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Published by hmilheiro, 2020-01-06 14:53:52

autosport_2193

autosport_2193

#2193 O SEMANÁRIO DOS CAMPEÕES 42
ANO 42
anos
08/01/2020
Semanal >> autosport.pt

2,50€ (CONT.)

DIRETOR PEDRO CORRÊA MENDES

FÓRMULA1 2020

TÍTULO A TRÊS?
SÉTIMOTÍTULO DELEWISHAMILTON? RECUPERAÇÃODAFERRARI? RED BULLEHONDANOPONTO? MAISJUVENTUDE NOVAS PISTAS

DAKAR ARRANCOU PÁG. 42 PÁG. 38

MERCEDES-BENZ

E 300 DE

TERRANOVA NA FRENTE SUZUKI

V-STROM 250



3

I/ I N S TA N TÂ N E O SIGA-NOS EM EDIÇÃO

#2193
08/01/2020

f l> > a u t o s p o r t . p t
facebook.com/autosportpt twitter.com/AutoSportPT

FOTO: A.S.O. DPPI J. DELFOSSE José Luís Abreu

TROFÉU É o ‘caneco’ por que muitos lutam, na verdade, cerca de dezena e meia em cada categoria, pois para os restantes, DIRETOR-EXECUTIVO
o Dakar não é mais do que uma grande aventura, em que o prazer se extrai apenas na participação
[email protected]
S/ SEMÁFORO EM DIRETO
F rançois Ribeiro, Diretor
PARADO A ARRANCAR A FUNDO “Ao km 17 já tínhamos do Eurosport Events, dis-
passado o Cyril Despres e se, recentemente, alto e
Stéphane Peterhansel O que se viu no Muitas dificuldades o Gerard Farres. Passámos bom som, que a “compe-
‘preocupado’ com a arranque deste Dakar logo no arranque muita gente e o carro portou- tição que não se adaptar
língua inglesa. deixa a certeza que em do Dakar, o que se bem”, Pedro Bianchi Prata na à transição da indústria
‘Bluff’ ou desculpa beleza cénica não fica deixa antever luta automóvel vai morrer” e eu temo
para eventual a dever nada a África pelo triunfo até ao sua estreia como navegador no Dakar. que tenha razão. O WEC iniciou a
insucesso? derradeiro metro. sua transição há muito, a F1 fez
ou América do Sul. “Em termos de andamento uma alteração drástica em 2014 em
estamos todos muito muito boa altura e o WRC, WTCR,
O SEMANÁRIO DOS CAMPEÕES NA ERA DIGITAL próximos. Se não houver WorldRX ainda estão a marcar pas-
grandes ajustes com o BoP, so, e por isso muito depressa irão
vamos ter uma corrida muito ter problemas se não atuarem já.
disputada, como, aliás, é No ralicross, equipas oficiais saí-
sempre”, Filipe Albuquerque ram porque não foi decidido um
futuro elétrico a curto prazo e este
depois de três dias de pista a tipo de pressão vai acentuar-se e
preparar as 24h de Daytona. quem não perceber isto, tal como
diz François Ribeiro, vai ‘morrer’
“Provavelmente o Lappi leva depressa. Podemos todos ficar a
o salário da Citroën, por olhar para o passado com o “dantes
isso não precisa de dinheiro, é que era bom”, mas quem gosta de
portanto para mim o WRC a competição motorizada é bom que
tempo inteiro acabou”, Kris meta na cabeça que não lhe vai va-
ler de muito lutar contra a corrente.
Meeke, quase a atirar a toalha ao A VW Motorsport deu recentemen-
chão. te um sinal muito forte, Alejandro
Agag soube perceber bem cedo o
Siga-nos nas redes sociais e saiba que aí vinha e até já olha para o TT,
tudo sobre o desporto motorizado no leia-se, Dakar, com o Extreme-E.
computador, tablet ou smartphone via Por isso, meus Senhores, é garan-
facebook (facebook.com/autosportpt), tido que em 2020 vamos ouvir cada
twitter (AutosportPT) ou em vez mais os players da indústria
>> autosport.pt automóvel a falarem em revolução
elétrica e em redução de emissões.
É natural que o mercado vá cres-
cer significativamente, primeiro
com o mild-hybrid, depois com os
híbridos e híbridos ‘plug-in’. Cada
vez vai haver mais pressão sobre
as competições desportivas, para
acompanharem a corrente e é disto
que Francois Ribeiro fala: “Amamos
o desporto motorizado com os mo-
tores de combustão interna, mas
os próximos anos serão ‘violentos
e brutais’.”, alerta.

4

BOM ARRANQUE
A Mini lidera, mas Já ficou claro para todos que esta consigam as suas melhores classificações pois ninguém atacou muito nesta fase da
é Orlando Terranova edição do Dakar vai ser compli- de sempre no Dakar. prova. Nota-se que os pilotos das equipas
que está na frente. Favoritos cada para toda a gente, e o melhor Tendo em conta que a ASO preparou logo principais andam a ver onde param as
com alguns problemas exemplo que podemos dar para para aperitivo etapas bem difíceis, quer modas. Já houve vários furos (muitos),
e o estreante Fernando consubstanciar essa afirmação é em termos de terreno, mas também de alguns a perderem-se, problemas me-
Alonso já perdeu 2h30m. o facto da liderança ter pertencido navegação, os dois primeiros dias de cânicos na sequência de toques, enfim,
Quanto aos portugueses, a Vaidotas Zala e Orlando Terranova nos prova não nos ‘devolveram’ um favorito o Dakar no seu esplendor. Nenhum dos
está tudo a correr bem dois primeiros dias, e Mathieu Serradori claro, mas ‘disseram’ que atacar forte é homens da frente se atrasou significati-
ter chegado ao final da segunda etapa bem capaz de não ser a melhor ideia, pelo vamente, e curiosamente todos eles já ti-
José Luís Abreu em quarto. menos para já. veram pequenos (ou maiores) problemas.
[email protected] Obviamente que todos sabemos que o E é mais ou menos isso que está a suceder, Resumindo e concluindo, ao fim dos dois
Dakar é mesmo assim e a ‘verdade’ é
FOTOS A.S.O.DPP/IJ. DELFOSSE, F.LEFLOCH, F. GOODEN como o azeite, há-de vir ao cimo. Mas
desconfiamos seriamente que este ano
vai continuar a haver surpresas e o top
10 pode ser bastante diferente dos anos
anteriores.
O poderio dos mais fortes deverá acabar
por vir ao cimo, até porque ninguém se vai
livrar de problemas ou erros de navega-
ção, mas os privados podem, desta feita,
brilhar bem mais, pelo menos nesta fase
inicial, e não será de estranhar que alguns

>> autosport.pt

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C/ CLASSIFICAÇÃO (ET.2)

1  ORLANDO TERRANOVA/ BERNARDO GRAUE MINI 07H07M36S

2  CARLOS SAINZ/LUCAS CRUZ MINI + 00H04M43S

3  NASSER AL-ATTIYAH/MATTHIEU BAUMEL TOYOTA + 00H06M07S

4  MATHIEU SERRADORI/FABIAN LURQUIN CENTURY + 00H07M22S

5  VAIDOTAS ZALA/SAULIUS JURGELENAS MINI + 00H08M11S

6  GINIEL DE VILLIERS/ALEX HARO BRAVO TOYOTA + 00H12M04S

7  KHALID AL QASSIMI/XAVIER PANSERI PEUGEOT + 00H12M35S

8  STÉPHANE PETERHANSEL/PAULO FIÚZA MINI + 00H13M17S

9  YAZEED AL-RAJHI/KONSTANTIN ZHILTSOV TOYOTA + 00H16M05S

10  BERNHARD TEN BRINKE/TOM COLSOUL TOYOTA + 00H21M23S

11  VLADIMIR VASILYEV/VITALIY YEVTYEKHOV MINI + 00H29M23S

12  MARTIN PROKOP/VIKTOR CHYTKA FORD + 00H30M15S

13  NANI ROMA7DANIEL OLIVERAS CARRERAS BORGWARD + 00H38M50S

15  BENEDIKTAS VANAGAS/FILIPE PALMEIRO MINI + 00H48M22S

17  RICARDO PORÉM/MANUEL PORÉM BORGWARD + 00H56M22S

48  FERNANDO ALONSO/MARC COMA TOYOTA + 02H38M53S

primeiros dias de prova, uma vitória para Al-Attiyah (Toyota), que cederam ambos para quinto. Tiveram oportunidade de segundo dia, depois de ter liderado a prova
a Mini, a ‘tal’ vitória surpresa de Vaidotas 10 minutos logo no primeiro dia, brilhar, e têm aproveitado. durante boa parte da etapa, teve proble-
Zala, outra para a Toyota, por intermédio de Stéphane Peterhansel e Paulo Fiúza Giniel de Villiers venceu a etapa 2, mas os mas perto do fim. Manteve o nono lugar,
Giniel de Villiers, e liderança para Orlando tiveram problemas com a direção do quatro furos do primeiro dia levaram-no mas mais longe da frente.
Terranova (Mini). Ricardo e Manuel Porém Mini no segundo, Martin Prokop (Ford), a atrasar-se 23m16s, pelo que ficou posi- A fechar o top 10 está Bernhard Ten Brinke
têm sido cautelosos no andamento que sem ‘aguadeiro’ (Martin Kolomy desistiu cionado no sexto lugar da geral a 12m04s (Toyota), imediatamente na frente de
impõem e terminaram a etapa 2 na 17ª antes de começar o Dakar, devido a aci- da frente. A Khalid Al-Qassimi sucedeu Vladimir Vasyliev (Mini), Martin Prokop
posição. dente), tem sido muito cauteloso, Nani algo semelhante, já que uma série incrível (FordRaptor)eNaniRoma(Borgward),que
Roma anda a ver o que dá o Borgward. de furos – e um capotanço - perto do está a 21m50s do primeiro lugar.
ARRANQUE LENTO Depois de tudo baralhado, temos dois final da 1ª etapa levaram-no a atrasar-se Erik Van Loon (Toyota) é 14º e logo atrás
Mini na frente! Orlando Terranova li- quando tinha andado bem na fase inicial. surge o português Filipe Palmeiro, que
Não está a ser fácil para as equipas da dera o Dakar com 4m43s de avanço No segundo dia foi terceiro na tirada e navega Beneditkas Vanagas (Toyota).
frente e para as duplas favoritas des- para Carlos Sainz. A consistência do subiu para o sétimo lugar. Após a etapa 2, os irmãos Ricardo e
tacarem-se neste Dakar. Para já, e tal argentino vale-lhe a liderança. Nasser Depois do segundo lugar na etapa inicial Manuel Porém colocam o Borgward à
como já referimos, as coisas estão ainda Al-Attiyah é terceiro, teve três furos da prova, Stéphane Peterhansel e Paulo porta do top 15, ocupando o 17º lugar da
muito misturadas ao ponto de Orlando em 10 km no primeiro dia, foi cauteloso Fiúza(MiniBuggy)tiveramumdiacompli- geral. Há ainda muita prova pela frente
Terranova liderar a prova. Para já, no top na segunda etapa e não está longe da cado, já que foram apenas nonos na etapa, e lugares para ganhar, com a calma e
10 não falta quase nada. Temos os Mini frente. devido a problemas com a direção do consistência que se exige a um desafio
4X4, Mini Buggy, Toyota, e os buggy da Grande prova está a fazer Mathieu Mini. Caíram para o oitavo lugar a 13m17s como o Dakar. Quanto a Fernando Alonso
Peugeot e o Century de Serradori. Falta Serradori (Buggy Century), que ao cabo de Terranova. (Toyota), depois de ter sido 11º na etapa
a Borgward, já que Nani Roma é apenas de duas tiradas é quarto a 7m22s da O azar não larga Yazeed Al-Rajhi. Na etapa 1, ficou parado por volta do km 160 da
13º ao cabo de dois dias de prova. frente. Com o oitavo lugar no segundo 1 foi apenas oitavo a 11m46s da frente especial no segundo dia. Perdeu cerca
Mas o que tem estado a acontecer aos dia, Vaidotas Zala (Mini) caiu de primeiro depois de problemas na fase inicial e no de 2h30 e caiu para o 48º lugar da geral.
favoritos? Carlos Sainz (Mini) e Nasser

>> autosport.pt

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CAMIÕES
MAZ E SIARHEI VIAZOVICH NAFRENTE

Já se percebeu que a corrida dos Camiões pode final da 1ª etapa, era Anton Shibalov (Kamaz), SSV
este ano ser mais aberta do que tem sucedido Andrey Karginov (Kamaz) também passou CHALECO LÓPEZ LÍDER
até aqui. Independentemente da Kamaz poder pela dianteira, Dmitry Sotnikov (Kamaz) não
levar novamente a água ao seu moinho, para já andava muito longe, e o vencedor de 2019, Duas etapas, dois vencedores, e boa prestação lusa, com Conrad
está a ter forte luta, já que após a primeira etapa Eduard Nikolaev, continua a mostrar-se muito Rautenbach, que leva Pedro Bianchi Prata ao lado, a serem
existiam três marcas nos três primeiros lugares e cauteloso. O terreno é novo e o piloto russo muito sétimos da geral.
no fim da segunda liderava a Maz. A Kamaz ainda experiente. No final da segunda tirada, Siarhei O chileno Chaleco López (Can-Am) lidera os SSV, depois de vencer
terminou o primeiro dia de prova na frente, mas Viazovich venceu e passou para a frente. Depois a segunda etapa. Aproveitou os problemas de Aron Domzala, o
no segundo foi a vez da Maz, por intermédio de do segundo lugar em 2018, o bielorusso passou primeiro líder da prova, no final da 1ª etapa. O polaco teve um
Siarhei Viazovich, a tomar a dianteira. a ter agora uma enorme armada russa e checa problema mecânico no seu Can-Am no segundo dia e atrasou-se.
O bielorusso do MAZ 6440RR #503 terminou o atrás de si, mas a procissão ainda vai no adro, já Quarto no primeiro dia, após dois furos, o vencedor do dakar de
dia com 4m20s de avanço para Dmitry Sotnikov que apesar da liderança da Maz, há quatro Kamaz 2019 nos SSV, Francisco ‘Chaleco’ López, deixou os seus rivais a
(Kamaz), que liderava um conjunto de quatro e um Iveco em menos de 15 minutos. Portanto, mais de 11 minutos, assumindo desta forma a liderança no rali,
Kamaz na geral. O terceiro lugar era nesta altura como se percebe, é muito cedo para grandes com 9m37s de avanço para Casey Currie (Can-Am). O espanhol Ja
ocupado por Andrey Karginov (Kamaz), que distava interpretações. De notar que este texto foi feito Hinojo Lopez é terceiro a 10m48s.
7m12s do líder. no final da 2ª etapa, devido a prazos de fecho do Boas notícias para as cores portuguesas, já que, mesmo sendo
O primeiro comandante desta classificação, no jornal AutoSport. apenas o seu segundo Dakar, Conrad Rautenbach, que tem a
seu lado Pedro Bianchi Prata (Buggy PH Sport), chegou a liderar
no segundo dia. Terminaram a segunda tirada no sétimo lugar e
subiram da 11ª posição para o sétimo lugar da geral. De notar que
este texto foi feito no final da 2ª etapa, devido a prazos de fecho
do jornal AutoSport.

QUADS
IGNACIO CASALE SOMA E SEGUE

Ignacio Casale venceu as duas Alexandre Giroud, a 1h27m07s,
primeiras etapas dos quads isto em apenas dois dias de
no Dakar e lidera destacado prova. Para Ignacio Casale: “A
a competição, com 9m09s de navegação não tem sido fácil,
avanço para Rafal Sonik. muitas vezes tivemos de tirar o pé
Os altos e baixos nesta categoria do acelerador para ver as notas
são muitos e, com isso, o terceiro do road-book, que estão muito
classificado, Giovanni Enrico, já próximas umas das outras. Mas
está a mais de vinte minutos. tem sido uma boa prova para mim,
A menos de meia hora do líder estou muito feliz pelo trabalho
está ainda o quarto classificado, feito até agora e vamos esperar
Simon Vitse, que dista 29m56s do que as próximas etapas possam
comando, mas a partir daí é o… ser tão boas”, disse Casale, que
deserto. lidera a classificação geral com
Manuel Andujar é quinto, a quase dez minutos de vantagem
1h11m33s, e no sexto lugar está sobre Rafal Sonik.

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8

PAULO FIÚZA E FILIPE PALMEIRO
COMALTOS E BAIXOS

A vida de Paulo Fiúza ao lado de Stéphane Peterhansel não está fácil,
pois a dupla já teve alguns contratempos que os ‘atirou’ para o oitavo
lugar da geral, a mais de 20 minutos do líder, mas as diferenças
são ainda pequenas e o Dakar ainda agora começou. Um problema
na direção do Mini Buggy no segundo dia de prova condicionou o
resultado, depois de terem sido segundos classificados na etapa de
abertura.
Quanto a Filipe Palmeiro, que corre ao lado do lituano Benediktas
Vanagas, numa Toyota, teve um início de Dakar cauteloso. A dupla
terminou o segundo dia na 15ª posição da geral, ainda longe do que é
o seu objetivo, melhorar o 11º lugar que o seu piloto fez em 2019, em
que ficou apenas a… 5 segundos do top 10.
Para Palmeiro, melhorar a sua melhor classificação de sempre, só com
um sétimo lugar, já que o alentejano foi oitavo o ano passado ao lado
de Boris Garafulic.

RICARDO PORÉM EM 17º DAGERAL

Ricardo e Manuel Porém terminaram o segundo fizemos os 360 Km da etapa praticamente
dia do Dakar na 17ª posição da geral, depois todos no pó, com isso acabámos por furar
de terem sido 23º no primeiro dia. Muito pó, duas vezes. Foi muito desgastante porque
alguns furos, mas um bom andamento com o não respeitam o Sentinel, e dessa forma é
Borgward e uma boa posição à partida deste impossível passar em segurança. Isso fez com
Dakar. Para Ricardo Porém: “As paisagens são que não conseguíssemos um melhor resultado,
espetaculares neste rumo ao desconhecido mas ainda assim subimos ao 17º lugar da geral
desta nova zona da prova e o nosso Borgward e muito disso se deve ao meu irmão Manuel
esteve espetacular. Transmitiu-nos uma (Porém) pelo ótimo trabalho de navegação que
confiança enorme para evoluir quilómetro fez, o que nos ajudou a recuperar algum do
após quilómetro”, começou por dizer o piloto, tempo perdido.”
que nos fez o balanço da sua prova até aqui: Ricardo e Manuel Porém terminaram a segunda
“Tivemos um primeiro dia muito duro, com uma etapa do Dakar na 17ª posição da geral, a
navegação bastante difícil, onde acabámos por 17m32s de Nani Roma, que é 13º da geral.
furar duas vezes, de resto tudo ok. Perdemos Um bom começo para a dupla lusa, foram
também algum tempo no pó. No segundo dia, cautelosos, ganharam mão ao carro, passaram
com a partida misturada de carros e camiões com distinção a parte da navegação que foi bem
- partiram dez camiões à nossa frente – isso complicada, e com isso ganharam confiança
não foi muito vantajoso para nós visto que para o que aí vem.

PEDRO BIANCHI PRATA
“CONTINUARADAR O NOSSO MELHOR”

A dupla Conrad Rautenbach/Pedro km de especial com apenas mais uma
Bianchi Prata chegou ao final do roda suplente. Optámos por reduzir o
segundo dia de prova no sexto lugar da andamento nas zonas de pedra e com
geral, depois de terem sido segundos isso perdemos muito tempo. Passámos
classificados na etapa 2. Uma boa muita gente e o carro portou-se bem. O
prestação da nova dupla. Bianchi Prata segundo dia foi muito trabalhoso.
estreou-se a navegar, este é o segundo O Conrad teve uma pilotagem
Dakar de Rautenbach e o nível dos magnífica, muito rápida, mas
SSV no Dakar é bem alto. A continuar sem corrermos riscos. Depois do
assim, não é de excluir um pódio para a reabastecimento furámos. Um
dupla luso-zimbabuense: “No primeiro pequeno toque numa pedra tirou-nos
dia, ao km 17, já tínhamos passado o aí o primeiro lugar. Foi um pouco
Cyril Despres e o Gerard Farres quando inglório depois de tanto cuidado a
furámos numa zona de muita pedra. evitar pedras. O segundo lugar foi
Perdemos algum tempo a mudar a roda excelente e vamos continuar a dar o
e tínhamos pela frente mais de 300 nosso melhor.”

