The words you are searching are inside this book. To get more targeted content, please make full-text search by clicking here.
Discover the best professional documents and content resources in AnyFlip Document Base.
Search
Published by hmilheiro, 2020-05-03 11:11:00

AutoSport_2210

AutoSport_2210

#2210 O SEMANÁRIO DOS CAMPEÕES 42
ANO 42
anos
06/05/2020
Semanal >> autosport.pt

2,50€ (CONT.)

DIRETOR PEDRO CORRÊA MENDES

F1 AEMRRJAUNLHCOA
GP DA ÁUSTRIA PARA COMEÇAR
BANCADAS SEM PÚBLICO
CHASE CAREY, CONFIANTE, MAS NÃO SEGURO
>> AUDI SAIU DO DTM >> ENTREVISTA A BRUNO CORREIA

RCAALINDECPOERLTAUGDALO DS3PÁG. 42
CROSSOBACK
E-TENSE

MAGNÍFICA.

ESTA É A MELHOR ‘MUSCLE ROADSTER’ DE ALTO DESEMPENHO

Num segmento único e exclusivo, a nova Rocket 3 é a herdeira de uma lenda do motociclismo.
A nova Rocket 3 R estabelece uma nova referência em matéria de agilidade e carácter e oferece binário, aptidões, controlo e conforto líderes
na sua classe. Combina o maior valor de binário de uma moto de série – 221Nm às 4000rpm – produzido pelo motor de moto de maior
cilindrada do mundo, com tecnologia e um equipamento topo de gama. Uma experiência de condução sem paralelo para qualquer dia, em
qualquer ambiente, sem esforço.
Para além do seu desempenho ímpar, a nova Rocket 3 R tem uma presença musculada sem igual e um estilo magnífico, detalhes
espectaculares e acabamentos de primeira.

Saiba mais em: triumphmotorcycles.pt
TRIUMPH LISBOA: 218 292 170 TRIUMPH PORTO: 224 108 000

3

I/ I N S TA N TÂ N E O SIGA-NOS EM EDIÇÃO

#2210
06/05/2020

f l> > a u t o s p o r t . p t
facebook.com/autosportpt twitter.com/AutoSportPT

TEMPESTADE A foto ilustra bem a grande tempestade por que passa todo o desporto motorizado, mas como em tudo na vida José Luís Abreu
o Sol não demorará a brilhar, especialmente se forem tomadas boas decisões que ajudem na necessária recuperação
DIRETOR-EXECUTIVO
S/ SEMÁFORO EM DIRETO
[email protected]
PARADO A ARRANCAR A FUNDO “Temos de ser humildes e ouvir
todos. Amamos o desporto Recentemente surgiu uma
Desporto motorizado A Fórmula 1 tem Jean Todt exorta o motorizado, mas neste discussão na Fórmula 1
continua parado em previsto o seu mundo motorizado a momento não é essencial para a relativamente à possi-
todo o mundo e só arranque para o início repensar por completo sociedade. Temos de assegurar bilidade de voltar a haver
daqui a mais algum de julho, mas para já é o desporto e sugere que fazemos as escolhas carros-cliente, ou seja,
tempo será possível apenas um “processo corretas e repensar o desporto”, algumas equipas com-
começar a perceber de intenções” que um ‘novo acordo’, prarem monolugares ‘completos’
carece de confirmação como os EUA e o resto Jean Todt, Presidente da FIA, que sugere a outras ao invés de construírem
quando poderá do governo austríaco mundo fizerem depois uma nova abordagem para o ‘Motorsport’. os seus. Hoje em dia há a possibi-
regressar da Grande Depressão lidade de adquirir algumas peças,
“Todos os anos mudo a minha como se sabe os motores, caixas
O SEMANÁRIO DOS CAMPEÕES NA ERA DIGITAL técnica, todas as temporadas de velocidades e alguns outros
continuo a evoluir em termos componentes, mas não o carro
técnicos. Já tive de mudar todo. Christian Horner sugeriu
subtilmente a forma de pilotar isso recentemente, a Ferrari já o
por causa dos pneus, para me fez várias vezes no passado, mas
adaptar. Faz parte do jogo.”, a FIA nunca o permitiu, sempre
quis a maior diversidade possí-
Lewis Hamilton, ‘explicando’ em parte vel. Claro que os custos de fazer
porque continua a vencer. algo próprio são maiores e com
os meios das principais equipas,
“O WRC está demasiado caro Ferrari, Mercedes e Red Bull, que
e é mais importante ter mais são quase infinitamente maiores,
equipas do que carros de aspeto as diferenças entre estes carros
mais ‘elegante’”, Ott Tanak, e os restantes é quase abismal.
Na venda de carros ‘completos’ há
preocupado com os efeitos da pandemia. pontos positivos, mas os negativos
são bem maiores e o que suce-
Siga-nos nas redes sociais e saiba deu no DTM é o perfeito exemplo.
tudo sobre o desporto motorizado no De repente, se algumas equipas
computador, tablet ou smartphone via ‘grandes’ decidem sair da F1 a mo-
facebook (facebook.com/autosportpt), dalidade ficaria em maus lençóis.
twitter (AutosportPT) ou em Por exemplo, se a Mercedes saísse
>> autosport.pt ninguém gostaria de ver dez Ferrari
e outros tantos Red Bull a correr. O
sistema atual só não é bom num
aspeto: permitir que três equipas
gastem 400 ou 500 milhões e ou-
tras sete não terem mais que 100
milhões é concorrência desleal. E
isto pode ser corrigido pelo teto
orçamental. Mesmo havendo um
limite as melhores equipas te-
rão sempre os melhores pilotos
e carros, mas o fosso deixaria de
ser tão grande e certamente não
teríamos que esperar sete anos
para ver novo triunfo sem ser da
Ferrari, Mercedes ou Red Bull.

4 m/
MOTORES

Fórmula 1 confirmou na passada semana
os primeiros pormenores do que poderá vir
a ser o seu calendário para 2020. Pode vir
a ser porque neste momento é impossível
ter certezas quando ao estado da pandemia

FÓRMULA 1 Adaquiapoucomaisdedoismeseseporisso
qualquer decisão atual não é definitiva.
Tal como se esperava, a competição tem previsto
arrancar com o Grande Prémio da Áustria, em julho
e sem público.
De acordo com o comunicado lançado pela F1 e assi-
nado por Chase Carey, CEO da Fórmula 1: “estamos
PLANEIA cadavezmaisconfiantescomosprogressosdos
ARRANCAR nossos planos para iniciar a nossa época de F1 neste
verão. Estamos a preparar um começo na Europa en-
tre julho, agosto e início de setembro, com a primei-
ra corrida a ter lugar na Áustria no fim-de-semana
de 3 a 5 de julho.
Nos meses de setembro, outubro e novembro conta-
mos que nos vejam correr na Europa, Ásia e Américas,
terminando depois a época no Golfo em dezembro com

EM JULHO o Grande Prémio do Bahrein antes da tradicional final
em Abu Dhabi. Desta forma teremos completado en-
tre 15 e 18 corridas. O nosso calendário será finalizado
o mais rapidamente possível”, lê-se no comunicado
emanado pela F1 que confirma também a ausência
de público nas primeiras corridas: “Esperamos que
as primeiras corridas se realizem sem adeptos, mas
contamos que os fãs possam fazer parte dos nossos

eventos à medida que avançamos no calendário. Ainda

temos de resolver muitas questões, tais como os pro-

cedimentos para as equipas e todos os nossos outros
A Fórmula 1 planeia arrancar no início de julho, na Áustria, sem público e também sem parceiros, no que ao entrar e operar em cada país diz
certezas. Só a evolução da Covid-19 permitirá tomar decisões e para já é demasiado respeito. A saúde e segurança de todos os envolvidos
cedo. O plano está traçado, vamos ver se é cumprido continuará a ser uma prioridade e só avançaremos se

estivermos confiantes de que dispomos de procedi-
José Luís Abreu mentos fiáveis para abordar tanto os riscos como as
[email protected] possíveis questões de segurança.”
FOTOS Arquivo AutoSport “A FIA, as equipas, os promotores e outros parceiros-

>> autosport.pt

5

-chave têm trabalhado connosco ao longo dos últimos
tempos e queremos agradecer-lhes todo o seu apoio
e esforços durante este tempo incrivelmente difícil.
Queremos também reconhecer o facto das equipas
nos terem apoiado ao mesmo tempo que têm vindo
a concentrar enormes e heróicos esforços na cons-
trução de ventiladores para ajudar os infetados pela
COVID-19. Enquanto avançamos com os nossos pla-
nos para 2020, também temos trabalhado ardua-
mente com a FIA e as equipas para reforçar o futuro
a longo prazo da Fórmula 1, através de uma série de
novos regulamentos técnicos, desportivos e financei-
ros que irão melhorar a competição e a ação na pista e
torná-la mais saudável para todos os envolvidos, em
especial à medida que abordamos as questões criadas
pela pandemia da COVID-19. Todos os nossos planos
estão obviamente sujeitos a alterações uma vez que
ainda temos muitas questões a resolver e todos nós
estamos sujeitos às incógnitas do vírus. Queremos
que as coisas regressem tal como estavam, mas re-
conhecemos que isso deve ser feito da forma mais
correta e segura.”
“Estamos ansiosos por fazer a nossa parte, permitindo
que os nossos adeptos voltem a partilhar em seguran-
ça o entusiasmo da Fórmula 1 com a família, os ami-
gos e a comunidade em geral”, lê-se no comunicado.

HÁ VIDA PARA LÁ DA SARS-COV-2... vel que vá ser um dos grandes problemas, podendo ridas, mas como? São fretados aviões para 2.000 pes-
mesmo em última análise impedir todo e qualquer soas, previamente testadas, são levadas do aeroporto
SÓ FALTA SABER COMO desporto internacional na Europa. diretamente para os hotéis onde estão confinadas e daí
Sendo verdade que a F1 ou uma outra qualquer com- para o circuito – hotel – circuito durante quatro dias?
Com todas as movimentações que já se perceberam petição se pode tornar muito autónoma sempre que Fazem a corrida e ficam uma semana fechados nos
existir no seio do 'motorsport' europeu, a época mo- chega a um local, um circuito por exemplo, tudo o que hotéis, ou vão todos os dias para o circuito preparar a
torizada deve recomeçar numa qualquer data já no fica para lá disso pode ser problemático. corrida da semana seguinte, onde repetem tudo e no
verão, cada disciplina com as suas 'nuances'. A Fórmula 1, arrancando na Europa, pode realizar cor- fim regressam a casa nos mesmo aviões fretados? Em
Na F1, Ross Brawn não esconde que a disciplina quer
arrancar o mais depressa possível, mas há aqui uma
grande incógnita que não se reduz somente à Fórmula
1 porque o simples facto de viajar, para as equipas e
para todos os diretamente envolvidos neste grande
fenómeno que são as corridas, pode e é muito prová-

M/ >> autosport.pt
MOTORES

6

teoria isto pode resultar. Mas e os ralis?
A caravana é menor, mas na melhor das hipóteses,
têm que estar no local da prova na terça-feira à noite,
os reconhecimentos em estradas públicas são quarta
e quinta feira, levam umas 'sandochas' ou um furgão
de catering atrás para cada equipa? E durante o rali, o
público vai para locais previamente escolhidos pela
organização com distanciamento social ou liberta-
-se ao longo dos troços, confiando que vão seguir as
regras de distanciamento social? Isto se estivermos
a falar desde o início de agosto, onde se prevê que o
estado das coisas já melhorou muito.
Será assim? Por exemplo, a Finlândia decretou a proi-
bição de concentrações de mais de 500 pessoas até ao
final de julho. E se prolongar essa medida? Em teoria
será suficiente para que se realize a prova, que se dis-
puta de 6 a 9 de agosto, mas isso só se saberá mais lá
para a frente, até porque esta questão nunca terá so-
mente a ver com o que acontecerá na Finlândia mas
em muitos outros países europeus, sendo que muitos
deles estão ainda a ser muito afetados pela pandemia.
Tudo isto para dizer que está em cima da mesa pura e
simplesmente anular o campeonato. Os responsáveis
do WRC querem disputar o maior número de provas,
parece ser perfeitamente possível que isso suceda,
mas que não exista a mais pequena dúvida que está
em cima da mesa a possibilidade de simplesmen-
te não haver mais WRC este ano. Que fique também
claro que isto só mesmo em último caso, aliás como
em todas as outras competições 'internacionais' que
requerem viagens extra-fronteiras. Se tivéssemos
que apostar diríamos que vai haver algumas provas
do WRC europeias e logo se verá o que acontece às
intercontinentais, neste caso por causa dos custos.

COMPETIÇÕES NACIONAIS MAIS FÁCEIS camente que se vai ter que contar com o bom senso aos exíguos transportes públicos para ir trabalhar,
dessas mesmas pessoas. Não será preciso polícia a por exemplo.
Se na questão das competições internacionais há para cada metro dos troços para verificar se há distancia- Aí sim será perigoso se não tivermos os cuidados de nos
já um problema, que neste momento não se sabe como mento social, mas vai ter que haver polícia, como já protegermos o mais possível. Ir ver um rali para o Pinhal
poderá ser resolvido sem que haja mais informação, já existiria de qualquer modo nos locais onde seja pre- de Leiria ou alto da Fóia? Qual é o problema? Ninguém é
no caso do desporto nacional a questão é diferente. Para visível mais fácil acesso aos troços, e aí sim impedir obrigado ir para junto de ninguém, até porque todos po-
já porque não há fronteiras. E por falar em fronteiras, das as pessoas de ficarem juntas. dem conversar afastados. Portanto, não tenha a mais
nossas três provas internacionais o Rali de Portugal já Não se pode esperar que em zonas como o Confurco e pequena dúvida. Se há modalidades possíveis de se
foi cancelado, o Azores Rally foi adiado para setembro, o Salto de Fafe – que este ano logicamente já não serão disputarem sem grande problemas caso haja os compe-
mas também neste caso há que deixar passar tempo problema porque o Rali Serras de Fafe e Felgueiras já tentes cuidados por parte de todos os intervenientes são
para perceber se o coronavírus SARS-CoV-2, causa- foi e o Rali de Portugal não vai haver – seja permitido os ralis, o todo-o-terreno e, claro, as corridas em pista.
dor da Covid-19, vai 'permitir' que a ilha de São Miguel que as pessoas se juntem. Para haver ralis seguros Se calhar não vai haver super especiais citadinas, lógi-
possa receber gente de vários países europeus. Neste terá que estar muito bem intrínseco nos adeptos que co que não. Não vai haver zonas espetáculo a convidar
caso, parece-nos que tudo o que é internacional e re- não vão poder juntar-se. Eu e qualquer outra pessoa o público a juntar-se ali. Claro que não. Li em algum
queira transposição de fronteiras pode ser complicado. podemos ir ver um rali e não ficar perto de ninguém lado que “espalhar as pessoas nos troços é um con-
No caso do Rali da Madeira, como se sabe, na sequência (eventualmente só a família com quem estamos fe- vite à desgraça”. Errado. Se é importante as pessoas
de uma normativa emanada pela IASaúde que deter- chados em casa), ter exatamente os mesmos cuida- saberem defender-se do vírus, é ainda mais impor-
mina que grandes certames e consequentes aglome- dos que se tem quando se vai às compras a um su- tante que as pessoas se saibam proteger e que assis-
rados, na Madeira, são proibidos até ao fim do mês de permercado e afastarmo-nos das pessoas. tam ao rali ou ao TT em segurança, sendo que nunca
agosto, dificilmente a prova se realizará em 2020. Para Abrir a possibilidade de ir ver um rali ao vivo não é podem deixar de ser alertadas para esse facto e os
já viajar para a ilha significa ter que cumprir quaren- um convite para apanhar o vírus mas antes tentar cuidados que têm de ter...
tena e lá mais para a frente é bem provável que mui- viver uma vida o mais normal possível, tendo sem- Resta esperar mais algum tempo pois é aí que está o
tas cautelas continuem a ser tomadas. pre em mente os cuidados que devemos ter daqui segredo disto tudo. Quanto mais tempo passar, mais
Quanto às restantes provas do Campeonato de Portugal para a frente. Que não haja a menor dúvida que nos facilmente vamos saber com o que podemos contar.
de Ralis não deverá haver grandes condicionantes próximos meses vamos ser bombardeados com es- Ninguém tem certezas de nada neste momento, mas
para a realização das provas, sendo certo que vai ha- tes cuidados que teremos de ter e por isso não vale o cenário é bem melhor do que era há duas ou três se-
ver estritas determinações das autoridades de saú- a pena as pessoas preocuparem-se com o perigo de manas, ainda que não nos EUA que está agora a pas-
de, específicas para cada caso, leia-se, desporto. No ir ver um rali, quando daqui a provavelmente uma sar por uma realidade que a Europa já está a começar
caso dos ralis, parques de assistência mais espaçados, ou duas semanas, a grande maioria tem que voltar a deitar para trás das costas.
eventualmente fechados aos espectadores e público
espalhado o mais possível pelos troços.
Aqui convém fazer uma ressalva que está a confundir
algumas pessoas, especialmente nas redes sociais,
onde como é habitual as opiniões são extremadas.
Quando se fala em permitir que os espectadores se
espalhem pelo troços e se impeça aglomerados, logi-



