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Published by hmilheiro, 2018-01-08 13:49:18

AutoSport 2089

AutoSport 2089

#2089 DIRETOR PEDRO CORRÊA MENDES 40
ANO 40 O SEMANÁRIO DOS CAMPEÕES
anos
10/01/2018
>> autosport.pt
2,35€ (CONT.)

ARMINDO ARAÚJO
A ENTREVISTA DO REGRESSO
OBJETIVOS

TRAÇADOS, VENHO
PARA GANHAR!

FERRARI
AMEAÇA SÉRIA
OU BLUFF? MARCHIONNE ‘REFORÇA’
DISCURSO DE SAÍDA

SCUDERIA DISCORDA
DOS REGULAMENTOS

DE 2021

FILIPE DAKAR
ALBUQUERQUE
ARRANQUE CAÓTICO
“ACHO QUE ESTOU
A CONSEGUIR SER

DOS MELHORES
DO MUNDO NO

ENDURANCE”

PORTUGUESES AZARADOS
PEUGEOT ACIMA DA CONCORRÊNCIA

O SEMANAL
NO COMPUTADOR À 2ª FEIRA

EDIÇÃO >> autosport.pt ASJSÁI!NE
DIGITAL (1 ANO)

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BMW MOTOSPORT

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49,99€

3

I/ I N S TA N TÂ N E O SIGA-NOS EM EDIÇÃO

#2089
10/01/2018

f l> > a u t o s p o r t . p t
facebook.com/autosportpt twitter.com/AutoSportPT

AZARADO Depois de muito tempo de recuperação devido a uma fratura num ombro depois duma tentativa mal sucedida de voar mais José Luís Abreu
de 115 metros, Bryce Menzies voltou a apanhar mais um grande susto, agora no Dakar. Não ficou ‘pedra sobre pedra’...
DIRETOR-EXECUTIVO
S/ SEMÁFORO EM DIRETO
[email protected]
PARADO A ARRANCAR A FUNDO “O Road Book indicava para ter
cuidado, mas entrei depressa É absolutamente incrível a
Acidentes a mais Peugeot Rally Cup O ROAR Before Rolex demais”, sintetizou Bryce Menzies série de azares a que os
no Dakar, com Ibérica parece estar 24 deixou boas portugueses do Dakar
armadilhas a congregar grande indicações entre ainda no local do seu ‘enorme’ acidente com têm estado sujeitos este
interesse, num Troféu os portugueses. o novo Mini Buggy da X-Raid ano. São contingências
de bradar aos céus próprias do desporto,
que ‘promete’ Será desta o triunfo? “Não tenho experiência. Temos a é certo, mas é, na verdade, uma
melhor equipa, o melhor co-piloto enorme coincidência. Tudo
O SEMANÁRIO DOS CAMPEÕES NA ERA DIGITAL (Ruben Faría), mas não o melhor começou com a ausência forçada
piloto”, André Villas Boas, à partida do do Dakar, de Hélder Rodrigues
Siga-nos nas redes sociais e saiba (já conhecida há muito), depois
tudo sobre o desporto motorizado no Dakar, preparado para viver o sonho prosseguiu com o acidente nos
computador, tablet ou smartphone via treinos de Paulo Gonçalves, que
facebook (facebook.com/autosportpt), “Conseguirmos sobreviver como acabou por inviabilizar a sua
twitter (AutosportPT) ou em uma equipa suíça 25 anos na presença na prova. A poucos dias de
>> autosport.pt Fórmula 1, na verdade, uma viajar para a américa do Sul, Mário
missão quase impossível”, Peter Patrão foi operado de urgência
depois duma apendicite aguda, e
Sauber orgulhoso de ser fundador da já não viajou. Joaquim Rodrigues
atual quarta equipa mais antiga, depois da teve um terrível acidente logo na
Ferrari, Williams e McLaren 1ª Etapa, que podia ter corrido bem
pior, e o atirou para o hospital. Nos
“O David [Castera] fez um ótimo carros, Filipe Palmeiro ficou parado
trabalho de navegação e não foi no traçado devido a um acidente
enganado pelos muitos trilhos com o carro de um colega de equipa
que surgiram à nossa frente. A na X-Raid, Yazeed al-Rahji, que
nossa estratégia parece ser boa”, bateu de frente no Mini da dupla
luso-chilena, e, por fim, Pedro Mello
Cyril Després, a fazer um bom Dakar Breyner e Pedro Velosa tiveram
um aparatoso acidente na 2ª Etapa,
que envolveu diversos capotanços
‘duna abaixo’, que atiraram com
o navegador para os hospital,
felizmente, sem consequências.
Carlos Sousa também não começou
bem e em duas etapas já tinha
perdido quase duas horas. Muito
azar para as cores lusas nesta
edição do Dakar, quase fazendo
parecer que os Dakar terminados
em oito não ‘são’ para Portugal.
Lembra-se da anulação do Lisboa-
Dakar 2008? Pois, foi há dez anos.
Pela primeira vez em muito tempo
não temos um único português lá
na frente a disputar as melhores
posições no Dakar. O que vale é que
não há mal que sempre dure…

/
DAKAR 2018

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O DAKAR
MAIS DURO DESEMPRE?
Oaviso tinha sido feito logo no dia da apre-
A ASO ‘prometeu’ e cumpriu. O Dakar sentação em Paris: “Este Dakar não é para os franceses, que na segunda tirada ocuparam todos os
arrancou de forma muito dura e ao velhos”,parafraseandoumconhecidoefamoso lugares do pódio.
cabo dos dois primeiros dias de prova filme de Hollywood. E não é mesmo, tal foi a Sem analisar muito os números, algo que não faz muito
já tiveram lugar incidentes que davam quantidade incrível de incidentes nas duas sentido neste momento, quando ainda só temos cerca
para um Dakar ‘inteiro’, numa edição primeiras etapas da prova, e com a promessa de 300 km cronometrados disputados, os sinais já dizem
em que os portugueses não têm de que continuarmos a ter mais do mesmo, na restante algo, e confirma-se para já o que ‘sentimos’ há algum
tido sorte nenhuma, com algumas semana e meia que os concorrentes têm pela frente. tempo. A Peugeot tem um leque de pilotos que extravasa
honrosas exceções... Ponto prévio. Quando este jornal chegar às bancas, já se o valor dos carros, ou seja, com todas as alterações que a
terão realizado quatro etapas do Dakar, mas o fecho da ASO fez aos regulamentos, penalizando mais os buggy e
José Luís Abreu edição obriga a que estejam para já contempladas apenas retirando peso aos 4X4, podia pensar-se que os Peugeot
[email protected] duas. Considere esse aspeto em tudo o que ler daqui para iriam sofrer muito com isso, mas o que se vê para já não
a frente. É assim todos os anos e 2018 não é exceção. é nada disso. Poucos duvidam que os franceses têm o
FOTOS OFICIAIS E o que nos disse este primeiro aperitivo de duas etapas? melhor leque de pilotos, e até a Toyota parece estar melhor
Nada de muito diferente do esperado. Logo na etapa de preparada a esse nível que a Mini/X-Raid.
abertura houve gente com muito para contar, por exemplo
o ‘nosso’ Joaquim Rodrigues, mas isso é assunto para os PEUGEOT COMEÇA MELHOR
nossos colegas das motos, lá mais para a frente no jornal.
Nos carros, o mais substancial teve a ver com o facto de Olhando só para os sinais que dão as duas primeiras
Sébastien Loeb ter ficado sem travões no seu Peugeot etapas, verificamos que três Peugeot ‘cabem’ nos pri-
3008 DKR Maxi, logo após três quilómetros de prova, uma meiros quatro lugares, e também há dois Toyota nas
situação que talvez tenha servido como ‘despertar’ para cinco primeiras posições, e com Nasser al Attiyah a
perder tempo significativo na Etapa 2 em virtude de
uma indisposição do seu navegador.

>> autosport.pt

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xado de ter voltado para trás à procura de waypoints e
esse pode ser um fator decisivo na prova deste ano. Pode
parecer um pouco estranho, mas neste Dakar, mais do
que nunca, os navegadores têm uma palavra muito forte
a ‘dizer’ nos resultados finais.
Na Toyota, sem o problema de Mathieu Baumel, Attiyah
não estaria tão longe. Por isso, foi Giniel de Villiers que
se intrometeu entre os Peugeot. Já Al Attiyah, teve de
parar duas vezes para ‘acudir’ a Baumel, e isso ‘justifi-
ca’ a diferença. A Toyota já ‘perdeu’ Lucio Alvarez, que
capotou na Etapa 2.
Quanto aos homens da Mini, muitos incidentes, dos quais
se destacam o ‘salto mortal’ do ‘stuntman’ Bryce Menzies,
que não ouviu (ou não quis ouvir) uma nota do seu na-
vegador, capotando de forma aparatosa e destruindo
por completo o buggy Mini da X-Raid. Habituado a fazer
‘acrobacias’ para a Red Bull TV, esta correu mesmo mal.
Como se não bastasse à X-Raid, Yazeed Al-Rajhi e Boris
Garafulic, que tem Filipe Palmeiro a seu lado, bateram
de frente em pleno deserto. Tanto espaço por ali e vão
encontrar-se ambos no topo duma duna, que um subia,
e outro... ia começar a descer.
Assim sendo, Orlando Terranova é o melhor represen-
tante, mas basta olhar para o seu palmarés para perceber
que não é o argentino que pode dar luta aos melhores
pilotos. Curiosamente, Mikko Hirvonen tinha o mesmo
tempo no final da etapa 2, mas com um buggy pouco
testado, esta prova para o finlandês deverá ser apenas
de aprendizagem do novo carro, que para o ano terá
outra ‘palavra’ a dizer, quando... já não houver Peugeot.
Já ‘Nani’ Roma teve algum azar, perdendo o capot que se
soltou depois de um toque num buraco. Coisas do Dakar.
A questão nunca será quem tem problemas, mas sim
quem terá menos.

Isto significa que o melhor ‘X-Raid’ só aparece na sexta dias de prova. Stéphane Peterhansel está muito perto, TOP 10 MUITO ‘CONCORRIDO’
posição, Orlando Terranova, no renovado Mini All4 Racing, matreiro, como sempre, enquanto Sébastien Loeb teve
com Mikko Hirvonen, no novo buggy Mini X-Raid, logo que ‘dar ao pedal’ depois de ter perdido tempo na Etapa Neste momento já se percebeu quem pode lutar pelo
a seguir. Logicamente, o Dakar está ainda no ‘Prólogo’, 1, devido aos travões. top 10. O holandês Ten Brinke (Toyota) é um deles, assim
e quando o jornal lhe chegar às mãos pode tudo já ter Sintomático é o facto de quase toda a gente se ter quei- como Khalid al Qassimi que corre com um Peugeot
mudado, mas os sinais são claros. A luta pela vitória ‘antigo’, tendo portanto um bom carro para chegar a um
deverá ser disputada entre os homens da Peugeot e da C/ CLASSIFICAÇÃO (ET.2) resultado de destaque. Martin Prokop saiu da Etapa 2
Toyota, com a Mini à espreita, mas talvez um pouco longe. em 12º. Tendo em conta os problemas que já teve Carlos
Tal como confessou no fim do primeiro dia, Attiyah tinha 1 C. DESPRES PEUGEOT 3:21:18S Sousa (ler em separado), o seu colega de equipa Emiliano
planeado não andar muito depressa na Etapa 1, porque 2 S. PETERHANSEL PEUGEOT +27S Spataro é o melhor dos Renault Duster, em 18º, Nicolas
dessa forma teria que sair à frente com a desvantagem 3 G. DE VILLIERS TOYOTA Fuchs começou bem em ‘casa’ com o Borgward, um
que isso acarrateria, já que não teve quaisquer marcas 4 S. LOEB PEUGEOT +05:44 Mitsubishi Racing Lancer disfarçado, mas perdeu uma
para se poder guiar. Cedeu tempo e ficou a 12m51s, mas 5 N. AL-ATTIYAH TOYOTA +06:09 hora na Etapa 2. Carlos Sousa já está a 1h47m da frente,
o mais relevante dessa tirada é o facto dos sinais dados 6 O. TERRANOVA MINI +12:15 hora e meia do top 10, sendo para já 29º (ler em separado).
pelos Peugeot, pois pelo que se viu facilmente poderiam 7 M. HIRVONEN MINI +12:50 Boa conta de si estão a dar André Villas-Boas e Ruben
ter ficado os quatro na frente, não fora os problemas de 8 C. SAINZ PEUGEOT +12:50 Faria, 45º da geral, sem grandes feitos, mas também
Sainz, que depois de liderar na fase inicial, perdeu-se a 9 B. TEN BRINKE TOYOTA +13:12 sem problemas. Bem atrasados ficaram Yazeed al-Ra-
teve dois pneus a sair da jante. 10 N. ROMA MINI +17:43 jhi, Tim Coronel e Boris Garafulic, que já não deverão
Quem mostrou que talvez tenham que contar com ele 29 C. SOUSA RENAULT +20:48 chegar-se muito à frente, embora possam aparecer no
foi Cyril Després, que venceu uma etapa pela segunda 45 A. VILLAS-BOAS TOYOTA +1:47:48 ‘top’ das etapas.
vez na sua carreira no Dakar, e bateu os seus fortes 64 B. GARAFULIC MINI +3:56:34 Pela frente, os concorrentes do Dakar têm ainda semana
companheiros de equipa sendo ele o líder ao cabo de dois +11:46:30 e meia de prova, e se o ritmo de incidentes for semelhante
aos dos dois primeiros dias, então serão muito poucos
os que irão chegar ao fim deste Dakar, que se está a
‘mostrar’ verdadeiramente arrasador.

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DAKAR 2018

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#315CARLOSSOUSA
ARRANQUECHEIODEPERIPÉCIAS
N ão foi preciso ‘muito’ Dakar para
que Carlos Sousa juntasse um em duas horas. Estou desolado! Acho Depois ultrapassámos vários pilotos navegação, e fértil em percalços para
rol enorme de histórias para uma tremenda injustiça”. E era. A ASO e gostei do comportamento do Dus- todas as equipas, mas também se con-
contar. Apenas em dois dias olhou para o que fez e repôs a verdade. ter. Nas zonas mais rápidas fomos firma que o nível competitivo é muito
de prova perdeu um waypoint, levou No segundo dia, o piloto do Duster penalizados pela ‘curta’ velocidade forte, tanto em qualidade, como em
duas horas de penalização, protestou- rodava perto do top-20 quando “uma de ponta e, nos 100 quilómetros fi- quantidade. Quanto ao Duster, começo
-a, foi-lhe retirado o tempo adicional, rótula de direção cedeu. Fomos obri- nais, perdemos tempo com falhas da a ficar com uma ideia dos pormenores
teve problemas na direção do Renault gados a substituí-la em pleno deserto. bomba de combustível, talvez devido em que é possível melhorar, até para
Duster, e com a bomba de combustível, O Pascal (Maimon, o navegador) fez a uma menor qualidade da gasolina. o adaptar ao meu estilo de condução”,
e depois de ter visto apenas quatro um excelente trabalho, mas perde- Foi um verdadeiro começo de Dakar disse. Talvez isso o ajude daqui para a
concorrentes atrás de si no final do mos cerca de 45m com a reparação. com deserto cheio de armadilha, muita frente...
primeiro dia, o facto de chegar ao fim
do segundo na 29ª posição da geral
a 1h47m48s do líder já nem pareceu
mau de todo.
Esperava-se mais, mas o Dakar é
assim mesmo, e depois de dois dias,
Carlos Sousa já sabe que precisa duma
caixa mais longa.
Talvez a partir daqui seja possível co-
meçar a assegurar resultados mais
condizentes com a sua valia, mas o seu
Dakar não começou bem. Na primeira
etapa, e a exemplo do que aconteceu
com muitos outros pilotos, a navegação
foi um grande adversário e os homens
do Duster nº 315 receberam uma pe-
nalização de 20 minutos, por terem
falhado a passagem de um ‘waypoint’.
“Perdemos pelo menos dois minutos
à procura de um waypoint e falhámos
outro. Por isso, já sabemos que vamos
receber uma penalização de 20 minu-
tos”, desabafou Carlos Sousa.
Só que depois veio o susto: “Afinal não
fui penalizado em 20 minutos, mas sim

ANDRÉ VILLAS-BOAS E RUBEN FARIA EM BOM RITMO

Depois do 42º lugar na primeira etapa, doba.” Em conversa com o piloto que tem, Córdoba no dia 20. No meu primeiro ano, A a Z o Dakar, todas as pequenas coisas
André Villas-Boas e Ruben Faria mostraram ex-aequo com Paulo Gonçalves, o melhor cheguei ao final com 36 horas atraso. O para se lá voltarmos, já termos uma base
na segunda tirada que levam a lição bem resultado de sempre de um português no pensamento acertado no Dakar é não se para poder progredir”, disse.
estudada. Apesar de algum tempo perdido Dakar, o segundo lugar: “A edição de 2018 é preocupar com resultados e conhecer de
na segunda etapa a classificação foi semel- para mim um desafio completamente novo,
hante à da primeira etapa, o que significa a navegação, embora com o André, como ele
que a nova dupla encontrou o seu ritmo tem pouca experiência vou ter que ajudá-lo
desde bastante cedo e a isso não deve ser o mais possível em termos de trajetórias,
indiferente a experiência de Ruben Faria abordagens às dunas, muita coisa. O carro
que, tal como revelou ao AutoSport, para é bom, mas vou tentar acalmar o André,
além da navegação, tem como missão usar tentar gerir o máximo, mas ele é inteligente,
da sua experiência para impedir possíveis consegue captar bem a informação e fazer
excessos do ‘rookie’ André Villas-Boas. No corretamente. Vai ser duro, mas vai correr
final da Etapa 1, Villas Boas afirmou: “Estava bem. A nossa vontade é chegar a Córdoba,
um pouco ansioso, mas correu bem, afinal o objetivo não é o principal, mas sim único,
foi apenas a minha segunda vez nas dunas”, que é passar pelo palanque no arranque
referindo-se aos testes de Marrocos: “Tudo do Dakar com bandeira de Portugal e vir
foi perfeito para nós. Claro que foram só 31 para casa felizes e contentes, ele volta
km, depois tudo vai ser muito mais difícil”. E à vida dele, eu à minha. Tenho ambições
foi, mas cumpriram e o repto está lançado de continuar a fazer o Dakar nos carros,
por Ruben Faria: “O objetivo é chegar a Cór- mas para já o único objetivo é chegar a

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ARRANQUE SUSTO PARA FILIPE PALMEIRO
EQULIBRADO NOS SXS BATER DE FRENTE NO MEIO DO NADA

PERUANOS No Dakar já se sabe que este tipo de ros em pleno deserto. Yazeed Al-Rajhi deserto, terminaram no 64º posto, com
COMEÇAM NA coisas pode suceder, e são várias as perdeu 7:02:37s, enquanto Garafulic um tempo de 11h43m34s. E continuam
FRENTE vezes em que os pilotos, na procura e Palmeiro, depois de várias horas no no Dakar.
pelos waypoints, se cruzam no percur-
Já sem Pedro Mello Breyner em prova, so. Desta vez aconteceu com o piloto
os SSV começaram por ser dominados da Árabia Saudita, Yazeed Al-Rajhi,
pelos ohmens da ‘casa’, os peruanos. que, aos comandos de um buggy MINI
Anibal Aliaga (Polaris) foi o primeiro da X-Raid, bateu de frente no Mini
líder, num dia em que Mello Breyner All4 Racing do chileno Boris Garafulic,
foi quarto. que como se sabe leva Filipe Palmeiro
Depois de ter perdido quase 40 minu- ao lado.
tos na 1ª Etapa, Reinaldo Varela venceu Yazeed al-Rahji ia a subir a duna,
a segunda e saltou para a segunda enquanto Boris Garafulic e Filipe
posição, a 13m11s do peruano Uribe Palmeiro se preparavam para a
Ramos, que ascendeu ao comando. descer, chocando de frente.
Bons conhecedores dos percursos da Mas como para Yazeed Al-Rajhi, Timo
zona, os peruanos brilharam. Gottschalk, Boris Garafulic e Filipe
O francês Patrice Garrouste é terceiro Palmeiro desistir não era opção,
da geral a 17m57s do peruano. No seg- depois de várias horas parados, as
undo dia, a dupla lusa, Pedro de Mello duas duplas repararam os seus car-
Breyner e Pedro Velosa, teve um forte
acidente e abandonou a prova.

KAMAZ PEDRO DE MELLO BREYNER
COM E PEDRO VELOSA
BOA MUITO AZARADOS
OPOSIÇÃO
Foi muito azarada a participação de Pedro de Mello Breyner e Pedro
A procissão ainda vai no adro mas já se percebeu que os Camiões não vão ter vida Velosa no Dakar. Logo no segundo dia de prova um forte acidente teve
fácil no Dakar. A Kamaz já está na frente (final Etapa 2), mas a concorrência Iveco como consequência o abandono, com Pedro Velosa a ter que passar
e Tatra não deixou os russos fugirem. pelo hospital para observação. Não foi grave, mas o susto foi enorme.
O primeiro dia ficou marcado por quatro marcas diferentes nos quatro primeiros Foi pena, pois as coisas até começaram de forma prometedora, já que
lugares. O checo Alain Laprais colocou o seu Tatra 22s na frente de Martin Van den Mello Breyner estreou-se com um 4º lugar, naquela que foi a estreia
Brink, num Renault. Eduard Nikolaev foi terceiro com o Kamaz, a 29s, com Ton Van portuguesa na categoria SSV. Aos comandos do Yamaha YXZ 1000 R
Gnuten, em Iveco, a 1m11s. Diferenças pequenas num dia com apenas 31 Km. nº 370 da Cat Racing, a formação lusa teve uam boa estreia: “Foi um
No segundo dia as dificuldades cresceram muito, mas as margens não se dila- aperitivo que correu bem para uma primeira experiência, deu para
taram por aí além, ainda que a liderança tenha mudado de mãos. O russo Eduard aliviar os nervos e o stress”. Mas o pior estava para vir logo no dia
Nikolaev venceu, batendo Federico Villagra (Iveco) por 3m25s, com o checo Ales seguinte: “Vínhamos a rolar bem, com cautelas quando, numa duna
Loprais (Tatra), anterior líder, em terceiro. Isto significou mudança de líder com muito alta e íngreme, o nosso Yamaha tombou. Capotámos muitas
Nikolaev (Kamaz) agora na frente, com 5m38s de avanço para o checo da Tatra. vezes, eu agarrei-me ao volante e não tive nada, mas o Pedro (Velosa)
queixava-se das costas e fomos para o hospital. Por muito que o
nosso desejo fosse continuar a saúde está em primeiro lugar. O prin-
cipal problema que o Yamaha teve foi ter ficado com três dos pneus
fora da jante. De resto estava pronto para andar. Seguramente que
perderíamos algum tempo, mas não era nada que não se resolvesse.
Temos muita pena de ter terminado esta aventura mais cedo, mas
não podemos brincar com a saúde”, disse Pedro Mello Breyner.
Pedro Velosa fez um raio X no hospital, que nada acusou em termos
de fraturas. Ironicamente, com ‘tanto’ Dakar à volta, o acidente foi
no mesmo sítio onde Yazeed al-Rahji e Filipe Palmeiro chocaram de
frente. Portugueses mesmo sem sorte neste Dakar, que ainda agora
começou...