DAKAR >> autosport.pt
OFUTUROÉELÉTRICO
9
A não ser que as restantes tecnologias outros na aventura elétrica.
evoluam muito rapidamente, fica Embora não tenham ainda todos os VAIDOTAS ZALA “NUNCA ESPEREI
claro para todos que o caminho para a ingredientes técnicos para disputar UM RESULTADO TÃO BOM”
eletrificação em massa que está a ser 100% da prova em modo elétrico, há dois
levado a cabo na indústria automóvel vai novos projetos que foram apresentados O duo lituano composto por Vaidotas Zala e Saulius Jurgelenas fez história
ter consequências em todas as áreas do já durante este Dakar na Arábia Saudita. no Dakar ao vencer a primeira etapa desta edição da prova. Aos comandos
desporto motorizado e o Dakar não será A equipe Spark Racing Technologies veio do seu MINI John Cooper Works Rally, bateram Stéphane Peterhansel e
exceção. a Jeddah apresentar a primeira versão Carlos Sainz. Quando chegou ao fim do troço, Zala nem queria acreditar. Foi
Em termos de indústria automóvel, nos de um E-SUV chamado Extreme-E Odissey melhorando a sua posição ao longo da etapa e acabou por assumir a liderança
próximos 12 meses vamos continuar 21, projetado para ir para as pistas em apenas a alguns quilómetros do final. Esta é a primeira aparição do lituano
a ouvir e a ler cada vez mais sobre a competições de todo-o-terreno a médio com um MINI no Dakar: “Estou muito feliz por pilotar este MINI, pois nunca
redução de emissões de CO2 e tudo prazo. teríamos alcançado este resultado nos nossos carros anteriores”, disse
o que isso significa. No que ao Dakar O segundo caso é o da moto elétrica que um entusiasmado Zala. “Notei imediatamente a diferença nos primeiros
diz respeito, esta prova sempre foi um está a ser preparada nas oficinas dos quilómetros da etapa. Não foi fácil, mas conseguimos evitar os furos,
laboratório particularmente exigente especialistas da Tacita para o Dakar de mas eu nunca esperei um resultado tão bom”. Depois, claro, foi caindo na
para os construtores comprometidos 2021. Ambos os veículos foram convidados qualificação.
com a inovação, e para veículos híbridos e a fazer uma demonstração, primeiro no
elétricos a prova constitui um excelente Shakedown e, posteriormente, outra, ROMAIN DUMAS
banco de ensaio. no dia de encerramento do Dakar, a 17 FORA DA CORRIDA
Há três anos, os pioneiros da equipa de janeiro. Em paralelo, Gert Huzink
Acciona levaram um veículo totalmente apresentou-se na partida de Jeddah O terceiro Dakar de Romain Dumas
elétrico ao Dakar, e embora tenham sido com um camião híbrido Renault, o #507 acabou pouco depois de começar.
os últimos na classificação geral (60º), preparado pela sua equipa na Riwald,
foram os primeiros a olhar para o futuro. uma empresa holandesa especializada Depois de terminar em oitavo o
Ariel Jatón e Tito Rolón conseguiram na reciclagem de resíduos e materiais. A Dakar de 2017, o francês esperava
terminar a prova em Buenos Aires depois equipa tem como objetivo colocar um de
de 9.000 km de estrada e pistas. Como seus camiões no pódio da categoria nos brilhar na Arábia Saudita, mas
seria de esperar, parecem ter inspirado próximos três anos. os seus sonhos cedo ficaram
destruídos, já que o seu RD Limited
incendiou-se ao km 65 da 1ª etapa.
A dupla mal teve tempo para fugir
do carro, que ficou completamente
consumido pelas chamas. Depois
de tanto trabalho a construir e
desenvolver o buggy que pode ver no
vídeo, é absolutamente frustrante
uma situação destas. A equipa ficou
bem, mas o carro nem por isso.

FERNANDO ALONSO está no Dakar para chegar ao fim e
INSISTE EM BAIXAR divertir-se.
“Não tenho nada a provar a ninguém.
EXPETATIVAS Estou aqui para me divertir. Quanto
aos meus objetivos, eles dependem
Fernando Alonso está a fazer a sua da dificuldade do rali. Em termos
estreia no Dakar e, como sucedeu de ritmo puro, o lógico é ficar entre
com muitos ‘rookies’, cedo provou o 10º e o 15º lugares. Mas isto é o
as agruras do Dakar. Um toque numa Dakar. O objetivo principal é terminar.
pedra na etapa 2, uma suspensão Quero chegar ao fim e dizer que
muito danificada e 2h30 perdidas. O consegui chegar ao fim de um Dakar”,
bicampeão de Fórmula 1 e vencedor referiu o piloto espanhol. De qualquer
das 24h de Le Mans insiste que as forma, não tem andado nada mal,
suas expetativas não são altas e que mas, como bem sabemos, se o Dakar
é difícil para os pilotos experientes,
imagine-se para um ‘rookie’.

10

ESPECIAL DAKAR 2020

GANHAS HOJE,

PERDES AMANHÃ!

Toby Price vence 1º etapa e afunda-se na 2ª! É isto mesmo o Dakar,
seja em África, na América do Sul ou no Médio Oriente

Pedro Corrêa Mendes gras da corrida: “Se ganho hoje a etapa, 1ª ETAPA TOBY PRICE rolo de papel encravou e o piloto perdeu a
[email protected] amanhã parto da frente e atraso-me sua única fonte de orientação eficaz. Foi
na classificação”. Por isso a vitória no MOSTRA AO QUE VEM seguindo os trilhos marcados no chão e
Aessência deste rali pressupõe Dakar nem sempre passa por ganhar acabou por encontrar o seu companheiro
que os pilotos precisam de des- etapas, mas sim por saber gerir de Foram 319 km de especial com mais 400 de equipa Mathias Walkner que se havia
cobrir o caminho certo para as- forma inteligente estas situações de km deligação.Portantouma etapalonga atrasado. A partir daí seguiram juntos até
segurar que passam em todos vantagem/desvantagem ao longo de e com todos os ingredientes de uma etapa ao final da etapa, o que permitiu mesmo
os waypoints (pontos obrigató- toda a prova por forma a chegar ao nomal de Dakar, e não apenas um ape- assim aos dois pilotos a obtenção do 1º e
rios de passagem e tomada de último dia em condições de conquis- ritivo, como noutras edições anteriores. 3º lugar da etapa.
tempo) e que chegam ao local correto de tar ou manter a liderança. Nesta nova A partida das motos foi dada de forma in- O 2º classificado foi Ricky Brabec, o ame-
final de etapa. fase do Dakar, a organização introdu- vertida para os pilotos com os 25 números ricano da Honda que já na edição de 2019
Para o conseguir, os pilotos seguem um ziu algumas alterações na questão da mais baixos. Assim o primeiro a sair para havia mostrado muita vontade e capaci-
road-book. Todos os pilotos das equipas navegação, para evitar que as equi- a estrada foi precisamente o numero 25, dade de ganhar. Brabec arrancou do 15º
de fábrica são exímios neste exercício, pas oficiais continuassem a ganhar o espanhol Juan Pedrero Garcia, seguin- lugar para a especial e atacou forte desde
mas há um elemento que é incontornável vantagem adicional face às equipas do-se os restantes números em ordem o início, liderando a tabela de tempos nos
e que favorece fortemente os que partem mais “pobres”. Nesse sentido tomou descendente até ao numero 1, Toby Price. dois primeiros waypoints. Depois no 3ª
um pouco mais atrás, que são os rodados duas medidas muito importantes. A Depois a ordem de partida voltou ao nor- perdeu bastante tempo e desceu para o
dos pilotos que passaram antes na pista. primeira alteração prende-se com o mal a partir do nº 26. 7º lugar, mas conseguiu recuperar até ao
Esses rodados são uma ajuda adicional facto de os road-book serem agora Desta forma Toby Price foi o 25º piloto a 2º lugar da geral no final da etapa.
preciosíssima, uma espécie de um “guia coloridos e anotados, a segunda é que partir para a especial, que encontrou já Nas posições seguintes ficaram
privado” que marca na terra o caminho em algumas etapas a ASO só entrega devidamente pisada e bem marcada pe- Kevin Benavides (Honda) em 4º, Sam
certo a seguir. os road-books pouco antes do come- los pilotos anteriores, e pôde atacar forte Sunderland (KTM) em 5º, Pablo Quintanilla
Como tal, todos sabemos, e os pilotos ço da etapa. Desta forma, as maiores desde o início. (Husqvarna) em 6º, Juan Barreda( Honda)
melhor que ninguém, que todos aceitam equipas não têm tempo para ganhar Tudo correu de feição ao vencedor da edi- em 7º e Luciano Benavides (KTM) em 8º.
este facto como fazendo parte das re- vantagem face aos privados, e por isso a ção de 2019 que conseguiu imprimir um Entre os portugueses, Paulo Gonçalves
navegação ganhou muita importância. ritmo intenso desde os primeiros me- foi o mais rápido na Hero oficial, em 12º,
tros até ao km 140, quando lhe surgiu um
problema mecânico no seu road-book. O

>> autosport.pt

11

C/ C L A S S I F I C A Ç Ã O

1  SAM SUNDERLAND KTM 07H05M 22S
2  PABLO QUINTANILLA HUSQVARNA + 00H01M 18S
3  KEVIN BENAVIDES HONDA + 00H01M 32S
4  MATTHIAS WALKNER KTM + 00H02M 00S
5  RICKY BRABEC HONDA + 00H04M 11S
6  ROSS BRANCH KTM + 00H04M 19S
7  LUCIANO BENAVIDES KTM + 00H06M 01S
8  JOAN BARREDA BORT HONDA + 00H06M 09S
9  TOBY PRICE KTM + 00H07M 34S
10  ANDREW SHORT HUSQVARNA + 00H09M 24S
14  PAULO GONÇALVES HERO + 00H13M 10S
20  ANTONIO MAIO YAMAHA + 00H37M 39S
25  SEBASTIAN BÜHLER HERO + 00H48M 37S
40  MARIO PATRAO KTM + 01H29M 00S
50  FAUSTO MOTA HUSQVARNA + 02H09M 22S

seguido de António Maio em 22º e Mário do Dakar, Ross Branch, piloto privado da no terreno que nos faziam hesitar. Fiz OS PORTUGUESES E OS
Patrão em 40º . equipaBasDakarKTM RacingTeam,mos- alguns erros, mas todos devem ter feito
Joaquim Rodrigues Jr, piloto oficial Hero, trou ao que vem. Partindo da 14ª posição também. No cômputo geral tive uma boa “NOSSOS ESTRANGEIROS”
iniciou de forma fortissima esta 1ª etapa, para a especial de 367 km, Ross Branch tirada, apenas tentando manter um ritmo
tendo passado o primeiro waypoint na 13ª atacou desde o início e passou no primeiro consistente e ir aumentando a cadência Quanto aos portugueses, Paulo Gonçalves
posição e depois em 15º no 2º waypoint. waypoint do dia já na 2ª posição da geral, à medida que a prova avança.” fez uma etapa regular e terminou nova-
Mas o azar bateu-lhe à porta no primei- lugar que mantinha à passagem do 2º e Mas ainda faltam muitos quilómetros de mentena12ªposiçãoeAntónioMaio num
ro reabastecimento, e a moto não voltou 3º waypoints. No 4º waypoint Branch já pistas desconhecidas, de imponderáveis, bom 19º lugar. “Arranquei num bom lugar
a pegar com um problema elétrico, ape- havia colocado a sua KTM na liderança de surpresas e obstáculos, onde a expe- e consegui imprimir um ritmo seguro e
sar de todas as tentativas do piloto por- da classificação, posição que não mais riencia conta, mas a sorte também con- confortável, o que me permitiu gerir a mi-
tuguês que desmontou tudo o que podia perdeu até ao final da etapa, sem nunca vém que esteja por perto... nha corrida de uma forma segura, tal como
para identificar o problema. Quando o abrandar o ritmo. Nas seguintes posições da 2ª etapa en- tinha planeado. Sinto que estou bem fisi-
conseguiu o atraso já ultrapassava os li- Como esperado, Toby Price abriu a pista contramos os suspeitos do costume, no- camente, o que é uma mais-valia, porque
mites. Joaquim Rodrigues conseguiu che- e no 1º waypoint já vinha na 30ª posição mes que vão querer aproveitar a edição neste rali a atenção é fulcral. Encontramos
gar ao bivouac, mas já fora de prova, pelo a perder 7 min para o lider Joan Barreda. de 2020 do Dakar para conquistar a vitó- zonas bastante perigosas com areia que
que continuará o rali na situação “Dakar Até ao final da etapa Price foi sempre per- ria tão desejada. esconde pedras pontiagudas e é preciso
Experience”, ou seja, os seus resultados dendo tempo para os seus competido- Pablo Quintanilla, o argentino da ter muito cuidado para não haver falhas.
não contarão para a classificação. res e chegou ao final do dia com mais 14 Husqvarna, conseguiu andar forte des- Estou satisfeito com este início de rali e
De salientar as provas do alemão min do que Ross Branch, o vencedor da de o início, tendo passado no 1º waypoint agora o objetivo é manter este ritmo até
Sebastian Bühler, em 31º, e do espanhol tirada. Na classificação geral do rali, Toby na 3ª posição e subido ao 2ª lugar a partir ao fim”, explicou.
Fausto Mota, em 51º, pilotos que habitual- Price caiu de primeiro para o nono lugar, do waypoint 4. Mário Patrão classificou-se na 40ª posição,
mente competem em Portugal, e que ape- com o seu companheiro de equipa Sam Os irmãos Benavides, cada um na sua com um ritmo ainda cauteloso, e decla-
sar de correrem com as licenças dos refe- Sunderland a terminar a 2ª etapa na 2ª marca, ficaram nas posições seguintes. rou à chegada: ” Foi uma etapa difícil para
ridos países, consideramos portugueses. posição e a assumiro comando da prova. Kevin (Honda) foi o 4º no final do dia e mim hoje. Cometi um erro de navegação
Sam Sunderland é para nós o grande fa- Luciano (KTM) foi o 5º, mas separados logo no início ao km 6 e fui logo apanhado
2ª ETAPA ROSS BRANCH VENCE, TOBY vorito à vitória final do Dakar 2020 e já por apenas 4s. por vários pilotos, tendo rodado no seu pó
está a dar sinais de que é essa também Luciano proferiu algumas palavras à até ao final da etapa. Foi muito complicado
PRICE PERDE TODA A VANTAGEM a sua vontade, depois de ter concluído a chegada: ”Foi um bom dia para mim, pela falta de visibilidade que me impedia
edição de 2019 na 3ª posição e vencido ca- terminei no top 5 e estou mesmo con- de ver as pedras e rochas no caminho, o
A surpresa aconteceu mais uma vez no tegoricamente o campeonato mundial de tente com o meu andamento aqui na que me custou algum tempo. No geral a
Dakar e talvez seja já o resultado das me- Cross Country Rallies FIM. O inglês Sam Arábia Saudita. Gostei da etapa de hoje moto está boa e eu sinto-me preparado
didas novas que retiram vantagem às Sunderland, piloto oficial KTM, que viveu mas estive muito perto de cair, tive sor- para amanhã.” Joaquim Rodrigues, ape-
equipas de fábrica, equilibrando as forças. durante 10 anos no Dubai e conhece per- te e consegui evitar a queda mas assus- sar de estar fora de classificação, reali-
Ross Branch é um piloto do Botswana e feitamente o terreno de países muito se- tei-me e daí para a frente decidi trazer zou a etapa que terminou na 48ª posição.
foi o melhor rookie no Dakar 2019, ten- melhantes à Arábia Saudita, mostrou ao a moto com segurança até ao final.” Já os “nossos estrangeiros”, Sebastian
do vencido a segunda etapa, primeira da longo de 2019 ser o piloto que melhor se O espanhol Joan Barreda da Honda li- Bühler e Fausto Mota ficaram na 21ª e 49ª
carreira, no Dakar. preparou para enfrentar a realidade deste derou a etapa até metade da distân- posições, respetivamente. Bühler partici-
É um piloto de jatos comerciais que pra- novo Dakar no Médio Oriente. cia, mas depois alguma coisa o fez pa no seu segundo Dakar e está a apre-
tica offroad aos fins de semana. No seu À chegada, Sam Sunderland explicou: cair na classificação, tendo termina- sentar um excelente andamento desde
primeiro Dakar no ano passado obteve “Foi um dia muito dificil e que me pare- do no 6º lugar. o início, a mostrar que poderá fazer bem
um brilhante 13º lugar e mostrou a sua ceu muito longo. A etapa era composta melhor do que no seu ano de estreia que
rapidez e capacidade de navegação. Ao por uma enorme mistura de tipos dife- terminou em 20º.
longo de todo o ano treinou muito as suas rentes de terreno, com pistas ultra rápi-
capacidades de navegar e rodar rápido, das, e depois secções muito mais lentas Acompanhe dia a dia todas as etapas e acontecimentos do Dakar 2020,
tendo participado no Rali Merzouga (2º) e técnicas, entrando e saindo dos desfi-
e no Rali de Marrocos (10º) para adqui- ladeiros, havia muitas linhas marcadas assim como entrevistas e artigos de análise nos sites:
rir mais experiência. Pelos vistos a pre-
paração resultou bem e logo na 2ª etapa www.offroadmoto.pt e www.motosport.com.pt

F1/12
FÓRMULA 1
F12020
VAISER UM
‘GRAND
FINALE’
Sou otimista e naquela que será a derradeira temporada da regulamentação
híbrida como a conhecemos desde 2014, há sinais claros que vamos ter mais uma
grande época de Fórmula 1, mesmo que esses indiquem que o domínio Mercedes
não deverá desaparecer. Mas, acreditem, 2020 será o “Grand Finale” desta era

José Manuel Costa a Mercedes ganhou, mas esteve longe do con-
[email protected] forto de outras temporadas e a Ferrari, apesar
de um carro coxo desde a nascença, mas com
C laro que a Mercedes venceu os seis grande qualidade e necessidade de interpre-
campeonatos da era híbrida. Claro que tação do seu carácter, mostrou que poderia
os seus pilotos foram os únicos cam- ter sido uma rival à altura. Sim, houve corridas
peões do Mundo, com Nico Rosberg a monótonas, sensaboronas, mitigadas por ou-
impedir Lewis Hamilton de estar, nesta tras absolutamente espetaculares, entre elas a
altura, com seis cetros consecutivos e de Hockenheim. Uma pista que não interessa a
igualado com Michael Schumacher. Claro que a ninguém e que dá corridas chochas, foi banhada
Ferrari tem sido a maior rival, mas passa a vida pela chuva e tudo mudou. Até Hamilton escor-
a jogar como aquele defesa que só marca auto- regou! Rima e é verdade...
golos. Por isso, não duvidem, o domínio em 2020 Há novidades nas pistas, há muita gente nova
será da... Mercedes. a empurrar os velhos para a reforma e as equi-
Porém, isso não quer dizer que tenhamos de ter pas de topo, apesar de ser o último ano desta
um campeonato monótono ou desprovido de regulamentação, vão voltar a gastar milhões
interesse. A edição de 2019 do Campeonato do para o objetivo supremo: derrotar a Mercedes
Mundo de Fórmula 1 não foi interessante? Sim, e Lewis Hamilton.

AFINAL O QUE TORNA 2020 TÃO >> autosport.pt

INTERESSANTE? REGULAMENTO? 13

Todos dizem que sem teto orçamental a Fórmula 1 morre a médio AFINAL O QUE TORNA 2020 TÃO
prazo. Ora, esse mesmo teto vai ser lei em 2021, com um alçapão que INTERESSANTE? JUVENTUDE?
permite às equipas ziguezaguear dentro desse limite, mas 2020 será Podemos discutir se a grelha de partida
o pai de todos os gastos. Pode Ross Brawn apregoar que este não será de 2020 estará mais ou menos interes-
o ano recordista de custos. A Ferrari já disse que vai gastar o que for sante. Seria possível recuar no tempo e
preciso para voltar a ganhar e impedir que a Mercedes possa osten- encontrar temporadas com muitos pilo-
tar no seu palmarés o domínio de uma geração regulamentar intei- tos, muita juventude, mas vamos até 2012,
ra. Não sendo passaporte para a vitória, este anúncio vai despoletar o ano em que mais campeões do mundo
a ida aos bolsos por parte de Mercedes e Red Bull e os mais de 400 estavam na grelha de partida, nada me-
milhões gastos em 2019 podem não ser suficientes. nos que seis: Sebastian Vettel, Fernando
Porém, há muitas mais coisas que vão tornar o ano de 2020, o últi- Alonso, Kimi Räikkönen, Lewis Hamilton,
mo com a atual regulamentação, muito interessante. Há mudanças, Jenson Button e Michael Schumacher.
mas essas não vão fazer a diferença. Esse número não se voltou a repetir e em
Por exemplo, as alterações nos regulamentos técnicos e desporti- 2020 serão apenas três os campeões do
vos. No que toca à legislação desportiva, as penalizações por não Mundo: Lewis Hamilton, Sebastian Vettel
passagem na báscula quando requerido ou por falsa partida foram e Kimi Räikkönen. Mas a chave para uma
aliviadas e a bandeira de xadrez tradicional está de regresso no lu- temporada que poderá ser muito inte-
gar do sinal de “End of Race”. ressante, é a juventude!
Na zona técnica, não se poderiam esperar grandes diferenças, mas Max Verstappen, Charles Leclerc, Lando
a FIA ainda introduziu algumas alterações, a mais evidente a ado- Norris, Esteban Ocon, George Russell e
ção de uma pequena barbatana na cobertura do motor para que o Alex Albon asseguram que a Fórmula 1
número do carro fique em evidência. O regulamento tem mudanças tem um futuro brilhante e que tem entre
no articulado para evitar que as equipas armazenem excesso de estes “miúdos” muitos que podem ser
combustível fora dos depósitos e, sobretudo, deixem de ser usadas heróis dos futuros adeptos da Fórmula 1.
embraiagens desenhadas para ajudar os pilotos na largada. Os es- O facto de a dança das cadeiras não ter
pelhos também merecem um novo articulado para evitar o “rega- acontecido para 2020, permite que o plan-
bofe” aerodinâmico dos últimos anos. O resto são detalhes que não tel seja mais ou menos o mesmo e à ju-
serão percetíveis pelos espetadores. ventude se possa juntar homens como
Estavam previstas mais alterações que acabaram por não ir em frente: Daniel Ricciardo e Valteri Bottas. Ou seja,
obrigatoriedade de duas paragens ao invés de uma; uma Q4 na qua- mesmo que a opção para a vitória este-
lificação; corridas de qualificação com grelha invertida, entre outras. ja circunscrita aos mesmos – entre eles
estão Leclerc e Verstappen – os jovens e
os aspirantes a novos contratos vão dar
muitas dores de cabeça aos “veteranos”.