8 WRC/
CAMPEONATO DO MUNDO DE RALIS
PORRATLUIGDAEL
OLHAR PARA
OFUTURO

ONum contexto em que Rali de Portugal vive um mo- Norte e subiu novamente vários degraus Automóvel Club de Portugal envidou to-
mento histórico. A prova do deexcelência,aoafirmar-sedenovocomo dos os esforços para que a mesma tivesse
ninguém consegue neste ACP já passou por imensos uma das melhores provas do calendário. lugar ainda este ano, no final de outubro.
momento prever o que vai momentos difíceis dos quais Só mesmo um maldito vírus foi capaz de Depois de avaliadas, em conjunto com os
acontecer com a pandemia soube sempre dar a volta e este ajoelhar o Rali de Portugal que mais uma parceiros da prova, autarquias e patroci-
vez será capaz de ultrapassar todos os nadores, todas as condições sanitárias e
de coronavírus, o Rali de obstáculos e ressurgir mais forte em 2021. de segurança que o WRC Vodafone Rally
Portugal 2020 foi oficialmente cancelamento é mais um, quiçá de Portugal exige, as mesmas não são
cancelado já que as o mais difícil, que não o mais trágico. Nos INEVITÁVEL compatíveis com a imprevisibilidade que
incógnitas são bem maiores seus mais de 50 anos de história, o Rali vivemos, além da incerteza da abertura
que as certezas e, por isso, o de Portugal foi cancelado pela primeira Assim que se ficaram a conhecer as con- das fronteiras e do espaço aéreo. Assim,
ACP entendeu que é melhor primeira vez. sequências da pandemia que se percebeu o Automóvel Club de Portugal é forçado a
colocar o foco já em 2021 Aprovapassoupelafaltadecombustível ser quase impossível a realização do Rali cancelar a etapa nacional do Campeonato
de Portugal na data inicialmente previs- Mundial de Ralis da FIA 2020.
para se realizar, em 1974, mas foi em fren- ta, 21 a 24 de maio. A 24 de março o WRC O Automóvel Club de Portugal lamenta
Vodafone Rally de Portugal 2020, quinta profundamente esta decisão, mas é a
José Luís Abreu te, passou pela tragédia de 1986 e soube ronda do Campeonato Mundial de Ralis, única que poderia assumir de forma res-
[email protected] dar a volta a reerguer-se. Uma intem- foi adiado: “Queremos agradecer a todos ponsável perante os milhares de adeptos,
FOTOS ACP MotorSport/Paulo Maria, périe descomunal em 2001 foi o pretex- os nossos patrocinadores e parceiros pela equipas, autarquias, patrocinadores e to-
@World/A. Lavadinho; ZOOM toperfeitoparaosdecisoresencaixarem compreensãoeesperamoscontarcomto- dos os envolvidos na prova, responsável
MotorSport/A. Silva o Rali da Alemanha no Mundial de Ralis dos numa data posterior este ano”, disse em 2019 por um impacto na economia
Carlos Barbosa, presidente do ACP, que nacional superior a 142 milhões de eu-
e deixarem o Rali de Portugal de fora. A bem tentou um 'slot' para disputar a prova ros. O Automóvel Club de Portugal solici-
em outubro, mas todos esses esforços se tou já o regresso do WRC Vodafone Rally
nossa prova do Mundial de Ralis tremeu, manifestaram infrutíferos e a prova teve de Portugal em maio de 2021”, leu-se no
mesmo que ser cancelada: “Face à im- comunicado do ACP.
mas não caiu e voltou mais forte e pujante possibilidade de levar o WRC Vodafone A decisão foi difícil, mas acertada. Por
Rally de Portugal para o terreno na data muito que custe a todos os direta ou in-
do que nunca. Sob a liderança de Carlos originalmente prevista, devido à situação diretamente envolvidos neste fenómeno
global do novo Coronavírus (Covid-19), o
Barbosa, o ACP MotorSport, com Mário

Martins da Silva à cabeça, recolocou de-

pois de muita luta o Rali de Portugal no

WRC em 2007, elevando novamente a

prova ao pináculo dos ralis.

Depois de ter sido considerado várias ve-

zes no passado o 'Melhor Rally do Mundo',

em 2015 a prova rumou do Algarve ao

>> autosport.pt

9

que é o Rali de Portugal, mover 'monta- realizar como está calendarizada. zar o rali, mas não irá ser fácil tendo em O ESPLENDOR DE PORTUGAL
nhas' de dificuldades e incertezas para A FIA já revelou que vai tentar reagendar conta que é uma prova de longa distância.
fazer disputar a prova ainda em 2020 po- provas que ficaram para trás, mas basta Depois da Finlândia no início de agosto Vai voltar! Este é mais um momento difí-
deria criar um problema para 2021, pois a um olhar rápido no calendário para per- está agendado para 3 a 6 de setembro o cil para o Rali de Portugal, um evento que
aproximava demasiado o evento de 2020 ceber que não irá ser um exercício fácil. Rali da Nova Zelândia, de 24 a 27 de se- entre 1967 e 2019 construiu a sua história
do de 2021 e, neste contexto, convém não Para já, a próxima prova agendada é o Rali tembro a Turquia e de 15 a 18 de outubro sobre troços tão difíceis quanto espeta-
esquecer que as coisas não dependem só da Finlândia, de 6 a 9 de agosto. Faltando a Alemanha. O calendário está previsto culares, percorridos por pilotos e máqui-
do ACP, mas também das muitas Câmaras mais de três meses, acredita-se que seja prosseguir com o Rali da Grã-Bretanha nas lendários e, sobretudo, aproveitando
Municipais que são parceiras do even- possível disputar a prova e que daí para entre 29 de outubro e 1 de novembro e de ao máximo uma visceral paixão lusitana
to e o que se pode vir a ter pela frente é a frente haja condições sanitárias em to- 19 a 22 de novembro o Rali do Japão. Desta pelos ralis.
demasiado incerto para arriscar 'inves- dos os países que compõem o calendário, forma ficam por encaixar a prova italia- Entre o Renault 8 Gordini que Carpinteiro
tir' na prova de 2020 podendo com isso mas esse é um dado que ninguém pode na e a do Quénia. Este é o melhor cenário Albino conduziu à vitória em 1967 no pri-
comprometer 2021. garantir neste momento. Há apenas es- que se pode esperar neste momento, mas meiro Rali de Portugal e os WRC “state-
A prova já tinha sido apresentada publi- perança que seja possível. para saber o que vai acontecer teremos of-the-art” de hoje, passou toda uma evo-
camente, o trabalho no terreno estava fei- Para trás ficaram o Rali da Argentina, que que esperar pela evolução da Covid-19. lução de cinco décadas que acompanha
to, só havia mesmo alguns detalhes para com 99.9% de certeza não será realizado No meio disto tudo há que não esquecer em grande parte a história do “nosso” rali.
determinar e por isso, caso tudo se possa este ano, o Rali de Portugal foi agora can- que as três equipas estão a sofrer pois Uma história alicerçada em duelos míti-
manter inalterável em 2021, a prova está celado. Seguir-se-ia o Rali de Itália, duas têm muitas dezenas de elementos e não cos sob condições épicas, sempre emol-
pronta. Agora, resta lutar para derrotar a semanas depois da prova portuguesa, há ralis para disputar. durados por uma massa de entusiastas
Covid-19 e ressurgir em 2021 ainda com mas também este foi adiado, o mesmo Resta saber a capacidade das equipas que, ao longo dos anos, se tornou uma
mais força e motivação. sucedendo algum tempo depois ao Rali para 'voltarem à estrada' e se irá existir das imagens de marca do rali. Resultado
Safari que regressaria ao WRC depois de necessidade de poupar dinheiro. Caso de uma fervorosa cultura automobilísti-
HISTÓRICO uma hiato de 18 anos. isso seja assim é perfeitamente possível ca, a adesão do público português este-
Tendo em conta o que sucedeu em Itália que as provas de longa distância possam ve profundamente ligada aos melhores
Pela primeira vez desde 2008 que a prova e que ainda está longe de terminar, du- sofrer, mas esse é um tema que ficará e aos piores momentos da prova. As trá-
portuguesa não se irá realizar no WRC, vidamos seriamente que a prova italia- para outra altura já que para já não há gicas imagens do Ford Escort RS 200 de
competição que neste momento tem pro- na se realize, sendo que os responsáveis muito a dizer sobre isso, antes simples- Joaquim Santos a entrar pela multidão
vas marcadas apenas para o início de pelo Rali Safari produziram declarações mente esperar para saber como vão fi- acotovelada no troço da Lagoa Azul ain-
agosto, o Rali da Finlândia, não se sabendo públicas que mostram vontade de reali- car as coisas. da hoje são o ponto mais negro da história
neste momento se a competição se pode dos ralis portugueses, em pleno contraste

WRC/
CAMPEONATO DO MUNDO DE RALIS

10

com as inesquecíveis demonstrações de César Torres a montar a prova em ape-
entusiasmo do público nacional quando a nas seis meses.
prova conquistou muito do seu carisma ao O ano de 1974 assistiu à revolução dos
longo das míticas classificativas de terra. cravos e a uma crise petrolífera que qua-
se inviabilizou a realização do rali, não
OS PRIMÓRDIOS fosse uma 'artimanha' de César Torres
em colaboração com o Governo da altu-
ORali de Portugal foi pela primeira vez ra que, para impedir a contestação dos
para a estrada em 1967, idealizado e or- 'revolucionários', inventou uma dádiva
ganizado por uma das maiores figuras de gasolina oriunda da Venezuela. Em
do automobilismo português, Alfredo 1975 a prova alterou a sua designação
César Torres. Tratava-se de uma pro- com a entrada do Instituto do Vinho do
va organizada para o Grupo Cultural e Porto como principal patrocinador, ape-
Desportivo da TAP e, numa altura em nas retomando em 1994 a parceria com a
que o formato dos ralis era muito dife- transportadora aérea nacional. Pelo meio
rente, 53 participantes partiram de di- a triste edição de 1986 em que o trágico
versas cidades europeias até se junta- acidente de Joaquim Santos provocou a
rem em San Sebastian para iniciarem morte de três espetadores e o boicote
o percurso comum. Rezam as crónicas dos pilotos de fábrica, que se recusaram
que o francês Nicolas dominou qua- a continuar perante a falta de condições
se todo o rali, até uma avaria mecâ- de segurança. Esta situação acabaria por
nica entregar a vitória a Carpinteiro propiciar o triunfo de Joaquim Moutinho
Albino. Sempre muito duro e difícil, no R5 Turbo.
rapidamente se estabeleceu como Em 1987 os protagonistas utilizaram car-
um evento exemplarmente organi- ros do Grupo A e N e a Lancia iniciou uma
zado, incluindo desde a primeira edi- fase de domínio da prova portuguesa e
ção uma componente mista (em asfalto no Mundial de Ralis. Foi a quinta vitória
e terra) que conferia ao rali um carácter de Alen, o homem que celebrizou a ex-
muito especial. pressão 'maximum attack'. Em 1995, por
Dessa forma, a presença das equipas de imposição da FIA, o rali assume um for-
fábrica passou de esporádica a perma- mato mais parecido com o atual - três dias
nente, sobretudo quando a prova inte- de competição e apenas um tipo de piso.
grou o Campeonato da Europa em 1970. Apesar disso, no ano seguinte, o rali não
Dois anos depois, preparando a entrada contaria para o Mundial e a ausência de
no Mundial, o rali sofreu profundas alte- equipas de fábrica ajudaria Rui Madeira
rações com a introdução de 31 especiais a tornar-se o quarto português a ven-
cronometradas.Nestaaltura,oAutódromo cer à geral.
do Estoril seria utilizado pela primeira vez
para o famoso “slalom” que durante vários O ADEUS A CÉSAR TORRES
anos encerrou a prova. Para não variar, o
francês Nicolas dominou até desistir… Regressado ao Mundial em 1997, o Rali
de Portugal e o automobilismo mun-
O GRANDE PALCO dial perdem César Torres, o carismático
diretor de prova português e antigo vi-
Em 1973 o rali iniciou a sua 'relação' ce-presidente da FIA que deixou como
com o Mundial da especialidade, com

>> autosport.pt

11

legado, entre muitos outros, o epíte- a FIA, mas ali sempre faltou algo que
to de Melhor Rali do Mundo por cinco sempre marcou o Rali de Portugal, o
vezes atribuído à prova portuguesa. O público.
fim do sonho português parece chegar Com as experiências vividas a norte com
em 2001 já que as péssimas condições o Fafe Rali Sprint a FIA abriu a boca de es-
meteorológicas, aliadas a erros orga- panto com a festa que viu naqueles seis
nizativos e à necessidade da FIA em quilómetros de troço e não desistiu até
abrir o Mundial a novos países, dita- convencer Carlos Barbosa a levar o rali
ram o afastamento da competição do novamente para o norte.
Rali de Portugal. Foi o que aconteceu em 2015, com o suces-
Apenas com estatuto nacional, a prova so que se conhece, pois o público voltou
entra em curva descendente a partir de em força às estradas do rali e desta vez
2002, ao mesmo tempo que se muda para com uma enorme novidade: se até 2001
a zona de Macedo de Cavaleiros, permi- muitas vezes colocou graves problemas
tindo a Didier Auriol uma das suas raras às sucessivas organizações, com o Rali
conquistas em solo nacional. Até que em de Portugal a ser vítima do seu próprio
2004 se inaugura mais um capítulo, com sucesso, de 2015 para cá esse mesmo
a promessa de organizar um novo e mais público entendeu na perfeição a mensa-
moderno Rali de Portugal, centrando a gem constantemente passada pelo ACP
prova numa zona com menor tradição, e tem ajudado muito a prova a ser se-
mas com inegáveis vantagens em ter- gura e um exemplo para muitas outras.
mos de imagem no estrangeiro e condi- Continua a haver entusiasmo, espetá-
ções de segurança nos troços. culo, mas também muita segurança, ao
ponto da Delegada de Segurança da FIA,
NOVA AFIRMAÇÃO numa das últimas provas, ter confessado
ao AutoSport: “O meu trabalho em segu-
Desdequeregressouem2007aoWRC(em rança e no controlo dos espetadores nos
2008 integrou apenas o IRC) e definiti- dias de hoje em Portugal é quase um fe-
vamente em 2009, o Rali de Portugal riado para mim”. Que melhor elogio pode
depressa se voltou a cotar como uma ouvir o público?
das provas mais importantes e mais Este ano não vai haver Rali de Portugal,
bem organizadas do calendário. O per- mas em 2021 espera-se um regresso a
curso e e a organização nas provas todo o gás e que o mundo já tenha atira-
realizadas no Algarve entre 2007 e do para trás das costas o coronavírus.
2014 maravilhou os concorrentes e

12

F1/ A EQUIPA DO MÓNACO

ESTÁ VIVAFÓRMULA1

Em Outubro passado foi anunciado num projecto para companhia de gestão de carreiras de ano passado, durante o Grande Prémio
ingressar na Fórmula 1 em 2021 e, muito embora a pilotos que tem actualmente no seu de Espanha, seguindo-se mais dois en-
portfolio Pascal Wehrlein, que defende contros nos escritórios da Fórmula 1 em
pandemia do COVID-19 tenha atrasado todo o processo, a Mahindra na Fórmula E e faz trabalho Londres, com Ross Brawn, a 15 de Maio
o plano continua vivo, como o responsável da potencial de simulador para a Ferrari, Alex Palou, e 31 de Julho.
que competirá este ano na IndyCar, e Gandolfo, sentindo que tinha o bene-
nova equipa confirmou ao AutoSport Davide Vidales, uma jovem promessa plácito dos responsáveis máximos do
espanhola ainda no karting. mundo dos Grandes Prémios, e com o
Jorge Girão do desporto automóvel em 2021, ano em Para seu consultor, o italiano chamou apoio da Real Federação Espanhola de
[email protected] que seria introduzido, originalmente, o Adrian Campos, que já tinha tido há Automobilismo, anunciou o seu plano a 3
FOTOS Philippe Nanchino e Oficiais novo regulamento técnico, permitindo cerca de dez anos um projecto para a de Outubro, então já com uma estrutura
às novas estruturas encontrar um plano Fórmula 1, que se viu obrigado a ceder edificada para lançar a equipa.
No dia 3 de Outubro último a de igualdade com as escuderias que e compete presentemente nos Cam- O projecto será financiado por empresas
Monaco Increase Mangement presentemente fazem parte das grelhas peonatos FIA de Fórmula 2 e Fórmula 3. com ligações à MIM, operando a partir
(MIM) anunciou que estava a de partida. O primeiro encontro com Chase Carey, das instalações da Campos Racing, si-
montar uma equipa para in- A origem do projecto foi Salvatore Gan- o CEO da FOM, data do dia 11 de Maio do tuadas nos arredores de Valência.
gressar na categoria máxima dolfo, o homem por detrás da MIM, uma

