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Published by hmilheiro, 2019-12-28 13:49:41

AUTOSPORT_2192

AUTOSPORT_2192

#2192 O SEMANÁRIO DOS CAMPEÕES 42
ANO 42
anos
31/12/2019
Semanal >> autosport.pt

2,35€ (CONT.)

DIRETOR PEDRO CORRÊA MENDES

2E0SPPEÁCGIINALAS

ENTREVISTAS

FAVORITOS

OUTSIDERS TUDO SOBRE O>>TOYOTAFAVORITA,MINIÀESPREITA
PORTUGUESES
INSCRITOS DAKAR>>19ªVITÓRIASEGUIDADAKTM?

PERCURSO >> PAULOFIÚZAAOLADODEPETERHANSEL

PÁG. 42 PÁG. 38

HUSQVARNA

TE 250i 2020

OS MELHORES TOYOTA RAV4
EM PORTUGAL E LÁ FORA
HYBRID I-AWD LOUNGE
TOP 25DOANO



3

I/ I N S TA N TÂ N E O SIGA-NOS EM EDIÇÃO

#2192
31/12/2019

f l> > a u t o s p o r t . p t
facebook.com/autosportpt twitter.com/AutoSportPT

FUTURO Cerca de 43% dos adeptos dos desportos motorizados, estão interessados nos eSports ‘motorizados’ José Luís Abreu
e esta é uma fantástica oportunidade para alargar a base de adeptos
DIRETOR-EXECUTIVO
S/ SEMÁFORO EM DIRETO
[email protected]
PARADO A ARRANCAR A FUNDO “Em termos gerais, Hamilton
ainda é melhor que o Max O ano de 2019 não vai deixar
Perderam-se Apesar de algumas O Dakar muda (Verstappen). Ele tem absolutamente saudades
demasiadas vidas no más notícias este ano, novamente de uma velocidade básica nenhumas a um único ní-
‘MotorSport’ em 2019, o próximo, 2020, tem continente, mas a inacreditável e, claro, muita vel: perdemos demasia-
que 2020 se ‘esqueça emoção é sempre experiência”, Helmut Marko, dos homens da ‘família’
tudo para ser ainda muita a cada ano do desporto motorizado.
de as roubar’... melhor em todas as que passa. Este ano, relativamente a quem é o melhor piloto A morte, levo-os. De resto, não nos
um português pode na F1. podemos queixar da competitivi-
disciplinas. dade da maioria das competições,
vencer... “Grandes coisas começam especialmente das mais importan-
com passos pequenos. Muitas tes para nós: Fórmula 1, WRC e CPR.
O SEMANÁRIO DOS CAMPEÕES NA ERA DIGITAL partículas pequenas podem Nesse contexto, temos esperança
formar um enorme mosaico”, que 2020 possa ser ainda melhor,
mesmo sem pecar por excesso de
Corinna Schumacher, numa otimismo. Claro que nem tudo foi
mensagem que pode dizer muito, sobre perfeito, o mundo automóvel vive
Michael Schumacher. um período de transição na in-
dústria, que logicamente se reflete
“Tenho saudades dos seus imensamente no desporto, mas,
textos, ainda tenho muitas das como em tudo na vida, o melhor é
nossas conversas e de vez em olhar em frente e gerar discussões
quando releio-as. Ele foi um que possam ser bem aproveitadas
grande pilar para mim e tenho por quem decide, nomeadamen-
muitas saudades dele”, Lewis te, a FIA. Não vale a pena gastar
muito latim em fóruns ou redes
Hamilton sobre Niki Lauda. sociais a dizer que “antigamente
é que era bom”, porque isso só nos
Siga-nos nas redes sociais e saiba vai fazer perder tempo. Vale muito
tudo sobre o desporto motorizado no mais olhar para o que aí pode vir.
computador, tablet ou smartphone via Depois de seis anos híbridos, quase
facebook (facebook.com/autosportpt), ninguém se queixa da competiti-
twitter (AutosportPT) ou em vidade na F1; o WEC prepara-se
>> autosport.pt para ter novas regras que podem
revitalizar a competição; os ralis
andaram a marcar passo e agora
os seus responsáveis ‘abanam’ de
preocupação. Não vão tarde, mas
têm que mudar.
Por cá não se espera um 2020 muito
diferente de 2019, e ‘só’ isso não é
nada mau. Mas há trabalho a fazer,
por isso convém andar atento para
não deixar passar o comboio. Por
fim, resta-nos desejar aos nos-
sos leitores e amigos um grande
ano de 2020. Quanto à parte que
nos toca, vamos tentar dar mais e
melhor, mesmo que tenha de ser
diferente.

4 E/
ESPECIAL

NACIONAL INTERNACIONAL

TOP 25 DO ANO
Fábio Mendes e José Luís Abreu OAutoSport decidiu escolher os que enten- culdade das disciplinas onde os pilotos estão inse-
[email protected] de serem os 25 pilotos nacionais e inter- ridos tem de ser levado em conta, já que um piloto
FOTOS Arquivo AutoSport nacionais que mais se destacaram no ano que seja sétimo ou oitavo numa disciplina muito di-
de 2019. Como sempre, este tipo de esco- fícil e equilibrada ou que conduza carros mais com-
lhas é um desafio bem complicado, e não petitivos, pode estar num nível bem mais alto que
menos vezes polémico, já que em muitos outros que tenham vencido as suas competições.
casos temos de fazer escolhas que se baseiam mais Para além disso, decidimos ordenar os pi-
na perceção que os pilotos nos deixam, e menos nos lotos que mistuaram ‘pistas’ com ‘estra-
resultados que as classificações dos campeonatos da’, o que adiciona dificuldade à questão.
devolvem, ainda que, invariavelmente, as classifi- De qualquer forma, aqui ficam as nossas listas, de
cações reflitam muito do que foram as prestações 25 pilotos nacionais e internacionais, ordenados se-
dos pilotos em pista, na estrada, ou mesmo fora dela. gundo o que achamos terem sido as suas presta-
Convém sempre não esquecer que o grau de difi- ções de 2019.

