSport está comprometido com riais por critérios de atualidade, interesse informação e a melhor formação aos seus
e problemática rodoviária. O AutoSport o exercício de um jornalismo formativo e informativo e qualidade, procurando apre- leitores, seguindo sempre as mais elemen-
edita, semanalmente, conteúdos sobre as informativo e procura oferecer aos seus sentar aos seus leitores a mais completa tares normas deontológicas.

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