>> autosport.pt

13

Rapidamente os dois homens começa- longe, apontando para Wehrlein e Palou grande oportunidade para as equipas estrutura continua a trabalhar, muito
ram a trabalhar nos recursos humanos, como potenciais pilotos da equipa na mais pequenas competirem e, no final, embora admita que, à luz dos aconteci-
contratando Peter McCool como director sua temporada de estreia no mundo tornarem o Campeonato do Mundo FIA mentos recentes, a estreia em pista da
técnico, que trabalhou na Super Aguri, dos Grandes Prémios, agendada origi- de Fórmula 1 mais interessante e equi- nova equipa está em stand-by.
e Ben Wood como aerodinamista, fun- nalmente para 2021. librado, novamente.” “O projecto continua vivo, assim como a
ção que desempenhou na Mercedes e Então, o italiano apontava que “entrar Contudo, desde então, o mundo mudou, estrutura que foi edificada no ano passa-
na Prost. no Campeonato do Mundo de Fórmula 1 travado por uma pandemia que parou do. No entanto, percebemos que qualquer
Estes dois técnicos foram seguidos por de 2021 será um projeto de longo prazo”. toda a economia mundial, deixando a discussão com a FIA relativamente a uma
uma equipa de engenheiros que deu “Estamos conscientes dos desafios que Fórmula 1 às portas de mais uma crise possível inscrição no Campeonato Mun-
início a um estudo preliminar para um nos esperam, mas temos uma equipa que poderá ter consequências profundas dial de Fórmula 1 terá necessariamente
projecto para um Fórmula 1 segundo o de especialistas a trabalhar dia e noite em diversas das actuais equipas, exis- de ser adiada para uma data em que a
que se conhecia do novo regulamento, e a solidez financeira exigida pela FIA tindo o risco de algumas simplesmente ameaça atual do novo coronavírus seja
enquanto foram abertas negociações para tornar este projecto num sucesso. desaparecerem. algo do passado”, afirmou-nos o italiano,
com os diversos fornecedores de moto- Com o novo Teto Orçamental, a nova Apesar do ambiente pouco animador, acrescentando: “Entretanto, estamos
res presentes atualmente na categoria. distribuição de lucros e os novos regula- em declarações prestadas ao AutoSport, atentos a qualquer oportunidade que
Gandolfo e Campos foram ainda mais mentos técnico e desportivo existe uma Salvatore Gandolfo garante que a nova possa fortalecer o nosso projecto.”

F1/
FÓRMULA 1

14

ALABLEOX N

DESCCOONNTFRIAAANSÇAS

Alex Albon protagonizou um dos regressos mais inesperados da F1
e uma das épocas de estreia mais insólitas dos últimos tempos.
O piloto tailandês é olhado com alguma desconfiança,
mas tem mostrado qualidade para mais
Fábio Mendes
[email protected]
FOTOS RedBull Content Pool

2018foioanodotudoounadapara cialmente, mas o programa
Albon. O jovem teve grandes difi- de jovens pilotos da mar-
culdades em garantir um lugar no ca de bebidas energéticas
grid da F2, depois de uma época apostou em Albon. No en-
2017 algo discreta para as suas tanto, a primeira época nos
ambições. Albon tinha dado nas monolugares correu tão mal
vistas nos karts, máquina cujo primeiro que foi dispensado do progra-
contacto aos quatro anos provocou cho- ma. Foi um golpe tremendo no
ro, mas que a segunda tentativa aos sete, qual teve também influência a
incentivada pelo pai também ele piloto, situação familiar instável que vi-
permitiu o início da história de um jovem veu na altura. Mas ganhou força
à procura de um sonho… que era pintado com a desilusão e continuou a lutar
de vermelho, cor da sua amada Ferrari. pelo seu sonho. 2014 foi o ano da recu-
O apoio da Red Bull Tailândia ajudou ini- peração e conquistou o terceiro lugar na

>> autosport.pt

15

F1/
FÓRMULA 1

16

Fórmula Renault 2.0 Eurocup. Seguiu-se
um vice-campeonato no GP3 em 2016 e
em 2018, depois de um começo titubeante
fez uma recuperação tremenda e esteve
na luta pelo título até ao fim na F2, contra
Lando Norris e George Russell.
Ser campeão poderia abrir as portas que
teimavam em manter-se fechadas, mas
o terceiro lugar parecia selar o destino de
Albon que já tinha acordo com a Renault
para ingressar na Fórmula E. Mas um “bu-
raco” no programa de jovens da Red Bull,
provocado pela promoção antecipada de
Max Verstappen e a mudança inespe-
rada de Daniel Ricciardo para a Renault
obrigou a Red Bull a apostar em Pierre
Gasly, tendo Helmut Marko repescado
Daniil Kvyat e Albon. Quando nada o fa-
zia prever, Albon tinha a oportunidade
com que tanto sonhara.
A tarefa que tinha pela frente era difícil.
Albon era o único piloto do grid de 2019
que chegou a Barcelona sem nunca ter

>> autosport.pt

17

testado com um F1. Um mundo novo e do pelo que fez e faz. Teve um desafio tre- bem disposto, inteligente, com uma ética
exigente para o qual não tinha a mesma mendo pela frente que conseguiu superar de trabalho tremenda e acima de tudo com
preparação que os restantes estreantes. com sucesso. Superou as expetativas e uma capacidade mental gigante.
Os primeiros quilómetros não foram fáceis conseguiu provar que merece um lugar Não está ao alcance de qualquer um, na
e as temperaturas baixas que se sentiram na F1. Mostrou uma evolução tremenda época de estreia, cometer um erro nos
em Barcelona apanharam desprevenido ao longo do ano e deu sinais de que pode treinos livres e conseguir recuperar na
o rookie que teve uma saída de pista logo ser algo mais do que um ajudante de Max corrida. Foram várias as ocasiões em que
pela manhã. Alguns poderiam pensar que Verstappen. Não digo que tenha a mesma fez isso este ano e de todas as vezes sal-
tal iria afetar Albon, mas o jovem pros- capacidade de Verstappen pois isso está tou a vista a coragem de arriscar mesmo
seguiu com o programa de testes sem reservado apenas aos predestinados, mas depois de um erro comprometedor. É essa
grandes percalços. não vejo em Albon nada menos do que coragem e determinação que distingue
Foi preciso apenas três corridas para dar vejo em Lando Norris ou George Russell… os grandes pilotos. Posso estar engana-
nas vistas com Xangai a ser palco de uma um jovem cheio de talento e com capa- do, mas Albon, o rookie do ano 2019, tem
excelente recuperação depois de ter tido cidade para brilhar. Um jovem simpático, mais para dar do que muitos acreditam.
uma saída de pista na FP3. Foi ganhan-
do confiança e o respeito da estrutura da
Red Bull que, com um Gasly demasiado
longe do andamento de Verstappen, re-
solveu dar o lugar a Albon e ver o que o
tailandês era capaz.
Arranjando uma comparação futebolísti-
ca, é como pegar num miúdo dos júniores,
fazer meia dúzia de treinos e coloca-lo a
titular num jogo grande. Não era uma ta-
refa fácil para um piloto que ainda procu-
rava ambientar-se à F1. Mas Albon res-
pondeu à altura e demorou pouco tempo
a dar nas vistas. O andamento em certas
provas não foi muito diferente do de Max
Verstappen, o que só por si já é um elo-
gio. Em nove provas terminou no top 5
por cinco vezes e esteve perto do pódio
no Brasil, não fosse uma manobra ataba-
lhoada de Lewis Hamilton.
Não deixa de ser uma opinião pessoal,
mas creio que Albon é algo subvaloriza-

F1/
FÓRMULA 1

18

A Mercedes venceu
todos os títulos de
Construtores na F1

desde 2014

UDME MAOQTUOESRTÃO

Pilotos, chassis, chefes de equipa… a história relembra com
facilidade o que é mais visível na competição. Mas nem sempre
se faz menção daquilo que é o coração da F1 e de qualquer
desporto motorizado… o motor

Fábio Mendes a estar ligado direta ou indiretamente a motores conseguiram ser bem sucedi- (11), Honda (5), Climax (4), TAG Porsche
[email protected] estas máquinas que foram aumentando dos na busca pelo título de construtores: (3), Repco (2) e BRM (1).
FOTOS Arquivo AutoSport na sua complexidade e eficiência. A na- Ferrari é, sem surpresa, aquela que mais No que diz respeito a vitórias em GP a
tureza competitiva é também inerente ao títulos arrecadou com 16, seguindo-se lista de marcas vencedoras aumenta
Omotor de combustão interna, ser humano e reza a lenda que a primeira a Renault (12), a Ford Cosworth (10), para 19. A Ferrari é também aquela que
uma das grandes invenções corrida aconteceu assim que se fez o Mercedes (8), Honda (6), Clímax (4), mais vezes viu os seus motores chegar
da história da humanidade, re- segundo carro. A sede pela competição Repco e TAG Porsche (2) e, por fim, a ao primeiro lugar do pódio (239). Merce-
volucionou o mundo e a forma e pela vitória ajudou a que o desporto Vanwall e a BRM (1). des (188), Ford Cosworth (176), Renault
como o vemos. Permitiu avan- motorizado se tornasse uma realidade Foi um motor Vanwall a conseguir o (168) e Honda (75) completam o top5.
ços tecnológicos tremendos, e essa sede de vitória fez deste desporto primeiro título de construtores. Um mo- Às construtoras acima referidas jun-
uniu povos, facilitou a vida e o trabalho um dos palco privilegiados ao nível da tor de quatro cilindros em linha 2,5L de tam-se a Offenhauser, a Mugen Honda
a milhões de pessoas. Étienne Lenoir evolução dos motores, evoluções que cilindrada que na altura debitava 210 cv. e a Weslake.
criou o primeiro motor de combustão foram depois, de alguma forma, úteis Nos 28 GP em que a Vanwall competiu, Também na contabilidade das poles a
interna comercial de sucesso em 1860, para o nosso dia-a-dia. venceu 9, conquistou 7 poles e 13 pódios. Ferrari surge na frente com as suspeitas
mas foi Nikolaus Otto que fez do motor A F1, como pináculo do desporto auto- Há três nomes que devem ser adiciona- do costume. São 229 poles para a Scude-
uma invenção para a eternidade em móvel, transformou-se também num dos a esta ilustre lista. Se os dez nomes ria, seguida da Renault (213), Mercedes
1976, quase 100 anos após os primeiros laboratório onde foram testadas várias acima referem-se aos títulos de cons- (194), Ford Cosworth (139) e Honda (79),
estudos e patentes ligados à vontade de soluções na busca da maior potência, trutores, os título de pilotos não devem numa lista de 25 construtoras que conta
criar um motor. maior eficiência, maior fiabilidade. São ser esquecido. Alfa Romeo (2), Maserati com nomes como a Lancia (2) e Toyota
Desde então a evolução dos motores tem poucos os fabricantes de motores que (2) e BMW (1) foram peças fundamentais (3), entre outras.
sido tremenda e em pouco mais de um se podem gabar de ter tido sucesso na no sucesso de Giuseppe Farina, Juan Por fim, nas presenças no pódio a lista
século o quotidiano das pessoas passou F1. Na verdade, apenas 10 fabricantes de Manuel Fangio e Nélson Piquet. A Ferrari cresce para 35 construtoras, com a Fer-
foi novamente aquela que mais títulos rari à cabeça (776). Seguem-se a Ford
de pilotos viu serem conquistados com Cosworth (535), Mercedes (479), Renault
os seus motores (15), seguida da Ford (454) e Honda (185). Nomes como Peu-
Cosworth (13), Mercedes (12), Renault geot (14), Mecachrome (3), Talbot (2),

>> autosport.pt

19

A Ultima vez que a Ferrari foi Campeã de Construtores foi em 2008

A Renault é a segunda marca com mais títulos de Construtores,
os últimos quatro com a Red Bull

Gordini (2), Yamaha (2) e Lamborhini (1) FOTO CODENAMEETERNITY
também provaram o champanhe como
construtoras de motores. O motor Vanwall de 1958 foi o primeiro Campeão A Ferrari é a equipa com mais títulos
De referir que 69 fabricantes de motores do Mundo de Construtores de Construtores, Michael Schumacher 1999
já competiram na F1. Alguns não podem Entre 1992 e 1997 a Renault obteve seis títulos, cinco
ser considerados fabricantes pois eram A Ford é o terceiro com a Williams e um com a Benetton em 1995
apenas motores com outros nomes, construtor de motores com
como o caso da TAG Heuer que não era mais títulos de Constutores,
mais que um motor Renault que correu
de 2016 a 2018, com nove vitórias e 42 Lotus Ford 1968
pódios, o que prejudica a contagem da
Renault, a verdadeira responsável pela
unidade motriz. Mas, para fins oficiais,
são estes os números que contam.
Como curiosidade apenas, os motores
V8 foram os que mais vitórias conse-
guiram 370, contra 239 dos V10, 121 dos
V6 Turbo-Híbridos e 100 dos V6 Turbo,
valores fortemente influenciados pelo
aumento do número de corridas por
época nas últimas duas décadas.
Estes são apenas alguns números re-
ferentes aos motores que competiram
na F1. É um mundo de estatísticas com
70 anos de história, mas que por vezes
merece ser recordada.

F1/
FÓRMULA 1

20

SABIA QUE

AF1 ESTEVEPERTODETE

Q uando desenhavam os novos de velocidade, com ganhos marginais
regulamentos para a segun- em termos de performance, logo, uma
da geração híbrida, a FIA e a transmissão igual para todos seria uma
Liberty Media queriam levar poupança assinalável!
as regras para a utilização Rasgaram-se vestes entre as equipas e,
de elementos comuns. Dizia no meio da gritaria, a ideia de ter uma cai-
Jean Todt que isso ajudaria a conter xa de velocidades única na Fórmula 1 foi
os custos e os americanos da Liberty emoldurada e colocada a apanhar pó na
olhavam para essa medida como uma prateleira dos projetos falhados.
forma de alimentar o espetáculo. Logo A teimosia da Liberty Media levou os ame-
ricanos, com Ross Brawn a ser o dínamo
A FIA ‘namorou’ a ideia de implementar na Fórmula 1 uma caixa a maioria torceu o nariz e atiraram ao principal, a auscultar o mercado e encon-
de velocidades igual para todas as equipas e houve mesmo “coração” da Liberty: como é que a trar alguém que pudesse materializar a
ideia dos donos da Fórmula 1. Potenciais
um especialista que se chegou à frente, mas acabou tudo em normalização de algumas peças iria fornecedores foram sendo identificados e
águas de bacalhau. Será que o estrago financeiro que segue de oferecer mais espetáculo?! foi lançada uma auscultação do mercado,
com os britânicos da Ricardo a chegar-se
mão dada com o Covid-19 irá recuperar esta ideia? Uma das maiores peças que estava na á frente, desenhando uma transmissão
“igual para todos” para a Fórmula 1.
calha para passar a ser normalizada era a

José Manuel Costa caixadevelocidades.Eporquê?Simples:
[email protected] as equipas gastam milhares de milhões
FOTOS Philippe Nanchino e Arquivo Autosport de euros a desenvolver as suas caixas

21

ERUMACAIXA ÚNICA?