>> autosport.pt 5

TOP 25 01
NACIONAL NACIONAL

1 FILIPE ALBUQUERQUE (IMSA/ELMS) FILIPE ALBUQUERQUE IMSA/ELMS
2 RICARDO TEODÓSIO (CPR)
3 ANTÓNIO FÉLIX DA COSTA (FÓRMULA E) Filipe Albuquerque teve um ano repleto de
4 BRUNO MAGALHÃES (CPR) competição. O piloto de Coimbra correu no IMSA,
5 HENRIQUE CHAVES (GT OPEN) no ELMS e por fim no WEC, o que significa que
6 TIAGO REIS (CPTT) esteve presente nas três maiores competições
7 ALEXANDRE CAMACHO (CRM) de endurance do mundo. A qualidade e o talento
8 MIGUEL RAMOS (GT OPEN) de Albuquerque já não surpreendem ninguém e o
9 TIAGO MONTEIRO (WTCR) rótulo de um dos melhores pilotos de endurance
10 ÁLVARO PARENTE (BLANCPAIN GT WC AMERICA) do mundo assenta-lhe muito bem. Não foi uma
11 JOÃO FONSECA (C.P. MONTANHA) época fácil para o português e os resultados nem
12 JOSÉ PEDRO FONTES (CPR) sempre foram os melhores, demasiadas vezes
13 LUÍS MIGUEL REGO (CRA) acompanhado pelo azar. Mas cumpriu sempre o
14 FRANCISCO MORA (TCR IBÉRICO) seu papel de forma irrepreensível, sendo sempre
15 PEDRO SANTINHO MENDES (SSV) dos mais rápidos nas categorias em que correu.
16 PEDRO ALMEIDA (CPR) Não podemos deixar de lembrar João Barbosa, que
17 CARLOS FERNANDES (PRCI) fez dupla com Albuquerque no IMSA, mas o piloto
18 ANDRÉ CABEÇAS (CNR) de Coimbra esteve uns furos acima. 2020 promete
19 PEDRO ANTUNES (ERC/PRCI) muito, agora com uma máquina mais capaz no
20 FERNANDO TEOTÓNIO (CCR) ELMS e no WEC e com a parceria no carro #31 nas
21 MÁRCIO MARREIROS (CSR) provas de longa duração. Se o azar o largar, vamos
22 JOÃO RIBEIRO (RALICROSS) ver muitas vezes a bandeira portuguesa no topo
23 GIL ANTUNES (CPR2) como vimos no Bahrein.
24 GUILHERME OLIVEIRA (KARTING)
25 RODRIGO FERREIRA (KARTING)

TOP 25 01
INTERNACIONAL
INTERNACIONAL
LEWIS HAMILTONFÓRMULA1
1 LEWIS HAMILTON (FÓRMULA 1)
2 OTT TANAK (WRC) Lewis Hamilton voltou a ser Rei e Senhor na F1.
3 MAX VERSTAPPEN (FÓRMULA 1) Não foi um ano tão dominante quanto o de 2018,
4 CHARLES LECLERC (FÓRMULA 1) especialmente ao nível das qualificações, onde
5 CARLOS SAINZ (FÓRMULA 1) não conseguiu exibir a excelência da época
6 NYCK DE VRIES (FÓRMULA 2) anterior, mas nas corridas foi intratável e foi
7 NORBERT MICHELISZ (WTCR) buscar todos os pontos que estavam à disposição.
8 JEAN-ERIC VERGNE (FÓRMULA E) Lewis Hamilton é um piloto completo, cada vez
9 TIMMY HANSEN (WORLDRX) mais maduro e no auge das suas capacidades. É
10 ALEX ALBON (FÓRMULA 1) um privilégio poder assistir às exibições do #44
11 LANDO NORRIS (FÓRMULA 1) (mesmo que por vezes exagere no queixume pela
12 F. ALONSO / S. BUEMI / KAZUKI NAKAJIMA (WEC) rádio), frente a talentos do presente e do futuro.
13 RENÉ RAST (DTM) É verdade que ter um Mercedes nas mãos ajuda,
14 PIPO DERANI / FELIPE NASR (IMSA) mas poucos são os que conseguiriam extrair
15 MICHAEL CHRISTENSEN / KEVIN ESTRE (WEC) tanto do carro quanto faz o britânico. Os números
16 N. LAPIERRE/ P. THIRIET/ ANDRE NEGRAO (WEC) que conseguiu atingir na categoria máxima do
17 THIERRY NEUVILLE (WRC) automobilismo bastariam para fazer dele o melhor
18 NASSER AL-ATTIYAH (TT) do ano, mas a regularidade com que consegue
19 JOSEPH NEWGARDEN (INDYCAR) estar no topo está ao alcance de poucos. A
20 KYLE BUSH (NASCAR) frescura física de um jovem, a experiência de um
21 ROBERT SHWARTZMAN (FÓRMULA 3) veterano e o talento de um predestinado, com
22 STÉPHANE PETERHANSEL (TT) o melhor monolugar da atualidade foram uma
23 EARL BAMBER / LAURENS VANTHOOR (IMSA) conjugação demasiado forte para ser suplantada...
24 CHRIS INGRAM (ERC) e o futuro a curto prazo não mostra que o cenário
25 KALLE ROVANPERA (WRC2) possa mudar.

top 25 NACIONAL

02 03 04 05
NACIONAL NACIONAL NACIONAL NACIONAL

RICARDO TEODÓSIO CPR ANTÓNIO FÉLIX DA COSTA FÓRMULA E BRUNO MAGALHÃES CPR HENRIQUE CHAVES GT OPEN

Depois de em 2018 ter lutado pelo título do CPR A entrada da BMW em cena permitiu-lhe Bruno Magalhães regressou este ano ao CPR, e tal A aposta nos GT não podia ter sido mais acertada,
até ao fim, este ano assegurou o almejado título lutar pelo título, que escapou, e vencer uma como fez nos últimos anos, voltou lutar pelo título. pois Henrique Chaves foi um dos destaques
nacional de ralis. Não foi fácil, ainda apanhou corrida. Mas o português relembrou a quem Dado o nível da competição, sabia-se que não seria na sua primeira época no GT Open. Adaptou-se
um susto com o acidente pré-Vidreiro, mas o se pudesse ter esquecido que tem tudo fácil, e o período de adaptação inicial comprovou-o. rapidamente à sua nova realidade e foi competitivo
que fez nessa prova com duas costelas partidas para ser uma referência. Voltou também Quanto teve o carro como queria, venceu duas desde início. Venceu, lutou pelo título (terminou
mostrou que dificilmente perderia o título. Uma ao endurance, no WEC, começando a sua provas e foi ao pódio nas outras duas, levando a em terceiro) e, mais que isso, provou que tem
enorme vontade de ser campeão, aliada a uma participação da melhor maneira com vitórias luta no CPR até ao derradeiro metro. Em três anos, capacidade para ser bem sucedido na modalidade.
pilotagem que sobe de nível de ano para ano, e presenças no pódio. Tem como missão foi vice-campeão duas vezes e foi ao pódio no outro Pelo segundo ano consecutivo experimentou uma
torna-o num campeão merecido, numa competição suplantar o bicampeão de Fórmula E na "sua" ano. Continua um grande piloto. nova realidade e voltou a dar-se bem.
muito valorizada pela luta dos adversários. Uma equipa. 2019 foi bom, mas queremos mais.
regularidade impressionante de resultados foi o
segredo e, para lá das duas vitórias que obteve, só
uma vez não foi ao pódio (Madeira).