AFINAL O QUE TORNA 2020 TÃO INTERESSANTE?
MERCADO DE PILOTOS?
O ano de 2020 é uma charneira para um novo regulamento e para...
uma “silly season” que já começou! Se olharmos para o plantel de
2020, Sebastian Vettel termina o seu contrato com a Ferrari no
final deste ano, o mesmo se passando com Max Verstappen e...
Lewis Hamilton. Aliás, se olharmos bem para a situação contra-
tual dos pilotos, há apenas três pilotos que têm o seu futuro total-
mente definido: Charles Leclerc (rubricou uma extensão de 5 anos
com a Ferrari!), Esteban Ocon e Sérgio Perez. Ou seja, a “silly sea-
son” de 2021... já começou. Os rumores da ida de Lewis Hamilton
para a Ferrari – e que até poderia arrastar Toto Wolff para o campo
dos “vermelhos” – vai-se intensificando e o “dominó” dos pilotos
continua a tentar encaixar-se com pilotos como Daniel Ricciardo
ainda na eterna esperança de entrar na Mercedes ou na Ferrari.

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FÓRMULA 1

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AFINAL O QUE TORNA 2020 TÃO INTERESSANTE? AFINAL O QUE TORNA 2020 TÃO INTERESSANTE? AFINAL O QUE TORNA 2020 TÃO INTERESSANTE?

LUTA PELO TÍTULO? SÉTIMO TÍTULO DE LEWIS HAMILTON? RECUPERAÇÃO DA FERRARI?

O ano de 2021 não deverá ser muito interessante O britânico disse que a temporada de 2019 foi a melhor O ano de 2019 foi trágico-cómico para a equipa de
porque, como sempre sucede com um novo regu- da sua carreira, pelo que todos acreditamos que 2020 Maranello: começou em fanfarra em Barcelona, levou
lamento, quem encontra primeiro o caminho das poderá ser ainda melhor. Porquê? Primeiro porque o um violento murro no estômago na primeira metade
pedras, chega ao objetivo mais depressa. Por isso britânico está “no ponto”! Amadureceu muito, enfren- do campeonato, recuperou depois do verão, passou por
mesmo, 2020 será o ano em que apostamos as fi- ta muito melhor as fases de ocaso da equipa e conse- acusações e múltiplas desconfianças da FIA, sobreviveu
chas todas numa luta sem quartel entre Mercedes, gue, mesmo em situações complicadas, ter a frieza ne- à luta pelo poder entre Leclerc e Vettel, mas com muita
Ferrari e Red Bull. Porque dizemos isto? Em primei- cessária para recolher importantes pontos. Agora que falta de jeito, ganhou corridas e perdeu corridas trope-
ro lugar porque apesar do aumento de gastos para está ali a um passinho de igualar Michael Schumacher, çando nos próprios atacadores.
se chegar ao objetivo de ser campeão, não haverá Hamilton não dá mostras de abrandar o ritmo e, natu- Se levar Charles Leclerc para a Ferrari foi uma das boas
uma guerra tecnológica, pois o regulamento não ralmente, é o grande candidato a ser campeão em 2020, decisões tomadas por Mattia Binotto, o monegasco foi
conheceu, pela primeira vez, mudanças palpáveis com o aliciante de poder bater mais uma série de recor- uma enorme dor de cabeça e uma pedra no sapato para
ou decisivas. Por isso mesmo, o foco estará na luta des do alemão e ficar como o piloto mais bem sucedido Vettel. Embrulharam-se os dois de forma inadmissível
entre pilotos, e acreditando naquilo que 2019 nos de sempre da Fórmula 1. em Itália, Rússia e Brasil, penalizaram a equipa, perde-
disse no final da temporada, tanto Ferrari como Red Hamilton não perdeu velocidade, está cada vez mais “es- ram o terceiro lugar dos pilotos, enfim, uma dor de ca-
Bull foram capazes de vencer a Mercedes, com Max perto” nas lutas corpo a corpo e a experiência acumulada beça para Binotto. O trabalho técnico é brilhante pois
Verstappen, Charles Leclerc e Sebastian Vettel a permite-lhe um nível de consistência que ninguém no ganharam corridas com um carro que, afinal, tinha um
vencerem no ocaso da temporada e Valtteri Bottas plantel exibe. Esmagou Vettel nos últimos anos, conse- erro de conceção – não divulgado na íntegra – e o mo-
a também conhecer o sabor da vitória. É verdade guiu sobrepor-se a Verstappen e a Leclerc, embora face tor do Cavalino Rampante deixava Mercedes e Honda no
que os títulos estavam decididos, mas foi um bom a este tenha sofrido uma derrota que pode soar a alarme. chinelo. Portanto, após a afirmação que estão dispostos
indicador. E a partir daqui podemos sonhar: primei- Porém, Hamilton tem uma capacidade e um talento que, a gastar o que for preciso para recuperar os títulos, acre-
ro título de Max Verstappen? Leclerc poderá ter a apesar de o deixarem com um enorme alvo nas costas, dita-se que a Ferrari vai recuperar e dar-nos espetáculo
consistência necessária para dar à Ferrari um novo o estão a colocar à porta do olimpo da Fórmula 1. ao longo de 2020. Mesmo que ao volante estejam dois
título de pilotos? Conseguirá Vettel ultrapassar as Michael Schumahcer tem 91 vitórias e sete títulos, recor- teimosos que recuperam a dupla Hamilton/Rosberg que
suas insuficiências e conquistar o quinto título de des que estão ao alcance de Hamilton já esta temporada tantos cabelos brancos ofereceu a Toto Wolf em 2016.
pilotos? Será que Bottas na versão 2.0 consegue de 2020: basta vencer oito vezes (ganhou 11 vezes em
aproveitar ter um Mercedes nas mãos para “roubar” 2019 e desde 2014 que venceu sempre 8 ou mais corri-
o título a Hamilton como Rosberg fez em 2016? Tudo das por temporada) e sagrar-se campeão, para ocupar
isto só será possível se Lewis Hamilton se distrair. o mesmo espaço do alemão. Rei da qualificação – 88
no bornal contra 68 de Schumacher – o piloto britânico
pode tornar-se em 2020 o homem com o melhor pal-
marés da Fórmula 1. E por larga margem!

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AFINAL O QUE TORNA 2020 TÃO INTERESSANTE?
RED BULL E HONDA NO PONTO?
As alterações feitas ao regulamento de 2019 foram
um duro golpe para a Red Bull, “estragando” o projeto
de Adrian Newey. Mas o génio britânico rapidamen-
te deu a volta ao texto e ofereceu a Verstappen um
carro que voava nas suas mãos. Claro que a equi-
pa de Milton Keynes tinha de passar por um mo-
mento Helmut Marko, com a troca de Pierre Gasly
por Alexander Albon, mas sem ligar muito a isso,
o holandês lá foi fazendo o seu caminho e ganhou
corridas em 2019, contando com um motor Honda
cada vez melhor. O que muda em 2020 para per-
mitir que Max Verstappen possa olhar olhos nos
olhos Lewis Hamilton?
Quase tudo! Não vão existir alterações de regula-
mento, logo Adrian Newey fez o carro de 2020 sem
que tivesse de tergiversar no final do processo
criativo; a Honda mostrou que tem uma unidade
motriz capaz de ombrear com a Mercedes, logo ca-
paz de dar dores de cabeça aos alemães, veremos
como será face à Ferrari; Max Verstappen vai en-
velhecendo e ganhando experiência e, sobretudo,
maturidade aliada ao seu gigantesco talento. Tudo
isto e a manutenção de um investimento na Red
Bull e na Toro Rosso na região dos 800 milhões de
dólares, permitem acreditar que a casa de Milton
Keynes pode dar um salto qualitativo enorme, sem-
pre com Verstappen no centro das atenções. Isto
porque quem se sentar ao lado do holandês já sabe
que a equipa gira em torno dele. Veremos se Alex
Albon será um cordeiro ou terá garras para arra-
nhar a couraça de proteções de Max Versatappen?
2020 vai ser, também por aqui, muito interessante.

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AFINAL O QUE TORNA 2020 TÃO INTERESSANTE? AFINAL O QUE TORNA 2020 TÃO INTERESSANTE?

NOVAS PISTAS? DUELO VETTEL - LECLERC?

Inevitavelmente, um campeonato que recebe novas equi- Acreditamos que em 2020 teremos de reforçar o stock
pas ou novos circuitos torna-se mais interessante. Se no de Pipocas, pois o duelo entre Sebastian Vettel, no último
primeiro capítulo não há nada de novo há muito tempo, ano de contrato com a Ferrari, e Charles Leclerc, confir-
no segundo, 2020 será um ano de bónus: dois circuitos mado na Scuderia por mais cinco ano, vai fazer faísca.
fazem a sua estreia no Mundial de F1. Falamos, claro, do A luta entre os dois foi sendo fervida em lume brando
Vietname e de Zandvoort. até que no GP do Brasil tudo extravasou e os dois aca-
O primeiro é a chegada de um novo traçado, mas tam- baram fora de pista a apontar o dedo um ao outro e com
bém de um novo país, desconhecido da maioria, exce- Mattia Binotto a ganhar cabelos brancos e na sua bono-
ção feita à guerra travada com os EUA. O nível de exci- mia enervada a dizer que “não deveria ter acontecido!”
tação sobe quando percebemos que é a estreia absoluta Mais tarde veio dizer que “felizmente ocorreu no final
do país e logo com um circuito que foi desenhado com a da temporada e deu oportunidade para clarificarmos
ajuda decisiva da própria Fórmula 1! O Hanoi Motor Sport as coisas. No próximo ano isto não sucederá!” Temos
Circuit tem 5,6 quilómetros de perímetro, dos quais 1,5 muitas dúvidas sobre isso, e se por um lado está um te-
km são da reta principal. Depois, o traçado vietnamita tra campeão do mundo que teve tudo dentro da Ferrari
tem zonas desenhadas, especificamente, para oferece- e não conseguiu nada, muito propenso a achaques so-
rem mais oportunidades de ultrapassagem, recebendo bre pressão e a caminho da porta da rua, do outro está
enorme inspiração de outros circuitos. Segundo a Liberty um miúdo cheio de talento, que deu água pela barba a
Media, o Hanoi Motor Sport Circuit foi pensado e dese- Lewis Hamilton quando assinou a vitória pela Ferrari em
nhado para ser uma pista para pilotos, no centro de uma Monza (algo que Vettel nunca conseguiu!) e que já pro-
das cidades asiáticas com mais história. vou “tê-los” no sítio, querendo justificar a aposta da casa
E porque se quer mais pistas para homens de barba rija, de Maranello neste novo contrato. As faíscas vão voar e
Zandvoort está de regresso ao calendário a Fórmula 1, não vão ser poucas, a não ser que as ordens de equipa
depois dele ter saído em 1985. Trinta e cinco anos depois, sejam claras desde o início. O que na Ferrari, desde que
está de regresso a mítica pista desenhada nas dunas de saiu Jean Todt, acontece poucas vezes.
Zandvoort e que surgiu pela primeira vez na Fórmula 1
em 1952. O traçado desenhado por um grupo de pes-
soas entre elas John Hugenholtz, conta com as curvas
“Tarzan” e as curvas Hugenholtz e Arie Luyendik (esta
última antes da reta da meta e que atira, literalmente, os
carros para a reta), com “banking” à imagem das pistas
norte americanas. O traçado recebeu algumas altera-
ções para o modernizar, e apesar de algumas vozes con-
tra, a prova vai mesmo realizar-se em 2020. Zandvoort
junta-se, assim, a pistas tradicionais como Monza, Spa,
Barcelona, Suzuka, Monaco ou Canadá, oferecendo uma
perspetiva de espetáculo que será muito bem-vinda.

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AFINAL O QUE TORNA 2020 TÃO INTERESSANTE?
RECUPERAÇÃO DA MCLAREN E DA WILLIAMS?
A McLaren ressurgiu das cinzas, não só porque Zak
Brown percebeu que precisava de alguém que perce-
besse da poda – Andreas Seidl, vindo da Porsche foi
absolutamente decisivo –, como trouxe para a equi-
pa sangue novo. Carlos Sainz Jr. e Lando Norris deram
espetáculo em 2019. Com a troca dos motores Renault
pelos Mercedes, reeditando uma parceria de enorme
sucesso, Sainz e Norris podem ser a grande surpresa
de 2020, com o jovem britânico a querer mostrar servi-
ço para poder encarar com outro estatuto as constantes
brincadeiras de Daniel Ricciardo. No caso da Williams, já
ganhou um troféu antes de começara temporada – que
pode ser-lhe tirado se houver algum episódio rocam-
bolesco na Red Bull, algo que é habitual lá para os lados
de Milton Keynes –, com Nicholas Latiffi a ser o “rookie
do ano” pois... será ele o único estreante. George Russell
não terá dificuldades em trucidar o canadiano, poden-
do concentrar-se em ajudar a Williams a melhorar, ele
que é piloto Mercedes e tal como sucedeu com Pascal
Wehrlein, Paul di Resta, Esteban Ocon e outros, continua
com a ascenção tapada por Lewis Hamilton e o seu fiel
escudeiro Valtteri Bottas. Mas com Hamilton no último
ano de contrato com a Mercedes e Bottas na mesma si-
tuação, Russell vai dar tudo por tudo para mostrar que o
seu talento não cabe num sapatinho feio como o Williams.
Já agora, uma palavrinha para Alex Albon. De rejeitado
a salvador da pátria, o tailandês nascido em Londres
tem nas mãos um carro de topo e uma equipa de topo.
Azar dos azares, tem como colega de equipa um piloto...
de topo! Vamos ver que migalhas sobram da mesa do
banquete de Mercedes, Ferrari e Verstappen e se Albon
conseguirá, pelo menos, ensaiar uma ida ao lugar mais
alto do pódio. Não será fácil, mas o tailandês vai tentar.

AFINAL O QUE TORNA 2020 TÃO INTERESSANTE?
A FÓRMULA 1?
Como se pode verificar, o ano de 2020, aquele que será
o canto do cisne da regulamentação híbrida lançada em
2014, poderá ser bem mais interessante do que se adi-
vinhava. A luta pela última glória desta era da Fórmula
1 será sem quartel e a Mercedes quererá terminar esta
era com o domínio pleno de sete vitórias em sete anos,
mas terá a dura concorrência da Ferrari e da Red Bull para
evitar isso. Ficam algumas questões que, certamente,
serão respondidas em 2020: vai a Mercedes abando-
nar a Fórmula 1 após 2020? Irá Lewis Hamilton deixar
a Mercedes e cair nos braços da Ferrari, sublinhando,
assim, um currículo que pode ficar para a história da
disciplina? Para onde irá Sebastian Vettel depois da
Ferrari? O que vai acontecer aos “miúdos” que estão a
despontar nas disciplinas de promoção? Irá a Renault,
finalmente, elevar a fasquia e dar luta às três equipas da
frente? Conseguirá Daniel Ricciardo cumprir o seu sonho
de competir de vermelho vestido, ou já passou o prazo
de validade? Conseguirá alguém bater Lewis Hamilton
a caminho do sétimo título mundial e do recorde de vi-
tórias, chegando ao redondo número de 100 em 2020?
Quer mais motivos de interesse que estes?

E/18
ENTREVISTA ENTREVISTAHUGO MAGALHÃES

Équase inevitável que QUERO CONSTRUIR
um jovem de Fafe te- UMA CARREIRA
nha cedo contacto com CADAVEZMAIS
os ralis. Vivendo numa INTERNACIONAL
das ‘Catedrais’ da disci- Hugo Magalhães é há muito um dos mais destacados navegadores nacionais, e também um dos
plinaem Portugal, Hugo mais ecléticos. Depois de um ano em que voltou a estar ao lado de Bruno Magalhães na luta por
Magalhães começou a um título, fizemos um balanço do que tem sido até aqui a sua carreira. Para o futuro, gostava de
ver provas muito cedo, ‘agarrar’ num jovem luso e ajudar a catapultá-lo para o panorama internacional. Há candidatos?
e, como muitas outras
paixões, foi assim que ENTREVISTA José Luís Abreu [email protected]
esta despertou: “Tinha FOTOGRAFIA @World/Ricardo Oliveira e coleção pessoal Hugo Magalhães
sete anos quando vi o
meu primeiro rali, o Rali de Portugal, em dos os anos assistia aos ralis, aos testes com quem corri quatro anos. Vencemos
Fafe, com o meu avô materno. Foi amor à e até às equipas de fábrica a trabalha- o Desafio Modelstand por duas vezes e
primeira vista, passando a ser um verda- rem nos carros. Ou seja, a minha cidade conseguimos um segundo lugar tam-
deiro entusiasta da modalidade.” sempre me deu aquilo que eu precisava bém. Nessa noite o Daniel desafiou-me
Este é um denominador comum para a para estimular a paixão que tinha pelos a fazer o Rali F.C.Porto com ele, antes de
maioria dos apaixonados pela modali- ralis e quando um jovem gosta de ralis e dizer que sim só o questionei sobre como
dade, mas enquanto a maioria se queda ambiciona entrar na modalidade, o mais íamos fazer isso se nem carro tínhamos.
pela beira da estrada, Hugo Magalhães comum é querer se piloto, mas curiosa- Então ele disse que ia tratar de arranjar e
passou para o banco do lado direito de mente a minha intenção sempre foi outra. desafiou-me a tratar de aprender a na-
um carro de ralis: “Ainda me lembro nos Não é muito comum, mas eu sempre me vegar. Fomos à procura de apoios, cada
meus tempos de escola primária de es- interessei pelo lugar de co-piloto. Talvez um dedicou-se ao que ficou estabelecido
tar a correr pelo recreio fora e a fazer o por ser um lugar que requer capacidade e lá fomos nós. Num ápice estávamos na
barulho dos carros de ralis. Nessa altura de liderança, organização, método, lidar semana do rali, já nem dormia de tanto
identificava os meus colegas de turma e compreender pessoas, trabalhar pró- entusiasmo e ansiedade.
com os nomes dos pilotos da época, e ximo da equipa em muitas outras áreas Lembro-me que na noite anterior nem
fazíamos corridas. que os pilotos por vezes não fazem, pro- dormi para passar as notas a limpo e fi-
Sendo fafense e a cidade de Fafe tendo vavelmente este lugar encaixa e identifi- cava a olhar para o caderno, mais parecia
uma enorme tradição nos ralis, foi qua- ca-se mais com a minha personalidade que estava na noite de 24 para 25 de de-
se como a cereja no topo do bolo, pois to- e forma de estar”, disse. zembro à espera de receber os presentes.
Hugo Magalhães não começou cedo, ti- Foi assim se deu a minha estreia nos ra-
nha 23 anos quando arrancou para esta lis e foi o impulso decisivo para perceber
aventura dos ralis. Era jogador profissio- que efetivamente era isto que eu queria
nal de futebol e logicamente não estava para mim”. Até hoje…
autorizado a fazer ralis. A oportunidade já
tinha surgido mas nunca o tinha conse- ADEUS FUTEBOL
guido fazer pois era incompatível. Mas a
vontade de entrar neste mundo era cada Largou o futebol, foi à procura de tra-
vez maior e isso levou-o a abandonar o balho para fazer esta transição e conti-
futebol para poder experimentar os ra- nuar a ter recursos para o seu dia a dia.
lis: “Tudo começou numa brincadeira de Sabia que fazer dos ralis uma profissão
café com o Daniel Ribeiro, piloto fafense não era fácil: “No início as pessoas mais
próximas, até mesmo os meus pais, cha-