UM TIRO NO ESCURO
Quando a FIA lançou esta consulta não
impôs nenhuma especificação técnica,
apenas algumas linhas de orientação
que permitisse aos potenciais candi-
datos encontrar as especificações que
servissem o orçamento.
Dizia a FIA que a nova transmissão
igual para todos deveria reter os atuais
níveis (na época) de performance da
caixa em todos os carros, mas com um
custo de desenvolvimento e de pro-
dução mais barato para as equipas. E
a ideia da FIA e da Liberty era que o
projeto fosse multianual eliminando,
também, a parcela transmissão do
orçamento de pesquisa e desenvol-
vimento das equipas.
A forma e o volume deveriam ser se-

F1/
FÓRMULA 1

22

melhantes e ficou estipulado que a da caixa (14 quilos), o que desde logo
caixa teria sete velocidades, e não as colocou problemas ao se desconhecer
oito que hoje os Fórmula 1 têm, mas o ambiente em que o produto final iria
com todas as engrenagens compacta- funcionar. Por exemplo, a caixa deve-
das numa cassete. Isto para que fosse ria durar quantas corridas? Essa dife-
possível usar o ‘miolo’ nos carteres de rença influi, muito, no peso final. Quer
cada equipa. Ou seja, a FIA e a Liberty isto dizer que, para se fazer a caixa
queriam uma caixa comum, mas com com este alvo dos 14 quilos e ter uma
o exterior a ter desenho livre de acordo fiabilidade alargada, seria uma ver-
com as necessidades aerodinâmicas dadeira dor de cabeça.
de cada equipa. O desenvolvimento prosseguiu, mas
Ou seja, a caixa seria única, mas os sobre um enorme desconhecido, pois
custos do desenvolvimento dos cár- todos sabem que na Fórmula 1 o traba-
teres manter-se-iam. Uma forma de lho dos engenheiros é procurar aquilo
dar “uma no cravo outra na ferradura” que outros não vêm e os regulamen-
e tentar contentar as equipas. tos nem sempre conseguem controlar
A Ricardo Performance Products es- isso. E se depois de feita a caixa um
barrou logo num problema: nem to- engenheiro com carta branca dentro
das as equipas usavam caixas desse de uma equipa descobre uma forma de
tipo, antes integravam tudo, incluindo a fazer funcionar melhor que nos ou-
a cascada de engrenagens. E as for- tros carros? O regulamento para lidar
mas de refrigeração da caixa eram, com isso seria um pesadelo.
também, muito díspares. Contas feitas, a ideia da transmissão
Isso não era problema da FIA e da comum não foi em frente, era um passo
Liberty que no projeto de regulamento demasiado radical para a Fórmula 1 e
colocaram a alínea “caberá às equi- ninguém estava preparado para isso.
pas e aos fornecedores das unidades Eventualmente a ideia caiu e o arti-
de potência fabricar as peças neces- culado do regulamento que agora só
sárias para acomodar a engrenagem vai entrar em vigor em 2022 não tem
comum a todos e fazê-la funcionar sequer a leve menção a peças comuns
corretamente.” na transmissão.
A Ricardo chegou-se á frente, na pers- Mas a FIA e a Liberty não ficaram
petiva de ficar com um negócio em que nada convencidas e a Federação
já nadava, ao fornecer componentes Internacional do Automóvel não se coi-
específicos para as transmissões fei- biu de explicar que a decisão foi tomada
tas à medida da maioria das equipas. tendo em conta a informação técnica e
E, para que os custos não se atirassem financeira disponibilizada pelas equi-
para valores estratosféricos, a Ricardo pas e seus fornecedores. Porque, em
entendeu por bem condicionar a sua termos técnicos, os dados fornecidos
proposta à necessidade de começar pela Ricardo revelaram que a tecnolo-
com uma base de excelência, ou seja, gia desenvolvida convergia em larga
aquilo que já existia nas diversas equi- margem com as transmissões da épo-
pas. Até porque, como alguns respon- ca. Ou seja, havia pouca diferenciação
sáveis da Ricardo disseram na época, em termos de performance.
não eram arrogantes ao ponto de pen- Ficou evidente que a FIA não gostou
sar que sabiam fazer tudo. de ser derrotada neste particular e se
Portanto, o que a Ricardo fez foi ten- abdicou de impor uma caixa única,
tar agregar o maior número possível avisou logo que “a complexidade da
de equipas e os seus contributos para caixa de velocidade e a sua sensibili-
o arranque do processo, para que a dade no que toca á fiabilidade será algo
proposta final fosse o mais competi- alvo do escrutínio por parte da FIA” e
tiva possível. que nas novas regras haverá forte li-
Das poucas indicações quantitativas mitação na introdução de evoluções
dadas pela FIA estava o peso do miolo à transmissão entre 2022 e 2025.

>> autosport.pt

23

F/
FÓRMULA 1

24

F1 OQUUEIMNESDTYÁMCEALHRO?R

Competições de monolugares, as semelhanças entre a Fórmula 1 e ambas têm de poupar, bastante, para se Os norte americanos foram adiando cor-
a Fórmula Indy terminam exatamente aí. Perante desafios comuns manterem seguras e capazes de encarar ridas e têm o recomeço aprazado para
a retoma da competição. Porém, acaba junho, tendo a organização, pela primeira
– encerramento da atividade devido á pandemia de Covid-19 e aqui o caminho paralelo em que ambas vez na história da prova, empurrado as
suspensão dos campeonatos – quem está melhor preparado? caminham. 500 Milhas de Indianápolis para o dia 23
Os americanos têm uma fórmula muito de agosto. A IndyCar não desenhou um
José Manuel Costa Cov-2, a NBVA suspendeu, imediatamen- mais barata, com estruturas infinitamente novo calendário porque, como dizem os
[email protected] te, a competição e, qual efeito dominó, mais pequenas (entre 30 a 40 colaborado- seus responsáveis, “não sabemos quando
o desporto norte americano foi-se fe- res), exceção feita às formações de Roger é que a competição vai recomeçar!” Sobre
Aresposta pode parecer sim- chando. A Indycar hesitou, mas fechou Penske, Chip Ganassi e Michael Andretti. esse assunto, Anthony Fauci, o respon-
ples: ambas estão em péssima a competição antes da Nascar, a última Depois, não têm viagens intercontinentais sável pelo Instituto Norte Americano de
situação face ao “lockdown” competição automóvel a suspender o pois o campeonato é feito dentro do con- Doenças Alérgicas e Infeciosas (vedeta
que se experimenta dos dois campeonato. tinente norte americano com um saltinho mediática pela constante correção às
lados do lago. Quando Rudy Portanto, nem a Indycar nem a Fórmula ao Canadá, sendo as viagens feitas pelos diatribes de Donald Trump), tem uma
Gobert, jogador de basquetebol 1 escapam aos tempos difíceis por que enormes e coloridos camiões, exatamente ideia muito clara.
dos Utah Jazz, testou positivo para SARS passa o desporto automóvel mundial e o mesmo que faz a Nascar. “Há uma maneira de voltarmos a ter

>> autosport.pt

25

desporto, pois ele faz falta. As bancadas maio e junho, respetivamente. perpetuarão até 2021, pelo que podem e Michael Andretti (Honda) pagam ainda
ficam vazias e a transmissão televisiva Claro está que esta decisão de fazer corri- estar parados tendo apenas que restabe- menos, claro. Fórmula 1? Desenvolvimen-
terá de ser reforçada, os atletas ou os das sem público vai tocar profundamente lecer os “stocks” de peças sem nenhum to não fica por menos de 1.4 mil milhões de
pilotos ficam todos no mesmo hotel e são o bolso dos proprietários das pistas que, trabalho de desenvolvimento. Já a Indycar euros e o fornecimento a equipas clientes
testados à chegada sobre a viabilidade por esta altura, já estão a colocar colabo- estava a pensar incluir o Aeroscreen nos custa 14 a 20 milhões de euros.
de serem transmissores do vírus. Em radores em “lay off”. Convirá esclarecer chassis e modificar o motor. Os motores da Chevrolet – a Indycar usa
competições consecutivas (como a Nas- que os promotores das corridas são os Outra vantagem da Indycar está nos um bloco V6 com 2.2 litros sobrealimenta-
car) os desportistas devem ser testados donos das pistas que, de uma forma ou custos com a motorização. A Chevrolet do que cada construtor desenvolve – são
semanalmente e dentro dos estádios ou outra, estão ligados aos donos da com- e a Honda fornecem o campeonato e produzidos pela Ilmor de Mario illien em...
pistas a temperatura deve ser monitori- petição. Mas é uma decisão mais fácil está estabelecido um preço fixo de um Brixworth, Reino Unido, o berço dos mo-
zada amiúdes vezes. Assim, podemos ter para os americanos que para os homens milhão de dólares por carro, sendo que tores Mercedes para a Fórmula 1. Existe
o regresso da competição.” da Fórmula 1 pois a bilheteira é funda- a General Motors e a Honda subsidiam um braço norte americano situado em
Esta ideia de competição sem espetado- mental para o equilíbrio das contas dos as equipas patrocinando-as. Portanto, Detroit que faz a manutenção dos mo-
res foi abraçada por vários governadores promotores. não há nenhuma equipa que pague o mi- tores da IndyCar e dos blocos da Nascar,
norte americanos e por isso a IndyCar e Por outro lado, a Fórmula 1 continuará lhão de dólares e as formações de Roger Xfinity, Truck Series e Arca Series. Está
a Nascar podem mesmo regressar já em com os mesmos chassis de 2019 que se Penske (Chevrolet), Chip Ganassi (Honda) fechada devido à ordem do Governador
do Estado do Michigan de confinamento
devido ao Covid-19.
Roger Penske, o novo dono do Campeona-
to IndyCar, perante a pandemia provocada
pelo SARS Cov-2, aproveitou a ocasião
para mudar o rumo da renovação do mo-
tor para o campeonato de 2021 adiando-o
para 2022 e dando mais tempo para a
integração da hibridização.
Enfim, as diferenças entre a Fórmula 1 e a
IndyCar são mesmo imensas e a gestão
da competição norte americana é mais
ágil que a dos compatriotas que gerem
o campeonato mundial. Mas, no final da
linha, ambos estão entre a espada e a
parede e a braços com uma emergência
financeira perante contratos ferozes com
as estações de televisão e patrocinadores
que não os deixam sequer pensar em não
realizar corridas em 2020.

e/
ESPECIAL

26

“ DESPORTOAUTOMÓVEL
QUO VADIS
MOTORSPORT?
O assassino microscópico José Manuel Costa GT e bastantes de WRC. Mas muitos mais rombo nas contas. O Mundial de Ralis
ajoelhou o mundo e juntou [email protected] andam a rapar o bolso para se divertirem foi ainda mais autista e apesar do vírus
à desgraça a miséria, que FOTOS JB PhotoPress/José Bispo e ganharem uns canecos, celebrarem acelerar mais que um monolugar ainda
se vai sentar na cadeira do e Arquivo AutoSport com os amigos e gabarem-se nas tertú- se fez o Rali do México, amputado de um
SARS Cov-2 e dinamitar o lias “a minha é maior que a tua”. A taça, dia de prova pois os homens dos ralis são
Diz-se que com o SARS Cov-2, entenda-se! com todos nós e quem tem.... tem medo!
que ficou por destruir. O o coronavírus que espoleta a Começando logo na madrugada do ano, No outro lado do lago, a Nascar fez quatro
desporto automóvel foi dos doença Covid-19, o mundo en- várias foram as disciplinas que ainda corridas e voltou para Charlotte, na Caroli-
violentamente espancados trou todo no mesmo carro, com mostraram as novas cores de 2020 para na do Norte, a IMSA também não foi muito
a economia a travar como um logo estacionarem quando o maldito vírus longe depois das 24 Horas de Daytona. O
pelo vírus e jaz no chão, Fórmula 1 antes de escorregar foi saltitando de país em país, fechando nosso Portugal ainda realizou a primeira
inanimado à beira da para um abismo sanitário sem fundo à atrás dele todas as atividades comer- prova do Campeonato de Portugal de Ralis
vista. Até parece que alguém se enganou ciais e desportivas. A Fórmula 1 passou e duas de Todo-o-Terreno.
morte, sem vaga à vista na nota de andamento! pelo embaraço de dar um pulo lá abaixo Parecia uma gripe mais forte, iria passar
nos cuidados intensivos e Porém, não é verdade que estejamos todos à Austrália e sair de lá com o rabo entre depressa, mas quando os chineses já ti-
à mercê da insensível crise no mesmo carro, pois uns seguem de as pernas, ao cancelarem a prova quando nham exportado o vírus, estranhamente
que se agiganta à esquina. Fórmula 1, vários de protótipo, alguns de se aquecia os motores e com um primeiro resistente e de grandessíssima qualidade,
Por isso a pergunta é óbvia:
“Quo vadis Motorsport?!”

>> autosport.pt

27

os galopantes números de contágio e de retorno e acionar o para quedas que anula automóvel estão fechadas e as vendas o dinheiro que alimenta a paixão.
mortes obrigaram à travagem que está toda a competição. estão estateladas num chão de incerteza. Claro que a competição automóvel vai
a deixar toda a gente à beira do esgota- Não sou do tempo das guerras mundiais, Adivinhem lá onde é que esses constru- continuar depois do Covid-19! Nenhum
mento e da miséria. mas em bem mais de trinta anos de jor- tores, apesar de robustamente fornecidos dos apaixonados pelo desporto motori-
Podem pensar que estou a ser alarmista nalista e mais de cinquenta de ‘maluqui- de liquidez, vão começar os mega ou híper zado vai deixar que um badameco de um
ou que estou a exagerar. Mas quando se nho’ dos automóveis e da competição planos de cortes de despesa? Não será vírus nascido a oriente acabe com a nossa
escuta alguém como Claire Williams dizer automóvel nunca assisti a um cenário nas remunerações dos conselhos de ad- paixão, mas ninguém sabe qual será o
que foi forçada a colocar em ‘layoff’ os como este. Guerras aconteceram, cho- ministração, mas sim no marketing e na rosto da competição. São dias desafiado-
membros da sua equipa de Fórmula 1, ou ques petrolíferos, troikas, despautério de competição. Claro! res para todos, mas o “nosso” desporto já
Zak Brown, o homem do leme da McLaren políticos, ditaduras, enfim, nomeiem o que O impacto nas bolsas foi tremendo e passou por tantas crises que endureceu
subsidiada por riquíssimos homens das quiserem, mas nunca vi uma paragem quando todos regressarmos à compe- a pele e tornou-se um dos negócios mais
arábias, profetizar que Mercedes e Ferrari destas, nunca vi o desespero na cara dos tição, encontrar dinheiro para competir adaptáveis às circunstâncias.
podem ficar a falar sozinhas, os pelos do adeptos, nunca vi na cara dos praticantes vai ser mais difícil que descobrir uma Assim, à pergunta “Quo vadis motors-
pescoço eriçam-se e as sobrancelhas do desporto tanta preocupação. agulha num palheiro e aqui voltamos port?” eu respondo sem hesitação: vai
elevam-se. O maldito SARS Cov-2 será derrotado, ao início: Se uns andam de Fórmula e correr rumo ao futuro, não importa a for-
Quando nos bastidores os mais ricos da pois nenhum vírus quebrou as rótulas à outros de protótipo, a grande maioria ma ou o enquadramento e regressará
Fórmula 1 dobram o joelho e aceitam re- humanidade. Este ajoelhou-nos de uma vai ter de encontrar nos bolsos vazios pujante, belo e sedutor como sempre foi.
duzir o teto orçamental da F1 para os 100 maneira inaudita, mas um dia, sim, um
milhões de dólares, ou menos; quando o dia ele irá desaparecer. A China já está
ACO, o todo poderoso Automobile Clu- a recuperar e a Europa irá pelo mesmo
be l’Ouest, aceita a mão estendida dos caminho, com os americanos a chegarem
americanos para encontrarem uma via lá com o pragmatismo do costume, ou
comum mais económica; quando as fe- seja, se tiverem de morrer 150 milhões,
derações fecham calendários e admitem seja, mas não deixem cair a bola.
que o fazem até haver uma vacina para o Mas o dia seguinte vai ser terrível! O ano
SARS Cov-2, ainda têm a coragem de me só tem 12 meses e todas as disciplinas
dizer que estou a exagerar? estão paradas. Começam a sobrar provas
Não estamos nos campos de minas de e a faltar fins de semana para corridas e já
Angola, mas pisamos chão virgem que há quem pense em fazer provas a meio da
desconhecemos tendo, e muito bem, ati- semana, atirando-se para os braços das
rado para o banco de trás a preocupação televisões para que estas coloquem na
económica deixando ao volante a preocu- berma da estrada o público que não vão
pação com a saúde de todos. A cada passo poder ter na bancada.
enterramos a esperança de que tudo volte O furacão económico que vem de mão
à normalidade e a cada decisão juntamos dada com o Coronavírus poderá ser
os planos B, C, D, E, F, G e o desespero cada devastador: as fábricas dos principais
vez maior de se aproximar o ponto de não construtores e investidores no desporto

E/28 NUNO JORGE

PRESIDENTE DO CAMG CLUBE AUTOMÓVEL DA MARINHA GRANDE
“ A GRÉANCDOEMQOUESSETRÃÁOENTREVISTA
A NOVA REALIDADE!