top 25 INTERNACIONAL

02 03 04 05
INTERNACIONAL INTERNACIONAL INTERNACIONAL INTERNACIONAL

OTT TANAK WRC MAX VERSTAPPEN FÓRMULA 1 CHARLES LECLERCFÓRMULA1 CARLOS SAINZ FÓRMULA1

Ott Tänak conseguiu o feito de terminar com uma O holandês continua a escrever história na F1. Este Leclerc poderia ter sido "engolido vivo" pelo O espanhol foi obrigado a deixar a Renault para
dinastia francesa de 15 anos, protagonizada por ano mostrou uma grande maturidade e uma boa "monstro Ferrari". Mas a um começo algo ceder o seu lugar a Ricciardo, mas as portas
Sébastien Loeb e Ogier, que viram o seu reinado forma que vem desde o GP do Mónaco de 2018, titubeante, seguiu-se o rumo do sucesso. Impôs- da McLaren abriram-se e o aí o piloto assinou a
findar. A classe e rapidez do estónio permitiu- palco do seu último grande erro. Fez a primeira se de forma categórica dentro da Scuderia, sua melhor época na F1. Foi o melhor piloto do
lhe chegar a um título totalmente merecido. Já pole, deu duas vitórias à Red Bull/Honda e provou encostando Sebastian Vettel. Foi o autor de mais "campeonato B" e a regularidade que exibiu só não
em 2018, Tänak mostrou que estava perto, e que com o carro certo é um forte candidato ao poles e venceu por duas vezes, uma delas em foi à prova de falhas técnicas. Sainz voltou a sorrir e
em 2019 não deu grandes hipóteses aos seus título. Cometeu alguns exageros quando não tinha Monza, em frente ao seu público. Não foi um ano mostrar o potencial que evidenciou nas categorias
adversários. Só mesmo a fiabilidade do Toyota o nada a perder, mas, finalmente, provou que tem os perfeito e cometeu alguns erros desnecessários, de iniciação. Foi um dos grandes responsáveis pela
impediu de assegurar o título bem mais cedo. Se ingredientes todos para ser campeão. mas provou que é uma das estrelas do futuro. recuperação da McLaren.
a direção assistida do Yaris não tem falhado na
Sardenha, a luta dificilmente se teria estendido
até à Catalunha, tal o domínio do estónio, mesmo
sempre com uma oposição feroz de Neuville e
Ogier. Agora veremos como se sai na Hyundai.

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top 25 NACIONAL

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NACIONAL NACIONAL NACIONAL NACIONAL

TIAGO REIS CPTT ALEXANDRE CAMACHO CRM MIGUEL RAMOS GT OPEN TIAGO MONTEIRO WTCR

Tiago Reis é um excelente exemplo de que com Sexto título de Campeão da Madeira de Ralis para É um nome incontornável do GT Open e continua a Depois de ter enfrentado o maior desafio da sua
um bom trabalho se pode chegar longe. Saiu da Alexandre Camacho. Apesar dos adversários se mostrar velocidade para lutar contra os melhores. vida, Tiago Monteiro voltou às pistas a tempo
'Montanha', competição que já lhe 'dizia' pouco, e terem equipado melhor este ano, o desfecho da A sua paixão pela competição é clara, mas não inteiro. Provou a todos que ainda tem o que é
foi para o TT. Sem nunca lá ter corrido, depois de competição foi o mesmo. E mesmo com a forte deixa que a obsessão pela vitória lhe retire o preciso para ser bem sucedido, venceu em Vila Real
duas épocas de evolução com o Mitsubishi Racing oposição de Miguel Nunes, Camacho foi mais forte prazer que tem de estar em pista. É um exemplo perante o seu público e voltou a ser um grande
Lancer, chegou este ano ao título nacional. Não é o e a sua exibição no Rali Vinho Madeira, que venceu para os mais jovens e com muito para dar. Esteve embaixador da Honda. Voltar a ver o #18 em pista
mais rápido, mas é muito consistente, pois a única na geral, confirmou tudo o que tinha ficado para novamente na luta por vitórias e pelo título e fez foi um motivo de grande alegria e Monteiro pode
prova em que não terminou no pódio deveu-se a trás. O terceiro lugar que obteve no Algarve só com Henrique Chaves a dupla que nos representou estar orgulhoso do que conquistou este ano,
problemas de transmissão no carro. mostrou que não é só na Madeira que anda bem. no FIA Motorsport Games. dentro e fora de pista.

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NACIONAL NACIONAL NACIONAL NACIONAL