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E/
ENTREVISTA

20

HUGO MAGALHÃES

maram-me irresponsável por estar a percebi que se este era o caminho que zem às provas e os objetivos que preten- Obviamente com alguns deles gostava de
largar o meu trabalho (futebol) e meter- queria seguir, o que fazia em Portugal dem alcançar, no caso dos mais jovens e melhores resultados mas é preciso en-
-me numa coisa perigosa e sem futuro”, era insuficiente”. menos experientes preciso de identificar tender que nem todos estão a 100% nas
mas essas palavras, em vez de o demo- Foi aqui que nasceu um Hugo Magalhães em primeiro lugar as maiores lacunas e provas, não têm as mesmas capacidades
verem, serviram de motivação: “Foram ainda mais determinado e com a cer- começar a criar bases sólidas e susten- e outros precisam de mais tempo. Estas
mais um boost para eu lhes provar que teza que tinha nascido para o lugar de táveis para definirmos objetos e irmos à hierarquias são geradas por um conjunto
quando queremos uma coisa consegui- co-piloto: “Em 2013 fui obrigado a fazer conquista deles. de fatores que fazem com que uns tenham
mos. Assim fui, percorrendo o meu ca- opções entre o meu trabalho ou apostar Com todos estes pilotos extraí informa- mais capacidades que outros. Temos de
minho, amador mas sendo profissional numa carreira de co-piloto, pois do nada ção e conhecimento. Foram e são eles que ter em conta as bases que cada um tem,
em tudo que fazia, rodeei-me de pessoas vi-me envolvido em vários projetos e não me estão a ajudar a atingir um patamar os apoios, a estruturação de uma carreira,
mais velhas, experientes, ouvi opiniões e era compatível estar nos dois lados. Não cada vez mais alto. as condições que lhes foram e são dadas,
aceitei conselhos e aos poucos comecei houve dúvida na escolha e os ralis foram etc. Tudo isto marca de forma profunda
a criar a minha própria forma de estar o caminhoa seguir. Neste ano começou a
neste mundo. Tive a sorte de estar ro- verdadeira aventura no estrangeiro com
deado de boas pessoas que rapidamente várias presenças no Líbano mas tam-
perceberam que isto era uma verdadeira bém com a participação no PWRC com
paixão para mim, que me aplicava a 100% um piloto da Venezuela, não esquecendo
e colocava muito trabalho e tempo nos o Nacional de Ralis com o Bernardo que
ralis. Esta foi também a maneira como disputámos até à última prova”, recordou.
os fui cativando mais e mais e as coisas
começaram a suceder-se com a maior UNITED COULOURS OF HUGO
das naturalidades.”
Logicamente, definiu objetivos, e um de- Só nos últimos três anos Hugo Magalhães
les era, em cinco anos, estar a fazer pro- navegou pilotos como Bruno Magalhães,
vas do WRC: “Fácil nunca iria ser, mas fui Nabila Tejpar, Rakan Al-Rashed, André
bastante pragmático e incisivo na forma Lavadinho, Diogo Salvi, Rúben Moura,
como trabalhava. Se não traçasse obje- Olli Walter, Abdullah Al-Kuwari, Alexey
tivos altos, ninguém os iria estabelecer Lukyanuk, Miguel Barbosa, Rashid Al-
por mim.” Naimi, Mark Wallenwein. Mas afinal, como
A verdade é que passados cinco anos é navegar tantos e tão díspares pilotos?
lá estava, ao lado de João Silva, na WRC “Estar ao lados de todos estes pilotos é es-
Academy. A estreia foi no Rali da Acrópole sencialmente a abertura de uma grande
de 2012: “Quanto temos oportunidade de porta para adquirir experiência e conhe-
estar presente numa competição como cimento e estar cada vez mais bem pre-
esta não pode existir meio-termo. Ou parado como co-piloto. Todos eles, pelas
estamos lá com todas as nossas forças mais variadas razões, proporcionam-me
e vontade para agarrar as oportunida- condições diferentes de trabalho e mes-
des ou é uma perca de tempo e dinhei- mo participar em provas com todas as
ro. O ano de 2012 foi sem dúvida um ano características imagináveis. É efetiva-
em que construí as minhas maiores ba- mente um trabalho exigente que requer
ses como co-piloto, aprendi a trabalhar uma adaptação muito rápida da minha
de forma diferente com maior método e parte para corresponder a cada piloto. É
profissionalismo, mas essencialmente necessário perceber os seus métodos de
trabalho bem como a abordagem que fa-

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21

os resultados de cada um. Felizmente eu te e eu acabava sempre os troços primeiro final da PE eu disse ok, os detalhes já aqui mina na desistência. No médio oriente a
nunca fiz distinção nesta hierarquia e que ele”, disse Hugo Magalhães, que ex- estavam, foi mesmo para eu perceber maior parte das vezes a única coisa é a
tenho sempre a mesma motivação para plicou como é possível decorar notas de se realmente isto te faz falta”, explicou perda de tempo para retomar o percurso.
estar envolvido em lutas europeias e até 4 ou 5 curvas: “O Lukyanuk é um piloto Hugo Magalhães, que sumariou exem- Eles não estão também preparados para
mundiais, como quando estive no WRC muito focado e com enorme capacidade plos dos seus vários pilotos: “Outros só poupar as mecânicas e então passam por
2 com o Bernardo (Sousa), bem como de interpretação e assimilação das notas, são capazes de planear as curvas com a cima de tudo e tendem a cortar quase
com um piloto que esteja a começar a a juntar a isto tem um ritmo que lhe é ca- informação mais em cima das mesmas. todas as curvas que muitas vezes têm
fazer ralis ou apenas queira melhorar os racterístico e só conseguia andar assim Usamos muito os termos ‘cedo ou tarde’ surpresas. E, infelizmente, existe uma
seus registos por quilómetro, como por pois planeava melhor as curvas seguin- para abordagem à curva. Tenho pilotos grande falta de conhecimento do que
exemplo reduzir a diferença para os mais tes. Se não ouvisse 3, 4 e até 5 notas se- que gostam de ouvir isso em primeiro por- realmente é um rali e toda a sua dinâ-
rápidos. O importante é manter a minha guidas começava a hesitar. que na realidade é o primeiro movimento mica e procedimentos”.
motivação para ajudar cada um deles a Também é preciso referenciar que as no- a fazer e tenho outros que só entendem
subir nesta hierarquia.” tas dele são mais simples, o que permite essa informação se ela já vier mais tar- HISTÓRIAS COM PILOTOS
Com tanta diversidade há certamente di- uma melhor interpretação.” de. Há quem use a mesma quantidade
ferenças, por exemplo, na forma de dar A maior ligação é mesmo com Bruno de ângulos para definir as curvas mas Ao ‘andar’ com tanta variedade de nomes,
as notas, e Hugo Magalhães explica como Magalhães: “Ele é talvez o piloto que mais invertem os números de crescente para o desafio feito a Hugo Magalhães quan-
é, com uns e com outros: “Todos eles são informação tem nas notas, mas o mais decrescente e vice-versa para distinguir to a ‘estórias’ que tenha com pilotos foi
diferentes, é um dos pontos positivos, pois impressionante é que tudo o que lá está a dificuldade. As notas em inglês acabam logo aceite: “Tenho uma história curiosa
não há a minha hipótese de me acomo- ele entende e necessita. Recordo-me que por de certa forma serem mais simples com um piloto da Venezuela com quem
dar ou começar a fazer as coisas de forma das primeiras vezes que andei com ele, e pois com menos palavras conseguimos fiz o PWRC e apenas o conheci no aero-
genérica, o que seria bastante prejudicial já tínhamos uma boa relação de confian- descrever a estrada. porto. Em virtude de vir direto de outro
para mim. Para começar, cada um usa o ça, eu comecei-o a testar para perceber É um facto que as provas realizadas no rali e de uma parte do mundo para outra
seu próprio sistema de notas, quase to- se realmente ele entendia tudo, então nos continente asiático, mais concretamen- (Austrália), tive de pedir autorização à or-
dos eles têm a perceção das distâncias treinos não lhe ditava um ou outro detalhe te no médio oriente, têm característi- ganização para começar os treinos mais
entre curvas completamente diferente, e pensava para mim, vamos lá ver se ele cas muito singulares, são estradas mais tarde. Então o piloto foi-me esperar ao ae-
e talvez aqui esteja uma das coisas mais se lembra disto e lhe faz falta. A realidade abertas e com menos dificuldade, o que roporto de carro de treinos, road book nas
exigentes para mim. Tenho de assimilar é que ele pedia sempre para acrescentar faz com que as notas deles sejam mais mãos e quando nos conhecemos ele diz,
talvez melhor que eles essas distâncias o detalhe que eu não lhe dizia. Então no simples e talvez mais à vista que à pró- olá sou o Carlos, tens aqui o teu material,
de modo a manter uma cadência certa, pria nota, e quando caem na Europa esse o carro está lá fora e vamos lá reconhe-
nem atrasada nem adiantada. Uns gos- acaba por ser o primeiro choque, apren- cer. Ou seja, eu saí do aeroporto ainda de
tam de andar 3/4 notas à frente da cur- der a andar à nota mas também aprender malas direto para as classificativas. Aqui
va em que vamos para que possam pla- a tirar notas reais, notas que descrevam safou-se na íntegra o trabalho de casa e
near todas as sequências, e talvez aqui a estrada que conseguimos ver e o que pude iniciar o dia de trabalho sem gran-
o piloto que mais me impressionou foi o está para além dos topos ou curvas cegas. des dificuldades.
Lukyanuk, que andava 4/5 curvas à fren- Outra dificuldade é entenderem que aqui Tenho recentemente a situação do Rali
a estrada tem um limite, não existem do Chipre, que 300 metros após arran-
grandes escapatórias ou margem para carmos, na primeira especial, ficámos
sair das linhas, ou seja, aqui se formos sem acelerador, que se partiu, e o meu
para além dos limites o mais provável piloto já só dizia, ainda nem começou e
será um encontro com árvores, buracos, já acabou. Eu mandei-o desaparecer e
muros ou qualquer outro tipo de obstácu- ir avisar os outros concorrentes que lhe
lo que quase sempre causa danos e ter- resolvia a questão e na realidade resolvi.
Com o Bruno, no Rali da Grécia de 2017,

"ALGO MUITO IMPORTANTE QUE 95% DOS CO-PILOTOS NÃO ENTENDE
E ISSO LEVA AO INSUCESSO DE ALGUNS PILOTOS, É NÃO SABER ENTENDÊ-LOS,
LIDAR COM ELES, DEFINIR OBJETIVOS EM FUNÇÃO DO NÍVEL DE CADA UM."

E/
ENTREVISTA

22

HUGO MAGALHÃES

na maior especial do rali, com 40 km, fi-
zemos mais de 30 dos reconhecimentos
furados e sem saber onde se ia arranjar
solução, e apesar de eu saber que está-
vamos numa situação complicada que
podia custar o reconhecimento da es-
pecial, tive de o manter calmo e pedir
para levar o carro até ao fim, que depois
íamos solucionar e voltar para a segunda
passagem. Felizmente conseguimos, mas
são sempre situações de aperto que nos
fazem ver o caso mal parado.
Outra história que tive foi no Líbano,.
Quando me deslocava para o aeropor-
to para seguir direto para a Austrália fui
barrado por uma coluna militar que não
me deixava prosseguir e não entendiam
porque é que um português estava lá
com malas com um capacete e material
de competição.
Tive de lhes explicar tudo com calma e
suplicar para me deixarem seguir viagem,
caso contrário não chegaria à Austrália
para outro rali”, recordou.

PREPARAÇÃO/ORGANIZAÇÃO na mecanizado para uma determina- pilotos, sou eu próprio a tratar da minha modo a apanhar o avião para a prova se-
da dinâmica e no dia a seguir enfrentar própria logística que tem de ser cuidada guinte. No meu caso perder um avião ou
A vida de um navegador que tem diver- um novo desafio a usar uma linguagem e feita atempadamente para que pos- um comboio durante todo este processo
sos pilotos das mais diversas proveniên- diferente e outros objetivos, não é fácil. sa comparecer nos ralis a tempo. Já me pode colocar um ponto final em dias de
cias tem que ter a palavra ‘organização’ Por vezes o mais complicado é vir de aconteceu ter que pedir uma autorização trabalho e mesmo no rali”, disse.
nos píncaros: “A preparação das provas uma prova em que lutas por uma vitó- especial às organizações para a minha
é talvez a parte mais exaustiva e que ria e depois ter de interiorizar que o rit- equipa começar os recce mais tarde e A PARTE MENTAL
requer um bom trabalho de casa a ní- mo e os objetivos são muito diferentes. com os pilotos não prioritários para po- Ao trabalhar com tanta variedade de pi-
vel administrativo, logístico, estudo dos Provavelmente, nas primeiras horas sou der cumprir o programa, como também lotos, Hugo Magalhães também ‘apanha’
ralis, planeamento de uma semana de demasiado exigente com o piloto e es- já pedi autorizações para abandonar o muita diversidade comportamental e
trabalho (reconhecimentos e rali) mas tou-lhe a pedir mais do que ele é capaz rali mal passe o último controlo horário mental e isso é também um enorme de-
também preparar a parte física. É ne- de fazer e já estava estipulado. e falhar cerimónias de pódio ou apenas safio, que ao fim ao cabo o prepara melhor
cessário chegar os ralis com um conhe- Outra mudança que nem sempre é fácil a própria passagem pela rampa final de para novos desafios: “Acho que existe algo
cimento profundo do que vou encontrar de fazer, é de idioma. Às vezes ditam-me
para não ser surpreendido. Em provas de as notas em inglês e eu escrevo em por-
grande dimensão como WRC e ERC não tuguês ou vice versa, bem como a mu-
há tempo para surpresas. dança de ritmos dentro do carro de com-
Em casa e em contacto com a equipa petição. Recordo-me que ainda no teste
preparamos toda a documentação ne- do Rali Vidreiro eu vinha de quatro ralis
cessária, estudo previamente todos os seguidos entre WRC e ERC, e o Bruno
mapas através de elementos fornecidos comenta que em determinados locais
pela organização e outras ferramentas de já vínhamos no limite e eu achava que
modo a que quando chego a locais des- vínhamos devagar, ou seja, tanto tem-
conhecidos, mentalmente é como se lá já po dentro de um carro começa a tornar
estivesse estado, facilitando toda a fluidez tudo tão natural, mas ao mesmo tempo
do trabalho bem como um comprimen- a fazer perder um pouco a noção real do
to rigoroso dos horários estabelecidos. que é andar rápido. Ele só me disse, tu és
Estudo as classificativas através dos ví- maluco, já não dá mais…”
deos disponíveis, caso seja uma prova re-
petida, analiso todos os meus onboards, LOGÍSTICA
melhorando numa primeira fase as notas
em casa, e faço apontamentos a serem Outro ponto que não é fácil de gerir para
confirmados no local. E, claro, existe uma Hugo Magalhães tem a ver com toda a
preparação física exaustiva para estar logística de saltar de prova em prova,
capaz de encarar uma semana dura e piloto em piloto: “Uma vez que participo
desgastante com horários apertados, em vários campeonatos e com diferentes
muitas das vezes sem grande tempo
para dormir. É preciso estar forte física
e mentalmente para ajudar a equipa a
conseguir os objetivos.”
Outro dos pontos interessantes da car-
reira atual de Hugo Magalhães tem a ver
com o facto de se ver obrigado a mudar
rapidamente o ‘chip’ de um rali para o
outro: “Por vezes a mudança não é tão
simples pois estar durante uma sema-

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muito importante que 95% dos co-pilotos aceitável e compreensível um piloto poder tiu chegar-se à última prova com quatro
não entende e isso leva ao insucesso de sentir-se menos capaz emotivamente. candidatos ao título. Obviamente, o nível
alguns pilotos, que é o não saber enten- Quanto me junto a alguém novo que quer foi excelente, competitivo, com provas
dê-los, lidar com eles, definir pequenos aprender este trabalho, assumo um pa- a serem disputadas a três até ao final,
objetivos em função do nível de cada um pel ainda mais preponderante e tenho de, mas isso deveu-se ao fator ‘consistên-
e que levarão a objetivos maiores. Ou passo a passo, definir metas e não ultra- cia’ e fiabilidade das mecânicas. A vinda
seja, trabalhar a parte comportamental… passar etapas. Não podemos querer tudo do Bruno acrescentou nível ao CPR, pois
Quando me refiro à parte comportamen- de uma vez, e de forma repentina, pois é um piloto de referência, também uma
tal e mental, é que eu como co-piloto te- isso faz com que não se criem bases só- melhor época do Zé Pedro Fontes permi-
nho de saber lidar e entender pessoas. lidas, que não se acumulem quilómetros, tiu manter o campeonato em aberto até
Todos nós temos uma maneira diferente o que mais tarde leva a uma frustração. ao Algarve, com quatro galos para o po-
de agir, reagir, analisar os temas e lidar Entendo e aceito que os pilotos queiram leiro, os outros dois candidatos foram os
com as mais variadas situações, ou seja, mais, mas não é o caminho certo. Por mesmos de 2018. Uma vez que ninguém
cada um tem a sua própria personalidade isso, preciso de lhes mostrar que deve- se destacou de forma inequívoca, isso é
e forma de estar. Para que as coisas fun- mos definir objetivos menos otimistas a sinal de grande equilíbrio.”
cionem dentro de um carro eu tenho de cada rali. Dessa forma, vamos terminar Por fim, a questão ‘sacramental’: Que ob-
ser o elemento mais flexível e que melhor as provas mais satisfeitos porque vemos jetivos tens para a tua carreira futura?
tem de lidar com tudo aquilo que nos ro- evolução e que estamos mais capazes. “Os meus objetivos para o meu futuro
deia e acontece a cada dia de trabalho. Não existe o sentimento de que nunca va- são bastante claros e lineares. Eu quero
Eu preciso, através de sinais, de ações e mos conseguir, que afinal não sabemos construir uma carreira cada vez mais in-
reações, entender os pilotos e ir ao en- nada, e dessa forma existe uma vontade ternacional onde possa militar no WRC
contro do que eles querem ou até mesmo ainda maior de começar a próxima prova.” ou ERC mas também ‘pegar’ num jovem
procurar outro rumo para atingirmos o português e lhe possa transmitir conhe-
resultado e o objetivo proposto. CONSISTÊNCIA FOI A CHAVE cimento e métodos de trabalho para o ca-
É preciso estar muito consciente da capa- tapultar para um panorama internacio-
cidade de cada piloto, saber até que ponto Tendo vivido na pele a intensa luta pelo nal. Portugal é o meu país e onde gosto de
se pode gerir determinadas situações. título do último CPR, Hugo Magalhães correr, mas o nível de trabalho e evolução
A posição deles não é de todo fácil, alia- é da opinião que as equipas foram em não são suficientes para me preparar de
da ao stress, o que pode levar à destrui- 2019 muito consistentes e que esse foi forma eficaz para obter resultados lá fora.
ção do objetivo num ápice. É imperial ser o segredo da luta até ao fim. Quando lhe Um dia também gostava de ser cam-
um elemento ativo com capacidade para perguntámos se o nível foi mais elevado peão nacional, é algo que já me escapou
motivar mas também acalmar assim que que em 2018, a resposta foi célere: “Eu por três vezes, e na última prova, mas
o momento exige, é preciso ter a capaci- não considero propriamente que este não vivo obcecado para conseguir isso,
dade para redefinir ou encontrar um foco ano o nível tenha estado mais elevado. o meu dia vai chegar e hoje em dia sinto
de motivação e objetivos novos quando Eu caracterizo 2019 como um ano em que posso fazer mais e melhor por outras
as coisas correm menos bem. Muitas ve- que os pilotos foram mais consistentes, paragens e outros projetos.”
zes o nosso rali fica perdido logo nas fases houve menos abandonos, o que permi-
iniciais, mas como não podemos baixar
os braços temos de nos reencontrar e ir
à procura do ‘menos mal’. Muitas vezes
esta determinação passa ou tem de pas-
sar pelo co-piloto (falo por mim), porque é

Hugo Magalhães
é um dos mais
cotados co-pilotos
portugueses.
Com uma carreira
multidisciplinar,
já competiu nos
melhores palcos
mundiais e tem na
internacionalização
o foco principal
para o seu percurso
futuro, algo que tem
vindo a construir
passo a passo e
que já é hoje uma
realidade

24 WRC/

M-SPORT CONFIRMA
LAPPI, SUNINEN EGREENSMITH

O WRC 2020 continua a Teemu Suninen e Jarmo Lehtinen con- Juntando-se às duas duplas finlande- lentosos disponíveis para ocupar este
compor-se e desta feita foi a tinuam a sua parceria, com o jovem sas no terceiro Ford Fiesta WRC em lugar, por isso estou muito feliz por
vez da M-Sport divulgar o seu finlandês a disputar a sua segunda nove eventos, estarão os britânicos confiarem em nós, dando a mim e ao
line-up. Ott Tänak e Sébastien temporada completa ao mais alto nível Gus Greensmith e Elliott Edmondson. Janne uma oportunidade de mostrar
no WRC. Uma nova oportunidade para O duo vai começar a temporada em o que podemos fazer em 2020”, disse
Ogier já trabalham com as um piloto de quem se esperava mais. Monte-Carlo antes dos eventos no Lappi. Sabe-se que a contratação fi-
suas novas equipas, de Loeb Suninen fez sua estreia mundial em México, Argentina, Portugal, Sarde- cou muito facilitada pelo facto do seu
e Latvala ficaram a saber-se 2017, garantiu o seu primeiro pódio nha, Finlândia, Turquia, Alemanha e ordenado de 2020 já estar pago pela
mais detalhes e Kris Meeke em 2018 e liderou o seu primeiro rali País de Gales. Citroën, pelo que desta forma Malcolm
em 2019, por isso a equipa está an- Esapekka Lappi tem agora nova opor- Wilson fica com um bom piloto sem
andou de visita ao Dakar siosa para ver o que ele pode fazer tunidade – quiçá a última – para se ter que lhe pagar tanto: “É um novo
em 2020, mas tem que elevar o nível afirmar definitivamente no WRC, algo começo e uma nova oportunidade.
José Luis Abreu significativamente. que ainda não conseguiu até aqui. Pen- O Ford Fiesta WRC já mostrou o seu
[email protected] Novamente, os finlandeses ficam em sava-se que a troca da Toyota pela potencial, pode não ser o melhor carro,
FOTOS Oficiais força na M-Sport, reavivando o tempo Citroën pudesse elevá-lo um pouco mas não é, de forma alguma, o pior.
em que Mikko Hirvonen foi parceiro de mais na competição, mas as coisas Afinal de contas, campeonatos foram
J á são conhecidos os plantéis Marcus Grönholm em 2006 e 2007, e não correrem bem para ninguém na ganhos com este carro. Vamos ter uma
das três equipas do WRC 2020, Jari-Matti Latvala de 2008 a 2011. Ao equipa e Lappi marcou passo em 2019. evolução de motor para o Rali de Mon-
Toyota, Hyundai e M-Sport/ longo desses seis anos, os finlandeses Este ano será absolutamente decisivo te-Carlo, e, mais tarde, no verão, no-
Ford. Neste momento, já só falta conquistaram dois campeonatos, 31 para si: “Estou realmente ansioso por vas peças serão acrescentadas nesta
saber se haverá mini-progra- vitórias, 99 pódios e 592 vitórias em esta nova aventura e estou também área. Haverá também um novo pacote
mas para Andreas Mikkelsen, troços. Como se percebe, a M-Sport entusiasmado para ver o que pode- aerodinâmico. Vejo que a equipa está
Kris Meeke, Pontus Tidemand e Craig Ford está ansiosa para promover a mos alcançar. A M Sport/Ford é uma também a desenvolver o carro nesta
Breen. próxima geração de ‘finlandeses voa- equipa com uma verdadeira paixão área, por isso tenho um bom ‘feeling’
Tal como se esperava, Esapekka Lappi dores’. pelos ralis e havia muitos pilotos ta- com tudo isto.”
ruma à M-Sport, onde fará equipa com
Teemu Suninen e Gus Greensmith.