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DAKAR 2018

PRIMEIROS Alexandre Melo
PASSOS [email protected]

Já arrancou a 40ª edição do Rali Dakar e, após os primeiros quilómetros Dizemosvelhossábiosquenuma
cronometrados, a luta pela vitória promete ser muito animada até à cidade prova com a duração e dificul-
argentina de Córdoba. De um lado a KTM, que procura manter uma histórica dade do Dakar nada fica deci-
sequência de triunfos, enquanto do outro lado da trincheira apresenta-se uma dido nas primeiras etapas, mas
feroz concorrência, que parece ter na Honda e Yamaha os principais oponentes que precisamente tudo pode fi-
car comprometido nesses dias
iniciais onde todos os pilotos e máquinas
estão ainda com muitas ‘ganas’ e a corri-
da ainda ‘não foi ao seu sítio’.
E é precisamente tendo em conta essa
‘lei’ não escrita que os principais inter-
venientes em jogo não querem desde já
mostrar todo o jogo sob pena de queimar,
desnecessariamente, todos os cartuchos.
É por isso que vemos neste arranque de
competição construtores a superioriza-
rem-se num dia, ‘dando’ lugar na etapa
seguinte a que outra cor brilhe no seu lu-
gar. É um género de jogo de ‘toma lá e dá
cá’ que vai ficando cada vez mais sério e
com menos espaço para fazer ‘bluff’ com

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9

IGNACIO CASALE O MELHOR DOS QUADS

O piloto chileno que venceu o Dakar em 2014, tem sido a estrela dos primeiros dias de
prova da 40ª dição da grande maratona sul-americana. À hora do fecho desta edição
Casale somava já duas vitórias na prova e cumpria assim as expetativas, depois de um
ano inteiro de treino na areia e dunas.
Na primeira etapa, os pilotos dos quads abriram a pista mas nem isso travou Ignacio
Casale de vencer a etapa. Já no segundo dia, os quads saíram com as motos, atrás dos
carros, e o chileno continuou a não dar qualquer hipótese à concorrência, voltando a
vencer, numa das mais duras etapas realizadas no Peru.
“Estou muito satisfeito com estas vitórias que acabaram por resultar de uma luta
interessante com o Sergei Kariakin. Mas a verdade é que é preciso de rodar nestes
primeiros dias com algum cuidado, porque é uma prova longa e precisamos de gerir o
esforço do quad e o nosso e por isso espero que as próximas etapas continuem a ser
positivas para mim”, sublinhou o piloto chileno.
Serguei Kariakin, outros dos pilotos candidatos à vitória, ocupava a segunda posição
da geral à hora do fecho desta edição, a 1m43s de Casale, e na frente de Pablo Copetti.
O argentino é terceiro a 11m51 da liderança. Muito atrasado, depois de duas etapas
iniciais bastante complicadas com areia fina e branca e dunas altas, estava o polaco
Rafal Sonik, que ocupava a 7ª posição a 17m50 de Ignacio Casale.

o decorrer das etapas de uma história que de maturação no desenvolvimento de um em 2016 com o terceiro lugar de Pablo seu sítio e cada um sabe exatamente aqui-
se irá contar em 14 tiradas. projeto, que nesta sua ‘levada’, teve em Quintanilla, o mesmo piloto que nos úl- lo que tem a fazer com a sua ‘montada’.
Num primeiro olhar sobre aquilo que po- grande dose o contributo do ‘nosso’ Hélder timos dois anos ‘limpou’ com autoridade Importante é também estar atento à sem-
derá vir a ser a corrida vemos que a ‘fome’ Rodrigues. Não está presente o luso, mas o Mundial de Cross Country e Ralis, tor- pre interessante batalha pelo ‘título’ de
para desfeitar a KTM é mais do que muita está Adrien Van Beveren, que quer certa- nando-se no primeiro sul-americano a melhor estreante. Categoria essa onde
ao mesmo tempo que a competitividade mente fazer uma gracinha e quem sabe conseguir tal feito. o argentino Luciano Benavides (primo
entre os construtores presentes é tam- juntar-se a nomes como Cyril Despres, de Kevin da Honda), o norte-americano
bém nota dominante. Stéphane Peterhansel, Richard Sainct, que NA EXPECTATIVA Andrew Short ou os ‘enduristas’ Jonathan
Neste arranque de prova temos visto, cla- fizeram entoar ‘A Marselhesa’ no pódio fi- Barragán e Oriol Mena serão os principais
ro está, a KTM a defender o seu ‘quinhão’ nal de um evento concebido também ele No meio desta legal ‘luta de galos’ é impe- contendores.
com três figuras de proa: o campeão em por um gaulês, no caso, Thierry Sabine. No rativo não descartar os ‘tomba-gigantes’, Depois há ainda a exaltar as pilotos do
título, Sam Sunderland, Matthias Walkner campo azul é preciso também contar com que também procuram bater o pé aos fa- género feminino que, sem pudor, lan-
e ainda Toby Price, ainda que este por for- aquilo que poderá fazer o cada vez mais voritos e reclamar para si o protagonismo çam-se à aventura num desafio ao qual
ça da grave lesão contraída o ano passa- competitivo Xavier de Soultrait. no Dakar. Quem não se lembra do terceiro muitos olham como sendo para homens
do, precisamente no Dakar, esteja numa Numa luta entre Áustria e Japão temos lugar de Gerard Farrés Guell, o ano passa- de barba rija. Na categoria moto são qua-
posição de ‘underdog’, não obstante ter ainda um ‘árbitro’ que não é imparcial, pois do, ou do segundo lugar do sempre fiável tro as ‘meninas’ que desafiam os ‘meni-
conquistado a prova em 2016. é europeu e está ligado à KTM. Falamos Stefan Svitko, em 2016, e que colocou a nos’ numa lista que é encabeçada pela
Porém, a KTM terá de confrontar-se com da Husqvarna que sem ser muito fala- Eslováquia no mapa do Dakar. experiente Laia Sanz - nona classifica-
uma forte réplica da eterna rival Honda, da está à espreita de brilhar tal como fez Dentro deste lote de tomba-gigantes te- da em 2015 - e que conta ainda com Rosa
que parece mais preparada do que nun- mos de incluir as equipas oficiais da Hero Romero, que é nada mais nada menos do
ca para contrariar a casa de Mattighofen, que a mulher de ‘Nani’ Roma’, piloto que
apesar da ausência de Paulo Gonçalves. MotoSports, Sherco e ainda a venceu o Dakar em 2004 e agora compete
Em ano de Dakar amaldiçoado para as regresada Gas Gas (vestida nos autos, onde também já foi vencedor.
cores nacionais estará finalmente o ‘vi- de KTM), sendo que as duas É assim o Dakar uma competição que une,
zinho do lado’ Joan Barreda Bort com os primeiras já perderam ele- sem descriminação, homens e senhoras,
‘chakras alinhados’ para seguir as pisadas mentos nesta viagem, pela profissionais e amadores em nome da
de ‘Nani’ Roma e Marc Coma, os únicos América do Sul, que liga Lima paixão pelas duas rodas e também pelo
pilotos espanhóis que até ao momento a Córdoba. No entanto, arris- testar dos limites da capacidade huma-
venceram o Dakar na categoria moto. camos nós, as surpresas a na em situações extremas, onde a sim-
Neste jogo temos ainda a Yamaha, que surgirem serão mais lá para ples chegada ao final de uma etapa já é
parece ter atingido uma interessante fase a frente da corrida, na tal fase, uma vitória.
como já foi dito no início des-
te texto, em que tudo já foi ao

/
DAKAR 2018

10

JOAQUIM RODRIGUES E PAULO GONÇALVES
MALDIÇÃO
Já diz a conhecida Lei
de Murphy que se uma coisa
pode correr mal vai correr mal

de certeza. E bem que este
ditame pode ser aplicado à
participação lusa no Dakar de
2018. Depois das ausências

de última hora de Paulo
Gonçalves e Mário Patrão eis
que o céu caiu sobre Joaquim

Rodrigues, piloto que o ano
passado impressionou na

estreia na maior prova de todo
o terreno do mundo

Alexandre Melo me impediram de competir no Dakar com de treinos para o evento organizado pela de uma nova moto, Joaquim Rodrigues
[email protected] todas as garantias necessárias para parti- Amaury Sport Organisation. queria dar continuidade ao bom trabalho
cipar num evento com esta envergadura. feito em 2017.
Desde sensivelmente o meio da Agora vou tentar recuperar rapidamen- ‘J-ROD’ ASSUSTOU No entanto, tudo terminou de forma
última década do século XX que te para assim regressar brevemente à O ano passado, na sua primeira participa- abrupta na primeira etapa do Dakar,
Portugal tem vindo a conquistar, competição”, referiu Paulo Gonçalves em ção no Dakar, Joaquim Rodrigues brilhou que teve apenas 31 quilómetros crone-
com muita garra à mistura, um comunicado oficial da Honda. ao ser 12º e ter terminado o evento como o metrados.
lugar importante no evento criado por Este foi o culminar de uma preparação segundo melhor estreante. Apenas uma Num setor seletivo marcado por um con-
Thierry Sabine. Para tal contribuiram mo- para o Dakar que não começou da melhor inexplicável penalização, já após o final siderável número de dunas, o piloto de
mentos marcantes na história do motoci- forma. Durante o Rali de Marrocos, no últi- da corrida, atirou o piloto da indiana Hero Barcelos, numa dessas travessias, sofreu
clismo português e que são encabeçados mo mês de outubro, o piloto de Esposende MotorSports para fora dos 10 primeiros. uma violenta queda após um longo voo
pelos segundos lugares nas duas rodas de lesionou-se na mão direita, devido a uma Em 2018, com mais um ano de experiência que felizmente, apesar do grande susto,
Ruben Faria e Paulo Gonçalves, em 2013 queda, infortúnio que atrasou o programa neste tipo de provas, e aos comandos não lhe trouxe consequências graves.
e 2015, respetivamente. Prontamente assistido e transportado via
Por isso todos nós partíamos para este helicóptero para uma unidade hospitalar,
Dakar novamente com aquele desejo, em Ica, Joaquim Rodrigues foi subme-
já não nada secreto, de que este ano é tido aos habituais exames médicos de
que poderia ser o momento de gritar na despistagem de lesões, que segundo a
América do Sul, qual Grito do Iparanga, sua assesoria detetaram uma fissura na
vitória. No entanto a história de uma vida vértebra L5, que está localizada na região
é também feita de momentos menos bons lombar. À data do fecho desta edição a
e que mais tarde são igualmente recorda- mesma fonte disse ao AutoSport que o
dos como algo que fez parte de todo um piloto luso foi transportado da unidade
processo. E é precisamente como um hospitalar regional, em Ica, para uma outra
momento menos positivo desta história já em Lima, capital do Peru, que tem à
que iremos recordar a presença de Portu- sua disposição outros meios. Aí serão
gual, na categoria moto, no Dakar de 2018. realizados novos exames médicos para
determinar se Joaquim Rodrigues está
‘SPEEDY’ TRAVADO em condições de regressar a Portugal nos
próximos dias. Pela frente estará sempre
Mais uma vez apontado como um dos um período de total repouso. A ambos fica
grandes favoritos à vitória, Paulo Gon- o desejo de uma rápida recuperação.
çalves surgia neste Dakar como um dos
‘chefes de fila’ da Honda Racing Corpora-
tion. Porém, desta feita tudo não passou
da teoria. Isto porque o piloto luso não
recuperou das lesões contraídas no om-
bro direito e joelho esquerdo devido uma
queda, antes do Natal, enquanto treinava
na zona de São Bartolomeu de Messines.
A decisão de não participar surgiu após
o ‘shakedown’, já em Lima (Peru), cidade
onde arrancou o Dakar. Aí Gonçalves, aos
comandos da sua Honda CRF450 Rally,
sentiu dificuldades na transposição das
dunas pelo que a solução foi mesmo não
estar à partida do Dakar de 2018, onde
foi substituído pelo chileno José Ignacio
Cornejo.
“Devido a um pequeno incidente, durante
uma sessão de treinos, contraí lesões que

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MÁRIOPATRÃO
FICOUDEFORA

Francisco Mendes “O sentimento é de tristeza e frustração. Tinha tudo
[email protected] pronto para partir no dia 1 de janeiro. Considero
que fizemos um bom trabalho de preparação, mas
A 40ª edição do Dakar tem sido marcada pelo infelizmente não participo este ano no Dakar. Tenho
azar para os pilotos portugueses e antes mes- de levantar a cabeça e continuar a lutar com todas
mo da prova arrancar, Mário Patrão também as minhas forças. Agradeço a todos que mesmo
foi obrigado a ficar de fora da prova. neste momento tão difícil estão comigo”, disse
Uma forte dor abdominal que sentiu na manhã do Mário Patrão. Curiosamente o ano passado foi Pa-
dia 31 de dezembro de 2017 conduziu o piloto luso, trão que, dias antes do início do Dakar, substituiu o
ao final da tarde desse mesmo dia, às urgências lesionado Iván Ramirez na estrutura oficial da KTM.
do Hospital Nossa Senhora da Assunção, em Seia. Isto numa fase em que, imagine-se, Ivan Ramirez
Mário Patrão foi transferido de imediato para o havia tomado o lugar do também lesionado Antoine
Hospital de Viseu onde lhe foi diagnosticada uma Méo. Coisas da vida.
perfuração no intestino, tendo sido submetido de
urgência a uma intervenção cirúrgica, na qual lhe
foi extraído o apêndice.
Um azar inesperado e que travou o piloto de Seia
que, pelo segundo ano consecutivo, iria participar
no Dakar inserido na estrutura da KTM – seria um
dos sete pilotos oficiais – aos comandos da nova
450 Rally. Desta forma Mário Patrão falhou pela
primeira vez o Dakar desde 2013.
O momento mais alto desta aventura, onde paula-
tinamente tem vindo a ganhar espaço, surgiu em
2016 quando Mário conquistou a classe Maratona
e foi 13º na classificação geral. Em 2017 o pluricam-
peão nacional de todo o terreno quedou-se pelo 20º
posto, num Dakar onde a preparação para a prova
foi seriamente comprometida. Isto porque fraturou
uma perna, devido a uma queda, durante o Rali TT
Reguengos de Monsaraz, prova pontuável para o
Campeonato Nacional de Todo o Terreno.

FAUSTO MOTA UM PORTUGUÊS
COM AS CORES DE ESPANHA

Após a queda de Joaquim Rodrigues sul-americana e na classificação
na primeira etapa que obrigou o aparece com piloto espanhol.
piloto português da Hero a abandonar Fausto Mota, que há muito optou por
cedo de mais o Dakar 2018, Fausto viver e treinar na vizinha Espanha,
Mota é agora o único português em tem como meta chegar ao final desta
prova. edição do Dakar dentro do top 30.
Contudo, o piloto de Marco de Ca- “No primeiro dia não corremos riscos
navezes, que está na sua terceira par- e acabámos no 56º lugar na geral.
ticipação no Dakar, não alinha com as Já no segundo dia foi uma etapa
cores nacionais na grande maratona complicada e acabei por perder
algum tempo”.
À hora do fecho desta edição, Fausto FOTO: JOSÉ MÁRIO DIAS
Mota ocupava a 62ª posição da geral
a 1h16m09s do líder. Mas o piloto
de Marco de Canavezes sabe que
esta é uma prova muito longa e que
até ao final é preciso gerir a corrida
de forma a conseguir alcançar o
objetivo de terminar no top 30.

F1/12
FÓRMULA 1

Jorge Girão SERÁ DESTA?FERRARIvsFOMCAPÍTULOXV
[email protected]
A Ferrari voltou a sublinhar a possibilidade de abandonar a F1, algo que não é uma novidade,
BastouaFIAeaFOManunciarem, tendo recorrido inúmeras vezes a este estratagema no passado. Mas será que desta vez a
no dia 31 de outubro, a sua visão ameaça da Scuderia deverá ser levada a sério, ou é apenas mais um 'mero' bluff?
paraoregulamentodosmotores
do próximo ciclo regulamen- carros iguais, poderá haver um divórcio. tou, acrescentando: “O que mais me abor- então, todos sabem que, quando amea-
tar para um aviso a partir de Se decidirem tornarem-nos todos iguais, rece é um homem experiente como o Ross çamos alguma coisa, fá-lo-emos”, lem-
Maranello ser emanado – com vamos embora em três segundos, mas Brawn estar à procura de caminhos que brou enfaticamente o italo-canadiano.
estes princípios a Ferrari não continuará não é isso que queremos”, afirmou o ita- vão contra o ADN da Fórmula 1”.
na Fórmula 1. lo-canadiano perante a imprensa durante Para quem vê na sua ameaça apenas uma O PORQUÊ DA AMEAÇA
As duas entidades que gerem a Fórmula o jantar de Natal da Ferrari. jogada, um bluff, já usado por diversas ve- AFIAe,sobretudo,aFOM pretendemuma
1 pretendem, com o novo regulamento de Marchionne reitera que o interesse da zes no passado, Marchionne lançou um unidade de potência simplificada relati-
motores, que entrará em vigor em 2021, Scuderia é manter-se na Fórmula 1, mas sério aviso, no fundo, destinado a Ross vamente à existente atualmente, muito
incrementar o seu som, reduzir custos e sublinha que poderá procurar novas op- Brawn e Chase Carey, sublinhando que embora retendo a arquitetura do motor
criar um pelotão mais equilibrado, con- ções. a sua Ferrari, não é a Ferrari de Luca di térmico – V6 1600 cc com um turbo – e
seguindo assim agradar aos adeptos e “As condições para pensar num campeo- Montezemolo, que deixou Maranello em a sua componente híbrida.
manter uma grelha de partida mais com- nato alternativo para 2021 podem existir, outubro de 2014. No entanto, o MGU-H – o elemento híbrido
petitiva. mas, repito, não é o nosso objetivo”, apon- “A situação mudou desde 2015. Desde que trabalha em uníssono com o turbo-
Contudo, segundo os homens da céle-
bre equipa transalpina, a FIA e FOM, para
chegar a estes desideratos, estão a pro-
mover uma descida do nível tecnológico
do mundo dos Grandes Prémios, algo que
não agrada a Sérgio Marchionne, o pre-
sidente da Ferrari, que pretende projetar
nos carros de estrada que vende, para lá da
paixão, a imagem de tecnologia de ponta.
“Se continuarem no caminho de tornar
a Fórmula 1 na NASCAR, com todos os

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13

compressor – deixará de fazer parte do nos seus carros, momento em que to-
pacote, uma vez ser considerado dema- dos na sala ouviram o motor de Fórmula
siado complexo e oneroso para os cons- Indy a gritar de plenos pulmões, como
trutores de motores. Enzo Ferrari lhes fez questão de apontar.
O turbo, segundo as medidas publicadas Percebendo que a ameaça da Ferrari era
no final de outubro, terá as suas dimen- real, os representantes da entidade fe-
sões e peso fixados pelo regulamento, derativa rapidamente assentiram abrir
assim como alguns parâmetros inter- o regulamento aos V12, o que na verdade
nos do motor. deixou a porta aberta para os V10, colo-
As baterias e os controlos electrónicos cando como condição única que a equi-
passam a ser standardizados. pa italiana não rumasse à Fórmula Indy,
São estes os aspetos que, basicamente, nem paralelamente, sequer.
desagradam à Ferrari, no que é acom- Mais recentemente, e depois de nova
panhada pela Mercedes e pela Renault, ameaça em 2002 – então porque
uma vez que na sua opinião, estas me- Montezemolo considerou que a FIA pre-
didas implicam uma descida tecnoló- tendia implementar um regulamento para
gica na Fórmula 1, que aponta, segundo terminar com o domínio da Scuderia - a
Marchionne, para um caminho de acor- Ferrari mostrou novamente a 'sua com-
do com a NASCAR, o que se afasta da fi- pleição física', quando em 2009 Max
losofia desejada para a imagem da marca. Mosley desejava colocar na Fórmula 1
A reação da Scuderia, porém, foi surpreen- um teto orçamental de cerca de 150 mi-
dente, dado que os homens da Maranello, lhões de euros.
tal como todos os outros representantes A equipa de Maranello, juntamente com
de construtores de motores presentes na algumas das restantes equipas que for-
Fórmula 1 – assim como Porsche, Audi, mavam a FOTA (Formula One Teams’
Aston Martin, Cosworth, Ilmor… – conhe- Association), chegou a avançar a cria-
ciam as intenções da FIA e da FOM através ção de um novo campeonato que seria
das inúmeras reuniões que foram suce- um rival da categoria máxima do des-
dendo ao longo do último ano, podendo, porto automóvel.
quem não estivesse de acordo, mostrar o Contudo, Ecclestone, consciente dos de-
seu desagrado imediatamente. sejos da Ferrari, e sempre pródigo em di-
A manifestação da Ferrari, que foi replica- vidir para reinar, ofereceu uma posição
da pela Mercedes, poderá ter outro motivo vantajosa a Montezemolo no novo Acordo
por detrás e que passa pelas negociações de Concórdia, que os italianos aceitaram,
do Acordo da Concórdia, que serão leva- garantindo a manutenção da Scuderia e
das a cabo ao longo dos próximos meses. a implosão da FOTA.
Atualmente existe um desequilíbrio pro-
fundo na forma como o dinheiro dos direi- ALGUÉM GANHA?
tos comerciais é distribuído pelas equipas,
recebendo a Ferrari quase 200 milhões No passado nenhuma das ameaçadas da
de euros oriundos dos cofres da FOM, ao
passo que a Haas não recebe mais de 20, Ferrari foi concretizada, desconhecen-
em parte por ser uma equipa recente, e
a Sauber menos de 50. do-se na prática os danos que poderia
Carey e os seus homens pretendem uma
distribuição mais equitativa de modo a provocar à Fórmula 1, mas seguramente
que, com um teto orçamental – que se-
gundo os rumores será de 150 milhões de que o mundo dos Grandes Prémios so-
euros, sem ter em conta salários dos pilo-
tos, figuras-chave e ações de marketing freria um terramoto.
– todas as equipas possam manter-se
de forma competitiva na Fórmula 1 ape- A categoria máxima do desporto automó-
nas com as receitas oferecidas pela FOM.
Ora, isto implica que a Ferrari, assim como vel é em si mesma uma marca fortíssima
a Mercedes e até a Renault, passem a ver
menos dinheiro oriundo do detentor dos no mundo inteiro, e um dos desportos mais
direitos comerciais a entrar nos cofres,
situação que, como seria de esperar, não Ecclestone à parede. Fórmula Indy – na verdade foram as 500 proeminentesdoplaneta,produzindoes-
agrada a nenhuma delas, levando a que a
Scuderia lançasse um aviso, assim que a O episódio mais famoso será sem dúvi- Milhas de Indianápolis que acenderam a trelas que, em alguns casos, extravasam
base do regulamento de motores foi tor-
nada pública, mostrando à FOM que não da o de 1986, quando era discutido o re- paixãodonaturaldeModenapelascorri- as fronteiras do automobilismo.
deixará que mexa no seu bolso.
gulamento técnico de 1989, que antevia das–ameaçandoabandonaraFórmula1 Noentanto,aFórmula1temduas'jóiasda
VÍCIOS DO PASSADO
o regresso dos motores atmosféricos, para seguir para os Estados Unidos. coroa' – o Grande Prémio do Mónaco e a
Como é do domínio comum, esta não é a
primeira vez que a Ferrari ameaça aban- depois da 'era turbo', iniciada em 1977 O carroeo motorparaa Indy forammes- Ferrari – e por algum motivo ambas au-
donar a Fórmula 1, sendo uma estratégia
recorrente de Enzo Ferrari, que sabendo pela Renault e que se estendeu até 1988. moconstruídos(vercaixa),sendoapon- feremdealgumasregaliasquemaisnin-
do valor da sua equipa para a categoria,
encostou inúmeras vezes a FIA e Bernie A FIA e Ecclestone, saudosistas dos tadoqueaFerrariseestrearianacategoria guémtem–aprovamonegascanãopaga