ÁLVARO PARENTE BLANCPAINGTWCAMERICA JOÃO FONSECAC.P.MONTANHA JOSÉ PEDRO FONTES CPR LUÍS MIGUEL REGO CRA

Álvaro Parente não desilude. O piloto luso voltou a João Fonseca sagrou-se bicampeão de Portugal A época de José Pedro Fontes no CPR demorou um Luís Rego Jr. assegurou pela segunda vez o título
ter um grande ano na agora denominada Blancpain de Montanha, repetindo o título já alcançado em pouco e 'pegar', mas quando isso sucedeu, ainda de Campeão dos Açores de Ralis. O piloto do Team
GT World Challenge America (anteriormente Pirelli 2015, isto depois de vencer sete das oito provas foi a tempo de se incluir na luta pelo título. Depois Além Mar fez o necessário para vencer o 'regional',
World Challenge). Parente ficou em segundo lugar do campeonato. Na verdade, foi bem mais o bom do segundo lugar na Madeira, venceu dois ralis depois dos problemas dos seus principais
na competição, que já venceu, e assinou quatro andamento que determinou os resultados e não seguidos, mostrando um andamento fantástico, adversários, (saída de Bernardo Sousa e entrada de
vitórias, a que se juntaram oito pódios, ficando tanto a superioridade do material. É verdade que que já lhe tínhamos visto antes, em Mortágua. Diogo Gago) triunfando em três das seis provas da
fora do top 3 apenas por duas vezes. O português é o Silver Car EF10 esteve em bom plano, mas os Foram precisamente os azares em Mortágua e no competição. Saiu também da sua zona de conforto
dos melhores do mundo e a cada ano prova-o sem curtos apoios colocaram-lhe pressão adicional Rali de Portugal que o afastaram do campeonato, e veio ao continente disputar duas provas, para
margem para dúvida. para não falhar, o que fez com brilhantismo. mas terminou o ano a 'prometer' um 2020 diferente. reforçar a sua evolução como piloto.

14 15
NACIONAL NACIONAL

FRANCISCO MORATCRIBÉRICO PEDRO SANTINHO MENDES SSV

Voltou a ser destaque numa competição TCR. Pedro Santinho Mendes teve uma época de grande
Sem orçamento para continuar a progredir no nível nos SSV - a disciplina que (de longe) mais
TCR Europe, onde mostrou o seu talento e venceu, tem crescido em Portugal - ao assegurar o título
Mora manteve-se no ativo no TCR Ibérico e no de Campeão Nacional Absoluto nos SSV, vencendo
Open de Velocidade. Foi constantemente o mais também o Troféu Can-Am Maverick. Sempre com
forte e sagrou-se campeão na época de estreia da um excelente andamento e leitura do terreno,
competição Ibérica que dá os primeiros passos. assegurou duas vitórias na geral, dois segundos e
Mora merecia outros voos, mas sem orçamento um terceiro lugares, sem nunca ter abandonado.
para mais, vai mostrando o seu talento em casa. Uma grande época de um bom piloto.

top 25 INTERNACIONAL

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INTERNACIONAL INTERNACIONAL INTERNACIONAL INTERNACIONAL

NYCK DEVRIES FÓRMULA2 NORBERT MICHELISZ WTCR JEAN-ERIC VERGNE FÓRMULA E TIMMYHANSEN WORLDRX

Nyck de Vries teve um 2018 desapontante, com Em 2019 Michelisz sagrou-se campeão da Vergne voltou a encontrar a felicidade na Fórmula Timmy Hansen emergiu este ano como campeão
a McLaren a apostar as fichas todas em Lando maior competição de turismos do mundo. Não é E, mostrando mais uma vez mostrou a sua do WorldRX, na sequência de uma batalha épica
Norris. Deixou a McLaren e provou o seu talento, oficialmente campeão do mundo, mas este título qualidade: fica na história da competição como ao longo de toda a temporada com o norueguês
conquistando o título de F2. Além disso mostrou é certamente tanto ou mais saboroso quanto o primeiro bicampeão. A primeira época com os Andreas Bakkerud. A dupla ficou empatada nos
serviço no WEC que convenceu a Mercedes, teria sido o de 2017, que perdeu. Michelisz fez uma Gen2 não começou da melhor forma, mas depressa 211 pontos depois de quase 200 mangas, entre
tornando-se piloto oficial da marca na Fórmula E, época em crescendo e aos poucos foi subindo na recuperou a desvantagem e comprovou a valia da qualificações de finais. O jovem filho de Kenneth
com a Toyota interessada nos seus serviços para o classificação. Numa competição tão equilibrada, o DS Techeetah. Vergne tornou-se na referência de Hansen assegurou o título no desempate por
WEC. O sonho da F1 pode estar mais distante, mas título é um feito que merece destaque. O simpático uma das competições mais equilibradas do mundo número de vitórias, naquela que foi a temporada
a carreira do holandês está bem lançada. húngaro teve o prémio que há muito merecia. e mostra o seu talento também no endurance. mais equilibrada da história do Mundial de Ralicross.

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INTERNACIONAL INTERNACIONAL INTERNACIONAL INTERNACIONAL

ALEXALBON FÓRMULA1 LANDO NORRIS FÓRMULA1 ALONSO / S. BUEMI / K. NAKAJIMA WEC RENÉ RAST DTM

Em apenas um ano, Alex Albon foi piloto de Fórmula Norris causou uma excelente primeira impressão A classe LMP1 teve pouca história e apenas Rast já provou que tudo o que faz, faz bem. Seja
E e depois "repescado" pela Toro Rosso, mostrando na sua época de estreia na F1. Igualou várias vezes os Toyota tinham reais hipóteses de vencer a no endurance, nos GT ou nos turismos, o alemão,
qualidade de tal forma que convenceu a Red Bull o melhor Carlos Sainz de sempre e mostrou uma competição e as 24h de Le Mans. Ainda assim a inevitavelmente, acaba nos lugares cimeiros. Em
a dar-lhe uma oportunidade. Albon agarrou-a, e clara evolução, evidenciando, de forma gradual, tripulação do #8 não facilitou e levou a melhor. 2019 conquistou o bicampeonato no DTM, através
apesar de erros compreensíveis (pilotou um F1 pela cada vez mais agressividade e ambição nos fins Apesar das ‘facilidades’, as duas vitórias em Le de uma regularidade impressionante, não falhando
primeira vez em fevereiro), mostrou uma evolução de semana de corridas. Marcou poucos pontos, Mans não podem ser olhadas de lado, pois La o pódio nas nove rondas do campeonato, com
significativa a cada corrida, ficando perto do pódio mas provou em pista que o potencial é grande. Sarthe já tirou o pão da boca à Toyota ao cair do sete vitórias em 18 possíveis. Deixou o segundo
no Brasil. Termina o ano com nota muito positiva. Ao talento, junta uma atitude irreverente e bem pano. Alonso mostrou qualidade no endurance e classificado a 72 pontos, o que diz muito numa
disposta que lhe garante cada vez mais fãs. Buemi e Nakajima o habitual nível elevado. competição tão equilibrada quanto esta.