No meio de toda esta confusão causada pela pandemia de coronavírus não podemos esquecer
os clubes. Nesse sentido aqui fica mais uma entrevista a um dos seus líderes, no caso Nuno
Jorge, presidente do CAMG, Clube Automóvel da Marinha Grande

José Luís Abreu mir compromissos. Por fim, do que o seu consequências? Ao mesmo tempo que Seremos sempre parte da solução e não
[email protected] clube pode ter que fazer para levar a cabo colocamos estas questões também es- do problema.
FOTOS CAMG a sua prova tendo em conta o mais do que tamos convictos que o desporto motori- Quais são de momento as posições dos
previsível distanciamento social que as zado saberá dar resposta e estar à altura vossos parceiros, na sua grande maio-
Esta paragem devido à pandemia pessoas vão ter que respeitar. desses mesmo desafios. ria Câmaras Municipais e Juntas de
de coronavírus tem afetado em Como esta paragem tem alterado o quo- Estariam dispostos a colaborar numa Freguesia, quanto à realização da pro-
graus e escalas diferentes todas tidiano do vosso Clube? reorganização do campeonato que va ainda em 2020?
as agremiações desportivas, en- Imenso! A nossa atividade resume-se a obrigasse à alteração da data prevista Neste momento, todos os nosso parcei-
tre elas logicamente os clubes que reuniões através de videoconferência em para o vosso rali? ros encontram-se bastante focados, e
organizam provas em Portugal. quefalamosdecenáriosfuturoseaseven-
Desta feita, falámos com o presidente tuais adaptações que teremos de fazer.
do CAMG, Clube Automóvel da Marinha Quais os maiores riscos que se correm?
Grande, Nuno Jorge, líder do clube que tem Neste momento, penso que tudo terá de
previsto fazer disputar o Rali Vidreiro/ ser reequacionado. O maior risco pas-
Marinha Grande para já pensado para o sará por termos capacidade ou não de
fim de semana de 2 a 4 de outubro, sen- encontrarmos o melhor caminho. O de-
do portanto uma das provas que não foi, safio é enorme!
para já, diretamente afetada pelas con- No seu entender qual será o impacto no
sequências da pandemia de coronavírus desporto motorizado com a paragem das
que o nosso País e o Mundo atravessam. competições?
Nuno Jorge falou-nos da forma como têm Penso que o impacto é grande. Todos os
tratado dos problemas do clube, da neces- agentes envolvidos tinham os seus pro-
sidade de todos os 'players' dos 'motores' jetos montados e muitos deles não serão
em Portugal se juntarem para encontrar possíveis de concretizar. Mas a gran-
o melhor caminho, do que poderá a ser a de questão para nós é, mais do que esta
nova realidade de 2021 e do facto de nin- paragem (que se prevê provisória), saber
guém nesta altura estar em condições como será a nova realidade. Como será
de traçar cenários, muito menos, assu- em 2021, quais as alterações, que adap-
tações teremos de fazer e quais as suas

>> autosport.pt

29

bem, em todas as questões relacionadas esta interrupção? a ter com o cancelamento de algumas não são ralis. Teremos de reequacio-
com a pandemia que nos atravessa. Toda Até este momento o CAMG não teve qual- dessas provas? nar tudo como dissemos anteriormen-
esta incerteza, tanto no que se refere a quer tipo de apoio. Não somos um clube Sem dúvida que, sendo a nossa única ati- te. Eventualmente uma das possíveis
datas como eventuais modelos adapta- com muitos encargos fixos, mas não dei- vidade a organização de provas, as reper- soluções passará por compactarmos as
dos a esta nova realidade, faz-nos estar xamos de os ter. Esperamos que esta fase cussões serão evidentes. provas, ou seja, termos menos especiais
atentos e expectantes. Ninguém está em seja ultrapassada com a maior brevidade Toda esta situação trará repercussões e fazer destas um local mais controlado,
condições de assumir compromissos. possível para conseguirmos evitar a so- económicas para o vosso clube. Qual a onde teriam de ser criados vários proto-
Quais as medidas de apoio das enti- licitação de apoios. dimensão e importância destas para o colos de segurança. Quanto maior for a
dades públicas ao vosso clube face a Qual o impacto financeiro que podem vir CAMG? distância de especiais diferentes, maior
Não somos um clube desafogado, no en- a dificuldade de controle. Por exemplo,
tanto não carregamos um passivo atrás controlar ao nível de público duas espe-
de nós. Não possuímos uma estrutu- ciais de 15 quilómetros, onde se passará
ra profissional e isso neste momento é três vezes, não é a mesma coisa que ter
uma vantagem. quatro ou cinco especiais a passar duas
O que pode fazer o clube no seu Rali vezes. Ou seja, pensamos que a redução
Vidreiro, para fazer cumprir as mais que de espaços e de quilómetros será inevi-
prováveis regras de distanciamento social tável. Até eventualmente uma medida
entre os adeptos? Que medidas tomar? destas irá ao encontro de outra questão
Aqui, a questão é bem mais complexa. que se irá colocar futuramente, que será a
Não é novidade para ninguém que uma redução de custos. Não podemos descer
das características dos ralis é ir ao en- o nível dos ralis, mas sim procurar uma
contro das pessoas. E ralis sem pessoas otimização dos mesmos.

30 WRC/
CAMPEONATO DO MUNDO DE RALIS
AUDIEAADGEOUSSREAAS,OEOGDQUDTUEIM?EZ
A Audi anunciou a sua saída do DTM no final de 2020, deixando
a competição em risco de sobrevivência. Num contexto em que
se sabe que a marca alemã procura outros caminhos, porque
não o WRC onde deixou uma marca inigualável

José Luís Abreu Uma saída do DTM, uma competição que quaisquer outras. Por muitos argu- Audi ter sido a pioneira das quatro rodas
[email protected] que a Audi ajudou a moldar, é uma de- mentos a favor que se possam arranjar. motrizes nos ralis, tendo deixado uma
FOTOS Oficiais cisão muito significativa, pois do mes- A saída do DTM compreende-se porque marca muito forte na competição com
mo modo que a Audi ajudou em muito num grupo que anunciou há muito só dois títulos de Construtores em 1982 e
AAudi anunciou uma saída a fazer crescer o DTM, o crescimento competir em séries ‘eletrificadas’, e com 1984 e dois de pilotos em 1983 e 1984.
abrupta do DTM após a época da competição também devolveu tudo as suas previsões a apontar para 40% de Não tanto pelos números mas mais pela
de 2020, naquele que foi o seu “com juros” à Audi, pois como se sabe vendas até 2025 de modelos elétricos perceção que deixou nos adeptos, que
‘porto seguro’ e onde foi muito o desporto motorizado tem uma forte ou híbridos, não fazia sentido nenhum ainda hoje sonham com o regresso da
bem sucedida durante muito componente tecnológica e emocional permanecer num campeonato com mo- Audi ao WRC.
tempo, o que deixará a BMW nos adeptos das corridas e ralis. tores de combustão. Na Ásia e nos EUA o É verdade que a Audi está na Fórmula E
sozinha numa competição que ficou de re- Para a Audi, a Fórmula E é um passo lógico desporto automóvel é mais visto como desde o seu início em 2014, mas apesar
pente “às portas da morte”. Oficialmente, na sua tentativa de se transformar num um espetáculo que se oferece às pessoas do forte crescimento o Mundial de Ralis
a razão da saída da Audi do DTM é o desejo construtor desportivo de eletromobilida- e menos como montra tecnológica e de continua a ser muito mais forte na ligação
de se concentrar no projeto da Fórmula E, de sustentável, mas é natural que o Grupo Marketing como sucede na Europa (em- emocional aos adeptos. Ninguém compra
mas a maioria dos observadores apon- em geral e a Audi em particular procurem bora nos EUA também se olhe para essa um carro de estrada duma marca pela
tam também para o facto de que o Grupo explorar outras competições no futuro. questão, claro), por isso a saída, não sendo ligação emocional que passa a Fórmula E,
Volkswagen precisa de melhorar a sua esperada num momento destes em que mas sim pela tecnológica, enquanto nos
imagem depois do enorme escândalo do O QUE SE SEGUE? se vive uma crise muito grande devido à ralis aplicam-se as duas. O mercado de
“dieselgate”. Depois de se retirar dos ralis, pandemia, compreende-se. carros híbridos e elétricos vai continuar
o Grupo Volkswagen foi fechando suces- Assim que foi conhecido o anúncio da Neste contexto, podíamos dar aqui como a crescer, mas todos sabem que não
sivamente os seus programas desportivos saída do DTM, depressa começaram o exemplo várias razões para a Audi ir para será numa questão de poucos anos que
em que competiam automóveis com rumores quanto a um possível regresso o WRC, competição que como se sabe a transição se dará, até porque não há
motorização convencional: A Audi des- ao WRC, onde a marca já não está a nível será híbrida em 2022. condições para isso e, nesse contexto, as
pediu-se do TCR e do rallycross, enquanto oficial há 33 anos, mas para já não passa Não resta a mais pequena dúvida que a marcas vão ter que continuar a vender
a Skoda, apesar das grandes tradições e mesmo de ‘wishful thinking’ pois, sendo Audi deixou um legado muito forte nos híbridos durante muitos anos e o WRC
do sucesso a longo prazo, retirou a sua provável que a marca se ligue a outras ralis e hoje em dia não há adepto que passará essa mensagem a partir de 2022.
equipa de fábrica dos ralis. competições num futuro próximo, os ralis não conheça a importância do facto da Um argumento a favor. Mas há mais.
não são nem mais nem menos prováveis

>> autosport.pt

31

Vai haver no WRC uma transição dos
atuais World Rally Car para os Rally1,
que já serão híbridos. Será uma nova
era e para uma marca entrar é a altura
certa, começa quase tudo do zero e em
maior pé de igualdade com os que já lá
estão, Ford, Hyundai e Toyota.
Uma marca que entre leva sempre algum
tempo até chegar a um nível de compe-
titividade semelhante aos seus rivais,
mas numa nova era, se tomar decisões
a tempo, esse período esbate-se muito.
Mais um argumento a favor.
A empresa alemã Compact Dynamics
foi a escolhida para fornecer o kit hí-
brido ao WRC em 2022. Curiosamente,
é uma subsidiária do Grupo Schaeffler,
um gigante tecnológico que tem como
parceiro no motorsport... a Audi. Neste
caso, não podemos dizer que é um argu-
mento a favor, mas é uma coincidência
interessante.
HÁ MUITO KNOW HOW
No seio do Grupo Volkswagen há ex-
periência mais do que suficiente para
criar uma equipa de ralis num curto

wrc/
CAMPEONATO DO MUNDO DE RALIS

32

FOTO MIRCEA RAIESCU

espaço de tempo. Há muito know how por isso ‘meter’ lá ainda a Audi parece poderem rumar ao WRC já que só pre- endurance, pois a nova regulamenta-
na Volkswagen Motorsport, que domi- forçado quando se sabe que a marca cisam da mecânica, o chassis pode ser ção está a gerar novo interesse numa
nou o WRC de 2013 a 2016 ganhando criou também uma grande tradição tubular e a carroçaria a escolhida. Isto disciplina que tem andado ‘tremida’
tudo o que havia para ganhar, despe- nas pistas. não é um argumento específico para nos últimos anos.
dindo-se da competição no final de Há no entanto um ponto importan- a Audi mas sim para todas as marcas Portanto, há argumentos favoráveis à
2016 e criando depois o VW Polo GTI te a favor dos ralis. É que a nova re- que possam olhar para o WRC. ida da Audi para o WRC, mas também
R5 que tem tido bom sucesso nos ralis. gulamentação prevê ‘silhuetas’. Ao Até a Porsche poderia meter um carro há contra. Como é do conhecimento
A Skoda é outra marca do Grupo Volks- contrário do que sucedeu até aqui em no WRC, mas como bem sabemos a geral, a Audi Sport tem um enorme
wagen muito ligada ao WRC e com que o WRC se baseava num carro do Porsche está a olhar novamente para a conjunto de bons carros para as pistas,
grande história na modalidade, super- segmento B dos subcompactos ou
ganhadora nas categorias secundárias, ‘supermini’, na próxima mudança de
com o Skoda Fabia R5 a ser de longe o regras isso vai terminar já que o WRC
carro mais vitorioso entre os R5. se vai abrir aos fabricantes de auto-
Know how de ralis não falta no grupo móveis de maiores dimensões fami-
pelo que pode parecer lógico que a Audi liares do segmento C (4,5 metros de
pudesse rumar ao WRC aproveitando comprimento). E como? Com projetos
esse know how. Mas porquê a Audi ‘silhueta’ baseados no estilo dos carros
se existem a Volkswagen e a Skoda de produção atuais, mas reduzidos às
que tão bem representaram e estão dimensões permitidas para os carros
a representar o Grupo nos ralis. Só de ralis que passam a poder utilizar
porque sim quando a Audi não quis um chassis tubular.
saber dos ralis durante 33 anos? Aqui, Isso vai permitir às marcas ‘comuni-
o argumento não é a favor nem contra. car’ o carro que lhes der mais ‘jeito’
Ao fim e ao cabo podemos ter simples- ao invés de se cingirem a um modelo
mente... uma opção. Como se percebe, específico. E facilitará também muito
no Grupo VW não falta ligação aos ralis, a eventual decisão de construtores

>> autosport.pt

33

o Audi RS3 LMS TCR, Audi R8 LMS GT4,
Audi R8 LMS GT3, o novo Audi R8 LMS
GT2. Modelos não faltam.
A saída do DTM mostra preocupação
com o que pode ser a crise que aí vem,
mas também pode ser uma mudança
de paradigma.
O WRC precisa de novas marcas. No
início do Século XXI o WRC chegou
a ter sete marcas oficiais a correr ao
mesmo tempo, a crise de 2008 levou
a que ficassem apenas duas em 2009,
foram quatro nos últimos anos e a
Citroën, a marca mais vencedora da
história dos ralis, saiu no fim de 2019,
pelo que o WRC precisa da presença
das marcas. A Audi seria uma ‘bomba’
mediática, mas as administrações das
marcas da indústria automóvel não
são tão emotivas quanto os adeptos,
optando antes por uma aposta pre-
ferncial na racionalidade.
O que não invalida que a Audi possa ir
para os ralis, mas termino o texto da mes-
ma maneira como o comecei. Para já acho
que é simplesmente ‘wishful thinking’.

E/EENNTRETVCIBRSTOARERUVRNIESOITAA

>> autosport.pt

35

AHOUEJMME ONSÍEMVIUSELNA,DNQOOUSSEENCMHÃOEAGIFÁMÓMRAOMGSIUNLOA E

Já lá vão 11 anos desde o momento em que o embate do Safety Car com o BMW abraçou a sua função e o profissiona-
de Franz Engstler, na jornada de Pau em 2009 do WTCC, levou a FIA a procurar lismo que demonstra na sua execução,
e posteriormente escolher um piloto de Safety Car permanente. Escolheu Bruno que o levam a ser há muito um elemen-
to imprescindível naquela complexa
Correia que numa década viu a vida dar algumas voltas engrenagem.
A Fórmula 1 e o WEC continuam a ser as
José Luís Abreu disciplinas que não 'faz' e, mesmo as-
sim, não deve haver – se calhar não há
runo Correia con-B [email protected] específica já que se baseia em circuitos mesmo – alguém que já tenha rodado
tinua de pedra e FOTOS Oficiaismontados em pouco tempo no centro em mais pistas. Os seus anos continuam
cal no seu traba- das cidades, e por isso é fácil que por- a ter 36 a 38 fins de semana ocupados
lho de piloto do menores importantes sejam descura- e, apesar disso, pelo meio continua a
Safety Car no FIA dos. Bruno Correia surge assim como alimentar a sua paixão pelo karting.
Fórmula E, conti- um dos elementos mais importantes Recordando um pouco a sua história, co-
nuando a ser um na resolução do 'detalhe' que faz toda meçou no karting, quando passou para
entre muitos que a diferença. as pistas andou um pouco na sombra
contribui para que Há muito que faz o mesmo trabalho e do Pedro Lamy e Pedro Couceiro, ga-
nhou a Fórmula Ford em 1994, che-
possamos ter es- a Fórmula E continua a ser a sua com- gou a testar um Fórmula 3 e foi para
os Estados Unidos na mesma altura
petáculos das cor- petição 'primária' pois aí, mais do que que João Barbosa, mas não teve tan-
ta sorte. A sua vida dos últimos anos
ridas o mais nor- em circuitos convencionais, é preciso tem-se 'chamado' BMW i8 Safety Car

mais e seguros possível. Até porque muita competência, todos conhecendo

a Fórmula E é uma competição muito há muito a forma como Bruno Correia

E/
ENTREVISTA

36

BRUNO CORREIA

e ainda recentemente a BMW renovou
a sua parceria com a Fórmula E por
mais três anos.
Há uns bons quatro anos que não tínha-
mos uma conversa e algo que lhe con-
tinua marcado com força na memória
foi o incrível acidente de Nicolas Prost
e Nick Heidfield logo na primeira corri-
da da história da Fórmula E. Falou-se
do possível impacto que o coronavírus
pode deixar no desporto automóvel e
explica porque se continua a conside-
rar um privilegiado neste mundo moto-
rizado. Pelo meio, muitos e bons temas
que até metem uma supermodelo da
Victoria Secrets, Alexandra Ambrosio.
Não sabe quem é? Vá ver ao Youtube...
Bruno, a última vez que te entre-
vistámos foi durante as 24 Horas do
Nurburgring em 2016. Como tem sido
a tua vida daí para cá? Continuas de
BMW e às vezes na 'frente' de algu-
mas corridas…
“É verdade, sempre pronto quando é
necessário para liderar! A BMW esten-
deu recentemente o acordo para mais