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25

SÉBASTIEN OGIER
“ADORARIA UM ÚLTIMO TÍTULO, COM UMA TERCEIRA MARCA”

OTTTÄNAK FONTERED BULL “Temos tido muito disso nos últimos anos! Sempre consegui
“SENTI-ME BEM NO CARRO” adaptar-me muito rapidamente aos novos ambientes, por
Está será a primeira vez desde 2014 que Sébastien Ogier isso espero definitivamente voltar a fazê-lo desta vez, agora
Ott Tänak, atual campeão do Mundo de Ralis, piloto que se mudou não iniciará o Rali de Monte-Carlo como campeão em título. com a Toyota.”
da Toyota para a Hyundai, já se juntou aos seus novos colegas Chegou a pensar-se que, devido aos problemas com a Quão difícil é começar um evento complicado como
na Hyundai Motorsport e já está em acelerada preparação Citroën, onde não encontrou um ‘pacote’ suficiente para o Rali de Monte-Carlo num carro novo e numa nova
para o primeiro evento do WRC 2020, o Rali de Monte-Carlo, lhe permitir ser novamente campeão, poderia interromper equipa?
que se realiza no final deste mês (23-26 de janeiro). A dupla Ott o seu contrato com a equipa francesa a meio e ‘reformar- “Começar no Monte-Carlo parece ser um desafio ainda mais
Tänak/Martin Järveoja já tem vindo a testar o seu novo Hyundai se’, mas com a passagem de Ott Tänak para a Hyundai, o
i20 Coupe WRC, sendo que o cenário está preparado para a francês viu ali uma oportunidade e tudo fez para rumar à difícil, mas a característica deste evento é tão
temporada de 2020. Toyota, deixando com isso a Citroën sem piloto de ponta. particular, tão difícil e tão diferente dos outros
Quais foram as tuas primeiras impressões sobre a Hyundai Resultado, os franceses abandonaram a modalidade e que o mais importante é ter um carro em que
Motorsport desde que entraste para a equipa? agora os pilotos de topo concentram-se em duas equipas, me sinta confortável. Se não conheces bem o
“Eu achei a equipa extremamente apaixonada e focada. Nós Hyundai (Thierry Neuville e Ott Tänak) e Toyota (Sébastien carro, é ainda mais difícil. Para além disso, é
definitivamente partilhamos a mesma fome e as mesmas Ogier). também um evento onde não é preciso extrair
aspirações. Tinhas na ideia ‘reformar-te’ no final de 2020. Agora, 100% do desempenho do carro. É mais sobre
Estou realmente ansioso para começar a nossa temporada no podes ficar no WRC para lá de 2020? ser inteligente com os pneus e gerir bem as
Rali de Monte-Carlo.” “Adoraria um último título, com uma terceira marca condições dos troços.”
Como foi o teu primeiro teste com o Hyundai i20 Coupe diferente, e não é a ‘reforma’ o que eu tenho em mente E os teus novos companheiros de equipa?
WRC? neste começo de temporada. O que eu tenho em mente é “Fiquei feliz pelo Elfyn (Evans), é bom tê-lo na
“Fiquei positivamente surpreendido e senti-me bem no carro. que sou um lutador e um vencedor, e quando começo uma equipa, mas ambos temos muito que aprender
Cada carro tem a sua própria personalidade, mas até agora competição, quero ganhá-la. Eu não começo (a temporada) agora. O Kalle (Rovanperä) precisa de ter o seu
posso dizer que o Hyundai i20 Coupe WRC é um conjunto forte a pensar que esta é a última chance ou algo parecido com tempo para aprender.”
e completo. Temos mais alguns dias de testes antes do Rali de isso. Qualquer coisa que eu possa acrescentar à minha
Monte-Carlo, e estaremos prontos para o primeiro desafio.” carreira seria ótimo.”
Que processo se segue quando se muda de equipa? Mais um carro novo para mais uma nova temporada…
“Nunca é fácil mudar de equipa, pois há muito trabalho a fazer.
Primeiro, para conhecer as pessoas, depois – é claro – para nos KRIS MEEKE “WRCATEMPO
sentirmos confortáveis no carro, enquanto nos adaptamos a INTEIRO PARA MIM ACABOU”
diferentes condições. Temos trabalhado de perto com a equipa
para estar na melhor forma possível para Monte-Carlo.” Depois de ter sido despedido pela Citroen em 2018, Kris
Quais são os teus objetivos imediatos e a longo prazo? Meeke esteve uma temporada inteira na Toyota, mas
“Acabámos de ganhar o nosso primeiro título no WRC, mas um no fim de 2019 o fabricante japonês decidiu contratar
novo ano significa que recomeçamos a partir de uma folha de pilotos novos, deixando Meeke de fora. “Quando o
papel em branco. mercado de pilotos está assim é impossível. Neste
Darei toda a minha experiência à equipa, e juntos trabalharemos ponto da minha
no duro para defender os nossos títulos, o meu e o da equipa. No carreira tenho
Rali de Monte-Carlo procuro sempre um início consistente, para de ser realista.
começar a temporada com uma boa sensação. Depois, tudo é Para mim o WRC
possível. Tenho uma equipa forte atrás de mim, por isso vamos a tempo inteiro
lutar muito.” acabou. Talvez
possa fazer
testes, mas LOEBE LATVALANASUÉCIA
mantenho as
minhas opções Jari-Matti Latvala vai marcar preseça em algumas
abertas. Estou provas do WRC em 2020. O finlandês começa o seu
à procura de programa no Rali da Suécia, aos comandos de um
outras coisas que Toyota Yaris WRC e terá uma novidade ao seu lado: será
me apaixonem.” navegado por Juho Hänninen. Miikka Anttila estará
Nesse contexto, em 2020 à direita de outro finlandês, Eerik Pietarinen.
‘visitou’ o Dakar... Espera-se ainda que Latvala participe em mais duas
rondas este ano.
Sébastien Loeb inicia a sua segunda temporada no WRC
com a equipa da Hyundai Motorsport no Rali de Monte
Carlo, e dos seis ralis que tem previstos para 2020 ficou
também a saber-se que o segundo será na Suécia.

TT/26
AFRICA RACE 2020

OOUTRO
DAKAR Arrancou ontem a edição de 2020 do Africa Eco
Race, ou se preferir, o outro… Dakar! Depois das
ameaças terrosristas de 2009, ainda o ‘Dakar’
estava a atravessar o Atlântico, já havia uma
prova nova a nascer. Onze anos depois, continua
a manter a tradição africana do todo-o-terreno

José Luís Abreu
[email protected]
FOTOGRAFIA Aifa/Jorge Cunha

Ainda que provavelmente não Jacinto falha a participação no rali Africa experiência indescritível que ficará co- mas a motivação para chegar ao final
tenha crescido como o so- Eco Race, depois de ter vencido a com- migo para sempre. Vi a edição de 2019 da superará tudo. Ao contrário de 2018, em
nhado pelos seus criadores, petição dos camiões em 2019, já que não Africa Eco Race pela TV e a vontade de que competi na categoria malle moto,
o Africa Eco Race tem-se conseguiu reunir a verba necessária enfrentar um novo desafio só cresceu. em 2020 participarei na classe rainha
mantido bem vivo ao longo para montar um projeto. Desta forma, a Por isso, treinei muito, reuni os melhores de 450 cc, integrado na equipa Desert
dos anos. Realizando-se na representação portuguesa fica entregue apoios e é com muito orgulho que parti- Rose Racing”.
mesma altura que o Dakar, é natural que a João Rolo (motos) e Fernando Barreiros ciparei, de 5 a 19 de janeiro, na 12ª edição A conquista do título da Taça Ibérica
não seduza um plantel tão forte como o (automóveis). da prova mais dura do mundo. O que me na categoria T2, abriu as portas para a
da prova da ASO, mas o desafio para os Para João Rôlo: “Em 2018 realizei o sonho aguarda? Mais de 6500 quilómetros de elaboração de um projeto audaz que vai
que vão, é o mesmo... sem tanto stress. de chegar ao Lago Rosa, em Dakar. Foi etapas entre o Mónaco e Dakar, um per- levar a dupla composta por Fernando e
É uma prova realizada nos mesmos mol- uma prova exigente, por vezes duríssi- curso praticamente novo, os obstáculos Nuno Barreiros a viver uma aventura no
des que o antigo Dakar em África, com ma, mas, no fim, o sentimento de objetivo de Marrocos e da Mauritânia e apenas Africa Eco Race.
passagem pelas dunas da Mauritânia e cumprido dominou todo o cansaço. Uma um dia de descanso. Difícil, sem dúvida, Barreiros vai estar nesta prova com a
término no mítico Lago Rosa.
A edição deste ano do Africa Race
arrancou ontem de Tanger, em
Marrocos, e vai terminar 12 eta-
pas depois em Dakar, no Senegal.
Apresenta um plantel mais extenso, mas
para além dos nomes mais conhecidos
e que têm marcado presença assídua
na prova, não há grandes novidades de
monta.
Já é público, este ano a piloto Elisabete

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27

P/ PA L M A R É S

AUTOS MOTOS CAMIÕES
ANO EQUIPA ANO EQUIPA
ANO EQUIPA CARRO 2009 JOSE MANUEL PELLICER MOTO 2009 JAN DE ROOY/DANY COLEBUNDERS/DAREK RODEWALD CAMIÃO
2010 MARCO CAPODACQUA BMW 2010 MIKLOS KOVACS/PETER CZEGLEDI/TOMASTOTH IVECO
2009 JEAN-LOUIS SCHLESSER/ARNAUD DEBRON SCHLESSER 2011 WILLY JOBARD KTM 2011 TOMAS TOMECEK/VOJTECH MORAVEK
2012 OSCAR POLI KTM 2012 TOMAS TOMECEK/VOJTECH MORAVEK SCANIA
2010 JEAN-LOUIS SCHLESSER/ARNAUD DEBRON SCHLESSER 2013 MARTIN FONTYN KTM 2013 ANTON SHIBALOV/EVEGNY YAKOLEV/DMITRY SOTNIKOV TATRA
2014 MICHAEL PISANO KTM 2014 TOMAS TOMECEK/VOJTECH MORAVEK TATRA
2011 JEAN-LOUIS SCHLESSER/CÉLINE MERLE-BERAL SCHLESSER 2015 PAL ANDERS ULLVALSETER 2015 ANTON SHIBALOV/ROBERT AMATYCH/ALMAZ KHISAMIEV KAMAZ
2016 PAL ANDERS ULLVALSETER HONDA 2016 ANTON SHIBALOV/ROBERT AMATYCH/ALMAZ KHISAMIEV TATRA
2012 JEAN-LOUIS SCHLESSER/CYRIL ESQUIROL SCHLESSER 2017 GEV TEDDY SELLA KTM 2017 ANDREY KARGINOV/ANDREY MOKEEV/DMITRII NIKITIN KAMAZ
2018 PAOLO CECI KTM 2018 GERARD DE ROOY/DAREK RODEWALD/MOI TORRELLARDONA KAMAZ
2013 JEAN-LOUIS SCHLESSER/CYRIL ESQUIROL SCHLESSER 2019 ALESSANDRO BOTTURI KTM 2019 ELISABETE JACINTO/MARCO COCHINHO/JOSÉ MARQUES KAMAZ
KTM IVECO
2014 JEAN-LOUIS SCHLESSER/THIERRY MAGNALDI SCHLESSER
YAMAHA MAN
2015 JEAN-ANTOINE SABATIER/JEAN-LUC ROJAT BUGGA ONE

2016 KANAT SHAGIROV/VITALIY YEVTYEKHOV TOYOTA

2017 VLADIMIR VASILYEV/KONSTANTIN ZHILTOSV MINI

2018 MATHIEU SERRADORI/FABIAN LURQUIN MCM

2019 JEAN-PIERRE STRUGO/FRANÇOIS BORSOTTO OPTIMUS

assistência da equipa da Prolama, des- alturas de grande ansiedade para todos PELO SAHARA PROFUNDO vasta região selvagem da Mauritânia,
tacando-se o facto de ser um projeto nós. Esta será a minha primeira expe- uma etapa de 177 km e uma paragem
100% português. Os objetivos do piloto riência numa prova desta envergadura Concorrentes de 34 países vão enfrentar noturna em Chami, uma povoação
passam, acima de tudo, por chegar ao e por isso o principal objetivo é fazer o a já clássica africana com mais 81% de na auto-estrada entre Nouakchott e
fim da corrida tendo em linha de conta melhor possível. motos e 23% de carros, camiões e SSV, Nouadhibou. O percurso segue depois
que a carrinha T2, preparada nas oficinas A minha preocupação é manter a equipa que vão percorrer cerca de 70% de novo para o Sahara profundo da Mauritânia
da Prolama, tem características técnicas coesa ao longo dos 20 dias da corrida terreno através de Marrocos, Mauritânia e uma paragem noturna na comuna de
muito semelhantes ao veículo de série. por forma a que possamos chegar ao e Senegal. Aïdzidîne, situada a sudoeste de Atar. Os
Apesar das dificuldades, Fernando Bar- fim com sucesso. Estamos todos em- A etapa de abertura que se desenrolou concorrentes enfrentarão uma etapa
reiros acredita que pode fazer uma boa penhados neste projeto e temos noção ontem, teve lugar entre Tanger e Tarda e especial exigente de 478 km entre os dois
prova. que chegar ao final com um carro de T2 é apresentou uma curta etapa especial de bivouacs. Os participantes passam então
“Estamos a entrar na contagem decres- já uma grande vitória”, referiu Fernando 24 km num percurso de um dia de 754 ao lendário posto avançado sahariano
cente para o Africa Eco Race 2020 e são Barreiros. km. Hoje, os concorrentes dirigem-se de Tidjikja pela primeira vez – um local
de Tarda para Mahmid, o que inclui um que se tornou famoso nos extenuantes
troço cronometrado de 330 km. comícios de Dakar do passado – com
Um terceiro dia desafiante, no dia 9 de uma oitava etapa de 429 km alinhada
janeiro, faz os concorrentes partirem de para o dia 15 de janeiro. O rally contará
Mahmid para Oued Draa, travessia que então com uma etapa de 415 km dentro
inclui uma etapa de 498 km antes da e fora do bivouac de Tidjikja no dia 16
caravana do Africa Eco Race se deslocar de janeiro, antes de o road book guiar
para o sul profundo de Marrocos, para os competidores até Idini na região de
Smara, para um troço seletivo de 385 km Trarza, na Mauritânia Ocidental, no dia
no dia 10 de janeiro. A travessia para o 17 de janeiro, para a etapa mais longa do
Sahara Ocidental leva os concorrentes evento, de 500 km.
até à cidade de Dakhla no dia 11 de ja- No dia 18, na etapa 11, os concorrentes
neiro, através de um troço competitivo têm 473,66 km pela frente dos quais
de 473 km, e a ação recomeça no dia 187,17 km ao cronómetro. No último dia, a
13 de janeiro após o tradicional dia de esperada chegada ao Lago Rosa, a Dakar,
descanso do evento na costa atlântica. depois de mais 284,54 km.
A partir de Dakhla, a rota atravessa a

V/28
VELOCIDADE - IMSA EM DAYTONA

MAZDA MAISFORTENOROAR,

PORTUGUESES EM BOMPLANO
FJá tivemos a primeira
oram 40 as máquinas inscritas Dalla Lana, que financia toda a operação, com o registo de 1.33.324, melhorando
amostra do que poderá ser a para o ROAR before the Rolex 24 sofreu uma lesão que o impossibilita a marca que pertencia a Oliver Jarvis
edição de 2020 das 24h de no Circuito de Daytona para pre- de estar apto para a prova. O carro #98 (1.33.398, feito no ano passado).
Daytona. A Mazda assumiu parar as míticas 24h de Daytona. esteve parado a maior parte do tempo A armada da Cadillac andou por perto e
o papel de protagonista no Foram 8 DPi, 7 LMP2, 7 GTLM e 18 tendo completado apenas 78 voltas. A as três equipas com máquinas america-
ensaio geral antes do grande Aston Martin Racing ainda não confir- nas sucederam-se no papel de segundas
GTD. Destaques para as presen- mou se o carro irá participar na prova, melhores, até que na sessão quatro,
espetáculo e foi a mais rápida. ças portuguesas de João Barbosa no Ca- estando à procura de um gentleman Filipe Albuquerque tratou de fazer o
Mais uma vez, a bandeira dillac #5 da JDC-Miller MotorSports com driver que possa substituir o canadiano. melhor tempo colocando o “caddy” #31
portuguesa esteve muito bem Sébastien Bourdais, Loic Duval e Tristan Foram sete as sessões de testes que de- da Whelen Engineering Racing pela pri-
representada Vautier, enquanto Filipe Albuquerque correram em Daytona mais uma sessão meira vez no topo da tabela. Na sessão
de qualificação para os DPi e GTLM e seis, foi a vez dos Acura mostrarem fi-
estreou-se ao volante do Cadillac #31 outra para os LMP2 e GTD, que decidiram nalmente algum andamento, liderando a
apenas os lugares das equipas nas boxes tabela depois de dificuldades iniciais. Na
da Action Express com Felipe Nasr, Pipo do circuito, mas que servem como uma última sessão foi o Cadillac #10 Konica
amostra do que podemos esperar a 25 Minolta Cadillac a terminar no topo. O
Derani e Mike Conway. e 26 de janeiro. #5 de João Barbosa também não rodou
Tal como no ano passado, a Mazda/ longe dos melhores tempos.
Nos GTD o contingente luso ficou com- Team Joest foi o grande destaque do Na qualificação foi a Mazda a fazer o
ROAR, liderando a tabela de tempos em melhor tempo com o carro #77 (O. Jar-
Fábio Mendes pleto com Álvaro Parente, no Acura #57 quatro das sete sessões, assim como na vis/T. Nunez/O. Pla), seguido dos dois
[email protected] da Heinricher Racing com a companhia qualificação, ficando com o recorde não Acura (#7 e #6, respetivamente), com
FOTOS IMSA/J. Galstad; R. Dole de Misha Goikhberg, Trent Hindman e oficial da pista, assinado por Olivier Pla, o melhor Cadillac a ser o #31 (pilotado

AJ Allmendinger, enquanto Pedro Lamy

regressou a Daytona com o Aston Martin

#98 da Aston Martin Racing com Paul

Dalla Lana, Ross Gunn e Mattias Lauda.