14 15
INTERNACIONAL INTERNACIONAL

PIPODERANI/ FELIPENASRIMSA MICHAEL CHRISTENSEN / K. ESTRE WEC

Dane Cameron e Juan Pablo Montoya foram os A dupla da Porsche Michael Christensen/Kevin
campeões do IMSA e mereciam estar nesta lista, Estre esteve imparável, juntando rapidez à
mas preferimos dar destaque à dupla brasileira da regularidade, e nunca terminando fora do top 5.
Action Express, vencedora da Michelin Endurance Os pilotos beneficiaram também da qualidade do
Cup. Muito prejudicada com um BoP por vezes Porsche 911 RSR, provavelmente a máquina mais
demasiado injusto, aguentou a luta pelo título até completa da época. Duas vitórias (uma delas em Le
ao fim e foi a melhor nas provas de longa duração. Mans), mais quatro pódios foram suficientes para
São, provavelmente, a melhor dupla do IMSA da serem campeões nos GTE Pro, na Superseason,
atualidade na categoria Dpi. conquistando o título a uma corrida do fim.

top 25 NACIONAL

16 17 18 19
NACIONAL NACIONAL NACIONAL NACIONAL

PEDRO ALMEIDA CPR CARLOS FERNANDES PRCI ANDRÉ CABEÇAS CNR) PEDROANTUNES ERC/PRCI

Pedro Almeida continua a sua caminhada até aos Depois de vários anos a dar espetáculo no seu André Cabeças foi Campeão Norte de Ralis, depois A temporada de Pedro Antunes pode não ter sido
lugares da frente do CPR e em 2019 foi quarto Mitsubishi Lancer, com que venceu a Taça de de vencer cinco das sete provas que realizou. muito produtiva em termos de resultados, mas a
no campeonato, logo a seguir aos candidatos Portugal de Ralis em 2014, entre outros títulos, Sempre a contar com um competitivo Mitsubishi verdade é que o andamento não engana e um bom
ao título. Ficou na frente de pilotos como Miguel Carlos Fernandes disputou este ano a Rally Cup Lancer Evo IX, foi mais forte em confronto direto exemplo disso foi o Rali das Camélias, ao lutar à
Barbosa e Pedro Meireles, fruto de um ano regular, Ibérica. Com um Peugeot 208 R2, fez quatro pódios face a Filipe Madureira e assegurou o título, chuva com um 4X4. No ERC viu-se uma boa evolução
em que só o 'azar' dos Açores destoou. Adaptou- em seis provas, que lhe valeram o quarto lugar naquela que foi a sua melhor época nos ralis, isto e na Peugeot Rally Cup Ibérica teve demasiados
se bem ao Skoda, está claramente a andar melhor, da competição. Sempre espetacular, embora não depois de ter passado pelo karting e velocidade, no azares, depois de ter vencido em Fafe. Sem dúvida
fez dois quartos lugares e um quinto e os pódios já tão eficiente quanto era com o Mitsubishi, sem os Troféu Clio, Open e Fórmula BMW. Em 2020 vem aí que mostrou um bom andamento em praticamente
estão bem mais perto. azares teria chegado mais longe. um R5 com que já correu nas Camélias. todas as provas e que o tem ninguém duvida.

20 21 22 23
NACIONAL NACIONAL NACIONAL NACIONAL

FERNANDO TEOTÓNIO CCR MÁRCIO MARREIROS CSR JOÃO RIBEIRO RALICROSS GIL ANTUNES CPR2

Ser Campeão de Ralis não é novidade para Márcio Marreiros foi Campeão Sul de Ralis e João Ribeiro tornou-se este ano tricampeão Gil Antunes conseguiu em 2019 o título de
Fernando Teotónio, mas este ano, o rápido piloto de alcançou um título 'regional' pela sexta vez na sua Nacional de Ralicross e tem vindo a dominar a Campeão Nacional de Ralis Duas Rodas Motrizes,
Amarante esteve ao seu mais alto nível, já que para carreira. Um grande feito de um piloto que alia a competição. Nos últimos quatro anos venceu algo que há muito procurava. Tal como em anos
além de ter sido campeão Centro de Ralis, venceu rapidez no seu inseparável Mitsubishi Lancer Evo, a três campeonatos e três taças de Portugal. Uma anteriores, andou sempre na luta pelos lugares
também os cinco Troféus Kumho, Terra Centro, uma grande espetacularidade no seu andamento. prestação avassaladora do piloto na S1600. A cimeiros, mas até aqui sempre lhe foi faltando
Terra Sul, Asfalto Centro, Asfalto Sul e Kumho E, ainda por cima, quase nunca desiste, já que juntar aos três títulos, João Ribeiro tem igualmente 'qualquer coisa'. Este ano os astros alinharam-se
Masters. Tudo o que podia ganhar... ganhou! No isso só lhe sucedeu três vezes em três anos. dominado a Taça Nacional e das 29 corridas dos e venceu, num ano em que andou a uma nível mais
CCR, dos oito ralis, venceu cinco, numa prestação Este ano, no CSR, venceu três das sete provas da últimos quatro anos, venceu 20, sendo claramente elevado do que lhe tínhamos visto até aqui. Agora,
quase avassaladora. competição. um dos pilotos mais bem sucedidos do ralicross. um projeto mais ambicioso para 2020.

24 25
NACIONAL NACIONAL

GUILHERME OLIVEIRA KARTING RODRIGO FERREIRA KARTING

O talento de Guilherme de Oliveira voltou a ficar Aos 17 anos, Rodrigo Ferreira tornou-se no primeiro
bem visível num ano em que venceu três das português a conquistar um pódio no ‘Mundial’ de
mais importantes competições nacionais: o Karting da categoria X30 Super Shifter (karts com
Open de Portugal, o Campeonato de Portugal e o motores de 175cc e com caixa de velocidades),
Troféu Rotax. Top-4 no Rotax International Trophy, numa época em que também se sagrou campeão
disputado em Le Mans, e teste na Fórmula 4, no nacional X30 Super Shifter Sénior e venceu a sua
circuito italiano de Adria, também foram momentos terceira Taça de Portugal de Karting. O piloto do
importantes num percurso notável do jovem piloto Porto tem desde a categoria Júnior colecionado
de 14 anos de Vila Nova de Gaia. vários títulos.