>> autosport.pt

37

três temporadas com a FIA Fórmula E. Qual é a parte mais difícil da tua vida não cansa, verdade? Em 2018/19 fiz uma Em que país é que se come melhor?
Anunciou esta renovação num bonito profissional? As viagens devem ser média de 150 voos por ano, o que é bas- “Em Portugal, em casa, obviamente!
evento durante o E-prix da grande ca- uma seca… tante! A família e a casa fazem-me falta Sou um 'bom garfo', mas se tivesse que
pital do México”. “Tu também já andas por este mundo há muitas vezes. Estas missões são duras, eleger um país lá fora talvez escolhesse
Ainda te recordas do primeiro impacto algum tempo! Encontrámo-nos a última com jornadas diárias longas e quase o Vietname, Japão e o Chile, pois tam-
na tua primeira corrida de Fórmula E? vez no WTCR/24 Horas de Nurburgring sempre com fusos horários diferentes, bém têm bons produtos e culinária de
“Curiosamente, tenho aproveitado esta na Alemanha em 2016, não foi? As via- mas com os anos aprendi a conciliar a muita qualidade.”
pausa forçada e através do arquivo que gens são sempre a correr, tornam-se vida profissional com a pessoal. E nem Para além da Fórmula E, o que fazes
a Fórmula E disponibilizou no seu site, aborrecidas, mas quem corre por gosto sempre é fácil…” mais tendo em conta a tua ligação à FIA?
para rever todas as corridas e relembrar “Mantenho as minhas funções no
esta incrível experiência. Em Pequim, FIA WTCR desde 2009 e de que gos-
recordo que todo aquele incrível esqua- to imenso, mas com prioridade para
drão de pilotos saíram pela primeira vez a FIA Fórmula E pelos motivos óbvios.
à pista atrás do Safety Car. Depois ain- Contudo, faço anualmente mais even-
da fiz primeira intervenção na segun- tos relevantes de carácter internacional.
da volta do E-Prix! Lembram-se do fi- Gostaria de me envolver futuramente
nal, última curva, última volta? Prost e nas inspeções de circuitos, até porque
Heidfield? Ficou para a História!” já contabilizo corridas em mais de 120
Quantas já fizeste, tens essa contabi- pistas a nível mundial.”
lidade feita? Tens algum receio do que pode acon-
“Simples, fiz todas as que tiveram lugar tecer ao desporto motorizado mun-
na Fia Fórmula E até ao momento! Agora dial com a crise que poderá deixar o
estou a aproveitar o 'lay-off' para fazer a coronavírus?
lista de todas as intervenções do Safety “Obviamente haverá impacto de grande
Car desde sempre neste campeonato. E dimensão a curto prazo, porém o auto-
ainda não terminei (risos...)” mobilismo continua a ser uma enorme

E/
ENTREVISTA

38

BRUNO CORREIA

plataforma para desenvolvimento e di- tir no centro de Paris ou Hong-Kong. te. Chegamos em alguns casos a estar potência de forma diferente. As dificul-
vulgação de imagem das marcas. Basta Haverá sempre espaço para as duas próximo dos dez segundos mais rápi- dades começam na qualificação em que
olharmos para a FIA Fórmula E e para categorias.” dos por volta no mesmo circuito com o os pilotos tem disponível 250 kw, po-
o número de construtores envolvidos, Apareceu o Extreme E, agora o Pure TCR: Fórmula E Gen 2 (2ª geração do monolu- tência que raramente podem utilizar.
e as mudanças do sector nos últimos que outras novas disciplinas achas que gar de Fórmula E). Importantíssimo sa- As pistas são novas para muitos, com
cinco anos que nos afetam a todos nós podem surgir tendo em conta que es- lientar que não tivemos grandes proble- níveis de aderência diferenciados no
diariamente.” tás rodeado de gente que só olha para mas técnicos nem de segurança. Cada traçado (melhorando durante o even-
Que balanço fazes desta tua aventura a inovação e o futuro? construtor pode trazer a sua unidade to), e onde existe muito para testar em
na Fórmula E? “Sem dúvida que o automobilismo está motriz que tem que desenvolver dentro pouco tempo. Com a introdução de um
“Considero-me um privilegiado por fa- a mudar nesse sentido, muito derivado de moldes da FIA, com a bateria, níveis carro por piloto, ao invés dos dois car-
zer parte dela. Tem sido uma grande do sucesso da Fórmula E. Podemos fa- de potencia e regeneração, chassis e ros como nas três primeiras tempora-
aventura a todos os níveis. Ninguém lar hoje de E-Karting, da Jaguar i-pa- pneus iguais para todos. É muita tec- das, passou-se para uma bateria por
está preparado para uma mudança tão ce que vai na sua segunda temporada nologia, software e estratégia para se carro e bem mais potentes. Há que ge-
grande de paradigma do desporto mo- como categoria de suporte da Fórmula E, ser o mais rápido em pistas difíceis em rir duas passagens pelo 'Attack Zone'
torizado, que agora também é elétrico. Ralicross elétrico, e a lista segue por aí. circunstâncias idênticas. durante cada E-Prix. Tudo isto torna a
Preparou-me ainda mais como piloto Estamos num momento de transição Prova disso, e se não estou em erro, foi gestão das baterias muito mais preci-
e profissional, e acompanhar o recém que deve ser levado com cautela pois a temporada passada quando tivemos sa para não acontecer o que aconteceu
nascido até onde chegou hoje deixa-me, motivações como a sustentabilidade, oito pilotos, oito equipas e oito poles di- no ano passado no México com o Pascal
honestamente, muito honrado. Os desa- poluição e a tecnologia por si só não che- ferentes nas primeiras oito corridas.” Wherlein e o Lucas Di Grassi em cima
fios são grandes e como iniciámos esta gam. Existem grandes desafios para o Tendo em conta que os pilotos não fa- da meta, ou mesmo com o Sébastien
entrevista começam logo nas viagens!” sucesso nesta área. Basta lembrar o ce- lam muito disso por motivos óbvios, Buemi que ficou pelo caminho.
Ninguém imaginava o sucesso que a ticismo com que a Formula E foi, e ainda consegues explicar em termos gerais o A percentagem da energia das baterias
disciplina iria ter? o é, encarada por muita gente no setor.” que são as táticas de gestão de corrida? das outras equipas já não está dispo-
“Penso que a Fia Fórmula E teve um Fascina-te a tecnologia da Fórmula E? Quando acelerar e quando poupar, para nível durante a corrida e passa tudo a
'master plan' extremamente bem pen- Queres falar um pouco sobre ela e dar os leigos perceberem melhor? ser um jogo.
sado e executado. Além disso, o inte- exemplos? “A Fórmula E é diferente de qualquer As travagens têm que ser mais prolon-
resse inicial de grandes parceiros tec- “Atingimos uma maturidade, ou diga- outra categoria pelo facto de ser 100% gadas e com muito 'lift & coast' (desa-
nológicos, pilotos e equipas de todo o mos adolescência, muito rapidamen- elétrica e de se poder controlar uso de celerar antes de travar para regenerar
mundo, corridas justas em ambientes
nunca antes imaginados, fez o 'barco'
zarpar a todo o gás.
Após seis anos, chegámos a um nível
que não imaginava ser possível hoje o
mundo sem a categoria eletrificada da
Fórmula E. Penso que muito em breve
mais marcas se juntarão…”
O que te parece a Extreme E?
“O Extreme E tem o mesmo fundador
da Formula E - Alejandro Agag - e uma
boa equipa por trás. Têm feito um gran-
de trabalho no desenvolvimento do Todo
o Terreno 100% elétrico. Já conta com
grande mediatismo e um grupo de pi-
lotos e equipas interessante.
Importante será saber o formato das
provas pois a causa é já por si muito
importante para o planeta.”
A F1 e a Fórmula E irão convergir cada
vez mais. Fala-se muito do que pode-
rá acontecer na sequência desta 'rota
de colisão’?
“Não acredito que isso venha a acon-
tecer. A F1 será sempre uma categoria
rainha, assim como a Fórmula E, porém
noutro campo dentro do mesmo. A ele-
trificação irá estar presente em ambas,
mas a Fórmula E é 100% elétrica e evo-
luiu desde sempre nesse sentido.
Nós levamos as corridas às pessoas
nas principais capitais do mundo, que é
uma característica que com a Fórmula
1 seria difícil.
Não estou a ver a Fórmula 1 a compe-

>> autosport.pt

39

energia para a bateria) o que tornam as envolvidos estão extremamente dedi- a Fórmula E? Ouvi dizer que 'paga' logo
ultrapassagens e toques mais propícios. cados para o sucesso da categoria. Basta a seguir à F1…
Temos ainda o fator da temperatura que olharmos para todos atores deste cam- “É isso está a acontecer. Basta olhar
é muito importante, aliás como aconte- peonato mundial da FIA (para o ano). E para o campeão atual da Fórmula 2, Nyck
ce nos telemóveis. Enfim, há que eco- alguns são mesmo de Hollywood!” De Vries, que milita na Fórmula E, na
nomizar o 'gasoil', aliás, fazer render a Conheces bem os pilotos todos... com Mercedes junto ao Stoffel Vandoorne, ex-
bateria (risos)…” qual te dás melhor? Porquê? -colega de Fernando Alonso na Mclaren
Já tiveste alguns momentos tensos com “Sim, conheço bem todos e conversa- F1. Sei que são muitos os pilotos interes-
o Safety Car em pista? mos bastante. Obviamente que me dou sados neste momento pois é o sítio cer-
“A operação do Safety Car já por si é um melhor com o António Félix da Costa, to para se estar. A grelha dos 24 pilotos
momento tenso, tanto na sua entrada pois já nos conhecemos há muito tempo neste momento é fortíssima e acho que
como na sua saída de pista. Eu estou e não tem como não gostar dele. Enorme não envergonhariam em nada na F1”.
com uma percentagem média de uma piloto português e 'gente finíssima' den- Por fim, falemos de histórias para ter-
intervenção por E-Pprix, e com tantas tro e fora de pista! Líder atual incontes- minarmos num registo mais engraçado.
intervenções, já passámos por algu- tável na Fórmula E!” Conta-nos algumas histórias daquelas
mas 'fininhas'! Revi há pouco tempo a Tens alguma história engraçada com que ninguém vê pela TV, mesmo que
segunda temporada completa no site da algum? tenhas de deixar nomes e equipas de
Fórmula E, e lembro-me de disputar a “Tenho várias, são muitos anos! Lembro- fora. Histórias para nos rirmos ao lê-las...
travagem da última curva com o Lucas me por exemplo da primeira vez que o “Os 'passenger rides' ou as voltas VIP
Di Grassi que liderava a corrida na altu- Eduardo Mortara correu na Fórmula E como lhe queiram chamar, que faço to-
ra em Paris. Acabei por levar a melhor e nos encontrámos. das as corridas com o BMW i8 nos E-Prix,
e ganhar a corrida, pois acabou atrás Foi num briefing de pilotos e ele dizia são Top.
do Safety Car, mas tive que ir às boxes que tinha ficado maluco a andar atrás Lembro-me no Uruguai de levar a super
antes da bandeirada…lol” de mim no GP de Macau. Não me recordo modelo da Victoria Secret, Alexandra
Qual é o teu local preferido nesta tua se foi quando ganhou a Taça do Mundo Ambrosio, e depois ela levar-me a mim,
aventura na Fórmula E? de F3 ou de GT e, salvo erro, eu tinha com emoção, a cortar chicanes e tudo
“O meus locais preferidos talvez tenham um gordo Bentley de volante à direita mais. Mas não se 'excitem', tínhamos
sido Punta del Leste e Hong Kong. As pis- como safety car. passageiros e está tudo no Youtube!
tas são próximas aos hotéis e existem No circuito da Guia em Macau tem que O ano passado, no Mónaco, o nosso que-
boas opções ao redor a todos os níveis.” se andar depressa, mas travar também! rido presidente Jean Todt mal viu o novo
A a que menos gostaste? Levo 11 anos a conduzir o Safety Car por Safety Car I8 Roadster descapotável dis-
“Sem duvidas Berna na Suíça. Pista e lá e conheço bem os cantos da 'casa'! se-me logo: “Bruno, quero dar uma vol-
gente muito complicadas!” Outra mais recente foi quando levei o ta contigo hoje.” O pior é que foi no iní-
Como vês a evolução que a Fórmula E Felipe Massa numa volta no Safety Car cio da corrida e quase a iniciarem-se os
tem vindo a ter? em Roma, quando ele ainda não corria procedimentos! Era o Diretor de Corrida
“Penso que estamos a dar uma passo na Fórmula E. Existe um salto depois a mandar-me voltar, eu a acelerar, e o
de cada vez, porém no sentido certo e da subida que levanta as quatro rodas presidente a acenar e a mandar andar
de forma controlada. Nunca é fácil co- do BMW i8. Foi a fundo e foi engraçada mais devagar! No fim deu umas belas
locar um programa desta dimensão em a reação dele pela surpresa!” risotas e correu bem, mas fotografias
andamento, mas sublinho que todos os Achas que cada vez mais ex-F1 irão para nunca mas enviaram...”

E/40 LAVDAE ADNINDHROÉ
ESPECIAL

OAVMENUTNUDROADSE

André Lavadinho e a 'sua'
@World andam há mais de
uma década a oferecer-nos
das melhores imagens que
poderiam ser feitas no WRC
e não só, mas o seu caminho
já se faz há muito mais
tempo, desde que começou a
acompanhar o seu pai, o João.
Fique a conhecer a história
e o percurso de um dos mais
destacados fotógrafos lusos
no Motorsport. No nosso site
pode ler a versão integral da
entrevista

José Luís Abreu nha conta abrindo nesse ano (se não mais o público em O mais difícil foi mesmo ser um alvo quan-
[email protected] estou em erro) a @World e conse- geral e sponsors, do comecei a ir para fora, mas também
guindo alguns clientes no WRC, IRC, clientes etc. me ensinou a lidar com isso e descobrir
André. Faz um pequeno exercí- vários Campeonatos de Circuitos e Fiz esta junção de como combater isso na minha forma de
cio. Onde estavas e o que fa- sempre com o sonho e objetivo de empresas pois senti pensar. Gosto muito de ajudar toda a mi-
zias há 20 anos? Conta-nos o dia a dia conseguir inovar e ter mais que estava na hora nha equipa, são como amigos e não como
teu percurso. clientes que me obrigasse assim a de evoluir e inovar meus funcionários e isso torna o dia a dia
Tinha 12 anos e já estava cer- aumentar o número de fotógrafos além da fotografia muito mais divertido em vez de maçador.
tamente com uma máquina na da minha empresa, o tal objeti- e assim concilia- Às vezes tive que recuar com pequenos
mão! Lembro-me perfeitamente de ir ao vo de expansão. Só pensava nas mos as duas empre- erros para aprender a dar grandes saltos.
Rali de Portugal e estar no salto de Fafe a três coisas essenciais naquele tempo: sas já em vários campeonatos Nenhum início é fácil. Se fosse não teria
ver o meu pai a fotografar, mas também já Inovar - quantidade e qualidade - e deixar como WRC, ERC, TCR, PureETCR, WTCR, piada e certamente eu não estava onde
conseguia fotografar os carros no ar com que a progressão diária falasse por mim. F1,FE e Dakar, entre outros. Nesta nova agora estou, sempre junto da minha gran-
uma Canon EOS 1V! Lembro-me também Agora, um resumo de como estás hoje era, o ser humano tem uma capacidade de e profissional equipa de fotógrafos, de-
de ir todos os fins-de-semana ao aero- em dia... enorme de adaptação e cá estaremos para signers, vídeografos e marketeers, entre
porto ou a uma estação de camionagem Olho para trás e tento melhorar com os nos adaptarmos dia a dia à nova realidade. todos os que me apoiam dia a dia.
enviar as fotografias para o AutoSport! erros. Só assim iremos conseguir evo- Como é que um jovem de 20 anos de um Quem era o teu ídolo entre os pilotos quan-
Há 10 anos, com 22 anos já tinha comple- luir mais e mais. Neste momento, além país pequeno e periférico se afirma num do eras 'puto'?
tado dois anos da internacionalização da de mim somos 14 fotógrafos a nível mun- meio 'Mundial' como tu fizeste? Qual foi Sempre foi o Carlos Sainz. A partir dos
minha carreira como fotógrafo profissio- dial na @World. Além disso, abri há dois o segredo? meus quatro anos fui à maioria dos testes
nal. Nesses primeiros dois anos, foi sem anos a nossa agência além da @World, Em criança já tinha este sonho que mais do Carlos e Luis Moya quando vinham ao
dúvida um desafio enorme para mim pois a @22, que oferece serviços de design, tarde se tornou num objetivo muito cla- Norte do País. Passei grandes noites com
ia aos ralis sozinho ou com a família e ami- comunicação, gestão de redes sociais, ro para mim. Um país pequeno por ve- eles na Pousada de Guimarães a ouvi-
gos que me ajudavam neste meu percurso estatísticas e vídeo, entre outros! Nesta zes até ajuda, torna-nos mais humildes -los falar do carro, das técnicas e histó-
e me diziam para nunca desistir ao ponto empresa contamos com três designers, e pessoas mais guerreiras. O trabalho e rias! Ainda me lembro de algumas! Uma
de serem mesmo exigentes comigo para pessoas de marketing e comunicação e mais trabalho foi 1% de tudo o que fiz para vez, estava com eles na sala e começou
que eu nunca baixasse os braços. também com um foco enorme no futuro criar as minhas duas empresas. Ser líder a nevar muito na PEC que iam percorrer
Mas rapidamente me consegui adaptar à das redes sociais, para mim um dos maio- de mim mesmo, colocar-me à prova dia a no dia seguinte. E pneus de neve? Teste
realidade da altura com uma concorrência res meios de comunicação do momento, dia com o meu trabalho e tentar ser sem- cancelado!
enorme já com muitos anos de carreira. fazendo assim a gestão de redes sociais pre o melhor, fez com que conseguisse as Qual foi o teu primeiro rali do Mundial
No ano 2010 já estava a trabalhar por mi- dos clientes que assim alcançam muito armas necessárias para evoluir. fora de Portugal?