Cosworth DFV, pretendiam um regresso no final de 1986. para ter direito ao seu Grande Prémio e a

aopassadocomaintroduçãodeV8atmos- Noentanto,segundorezahistória,quando Scuderia recebe principescamente para

féricos de 3500 cc, algo que desagradava representantesdaFIAforamaMaranello aparecer com os seus carros nas grelhas

ao 'Patriarca de Maranello', que sempre para convencer 'O Velho' a manter-se na de partida, para além de ter direito a veto

teve uma paixão pelos V12, a arquitetu- Fórmula1,esteapontouqueapenascon- naedificaçãodoregulamentotécnico,ex-

rapreferidaparaosseuscarrosdeestra- tinuaria, caso pudesse ter motores V12 cepto em questões de segurança.

da. Determinado em

mudar o regulamen- "SE CONTINUAREM NO CAMINHO DE TORNAR A FÓRMULA 1 NA NASCAR,
to de modo a que os COM TODOS OS CARROS IGUAIS, VAMOS EMBORA EM TRÊS SEGUNDOS.
V12 fossem permi- DESDE 2015 QUE QUANDO AMEAÇAMOS ALGUMA COISA, FÁ-LO-EMOS."
tidos, Ferrari orde-
nou que fosse inicia-
do um projeto para a

f1/
FÓRMULA 1

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Perder a Ferrari seria um rude golpe para
a Fórmula 1 e para a Liberty Media, que
pagou uma avultada quantia pelos di-
reitos comerciais da categoria, uma vez
que perderia a sua equipa mais agluti-
nadora de paixões – basta olhar para as
bancadas dos circuitos por esse mundo
fora para perceber que o vermelho domi-
na largamente – e a Fórmula 1 é, na sua
essência, isso mesmo – paixão.
A popularidade do campeonato mais im-
portante da FIA sofreria profundamente
a todos os níveis sem os 'carros escar-
lates', o que se traduziria negativamen-
te nas questões mais mundanas, como
patrocinadores da competição, países
interessados em ter a sua corrida e, claro,
agora que está na bolsa, o valor das suas
ações cairia significativamente.
Parece evidente: a Fórmula 1 sofreria bas-
tante com a saída da Ferrari, mas esta
também não sairia incólume.
A divisão de carros de estrada da marca
de Maranello nasceu para que Enzo Ferrari
pudesse financiar o departamento de cor-
ridas, a sua verdadeira paixão, mas hoje

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O CARRO DA FÓRMULA INDY

A Ferrari venceu em todos os grandes seu serviço Bobby Rahal, apontavam para uma parceria entre as
palcos mundiais, excepto num – duas entidades, pelo menos, numa primeira fase.
Indianápolis. Segundo alguns relatos, o monolugar de Fórmula Indy da
Paradoxalmente, foi a prova norte- Scuderia efectuou apenas uma volta ao circuito de Fiorano
americana que despertou o para verificar se todos os sistemas estavam a funcionar
interesse do jovem Enzo Ferrari pelo corretamente, tendo o projeto parado quando Enzo Ferrari
automobilismo, quando em 1912 leu alcançou os seus desideratos políticos, e John Barnard entrou na
num jornal que Ralph de Palma, um equipa para reerguer o projeto de Fórmula 1, considerando que o
italiano emigrado nos 'States', vencera Progetto 637 era uma distração para a estrutura de Maranello.
a corrida da oval desse ano. Posteriormente, este monolugar foi usado pela Alfa Romeo como
Em 1985 a equipa de Maranello estava ponto de partida do seu projeto de Fórmula Indy, mantendo-se
uma vez mais desagradada com a na competição entre 1989 e 1991, mas sem grandes resultados.
direção regulamentar que a Fórmula 1 Depois da sua passagem pela Alfa Corse, em 1992, o Ferrari 637
estava a trilhar. foi recuperado e colocado no museu da Ferrari, muito embora
Do outro lado do Atlântico, a tenha já passado por algumas exibições e outros museus, um
Fórmula Indy, com as 500 Milhas de deles o de Indianápolis.
Indianápolis como 'jóia da coroa',
ganhava popularidade não só nos
Estados Unidos da América, o mais importante mercado da
Ferrari, mas também na Europa.
O 'Ingegnere' juntou o útil ao agradável, dando ordens para que
fosse criado um carro de Fórmula Indy, o Progetto 637, deixando
claro a Jean-Marie Balestre, o então presidente da FISA (ndr.: na
altura o braço desportivo da FIA), e a Bernie Ecclestone que a
possibilidade de abandonar os Grandes Prémios era real.
Gustav Brunner, um projetista conceituado no paddock da
Fórmula 1, foi incumbido de conceber o chassis, ao passo que
Marchetti seria responsável pela concepção do motor, um
V8 biturbo, com escapes no meio do V, tal como os primeiros
motores turbo de Grande Prémio da Ferrari, com 2648 litros de
cilindrada, conhecido como 034.
No verão de 1986 o Ferrari 637 estava pronto para testes de
pista e avançados contactos entre o construtor de Maranello
e a TrueSports, equipa de ponta da Fórmula Indy que tinha ao

esta situação não é tão evidente, sendo que, a concretizar-se, só poderia ser por estava a usar o seu peso na competição podendo fazer toda a diferença no que diz
a presença da Scuderia no mundo dos uma enorme teimosia de ambas as partes. para alcançar os seus objetivos, desta feita respeito à ameaça de Marchionne.
Grandes Prémios a única forma de pro- É perfeitamente natural que se assista a ameaça da Ferrari poderá ser bastante No volátil mundo dos mercados, parece
moção do mítico construtor transalpino. a um braço de ferro entre elas, tentando mais substantiva. Atualmente, tal como a seguro que as ações da Fórmula 1 desce-
A Fórmula 1 empresta à Ferrari uma ima- cada uma delas levar a sua avante, mas se Fórmula 1, também a marca de Maranello riam, a concretizar-se o voltar de costas
gem de glamour, de alta tecnologia e de no passado, mesmo quando Enzo Ferrari é hoje uma companhia presente na bolsa, da Ferrari, mas, desde que devidamente
sucesso, única entre todas as marcas de construiu um monolugar de Fórmula Indy, o que acontece pela primeira vez durante planificada a sua saída – e estão ainda três
automóveis e construída ao longo de mais a ideia generalizada era que a Scuderia uma negociação do Acordo da Concórdia, anos de corridas pela frente até à concre-
de sessenta anos de presença assídua nos tização do hipotético abandono –poderia
Grandes Prémios. até induzir um aumento do valor cotado
Abandonar o mundo fascinante das cor- em bolsa da marca transalpina, uma vez
ridas de carros mais seguidas do planeta que, a curto prazo, o dinheiro canaliza-
deixaria a marca de Maranello sem um do para o programa desportivo poderia
verdadeiro palco para promover a sua ser direcionado para os acionistas – algo
imagem, sendo obrigada a gastar avul- sempre muito bem visto pelos mercados.
tadas somas de dinheiro em métodos Estamos perante, portanto, um impor-
publicitários tradicionais, uma vez que tante jogo de poker que poderá ser de-
nenhuma outra competição tem a força terminante para o futuro da Fórmula 1,
e a consistência da Fórmula 1. tendo Marchionne já deixado o seu aviso:
“Não estamos a fazer bluff e eu não ten-
PODERÁ A FERRARI taria experimentar a teoria”. Bluff ou não,
uma coisa é certa, o 'braço de ferro' está
CUMPRIR A AMEAÇA? em cima da mesa, e esperemos que no
final seja o bom senso a reinar, para que
Aparentemente, no eventual cenário de a quem ganhe seja sempre o desporto. Nos
Ferrari virar decididamente as costas aos próximos meses veremos quem domina
Grandes Prémios, tanto a Scuderia como os princípios do poker…
a Fórmula 1 sairiam a perder, parecendo

f1/
FÓRMULA 1

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ITALIAN
CONNECTION

Já há algum tempo que Sérgio Marchionne mostrava interesse
em levar a Alfa Romeo para a Fórmula 1, algo que concretizará

na temporada deste ano. Mas as coisas podem não se ficar
por aqui, com a Maserati a poder seguir a marca de Arese num

futuro próximo, situação admitida pelo presidente da Ferrari

OconstrutordaBiscionetemsido investimento bastante menor para uma opção num futuro próximo, passando a poderá surgir com a sua própria unidade
alvo de uma profunda restrutu- exposição mediática forte. ser uma operação totalmente nas mãos de potência, uma vez que só assim poderá
ração, tendo nos últimos anos A formação helvética, face às dificuldades da marca italiana, até por que a Longbow garantir que o seu carácter, uma das suas
lançado o Giulia, uma berlina financeiras que tem vindo a atravessar, Finance entrou no capital da equipa para grandes mais-valias mesmo ao longo
que se assumiu como uma das acabou por ser uma oportunidade, mas o assegurar o futuro de Ericsson e, dada a dos anos mais difíceis da sua existência.
referências do seu segmento, e presidente do Construtor de Maranello e sua filosofia, não estará na categoria má-
o Stelvio, um SUV que se coloca ao nível CEO da FCA aponta que a escolha da equi- xima do desporto automóvel a longo prazo. O LADO OBSCURO
do Porsche Macan, o que levou a que o pa fundada por Peter Sauber deveu-se aos Por outro lado, e dependendo do ambiente É evidente que existem motivos de 'bran-
italo-canadiano desejasse ver o logóti- seus laços com a Scuderia, mostrando- que se viver após 2020 no que diz respeito ding' e de exposição mediática para levar
po da Alfa Romeo na categoria máxima -se expectante com a evolução da cola- ao regulamento de motores, a Alfa Romeo a Alfa Romeo para a Fórmula 1 – numa
do desporto automóvel. boração. ”A Alfa regressa com a Sauber,
Desde 2015 que a marca transalpina era uma equipa que reconhece o empenho
uma referência mais ou menos visível da Ferrari no fornecimento de unidades
nos flancos, primeiro, e no capot-motor, de potência e que mantém uma relação
depois,dosmonolugaresde Fórmula1da com o ´Cavallino’. Será importante verifi-
Ferrari, mas Marchionne pretendia mais car como a equipa se desenvolverá e qual
e, em 2018, o construtor de Arese será o será o seu potencial”, afirmou Marchionne.
patrocinador-título da Sauber, passando Em 2018 o envolvimento da marca de
a formação de Hinwil a ser, na prática, a Arese centrar-se-á numa pareceria co-
equipa-B da Scuderia. mercial, mas o italo-canadiano sugere
A parceria entre a Alfa Romeo e a Sauber que num futuro próximo o envolvimento
incluiumacooperaçãoestratégica,comer- do construtor italiano será mais profun-
cial e tecnológica, permitindo, segundo do. “A Sauber é a base de um empenho
ambas as partes, a troca de know-how verdadeiro e próprio da Alfa na Fórmula
técnico e de engenharia, desconhecen- 1, tanto ao nível mecânico como técnico.
do-se, para já, de que forma este fluxo É evidente que no primeiro ano era im-
de conhecimentos poderá fluir entre os possível concretizá-lo. É normal, por-
dois lados, uma vez que as unidades de tanto, foi necessário recorrer à Ferrari”,
potência dos carros suíços serão forneci- revelou Marchionne.
das pela Ferrari, que mantém o 'Cavallino' A profundidade do envolvimento da Alfa
nas tampas das válvulas. Romeo na Sauber e na Fórmula 1 estará
A face mais visível do acordo entre a seguramente dependente de todas as
Sauber e a Alfa Romeo acaba por ser o negociações que estão agora em cima da
proeminente logótipo do construtor de mesa tendo em vista o futuro da categoria.
Arese colocado no capo-motor dos carros Como diz Marchionne, foi necessário re-
helvéticos, ao passo que os pilotos terão correr a Maranello para reintroduzir a
influências da Ferrari – Charles Leclerc, marca de Arese no mundo dos Grandes
o titular, e António Giovinazzi, de testes Prémios, mas o uso continuado da solução
– e da Longbow Finance, o fundo que que se verificará este ano não dará grande
tomou o controlo da equipa de Hinwil – credibilidade ao construtor do Biscione, o
Marcus Ericsson. que obrigará a um novo passo.
A Sauber não fica situada longe de Itália, de
ATÉ ONDE PODE IR A ALFA ROMEO Maranello a Hinwil distam 500 quilóme-
tros, e, muito embora a Suíça, com as suas
A dada altura, Marchionne chegou mesmo leis de trabalho, não seja o local perfeito
a equacionar a compra da Sauber, tendo para uma equipa de Fórmula 1, que exige
mesmo visitado Hinwil, na companhia de muita flexibilidade da parte dos seus fun-
Maurizio Arrivabene, mas a opção esco- cionários, a compra da formação helvética
lhida acabou por ser a de assumir o papel por parte da Alfa Romeo poderá ser uma
de patrocinador-título, uma vez exigir um

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fase de lançamento de novos modelos da Ferrari em todas as questões premen- rará a eletrificação da FCA – a partir de realidade. A possibilidade do regresso da
que pretendem renovar a marca, a ca- tes que serão alvo de atenção nos próxi- 2020 todos os seus novos modelos terão Maserati existe, mas primeiro temos que
tegoria máxima do desporto automóvel mos dois anos. algum grau de eletrificação – sendo de- perceber como corre com a Alfa”, afirmou
oferece ao construtor de Arese o palco pois seguida pela Alfa Romeo. o homem que também é o presidente da
para cultivar a sua imagem desportiva, A POSSIBILIDADE MASERATI Neste contexto, a Fórmula E poderia ser Ferrari, continuando: ”Expor paralela-
passar uma postura excitante e chegar a uma opção, mas Marchionne não acre- mente duas marcas do grupo sem per-
uma audiência global – mas a decisão de Pouco depois de ter sido anunciada a pre- dita que, presentemente, a competição cebermos as primeiras consequências,
Marchionne não se baseia apenas nes- sença da marca de Arese na Fórmula 1, de monolugares da FIA seja a plataforma penso que não é algo muito lógico de fa-
tes aspetos. surgiram rumores que apontavam para ideal para promover uma marca. ”É pre- zer. Não é o momento, veremos como
Num período em que muito do futuro do a possibilidade de a Maserati, também ciso compreender que, neste momento, corre com a Alfa”.
mundo dos Grandes Prémios está em constante no portfólio da FCA, seguir a a Fórmula E tem um interesse bastante Contudo, quando questionada pelo
cima da mesa para discussão – desde sua parceira rumo ao mundo dos Grandes limitado. Continuo a crer que a expressão Autosport, a Haas não negou a possi-
regulamentos de motores à distribuição Prémios, após um interregno de qua- máxima dos motores é o híbrido que te- bilidade de num futuro mais ou menos
de dinheiro dos direitos comerciais – o se 50 anos. mos hoje na Fórmula 1”, afirmou o italo- próximo poder alcançar um acordo com
presidente da Ferrari e o CEO da FCA ga- Os rumores davam conta da possibilida- -canadiano, acrescentando: ”Não preci- a marca de Modena, admitindo existir
rantiu um aliado na sua cruzada e anu- de de a marca do tridente realizar com a samos da Fórmula E para demonstrar a contatos.
lou um adversário, ainda que de pou- Haas o mesmo que a Alfa Romeo fez com nossa capacidade de combinar o propul- ”A equipa tem discussões exploratórias
co peso, uma vez que a Sauber estava a Sauber, assumindo-se como patroci- sor térmico com o elétrico. Já o fazemos com uma mão cheia de marcas tendo em
do lado das equipas que consideravam nador-título da formação norte-ameri- na Fórmula 1. A Fórmula E, para já, é um vista parcerias futuras. No entanto, todas
existir uma distribuição desequilibrada cana, que usa motores Ferrari, o que na jogo à parte, até pela forma como é dis- as conversações estão num estágio inicial
dos prémios monetários – o que levou prática significaria uma transferência de putada: esta situação de trocar de carro e sem nada a reportar neste momento”,
até que fosse apresentada uma queixa dinheiro do construtor de Modena para a durante a corrida é um pouco estranha”. afirmou um porta-voz da formação nor-
na Comunidade Europeia. sua vizinha de Maranello. Caso Marchionne decida realmente levar te-americana.
Sabendo que a Haas poderá não estar do Tal como no caso da casa do Biscione, faz a Maserati para o desporto automóvel, Na verdade, ter a formação de Charlotte
seu lado nas negociações que se avizi- sentido para a Maserati ingressar na será seguramente para a incontornável incondicionalmente ao seu lado nos pró-
nham - a equipa norte-americana já deu Fórmula 1 por questões de imagem Fórmula 1, mas o homem forte da FCA ximos anos seria mais um trunfo de peso
algumas mostras dessa possibilidade - quando pretende, ainda que numa considera que é ainda prematuro tomar para Marchionne e para a Ferrari no fura-
Marchionne avançou e daqui para a frente pequena escala, democratizar a sua essa decisão. cão político que se avizinha, mas poderá
seguramente que veremos a Sauber – ou gama, tendo nos últimos anos lança- ”Existe um plano. Há uma possibilida- faltar tempo para um impacto nas nego-
a Alfa Romeo Sauber F1 – a votar ao lado do duas berlinas e um SUV. de, mas está na minha cabeça e não na ciações dos próximos meses.
Por outro lado, a marca de Modena lide-

E/18
ENTREVISTA

ARMINDO ARAÚJO A ENTREVISTA DO REGRESSO

OSOBJETIVOS ESTÃO

TRAÇADOS DESDE

O INÍCIO, VENHO

PARA GANHAR!

Na passada semana, Armindo Araújo e a Hyundai Portugal 'abanaram' o mundo
dos ralis em Portugal com a confirmação de um projeto oficial que inclui
também o Campeão Nacional de Ralis em título, Carlos Vieira. Depois de
cinco anos, está de regresso o piloto que foi considerado pelos leitores
do AutoSport o melhor dos 40 anos de história da nossa publicação...