Para Lamy o fim de semana não co-

meçou com as melhores notícias pois

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29

por Felipe Nasr). O #5 de Barbosa fez o Ben Keating/Simon Trummer) e para o BOASINDICAÇÕES
sétimo tempo, a pouco mais de 0,6 seg #81 da DragonSpeed USA (Ben Hanley/ PARAOSPORTUGUESES
da referência. Henrik Hedman/Colin Braun/Harrison
Nos GTLM a Porsche pareceu ter al- Newey). As duas máquinas foram-se O balanço é positivo para as cores lusas. Albuquerque mostrou-se satisfeito
gum ascendente nas sessões de testes, sucedendo no topo da tabela, sendo com o andamento do #31 e normalmente os Cadillac não mostram tudo no
embora o BMW #25 (B. Spengler/C. De que na qualificação foi mesmo o #52 a ROAR. Além disso o ponto forte dos “caddy” é a fiabilidade, pelo que se tudo
Phillippi/P. Eng/C. Herta) tenha liderado fazer o melhor registo (1:38.056). O carro correr normalmente, o português é candidato à vitória. Também Barbosa,
duas sessões e o Ferrari #62 (D. Serra/J. #8 da Tower Motorsport by Starworks embora um pouco mais longe da frente, tem argumentos para lutar pelo
Calado) uma das últimas sessões do fim também foi dos que mais perto andou triunfo, com um carro que conhece bem e com colegas de equipa de alto nível.
de semana. Na qualificação foi mesmo dos melhores tempos. Álvaro Parente esteve ao seu nível e o NSX #57 tem andamento para estar
o Ferrari da Risi Competizione a fazer o Em GTD foram os Lamborghini a liderar na frente. Já Lamy está ainda na incerteza, mas pelas poucas voltas, o Aston
melhor tempo (1:42.685) com o Porsche a maioria das sessões com os carros da tem potencial. O facto de não terem testado o mesmo que os restantes será
#911(N. Tandy/F. Makowiecki/M. Cam- GRT Grasser Racing Team, GRT Magnus sempre um handicap.
pbell) a ficar a 0,001s do melhor registo. e da Paul Miller Racing a destacarem-
Em terceiro ficou o Corvette #3 (O. Gavin -se, tal como os Lexus da AIM VASSER
/T. Milner/M. Fassler), a pouco mais de SULLIVAN. Mas as boas notícias para
0,1seg, numa boa estreia do novo C8.R. nós chegaram do Acura #57 de Álvaro
Como habitualmente o equilíbrio foi nota Parente, que foi melhorando ao longo
dominante nesta classe com os sete do fim de semana, tendo conseguido
carros a caberem em menos de 0,5 seg. o quinto melhor tempo na qualificação
Na classe LMP2 os holofotes voltaram- e terminando o ROAR de forma muito
-se para o #52 da PR1 Mathiasen Mo- positiva com o melhor tempo da última
torsports (Nick Boulle/Gabriel Aubry/ sessão.
Na qualificação foi mesmo o Lexus #12
a fazer o melhor tempo (1:46.873), com
o #57 a ficar a pouco menos de 0,2 se-
gundos, o que mostra bem o equilíbrio
nesta classe.
O Aston Martin #98 de Pedro Lamy fez
apenas as três últimas sessões, mas as
primeiras impressões não foram más,
com Lamy a fazer o melhor registo do
carro, que valeu o sétimo tempo na úl-
tima sessão.

N/30
NOTÍCIAS
E stá tudo a postos para mais A segunda parte do calendário
IBERIAN HISTORIC ENDURANCE uma temporada do Iberian termina nas três horas de Spa.
Historic Endurance, compe- Após o verão, o Historic Endurance
CALENDÁRIO tição que surge com algumas regressa com o Estoril Classics,
E NPOAVRIAD2A0D2E0S boas novidades. Aproveitando o evento que mantém as provas do
habitual bom tempo do sul da Historic Endurance, bem como a
Já é conhecido o calendário do Iberian Historic Europa, a competição tem marca- Fórmula 1 Clássicos, recebendo
Endurance, que arranca em Valência e termina do o arranque para 1 de março, com como novidade também as provas
no Estoril. Há também novidades ao nível técnico o regresso à cidade de Valência e da Peter Auto.
ao evento ‘Racing Legends’, que Novamente, de forma a aproveitar
David Pacheco termina com a segunda edição os transportes comuns, no fim
[email protected] do ‘Exclusive Testing’, dois dias de semana seguinte o Historic
de testes exclusivamente para Endurance segue para Jerez de la
LEIA E ACOMPANHE TODAS automóveis clássicos. Frontera. Jerez terá muitas novida-
AS NOTÍCIAS EM AUTOSPORT.PT A segunda parte da temporada des em 2020, inclusive, recebendo
dá-se com o regresso ao Jarama os Fórmula 1 clássicos. Por último,
Classic. Este ano as equipas par-
ticipantes podem seguir para o
mítico Grand Prix de Pau, conse-
guindo assim num transporte rea-
lizar duas corridas consecutivas.
O Grand Prix de Pau é um circui-
to que dispensa apresentações e
que nas quatro edições em que o
Iberian Historic Endurance o vi-
sitou esgotou as grelhas.

FRANÇOIS RIBEIRO WEC GLICKENHAUS JÁ ESTÁ
”QUEM NÃO SE ADAPTAR ÀTRANSIÇÃO A CONSTRUIR O SEU HIPERCARRO
DA INDÚSTRIA VAI MORRER”
A Scuderia Cameron saber com quem a Glickenhaus
O Diretor do Eurosport Events, Glickenhaus já começou a está a trabalhar na parte do
François Ribeiro, ‘avisou’ produzir o 007 Hypercar, o motor, rumores surgem de que é
os adeptos das séries com protótipo com que irá disputar a Alfa Romeo e um motor biturbo
motores de combustão para o FIA WEC. “Já temos o básico V6. “Temos um fabricante para
se prepararem para um para começar a construir. Já a nossa caixa de velocidades
período ‘brutal e violento’ com iniciámos o processo de design, e também já temos um acordo
as mudanças na indústria temos os motores que irão com uma empresa conhecida
automóvel. Em novembro, a estar no dyno para testes e para usar o túnel de vento deles.
Volkswagen Motorsport, que tentaremos chegar aos 830 cv O nosso objetivo é ter o carro
apoiava a Sébastien Loeb com um motor de combustão pronto no início de julho e estar
Racing no WTCR em 2018 e interna.” O SCG 007 Hypercar a testá-lo. Não tenho a certeza
2019, anunciou que iria acabar está na categoria dos carros de que estaremos na primeira
com todos os programas com motores de combustão ronda do FIA WEC, mas na final,
a nível oficial que tenham interna e apesar de não se em Le Mans, sim.”
motores a combustão interna.
De acordo com a FIA, a eletrificação do WTCR de viver com isso. Sim, amamos o desporto
demoraria alguns anos, apesar do WSC Group motorizado com os motores de combustão
já estar a desenvolver um conceito elétrico, interna, mas acho que os próximos anos serão
a série ETCR para 2020, que será promovida ‘violentos e brutais’. Existirão decisões, em
pelo Eurosport Events. Esta série segue o todos os campeonatos, que serão difíceis. Nos
exemplo da Fórmula E e da Extreme E. Quando ralis, na F1, nos carros de turismo, GT. A série
questionado sobre a saída da VW do WTCR e que não se adaptar à transição elétrica que
se seguiriam o caminho do ETCR, Ribeiro foi está a acontecer na indústria automóvel vai
claro: “Perguntem-lhes. Mas, é o que é. Temos morrer. Se não prestarem atenção vão tornar-
se obsoletos.”

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31

MUITOS RUMORES NO CPR

C/ C A L E N D Á R I O Endurance, há oito anos, que Há potenciais grandes novidades no DS3 R5), Paulo Neto (Skoda Fabia R5) e Gil
as especificações técnicas dos Campeoanto Portugal de Ralis de 2020. Antunes (Dacia Sandero R4) no CPR, muito
Porsche 911 3.0 e Ford Escort Apesar de não haver ainda confirmações do resto é uma incógnita. O campeão,
RS1600 foram limitadas para oficiais, salvo algumas exceções, há algum Ricardo Teodósio, continua com o seu
equilibrar as prestações com os tempo que circulam rumores da saída de Skoda Fabia R5 Evo, Bruno Magalhães vai
restantes carros. Agora, em 2020, Armindo Araújo do Team Hyundai Portugal, manter-se com o Hyundai i20 R5, o mesmo
de forma a reequilibrar as pres- rumores esses que referem que o Campeão sucedendo com José Pedro Fontes (Citroën
tações e tornar os andamentos de Portugal de Ralis de 2018 irá trocar C3 R5) e Pedro Meireles (Volkswagen Polo
mais similares, estes modelos o Hyundai i20 R5 por um Skoda Fabia R5 GTI R5), mas Miguel Barbosa deve deixar
serão ainda mais penalizados, Evo, correndo numa estrutura nacional. os ralis e rumar ao TT, algo que para já o
com mais peso e limitação ao ní- Em declarações ao AutoSport, Armindo piloto não confirma. Miguel Correia (Skoda
vel dos pneus. O Iberian Historic Araújo é lacónico: “Não confirmamos nem Fabia R5) e Manuel Castro (Hyundai i20 R5)
Endurance continuará a apostar desmentimos o que se diz. Estamos a deverão continuar, o mesmo sucedendo
no BRM Index de Performance, trabalhar no projeto de 2020 e assim que com Pedro Almeida, desconhecendo-se
que apoia os carros mais antigos existirem novidades, serão comunicadas”. ainda se continua com o Skoda ou opta por
com menor cilindrada. A qualquer momento tudo se saberá. Mas outra ‘montada’. Há, como se percebe, ainda
há mais. Para lá da forte probabilidade muitas incógnitas, mas não andará muito
das entradas de André Cabeças (Citroën longe de tudo se saber.

29 FEVEREIRO/1 MARÇO RACING LEGENDS- VALÊNCIA

23/24 MAIO JARAMA CLASSIC

30/31 MAIO GRANDE PRIX HISTORIQUE DE PAU

26/27 JUNHO SPA 3 HOURS

09/11 OUTUBRO ESTORIL CLASSICS

17/18 OUTUBRO JEREZ LA LEYENDA

21/22 NOVEMBRO 250 KM ESTORIL

a competição irá terminar nos 250
Km do Estoril.
A nível técnico, há novidades.
Desde o início do Iberian Historic

IMSA
MAZDAANUNCIOU PILOTOSDE2020

IMSA HÁ POTENCIAL O Mazda Team Joest já confirmou o seu Watkins Glen e Petit Le Mans, ficando
DE CONVERGÊNCIA ENTRE alinhamento de pilotos para o IMSA no carro #55 juntamente com Jonathan
DPI E HIPERCARROS WeatherTech SportsCar Championship Bomarito e Harry Tincknell. Olivier Pla
de 2020. A equipa traz novidades, passa para o #77, juntamente com
O novo presidente do IMSA WeatherTech SportsCar Championship, John com o ingresso do piloto da IndyCar Oliver Jarvis e Tristan Nunez. Também na
Doonan, está envolvido nas negociações entre o ACO e o IMSA para uma Ryan Hunter-Reay para as corridas de liderança da equipa existem mudanças
aposta na convergência das regras DPi e dos Hipercarros. “Desde o segundo endurance. Hunter-Reay substitui Timo com a entrada de Nelson Cosgrove para
dia de trabalho como presidente do IMSA que já me envolveram nas Bernhard, que se reformou, para as o lugar de John Doonan, que agora é
discussões com os parceiros do ACO. Há muito interesse e as discussões 24h de Daytona, 12h de Sebring, 6h de presidente do IMSA.
envolvem muita coisa. Estamos a trabalhar juntos para que este desporto
continue a crescer.”
Quando questionado sobre a viabilidade de uma convergência, Doonan indicou
que os fabricantes do FIA WEC, assim como os atuais fabricantes dos DPi, já
fizeram grandes investimentos nas plataformas confirmadas: “Na Toyota já
se fez um grande investimento. A Aston Martin já se comprometeu, tal como
a Peugeot, à plataforma dos Hipercarrros. No IMSA os nossos três principais
investidores também já se comprometeram. Só o tempo dirá. Há potencial
para tal, mas, tal como tudo, existem muitas coisas a resolver antes.”

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HISTÓRIA DESAFIO PARA
DO DAKAR OSQUE PARTEM,

1979-2019 SONHO PARA
OSQUE FICAM
1ª PARTE

Numa altura em que o Dakar arrancou, vamos
aproveitar as semanas de prova para recordar a
história da prova, que entra agora no seu 41º ano.
Para já, a primeira de duas partes. Nesta edição até ao

fim do Séc. XX, a segunda daí para cá
FOTOS Arquivo AutoSport

CONHEÇA ESTA E MUITAS
OUTRAS HISTÓRIAS EM AUTOSPORT.PT

E m 1977, Thierry Sabine, o ‘pai’ do Dakar, participa no rali Abidjan-Nice >> autosport.pt
de moto, e perde-se durante a prova na Líbia. Resgatado in extremis,
regressa maravilhado com a paisagem africana… e com uma vonta- 33
de: organizar um rali que passasse por Argel, Agadir e Dakar. Foi as-
sim que nasceu o mito: “Um desafio para os que partem. Um sonho 1979
para os que ficam”.
Sabine esteve quase a morrer, foi encontrado por nómadas, deitado nas areias A ESTREIA
escaldantes. Recuperou, e da sua cabeça saiu a epopeia heróica que se conhe-
ce até hoje. Sendo África um continente multifacetado, ofereceu o elixir per- 26/12/1978 TROCADERO, PARIS – 14/1/1979 LAC ROSE, DAKAR
feito. As coisas mudaram com o tempo, mas a ‘alma’ da prova está lá. A 26 de
Dezembro de 1978, arrancava a primeira prova, de Paris, o dia em que o Dakar 182 participantes, divididos entre 80 carros, 90 motos e 12
descobriu a Place du Trocadero. Já lá vão 41 anos! camiões, atravessaram seis países em mais de 10 000 km, dos
quais 3 168 em especiais.
Neveu, Rayer, Fanouil e Auril são os nomes mais conhecidos.
Houve sete senhoras à partida e chegaram ao fim 74
concorrentes. O vencedor foi Cyril Neveu, em Yamaha, numa
classificação global, sem distinção entre automóveis, motos
ou camiões. Um sucesso. Os resultados ficaram para segundo
plano. Presente nesta edição já esteve Hubert Auriol, diretor do
Dakar entre 1994 e 2003.
Vencedores
Motos: Cyril Neveu (Yamaha);
Autos: Genestier/Terblaut/Lemordant (Range Rover), 4º da geral.

1980

OS CAMIÕES SURGEM

01/1 TROCADERO, PARIS – 23/1 LAC ROSE, DAKAR

A grande novidade é uma classificação específica para
camiões, mas no Prólogo os 15 primeiros lugares são
ocupados por motos! Os inscritos aumentam (são agora
216), mas Cyril Neveu repetiu o triunfo nas motos. Nos
automóveis venceu um VW Iltis de quatro rodas motrizes,
pilotado por Kotulinsky, enquanto o primeiro 4x2 foi o
Buggy de Yves Sunhill, em 11º. Pela primeira vez, os Camiões
participam como concorrentes, com Ataquat a triunfar.
Vencedores
Motos: Cyril Neveu (Yamaha);
Autos: Kottulinsky/Luffelman (VW Iltis);
Camiões: Ataquat/Boukrif/Kaoula (Sonacome).

1981

DE ROLLS-ROYCE…

01/1 TROCADERO, PARIS – 20/1 LAC ROSE, DAKAR

Primeira vitória de Hubert Auriol, numa BMW (Motos). Nos
automóveis ganhou René Metge, depois de bater os Citroën
2400 GTI oficiais e de um susto quase no final da prova,
quando ficou sem direção assistida. Esta edição fica marcada
pela chegada de todo o tipo de veículos: 4x4, buggies, side-
cars) e de… um Rolls-Royce! Thierry de Montcorgé inscreve um
Rolls-Royce com patrocínio da Christian Dior (!) e gasta duas
mil horas a prepará-lo. Ficou pelo caminho…
Vencedores
Motos: Hubert Auriol (BMW);
Autos: Metge/Giroux (Range Rover);
Camiões: Villette(Gabrielle/Voillereau (ALM/ACMAT).

34 1984 1982

José Megre/M. ESTREIA PORTUGUESA
Romão, P. Cortez/J.
Miranda e T. Amado/ 01/1 PLACE DE LA CONCORDE, PARIS – 20/1 LAC ROSE, DAKAR

Pedro Vilas Boas Três anos depois da estreia, o dobro dos concorrentes!
(1982), todos em Com um carro quase artesanal, um Renault R20, os irmãos
UMM. Foram 45º, Marreau (mais conhecidos como as ‘raposas do deserto’)
46º e 90º da geral, surpreenderam ao serem mais fiáveis que os Mercedes 280
respetivamente GE, Lada Niva e Range Rover oficiais ou ‘semi’. Nas motos,
terceiro triunfo em quatro possíveis para Cyril Neveu. José
1983 Megre foi 45º e Pedro Cortez termina logo atrás, na estreia
portuguesa na prova.
Vencedores
Motos: Cyril Neveau (Honda);
Autos: Claude e Bernard Marreau (Renault R20);
Camiões: Groine/De Saulieu/Malferiol (Mercedes).

Patrick Zaniroli/Da
Silva (Mitsubishi
Pajero), vencedor
do Dakar 1985

SEM DESCANSO NOVOS HORIZONTES 1987

01/1 PLACE DE LA CONCORDE, PARIS – 20/1 LAC ROSE 01/1 PLACE DE LA CONCORDE, PARIS – 20/1 LAC ROSE, DAKAR

Pensada sem dia de repouso, uma tempestade de areia Primeira vitória do Porsche 911 4x4, com René Metge a obter
leva à anulação de várias especiais… e a três dias sem uma segunda vitória nos carros e Gaston Rahier a fazer o
competição! Auriol bisou nas motos, apesar de ter partido mesmo nas motos. À partida, 427 equipas, das quais 313 em
com um braço… ao peito (!), depois de uma queda a 13 de automóveis, entre elas a Lada, com o Poch 2121 e um Niva 4x4;
dezembro, enquanto Ickx conseguiu o primeiro triunfo para a Citroën, com um Proto; a Rover, a Porsche (Ickx convence a
a Mercedes. Os irmãos Marreau trocam os Renault 4 e 20 marca a participar e os alemães estreiam-se com um sexto
por um 18 4x4. Megre (47º) e Cortez (42º) regressam. posto) e a Mercedes. Lembra-se de Montgorgé? Depois do
Vencedores Rolls, aposta num Proto de 6 rodas, com o mesmo resultado…
Motos: Hubert Auriol (BMW); Última participação para a dupla Megre (42º)/Cortez (34º).
Autos: Ickx/Brasseur (Mercedes 280 GE); Vencedores
Camiões: Groine/De Saulieu/Malferiol (Mercedes). Motos: Gaston Rahier (BMW);
Autos: Metge/Lemoyne (Porsche 911);
1985 Camiões: Lalleu/Durce (Mercedes).

1986
ARISTOCRACIA PRESENTE O LUTO A DOR DE AURIOL

01/1 PLACE D’ARMES, VERSAILLES – 22/1 LAC ROSE, DAKAR 01/1 PLACE D’ARMES, VERSAILLES – 22/1 LAC ROSE, DAKAR 01/1 PLACE D’ARMES, VERSAILLES – 22/1 LAC ROSE, SENEGAL

Da Praça da Concorde para Versailles, o príncipe Alberto Quarta vitória de Neveu nas Motos e triunfo da Porsche Entrada de leão da Peugeot e Ari Vatanen, com o Peugeot
do Mónaco – e a irmã Carolina – participam numa edição nos carros, de novo com René Metge, que fez mesmo a 205 T16 com o Nº 205 a conseguir a primeira vitória à
marcada pela vitória da Mitsubishi, graças a Patrick Zaniroli, ‘dobradinha’ com Jacky Ickx. Mas ninguém se vai lembrar primeira tentativa, mesmo depois de um monumental
e pelo Mercedes 190 de seis rodas de Jean-Pierre Fontenay, disto, pois a prova ficou enlutada pela morte, num acidente capotanço! No entanto, este primeiro Dakar sem o seu
com uma asa traseira pensada para atingir 220 km/h no de helicóptero, no dia 14 de janeiro, do seu criador, Thierry fundador fica marcado pela imagem do sofrimento de
deserto… Sabine. O helicóptero onde seguia Sabine e outras quatro Hubert Auriol, então líder nas Motos, a terminar a penúltima
Vencedores pessoas despenha-se contra uma duna, durante uma etapa com os dois tornozelos partidos.
Motos: Gaston Rahier (BMW); tempestade de areia no Mali. As cinzas de Sabine são Vencedores
Autos: Zaniroli/Da Silva (Mitsubishi Pajero); espalhadas no deserto, onde é erigida uma lápide em sua Motos: Cyril Neveu (Honda NXR);
Camiões: Capito/Capito (Mercedes). memória: a árvore de Thierry Sabine. Autos: Vatanen/Giroux (Peugeot 205);
Vencedores Camiões: De Rooy/Geusens/Van (DAF).
Motos: Cyril Neveu (Honda NXR);
Autos: Metge/Lemoyne (Porsche 959);
Camiões: Vismara/Minelli (UNIMOG Mercedes).