>> autosport.pt

Foi o Rali da Alemanha em 2008. Fui com na inovação. A coisa mais estranha que que tem mais meios? pre consegui chegar ao mesmo de carro
o meu pai e com o Aloísio Monteiro. A fiz por uma fotografia foi no meu primei- Acho que todas as organizações têm ainda que com muita dificuldade e ajuda
melhor história foi que nos enganámos ro Dakar quando estava no helicóptero e que ser boas para ter um rali no mundial. de jipes. Adoro a especial de Arganil no
numa saída para uma especial pois acha- começou a chover torrencialmente e vi Adoro a organização dos nórdicos, do nos- planalto, deu fotografias espetaculares
mos que Aushfart era uma aldeia (risos). um sitio espetacular e previa que todos so rali de Portugal, mas também do Rali em 2019 e espero voltar a este local mui-
Nunca me hei-de esquecer! Obrigado aos os pilotos de Motos iam ter as suas difi- do México. O Rali do México é fantástico. to em breve. Certamente local de seleção
dois pela grande oportunidade que me culdades em passar aquela zona. Quando Pela facilidade de chegar às especiais, para os meus fotógrafos.
deram nesse e outros ralis! pedi ao piloto para aterrar, ele conseguiu marshalls e polícia muito compreensiva Conheces bem os pilotos todos... com qual
Já apanhaste algum susto num rali? aterrar mas na água! E depois como saí do para todos e nao só profissionais, especiais te dás melhor? Porquê?
Quando? Com quem? heli?! Acho que estão a imaginar... muito bonitas e um ambiente diferente. Gosto de todos em especial. Os nórdicos
Já sim o maior susto de sempre, Armindo Para além dos ralis, as outras modali- E como fotógrafo? Qual é o teu local pre- são mais tímidos mas pessoas espeta-
Araújo no shakedown do Rali de Portugal dades do desporto motorizado também ferido para fotografar no Rali de Portugal? culares e amigas. São a minha segunda
de 2007 com o Mitsubishi Lancer WRC. O te atraem? Todos eles têm um ponto que acho único família. Diariamente lido com todos. Quer
meu pai colocou-me num ângulo e avi- Desde que oiça um motor gosto de tudo. logo gosto de todos! Destes, a Sweet Lamb em trabalho ou falando em amizades, gos-
sou-me: Nunca te coloques em baixo Tudo me fascina no Motorsport. Adoro em Wales, passando pelo El Condor na to de todos. O Kris Meeke é uma pessoa
neste salto, fica sempre de pé. Penso que fotografar e ver uma partida com mui- Argentina e terminando na especial de com quem falo diariamente.
foi isso que me safou a vida pois consegui tos carros, por exemplo quando estou a Vieira do Minho no Rali de Portugal, todos Qual é a pessoa mais fantástica que co-
atirar-me para o lado direito e o carro do fotografar o TCR, F1 ou FE fico todo arre- os ralis são espetaculares. A zona das pe- nheceste nas corridas ou nos ralis?
Armindo ainda me acertou num joelho piado quando o semáforo passa a verde! dras de Vieira do Minho é espetacular. O Além dos meus pais, sempre ligados ao
mas sem consequências, enquanto to- Fala-nos dos ralis, qual é a organização acesso ano a ano é um desafio, mas sem- Motorsport e que foram 200% exigen-
das as outras pessoas que estavam com tes comigo para que me pudesse tornar
os joelhos no chão levaram com o carro. em um dos melhores, foram várias as
Curiosamente, no estrangeiro nunca apa- pessoas, amigos, clientes e colegas, com
nhei nenhum susto... que lidei e lido no dia a dia. Não posso fa-
Sabemos que um fotógrafo de ralis tem lar em nomes.
muitas vezes sacrifícios pela frente para Tu que os vês sempre a passar, qual é o
tirar a fotografia ideal. Qual foi a coisa piloto que mais gostas de ver?
mais estranha que já fizeste por uma Estava sempre à espera do Kris Meeke,
fotografia? dava sempre uma boa fotografia.
A maior sacrifício de um fotógrafo, caso Agora, talvez o Lappi pela sua con-
ele goste do que faz, é mesmo e só pensar dução agressiva!

42 AUTO+mais

HYUNDAI José Manuel Costa nos que dizem haver procura por este tipo
[email protected] de carros (e com a crise mais ainda), que
» I10 1.0 MPI COMFORT conseguirá manter a média de emissões
Claro que o refinamento, os ma- da gama europeia abaixo das 95 gr/km
SERÁ ESTE O MELHOR CITADINO DO MERCADO? teriais e o equipamento sofrem, de CO2 com a ajuda da gama eletrificada
embora muita coisa seja hoje e que há, ainda, forma de ganhar alguma
O segmento B é uma fatalidade para os construtores obrigatória o que levou ao au- coisa com o i10.
pois vender um carro por menos de 15 mil euros significa mento de preços para evitar per-
quase vender ao preço de custo, porque desenvolver um der (muito) dinheiro no segmen- ESTILO DIVERTIDO
to. Por isso há marcas a fugir dos citadinos,
citadino custa tanto como outro carro. O Hyundai i10 é mas a Hyundai seguiu caminho diferente E INTERIOR DESAFOGADO
um bom exemplo daquilo que se pode fazer em termos de e continua a apostar no i10, recentemente
renovado. Mesmo que as coisas conti- Oestilodo i10 avançou, ganhou persona-
citadino oferecendo lucro à marca. Ensaio ao carro que nuem a ser cada vez mais complicadas lidade e, não deixando de ter ligação com
para o AUTOMAIS é o melhor do segmento pela cada vez maior exigência em termos o anterior modelo, tem uma frente mais
de emissões, num segmento onde hibridi- moderna num carro totalmente novo,
LEIA MAIS ENSAIOS E ACOMPANHE zação ou motorização elétrica não fazem pois tem uma nova plataforma. Enfim,
TODAS AS NOVIDADES EM AUTOSPORT.PT sentido em termos de custos. Portanto, é um carro com muito bom aspeto que
temos de elogiar a Hyundai por continuar nem parece ser do segmento A. Um bom
a apostar no segmento e oferecer um trabalho por parte da Hyundai.
dos melhores carros entre os citadinos. É Sendo maior que o anterior, este i10 tem
verdade que está sentado num volume de mais 40 mm entre eixos, mais 20 mm
vendas superior a um milhão de unidades em largura, mas é mais baixo 20 mm. O
entregues desde 2007 e por estudos inter- que resulta daqui? Que pode levar três
pessoas no banco traseiro – sim, um
nadinha apertados, mas sem ser absur-

>> autosport.pt/automais

43

damente desconfortável – e que tem um em profundidade que estraga tudo. E FT/ F I C H A T É C N I C A boa e o motor não nos incomoda, mesmo
espaço apreciável na bagageira, 252 litros, para os de menor estatura será mesmo a fundo e a 120 km/h em autoestrada. O
existindo um duplo fundo que é simpá- uma dificuldade. 1.0 / 67 CV barulho até acaba por ser agradável tal a
tico. Com aquele aumento de espaço, forma como está amortecido.
tem tudo isto garantido, acrescentando MERECIA MAIS MOTOR GASOLINA A verdade é que se percebe que o carro,
a Hyundai um habitáculo feito com rigor O pequeno três cilindros com 1 litros de com outro motor, tem capacidade para
e materiais que espantam por estarem cilindrada e sem sobrealimentação é um 15,0 S muito mais. O i10 é um carro refinado para
dentro deste i10. bloco interessante que, não sendo capaz o segmento, confortável e fácil de conduzir
As portas têm amplos porta objetos, o de dar grande fulgor e rapidez ao i10, não o 0-100 KM/H em qualquer situação, tem uma direção
porta luvas tem um tamanho generoso e deixa ficar mal, especialmente em cidade, que não mostra fraquezas e é capaz de
há uma pequena prateleira por cima que onde é muito refinado (o isolamento de 5,0 L / 6,9 L (AUTOSPORT) fazer uma viagem mais ou menos longa
é mais útil do que parece. Claro que não vibrações é excelente) e o som que nos sem o deixar mais amarrotado que o cha-
há porta luvas entre os bancos (o carro é chega, mesmo quando puxamos o motor 100 KM péu de um pobre. E, curiosamente, quando
estreito, claro!), mas a curta consola cen- até ao limite, não é desagradável. lançado e a velocidades mais elevadas,
tral tem a alavanca da caixa e a alavanca Estas características acabam por pagar a 115 consegue ser até divertido, provando que
do travão de mão, tendo a Hyundai ainda fatura em termos de combustível. Com o a plataforma é boa. Ágil dentro da cidade,
desencantado espaço para que, por baixo carro carregado parece que voltamos ao G/KM- CO2 muda de direção com admirável facilidade
dos comandos da climatização, possa passado e o i10 tem alguma dificuldade em devido ao baixo peso, acabando por ser
arrumar o telemóvel que nas versões manter um ritmo interessante, forçando o 12 825€ uma muito agradável surpresa.
mais equipadas pode ter um carregador recurso á caixa. Assim, a média do ensaio
sem fios. Há entradas USB pelo que a ficou nos 6,9 l/100 km, tendo oscilado, PREÇO BASE (COM CAMPANHA) AFINAL, O SEGMENTO
conectividade não está comprometida. consoante a utilização, entre os 5,7 e os
Nem podia pois o i10 tem um sistema de 7,2 l/100 km. CONFORTÁVEL / EQUIPAMENTO / NÃO ESTÁ MORTO!
info entretenimento servido por um ecrã REFINAMENTO
de 8 polegadas e ligação Apple e Android. UM CITADINO LENTO O Hyundai i10 prova que o segmento dos
Como dizia acima, o interior do i10 tem FALTA DE AJUSTE EM PROFUNDIDADE citadinos puros não está morto! Como
matérias uma nota acima do habitual no PODE SER DIVERTIDO? PODE! DO VOLANTE / SISTEMAS DE sucedia na anterior geração, o i10 é dos
segmento. São excelentes? Claro que não! O i10 é um carro lento, não há forma MANUTENÇÃO NA FAIXA DE RODAGEM melhores carros do segmento: verdade
Nem poderia ser num carro que custa 13 de o dizer de outra maneira. Levar 15,0 que não tem a qualidade absoluta dos
mil euros. Os plásticos são mais crus, segundos dos 0-100 km/h é... lento. Ou MOTOR TIPO 3 CILINDROS EM LINHA alemães e também é verdade que o mo-
mas resistem bem aos riscos e aos maus seja, a nova plataforma utiliza os motores COM INJEÇÃO MULTIPONTO CILINDRADA tor 1.0 litros atmosférico não dá grande
tratos. Falta o toque acetinado, mas para anteriores e não há forma de explorar as (CM3) 998 POTÊNCIA MÁX. (CV/RPM) emoção ao carro. Porém... a nova plata-
isso o i10 teria de custar muito mais. O qualidades desta nova base do i10. Até 67/5500 BINÁRIO MÁX. (NM/RPM) 96/3750 forma mostra qualidades, o refinamento
painel de instrumentos fica muito bem que chegue uma versão N que deverá TRANSMISSÃO DIANTEIRA, CAIXA MANUAL é superior ao que existe em muitos dos
enquadrado no habitáculo. A maior crítica namorar com os 100 CV, o i10 continuará DE 5 VELCOIDADES DIREÇÃO PINHÃO E rivais e a facilidade de condução – exceção
terá de ser feita à posição de condução: o a ser um citadino puro e duro, capaz de CREMALHEIRA ASSISTIDA ELETRICAMENTE feita à inexplicável falta de regulação em
banco, apesar de lhe faltar um pouco de fugir ao casco urbano, mas desde que SUSPENSÃO (FT/TR) INDEPENDENTE TIPO profundidade do volante – entusiasma.
apoio lateral e na base para nos manter se mantenha na faixa da direita, porque MCPHERSON/EIXO DE TORÇÃO TRAVÕES (FR/ Por menos de 13 mil euros, com a cam-
no lugar e estar demasiado alto, não é o andar muito acima dos 120 km/h não será TR) DISCOS VENTILADOS/DISCOS VEL. MÁX. panha Cetelem e com os 2.500 euros que
maior problema pois é a falta de ajuste possível sem penalização nos consumos. (KM/H) 156 PESO (KG) 935 MALA (L) 252 a Hyundai oferece de valorização do seu
A outra face da moeda é a sua agilidade DEPÓSITO DE COMBUSTÍVEL (L) 36 usado, pode ter um i10 por 10 mil euros.
A mim parece-me um belo negócio!
em cidade, imparável e inigualável. Fora
da cidade, na falta de um turbo, terá de
usar toda a rotação que o tricilindrico
seja capaz de fazer e fazer funcionar a
caixa de cinco velocidades. Não fique já
preocupado, pois a insonorização é muito

44 AUTO++ mais

DS3 Quem quer comprar um SUV
pequeno tem variadíssimas
» CROSSOBACK E-TENSE opções no mercado e de
todos os espectros, dos
CASO RARO generalistas aos Premium,
mas se o nosso caro leitor
LEIA MAIS ENSAIOS E ACOMPANHE deseja um SUV-B com
TODAS AS NOVIDADES EM AUTOSPORT.PT motorização elétrica, a
coisa pia mais fina e o funil
estreita até uma única
proposta... exatamente este
DS3 Crossback E-Tense que
custa mais de 40 mil euros.
Vale a pena?