José Luís Abreu rumores subiam de tom – havia muito ço a todos eles. Da acho que durante esse almoço ficou cla-
[email protected] gente que já 'mordia' os lábios para não minha parte, isto é ra a vontade de podermos trabalhar jun-
abrir a boca – tudo veio a lume. um sinal que o tra- tos, as coisas foram acontecendo, alguns
Já não falta muito para fazer dois A Hyundai Portugal anunciou um apoio balho que tenho fei- dos objetivos que eram necessários para
anos quando o AutoSport contri- oficial a Armindo Araújo e Carlos Vieira, to na minha carreira é podermos começar a trabalhar foram ul-
buiu para que Armindo Araújo co- para competirem no Campeonato de reconhecido e as pes- trapassados relativamente rápido e che-
locasse termo a um longo silêncio, Portugal de Ralis 2018 ao volante do soas acreditaram naquilo gámos facilmente a um entendimento.
onde abriu o livro sobre tudo o que Hyundai i20 R5 e desta forma se confir- que foi feito e está a ser feito, E cada um de nós começou a trabalhar
se tinha passado em 2012. Já nessa mou o ansiado regresso do duas vezes sendo portanto, para mim, um para podermos montar este projeto. E já
altura sentimos que a sua postura não era Campeão Mundial de Ralis Produção, te- grande orgulho. em dezembro, fechámos o nosso acordo
um adeus, mas sim um até já. Precisava tracampeão nacional de Ralis e ex-piloto Como nasceu este projeto da Hyundai e vamos participar no Campeonato de
de tempo para curar as feridas, mas tam- do WRC. Há ainda muita coisa por se sa- Portugal, esta hipótese? Portugal de Ralis 2018 com um Hyundai
bém percebemos que o 'bichinho' da pai- ber, masArmindoAraújodesvendouum Como sabem, estava afastado das com- i20 R5, a defender as cores da Hyundai.
xão pelos ralis continuava bem forte. Mas pouco a ponta do véu... petições há alguns anos, embora sempre Depois de tudo o que se passou em 2012,
também sabíamos que a regressar, só Ainda há pouco tempo foste considerado tenha estado atento ao que se ia passan- quando começaste a voltar a ter vonta-
com um projeto que fizesse sentido e lhe o melhor piloto de ralis da história dos 40 do, no mercado e nas corridas. Eu sou- de de voltar?
permitisse lutar pelos lugares da frente. anos do AutoSport. As pessoas estão mui- be que a Hyundai estava a equacionar
No Rali de Portugal do ano passado, quem to longe de esquecer o Armindo Araújo. O envolver-se nos ralis, e depois tive um
lhe viu o sorriso ao revisitar palcos bem que sentes relativamente a isso? almoço com o Dr. Sérgio Ribeiro, que é
conhecidos, e sentir novamente o ca- É uma honra muito grande para mim re- o CEO da Hyundai Portugal, em que nós
lor dos adeptos, percebeu que algo po- ceber este reconhecimento. É um boca- discutimos um pouco qual seria a envol-
deria acontecer, e quem o viu pilotar no dinho lato demais ser-me atribuído este vência da Hyundai nos ralis, quais seriam
RallySpirit ficou com a certeza que não 'título' quando corremos em épocas dife- os objetivos da Hyundai. Também ele me
perdeu o mínimo de faculdades. rentes. Muitas considerações ou análises perguntou como estava a minha posição
Nessa altura já Armindo Araújo sabia que poderiam ser feitas no que a este resultado quanto à competição, e a partir daí nós
tudo estava bem encaminhado com a diz respeito, contudo, quero dar, antes de começámos a estudar a possibilidade
Hyundai, embora ainda não estivesse mais, os parabéns a todos os pilotos vota- de montarmos algo em conjunto. O nos-
confirmado, e numa altura em que os dos e reconhecidos nessa lista. Um abra- so entendimento foi bastante rápido, eu

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19

Tal como disse quando dei a entrevista queeuachavaimportantesparasemontar laste muito com pilotos que guiaram R5. nha readaptação seja rápida, que eu entre
ao vosso jornal, eu apenas achava que o um projeto desportivo. Depois de alguma O que pensas dessa categoria que nasceu no ritmo rapidamente para poder o mais
mercado não estava com condições, nes- análise, decidi dar o passo de montar um depois de teres saído? depressa possível estar a lutar pelas po-
tes anos. Nem eu estava muito disposto, projeto, falei com os meus parceiros, reu- É uma categoria ótima para os ralis, es- sições que desejo.
primeira parte, nem o mercado, nem as nimos as condições necessárias e aí está, pecialmente para os campeonatos nacio- Para quem não está tão por dentro dos
marcas estavam muito dispostas a in- vamos avançar para o projeto. nais, com carros que permitem já um bom ralis, queres explicar a diferença que faz
vestir no desporto automóvel da forma O que já viste e sabes do Hyundai, o que espetáculo, carros já verdadeiramente de cinco anos fora dos ralis e o que tens que
que eu achava. Para se fazer um projeto, achas do carro? corridas, e provou-se que se podem fa- fazer para chegares ao ritmo que queres?
uma marca devia estar envolvida. Por Eu não tenho experiência dos R5, nunca zer ralis com carros a sério, e com algum É evidente que eu vou ter que me pre-
coincidência ou não, a Hyundai foi a mar- guiei nenhum carro da categoria R5, mas controlo nos custos. Obviamente que esse parar bem, mesmo antes de começar a
ca que me convenceu, com a sua postura o que tenho lido e falado com engenhei- controlo nos custos é relativo, continuam afinar o carro, vou ter que fazer quiló-
de ir para os ralis, com a sua vontade, com ros e com pessoas envolvidas no meio, o a ser projetos muito caros, de qualquer metros para ganhar ritmo de condução,
a sua ambição, e isso fez-me novamen- Hyundai teve alguns problemas ao início, das formas, penso que é uma fórmula de vou ter que novamente sentir o carro de
te reativar a chama, que ficou viva, isto que têm sido resolvidos, durante esta fase sucesso para os campeonatos nacionais corridas, vou ter que sentir novamente
é, vontades claras de vir para obter bons inicial da sua existência, e agora crê-se como é o caso do português. algumas sensações que só ao volante de
resultados, tentar dentro do possível ob- que o Hyundai esteja um pouco mais fiá- Viste ao vivo vários Ralis de Portugal, os um carro de corridas é possível ter, e que
ter umas condições razoáveis, para que o vel e competitivo. Nós sabemos que este pilotosdomundialdevemter-tedadouma readquirir o ritmo depois de ter estado
projeto seja bom e portanto eu comecei a projeto não está ganho por natureza, vai ideia do que os R5 são capazes... parado tantos anos.
sentir algum interesse, interesse esse que requerer muito trabalho da nossa parte, Tenho uma boa ideia do que são os R5, É evidente que não é uma situação fácil,
obviamente, na parte desportiva, foi au- muito desenvolvimento, vamos ter que são carros que já são construídos para não é uma situação rápida, mas nós sa-
mentado este ano com a minha presen- nos preparar muito bem para atingirmos corridas, têm um enorme potencial. Claro bemos isso desde o início, e assumimos
ça no Rali de Portugal como carro zero, os nossos objetivos, e eu vou tentar ter as que não estamos a falar de um WRC, mas esse risco, vamos tentar que essa readap-
e no RallySpirit Altronix, já a participar. pessoas certas a trabalhar comigo para na sua proporção é um carro que nas- tação seja a mais rápida possível, a partir
Comecei a olhar de forma um bocadinho me ajudarem não só a fazer as melhores ce para fazer corridas, que nasce para a daí, quando houver um ritmo, afinar o car-
mais séria para algumas possibilidades e afinações possíveis, como a trabalhar e competição e, portanto, eu já tenho bas- ro para o meu estilo de pilotagem e para
quando surgiu a Hyundai com a sua von- a fazer tudo o que for possível para que tante experiência dos anos que passei as especiais que Portugal tem, e chegar
tade para concretizar esta entrada nos as coisas corram bem. no Mundial, a guiar WRC e outro tipo de a Fafe com um ritmo razoável. Não será
ralis, acho que se juntaram as condições De certeza que ao longo deste tempo fa- carros. Portanto vamos tentar que a mi- certamente o ritmo ideal, o nosso ritmo
padrão de 2018, de qualquer das formas
é importante chegarmos a Fafe, termi-
narmos o rali e acumularmos o maior
ritmo possível, e o mais à frente possível.
Não sei se estaremos na luta pela vitória,
possivelmente não estaremos, em Fafe, de
qualquer das formas será muito bom acu-
mular esses quilómetros, e ganhar essa
experiência nesse rali completo, porque
isso irá ajudar-me muito nas provas se-
guintes. Ter esses quilómetros de compe-
tição amealhados será muito importante.
Quando é que tu pensas que em condições
normais podes estar no ritmo que queres?
Estou convencido que ao fim do segun-
do rali, em termos de ritmo e em termos
de conhecimento do carro já poderei es-
tar muito mais confortável com o ritmo
de competição. Penso que será mais ou
menos por aí. Eu ainda não andei nenhu-
ma vez no carro, ainda estamos à espe-
ra que chegue. De qualquer das formas,
eu, como meta pessoal, tenho esses dois
ralis que é para tentar fazer quilómetros,
e obviamente tentar não descolar mui-
to dos pilotos da frente, para não perder
muitos pontos nas duas primeiras provas.
A partir da segunda prova, penso que já
terei algum conhecimento importante
sobre o carro e que o meu ritmo já estará
a aparecer para poder dar mais luta aos
meus adversários...
Quais são as tuas expectativas para a
época?
Quando eu decido regressar ao cabo des-
tes anos, e quando o faço com uma equi-
pa oficial, é para ganhar, eu venho para o
campeonato de 2018 com a Hyundai clara-

e/
ENTREVISTA

20

ARMINDO ARAÚJO

mente para tentar ser Campeão Nacional, algumas ideiasdefinidasde quempode- campeonato português. Com esta situa- Este projeto oficial da Hyundai é em que
não sabemos se vai acontecer ou não, te- rá ser o navegador para esta época, mas ção toda, o campeonato português apre- moldes?
mos muito respeito pelos nossos adver- neste momento ainda não está preto no senta-se com quatro Hyundai, o meu, o do É sabido que a Hyundai Portugal não tem
sários porque sabemos que são fortes e branco, pelo que ainda tenho algum tem- Carlos Vieira e dois do Manuel Castro, não uma estrutura de competição, como ti-
também se vão preparar muito bem, mas po para tomar a melhor decisão possível. sabemos se permanentemente a correr, nha a Peugeot Portugal ou a Citroën ou
cada um de nós que se vai sentar nos car- Já tens nomes para a tua estrutura? Quem mas o CPR vai ter quatro Hyundai, conhe- Mitsubishi, em que as marcas tinham um
ros, e que vai lutar pelos seus objetivos, vai estar contigo? cidos até agora, e portanto a Hyundai irá departamento de competição interno, os
tem que os traçar, e os meus estão tra- Em termos de base, o Nuno Castro irá acompanhar este campeonato, e con- seus mecânicos, e, basicamente, tudo era
çados desde o início, eu venho para ga- estar a trabalhar comigo como traba- tamos com algum apoio da parte deles feito dentro de casa. Era a própria mar-
nhar, irei fazer tudo para ganhar, agora, lhou no Campeonato do Mundo, sempre. no aspeto de nos facilitarem a vida nas ca que tinha a sua estrutura no terreno.
se ganhamos ou não, só Deus saberá... PortantooNunoserá omeubraço direito afinações, e mesmo ter algumas afina- Neste momento não existe nenhum de-
Já se pode saber com que equipa vais em competição e fora dela, e basicamente ções da casa mãe. partamento de competição em Portugal e
correr? será a pessoa que me acompanhará no De resto é normal um engenheiro acom- as marcas recorrem ao outsourcing para
Relativamente à equipa, estamos ainda terreno, e que terá ligações com os OCS panhar sempre as provas, pois é basica- porem os departamentos de competição
em discussão, não será a mesma equi- e também com a equipa que for esco- mente a única pessoa que as equipas pre- a rolar. Assim sendo, existem depois es-
pa do Carlos Vieira, foi necessário termos lhida. Será uma pessoa chave no seio da cisam para poder trabalhar no software sas parcerias com pilotos. A Hyundai dá
equipas autónomas e neste momento es- equipa onde estiver. De resto para já é a dos carros, tirando o resto, as equipas têm o seu apoio, obviamente, depois é con-
tamos a 'acertar', para ver qual será a me- única pessoa certa... todo o staff que já consegue trabalhar bem tratada uma equipa externa que coloca
lhor equipa que estará comigo esta época. Vais ter apoio de algum engenheiro da no carro. Uma equipa contratada por uma os carros a correr debaixo do chapéu da
Já tens navegador? Pode saber-se o Hyundai MotorSport? marca tem palmarés e um status acima marca oficial.
nome? Sim, a Hyundai vai fazer um acompa- da média, para serem contratadas e para Este é para já um projeto para quanto
Muitas pessoas pensaram que poderia ser nhamento especial ao campeonato por- terem a confiança dessa marca, são equi- tempo?
o Miguel Ramalho, mas como sabem ele tuguês, hácarrosde diversas marcas, há pas que têm um know how muito gran- Este projeto está idealizado a dois anos,
está com o Miguel Barbosa, numa relação envolvimento direto de algumas marcas de, assim sendo já estão preparadas com pelo que eu percebi da parte da marca,
de anos, e eu não quis, nem quero, estar no campeonato e por consequência dis- técnicos para trabalhar nesses carros ao mas no meu caso, da minha parte, tenho
a desafiar o Miguel nesta altura. Já tenho so, a Hyundai também tem interesse no mais alto nível. um contrato anual, depois iremos decidir

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21

em conjunto a continuação, ou não, para como a Hyundai apostem neste despor- Tens consciência que este teu projeto minha chegada eu ganho com um cam-
um segundo ano. to e continuem a apostar neste desporto, inspira outros pilotos que podiam estar peonato forte, eu ganho com quantos
Quando chega o carro? para sentirem e reconhecerem que o in- na 'corda bamba', porque têm consciên- mais e melhores pilotos o campeonato
Já temos o carro encomendado há algum vestimento feito neste desporto valeu a cia que tu trazes muito mediatismo ao tiver, melhor será o meu regresso, e as-
tempo, durante o mês de janeiro devemos pena e nós profissionais temos que ajudar campeonato e as pessoas podem que- sim sendo eu gosto que o meu regres-
recebê-lo para começar a testar. Depois, as marcas a rentabilizar ao máximo esse rer também vir? so incentive bons pilotos a virem mas
temos prevista uma operação de dois dias investimento para cativar novas a faze- Eu acho que isto tem que ser um 'win to eu compreendo perfeitamente que para
de testes, e depois irei fazer um shakedo- rem também esse investimento. win', isto é, o campeonato ganha com a arranjar as condições mínimas para vi-
wn privado antes do Rallye Serras de Fafe. rem não é fácil, eu sei isso muito bem, de
Deverá ser esta a 'escala' de trabalhos. qualquer das formas é sempre de louvar
Oque pensas da realidade atualdos ralis quem faz esse esforço de voltar a um ní-
em Portugal? vel bom porque quando não se têm condi-
Acho que de uma forma geral os ralis são ções para fazer resultados mínimos mais
cíclicos, na sua quantidade e qualidade de vale não ir a jogo.
equipas. Eu acho que neste momento es- De qualquer das formas, pode ser que
tamos a atravessar uma fase boa, exis- outros pilotos pensem no seu regresso e
te uma grande moral, alta, para termos trabalhem para conseguir esse regresso.
bons carros e bons pilotos. Assim, con- E já agora, como vês o WRC atualmente, as
tas por alto que se vão fazendo, existe a novas regras parecem ter sido acertadas...
possibilidade de haver 10 R5 ou mais a Acho que foi um agitar das águas que
apresentarem-se na primeira prova do correu muito bem, os carros são mais
campeonato. Eu acho que já houve anos espetaculares, são mais bonitos, mais
que o nosso campeonato esteve muito largos, mais agressivos, têm mais apên-
pobre e eu acho que esta fase é uma fase dices aerodinâmicos, mais performance,
boa,quetemosde aproveitare acarinhar agradam à vista.
e temos que fazer tudo para que marcas Com a mudança nas regras o plantel ree-
quilibrou-se, passámos a ter lutas duran-
te todo o rali, pelas vitórias nos ralis, tive-
mos luta pelo campeonato, entre várias
marcas, tivemos marcas dominantes no
passado a terem péssimos resultados, ti-
vemos marcas sem resultados no passado
com excelentes resultados, e quem ganha
com isto tudo é o público, a animação à
volta da modalidade, e tudo isto faz com
que a chama à volta dos ralis tenha fica-
do maior do que esteve nos últimos anos.
Tens alguma explicação para a paixão
que o público português tem pelos ralis?
Eu acho que é cultural. Eu já andei por
todos os ralis do Campeonato do Mundo,
há países com muita cultura de ralis, e
outros com pouca.
Num país como a Austrália ou a Nova
Zelândia, há zonas onde os ralis decor-
rem que as pessoas não gostam que nós
lá vamos, querem que o rali esteja longe,
temos outras zonas como a Finlândia em
que as pessoas acarinham muito o rali,
o país pára para ver o rali. Portugal faz
parte desta classe em que toda a gente,
mais novos, menos novos, se lembram
quando eram pequenos, a acompanhar
os ralis, antes era com os pais agora é com
os amigos, e há muita gente que já leva
os filhos, passa de geração em geração,
esta paixão. Temos, culturalmente, isto
muito enraizado. Penso que a seguir ao
futebol, os ralis são um desporto de elite
em Portugal.
E por vezes não são tão acarinhados como
deviam ser, mas outras vezes conse-
guem mover milhões de pessoas, como
é o caso do Rali de Portugal, e consegue-
-se perceber que os ralis atingem pessoas
doutros quadrantes da nossa sociedade.
Vamos aproveitar isso enquanto essa
chama existe, para capitalizar isso a fa-
vor dos ralis...

E/22
ENTREVISTA
FILIPE ALBUQUERQUE

>> autosport.pt 23

SERDOS continuou a ser a palavra de ordem, tendo vou mentir que começo a sentir uma von-
MELHORES passado depois para o DTM, campeona- tade grande de quebrar o enguiço. Mas isso
DOMUNDO to muito específico, onde não conseguiu não muda nada e creio que isso me torna
dar nas vistas como queria. Mas o talen- até um piloto mais completo e mais cien-
NO ENDURANCE to era inegável e a Audi testou-o nos pro- te do grande desafio que é o campeonato.
É ALGO QUE tótipos e ficou convencida. Desde então Sempre disse desde início à equipa e aos
que se tem especializado no endurance e meus colegas que para vencermos, tería-
CREIOESTARA as suas prestações foram mais que con- mos de evitar ao máximo os problemas.
CONSEGUIR… vincentes. É agora piloto no IMSA, prova- Infelizmente tivemos um em Monza, mas
Filipe Albuquerque velmente o campeonato de endurance apesar disso os meus colegas fizeram um
é atualmente um dos ortugal há muitos anos mais interessante do momento, olhado trabalho espetacular, mais ainda porque
melhores pilotos de endurance que se focou de forma por todos com respeito pela sua postura tínhamos um carro muito difícil de guiar
do mundo, e depois de mais quase cega na 'bola no e qualidade, tendo competido também no e mesmo assim não cometeram nenhum
uma época super atarefada, pé' e com isso esque- ELMS onde não foi campeão por pouco. erro, embora tenhamos perdido pontos
o ano de 2018 promete mais ceu outras modalida- Que balanço fazes de 2017, em que con- valiosos. Não cometemos grandes erros
e melhor. Para já, tudo começa des onde sempre tive- seguiste o título no campeonato norte durante a época e penso que fizemos um
com a IMSA e as 24 Horas mos grandes talentos. americano de resistência e um vice-cam- excelente trabalho, até porque não tínha-
Odesportomotorizado peonato no ELMS? mos o carro mais competitivo e mesmo
Pde Daytona, mas há muito é um caso de estudo Faço um balanço mesmo muito positivo de assim ficamos em 2º, muito perto de al-
mais para falar… 2017. Isto vem depois de um ano em que cançar a vitória final, o que no final pode
pela paixão que ainda a Audi decidiu retirar-se completamente considerar-se um resultado muito bom.
da resistência, o que foi um choque para A falta de sorte terá sido mesmo o fator
Fábio Mendes desperta, embora de toda a gente, principalmente para mim que mais pesou no final, sendo que o tra-
forma cada vez mais que já era piloto deles há muitos anos e balho realizado pela equipa deixou todos
[email protected] discreta, e pela qualidade dos pilotos na- assim tive de ir a procura de novos de- satisfeitos, dadas as limitações da máqui-
safios, porque a minha ambição passava na. Tivemos um bocadinho de azar em
cionais e internacionais. O exemplo per- por manter-me na resistência. Fui fazer o Paul Ricard, onde fomos abalroados logo
campeonato dos EUA de resistência e fiz no arranque, quando éramos 2º; nessa
feito disso serão as 24h de Daytona, onde o ELMS, ambos em carros muito compe- mesma corrida houve um problema no
titivos, e tudo correu muito bem. Liderei rádio, no final, da direção de prova para
estará presente a nata do desporto auto- várias provas, venci algumas, acabei por o meu engenheiro, e ele não conseguiu
vencer um campeonato e estar na disputa avisar-me que íamos entrar numa Full
móvel, com cinco dos melhores pilotos até a última prova noutro. Melhor mesmo Corse Yellow, em que somos obrigados
só se vencesse ambas as competições, a reduzir o andamento em cinco segun-
lusos em pista, em excelentes estruturas mas estou francamente feliz pelas minhas dos, o que levou a uma penalização que
prestações e pelos resultados obtidos. nos atirou para o 5º posto (éramos 3º).
e com aspirações legítimas a resultados Nos EUA correu tudo muito bem, com o Perdemos também pontos valiosos nessa
João Barbosa, o Christian Fittipaldi e a corrida. Em Portimão não podemos dizer
de relevo. Um dos nomes presentes será Action Express. Eles ganharam no ano que tenha sido azar, mas sim um erro do
passado o campeonato (eu não ganhei Hugo de Sadeleer, depois de ter feito mais
Filipe Albuquerque, um piloto com pro- pois não estive em Watkins Glen) e este um excelente trabalho. Se calhar exigi-
ano voltámos a vencer, portanto estou mos demasiado dele, pois fez três turnos
vas dadas e considerado por muitos, um supercontente com o que fiz nos EUA. É seguidos, o que em Portimão é muito exi-
importante salientar as grandes provas gente. Ao entrar nas boxes não sei se teve
dos melhores do mundo no endurance. que tivemos. um problema no ‘Pit limiter’ e excedeu o
És um dos pilotos mais bem-sucedidos do limite de velocidade imposto, o que levou
Filipe Albuquerque tem uma carreira no- ELMS, ficaste sempre no pódio do cam- a uma penalização de 60s, que nos tirou
peonato, mas a sorte não te tem acom- provavelmente a vitória mais fácil que
tável a todos os níveis, tendo no seu cur- panhado… poderíamos ter tido, porque ainda assim
Quando entro no carro o passado não tem acabamos em 2º, a 30 segundos do pri-
rículo títulos nos monolugares (Fórmula qualquer valor, mas na preparação, não meiro, o que mostra bem que teríamos

Renault 2.0) que o atiraram para a ribalta.