top 25 INTERNACIONAL

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INTERNACIONAL INTERNACIONAL INTERNACIONAL INTERNACIONAL
N.LAPIERRE/P.THIRIET/A.NEGRAOWEC THIERRYNEUVILLEWRC
NASSER AL-ATTIYAH TT JOSEPH NEWGARDEN INDYCAR
A tripulação da Signatech Alpine Matmut Ainda não foi desta que Thierry Neuville subiu
esteve fortíssima durante toda a época de o degrau que lhe falta para o título. Depois de Logo no início do ano, Nasser Al-Attiyah conseguiu Newgarden conquistou o seu segundo título na
2018/2019 e nunca terminou fora do top 3. perder várias vezes para Ogier, agora cedeu para a sua terceira vitória no Dakar. O atirador olímpico, Indycar Series, e também pelo Team Penske. O
Assinou oito pódios, em oito possíveis, dois dos Tänak. Foi o principal 'culpado' do primeiro título de Sheik e piloto de ralis continua a passear a sua piloto teve um começo de época forte e mesmo
quais vitórias, fechando o ano com o triunfo Construtores da história da Hyundai no WRC, mas classe, e o domínio que impôs na grande maratona não tendo os melhores resultados nas últimas
em Le Mans. Uma época fantástica numa das para o seu pecúlio pessoal, voltou a falhar. Venceu do início deste ano, mostrou mais uma vez que é quatro corridas, a prestação foi suficiente para
categorias mais equilibradas e interessantes de na Córsega e Argentina, parecia bem lançado, mas um piloto de exceção. Em 2019 foi ainda segundo vencer o ceptro. Quatro vitórias mais três pódios
seguir no WEC. Foi o segundo título para Lapierre o acidente no Chile e as pobres prestações de atrás de Peterhansel na Taça do Mundo de TT, e no selaram o tão desejado troféu, numa excelente
e para a Signatech Alpine em LMP2. Itália e Finlândia foram decisivas. próximo Dakar que está a arrancar é novamente o época para o piloto que soube ser inteligente em
grande favorito. pista e mostrou a sua qualidade nas ovais.

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INTERNACIONAL INTERNACIONAL INTERNACIONAL INTERNACIONAL

KYLE BUSH NASCAR ROBERT SHWARTZMAN FÓRMULA 3 STÉPHANE PETERHANSEL TT EARL BAMBER / L. VANTHOOR IMSA

Kyle Bush conquistou o título pela segunda vez na Shwartzman venceu o título da F3, depois de Os anos passam, mas a classe não se esvai. Venceu Também no IMSA a Porsche esteve em grande e
NASCAR, depois de ter alcançado o primeiro em na época passada ter ficado em terceiro na a Taça do Mundo de Todo-o-Terreno, depois de uma a dupla Bamber/Vanthoor levou a melhor sobre
2015. Bush levou a melhor sobre Martin Truex Jr., F3 europeia. O piloto russo, membro da Ferrari boa luta com Nasser Al-Attiyah, que vai reativar no a concorrência. O duo "Bamthoor", como agora é
Kevin Harvick e Denny Hamlin, sendo que os dois Academy, foi o claro vencedor, com 58 pontos próximo Dakar. No anterior, perdeu para o piloto conhecido, mostrou um grande ritmo durante toda
últimos não estiveram verdadeiramente na luta de vantagem para o segundo classificado. Com do Qatar, o que compensou ao fazer história, a época e, embora a concorrência andasse sempre
na noite em que se decidiu a competição. Bush três vitórias e mais sete presenças no pódio, foi triunfando na Taça do Mundo com a sua mulher, por perto, conquistou sete presenças no pódio,
venceu de forma convincente, fechando a época da um dos grandes destaques da época e com isso Andrea Peterhansel, como navegadora. Enquanto três delas com vitórias. Dois excelentes pilotos,
melhor forma, com o desejado título de uma das conquistou uma vaga na F2, onde poderá mostrar tiver motivação e físico para continuar a correr, vai dos melhores nos GT, que formaram uma dupla de
categorias com mais fãs no mundo. se tem o que é preciso para a F1. continuar a espalhar classe por essas dunas fora. grande nível e que promete ainda mais.

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INTERNACIONAL INTERNACIONAL

CHRIS INGRAM ERC KALLE ROVANPERA WRC2

Chris Ingram foi Campeão Europeu de Ralis, Kalle Rovanperä está talhado para grandes voos,
naquela que foi uma das mais belas histórias do e desde que o comecámos a ver guiar um carro
ano nos desportos motorizados. Sem dinheiro, teve de ralis com oito anos, percebeu-se que estava ali
que assegurar a participação em ralis quase prova 'algo'. Passado uma década, isso comprova-se. Foi
a prova. Foi-se mantendo perto da frente, e com este ano Campeão do WRC 2 Pro e já tem garantida
alguma sorte a ajudar, terminou campeão, quando a sua passagem para o WRC com a Toyota. Este
pensava já ter tudo perdido. Não venceu qualquer ano, apesar de um começo de época difícil, quando
prova, mas ter andado em bom nível sabendo que começou a vencer, só parou como campeão com 61
se batesse, a carreira terminava ali, foi notável. pontos de avanço para Mads Ostberg!

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12 E S P E C I A L D A K A R 2 0 2 0

DAKAR 2020 NA ARÁBIA SAUDITA

CAPÍTULO TRÊS
Depois de três décadas em África, e mais uma na América do
Sul, o Dakar ruma agora para o seu terceiro capítulo, na Arábia

Saudita. Toyota e Mini voltam à luta pelo triunfo; Fernando
Alonso estreia-se, mas, salvo alguma grande surpresa, a vitória

não deverá fugir a um dos pilotos do trio Nasser Al-Attiyah
(Toyota), Stéphane Peterhansel (Mini) e Carlos Sainz (Mini), com