Jacky Ickx (Peugeot >> autosport.pt
405 Turbo 16), 2º
da geral em 1989 35

1986: a prova ficou enlutada 1989
pela morte, num acidente ESTREIA DA LÍBIA
de helicóptero, do seu
criador, Thierry Sabine 25/12/1988 PORTE DE VERSAILLES, PARIS – 13/1/1989 LAC
ROSE, DAKAR
1988
Ari Vatanen ‘bateu’ o seu colega de equipa, Jacky Ickx,
O ROUBO DO PEUGEOT! porque Jean Todt receou que ambos se travassem de
‘razões’. E, por isso, na paragem de Gao, pegou numa moeda
01/01 PLACE D’ARMES, VERSAILLES – 22/01 LAC ROSE, SENEGAL de dez francos, atirou-a ao ar e decidiu assim quem iria
Edição histórica do Dakar. Lista de inscritos com 603 ser o vencedor: Vatanen, que escolheu coroa. Stéphane
concorrentes (183 motos, 109 camiões e 311 automóveis), Peterhansel não ‘engana’ ao terminar a sua segunda
estreia de um tal Peterhansel e um dos mais célebres participação no quarto lugar, numa prova ganha por Gilles
episódios da prova: o roubo do Peugeot 405 T16 de Vatanen! Lalay. Nos carros, só o quarto lugar de Guy Fréquelin impede
Desclassificado pela organização, o carro apareceria dias um domínio da Peugeot no pódio (Ickx foi segundo).
mais tarde, mas já Juha Kankkunen assegurava o segundo Vencedores
triunfo para a marca. Edi Orioli ‘substituiu’ Neveu na Honda e Motos: Gilles Lalay (Honda NXR);
venceu, após este desistir com um pé partido. Autos: Vatanen/Berglund (Peugeot 405);
Vencedores Camiões: Não houve.
Motos: Edi Orioli (Honda NXR);
Autos: Kankkunen/ Piironen (Peugeot 205); 1990
Camiões: Loprais/Stachura/Ingmuck (Tatra). ADEUS, PEUGEOT

25/12/1989 PARIS – 16/1/1990 LAC ROSE, DAKAR

Pela primeira vez, uma equipa russa participa com uma
viatura russa: é a estreia da Kamaz no Dakar. Nos carros, é o
adeus da Peugeot, que termina o seu envolvimento, embora
fazendo-o como sempre quis e seguindo o ‘tónico’ de anos
anteriores: conquistando os três primeiros lugares com
três Peugeot e nova vitória de Vatanen. Nas motos, Orioli
repetiu a vitória de 1988, desta feita com uma Cagiva.
Vencedores
Motos: Edi Orioli (Cagiva);
Autos: Vatanen/Berglund (Peugeot 405);
Camiões: Villa/ Delfino/Vinante (Perlini)

1989: Stéphane 1991
Peterhansel
CITROËN E SCHLESSER
começou a fazer
história no Dakar 29/12/1990 CHEVILL Y, PARIS – 17/1/1991 LAC ROSE, DAKAR

ao terminar a
sua segunda
participação

no 4º lugar

Rei morto… rei posto! A Peugeot dá lugar à Citroën e três
dos quatro pilotos do leão estão de regresso. Para não
variar, Ari Vatanen volta a vencer – quarto sucesso, numa
prova que contou com um motard de… Harley-Davidson e
Peterhansel obtém a primeira vitória do seu palmarés, com
uma Yamaha. Schlesser estreia um… Schlesser!
Vencedores
Motos: Stéphane Peterhansel (Yamaha);
Autos: Vatanen/Berglund (Citroën XZ);
Camiões: Houssat/De Saulieu/Bottaro (Perlini).

Hubert Auriol foi
o primeiro piloto
a vencer nos autos

e nas motos

36

Jean Louis 1992: Vitória
Schlesser histórica de Hubert
estreia um… Auriol (Mitsubishi)
Schlesser o primeiro a triunfar
nas motos (81 e 83),
em 1991 e nos autos
e chega
à vitória
em 1999

1992 A Citroën é a terceira marca
com mais triunfos no Dakar
(4) atrás da Mitsubishi (12)
e da Peugeot, que soma 7

AURIOL FAZ HISTÓRIA 1995

25/12/1991 CHÂTEAU DE VINCENNES, PARIS – 16/1/1992
CIDADE DO CABO, ÁFRICA DO SUL

Pela primeira vez, a prova não acabou em Dakar, iniciando-
se novamente em Paris, mas terminando na Cidade do Cabo.
Uma prova transcontinental, com vitória histórica para
Hubert Auriol. Depois das motos (81 e 83), o sucesso nas
quatro rodas. Mas nem a entrada em cena do GPS evita a
dureza da prova: tempestade de areia na Mauritânia, guerra
no Chade e cheias na Namíbia. Peterhansel repetiu triunfo
nas motos.
Vencedores
Motos: Stéphane Peterhansel (Yamaha);
Autos: Auriol/Monnet (Mitsubishi Pajero);
Camiões: Perlini/Albieiro/Vinante (Perlini).

1993 1994

ADEUS TSO PAULO MARQUES & BERNARDO VILAR O NOVO PATRÃO

01/1 TROCADERO, PARIS – 16/1 LAC ROSE, DAKAR 28/12/1993 PARIS – 16/1/1994 EURO DISNEY, PARIS 01/1 GRANADA, ESPANHA – 15/1 LAC ROSE, DAKAR

A última edição do Dakar nas mãos da Thierry Sabine Pela primeira vez, a prova terminou onde começou, Paris. Depois de piloto de motos e carros, só faltava a Hubert
Organization. No seu segundo ano, Bruno Saby vence e Vatanen aposta no Mundial de Ralis e a Yamaha boicota a Auriol ser diretor de prova. Lartigue toma-lhe o gosto e volta
oferece a vitória à Mitsubishi, tendo como navegador prova, deixando ‘Peter’ apeado. Aos comandos do Citroën a vencer, terceira vitória da Citroën – e segunda do francês,
Dominique Serieys. Segunda derrota consecutiva da Citroën. ZX, Pierre Lartigue consegue a primeira vitória na estreia com Peterhansel a vingar-se do ano sabático a que a
Peterhansel continua imbatível nas duas rodas (terceira da ASO como organizador. Nas duas rodas, Edi Orioli ganhou Yamaha o obrigara no ano anterior. Marcel Hugueny torna-se
vitória seguida) e Auriol é o único piloto a ter estado pela terceira vez, na estreia de Paulo Marques (abandono) e o decano do Dakar, com 81 anos! Jacques Lafitte e Philippe
presente nas 15 primeiras edições. Bernardo Villar (23º). Alliot trocam a F1 pelo Dakar.
Vencedores Vencedores Vencedores
Motos: Stéphane Peterhansel (Yamaha); Motos: Edi Orioli (Cagiva); Motos: Stéphane Peterhansel (Yamaha);
Autos: Saby/Serieys (Mitsubishi Pajero); Autos: Lartigue/Périn (Citroën ZX); Autos: Lartigue/Périn (Citroën ZX);
Camiões: Perlini/Albieiro/Vinante (Perlini). Camiões: Loprais/Stachura/Kalina (Tatra). Camiões: Loprais/Stachura/Kalina (Tatra).

1996 1997 >> autosport.pt

37

1998

A ESTREIA DE CARLOS SOUSA REGRESSO AO TÉNÉRÉ ÚLTIMA DE PETERHANSEL NAS MOTOS

30/12/1995 GRANADA, ESPANHA – 14/1/1996 LAC ROSE, DAKAR 04/1 DAKAR – 19/1 LAC ROSE, DAKAR 01/1 PLACE D’ARMES, VERSAILLES – 18/1 LAC ROSE, DAKAR

Despedida em grande da Citroën, com quatro ZX nos cinco Pela segunda vez, a prova começou e terminou no mesmo local. Dez anos depois da estreia, Stéphane Peterhansel
primeiros lugares e Lartigue pela terceira vez no lugar Mas agora em Dakar, em vez de Paris. E, pela primeira vez, não consegue, finalmente, colocar um ponto final nas suas
mais alto do pódio, enquanto Orioli volta a impor-se nas foi à Europa. Percurso com um regresso ao passado e primeira participações em duas rodas, obtendo o sexto triunfo, mais
duas rodas (4ª vitória) - apesar de ter trocado de marca - vitória para um japonês: Kenshiro Shinozuka. Sem os Citroën, um que o compatriota Cyril Neveu. Também na 20ª edição
depois de Peterhansel perder muito tempo (3 horas) num a Mitsubishi não teve grandes dificuldades em triunfar, com da mítica prova africana, Jean-Pierre Fontenay manteve a
reabastecimento em Marrocos, com gasolina de fraca quatro Pajero nos quatro primeiros lugares. Também Jutta Mitsubishi no topo, terminando na frente dos seus colegas
qualidade. Primeira vitória para a Kamaz. Estreia de Carlos Kleindschmidt dá nas vistas ao ser quinta e tornando-se a de equipa, Shinozuka, Saby e Masuoka.
Sousa (12º). primeira mulher a ganhar uma etapa. Na ocasião, aos comandos Vencedores
Vencedores de um buggy do namorado… Schlesser. Carlos Sousa foi 10º. Motos: Stéphane Peterhansel (Yamaha);
Motos: Edi Orioli (Yamaha); Nas motos, Peterhansel vingou-se do azar do ano anterior. Autos: Fontenay/Picard (Mitsubishi Pajero);
Autos: Lartigue/Périn (Citroën ZX); Vencedores Camiões: Loprais/Stachura/Cermak (Tatra).
Camiões: Moskovskikh/Kouzmine (Kamaz). Motos: Stéphane Peterhansel (Yamaha);
Autos: Shinozuka/Magne (Mitsubishi Pajero);
Camiões: Reif/Deinhofer (Hino).

Jean Pierre Fontenay/ 1999
Picard (Mitsubishi

Pajero), vencedores
em 1998

A Peugeot é a DOMÍNIO FRANCÊS
segunda marca mais
vitoriosa na história 01/1 GRANADA, ESPANHA – 17/1 LAC ROSE, DAKAR

do Dakar com 7 17 anos depois da última vitória de um Renault, Jean-Louis
triunfos Schlesser leva o seu buggy ao lugar mais alto do pódio. Ao
mesmo tempo, outro francês (Richard Sainct) oferece à
A festa BMW o primeiro triunfo nos últimos 14 anos. Kleindschmidt
da chegada passa pela liderança e Peterhansel estreia-se aos
ao Lago Rosa, comandos de um automóvel.
Vencedores
em Dakar Motos: Richard Sainct (BMW);
(Senegal) Autos: Schlesser/Monnet (Buggy);
Camiões: Loprais/Stachura/Kalina (Tatra).
Carlos Carlos Sousa/João Luz
Sousa (Mitsubishi Pajero) 2000
estreou-se
no Dakar AMEAÇAS TERRORISTAS
em 1996
06/1 DAKAR, SENEGAL – 23/1 CAIRO, EGITO

Num ano que contou com 11 participantes em quad –
entre os quais Ricardo Leal dos Santos – e novas vitórias
de Schlesser e Sainct, a edição de 2000 ficou sobretudo
marcada pelas ameaças terroristas que levaram a
organização a suspender a prova durante cinco dias,
terminando no Egito. Em termos desportivos, tudo igual ao
ano anterior, com Sainct a ganhar nas motos e Schlesser
nos carros. Após vencer duas etapas, Carlos Sousa sofreu
um sério acidente quando lutava pelo comando, sendo
hospitalizado, tal como seu navegador, João Luz.
Vencedores
Motos: Richard Sainct (BMW);
Autos: Schlesser/Magne (Buggy Renault Elf);
Camiões: Chagin/Yakoubov/Savostine (Kamaz).

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SUZUKI

» V-STROM 250

PREPARADA PARA INICIAR UMA AVENTURA EM DUAS RODAS

As motos Adventure estão na moda e este segmento de
mercado nunca teve uma oferta tão vasta como aquela que
constatamos nos dias de hoje. O sonho de uma aventura
sem limites e de horizontes longínquos que nos prometem
experiências únicas e gratificantes, de liberdade e de rotura
com o quotidiano, despertam a vontade de partir

Pedro Rocha dos Santos É neste contexto que surge a Suzuki
[email protected] V-Strom 250, uma moto que se posiciona
no segmento Adventure, de acordo com a
Mas tudo pode não passar própria marca, mas cujas características
de uma perfeita ilusão e revelam duplicidade na sua utilização, ou
vemos muitas decisões seja, versatibilidade para garantir uma
terminarem apenas em utilização no dia a dia e em simultâneo
frustração por se ter de- permitir incursões fora de estrada.
cidido dar um passo maior A versão que testámos montava inclu-
que a perna. Muitas são por isso as motos sivamente um kit “Adventure”, realida-
Adventure de grande cilindrada que co- de que provém de uma campanha que
meçam e terminam a sua aventura sem decorre com este modelo e que inclui:
nunca pisar terreno fora de estrada… top-case rígido em alumínio, proteções
Porquê? Porque os seus proprietários laterais de motor e carenagens, proteções
embarcaram numa “viagem” para a qual de mãos e faróis auxiliares de tecnologia
não estavam preparados. LED e um pacote de acessórios que vale
A técnica de condução offroad é por isso cerca de 500 euros. No total, a V-Strom
indispensável e adquiri-la numa moto de 250 com a atual promoção tem um PVP
grande cilindrada e de peso a condizer pouco superior a 5000 euros.
torna certamente o processo mais lento Perante uma proposta tão aliciante qui-
e difícil podendo deixar o mais deter- semos conhecer o verdadeiro poten-
minado dos entusiastas pelo caminho. cial da pequena V-Strom e perceber se
Colocada a questão e para que possamos esta se insere no contexto de moto “de
eliminar o tema da potencial frustração, iniciação” e se virá a permitir futuras
talvez seja prudente apostarmos numa aventuras de outra dimensão. Assim,
moto mais versátil e manobrável, que com o apoio do importador da marca,
igualmente carregue consigo o espírito a Moteo, decidimos colocar à prova a
da aventura, mas que seja mais honesta e pequena aventureira.
mais de acordo com o nível de experiên-
cia que carregamos para assim podermos ESTILO
evoluir de forma mais segura e garantida.
A primeira coisa que salta à vista é ob-

39

PREÇOS E CORES

A SUZUKI V-STROM 250 ESTÁ
DISPONÍVEL NAS CORES “COOL
YELLOW” E “ NEBULAR BLACK”
E TEM NESTE MOMENTO UM
PVP DE CAMPANHA - QUE INCLUI
O KIT ADVENTURE - DE 5 199 EUROS
(PVP NORMAL 5.799 EUR)

40

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CONCORRÊNCIA KAWASAKI VERSYS X-300 - 299 CC viamente a sua estética, com um estilo tenha pouca experiência. A posição
marcadamente Adventure, carregando é também bastante natural e direita,
HONDA CRF 250 RALLY - 250 CC 40 CV nas sua linhas o ADN das suas irmãs com o guiador algo mais fechado e
maiores, a V-Strom 650 e a nova talvez mais adequado para uma con-
23.1 CV POTÊNCIA V-Strom 1050, mas também da in- dução em estrada. As peseiras são algo
contornável DR Big dos anos 80. estreitas e também mais adequadas
POTÊNCIA 175 KG Em destaque constatamos a opção para estrada, não favorecendo, pela
de um farol redondo na dianteira, um sua dimensão, a condução de pé em
157 KG PESO toque algo clássico mas de belo efeito ‘modo’ offroad.
estético e que se identifica com o estilo
PESO 6 850€ mais offroad, compensado por um farol MOTOR
traseiro mais moderno de tecnologia
6 100€ PREÇO BASE LED. O Kit “Adventure” montado na Os 250 cc com 25 cv do bicilíndrico
versão base da V-Strom 250 reforça paralelo, a 4 tempos, de refrigeração
PREÇO BASE a sua imagem de polivalência e o seu líquida da V-Strom, têm uma entrega
potencial de moto de características de binário muito satisfatória, desde
Dual-Sport. baixas rotações, subindo de forma
O assento bastante confortável, com enérgica até ao seu limite às 10.500
uma ampla superfície também para o rpm, em que atua o corte de ignição,
pendura, tem um perfil baixo na frente atingindo sem esforço, nem demasia-
de forma a garantir que chegamos da vibração, os 135 km/h. Uma caixa
perfeitamente com os pés ao chão, bem escalonada garante passagens
realidade que reforça a nossa con- precisas, subidas de regime rápidas
fiança, muito importante para quem e reduções seguras.

ROYAL ENFIELD HIMALAYAN - 411 CC SUSPENSÕES E TRAVÕES

24.5 CV O comportamento das suspensões
está acima da média do segmento, e
POTÊNCIA embora apenas o amortecedor traseiro
seja ajustável em pré-carga, as afina-
185 KG ções de origem e a qualidade do com-
portamento de ambas as suspensões,
PESO dianteira e traseira, é bastante positivo,
não afundando demasiado em trava-
4 645€ gens mais vigorosas e absorvendo as
imperfeições do mau piso em estrada,
PREÇO BASE apresentando um comportamento
também eficiente em fora de estrada,
apesar do seu curso limitado.
A travagem revelou um bom tato e
progressividade e apenas o facto de o
ABS não ser desligável penaliza uma
condução offroad mais agressiva. A
V-Strom monta jantes de liga de 17” à
frente e atrás e pneus mais vocacio-
nados para estrada, pelo que também
neste aspeto sai penalizada na condu-

41

ção offroad. No entanto, nas incursões EQUIPAMENTO que possa ser montado um descanso FT/ F I C H A T É C N I C A
soft que realizámos fora de estrada o central (realidade que pensamos que
seu desempenho foi surpreendente, Nesta versão “kitada” beneficiámos poderia ser incluída de origem, embora 248 CC
graças, sobretudo, à progressividade obviamente de uma série de acessó- muitas das motos Adventure de maior
do seu motor e ao bom trabalho das rios incluídos, como seja a top-case cilindrada também não o incluam). CILINDRADA
suspensões, as quais permitem rodar e as bem-vindas proteções de mãos O painel de informação é simples mas
confortavelmente e de forma segura e proteções laterais. A V-Strom 250 contém toda a informação necessária, 25 CV
por uma série de estradões, superando monta de origem uma excelente pro- inclusivamente o nível de combustível.
com facilidade muitas das irregula- teção de cárter, bastante envolvente, Em termos de autonomia a V-Strom POTÊNCIA
ridades que fomos encontrando pelo considerando que se trata de uma moto 250 é toda uma referência, pois monta
caminho. mais vocacionada para uma utiliza- um depósito de combustível de 17,3 17.3 L
ção estradista, e vem preparada para litros, o que, tendo em conta os con-
sumos abaixo dos 4 litros, lhe confere DEPÓSITO
uma autonomia acima dos 450 km. Na
frente encontramos ainda um peque- 188 KG
no écrã, não regulável, que protege
essencialmente a instrumentação e PESO
que elimina parte do impacto frontal
do ar no nosso tronco. 5 199€

CONCLUSÃO PREÇO CAMPANHA

A Suzuki V-Strom, pelas suas carac- MOTOR TIPO 4 TEMPOS, REFRIGERAÇÃO LIQUIDA, SOHC
terísticas gerais, é uma moto extre- NÚMERO DE CILINDROS 2 DIÂMETRO 53,5 MM CURSO
mamente fácil de conduzir, versátil 55,2 MM CILINDRADA 248 CC CO2 72 G/KM CONSUMO DE
e manobrável, confortável e segura. COMBUSTÍVEL 3.2 L/100 KM TRANSMISSÃO 6 VELOCIDADES
Uma verdadeira Dual-Sport para uma SUSPENSÃO DIANTEIRA FORQUILHA TELESCÓPICA
utilização diária que permite aventu- HIDRÁULICA SUSPENSÃO TRASEIRA MONO-AMORTECEDOR
rarmo-nos em qualquer momento por TRAVÃO DIANTEIRO DISCO TRAVÃO TRASEIRO DISCO PNEU
um qualquer caminho de forma segura DIANTEIRO 110/80-17M/C 57H TUBELESS PNEU TRASEIRO
e tranquila. Pensamos que a Suzuki 140/70-17M/C 66H TUBELESS COMPRIMENTO 2150 MM
poderia ter ido um pouco mais além LARGURA 790 MM ALTURA 1295 MM DISTÂNCIA ENTRE
e tornado a sua pequena Adventure EIXOS 1425 MM DISTÂNCIA AO SOLO 160 MM ALTURA DO
ainda mais polivalente, garantindo ASSENTO 800 MM
um pouco mais de desempenho fora
de estrada com a simples adoção de o preço final baixo, e incluir pneus
uma roda dianteira de 19”, não neces- mistos de origem já que aqueles que
sariamente raiada, para poder manter monta são estritamente de estrada.
A possibilidade de desligar o ABS se-
ria também bem-vinda tornando a
V-Strom 250 numa aventureira sem
limites.