Esteve no programa de jovens pilotos da

Red Bull e foi piloto de testes da Red Bull

e da Toro Rosso, mas o tamanho do seu

país, demasiado pequeno para o seu ta-

lento, impediu-o de dar o salto mais que

merecido para a F1. Soube adaptar-se

e mudou-se para os GT onde o sucesso

E/
ENTREVISTA

24

vencido sem grandes dificuldades. Mas do Ligier é muito boa, até porque consome muito superior ao meu naquele ponto, Não tenho uma relação pessoal com ele,
mesmo assim acho que fomos mesmo menos pneus, mas ainda assim, falta algo tanto que duas ou três voltas antes ten- mas damo-nos bem e respeitamo-nos
a melhor equipa, porque com um carro ao carro… talvez 0.3s ou 0.4s para ser ver- tei travar mais tarde e o carro fugia-me em pista, tanto que ele fez questão de
ligeiramente inferior fizemos um exce- dadeiramente competitivo. A prioridade de traseira, derivado de um problema na me ligar e explicar o sucedido, mostran-
lente percurso; na estreia da equipa com deveria ser a aerodinâmica, principalmen- repartição de travagem que foi alterada do que nunca teve intenção de me colo-
um LMP2 tivemos uma prestação muito te em Le Mans, onde perdíamos muito nas com a chuva. Como o carro era comple- car fora de prova e que não queria que as
regular, enquanto os nossos adversários retas e aí não há talento que valha, tanto tamente novo não tínhamos esse coman- coisas tivessem acontecido assim, mas
cometeram mais erros, embora com um que depois fomos obrigados a correr com do no volante, o que complicou a vida aos que tinha de tentar algo porque Daytona
carro mais competitivo. o kit de Sprint. Agora vamos ver como vai pilotos. Mas creio que a maior culpa foi é sempre especial. Claro que respeito a
Tiveste a oportunidade de competir no ser com o Joker que cada construtor vai do Ricky Taylor, embora ele tenha feito sua posição, mas não concordo com a
WEC, na equipa Vaillante para substi- ter para se aproximar do Oreca. aquilo que eu faria, que era tentar algo,
tuir Nico Prost… Creio que já deveriam ter sido encontradas mesmo arriscando a penalização. Ele não
Fiquei bastante contente com a minha algumas soluções para estes problemas foi penalizado, mas há que notar que ele
participação. O Bruno Senna, com quem pois, no fundo, são ainda os mesmos. Em toca na roda traseira e portanto se ele
fiquei a dar-me muito bem depois de 2016, Le Mans fomos lentos em 2016, e este ano estivesse mesmo por dentro com mais
fez força para que me chamassem para a situação não melhorou (pelo contrário). de metade do carro ao meu lado, o toque
substituir o Nico Prost e as coisas corre- Mas ao invés de apontar o dedo a quem seria na lateral e eu seria empurrado para
ram bem, embora tenhamos tido um to- não esteve tão bem (o que pode ser injus- fora da curva e não faria pião, que me fez
que num treino livre, que nos impediu de to), há que realçar quem fez um excelen- perder quatro segundos (o que até nem
andar o suficiente, o que implicou irmos te trabalho e aí, creio que a Oreca, com as foi muito) e ainda consegui recuperar até
um pouco 'às escuras' para a corrida e, ferramentas que tem, fez um excelente ao final. Mas creio que ele foi demasiado
honestamente, ficámos sem hipóteses trabalho. Estão envolvidos no projeto do otimista e neste caso o regulamento do
contra o carro da DC Racing. Acho que Toyota, onde usam muitos recursos, tam-
conquistámos um sólido 2º lugar, e a ní- bém tiveram os Rebellion nos LMP1, que IMSA pode ser repensado. Dar-lhe uma
vel pessoal fiquei satisfeito com a minha implicou muito investimento e, portanto, penalização não seria o mais correto, até
prestação e com mais uma participação com tanta experiência é normal que sai- porque acabava com a corrida, mas sou da
iria andar ainda melhor, pois o Oreca aca- bam os pontos fundamentais para fazer opinião que ele teria de devolver a posição
ba por ser muito diferente do Ligier. Fiz um bom carro e isso é uma vantagem e a partir daí continuar a correr, manten-
o que me foi pedido, levando o carro até inacreditável. Seria igual se a Ligier pu- do tudo em aberto. Infelizmente isso não
onde ele poderia ir, sem erros e a equipa desse trabalhar num túnel de vento, com aconteceu, ele manteve a posição e ainda
ficou contente com a minha prestação. engenheiros da Porsche ou da Audi, o que assim consegui aproximar-me (creio que
Uma das provas da tua qualidade é a os colocaria por certo ao nível dos Oreca. ele não estava seguro do que deveria fazer,
quantidade de vezes que és chamado para Há também muito respeito da Dallara, mas deixou-se estar e venceu).
pilotar em diversos campeonatos o que te pois estão envolvidos na F1, na Indy Car
permite ter uma visão privilegiada sobre e mesmo assim não conseguiram chegar
os vários chassis em competição. Qual é ao nível dos Oreca.
o ‘pacote’ mais completo do momento? Um dos incidentes mais marcantes da
Durante este ano o Oreca foi o melhor pa- época de 2017 foi o toque de Ricky Taylor
cote competitivo. No WEC infelizmente só a 10 minutos do fim, que roubou a vitó-
existem Oreca e por isso a comparação é ria na mítica prova. Recordas-nos esses
mais complicada de fazer, mas reparei no momentos…
ELMS que nunca fomos os mais rápidos e Tive pessoas que me disseram que a culpa
tivemos sempre de trabalhar muito mais foi minha e, embora tenha sempre ten-
para estar mais próximos deles. Nunca dência a argumentar de forma diferente,
começámos mais rápidos e tínhamos faço questão de ver os factos de forma o
muita dificuldade para chegar aos mes- mais imparcial possível. Acho que naquela
mos tempos, mas com um bom trabalho situação, posso admitir 20% das culpas,
de equipa vai-se muito longe e creio que pois parece a quem está de fora que ‘abro
isso foi conseguido com sucesso, como o a porta’, o que na realidade não corres-
provam os resultados. No caso do Dallara ponde à verdade, pois já estou bem mais
(que uso no IMSA) é mais complicado de fechado em relação à trajetória normal.
comparar, pois os pneus são diferentes, Ele estava com um poder de travagem
assim como os motores e embora os re-
gulamentos sejam semelhantes, há di-
ferenças que mudam o comportamento
dos carros. O motor do Cadillac não é tão
rotativo quanto o Gibson, as mudanças
são diferentes… há muitas diferenças que
não permitem uma comparação direta,
portanto, sou obrigado a excluir o Cadillac
da comparação, embora tenha sido clara-
mente o carro a bater nos EUA.
O Ligier tem apresentado um nível abai-
xo do desejável em comparação com os
Oreca, mas a causa desta diferença está
bem identificada…
Têm de ter um pacote aerodinâmico muito
mais competitivo, especialmente o pacote
de Le Mans. O Oreca está dois ou três furos
acima do Ligier e até do Dallara. Em cor-
ridas mais curtas, a aderência mecânica

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25

em melhorar cada vez mais o campeona-

to. Mas ainda assim creio que os pilotos

deviam ser mais ouvidos nestes casos.

Que diferenças entre a máquina do ano

passado para este ano?

Tudo muito diferente. O chassis é muito

diferente do que tínhamos no ano passa-

do, que era um tubular, o motor também

era muito diferente, assim como os pneus,

pois estes carros geram muito mais apoio

aerodinâmico. Em Daytona, por exemplo,

a curva 4 neste momento é a fundo e nos

outros carros fazíamos uma vez a fundo

nos cronometrados na loucura. São dois

mundos completamente diferentes.

Tendo em conta a fase de redefinição do

WEC, achas que os exemplos do outro lado

do atlântico devem ser tidos em conta?

Não quero parecer já demasiado ameri-

canizado, mas creio que a visão nos EUA

é a mais correta, ou seja, fazer corridas

para os espetadores. Acho que 6 horas

é demasiado longo, embora obviamente

estejamos a falar de um campeonato de

endurance. Torna-se entediante para um

espetador passar 6 horas em frente à TV

a ver uma corrida. Uma prova de 24h é di-

ferente pela sua envolvência e torna-se

num fim de semana diferente para os fãs,

mas pedir regularmente às pessoas para

estarem 6h a ver uma corrida acho que é

demasiado. O regulamento também de-

veria ser revisto de forma a não estar tão

vocacionado para os construtores. Isso

depois leva a situações a que os cons-

trutores se vão embora sem olhar aos

acordos feitos anteriormente. Pagam as

multas e vão para onde acham que é mais

rentável, deixando as pessoas envolvidas

nas equipas numa situação complicada.

Se por um lado os construtores são im-

portantes num campeonato, os privados

também o são, para não ficarem reféns

dos construtores. O WEC neste caso está

decisão do diretor de prova. Este ano em ções mais complicadas, que possam le- se não tiver pelo menos metade do carro numa situação delicada pois mesmo que
Daytona os pilotos terão sempre mais
tendência a tentar manobras mais ar- varaestetipodedecisões.Tiveoapoioda ao lado do adversário, então aí está a ser eles queiram adotar o regulamento do
riscadas. Se este ano estiver na situação
de estar em segundo perto do final, vou equipa, que foi muito importante e ape- demasiadootimistaeépenalizado.Ofac- IMSA, acho que eles não podem, pois, o
claramente tentar fazer uma ultrapassa-
gem, mesmo que seja otimista, e depois nas procuro ser honesto comigo mesmo to de se abrir a porta não significa que o regulamentodoWECjáestavafeitoenão
vamos ver se vou ser penalizado ou não.
Se for penalizado será mais um resulta- e aprender com o que aconteceu. adversáriopossameterocarroeesperar podemmudartudodeummomentopara
do controverso. Mas a minha pretensão
é vencer com distância por isso espero Os americanos dão primazia ao espe- queooutroodeixepassar.Sócriticoesse o outro. Há projetos a serem finalizados e
que nada disso aconteça.
Achas que foi uma decisão política? táculo… pontoesóquerosaberdequeformadevo seria injusto mudar agora para atrair os
Não quero dizer que tenha sido uma deci-
são 100% politica, mas claramente que foi Achoque,emboraelesgostemmuitodas encarar este tipo de situação. DPi. O WEC está a tentar fazer tudo bem,
bom para o campeonato e para a corrida
ter um Jeff Gordon a vencer Daytona, ele bandeiras amarelas, às vezes onde elas Provavelmente o João Barbosa ajuda- mas o timing não é fácil. Acredito que a
que é um grande ídolo nos EUA, além do
carro ter vários americanos, ao contrário não existem, eles têm algo muito impor- -te a entender melhor estas diferenças? curto prazo gostariam de convidar os
do nosso carro, em que não há um ame-
ricano. Fiquei com a sensação que houve tante que é o foco no que os fãs gostam e O João é uma ajuda muito importante, e a DPi ou até novos construtores, mas para
ali uma tendência, mas penso que seria
o mesmo se fosse um piloto europeu re- queremeaíaEuropatemmuitoaaprender sua experiência e a forma como ele está isso precisam de encontrar um cons-
conhecido a tentar vencer numa compe-
tição no seu país. Não dou importância a com eles. Acho que falta apenas alguma no campeonato ajuda-me imenso, mas trutor que não venha ditar as regras que
isso, nem acho que o deva fazer. Apenas
procuro defender-me de estar em posi- clarezaemsituaçõesdelutasdiretas.Em ao mesmo tempo ele também sofre do quer e depois vá embora sem dar aviso.

Petit Le Mans fui penalizado por ter sido mesmo,assimcomooutrospilotos.Opo- No EUA fizeram algo muito interessante

demasiadoagressivoeocarrodaTequilla derestánodiretordeprovaenãohámais quefoifazerumconjuntoderegulamentos

PatrontambémfoiportertocadonumGT discussão.Euvimdeumcampeonatodo e apresentá-lo aos construtores. Houve

o que nesse caso me pareceu exagerado. mundo onde as situações são debatidas interesse por parte de alguns que parti-

No meu caso admito que fui agressivo parasetentarmelhorarsempreeaísinto ciparamemostraramopotencial.Nãofoi

demais e paguei por isso, mas creio que algumadiferença,emboranotequetodos precisomoldarem-seaexigênciasdefora.

algumaspenalizaçõesnãoforambemge- os envolvidos estão muito empenhados O que farias quanto ao futuro do WEC?

ridas e, portanto, há

uma necessidade de "GOSTAVA DE VENCER LE MANS, E ANTES DISSO SUBIR AO PÓDIO.
maior clareza, algo
queexistenaeuropa. TENHO VARIADO BASTANTE O TIPO DE CARROS PARA NÃO FICAR
Se um piloto faz um DEMASIADO PRESO A UMA CATEGORIA. GOSTAVA DE FAZER O DAKAR."
adversário rodar ou

E/
ENTREVISTA

26

Eu acho que quando se tenta reinventar mais experientes o que me deixou muito O que pensas do que sucedeu com o Que piloto destacas na F1?
a roda criam-se problemas desneces- contente. Correu bemeaindapoderia ter Brendon Hartley? Também te sentes Hamilton esteve fortíssimo este ano e a
sários. A solução a meu ver passa pela corrido melhor. capaz? Ferrari deu um passo significativo. Mas
simplicidade. Corridas simples de seguir E em relação àquela volta fantástica… É estranho o Hartley regressar assim, quando o Hamilton quer, não da hipótese
para os fãs e carros com um regulamento É curioso que faço a volta mais rápida e fala-se que possa estar relacionado e é muito forte. Por outro lado, esperava
relativamente simples, aberto a soluções às oito da noite quando a pista não está com o regresso da Porsche, mas não se mais do Bottas, que é um excelente piloto
diversificadas ao nível de motores, o que de todo no seu melhor. O Lotterer faz a sabe que tipo de interesses e contratos e em embora tenha sido o primeiro ano
permitiria a entrada de tecnologias inte- volta mais rápida na ‘Happy Hour’ com estão por detrás dos contratos. Eu sei o na equipa, houve uma altura em que foi
ressantes, desde que feito com um equilí- a pista no ponto ideal. Eu não tenho dú- meu valor, estou muito contente com a completamente ofuscado pelo Hamilton.
brio. Acho que se devia apostar em carros vidas nenhumas que se não tivéssemos minha situação atualmente. Se me per- Quanto ao melhor piloto na atualidade?
mais simples com apenas dois kits aerodi- tido os problemas que tivemos, iria rodar guntarem se tenho capacidade para lá, Hamilton, Vettel e Alonso destacam-se
nâmicos, um para Le Mans e outro para o muito perto daquele tempo outra vez e foi respondo que sim sem qualquer dúvi- de forma especial em relação aos ou-
resto da época. Quando a Porsche entrou, realmente pena não ter a parte híbrida a da, mas a F1 não é só guiar. O Hartley é tros. O Bottas terá de evoluir mais e meter
chegou-se ao ponto de terem um paco- funcionar o que nos tornava cinco segun- excelente piloto e merece lá estar e não mais pressão no Hamilton e acredito que
te aerodinâmico evoluído a cada corrida dos mais lentos. Mas foi mais uma prova ponho isso em causa, mas não pondero isso aconteça. Os outros, não conseguem
e isso implica muitos custos com peças do meu valor. sequer olhar para a F1 de forma diferente brilhar tanto porque o carro não permite
novas que no fundo são apenas usadas Sendo um dos pilotos mais bem cotados e que não seja a de adepto. Claro que como mostrar mais. O Verstappen é também
numa corrida. Se houver apenas 2 paco- eleito pela Sportscar 365, um dos 10 me- piloto quero sempre estar em máquinas muito bom e é um rapaz cheio de talento,
tes aerodinâmicos, essa situação fica re- lhores do ano, é muito normal que venhas que me permitam andar cada vez mais mas que terá que aprender que não pode
solvida e as equipas podem ter mais que a ser convidado para outros projetos… rápido e quem não gostaria de andar na ser tão agressivo para vencer um cam-
um carro sem custos absurdos. Deve ser Nas corridas tudo muda muito depres- F1? Mas apenas uns 10 pilotos estão lá peonato. O Ricciardo também é muito
possível evoluir o carro ao nível de set up, sa, mas é preciso ter os pés bem assen- de forma consistente e os outros apenas bom, mas lá está, não têm as mesmas ar-
suspensões etc., mas não o carro todo, tes no chão como sempre me disseram o fazem um ou dois anos e depois saem. A mas que os outros para lutar por vitórias.
senão chega-se ao ponto em que, como Pedro e o Nuno Couceiro. É preciso estar resistência permite uma perspetiva de O que achaste da prestação de Fernando
aconteceu algumas vezes, o volante mu- concentrado no que está à nossa frente. carreira bem mais sólida e olha-se mais Alonso no teste da United Autosports?
dava uma semana antes da corrida. Nos Para 2018 tenho um programa excelen- para a qualidade do piloto por si só, não Achei-o muito rápido, embora não tives-
EUA o IMSA está a ter sucesso porque é te, se calhar dos melhores que se pode ter olhando a outros fatores extracorrida. se muito tempo para estar com ele pois
simples e é barato. neste momento. Estou num campeonato
Acho que a parte tecnológica é importante de ponta (IMSA) e acredito que é o cam-
e nós, na Europa, gostamos muito dessa peonato onde se deve estar. O ELMS é uma
parte. Le Mans sempre fez isso e defen- boa solução, e embora não seja um cam-
do que quem queira introduzir tecnolo- peonato de primeira linha, é muito com-
gias inovadoras deveria ser até um pou- petitivo e interessante, principalmente
co ajudado, desde que queiram entrar em no próximo ano devido às incertezas do
mais que uma prova. Mas é preciso um WEC. Estou muito contente com o pro-
equilíbrio e vermos a Toyota a vir dizer grama que tenho, e para o futuro logo se
que o carro que eles fizeram é demasia- verá o que irá acontecer. Neste momento
do complicado para durar 24h, depois de não dá para entender que mudanças se
já vários anos de desenvolvimento, é algo avizinham e é tudo incerto. Até ver vou
que merece reflexão. É preciso talvez dar esperar que as coisas se desenvolvam,
um passo atrás e ter uma tecnologia inte- mas devo dizer que estou muito conten-
ressante, mas que não seja tão complica- te na Action Express, que tem um projeto
da ao ponto de acontecer isto. É uma linha mesmo muito bom e para me fazer sair
ténue e tenho a certeza que o WEC está a dali vai ser preciso uma proposta verda-
tentar isso, mas requer que tenham uma deiramente aliciante.
postura mais distante ao ditar as regras E olhando também para a tua passagem
enãoestartãodependente dosconstru- e experiência no DTM.
tores. É obvio que as marcas são muito A tua passagem pelo campeonato ale-
importantes e ter várias marcas é bom mão não foi coroada de sucessos, mas
para o prestígio e interesse do campeo- sentiste-te melhorar como piloto, espe-
nato, mas já se sabe que ninguém gosta cialmentenasqualificações? Consideras
de perder e que todos vão tentar puxar ser um campeonato com características
para o seu lado, algo que acontece muito muito próprias?
na F1. Tentar fazer uma base assim pode O DTM é um campeonato muito suis
tornar-se ainda mais difícil e levar a er- Generis. Entrar num campeonato mui-
ros do passado. to nacional e muito alemão não é fácil e
Fala-nos do tempo na Audi… é preciso não subestimar essa parte, in-
Creio que foi uma participação muito boa. dependentemente de onde se venha, quer
Falode 'barrigacheia'ebastaverosrela- seja F1 ou outra modalidade qualquer. Há
tórios que eles têm, que confirmam que coisas por vezes difíceis de entender e por
andei bem. As provas estão dadas e as vezes aborreci-me por não ter ninguém
coisas correram de forma muito positiva que me comprovasse que realmente ti-
e deixei a minha marca nos engenheiros nha andando mal. Mas aprendi muito e
e mecânicos, que são parte fundamental tornei-me mais rápido e explosivo, es-
das equipas. Em Le Mans precisava de pecialmenteemqualificaçãoonde épre-
mais tempo e um pouco mais de sorte. ciso ser perfeito volta após volta. Não me
No primeiro ano não andei, no segundo lembro de ter explorado tanto a perfeição
andei bem, mas tivemos um problema no numa volta só. Não terá sido a experiên-
sistema híbrido que nos tirou da corrida cia mais agradável, sofri bastante mas
pela vitória. Consegui andar ao nível dos tornei-me melhor piloto.

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27

estava a testar no outro carro. Mas ele riência. Mas isso tudo depois do que estou
adaptou-se bem ao carro e à pista. Foi a fazer agora. Pretendo ser sempre o me-
logo rápido, mas vamos ver como é que lhor, e ser considerado um dos melhores
ele se dá em corrida, no meio do pelotão do mundo no endurance é algo que creio
e como ele se adapta ao trânsito. Ao nível estar a conseguir.
da postura achei que estava com vontade
de aprender, fez-me perguntas e mostrou Se Filipe Albuquerque pretende ser um
ter os pés bem assentes na terra, com a dos melhores do mundo no endurance
noção que tem de se adaptar a uma rea- pode sentir que o seu sonho já é uma rea-
lidade diferente lidade. A qualidade evidenciada ao longo
O que pensas da Formula E? destes anos é inquestionável. É uma das
Nos EUA ouve-se falar muito pouco da grandes referências a nível nacional com
competição e acho que é algo que neste mais de 240 corridas, de onde saiu vito-
momento é mais visível na Europa. Penso rioso por 28 vezes, ao que junta 90 pódios.
que a maioria dos pilotos está lá porque É dos pilotos que mais consistentemente
tem os construtores por trás e porque têm tem rodado nos lugares cimeiros, alian-
bons contratos, pelo menos é o que se diz. do ao talento uma postura, inteligência e
As corridas até são engraçadas, embora simpatia a toda a prova. É um orgulho ter
ainda não tenha ido ver nenhuma e, por talentos como o de Filipe Albuquerque a
exemplo, a travagem não tem nada a ver representar a nossa bandeira por esse
com outras máquinas, mas é uma com- mundo fora. A mesma bandeira que que-
petição muito diferente. Fazer apenas FE remos ver hasteada bem alto no dia 28 de
para um piloto não me parece ser tão ali- janeiro em Daytona. Há talento de sobra
ciante quanto isso e nota-se que os pilotos para isso. É torcer para que o enguiço se
que lá estão querem sempre pilotar outros quebre finalmente.
carros que deem outro tipo de sensações. Quanto ao futuro, Filipe Albuquerque não
Eu estou bem, estou-me a divertir num descarta a possibilidade de se mudar para
excelente carro e num excelente cam- os EUA mas para já pretende testar a exi-
peonato, com uma boa equipa e um bom gência do campeonato tendo ainda a sua
contrato. Estou numa situação muito boa baseemPortugal,atépeloscompromissos
e não vejo razão para me mudar para lá. que tem deste lado do atlântico. Pretende
E quanto a sonhos por concretizar? sempre que puder estar em pelo menos
Um passo de cada vez. O sonho agora é duas frentes e se aparecer uma proposta
vencer Daytona e Sebring, onde fiquei para fazer outro campeonato por terras
em segundo o ano passado. Gostava de do Tio Sam, então aí sim poderá ponde-
vencer Le Mans, e antes disso subir ao rar mudar-se. Em relação aos GT, ao con-
pódio. Tenho variado bastante o tipo de trário de 2017, o piloto coimbrense não irá
carros para não ficar demasiado preso competir nesse tipo de máquinas, pois a
a uma categoria e gosto de ter a mente sua agenda não o permite e porque pre-
aberta a novos desafios. Gostava de fazer fere focar-se a 100% nos protótipos, ad-
o Dakar, apenas para experimentar, pois mitindo ainda assim que ainda se diverte
para vencer é preciso uma grande expe- ao conduzir GT.