José Manuel Costa sensíveis ao toque, incluindo o ecrã de 7
[email protected] polegadas para as versões mais simples
ou 10 polegadas para as outras. A DS terá
Ou se gosta ou se detesta, não de fazer funcionar melhor os botões sen-
há meio termo perante o DS3 síveis ao toque e agrupar muita coisa no
Crossback e isso acaba por ser ecrã não é uma boa solução. Outra coisa
um copo... meio cheio ou meio que precisa de ser melhorado é o sistema
vazio. Contradição? Claro que de info entretenimento que por vezes
não. Pessoalmente, acho muita é confuso e outras vezes confunde-se
piada ás formas disruptivas, com o carro a ele próprio. Provavelmente necessita
arregaçado, a forma das portas traseiras e de um processador mais poderoso. O
a frente esbelta que faz lembrar o esparti- DS tem materiais de menor valia, mas
lho que as senhoras usavam no passado. estão bem escondidos e onde a vista e
Claro que não vai ganhar nenhum prémio o toque nunca vão alcançar. Tudo o resto
de beleza num “Concours d’Elegance”, está bem feito e com qualidade.
mas acaba por ser irreverente. Não serve A habitabilidade é suficiente, mesmo que
a todos, mas como alguém disse um dia, no banco traseiro três pessoas tenham
nem Jesus Cristo o conseguiu fazer. algumas dificuldades em arrumar-se,
mas outro modelo do segmento terá
INTERIOR COM LUXO a mesma dificuldade pelo que o DS3
Crossback está ilibado. Quem segue no
O discurso que apliquei para o exterior banco traseiro pode sentir-se aprisio-
aplica-se ao interior talvez com maior nado ou claustrofóbico pois as barba-
acuidade. O tema dos diamantes não tanas de tubarão nas portas traseiras
é fácil de encarar e a mistura de peças
originais com outras que se podem ver
em modelos não Premium do grupo PSA
não é bonito. Depois, há muitos botões

>> autosport.pt/automais

45

FT/ F I C H A T É C N I C A

136 CV

ELÉTRICO

8,7 S

0-100 KM/H

15,7 KWH

100 KM

0

G/KM- CO2

41 000€ PREÇO BASE

45 900€ PREÇO VERSÃO ENSAIADA

ESTILO DIFERENCIADO /
REFINAMENTO / UTILIZAÇÃO

CONFORTO / TRAVAGEM

MOTOR TIPO ELÉTRICO SÍNCRONO
POTÊNCIA MÁXIMA (CV) 136 BINÁRIO
MÁXIMO (NM) 260 TRANSMISSÃO
DIANTEIRA, CAIXA CVT DIREÇÃO PINHÃO E
CREMALHEIRA ASSISTIDA ELETRICAMENTE
SUSPENSÃO (FT/TR) MCPHERSON/EIXO
MULTIBRAÇOS TRAVÕES (FR/TR) DISCOS
VENTILADOS/DISCOS VELOCIDADE MÁXIMA
(KM/H) 150 AUTONOMIA (KM) 430 KM
PESO (KG) 1525 MALA (L) 350/1050
BATERIA (KWH) 50

roubam muita visibilidade. E como os o dobro das horas. A autonomia real fica preendeu. Passar por lombas, buracos O DS3 E-Tense tem um calcanhar de
revestimentos são escuros e a superfície um nadinha aquém dos 320 km, mas é ou meras depressões, fazem-se sentir Aquiles na travagem. Não há problemas
vidrada é estreita, esse detalhe de estilo mais que suficiente para o trajeto pen- de forma inesperada, principalmente em imobilizar o carro – embora tenha-
acaba por deixar o interior escuro. Claro dular casa-trabalho-casa. E com algum para quem já experimentou o DS3 com mos sempre aquela sensação que a força
que pode deitar mão à lista de opcionais jeitinho até passamos dos 300 km. motor térmico. Esse é um carro suave e no pedal é pouca e não vamos parar e
para escolher outras cores e há lá muito confortável, para o bem e para o mal, cla- quando carregamos mais acabamos a
por onde escolher. CONDUÇÃO INTERESSANTE ro! Já o DS3 E-Tense está no polo oposto. bater com a cabeça no vidro –, mas o
Ser elétrico não estraga nenhuma da No que toca à performance, este DS3 pedal é realmente muito inconsisten-
versatilidade e funcionalidade, com uma COM TRAVAGEM CAPRICHOSA elétrico só perde para o mais potente te. O DS3 E-Tense tem um modo B de
bagageira de 350 litros extensível a 1050 de todos os DS3, equipado com o três regeneração mais forte da energia de
litros, que está dentro daquilo que se Nestas coisas dos elétricos há sempre cilindros a gasolina 1.2 Puretech com travagem e desaceleração, mas muito
pode esperar. uma questão que funciona como o ele- 155 CV: 8,7 segundos dos 0-100 km/h mais benigna que, por exemplo, num
fante na sala: o peso. O DS3 Crossback com uma velocidade máxima limitada BMW i3 ou no Nissan Leaf com e-Pedal.
AUTONOMIA SUFICIENTE E-Tense pesa mais 300 kgs que um DS3, aos 150 km/h. O carro tem três modos A curvar é eficaz, embora os 300 kgs a
já depois de ter escovado umas valentes de condução – Eco, Normal e Sport. O mais se sintam em alguma inércia, nada
O DS3 Crossback E-Tense reclama uma gramas em vários locais do carro para primeiro reduz a potência do motor (para que as suspensões duras não resolvam.
autonomia de 320 km, um pouco menos não ser quase obscena a diferença de 83 CV) e aumenta a autonomia, mas a não
que o Peugeot e-208 e longe da dupla peso. Isso e o posicionamento do motor ser que esteja mesmo atrapalhado em NÃO SERVE A TODOS
Kia Niro, Hyundai Kauai. Mas tem um elétrico, baterias e controladores, obri- termos de autonomia, do género faltam
carregador interno de 100 kW que per- garam a mexer nas suspensões, sendo 10 quilómetros e o indicador de carga E O PREÇO NÃO AJUDA
mite que 80% da carga fique disponível que a suspensão traseira não tem nada diz que só há sumo para mais cinco, aí o
em 30 minutos a uma média de 9 km de a ver com a de um DS3 com motor de modo Eco funciona bem. O melhor, po- O DS3 Crossoback não serve todos os
autonomia por minuto. Numa “wallbox” combustão interna. rém, é o modo normal, já que oferece 110 gostos e, portanto, é um carro que deve
de 7 kW, a carga total é completada em E aqui reside a razão para o carro ser dos 136 CV disponíveis e permite ritmos ser encarado como uma oferta Premium
sete horas. Numa tomada normal serão menos confortável que o DS3 “normal” mais elevados sem um gasto obsceno da para quem gosta de dar nas vistas. O
de uma maneira que, confesso, me sur- bateria. O modo Sport oferece tudo o que E-Tense é exatamente isso, de tal for-
há para oferecer da mecânica elétrica, ma que a DS entende que o carro não
permitindo a tal aceleração imediata tem rivais, mesmo que o Peugeot e-208,
típica dos veículos elétricos e essencial o Opel e-Corsa e o Renault Zoe sejam
para ultrapassagens mais justas. Mas modelos do mesmo segmento. Porém os
lembre-se sempre que há ali 300 kgs 45.900 euros de preço final, coloca-o no
que cobram a fatura nestas alturas. Dizer patamar do Hyundai Kauai e do Kia Niro,
que os diversos modos influem na dire- tendo estes autonomias recorde e maior
ção, tornando-a mais ou menos pesada, maturidade que o DS3. Mas, como disse,
sendo que é rápida e direta. o estilo diferenciado pode pender o prato
da balança para o lado do DS, mas prefiro
um Peugeot e-2008.

AUTO+ mais

BMW nas mãos temos um volante “à BMW”.
A consola central não é das mais belas
» X4 M COMPETITION e o X4 tem menor visibilidade devido
à forma da traseira. A qualidade está
RÉPLICA DO X3M MAS COM MENOS ESPAÇO acima daquilo que ultimamente a casa
bávara andava a fazer. Tudo é decalcado
O X4 M é um daqueles que carros que intrigam pois, sendo igualzinho ao X3M... é diferente. do X3 e, sim, é verdade, a BMW está cada
Pela carroçaria, claro, mas também por alguns detalhes. Se o que a BMW diz é verdade, vez mais perto da Audi a fazer interiores.
estamos perante o novo M4, mas de calças arregaçadas para abrir caminho. Não me parece A bagageira tem 525 litros (menos 25
nada, mas tudo bem. Seja como for, este X4 M perde para o X3M em termos de versatilidade. litros que o X3) até um máximo de 1430
Será só isso? Comprove neste ensaio ao X4M Competition litros (menos 170 litros).

José Manuel Costa “nem funfuns nem gaitinhas”, é um que toca aos habitáculos e não desta MOTOR PODEROSO
[email protected] SUV desportivo e pronto! Gosto! Só um nova geração que, na minha opinião,
detalhe: acho muita piada aos espelhos enfraqueceu uma das melhores coisas Sabia que a BMW esteve a trabalhar
Pode parecer estranho mas exteriores típicos M e do M3, mas no X4 que a casa bávara tinha: a familiaridade cinco anos neste motor para ser colo-
o X3 continua a ser um dos como no X3 acabam por não fazer muito com todos os BMW. Sendo uma cópia do cado nas versões M da BMW? Sendo
melhores exercícios de esti- sentido pois provocam imensa turbu- X3, os instrumentos são digitais, mas um bloco de seis cilindros com 3.0
lo da BMW que nesta versão lência e, naturalmente, ruído indesejável. são redondos e alinhados como sempre litros, curiosamente, pouco ou nada
desportiva, muito musculada, Contas feitas, continuo a preferir o X3, a BMW fez desde há muitas décadas. tem a ver com o seis cilindros de 3.0
acaba por não ficar estragado. desculpem. Quem diz que estão fora de moda não litros do Z4, do Supra, enfim, de outros
Este discurso do X3 não pode ser apli- sabe o que está a dizer. A posição de BMW. É um bloco mais leve, com me-
cado no X4 que, decididamente, não é INTERIOR IGUALZINHO condução é excelente pois o banco é lhor resposta, medidas para reduzir o
mais feliz que o X3. É verdade que na Graças a Deus que o X4 tem um interior envolvente com amplo suporte para tempo de resposta do turbo e detalhes
versão M o X4 é como o X3, não há cá que faz parte do passado da BMW no pernas e costas, muitas regulações e deliciosos: cabeça do motor é impressa
em 3D, alguns dos acessórios tam-
bém e a eficiência térmica é muito
maior e por isso é capaz, de chegar
aos 510 CV. O encaixe de potência e
binário é semelhante ao do M5 e por
isso mesmo a M decidiu trazer daquele
modelo a caixa de oito velocidades

>> autosport.pt/automais

47

automática, uma unidade excelen- do-o para fazer consumos. A mediado ou Comfort, é duríssimo e roça neste FT/ F I C H A T É C N I C A
te no funcionamento… manual. Ou ensaio ficou nos 15,2 l/100 km, nada modo o desconfortável para quem
seja, quando optamos pelo comando de preocupante quando temos debaixo segue no banco da frente, pois atrás é 3.0 / 510 CV
manual a caixa é fantástica, quando do pé direito mais de 500 CV, ainda por mesmo muito desconfortável. A BMW
seguimos em modo automático tem cima num SUV nada leve. Criticar isto? justifica esta insana dureza das sus- GASOLINA
vida própria pouco esclarecida com Num carro destes? Por amor de Deus! pensões porque o carro é, lá está, o M4
passagens de caixa aleatórias e com X, ou seja, a casa bávara quis satisfazer 4,1 S
situações desconfortáveis. ABSOLUTAMENTE DESCONFORTÁVEL os clientes SUV-dependentes com um
Não sendo um pisco em termos de A BMW voltou aos velhos tempos da M4 SUV. Mas a ideia de dar ao X4M 0-100 KM/H
consumos, o X4 M Competition anun- divisão M com forte endurecimento um comportamento á altura do M4,
cia um valor de 10.5 l/100 km, mas se da suspensão. O X4 M Competition, optando por um carro duro como pe- 10,5 L / 15,2 L (AUTOSPORT)
conseguir baixar dos 14 litros convi- mesmo no modo de condução normal dra, à imagem do carro dos Flinstones,
não é lá grande pensamento. Juntam- 100 KM
se a isso as jantes de 21 polegadas
e o recrudescimento da dureza nos 239
modos Sport e Sport Plus, tornando
tudo ainda mais complicado no que G/KM- CO2
toca ao conforto. E tanta dureza para
quê? O X4 M Competition não é um M4, 134 612€ PREÇO BASE
ponto. Controla bem os movimentos
da carroçaria, tem uma direção rápida, 156 340€ PREÇO VERSÃO ENSAIADA
precisa, mas muito assistida e sem
sensibilidade e de nada vale deitar PERFORMANCES / TECNOLOGIA /
mão aos modos de condução pois fica TRAVAGEM
tudo quase na mesma.
Sendo essencialmente o mesmo car- PREÇO, CONFORTO
ro que o X3, perde versatilidade face
àquele, mantendo a dureza das sus- MOTOR TIPO 6 CILINDROS EM LINHA COM
pensões. A habitabilidade é mais aca- INJEÇÃO DIRETA E DUPLO TURBO DE GEOMETRIA
nhada no X4M e a visibilidade traseira VARIÁVEL COM INTERCOOLER CILINDRADA
também é pior. Portanto, na minha (CM3) 2993 DIÂMETRO X CURSO (MM) 84 X 90
opinião, não vale a pena trocar o X3 TAXA DE COMPRESSÃO 9,3 POTÊNCIA MÁX.
pelo X4 nesta versão M. (CV/RPM) 510/6250 BINÁRIO MÁX. (NM/RPM)
600/2600 – 5950 TRANSMISSÃO INTEGRAL
PERMANENTE COM CX. AUT. STEPTRONIC DE 8 VEL.
DIREÇÃO PINHÃO E CREMALHEIRA ASSISTIDA
ELETR. SUSPENSÃO (FT/TR) DUPLO TRIÂNGULO
SOBREPOSTO/EIXO MULTIBRAÇOS TRAVÕES (FR/
TR) DISCOS VENTILADOS VEL. MÁX. (KM/H) 250
PESO (KG) 1970 MALA (L) 525/1430 DEPÓSITO DE
COMBUSTÍVEL (L) 65 PNEUS (FR/TR) 255/40 ZR21
FR./265/40 ZR21 TR.

E/ Dando cumprimento ao estabelecido no n° mais importantes provas de desporto au- leitores uma informação atual, rigorosa e abordagem e de análise dos factos noti-
1 do artigo 17° da Lei 2/99, de 13 de Janeiro, tomóvel disputadas em território nacional de qualidade, opinando sobre tudo o que se ciosos, com total abertura à interatividade
ESTATUTO Lei da Imprensa, publica-se o Estatuto e no estrangeiro, relata acontecimentos passa na área do automóvel e dos automo- com a sua comunidade de leitores.
EDITORIAL Editorial da publicação periódica AutoSport: ligados à competição automóvel, bem como bilistas, numa perspetiva plural, recusando 4. O AutoSport pratica um jornalismo pau-
1. O AutoSport é um semanário dedicado temas que versam o automóvel como bem o sensacionalismo e respeitando a esfera tado pela isenção, sem comprometimentos
ao automóvel e aos automobilistas, nas de consumo, tanto na área industrial como da privacidade dos cidadãos. ou enfeudamentos, tendo apenas como
suas mais distintas vertentes: desporto e comercial. 3. O AutoSport pauta as suas opções edito- pressuposto editorial facultar a melhor
competição, comércio, indústria, segurança 2. O AutoSport está comprometido com riais por critérios de atualidade, interesse informação e a melhor formação aos seus
e problemática rodoviária. O AutoSport o exercício de um jornalismo formativo e informativo e qualidade, procurando apre- leitores, seguindo sempre as mais elemen-
edita, semanalmente, conteúdos sobre as informativo e procura oferecer aos seus sentar aos seus leitores a mais completa tares normas deontológicas.

PROPRIEDADE FOLLOW MEDIA COMUNICAÇÃO UNIPESSOAL, LDA. – NIPC 510430880, RUA MANUEL INÁCIO Nº8B 2770-223 PAÇO DE ARCOS DETENTORES DE CAPITAL PEDRO CORRÊA MENDES REDAÇÃO RUA MANUEL INÁCIO Nº8B
2770-223 PAÇO DE ARCOS GERÊNCIA PEDRO CORRÊA MENDES [email protected] DIRETOR PEDRO CORRÊA MENDES [email protected] DIRETOR-EXECUTIVO JOSÉ LUÍS ABREU [email protected]
COLABORADORES DAVID PACHECO, FÁBIO MENDES, JORGE REIS, JORGE GIRÃO, JOSÉ MANUEL COSTA, JOÃO F. FARIA, MARTIN HOLMES, NUNO BRANCO FOTOGRAFIA AIFA/JORGE CUNHA, ANDRÉ LAVADINHO, PAULO MARIA/INTERSLIDE,
RUI REIS FOTO, ZOOM MOTORSPORT/ANTÓNIO SILVA DESIGNER GRÁFICA ANA SILVA [email protected] IMPRESSÃO SOGAPAL, S. A., SOC. GRÁFICA DA PAIÃ, S.A. - ESTRADA DE SÃO MARCOS, 27, SÃO MARCOS - 2735-521 AGUALVA- CACÉM
DISTRIBUIÇÃO VASP – DISTRIBUIDORA DE PUBLICAÇÕES, S. A., TIRAGEM 15 000 EXEMPLARES REGISTO NA ERC 105448 DEPÓSITO LEGAL Nº 68970/73 – COPYRIGHT© TODOS OS DIREITOS RESERVADOS DE ACORDO COM A LEGISLAÇÃO EM VIGOR.
EMVIRTUDE DO DISPOSTO NO ARTIGO 68 Nº2, I) E J), ARTIGO 75º Nº2, M) DO CÓDIGO DO DIRETOR DE AUTOR E DOS DIREITOS CONEXOS ARTIGOS 10º E 10º BIS DA CONV. DE BERNA, SÃO EXPRESSAMENTE PROIBIDAS A REPRODUÇÃO, A DISTRIBUIÇÃO, A
COMUNICAÇÃO PÚBLICA OU A COLOCAÇÃO À DISPOSIÇÃO, DA TOTALIDADE OU PARTE DOS CONTÉUDOS DESTA PUBLICAÇÃO, COM FINS COMERCIAIS DIRETOS OU INDIRETOS, EM QUALQUER SUPORTE E POR QUAISQUER MEIOS TÉCNICOS, SEM A AUTORIZAÇÃO DA
FOLLOWMEDIA COMUNICAÇÃO, UNIPESSOAL LDA. A FOLLOWMEDIA NÃO É RESPONSÁVEL PELO CONTÉUDO DOS ANÚNCIOS. EDIÇÃO ESCRITA AO ABRIGO DO NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO. CONTACTO [email protected]


Click to View FlipBook Version