Giniel de Villiers (Toyota) muito à espreita

José Luís Abreu quatro cantos do planeta convergem Para concorrentes e equipas o percur- tenham vindo a participar em provas
[email protected] para a grande maratona que se realiza so é uma folha em branco, sendo que locais desde há alguns meses para cá.
Fotos Oficiais em duas semanas e a Arábia Saudita podem contar com etapas mais longas Pelo menos, os cheiros e as cores, já
será o 30º país diferente a receber o do que sucedeu nos últimos 11 anos na conhecem. No fundo, uma nova aven-
Depois de ter sido originalmente evento. Depois de três décadas em África América do Sul. Portanto, este é um de- tura para todos. 350 concorrentes vão
pensado como uma corrida de e 11 anos na América do Sul, o Dakar de- safio totalmente novo para os concor- alinhar-se em Jeddah para a partida,
endurance que ligava Paris e verá agora manter-se pelo menos cinco rentes, que não sabem muito bem o que assim divididos: 170 Motos, 133 autos e
Dakar, a prova que saiu do so- anos na Arábia Saudita. esperar, ainda que as equipas oficiais SSV e 47 Camiões.
nho de Thierry Sabine evoluiu A vastidão do deserto saudita espera
para um dos maiores desafios os melhores pilotos de TT do mundo,
‘motorizados’ do mundo, quer seja em num evento em que a velocidade, mas
termos mecânicos, físicos ou mentais. essencialmente a navegação terão uma
Inicialmente na remota África e a partir enorme importância no escalonamen-
de 2009 na América do Sul, desta feita os to da prova. Os concorrentes irão depa-
concorrentes rumam ao terceiro grande rar-se com dunas de 250 metros, num
capítulo da história do Dakar, na Arábia percurso que terá cerca de 7.500 km,
saudita, o maior país árabe na Ásia e na dos quais 5.000 contra o relógio. Desta
Península Arábica. forma, este será o mais longo Dakar,
Várias centenas de concorrentes dos em termos de percurso cronometra-
do, em 10 anos.

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NOVO PARA TODOS Para este ano, há uma forte incógnita, ao vencer o Dakar pela primeira vez e se vai sentir 100% à-vontade, devido
que é exacerbada pelo facto de nin- Nasser Al-Attiyah assegurou o seu ter- às péssimas relações do seu país com
Depois de três triunfos em cinco anos, a guém conhecer o terreno, já que o equi- ceiro triunfo, numa prova que dominou os sauditas. Claro que o seu profissio-
Peugeot deixou o Dakar (o ano passa- líbrio de conceitos, do Mini da X-Raid, quase por completo. Nani Roma levou nalismo ultrapassará a questão, mas
do só Sébastien Loeb correu) e Toyota de duas rodas motrizes, face às quatro o seu Mini 4X4 ao segundo lugar, a 46 certamente não seria este o país que
e Mini a lutarem sozinhas, pelo que de- rodas motrizes das Toyota Hilux, será minutos do vencedor, e Sébastien Loeb Al-Attiyah procuraria para conseguir
pois de no primeiro round a Toyota ter muito determinado pelo terreno esco- terminou no pódio com o Peugeot da PH a sua quarta vitória no Dakar.
levado a melhor, resta saber se os Buggy lhido pela ASO. Em teoria, quanto mais Sport. Os buggy Mini da X-Raid não de- Novamente com Matthieu Baumel ao
da X-Raid já estão em condições de dar areia, melhor para os buggy, mas a ASO siludiram, mas também não brilharam. lado, e com uma Toyota Hilux ainda me-
luta aos Toyota. não deverá ter deixado de pensar neste Resta saber o que vão ser capazes de lhor - foi evoluída essencialmente em
Ao contrário da Mini, a Toyota esteve ponto importante, e, por isso, equilibra- fazer este ano. termos de refinamento e fiabilidade de
quase perfeita o ano passado. Do lado do as coisas a esse nível. componentes-chave -, Al-Attiyah tem
dos homens da X-Raid, problemas de O ano passado, a meio da prova a marca TOYOTA OU MINI? mostrado ser dos pilotos de maior des-
juventude assolaram os Buggy. Coisas vencedora já estava praticamente en- Face ao que mostrou o ano passado no taque na prova nos últimos anos. Tendo
como, por exemplo, ajustar a pressão contrada e daí para a frente foi só uma Perú, a Toyota é favorita a nova vitó- em conta a areia esperada, Attiyah é o
dos pneus dos carros deram imensas questão de fugir das armadilhas e man- ria, mas resta saber como se vai portar maior favorito: “Há tantos bons pilotos
dores de cabeça à equipa, e isso foi de- ter um bom ritmo. A Toyota fez história Nasser Al-Attiyah num país onde não nesta prova, que a única maneira de fi-
cisivo no escalonamento final da prova.