Filipe Albuquerque
é uma das grandes
referências a nível
nacional com mais
de 240 corridas, de
onde saiu vitorioso
por 28 vezes, ao que
junta 90 pódios.
Ao talento natural,
alia uma postura,
inteligência e
simpatia a toda a
prova

V/28
24 HORAS DE DAYTONA
BOASROARBEFOREROLEX24
INDICAÇÕES
Os testes para as 24 Horas de Daytona
deixaram boas indicações aos portugueses
presentes, com Filipe Albuquerque a ser o
terceiro mais rápido em pista. A agora resta
esperar que seja possível ‘vingar’ 2017

Fábio Mendes possível. A primeira sessão começou de duas sessões e em GT Daytona o Acura PRÉ-QUALIFICAÇÃO
[email protected] forma auspiciosa para as cores nacionais, de Parente terminava a 4 sessão em 10º
com o Cadillac nº 5 a ser o mais rápido, na sua classe, enquanto Lamy era 17º. Seguiu-se a Pré-Qualificação, que de-
Oano de 2018 já começou e com algo que voltou a acontecer na segunda A sessão 5 foi a primeira saída noturna cide apenas os lugares das boxes para
ele regressaram as competi- sessão. Filipe Albuquerque ditou o ritmo e e foi novamente Felipe Nasr a ser moti- as equipas, mas que serve para medir o
ções automóvel. Os fãs pude- terminou o dia como o mais rápido, com o vo de destaque, ficando com o primei- pulso das equipas e ter uma ideia do que
ram descansar das emoções tempo de 1:37:196. Colin Braun ficou a 0.107 ro posto, repetindo a façanha da sessão poderá ser a edição de 2018 da Rolex 24.
das corridas, mas agora é tem- segundos do primeiro registo, ao volante anterior. Fittipaldi fez o melhor tempo O domínio Cadillac foi evidente, com Nasr
po de regressar ao ativo e pre- do Oreca Gibsson da CORE autosport. Em para o nº 5, colocando-o no 3º posto e Da a fazer o melhor tempo (1:35:806) seguido
parar uma das mais esperadas provas do GT LeMans, foi um Porsche a ser o mais Costa via o seu nº 78 manter a 5ª posi- do nº 90, novamente com Vautier (+0.231)
ano, as míticas 24h de Daytona. A Clássica rápido no final do primeiro dia, pela mão ção. Em GT LeMans os homens da Ford e Albuquerque a fecharem o top 3 (+0.329).
que ‘abre’ o ano tem muitos motivos de de Laurens Vanthoor (1:44.095) e em GT mantinham-se na frente da contenda e O nº 78 de Félix da Costa apenas chegou
interesse, pela quantidade e qualidade Daytona o Lamborghini da GRT Grasser em GT Daytona era o Lexus nº 14 o mais ao 9º posto (Alex Brundle), abaixo do que
presente em pista. São vários os nomes Racing Team esteve em destaque com o rápido, mas a nossa atenção prendia-se se tinha visto até então. Em GT LeMans, a
sonantes que estarão à partida da Rolex24, tempo de 1:47.104. Para as cores nacio- nas melhorias de andamento do Acura nº Ford não saiu da frente e o nº 66 fez a me-
e Portugal não poderia estar mais bem re- nais não era um mau começo, pois para 86, máquina que ficou na 6ª posição, gra- lhor marca da sua classe (Joey hand). Em
presentado que com um quinteto de luxo, além da excelente prestação de Barbosa ças a Álvaro Parente que mostrava mais GT Daytona o ‘Lambo’ nº 11 foi o mais rá-
formado pelos habituais João Barbosa e e Albuquerque, Félix da Costa era 5º, en- uma vez todo o seu talento e capacidade pido (Bortolotti fez o melhor registo). Mas
Filipe Albuquerque, que terão a compa- quanto Parente e Lamy ainda se ambien- de adaptação. Parente voltou a ser motivo de destaque,
nhia de Álvaro Parente, Félix da Costa e tavam às suas máquinas. Evolução era também palavra de ordem conquistando o 4º tempo na sua classe,
Pedro Lamy. Nas sessões 3 e 4 continuàmos a ter um no Ferrari nº 51 que subiu para a 11º posi- sendo o 1º Acura a aparecer na tabela.
Neste fim de semana decorreram as ses- Cadillac na frente, mas desta vez os ‘do- ção graças aos esforços de Mathias Lauda, Lamy colocou o seu Ferrari na 14ª posição.
sões preparatórias para a prova, o famo- nos’ eram diferentes. Na sessão 3 foi Ricky companheiro de Lamy. Ainda houve tempo para a sessão final,
so ROAR Before Rolex 24 que permite Taylor a fazer o melhor registo ficando à No último dia de ensaios, a sessão nº 6 teve que viuRicky Taylor fazer a melhor mar-
às equipas afinar as mecânicas para a frente do ‘Cady’ nº 90 Spirit of Daytona que novamente um Cadillac na frente, desta ca da sessão, com Mike Conway no nº 31 a
exigente prova. O frio fez sentir-se nos ficou a 0.196, pela mão de Tristan Vautier feita o nº 90, Spirit of Daytona, com Vautier ser segundo. Félix da Costa conquistou o
termómetros, mas em pista as coisas (ex-campeão de Indy Lights). Na sessão a evidenciar-se novamente, à frente de 3º melhor tempo enquanto Fittipaldi não
aqueceram e ficamos já com alguns apon- 4 foi a fez de Felipe Nasr inscrever o seu Albuquerque que fez o segundo melhor foi além do 8º. Em GTD o Acura de Parente
tamentos do que poderá ser a maratona nome na lista dos mais rápidos, ficando à tempo no ‘Cady’ nº 5. Félix da Costa não apareceu na 2ª posição da classe e Lamy
que decorrerá de 27 a 28 de janeiro. frente do nº 10 de Ricky Taylor. Fittipaldi podia ficar de fora e foi também ele desta colocou o Ferrari no 13º posto.
Foram 7 sessões de testes e uma pré- liderou a maior parte da sessão, mas o nº vez o melhor da tripulação do nº 78, tendo É fácil de entender que os Cadilllac são
-qualificação que permitiram aos pilotos 5 caiu para 4º no final, um lugar à frente do ficado com o 7º melhor tempo. Em GTD, a maior força do pelotão. As Máquinas
e equipas ter um primeiro contacto com nº 78 da Jackie Chan DCR JOTA de Félix da Parente fazia novamente o melhor tem- americanas dominaram em toda a linha
a pista e entender as melhorias necessá- Costa. Em GT LeMans os Ford pareciam po do Acura nº 86 enquanto o Ferrari de e a luta entre as 4 equipas será muito boa
rias para conseguirem o melhor resultado instalar-se na frente, tendo liderado as Lamy estacionava na 6ª posição. de assistir. O nº 90 surpreendeu e Vautier
poderá ser um nome em destaque. As

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V/ VOLTAS MAIS RÁPIDAS FERNANDO
POR PILOTO/EQUIPA ALONSO

PROTÓTIPOS FORADOTOP10

1º 31 WHELEN ENGINEERING RACING CADILLAC DPI-V.R FELIPE NASR 1:35.806 Não podia deixar de ser motivo de
destaque, pela notoriedade e pela
2º 90 SPIRIT OF DAYTONA RACING CADILLAC DPI-V.R TRISTAN VAUTIER +0.231 sua qualidade. O espanhol Fernando
Alonso esteve ao volante do Ligier JS
3º 5 MUSTANG SAMPLING RACING CADILLAC DPI-V.R FILIPE ALBUQUERQUE +0.329 P217 da United Autosports, que já teve
oportunidade de testar em 2017. O fim
4º 10 KONICA MINOLTA CADILLAC DPI-V.R RENGER VAN DER ZANDE +0.675 de semana não foi o mais positivo e o
espanhol aponta que o carro precisa
6º 6 ACURA TEAM PENSKE ACURA DPI DANE CAMERON +1.182 de mais andamento se quiser tentar
vencer. A melhor marca foi feita por ele,
8º 31 WHELEN ENGINEERING RACING CADILLAC DPI-V.R MIKE CONWAY +1.308 mas apenas chegou ao 12º posto a 1.7
segundos da frente.
10º 7 ACURA TEAM PENSKE ACURA DPI RICKY TAYLOR +1.425 Alonso ficou surpreendido com o pouco
tempo que passou no carro, dado o
11º 5 MUSTANG SAMPLING RACING CADILLAC DPI-V.R CHRISTIAN FITTIPALDI +1.432 tempo de cada sessão e a necessidade
de partilhar o carro. Foi mesmo esse
14º 78 JACKIE CHAN DCR JOTA ORECA LMP2 ALEX BRUNDLE +1.468 o trabalho feito pela equipa e pilotos
que tentaram ambientar-se à partilha.
19º 78 JACKIE CHAN DCR JOTA ORECA LMP2 ANTONIO FELIX DA COSTA +1.636 Alonso não sentiu grandes dificuldades
em rodar no ‘‘trânsito’ e durante a noite.
21º 23 UNITED AUTOSPORTS LIGIER LMP2 FERNANDO ALONSO +1.709 Curiosamente foi Lando Norris, seu
colega na McLaren, que mais vezes foi o
24º 37 JACKIE CHAN DCR JOTA ORECA LMP2 LANCE STROLL +1.798 mais rápido durante o fim de semana.
Outro piloto de F1 presente em Daytona
26º 5 MUSTANG SAMPLING RACING CADILLAC DPI-V.R JOÃO BARBOSA +1.850 é Lance Stroll no Oreca da Jackie
Chan DCR JOTA, com uma equipa de
37º 23 UNITED AUTOSPORTS LIGIER LMP2 LANDO NORRIS +2.082 luxo ao seu lado. Juncadella e Frijns
pareceram os homens mais em forma,
42º 37 JACKIE CHAN DCR JOTA ORECA LMP2 FELIX ROSENQVIST +2.189 mas o canadiano conseguiu ser o mais
rápido da tripulação por duas ocasiões,
GTLM ficando, no entanto, um pouco abaixo
do rendimento do outro Oreca da equipa
1º 66 FORD CHIP GANASSI RACING FORD GT JOEY HAND 1:43.610 onde milita Félix da Costa.

2º 4 CORVETTE RACING CHEVROLET CORVETTE C7.R OLIVER GAVIN +0.030

3º 67 FORD CHIP GANASSI RACING FORD GT RYAN BRISCOE +0.104

GTD

1º 11 GRT GRASSER RACING TEAM LAMBORGHINI HURACAN GT3 ROLF INEICHEN 1:47.104

2º 59 MANTHEY-RACING PORSCHE 911 GT3 R MATTEO CAIROLI +0.021

3º 11 GRT GRASSER RACING TEAM LAMBORGHINI HURACAN GT3 FRANCK PERERA +0.071

19º 86 MICHAEL SHANK RACING ACURA NSX GT3 ÁLVARO PARENTE +0.501

39º 51 SPIRIT OF RACE FERRARI 488 GT3 PEDRO LAMY +0.884

máquinas nº 31 e nº 10 es-
tarão na luta como seria
de esperar e o “nosso”
nº 5 tem todas as condi-
ções para este ano ven-
cer, com Albuquerque a
apresentar-se em ex-
celente forma. Félix da
Costa teve um fim de se-
mana em crescendo e
mostrou que tem o que
é preciso para rodar na
frente (como se alguém
duvidasse disso). Nota
ainda para os Acura DPi
que estiveram muito dis-
cretos durante todo o fim
de semana.
Em GT LeMans, os Ford
pareceram estar muito
fortes, mas os Porsche
e os Corvette não faci-
litarão a tarefa (Ferrari e BMW ainda
estão longe).
Em GTD há promessa de muita emo-
ção e está tudo em aberto, mas mais
uma vez a evolução do Acura nº 86 e
especialmente de Álvaro Parente mere-
ce destaque pela forma como foi sendo
cada vez mais rápido. Um dos melhores
sem margem para dúvida. Lamy e a sua
equipa ainda têm algum trabalho pela
frente, mas que ninguém duvide que os
campeões do mundo vão dar resposta
positiva quando realmente interessar.

TT/30
AFRCA ECO RACE
MALDITO DIFERENCIALAFRICAECORACENOVAMENTEAZIAGOPARAELISABETEJACINTO
Elisabete Jacinto voltou a ficar muito cedo de fora do Africa Eco Race,
já que uma avaria no diferencial dianteiro do seu MAN levou
a que a equipa nada mais pudesse fazer que rumar a Dakar... pelo asfalto

José Luís Abreu por encontrar uma solução. Nenhum dos passar percebemos que não tínhamos C/ C L A S S I F I C A Ç Õ E S
[email protected] concorrentes tinha a peça. Contactámos o o sentinel a funcionar. Andámos muito
importador em Portugal que podia man- tempo no pó do dele e acabámos por AUTOS
Inglório.Aexemplodoanopassado, dar a peça para Casablanca, mas com o perder muito tempo devido a esta falha”.
Elisabete Jacinto, José Marques e fim de semana a hipótese ficou desde logo Na Etapa 2, Elisabete Jacinto terminou no 1º VASILYEV V./ZHILTSOV K. MINI 14:28:30
Marco Cochinho voltam a sofrer inviabilizada, eram precisos quatro dias quarto posto entre os camiões, subindo
nova desilusão, e mais não pude- úteis. A nossa opção foi prosseguir até um lugar na geral: “A travessia do Erg 2º SERRADORI M./LURQUIN F MCM 00:10:23
ram fazer do que acompanhar o Dakar. Tenho mesmo muita pena do que Chebbi foi verdadeiramente stressante.
resto da prova por estrada. vão- aconteceu porque pela primeira vez os Estávamos a passar bem as dunas mas a 3º THOMASSE P./LARROQUE P. OPTIMUS MD 00:43:56
chegar a Dakar, é verdade, mas não da amortecedores estavam excelentes o que determinada altura o camião ficou enter-
forma que gostariam. me permitia andar bastante rápido. O Zé rado na areia. Ficámos parados mais de 40 4º VAUTHIER R./BRUCY J. OPTIMUS MD 01:47:05
À partida para a Etapa 4, o relógio, na hora (Marques) estava a navegar na perfeição minutos a cavar e vimos os concorrentes
local de Marrocos, indicava 9h53, mas e tudo a corria lindamente, quando este todos a passar por nós. Foi desesperante. CAMIÕES
na linha de partida não estava o Camião desaire sucedeu. Foi de facto uma enorme Mas assim que conseguimos sair dali
MAN de Elisabete Jacinto, já que não foi frustração para todos”, revelou a piloto. imprimimos o ritmo mais rápido que 5º DE ROOY G./RODEWALD DAREK IVECO 02:03:55
possível à equipa resolver em tempo útil conseguimos e ainda conseguimos um
o problema com o diferencial dianteiro, NOVAMENTE O AZAR resultado positivo”, disse. O pior foi depois... 15º TOMECEK T./KOVACS MIKLOS TATRA 04:16:28
que levou a que a equipa perdesse mais Nodia seguinte, ElisabeteJacinto chegou
de duas horas na 3ª Etapa. Antes, tudo corria normalmente, na pri- a rodar a 40s do primeiro lugar quando o 16º KOVACS M./CZEGLEDI PETER SCANIA 05:02:17
Era possível substituir a peça, mas a lo- meira tirada, Elisabete Jacinto perdeu diferencial se partiu. Game Over...
gística era quase impossível de cumprir: 11m30s para Gerard de Rooy - que este 17º VAN DE LAAR J./VAN DE LAAR BEN DAF 05:17:17
“Vínhamos a andar muito bem quando a ano decidiu não ir ao Dakar - depois duma TUDO EM ABERTO
certa altura ouvimos um barulho. Fizemos falha no sentinel, aparelho que permite russo. O francês é o único piloto que parece
mais alguns quilómetros, mas o ruído aos concorrentes aperceberem-se da Decorridas que estão 5 de 12 etapas poder fazer frente a Vasilyev. Na luta pelo
acentuou-se e parámos. O diferencial da presença de um piloto mais rápido atrás de aquando do fecho desta edição, Vladimir terceiro lugar do pódio estão igualmente
frente tinha partido. A partir desse mo- si e que por questões de segurança devem Vasilyev domina a corrida, mas a vanta- um francês e um russo, com Patrick Mar-
mento fizemos o restante percurso com facilitar a ultrapassagem: “Estávamos a gem não é grande. Aos comandos do seu tin a ter três minutos de vantagem sobre
a tração às duas rodas, a rodar devagar. imprimir um bom ritmo e conseguimos Mini, venceu quatro das cinco etapas já Denis Krotov. Nos camiões, Gerard de Rooy
No bivouac, esforçámo-nos ao máximo aproximar-nos do Tomecek, mas quando disputadas. Mathieu Serradori venceu lidera com 13 minutos de vantagem sobre
apareceu uma oportunidade para o ultra- a outra e está a 6m12s da liderança do Johannes Van de Laar. O piloto holandês
do Iveco está, ainda, na quarta posição da
geral. A luta pelo segundo lugar está bem
animada, com Van de Laar a ter apenas
dois minutos de vantagem sobre Miklos
Kovacs, quarto classificado. Pelo meio
ainda está Tomas Tomecek, estando estes
três pilotos numa boa luta.

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AFRICA ECO RACE

LUÍS OLIVEIRA
A SURPRESA
DA PRIMEIRA
SEMANA

Após a primeira semana, o Africa Eco Race perdeu o seu maior
candidato à vitória nas duas rodas, Pal Anders Ullevalseter,
e viu emergir uma estrela lusa, Luís Oliveira

Francisco Mendes tipo de prova, Luís Oliveira não conseguiu, de Pal Anders Ullevalseter, ficou com o C/ CLASSIFICAÇÃO GERAL
[email protected] até ao fecho desta edição, voltar a vencer caminho aberto para chegar à vitória APÓS CINCO ETAPAS
em etapas, já que pequenos e naturais na prova.
PalAndersUllevalseterconheceu erros de navegação o têm impedido de Ceci tem dominado o evento, tendo ven- 1º PAOLO CECI 21:44:13
problemas mecânicos no início se impor ao conómetro neste Africa Eco cido três das cinco etapas realizadas na 2º LUÍS OLIVEIRA 00:59M:00
da quarta etapa que o deixaram Race. primeira semana de prova, o que diz bem 3º RUI OLIVEIRA 02H41M30
irremediavelmente afastado da Rui Oliveira, companheiro de equipa de do domínio do italiano da KTM. 4º MARTIN BRENKO 03H12M09
luta pela vitória. Luís Oliveira na CRN Competition, tam- Já João Rôlo, que também se estreia na 5º JONATHAN BLACKBURN 03H47M46
A segunda surpresa da prova bém tem estado em destaque na 10ª edi- prova, na categoria de malle et moto, ou 6º FRANCO PICCO 03H55M46
é portuguesa, trata-se do jovem Luís ção do África Eco Race. O piloto da Yamaha seja, sem qualquer tipo de apoio, ocupa a 7º HENRIK RAHM 04H16M43
Oliveira que terminou a primeira semana tem revelado uma enorme regularidade 22ª posição da classificação geral, man- 8º NATHAN RAFFERTY 04H54M34
de prova no segundo lugar da geral, depois o que o permite ocupar a terceira posição tendo-se determinado em concretizar o 9º EDOUARD LECONTE 05H13M14
de ter rodado aos longo das cinco primei- da geral após as cinco primeiras etapas 10º FELIX JENSEN 05H33M00
ras etapas sempre entre os primeiros da em solo marroquino. (...)
classificação. O piloto que em 2017 participou no Da- 22º JOÃO ROLO 28H06M59
A fazer a sua estreia no Africa Eco Race, kar, apostou este ano no Africa Eco Race
o piloto de Sintra chegou a vencer a ter- e bem se pode dizer que o fez em boa
ceira etapa, mas uma penalização após hora, já que tem sido uma das figuras de
o final desta acabou por o relegar para a destaque na prova que vai terminar no
segunda posição. próximo dia 14 no Lago Rosa, em Dakar.
Denotando alguma inexperiência neste O líder da classificação geral é o italiano
Paolo Ceci, que depois da saída de cena

objetivo que passa por chegar ao final da
prova: “Estou muito contente por terminar
esta primeira semana de prova. Sou dos
poucos da minha categoria que ainda está
em prova. Infelizmente uns por acidente
e outros por avarias vão ficando pelo ca-
minho!”, afirmou no final da quinta etapa
da prova, a última em Marrocos.
Nesta última semana de Africa Eco Race,
os pilotos enfrentam as sempre difíceis
etapas da Mauritânia até chegarem a
Dakar, domingo, onde os vencedores
irão fazer a festa. Resta por isso esperar
que os representantes lusos continuem
a dar conta do recado.