42 AUTO+mais

BMW A.C. capota em lona - que, mesmo perdendo
[email protected] na insonorização, ganha no charme, sem
» Z4 SDRIVE20I deixar de poder ser rebatida, de forma
Nesta nova geração, concebido automática, em apenas 10 segundos, e
BARALHAR.... E GANHAR DE NOVO? sob um certo olhar oriental, ou com o carro a velocidades até 50 km/h...
não tivesse sido desenvolvido Opcional, infelizmente, é o pack despor-
Sexta geração de um roadster dado a conhecer, pela com o apoio dos engenheiros tivo M (4.626€), sinónimo de jantes em
primeira vez, em 1989, o novo BMW Z4, desvendado em da Toyota, que deste roadster liga leve de 19” com kit de reparação de
2018, surge como uma espécie de “baralhar e dar de novo” alemão fizeram inclusivamen- pneus, suspensão desportiva M, pack ae-
- na conceção, no estilo e até no regresso da “obrigatória” te renascer o seu Supra, o atual BMW Z4 rodinâmico específico e frisos exteriores
mostra-se, hoje em dia, uma proposta Shadow Line Individual, além de painel
capota de lona. Resta agora saber se é também para algo diferente dos seus antecessores - de instrumentos em Sensatec e volante
voltar a ganhar... não apenas por ser maior, mas também e bancos desportivos. Com o nosso carro
por apostar em opções estéticas algo... a exibir ainda uma pintura exterior Preto
LEIA MAIS ENSAIOS E ACOMPANHE diferentes, da dos restantes produtos da Sapphire metalizada (764€)e luzes adap-
TODAS AS NOVIDADES EM AUTOSPORT.PT marca bávara. tativas em LED (1.016€).
A demonstrá-lo, basta citar o caso das Já no interior do habitáculo, menos
novas óticas, não tão “radicais” e de assi- audácia estética, colmatada com um
natura luminosa muito diferente daquela elevar da qualidade dos materiais e até
que tem sido a escolha (personalizada) da da construção. A que junta ainda uma
marca, isto num corpo onde não faltam ótima ergonomia de comandos e alguns
elementos como a grelha duplo rim (tam- espaços de arrumação. Entre os quais, a
bém ela diferente...), farolins bem mais prateleira com tampa na base da consola
agressivos e até o saudado regresso da e a espécie de prateleira por detrás das

>> autosport.pt/automais

43

costas dos bancos, com parede em rede, FT/ F I C H A T É C N I C A botões de acesso direto a cada uma das nos 0-100 km... - e convincentes recupe-
e gaveta com acesso à bagageira. funcionalidades. rações, como também de uma suavidade
Mais difícil, o acesso baixo ao habitá- 2.0 / 197 CV Pior, a bagageira, cuja capacidade não e progressividade na subida de regime,
culo e, em particular, com a capota de ultrapassa os 281 litros, com a agravante que nem mesmo os elevados consumos
lona colocada. Mas que rapidamente se GASOLINA de ter um acesso tipo alçapão. Ainda conseguem beliscar - 9,4 l/100 km foi
esquece, a partir do momento em que que não abdicando sequer da oferta de a média por nós obtida, já com recurso
nos sentamos/encaixamos num dos 6.6 S ganchos porta-sacos, assim como de ao modo Eco Pro disponível no sistema
dois excelentes bancos de inspiração um pequeno espaço de arrumação, à Experiência de Condução. Valor que,
desportiva, em couro, e muito confor- 0-100 KM/H esquerda! reconheça-se, não deixa de ser elevado...
táveis. No caso do condutor, a assegurar No entanto, elevado é igualmente o pra-
posição de condução extremamente 6.1 L / 9.4 L (AUTOSPORT) QUANDO UM PLEBEU zer de condução que é possível sentir ao
baixa, integração perfeita no cockpit volante deste BMW Z4 sDrive20i, benefi-
(culpa também do ótimo volante...), além 100 KM DOIS LITROS CONTRIBUI ciando não somente de uma plataforma
de fácil e correto acesso à generalidade eficaz e com maior rigidez torcional,
dos comandos. Embora com o olhar a 139 PARA A NOBREZA DO CONJUNTO como também e principalmente, de uma
dirigir-se invariavelmente para o painel suspensão que, embora assumidamente
de instrumentos 100% digital e confi- G/KM- CO2 Equipado com a motorização de entrada, desportiva, revela hoje um pouco mais
gurável segundo o modo de condução o novo Z4 passa a dispor de um, quiçá, de cuidado com conforto; ainda que
escolhido, assim como para o generoso 51 500€ menos categorizado quatro cilindros continuando a depender, e muito, da
ecrã a cores e tátil, que ocupa o topo da 2,0 litros turbocomprimido a gasolina, escolha dos pisos...
consola central, ligeiramente virada para PREÇO BASE a debitar 197 cv e 320 Nm de binário. Igualmente a ajudar às excelentes sen-
o condutor. Parte do funcional sistema Mas que, complementado, de forma sações dinâmicas, uma tração traseira
de infotainment, com o tradicional botão COMPORTAMENTO / MOTOR / CAIXA quase perfeita, por uma caixa automá- a fornecer invariavelmente mais irre-
rotativo sobre o túnel de transmissão e / FUNCIONAMENTO DA CAPOTA DE LONA tica Steptronic de dupla embraiagem e verência nas reacções - seguras - do
oito velocidades, além de com ótimas conjunto, bem apoiada por uma direção
CONFORTO EM MAU PISO / ACESSO patilhas no volante, acaba resultando pesada, precisa e informativa. No fundo,
AO HABITÁCULO / OBRIGATORIEDADE numa opção excelente! bem adaptada às necessidades de um
E PREÇO DOS OPCIONAIS Exibindo uma sonoridade sempre en- roadster que, mesmo hoje em dia com
tusiasmante, seja qual for o regime de uma outra maturidade e bem mais fácil
MOTOR GASOLINA, 4 CIL. EM LINHA COM INJEÇÃO funcionamento, motor, mas também de conduzir, continua a ser - felizmente!...
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DEPÓSITO 52 LT VEL. MÁX. 240 KM/H

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» BENZ E 300 DE

A PERFEITA UNIÃO DOS MUNDOS OPOSTOS

Numa altura em que muitos vaticinam a morte do
Diesel, a Mercedes-Benz dá-lhe novo fôlego, através
da sua conjugação com o hoje em dia entendido como
“combustível do futuro”, a Eletricidade. Desta união, a
roçar a perfeição, nasceu o Mercedes-Benz E 300 de,
um sedan do qual é difícil não gostar...

LEIA MAIS ENSAIOS E ACOMPANHE A. C. No caso específico deste E 300 de, o
TODAS AS NOVIDADES EM AUTOSPORT.PT [email protected] reforço desta imagem através da inclu-
são, sem custos acrescidos, da linha de
R eferência entre as berlinas design exterior AMG com suspensão
do segmento E premium, o Agility Control e afinação conforto,
Mercedes Classe E tem, há estética AMG, alargadores em plás-
muito, um lugar próprio na tico dos guarda-lamas, faróis LED,
frente deste campeonato. luzes de travão adaptativas e jantes
Mercê, desde logo, de uma em liga leve AMG de cinco raios e 18”.
certa imagem clássica e estatutária, Restando, no caso da nossa unidade,
especialmente difícil de igualar. apenas a pintura metalizada (849€)

>> autosport.pt/automais

45

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pagar à parte. nel digital de 12,3”, com a instrumen- rebatimento na horizontal. Embora, PRESTAÇÕES / CONSUMOS
A mesma sensação de luxo e status tação de condução e o ecrã (não-táctil) depois, sem grande aproveitamento,
surge no interior do habitáculo, mar- do infotainment integrados, são colírio já que a bagageira alberga um enorme APROVEITAMENTO DA BAGAGEIRA /
cado não apenas por uma qualidade para qualquer visão... e espírito, já a “degrau”, sob o qual estão as baterias, SUSCEPTIBILIDADE DA AUTONOMIA
de construção e solidez sem mácula, posição de condução convence pelas o que condiciona, e muito, os 400 litros ELÉTRICA / PREÇO
como também por revestimentos e qualidades de um banco desportivo de capacidade.
acabamentos que tornam o ambiente revestido a couro e alcântara, com Mas falemos daquilo que verdadeira- MOTOR 4 CIL. EM LINHA, INJEÇÃO DIRECTA
verdadeiramente especial. Isto, com assento extensível e ótimos apoios. mente importa: o sistema híbrido, de COMMON-RAIL, TURBOCOMPRESSOR DE
a contribuição de uma ergonomia e Tornando-se tão ou mais arrebata- carregamento por tomada. Solução GEOMETRIA VARIÁVEL E INTERCOOLER +
funcionalidade isentas de críticas, dor que o volante de pega excelente, composta por um quatro cilindros 2.0 MOTOR ELÉTRICO 90 KW + BATERIA DE
ainda que com algumas reticências também ele com todos os ajustes. litros com 194 cv que é também a razão IÕES DE LÍTIO POTÊNCIA (COMBINADA)
face à imensidão de botões no volante Embora também ele a nada conseguir do “d” na designação “300 de”, com o 306 CV BINÁRIO (COMBINADO) 700 NM
(é certo que são de fácil assimilação, fazer, face à fraca visibilidade traseira. “e” a simbolizar um motor elétrico de TRANSMISSÃO TRASEIRA, COM CAIXA
mas, ainda assim...), ou à consola do Atenuada, sim, pela câmara de mar- 90 kW e uma bateria de iões de lítio de AUTOMÁTICA DE 9 VEL. SUSPENSÃO
sistema de infotainment entre os ban- cha-atrás com Active Parking Assist. 9,3 kWh de capacidade útil, todos ge- INDEPENDENTE DO TIPO MULTIBRAÇOS À
cos. Porquê? Principalmente, porque o Mas se o condutor está “no sítio” e ridos por uma transmissão 9G-Tronic. FRENTE E ATRÁS TRAVAGEM DV/DV PESO
touchpad integrado no apoio de mão, confortável, também nos lugares tra- E que, além de oferecer uma potência 2060 KG MALA 400 LT DEPÓSITO 66 LT
leva a que, por vezes, acionemos co- seiros se acomodam sem problemas e binário combinados de 306 cv e 700 VEL. MÁX. 250 KM/H
mandos sem querer... três adultos, com as costas dos bancos Nm, prima ainda por um funcionamen-
to extremamente agradável, suave e travagem, e que até repõe alguns qui-
quase impercetível. A não ser quando lómetros...
selecionado um dos modos de funcio- Mais surpreendente, contudo, é a au-
namento mais desportivos - Sport, tonomia elétrica, que, com a marca a
Sport+ ou o configurável Individual prometer 50 km, 40, pelos menos, são
-, aí afundamos o acelerador, com o certos. Facto que também permite ao
Classe E a responder de forma pronta E 300 de anunciar uma autonomia
e vigorosa; confirmada, aliás, nos 5,9s Gasóleo + Eletricidade na ordem dos
anunciados para os 0-100 km/h... 1500 km. Neste caso, fruto igualmente
Já para aqueles cuja preocupação é o de médias que, em cidade e com uti-
Ambiente, há um E-Mode para circu- lização intensiva do motor elétrico,
lação apenas e só com motor elétrico, podem ficar pelos 2,5 l/100 km; ou,
a velocidades até 140 km/h. Existindo então, perto dos 7 l/100 km, em trajetos
ainda mais três hipóteses: Hybrid, ou longos por autoestrada...
utilização do 2.0 litros, com o motor Quanto a carregamentos, a Mercedes
elétrico a apoiar; E-Save, sinónimo fala em 1,5 horas, para um carrega-
da manutenção do nível de carga nas mento completo através de Wallbox,
baterias, para uso futuro; e Charge, ou cerca de 5 horas, em tomada do-
ou a utilização do turbodiesel para méstica. Sendo que ficámos sem saber
circular, ao mesmo tempo que carrega o tempo que o processo demora num
as baterias. Missão em que também posto público, uma vez que o nosso
é utilizada a energia recuperada na Classe E não vinha munido do res-
petivo cartão...
A terminar, uma palavra sobre o de-
sempenho dinâmico do Mercedes-
Benz E 300 de, que pouco ou nada
difere do já conhecido com outras
motorizações: eficaz, dócil, além de
extremamente confortável, seja qual
for o piso.
Qualidades que, conjuntamente com
a elevada estabilidade, segurança e
até prazer de condução, nem mesmo
o significativo acréscimo de peso - são
mais de duas toneladas! -, consegue
beliscar!...

AUTO+ mais

TOYOTA resto, a ergonomia, marcada pelo fácil
acesso a comandos (ecrã táctil a cores,
» AYGO 1.0 X-CITE MANDARINA inclusive) e boa visibilidade exterior
(também traseira...), ou a funcionalidade;
LARANJA PARA TODO O ANO isto, mesmo com espaços de arrumação
de pouca capacidade e quase exclusiva-
Em permanente atualização - a “sentença” é da própria Toyota... -, o citadino Aygo recebeu, mente abertos...
também para 2019, alguns retoques e cores. Das quais faz parte este alaranjado Mandarina, Funcional e convincente é igualmente a
que, acompanhado de um três cilindros tão ou mais espicaçante, contribui para fazer deste posição de condução, mesmo com um
Aygo uma espécie de laranja para todo o ano! Mas o azul também é bem bonito… volante de boa pega ajustável apenas em
altura, e ao qual se junta ainda um painel
A. C. No caso específico da nova versão aqui os farolins, adoptarem uma tonalidade de instrumentos esteticamente invulgar,
[email protected] em análise, x-cite Mandarina, a aposta mais escura. mas legível, fixado na coluna de direção.
numa imagem exterior vibrante e dife- Já no interior do habitáculo, a procura Sendo que, o banco, em tecido “garrido”
Primo-direito - quase irmão! - renciadora, marcada pela conjugação da da mesma jovialidade e irreverência, e com suficiente apoio lateral, oferece
de propostas como o Citroën nova cor exterior alaranjada - daí o nome nomeadamente, através da aplicação ampla regulação também em altura.
C1 ou o Peugeot 108, com os Mandarina... -, com o Preto Brilhante de da mesma cor Mandarina nas saídas de Numa proposta de cinco portas, con-
quais partilha não só a con- tejadilho, pilares, retrovisores exteriores ventilação e rebordo dos tapetes, e do venceu-nos, igualmente, a habitabili-
ceção, como o local de fabrico, e jantes de 15”. Sendo que, na base, está Preto Brilhante - ou “Piano Black”, como dade, adequada para quatro adultos, os
o Toyota Aygo mantém, ainda a já conhecida versão x-cite, a qual, com lhe chama a Toyota... - na consola central. quais facilmente lidarão melhor com o
assim, uma personalidade visual muito o último refresh do modelo, viu o em- Menos agradável, a manutenção do muito razoável espaço para pernas, resultado
própria. A qual se destaca igualmente blemático “X”, que faz parte da secção plástico rijo e de fraca qualidade - ainda também da colocação dos bancos tipo
pelos esforços permanentes em prol de frontal, ganhar tridimensionalidade, as que a marca defenda melhorias nesse anfiteatro, do que com o tipo de abertura
uma imagem sempre jovem e moderna; óticas dianteiras passarem a integrar domínio... -, bem percetível mesmo com dos vidros das portas, género asa de
um pouco, aliás, à imagem daquele que uma agressiva assinatura luminosa em uma solidez na construção que, ela sim, borboleta - era assim tão mais caro co-
é o seu público alvo. LED e, tanto os vidros traseiros, como merece elogios. Tal como merece, de locá-los a abrir da forma mais vulgar?...
De resto, numa versão em que o equipa-
mento de série apenas peca pela pouca
aposta nos sistemas ativos de segurança
- o alerta/travagem autónoma tem de
ser pago à parte... -, pouco convincente é
também a bagageira, com pouco mais de

>> autosport.pt/automais

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168 litros, além de que com acesso alto, um funcionamento mais suave, mas (sonora) do tricilíndrico, já que, quanto FT/ F I C H A T É C N I C A
tipo alçapão. Sendo que o rebatimento também mais reativo ao acelerador. aos consumos, tudo permanece no me-
50/50 das costas dos bancos traseiros, Bem apoiado por uma transmissão lhor dos mundos - pequeno nas dimen- 1.0 / 72 CV
a colocar estas últimas demasiado altas manual de apenas cinco velocidades e sões, o 1.0 VVT-i é também modesto no
face ao piso da mala, poucas vantagens utilização agradável, o renovado Aygo apetite, ficando-se por médias reais de GASOLINA
traz... tornou-se, desta forma, um melhor com- 5 l/100 km; isto, sem qualquer apoio
Positivas, pelo contrário, foram as alte- panheiro de aventuras em cidade, che- ou ajuda de sistemas de contenção de 13.8 S
rações técnicas promovidas no pequeno gando mesmo a ser divertido de conduzir, consumo, como é o caso dos cada vez
três cilindros em linha a gasolina de 998 pela forma célere e despachada como se mais vulgares Stop&Start... 0-100 KM/H
cc, que é a única motorização disponível esgueira pelas filas de trânsito. Alturas Apoiados nesta certeza, torna-se, as-
no Aygo. E que vieram garantir, a par de em que, diga-se, apenas a aproximação sim, ainda mais convincente e divertido 5,0 L / 5,0 L (AUTOSPORT)
um aumento da potência para os 72 cv, ao red line faz notar uma maior presença colocar à prova as novas e menos-no-
vas capacidades do pequeno Aygo, que, 100 KM
com as alterações (também) na sus-
pensão e direção, mostra agora não só 114
maior agilidade, como também melhor
conforto na relação com a estrada. G/KM- CO2
Tudo isto, acompanhado de um maior
feeling, peso e precisão, da parte da 14 765€
direção, a qual, e ao contrário da sus-
pensão, nem sequer se atemoriza com PREÇO BASE
obstáculos como as lombas de desa-
celeração. DESEMPENHO DINÂMICO / MOTOR EXPEDITO
Algo que, diga-se, não chega para fazer E POUPADO / POSIÇÃO DE CONDUÇÃO
deste Toyota Aygo 1.0 x-cite Mandarina
uma proposta menos cativante para QUALIDADE DOS PLÁSTICOS /
qualquer recém-encartado ou citadino BAGAGEIRA / VIDROS TRASEIROS
empedernecido, à procura de um au-
tomóvel pequeno, prático e funcional, MOTOR GASOLINA, 3 CIL. EM LINHA,
para as suas deambulações em cidade. 12V DOHC, VVT-I, INJEÇÃO ELETRÓNICA
Basicamente, uma espécie de laranja MULTIPONTO POTÊNCIA 72 CV / 6000
para todo o ano... RPM BINÁRIO 93 NM / 4400 RPM
TRANSMISSÃO DIANTEIRA, COM CAIXA
MANUAL DE 5 VEL. SUSPENSÃO TIPO
MCPHERSON À FRENTE E BARRA DE TORÇÃO
ATRÁS TRAVAGEM DV/T PESO 1240 KG
MALA 168 LT DEPÓSITO 35 LT VEL. MÁX.
160 KM/H

E/ Dando cumprimento ao estabelecido no n° mais importantes provas de desporto au- leitores uma informação atual, rigorosa e abordagem e de análise dos factos noti-
1 do artigo 17° da Lei 2/99, de 13 de Janeiro, tomóvel disputadas em território nacional de qualidade, opinando sobre tudo o que se ciosos, com total abertura à interatividade
ESTATUTO Lei da Imprensa, publica-se o Estatuto e no estrangeiro, relata acontecimentos passa na área do automóvel e dos automo- com a sua comunidade de leitores.
EDITORIAL Editorial da publicação periódica AutoSport: ligados à competição automóvel, bem como bilistas, numa perspetiva plural, recusando 4. O AutoSport pratica um jornalismo pau-
1. O AutoSport é um semanário dedicado temas que versam o automóvel como bem o sensacionalismo e respeitando a esfera tado pela isenção, sem comprometimentos
ao automóvel e aos automobilistas, nas de consumo, tanto na área industrial como da privacidade dos cidadãos. ou enfeudamentos, tendo apenas como
suas mais distintas vertentes: desporto e comercial. 3. O AutoSport pauta as suas opções edito- pressuposto editorial facultar a melhor
competição, comércio, indústria, segurança 2. O AutoSport está comprometido com riais por critérios de atualidade, interesse informação e a melhor formação aos seus
e problemática rodoviária. O AutoSport o exercício de um jornalismo formativo e informativo e qualidade, procurando apre- leitores, seguindo sempre as mais elemen-
edita, semanalmente, conteúdos sobre as informativo e procura oferecer aos seus sentar aos seus leitores a mais completa tares normas deontológicas.

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