N/32
NOTÍCIAS

NOVIDADES
DA PEUGEOT RALLY

CUP IBÉRICA

É uma das mais importantes iniciativas dos últimos anos nos
ralis em Portugal. Chama-se Peugeot Rally Cup Ibérica, tem
‘mão’ da Peugeot Portugal e Peugeot Espanha, e a Sports &
You é parceira. Fomos tentar saber mais…

José Luís Abreu
[email protected]

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AS NOTÍCIAS EM AUTOSPORT.PT

O anúncio é público, mas há muito nal). A Peugeot Rally Cup Ibérica tem que existem na Península Ibérica, o AFINAR O MODELO
mais por saber sobre a Peugeot um calendário de seis provas, três em campeonato português e os campeo-
Rally Cup Ibérica. A Peugeot Espanha e três em Portugal, mas a natos espanhol de asfalto e de terra. “Nós sabemos que muitos dos poten-
Portugal e Espanha lideram este razão deste tempo todo de conversas Depois, existe uma intenção nossa ciais pilotos em Espanha, os que têm
processo, num troféu em que também tem a ver com o facto de estarmos que as provas em Espanha coincidam Peugeot, irão tentar fazer as duas com-
está envolvida a Sports & You como obrigados a que não haja coincidências com o calendário da BECA (ndr.: Beca petições pelo que faz sentido estarmos
parceira. Neste momento, há ainda de provas da Peugeot Rally Cup Ibérica Junior R2, competição espanhola aber- inseridos nas duas competições por-
muita coisa para anunciar, mas para em fins de semana que exista outro ta a carros R2 como os Peugeot 208, que eles assim podem pontuar para
já, fizemos um ponto da situação com campeonato nacional na Península Skoda Fabia, Ford Fiesta, Opel Adam as duas. E, portanto, todo esse arranjo
José Pedro Fontes que nos revelou o Ibérica. Portanto, não queremos esco- e Renault Twingo) que se realiza no de provas que não coincidam, provas
que está a acontecer em termos de lher provas em Espanha quando haja campeonato de Espanha de terra e de que façam parte da BECA, provas que
calendário, parceiros, prémios, es- algum outro campeonato nacional a asfalto, com seis provas, e que quem não fiquem muito juntas, e a qualidade
clarecendo também algumas dúvidas decorrer. Nós queremos que as equipas ganhar recebe um prémio da federação delas – fator que é muito importante
que entretanto surgiram: “Não se pode e os pilotos que já tenham Peugeot espanhola que é participar com um para nós – leva a que tenhamos que es-
adiantar muito ao que foi comunicado 208 R2 estejam livres para fazer os R2 no Campeonato da Europa do ano perar mais algum tempo para que haja
em Portugal e Espanha pela Peugeot, três principais campeonatos de ralis seguinte”, explicou José Pedro Fontes. uma definição do calendário espanhol
porque há coisas que ainda não estão e depois se façam as consequentes
decididas”, começou por dizer Fontes. ‘negociações’, se se pode dizer assim,
O piloto português explicou o que está com as provas, para que a ‘Cup’ possa
a acontecer: “As pessoas querem saber fazer parte desses eventos”, disse José
o calendário, mas ainda não é possível Pedro Fontes, que como é a cara da
porque a federação espanhola ain- Sports & You, distribuidor da Peugeot
da não fechou os seus calendários. Sport na Península Ibérica: “Tudo o
Temos estado em conversações com que é parte técnica tem a supervisão
eles. Só depois disso, tudo poderá ser da Peugeot Sport e a Sports &You or-
apresentado”. ganiza algumas partes de back office
“Neste momento estamos também que é preciso para montar tudo isto.”
ainda a fechar mais alguns parceiros
para incrementar o volume de pré-
mios que já foi comunicado (ndr.: um
montante superior a 100.000 euros, a
atribuir no conjunto das seis provas do
calendário, acrescendo a este valor,
no final da temporada, um prémio fi-

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PORTUGAL DEVE TER
DOIS PEUGEOT 308 TCR

15 A 20 CARROS NO TROFÉU? QUEM QUER DAR IDEIAS? O Peugeot 308 Racing Cup já era nesse sentido e em contacto com
bem conhecido, mas agora a gama vários pilotos, por isso acredito que
A expectativa quanto ao número de Para que se perceba melhor a forma de propostas da Peugeot Sport vá em frente. Mas não é certo. Já
pilotos que em Espanha e Portugal como está a ser idealizada a Peugeot reforça-se em 2018 com o novo 308 falámos com a Peugeot, brevemente
possam dar corpo ao troféu é alta, mas Rally Cup Ibérica, são os próprios TCR, carro que tem chassis, motor, irei a França tratar deste assunto,
neste momento é prematuro avançar interessados que dão ideias do que caixa de velocidades e aerodinâmica acredito muito nesta categoria, e
com números. gostavam de ver implementado: “Este específicos da versão TCR e para as por isso tenho esperança”, disse a
“Sabemos que há mais de 30 carros é um troféu que está a ser idealizado corridas internacionais de carros ‘face’ da Sports & You, confirmando: “É
entre Portugal e Espanha, mas não para os pilotos, que são o centro disto de turismo, do tipo VLN (Alemanha), nossa intenção fazer o TCR Portugal e
é nossa expectativa ter esses carros tudo, e para as equipas, que têm os CER (Espanha), CITE (Itália), também o TCR Europa”.
todos. De qualquer forma gostaria seus carros, como clientes Peugeot BGDC (Bélgica), bem como para Do lado da Peugeot Sport, a entrega
muito que o troféu tivesse entre 15 Sport. Portanto, temos trabalhado na campeonatos de resistência do tipo das primeiras unidades está prevista
a 20 carros”, adiantou Fontes neste construção deste projeto, recebendo 24H Series. para abril de 2018, o preço é 109.000€
particular. “Estou contente por per- também a contribuição de todas as A Portugal ‘caberão’ dois carros. mais impostos, para um custo por
ceber o interesse que este troféu tem equipas e pilotos, dizendo-nos como Aquilo que já há muito se falava quilómetro muito competitivo, de 4,5€,
suscitado, isso é o que nos tem mais acham que devia ser organizado e nos bastidores do Campeonato de antes de impostos e sem consumíveis.
motivado. Temos consciência que o estruturado. Isso leva-nos depois a Portugal de Velocidade de Turismos Foi feito trabalho no motor THP,
troféu devia ter sido anunciado mais ter uma noção dos carros e equipas (CPVT) foi confirmado por José Pedro na admissão, escape e turbo
cedo, mas tem havido um feedback que estão muito interessados em fazer Fontes, a Sports & You terá dois alimentação, permitindo ao bloco de
muito positivo em Portugal e Espanha, parte do Troféu. O nosso foco é faze- Peugeot 308 TCR para colocar em 4 cilindros turbo disponibilizar 350 cv
que está a ser traduzido no interesse mos uma boa competição, garantindo pista em 2018, se arranjar quem os e 420 Nm de binário às 3.000 rpm. A
de pilotos e equipas, nomeadamente o melhor calendário possível, com os guie: “É nossa intenção dar sequência caixa de 6 velocidades é sequencial
na aquisição de automóveis novos. ralis que mais prazer lhes possam dar, ao projeto TCR com dois Peugeot 308 com patilhas ao volante. O carro tem
Relembro que os carros da Peugeot que mais retorno lhes possam dar, e TCR, mas esse projeto pressupõe novas suspensão e são inúmeras as
Rally Cup Ibérica não precisam de ser com mais vantagens em participar que consigamos pilotos para os possibilidades de regulações (altura
novos, nem sequer adquiridos à Sports na competição”, concluiu José Pedro guiar, e neste momento isso ainda da carroçaria, vias ou curvatura, tanto
& You, podem correr todos os Peugeot Fontes. não acontece. Estamos a trabalhar à frente como atrás).
208 R2 que estejam conforme a ficha Agora resta aguardar pelas últimas
de homologação”, explicou, elucidando definições, sendo certo que a Peugeot
um ponto importante: “Eu sei que tem Rally Cup Ibérica é um importante
havido essa dúvida, mas quem quiser passo no melhoramento dos ralis em
compra o carro onde entender, inscre- Portugal, e será certamente um exce-
ve-se, cumpre as regras do Troféu e lente trampolim para que os melhores
fica habilitado aos prémios”, frisou o pilotos possam crescer.
português.

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BMDEIÉHSMHUORGOIAHPS Hugh Bishop seguiu a cena
Foi um dos mais reputados fotógrafos do Mundial de Ralis internacional dos ralis du-
e colaborador do AutoSport durante muitos anos. Morreu rante quase 40 anos, desde
na passada semana, aos 72 anos o final dos anos 60, retiran-
Martin Holmes com Guilherme Ribeiro do-se depois da atividade. Foi
[email protected] pioneiro no trabalho de free-
lance nos ralis, quando o trabalho dos
CONHEÇA ESTA E MUITAS media especializados estava ainda na
OUTRAS HISTÓRIAS EM AUTOSPORT.PT infância, antes mesmo da fundação do
Mundial de Ralis. Colaborou com deze-
nas de títulos pelo mundo inteiro, dos

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quais se destacou o Autosport inglês, fotografar. Nas próximas linhas, re- e imagens prontas a publicar para re- estarem prontas para ser publicadas
que lhe confiou a cobertura dos maio- cordamos algumas histórias, conta- vistas de todo o mundo. Aqueles eram um ou dois dias depois, não numa ques-
res eventos de estrada. Hugh Bishop das na primeira pessoa por um ‘irmão os dias dos rolos, prévios às máquinas tão de minutos. Histórias e fotografias
era um especialista dos velhos tem- de armas’ que o acompanhou durante digitais, quando as fotos a cores exi- eram enviadas para revistas especia-
pos e celebrizou-se a fazer fotos a pre- muitos anos, Martin Holmes. giam uma técnica bastante diferente lizadas de França, Espanha, Portugal,
to e branco e a cores ao mesmo tem- e se trabalhava com preto e branco, Japão, Finlândia, Suécia e dúzias de
po, usando um braço em que montava PIONEIRO para não mencionar o uso de uma se- outros destinos.
as duas máquinas fotográficas. Numa Toda a atividade tem os seus pioneiros. gunda câmara acoplada. O fornecimen- Ainda me lembro do tempo em que fi-
delas abria o plano e conseguia fotos Nos dias tranquilos da fotografia de ralis to de imagens por telégrafo era muito quei pela primeira vez atento ao Hugh.
com magníficas paisagens, na outra, “freelance” (anos 70 e 80), quando as pouco prático, consumia muito tempo Quentin Spurring, o editor da revis-
captava toda a essência e espetácu- revistas da especialidade cobriam a e era muito caro. As imagens tinham ta Autosport em Inglaterra, pediu-me
lo dos ralis com ‘bonecos cheios’. Foi modalidade em detalhe, Hugh Bishop que ser processadas individualmente uma reportagem do Sutton & Cheam
também pioneiro no reconhecimento apontou o caminho a seguir, oferecendo e, em seguida, entregues em mão por MC Tempest Rally, e explicou-me que
antecipado dos melhores locais para serviços fáceis de entrega de histórias correio especial ou por via aérea para tinha pedido ao Hugh que fornecesse

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as imagens. “Quem é esse?”, pergun- Ao montar duas câmaras lado-a-lado mesmo negativo. Naqueles dias, as len- de maximizar o número de locais para
tei. “Tens a certeza que não conheces o numa barra e colocando lentes com a tes de tamanho standard eram básicas. fotografar exigia um conhecimento de-
Hugh? Ele é muito bom!” E era. Naquela mesma distância focal, o erro de para- As lentes de maior comprimento eram talhado do tempo de passagem dos vá-
altura, o Hugh estava a tentar estabe- laxe era mínimo. E como tirar mais do difíceis de manusear e geralmente não rios carros, uma capacidade de leitura
lecer-se de forma permanente no des- que uma foto de cada carro que passava davam as imagens que eram preten- avançada de mapas, e nos dias em que
porto motorizado, e a fotografia dos ralis com cada câmara? Nos dias anteriores didas. A preferência do Hugh era tirar os ralis usavam apenas uma passagem
era uma porta aberta. E não foi só para aos facilmente adquiridos sistemas elé- disparos frontais a três quartos, ima- por especial, um trabalho extensivo de
as publicações inglesas Autosport e tricos, os disparos tinham que ser tira- gens que mostravam todos os detalhes reconhecimento dos possíveis pontos
Motoring News (atualmente Motorsport dos assim que o carro se aproximava, do carro enquanto apresentavam o ce- de fotografia. Felizmente, por aqueles
News), à medida que Hugh cobria os di- depois o filme rolava e um novo disparo nário local no seu máximo efeito. Mas, tempos, o trabalho dos fotógrafos era
ferentes eventos pelas Ilhas Britânicas era tirado assim que o carro partia. A além dos conhecimentos técnicos de considerado uma parte maioritária na
e depois no estrangeiro, foi conhecendo todo o tempo as aberturas tinham de fotografia, o trabalho de seguir os ralis promoção de um evento. Quando o tra-
jornalistas de países mais longínquos e ser ajustadas, assim que o sol passa- era em si um desafio. Planear a forma balho do Hugh se tornou conhecido, ele
começou a trabalhar para revistas em va por trás das nuvens. E havia ainda
todos os continentes. mais uma dificuldade, a maioria dos
disparos em ação tinham que ser fei-
CÂMARAS DUPLAS tos de noite, com um flash totalmente
carregado montado em cada câmara. O
Hugh reconheceu de imediato os desa- desafio último era a mudança de rolo. A
fios do trabalho nos ralis. Numa corrida, mudança de rolo a alta velocidade era
é possível esperar pela volta seguinte uma arte. Tudo isto era parte do traba-
para conseguir uma imagem melhor, lho de Hugh Bishop.
nos ralis, esta tem que ser conseguida As câmaras duplas mantiveram-se a
ao primeiro disparo. Nas corridas, po- uso até que a qualidade da impressão
dia trocar-se de câmaras entre voltas, a cores igualou a do preto e branco. No
preto e branco nesta, cores na seguin- início dos anos 90, não era mais neces-
te. Nos ralis, tinha que se esperar pela sário usar duas câmaras em simultâneo,
chegada a um novo local. Foi assim que já que tanto as imagens a preto e bran-
o conceito de câmaras duplas surgiu, co como a cores podiam facilmente ser
uma para preto e branco e outra para reproduzidas com qualidade a partir do
cores, disparando simultaneamente.

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era convidado pelos organizadores MEMÓRIAS shes de célula húmida em aviões. Ele blicas em relação ao desporto e a sua
para estar presente nos seus eventos adorava o seu trabalho e quando este implícita importância no trabalho pu-
e, gradualmente, foi capaz de ir a mais Existem inúmeras memórias dos seus estava feito pelo dia, o grande prazer blicitário. A era do digital tornou possí-
e mais ralis. Por várias vezes, as ima- tempos no WRC. A minha favorita é de Hugh era visitar locais interessan- vel não pagar por imagens publicadas.
gens aéreas, tal como quartos de ho- relativa ao invernal Hanki Rally, na tes para comer. Assim foram saindo os experientes e
tel e carros, eram providenciadas. Que Finlândia, disputado maioritariamente Aprendi muito com o Hugh. Como tra- talentosos profissionais.
dias! Eu e o Hugh trabalhámos juntos à noite, quando eu estava devidamen- balhar com o sistema de emissão de Hugh sempre viveu com os seus
em inúmeras ocasiões, eu a escrever te ocupado como copiloto. Num con- bilhetes e usar o sistema de descontos pais nos arredores de Salisbury,
as histórias e o Hugh fornecendo as trolo, os participantes receberam um dos velhos bilhetes de voo (incluindo no Wiltshire, perto do circuito de
imagens. Quando íamos ao mesmo comunicado urgente. Se tivéssemos as viagens) para meu proveito. Como Thruxton, onde ele fez as suas pri-
evento, o nosso trabalho era feito em alguns problemas, não nos devíamos as companhias de transporte aéreo meiras fotografias, e do Beaulieu
parceria, enquanto o Hugh fazia am- afastar muito do carro porque os lo- trabalhavam, como se arranjar num Motor Museum, para onde foi traba-
bos os trabalhos quando eu não estava bos eram ferozes naquela região. Mas país estrangeiro, como me proteger lhar. Adorava a sua condução. Quando
disponível. Ele e eu fomos os criadores eles não avisaram o Hugh, que esta- de companhias de aluguer de carros os seus dias no desporto automóvel
originais dos anuários World Rallying va também ele devidamente ocupa- pouco honestas e como ultrapassar acabaram, trabalhou como condu-
entre 1978 e 1982. No entanto, o Hugh do a tirar fotografias noturnas. Teria regras de câmbios no estrangeiro. Este tor numa companhia de táxis. Agora
não gostava de viagens de longo cur- constituído uma saborosa refeição. estilo de vida idílico não poderia durar partiu. Durante quarenta e tal anos de
so. Só muitos anos depois de a Nova Naqueles dias, podiam fazer-se coi- para sempre. trabalho nos ralis, ele inspirou inúme-
Zelândia se tornar parte integrante sas que agora seriam impossíveis. A revolução da internet mudou por ros jovens fãs por todo o mundo, que
do WRC é que ele se aventurou até ao Coisas como ficar junto às portas de completo a forma como as revistas ganharam um interesse para a vida
outro lado do mundo. Mas ele adora- embarque do aeroporto de Heathrow a tratavam o desporto. A cobertura dos no seu trabalho e colocou um padrão
va os magníficos espaços abertos do perguntar a passageiros se poderiam ralis deixou de ser uma das principais que todos os outros se esforçaram por
Quénia, que costumavam ser adora- levar em mão uma embalagem para prioridades das revistas. Depois, veio igualar, o seu trabalho e amabilidade
dos pelos fotógrafos de ralis. ser recolhida à chegada por colegas a tomada de posição das relações pú- agradáveis para todos.
da revista. Ou carregar pilhas de fla-

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MELHOR ÉRALIDORAC1988 ORAC continuava a ser um dos local de Lovell e do semi-oficial Llewellin
IMPOSSÍVEL ralis mais duros do mundo, e poderiam permitir-lhes lutar pelo top-6
as condições invernais variá- se sobrevivessem à dureza da prova. Já a
A entrada em vigor do regulamento dos Grupo A em 1987 levou veis obrigavam os pilotos a uma Mitsubishi inscrevia-se com o inovador
a um claro predomínio da Lancia. Em 1988 a concorrência gestão de andamento e de es- Galant VR-4 para preparar a primeira
intensificou-se, mas foi demasiado inconstante para lutar colhas de pneus quase apenas temporada a sério em 1989, confiando
pelo título, e Miki Biasion venceu com facilidade. No entanto, comparável ao Monte Carlo. E num final o carro ao experiente Ari Vatanen. Para
na última ronda da época, o RAC, ofereceu um dos melhores de outono tão frio como o de 1988, a neve fechar as equipas de fábrica, era preciso
espetáculos de sempre da era dos Grupo A e o gelo estavam por toda a parte e pro- contar com os Mazda 323 4WD, esperan-
Guilherme Ribeiro metiam atrapalhar a vida aos pilotos das do que a fiabilidade não pregasse grandes
[email protected] várias escuderias. rasteiras, já que nas condições dos troços
A Lancia chegava como grande favorita, a potência não seria determinante, e o ta-
embora sem Biasion – que também não lento e experiência de Salonen e Mikkola
“morria de amores” pelos ralis em per- dispensavam quaisquer apresentações
curso secreto, tal como o seu ídolo Walter - eram ainda apoiados pelo semi-oficial
Röhrl – mas com Alén, Ericsson e um Mikael Sundström. De resto, era de assi-
modelo privado para o mais britânico dos nalar a luta pela Taça FIA de Grupo N, que
finlandeses, Pentti Airikkala. Esperava- se decidia no RAC, entre Jorge Recalde
se forte reação por parte da Toyota, que (Lancia) e Pascal Gaban (Mazda).
parecia ter resolvido grande parte dos Como é habitual, o primeiro dia era um
problemas de juventude do Celica GT-4 e conjunto de “rallysprints” que não cau-
nos 1000 Lagos já tinha evidenciado an- sou grandes diferenças entre os favori-
damento para as vitórias, com uma equi- tos, com Kankkunen a liderar na frente de
pa composta por Kankkunen, Eriksson e Alén, enquanto a Toyota sofria duas baixas
Waldegård, a par de Jimmy McRae inscrito de vulto – Eriksson abandonava poucos
pela filial britânica. Da Ford pouco ou nada metros após a largada com problemas
se esperava, já que o Sierra RS Cosworth de motor, e poucas especiais depois era a
tinha apenas tração traseira e teria mui- vez de Jimmy McRae. Os Mazda também
tas dificuldades com o piso, mas a expe- tinham contratempos mecânicos, mas li-
riência de Blomqvist e o virtuosismo do mitavam muito bem as perdas. A segun-
jovem Sainz, aliados ao conhecimento da etapa era o ‘arranque a sério’, partindo

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da base do rali em Harrogate para as flo- furou e saiu de estrada, o que deixava na entre Kankkunen e os dois Mazda, que tida, mas o sueco voltou a furar e a perder
restas do norte de Gales, em que o gelo e frente, empatados, Mikkola e um feno- pela primeira vez em muitos ralis pare- muito tempo, por isso apenas Juha pare-
a neve eram predominantes. Kankkunen menal Kankkunen, claramente o piloto ciam estar a funcionar sem problemas e cia ser capaz de fazer frente à luta imposta
errou cedo e deixou Alén no comando, na mais rápido em prova, seguidos por Alén permitir aos dois campeoníssimos de- pela rival japonesa, mas era preciso não
frente de Ericsson e Waldegård, e atra- e Salonen. Notas positivas para Vatanen, monstrarem todo o seu virtuosismo. De esquecer Alén, que no seu melhor estilo
sou-se ainda mais com problemas me- muito esforçado apesar dos inúmeros pro- facto, Alén devorou os minutos de atraso ‘Maximum Attack’ tentava a todo o cus-
cânicos, mas pouco depois era Ericsson blemas de juventude do Mitsubishi, de um e não tardou a chegar ao segundo lugar, to regressar à luta pelo comando, apesar
a ser surpreendido pelo gelo e a despis- desconhecido Armin Schwarz ao volan- entre o líder Mikkola e Kankkunen, mas de só faltarem 11 classificativas no último
tar-se com violência, abandonando no te de um velhinho Audi 200 Quattro, e de na ânsia de assumir o comando saiu de dia, em torno de Yorkshire. O elevado rit-
local. Alén destacava-se no comando, Airikkala no seu Lancia privado, enquan- pista e ficou preso numa valeta, precisan- mo desta quarta etapa servia para atrasar
seguido de Waldegård e dos Mazda, en- to os Ford, tal como esperado, sem tração do de muita ajuda por parte dos espeta- ainda mais os Ford, enquanto Vatanen de-
quanto Kankkunen tinha que fazer face total, ‘passavam as passas do Algarve’ na dores para recolocar o carro na estrada, sistia com o motor partido. Já Sundström,
a um princípio de incêndio e se preparava neve e no lamaçal. perdendo no conjunto mais de seis mi- Airikkala e Schwarz continuavam as suas
para iniciar uma espetacular recuperação. Alén não tinha nada a perder e no regres- nutos e caindo para quinto. Kankkunen excelentes exibições e lutavam taco-a-
soaHarrogate forçouaomáximoparase e Waldegård surpreenderam taticamente -taco com os pilotos de fábrica.
KIELDER, O ‘ARGANIL’ DOS INGLESES aproximar da renhida luta pelo comando os Mazda ao jogarem com a ordem de par- Tudo se decidiu na quinta e última etapa,
sem nenhuma necessidade de ‘Shootout’
O terceiro dia de prova levou os pilotos pe- ou geringonças modernas semelhantes
los temíveis troços florestais de Grizedale e e arrepiantes para o verdadeiro entu-
de Kielder, e aqui a prova tornou-se numa siasta. Na 44ª das 52 especiais da prova,
autêntica roleta russa, já que os dois pri- Kankkunen cometia um erro e batia com
meiros dias tinham deixado os favoritos alguma violência numa árvore, desistindo
muito próximos e não houve ninguém com o motor demasiado danificado para
que sobrevivesse a este Rali RAC sem continuar. Surpreendido, Airikkala co-
cometer erros ou sofrer contratempos meteu o mesmo erro, mas o embate foi
mecânicos. A primeira vítima era Alén, menos violento e pôde continuar a sua
com problemas de travões e caixa de ve- grande prestação. E, na especial seguinte,
locidades que o atiravam para o terceiro era Sundström que não conseguia con-
lugar, mas Waldegård não aproveitava a ter os seus também famosos excessos
sua excelente forma devido a dois furos e desperdiçava um lugar mais que certo
consecutivos, e mais tarde a um despiste no top-6 com o Mazda na valeta. Mikkola
que o fez perder muito tempo. Alén ainda parecia ter a prova ganha, já que Alén,
mesmo tendo passado um Salonen em
quebra de ritmo, ainda estava longe, mas
parecia estar determinado que não seria
um Mazda a vencer o rali. Na 47ª especial,
Langdale, Mikkola ficou encadeado pelo
sol baixo matinal numa lomba e seguiu
em frente, ficando preso numa valeta com
alguns danos, que o obrigavam a desistir.
Assim, com sorte e muita perseverança,
numa toada super-ofensiva, Markku Alén
conseguia finalmente vencer o RAC, na
frente de Salonen e de Waldegård. Para
quem questionava a motivação de Alén,
esta terá sido uma boa resposta, mas não
suficiente para ter um programa completo
com a Lancia em 1989, o que levaria à sua
saída da equipa no final da época. Seria a
última vitória do finlandês, e assegurou-
-lhe (mais um) vice-campeonato. Atrás
de Waldegård, Airikkala confirmava o
seu talento ao volante de um Lancia pri-
vado, deixando muitos a questionar-se
porque não teria um programa de fábrica
em part-time, seguido do surpreenden-
te Schwarz que, na sua estreia no WRC,
surpreendia tudo e todos.
Quanto aos Ford, as limitações eram ób-
vias e foi Blomqvist a fechar top-6, na
frente de Sainz, que cometeu alguns erros
ao longo de todo o rali, fruto da inexperiên-
cia natural nos troços ingleses. Quanto à
Taça FIA de Grupo N, Recalde fora clara-
mente o melhor dos dois, mas Gaban ge-
riu o seu avanço e, com o sétimo posto na
categoria, conseguiu bater o argentino por
dois pontos.

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HONDA

» CBR 500R 2017

UMA DESPORTIVA POLIVALENTE

A Honda CBR 500R pertence a uma classe de desportivas
acessíveis. Pode ser conduzida com carta A2 e tem tido
especial sucesso, inclusivamente em pista, já que tem
servido de base não só para a organização de Troféus
monomarca como também integra o grupo de motos
homologadas pela DORNA para correr no Campeonato do
Mundo de Supersport 300

41

Pedro Rocha dos Santos o sucesso do Campeonato do Mundo sobe de cilindrada para 400, a KTM
[email protected] de Supersport 300, com quase 60 RC 390 e a Benelli 302 R.
inscritos ao longo do ano nas várias Sendo a Honda CBR 500R a de maior
N o Campeonato do Mundo provas, a Federação de Motociclismo cilindrada, 471cc, e de maior potência,
Supersport 300, que obteve de Portugal decidiu lançar também a 48 cv, decidimos começar pela mesma.
enorme sucesso em 2017, prova Supersport 300 inserida no seu O modelo em questão foi lançado já em
ano de arranque do mesmo, Campeonato Nacional de Velocidade. 2013 mas as suas linhas continuam
com nove provas disputa- Decidimos por isso ir tomar contac- atuais e a sua estética e dimensões
das em circuitos europeus, to com uma das suas protagonistas fazem lembrar a sua irmã mais velha
a Honda CBR500 R do piloto espanhol e conhecer melhor o seu desempe- de 1000cc.
Mika Perez obteve o 4º lugar da clas- nho. No grupo de motos homologadas A primeira impressão é a de uma moto
sificação geral atrás das Yamaha de para competir em Supersport 300 desportiva leve, muito ágil e de imedia-
Marc Garcia e Alfonso Coppola e da encontram-se para além da Honda to algo confortável na sua posição de
Kawasaki de Scott Deroue. CBR 500R, também a Yamaha R3, a condução, considerando o segmento
Este ano de 2018, em Portugal, dado Kawasaki Ninja 300, que para 2018 a que pertence, a deixar perceber a

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intenção da Honda em dotar este mo- máximo de 43 Nm às 7.000 rpm. É sentimos falta de um segundo disco na mais longos. A caixa de 6 velocidades
delo de maior polivalência, no sentido um motor ‘redondo’ com red line logo frente, até porque o piso molhado não é algo dura nas reduções.
de a mesma poder ser uma desportiva antes das 9.000 rpm, o que significa nos permitiu abusar em demasia da O painel de informação totalmente di-
para o dia a dia. que não é um motor muito rotativo e sua condução. No entanto, há a con- gital é bastante completo e de simples
O ensaio decorreu em dias chuvosos que prima antes pela suavidade e por siderar que as restantes motos deste leitura, com conta-quilómetros total
com piso molhado pelo que apreciámos um binário bem distribuído ao longo de segmento montam, todas elas, ape- e dois parciais, indicador de nível de
a progressividade do seu motor, com a todo o seu regime. Sentimos por isso nas um disco na dianteira. Sentimos combustível, indicador de velocidade
potência a aparecer de forma linear e a falta de um comportamento mais a falta de maior rigidez da suspensão e de rotações, relógio e indicadores
progressiva, sem grandes picos, o que vivo e aquele despertar que se espera dianteira em travagens mais incisivas luminosos - no topo do mesmo - de
facilitou a sua condução e compensou de uma moto de cariz desportivo nos pelo que, como já referimos, ajustámos óleo, temperatura, ponto morto, luzes,
a menor aderência que as estradas regimes mais altos. ligeiramente a pré-carga da mesma. piscas e ABS.
proporcionavam. Gostámos do equilíbrio que a CBR 500R Os acabamentos são excelentes, o Ficámos na expectativa de a ver em
Gostámos do conforto das suspensões, demonstrou na sua condução, muito banco é inclusivamente bastante con- pista já a partir de abril próximo, aos
embora em condução mais agressiva fácil de inserir em curva, ágil e ao mes- fortável e a proteção aerodinâmica, comandos de jovens pilotos que ve-
se mostrassem algo brandas - aca- mo tempo segura nas trajetórias em apesar da posição de condução ter uma nham a eleger a mesma para competir
bámos assim por ajustar as mesmas condução mais agressiva. A travagem, postura naturalmente direita, realida- em Supersport 300 no CNV de 2018.
em pré-carga na frente e atrás, pois que inclui ABS, revelou-se acertada de que não se espera numa desporti- A Honda CBR 500R está disponível em
ambas permitem esse ajuste. para as prestações da CBR 500R e va, é eficaz e garante conforto extra 4 cores, Mate Black, Millenium Red,
O motor bi-cilíndrico em linha debita o tato do travão da frente é, como é quando circulamos a maior velocidade Pearl White e Graphite Black e tem
48 cv às 8.500 rpm e tem um binário habitual nas Hondas, excelente. Não ou quando temos que realizar trajetos um PVP de 6.600 euros.

43

FT/ F I C H A T É C N I C A

471 CC

CILINDRADA

48 CV

POTÊNCIA

16,7 L

DEPÓSITO

194 KG

PESO

6 600€

PREÇO BASE

MOTOR 2 CILINDROS EM LINHA, 471CC, 4 TEMPOS,
DOHC INJEÇÃO ELETRÓNICA, REFRIGERAÇÃO
LÍQUIDA POTÊNCIA 48 CV ÀS 8.500 RPM
BINÁRIO MAX. 43 NM ÀS 7.000 RPM TAXA DE
COMPRESSÃO DE 10,7:1 ARRANQUE ELÉTRICO
EMBRAIAGEM MULTIDISCO EM BANHO DE
ÓLEO TRANSMISSÃO FINAL POR CORRENTE,
CX. DE 6 VEL., QUADRO EM AÇO TIPO DIAMANTE
TRAVÃO DE DISCO DIANTEIRO DE 320 MM
COM ABS TRAVÃO DE DISCO TRASEIRO DE
240 MM COM ABS SUSPENSÃO DIANTEIRA
TELESCÓPICA CONVENCIONAL DE 41 MM COM
AJUSTE EM PRÉ-CARGA SUSPENSÃO TRASEIRA
MONO-AMORTECEDOR PRO-LINK COM AJUSTE EM
PRÉ-CARGA E BRAÇO OSCILANTE EM AÇO DE SECÇÃO
QUADRADA PNEU DIANTEIRO 120/70-17 PNEU
TRASEIRO 160/60-17 JANTES MULTI-RAIOS EM
ALUMÍNIO FUNDIDO DIMENSÕES COMPRIMENTO
2.080MM, LARGURA MAX750MM, ALTURA 1.145MM
DISTÂNCIA AO SOLO 140MM ALTURA DO BANCO
785MM DISTÂNCIA ENTRE EIXOS 1.410MM

CONCORRÊNCIA KAWASAKI NINJA / 400 CC / 2 CIL. KTM RC 390 / 373 CC / 1 CIL. YAMAHA R3 / 321 CC / 2 CIL.

BENELLI 302R / 300 CC / 2 CIL. 45 CV 44 CV 42 CV

38 CV POTÊNCIA POTÊNCIA POTÊNCIA

POTÊNCIA 170 KG 147 KG 169 KG

203 KG PESO PESO PESO

PESO 6 250€ 5 998€ 5 595€

5 390€ PREÇO BASE PREÇO BASE PREÇO BASE

PREÇO BASE

+44

BMW

» 225d COUPÉ

SE NÃO É DESPORTIVO... IMITA MUITO BEM! Francisco Cruz 1,8 m de largura e pouco mais de 1,4 de
[email protected] altura, o Série 2 reflete estas dimensões
Se está à procura de um pequeno coupé, a diesel, mas exteriores, no habitáculo, onde, a par da
também de ambições desportivas, então, o renovado Rival direto de propostas como o elevada qualidade de construção e um de-
Audi A3 Sedan ou o Mercedes- sign em tudo idêntico ao do Série 1, surge
BMW Série 2 pode muito bem ser a opção! Em particular, Benz CLA, pode dizer-se que o também uma habitabilidade que continua
na versão 225d, que, com os seus 224 cv e tração traseira, BMW Série 2 começa por se- a privilegiar os ocupantes dos lugares da
guir aquela que é a tendência frente. Com o condutor a beneficiar de uma
faz-nos pensar que, se não é um verdadeiro desportivo... inter-pares, procurando fazer excelente posição de condução, graças a
imita muito bem! do aspeto exterior um dos seus primeiros volante e banco desportivos (parte do já
e mais fortes argumentos. Especialmente, referidopack“M”),esteúltimo, revestido
LEIA MAIS ENSAIOS E ACOMPANHE após o restyling a que foi sujeito já este a pele Dakota (1.170€), com ótimos apoios
TODAS AS NOVIDADES EM AUTOSPORT.PT ano, e que lhe trouxe os faróis em LED laterais e a garantir acesso fácil a coman-
(adaptativos, por 658€), uma nova grelha dos. Melhor, inclusive, que a visibilidade
frontal tipo rim mais larga, novos faróis traseira, quase nula.
de nevoeiro também em LED, um pára- Já para os passageiros dos lugares de trás,
-choques dianteiro com entradas de ar que nunca poderão ser mais de dois, li-
redesenhadas, novas cores exteriores (3) mitações no espaço para colocar os pés,
e jantes (4), além de farolins igualmente assim como em altura (mais de 1,70 de
retocados. Argumentos a que, no caso do altura, é roçar com a cabeça no teto), sendo
carro por nós testado, se juntava ainda a que o próprio ato de (tentar) sair, implica
linha de equipamento “M” (2.471€), sinóni- igualmente algum esforço.
mo, entre outros, de jantes de 18 polegadas Na bagageira, uma capacidade de carga
com pneus Bridgestone Potenza Runflat de 390 litros e que torna este Série 2 mais
225/40 à frente e 245/35 atrás, suspensão apto para acomodar bagagens que, por
desportiva “M” (10 mm mais baixa), pack exemplo, um Volkwagen Golf, mesmo
aerodinâmico “M”, além de um spoiler se com um acesso mais apertado e alto.
traseiro também “M”. Oferecendo, já no interior, dois pequenos
Com 4,4 metros de comprimento, quase alçapões nas laterais, ganchos porta-sa-
cos (muito baixos), além da possibilidade

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de rebatimento 40:20:40 das costas dos quase imperceptíveis, além de uma ajuda aproveitar ao máximo o gozo que este FT/ F I C H A T É C N I C A
bancos traseiros, no seguimento do piso. preciosa para um motor que, nem mesmo BMW 225d oferece ao volante, apoiado
Sendo apenas necessário acionar as ala- o facto de utilizar um combustível menos também numa estabilidade, agilidade e 2.0 / 224 CV
vancas no teto da bagageira. ‘nobre’, o impede de anunciar prestações capacidade de inserção em curva, de que
Num carro com quase 13 mil euros de de verdadeiro desportivo - a começar poucos desportivos do género se poderão GASÓLEO
opcionais, dos quais apenas cerca de numa aceleração dos 0 aos 100 km/h em gabar. Algo para o qual também contri-
2.500€ dizem respeito à já citada “Versão 6,3 segundos e numa velocidade máxima buem as borrachas Bridgestone Potenza, 6,2 S
Desportiva M”, destaque-se o facto da- a roçar os 250 km/h. Tudo com consumos o já conhecido sistema de quatro modos
quele que é um dos seus maiores ar- de autêntico diesel (7,4 l/100 km), além de de condução - Comfort, Eco Pro, Sport e 0-100 KM/H
gumentos, o quatro cilindros 2.0 litros uma correcta filtragem, tanto das vibra- Sport+ -, e até mesmo a função Launch
turbodiesel, derivação mais potente do já ções, como da sonoridade. Control que permite fazer arranques a 4,3L
muito conhecido 20d, a anunciar 224 cv às Garantia permanente de uma capacidade fundo, sem perdas de motricidade.
4.400 rpm e 450 Nm de binário logo a partir de aceleração e disponibilidade verdadei- Afinal, tudo argumentos naturais num 100 KM
das 1.500 rpm, ser - felizmente! - de série. ramente surpreendentes, a juntar a uma verdadeiro desportivo, epíteto que este
Tal como, de resto, a caixa automática distribuição de pesos perfeita (50:50), uma BMW 225d Coupé nem sempre lhe vê 114
desportiva de 8 velocidades, sinónimo suspensão genuinamente desportiva e reconhecido. Mas, lá que imita bem, disso,
de passagens especialmente rápidas e uma direção que não lhe fica atrás, resta não fiquem dúvidas! G/KM- CO2

48 600€

PREÇO BASE

COMPORTAMENTO / MOTOR / CAIXA /
CONSUMOS
VISIBILIDADE TRASEIRA / LUGARES
TRASEIROS / ‘OBRIGATORIEDADE’
DE OPCIONAIS

MOTOR 4 CIL. EM LINHA, INJEÇÃO DIRETA,
TURBOCOMPRESSOR DE GEOMETRIA VARIÁVEL E
INTERCOOLER, 1995 CM3 POTÊNCIA MÁX. 224 CV
/ 4400 RPM BINÁRIO MÁX. 450 NM / 1500-3000
RPM TRANSMISSÃO TRASEIRA, COM CX. AUT.
DE 8 VEL. SUSPENSÃO TIPO MCPHERSON COM
MOLAS HELICOIDAIS À FRENTE E MULTI-LINK COM
MOLAS HELICOIDAIS ATRÁS TRAVÕES DV/D VEL.
MÁX. 243 KM/H PESO 1505 KG MALAMALA 390 L
DEPÓSITO 52 L

+

SEAT Leon Cupra é um deleite para a vista, para MOTOR (E NÃO SÓ) FAVORECIDO
quem gosta de desportivos sóbrios e sem
» LEON 2.0 TSI 300 CUPRA DSG um design que grita: ‘olhem para mim’. Um dos pergaminhos do Cupra foi o tí-
A novidade em 2017 foi o acréscimo de tulo em 2015 de carrinha mais rápida em
UMA BOMBA FEROZ QUE PODE SER UMA ‘LADY’ potência, colocando o Leon Cupra no Nürburgring. A Leon ST Cupra bateu a
domínio dos intensos Honda Civic Type Audi RS4 Avant na mítica pista, conhecida
O Seat mais potente de sempre (se não contarmos com R ou do Ford Focus RS mas, no caso do como o Inferno Verde. O Leon Cupra de
edições especiais ou com o próximo Cupra R) é um animal Seat, vem com versões de três e cinco 290 cv já era impressionante. Mas não
feroz, que pode ser domado para a utilização do dia a dia, portas e carrinha. nos sentimos mais perto do perigo ou
mas que adora rotações elevadas e curvas apertadas. Só A Seat diz que este é o seu modelo mais vulneráveis na nova versão mais potente.
faltou ir brincar para a pista potente de sempre, mas em breve vai Ao ganho de 10 cv – passou para os 300
surgir o Cupra R, com 310 cv de potência cv – o bloco 2.0 TSI também passou a
João Tomé começou em 1996 e dura até agora, com (entre outras mordomias de desportivo). oferecer 30 Nm mais – passou para os 380
[email protected] 15 versões Cupra a serem produzidas. Testámos a versão mais apetecível para a Nm –, entre as 1800 e as 5500 rpm, o que
Mais recentemente, surgiram boatos que condução, a versão de cinco portas. dá ao Cupra uma margem de intensidade
Cupra. Só o nome prome- Cupra será também o nome que a Seat vai As únicas diferenças estéticas para a muito larga.
te. O termo deriva do grego, dar a uma nova divisão de performance, à versão anterior, menos potente, são as E, mesmo tendo menos 20 cv do que o
Kupria, um dos outros no- semelhança da Mercedes, que tem a AMG novas luzes Full LED na frente e na traseira, Civic Type R, faz dos 0-100 km/h nos
mes para a deusa Afrodite. ou da Volvo, com a Polestar. uma grelha dianteira mais volumosa e o mesmos 5,7 segundos. Já o mais potente
A Seat, no entanto, tem outra facto de propor agora novas jantes de 19 Focus RS (com motor de 2.3 litros e 350
inspiração: vem de Cup Racing DESIGN SÓBRIO polegadas. cv de potência máxima), demora menos
(CupRa), ou seja, competição desportiva. História à parte, a versão mais recente do No interior não se notam diferenças, um segundo, mas também custa mais
É com este nome que a marca de Martorell mantendo tudo concentrado na consola seis mil euros que o Cupra e mais três
mostra o que consegue fazer no capítulo central, onde brilha o ecrã táctil de oito mil que o Type R. Na velocidade máxima,
de carros desportivos, numa tradição que polegadas, que mantém o mesmo sistema o Leon Cupra está limitado aos 250 km/h
multimédia FullLink. (o Type R chega aos 272 km/h e o Focus
Não faltam também sistemas de segu- RS 266 km/h).
rança ativa mais evoluídos neste modelo,
como o cruise-control ativo, o alerta AO VOLANTE
de transposição de faixa de rodagem,
travão automático de emergência com A caixa de 6 velocidades automática DSG
detetor de peões e o sistema de esta- é igual em todas as versões (quem quiser
cionamento automático. poder encomendar uma caixa manual de
seis velocidades) e também continua igual
a si mesma. Temos a ajudar pequenas

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FT/ F I C H A T É C N I C A

patilhas (pena serem de plástico) fixas portivo com melhor feedback da direção, é A travagem também é de grande nível, 2.0 / 300 CV
no volante. um dos mais completos, entusiasmantes já que temos discos à frente e atrás da
Astransiçõessãosuavesquandooptamos e práticos de conduzir. Brembo. GASOLINA
por uma condução calma, mas fica ner- A ajudar temos cinco modos de condução
voso sempre que acordamos o pequeno (o chamado Cupra Drive Profile, um botão EM RESUMO 5,7 S
monstro que está por baixo do capot, que podia estar colocado num local com A dupla personalidade do Leon Cupra
especialmente no modo Cupra. maior destaque). Entre Comfort, Sport, 300 é o seu elemento mais entusias- 0-100 KM/H
As recuperações são impressionantes Eco, Individual e o explosivo Cupra, po- mante. Não só é um desportivo compe-
neste modelo de tração dianteira (só demos gerir a resposta do acelerador, tente, sonoro e viciante, como permite 6,7 L
a carrinha tem uma versão 4x4), que da caixa de velocidades DSG, no controlo uma utilização calma, típica do dia a
corresponde sempre com ânimo e um de tração, na assistência da direção e no a dia, com conforto acima da média 100 KM
rosnar viciante, mas consegue ser um autoblocante do diferencial. Desligando o e consumos razoáveis pouco acima
verdadeiro cavalheiro, ou animal domado, controlo de estabilidade e de tração é fácil dos 8 l/100 km (se não cedermos à 156
se quisermos ter uma condução calma. apimentar a experiência, ‘soltando’ com tentação de carregar no acelerador,
É nas rotações mais elevadas que ele se relativa facilidade a traseira (tem alguma que o ‘atira’ para os 15 l/100 km). G/KM- CO2
revela repentino, intenso, brusco, sonoro, sobreviragem, mas é muito estável nas Como diria o Marco Paulo: é uma lady
maravilhoso. E mesmo não sendo o des- curvas). na ‘mesa’ e uma louca ‘na cama’. 44 693€

PREÇO VERSÃO ENSAIADA

SENSAÇÕES DE CONDUÇÃO /
EQUILÍBRIO / CAIXA DSG

DIREÇÃO

MOTOR 4 CIL. EM LINHA, TURBO, 1984 CM3
POTÊNCIA MÁX. 300 CV / 5500 RPM
BINÁRIO MÁX. 380 NM / 1800 RPM
TRANSMISSÃO DIANTEIRA, CAIXA AUTO. DSG
DE 6 VEL. SUSPENSÃO TIPO MCPHERSON À
FRENTE E MULTI-LINK ATRÁS
TRAVAGEM DV/DV PESO 1421 KG MALA 380 L
DEPÓSITO 50 L VEL. MÁX. 250 KM/H

E/ Dando cumprimento ao estabelecido no n° mais importantes provas de desporto au- leitores uma informação atual, rigorosa abordagem e de análise dos factos noti-
1 do artigo 17° da Lei 2/99, de 13 de Janeiro, tomóvel disputadas em território nacional e de qualidade, opinando sobre tudo o ciosos, com total abertura à interatividade
ESTATUTO Lei da Imprensa, publica-se o Estatuto e no estrangeiro, relata acontecimentos que se passa na área do automóvel e dos com a sua comunidade de leitores. 4. O
EDITORIAL Editorial da publicação periódica AutoSport: ligados à competição automóvel, bem como automobilistas, numa perspetiva plural, re- AutoSport pratica um jornalismo pautado
1. O AutoSport é um semanário dedicado temas que versam o automóvel como bem cusando o sensacionalismo e respeitando pela isenção, sem comprometimentos
ao automóvel e aos automobilistas, nas de consumo, tanto na área industrial como a esfera da privacidade dos cidadãos. 3. ou enfeudamentos, tendo apenas como
suas mais distintas vertentes: desporto e comercial. O AutoSport pauta as suas opções edito- pressuposto editorial facultar a melhor
competição, comércio, indústria, segurança 2. O AutoSport está comprometido com riais por critérios de atualidade, interesse informação e a melhor formação aos seus
e problemática rodoviária. O AutoSport o exercício de um jornalismo formativo e informativo e qualidade, procurando apre- leitores, seguindo sempre as mais elemen-
edita, semanalmente, conteúdos sobre as informativo e procura oferecer aos seus sentar aos seus leitores a mais completa tares normas deontológicas.

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