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car na frenteéestarnomeumelhortodos va. Sem ter carro para bater a Mini ou a mina um Dakar desde 2015, mas quando MD), Christian Lavieille (Toyota), Pascal
os dias”, disse o piloto. Toyota - não é provável que isso possa o fez, fê-lo em sétimo. Thomasse (Buggy MD), Romain Dumas
Do lado da Mini estará um par de dois suceder na estreia de um carro na prova, Fernando Alonso e Marc Coma são a gran- (Buggy RD), Miroslav Zapletal (Ford
novos John Cooper Works buggies, com depois de o ano passado ter sido, na prá- de novidade deste Dakar. Aos comandos Ranger) ou Martin Kolomy (Ford Ranger),
Stéphane Peterhansel e Carlos Sainz aos tica, ‘mochileiro’ da X-Raid -, em 2020 a de uma Toyota Hilux oficial, a dupla tem tudo nomes que podem surgir no top 15.
comandos. Será que Peterhansel chega à motivação é bem diferente e o espanhol vindo a preparar-se para o desafio, sen-
sua 14ª vitória no Dakar, e logo numa pro- assegura que sabendo que dificilmente do uma das grandes incógnitas da prova. ALTERAÇÕES NAS REGRAS
va que terá um português ao lado? Paulo escapam de problemas de juventude, um Vencer parece estar fora de causa para um As regras sofreram algumas alterações.
Fiúza substitui Andrea Peterhansel, que, bom resultado é possível apenas se fize- estreante, mas um top 10 é quase certo, Já foi testado no Rali de Marrocos, o road
devido a razões médicas, não participa na rem tudo bem, na tentativa de fazer che- e um top 5 possível. A prestação de Marc book será a cores, evitando que os na-
prova: “Só conheço o país de uma corrida gar a equipa à ‘Primeira Divisão’. Coma na navegação, e na forma como vegadores percam horas a prepará-lo.
de motos que fiz há muito tempo e ago- ‘balança’ a pilotagem de Alonso, irá ser Outra mudança importante tem a ver
ra deste rali que fizemos recentemente.” OS OUTSIDERS primordial para o resultado. com o facto de em seis etapas as equi-
De qualquer forma, a sua experiência é Há, depois, um conjunto de pilotos que
enorme e o francês sabe o que é vencer o Há muitos candidatos ao top 5 e ainda pode aspirar a bons resultados e, neste
Dakar com um buggy, já que triunfou duas mais ao top 10. Por exemplo, o polaco contexto, tudo depende muito mais da
vezes com a Peugeot, em 2016 e 2017. Se Kuba Przygonski, que terminou o ano sorte e do azar.
a areia e as dunas forem predominantes como vice-campeão da Taça do Mundo Martin Prokop é um sério candidato ao
neste Dakar, e o Mini estiver à altura, será FIA de Todo-o-Terreno Bajas atrás de top 5. Os seus resultados no Dakar têm
Peterhansel o principal favorito. outro candidato ao top 5, o argentino vindo sempre a melhorar e o ano passado
Ao seu lado, na X-Raid, está outro dos Orlando Terranova - o vencedor dessa foi sexto. Novamente com a Ford Ranger,
principais favoritos, Carlos Sainz, vence- mesma competição. Ambos correm de até um pódio é possível, ainda que isso
dor há dois anos com a Peugeot. A exem- Mini JCW Rally. dependa de outros fatores.
plo de Peterhansel, também o espanhol Vladimir Vasilyev está de regresso à Khalid Al Qassimi corre com o Peugeot
sabe o que é vencer com um buggy, mas X-Raid depois de vários anos de fora. 3008 DKR que ficou na PH-Sport, e tam-
se o triunfo de Sainz há dois anos já foi A X-Raid tem um forte contingente de bém ele tem condições de fazer uma boa
um pouco ‘sofrido’, que dizer agora, aos Mini 4X4, mas a sua valia é uma incóg- prova. Foi sexto em 2018 e o carro é ga-
57 anos. Classe não lhe falta, mas o Dakar nita. Como se sabe, Boris Garafulic optou nhador. Há ainda Erik Van Loon (Toyota),
é muito duro. por ficar em casa, devido à situação polí- Mathieu Serradori (Buggy SRT), Peter
Giniel de Villiers, noutra Toyota Hilux, é tica no Chile, o mesmo sucedendo com o Van Merksteijn (Toyota), Ronan Chabot
um piloto a ter muito em conta já que a seu navegador, Filipe Palmeiro. Do lado da (Toyota), Dominique Housieaux (Buggy
sua habitual abordagem é ver onde pa- Toyota, Bernhard Ten Brinke já não ter-
ram as modas, manter-se perto da fren-
te e aproveitar quebras dos principais fa-
voritos. Depois da sua vitória em 2009, a
primeira edição na América no Sul, em
10 edições ficou seis vezes no pódio, algo
que indica a sua grande competitividade.
Se vencesse, ninguém se admiraria mui-
to, até porque guia uma Toyota de topo. A
última vez que o Dakar mudou de conti-
nente foi de Villiers que venceu.

PORÉM COM A BORGWARD

Outro detalhe interessante deste Dakar é
o regresso de um bom piloto português
a uma equipa de ponta na prova. Depois
de o ano passado ter corrido de Side by
Side (SSV) no Dakar, Ricardo Porém está
de volta, desta vez como segundo pilo-
to da Borgward, equipa em que alinha
Nani Roma.
É uma excelente oportunidade para o pi-
loto de Leiria, ainda mais ao lado de um
piloto tão experiente, e já vencedor do
Dakar, como é o espanhol. Pode aprender
muito ao seu lado na equipa. A Borgward
também é ‘jovem’ no Dakar, e o Borgward
BX7 EVO tem tudo a provar na grande
maratona.
Quanto a Nani Roma, não necessita de
apresentações: venceu nas motos e nos
carros. Mas para esta edição tem um novo
desafio, uma nova equipa, a qual pretende
trilhar caminho para o futuro nesta pro-

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CAMIÕES

HAVERÁ ALGUÉM
MAIS KAMAZ?

Com quatro triunfos, Eduard Nikolaev segue na senda de Chagin e Loprais, com o piloto
da Kamaz a ser o grande favorito para obter novo triunfo. Os rivais dos russos não estão
apenas na equipa Iveco/De Rooy, mas também no clã checo, Alex Loprais, Martin Macik e
Martin Soltys, e ainda no bielorrusso Siarhei Viazovich. Veremos quem leva a melhor...
Comosempre,osKamazsãoosfavoritos
e para o perceber basta olhar para o
palmarés do Dakar, com a marca rus-
sa a somar 16 triunfos, mais 10 que a
segunda marca mais vitoriosa, a Tatra,
que tem seis, isto em 23 edições da

prova. A série de quatro vitórias, três de segui-

da, também chancela o favoritismo de Eduard

Nikolaev, que segue na senda do seu mentor,

Vladimir Chagin, que soma sete vitórias.

A Kamaz é claramente a favorita, pois tanto

Dmitry Sotnikov (2º em 2017 e 2019) ou Andrey

Karginov(vencedorem2014)têmtambémoque

é preciso para vencer, caso algo se passe com

Nikolaev, como já sucedeu em anos anteriores.

No entanto, ao que tudo indica os camiões russos

terão de travar nova dura batalha para prolon-

gar o seu domínio, pois do lado da Iveco, Gerard

de Rooy vai liderar a equipa do lado de fora pois

tem um problema nas costas que o impede de correr. bielorrusso da Kamaz, que é liderada por Siarhei Viazovich,

PorissoseráoambiciosoJanusvanKasterenasubstituí-lo. segundo colocado atrás de Nikolaev em 2018. Por fim, será

Os Tatra, especialmente Karel Loprais, sempre deram luta necessárioprestaratençãoespecialàequipadaGertHuzink,

à Kamaz, e o seu sobrinho, Ale Loprais (3º em 2007, 4º em que colocou a si próprio um desafio para o futuro: ser o pri-

2015 e 5º em 2019), pode dar mais luta este ano. meiro camião híbrido no Dakar.

Tambémoclãcheco,divididoentrediferentesequipas,deve Como é habitual, há portugueses nos camiões, mas como

terpilotosnadianteira.EntreMartinSoltys(BuggyraRacing) apoiologísticoemecânico.Éocasodocamião#515deapoio

ouMartinMacik(5ºem2018),quejávainoseuoitavoDakar àSouthRacingondeestáBrunoSousa,comomecânico,ouo

aos 30 anos de idade, deve haver quem dê nas vistas. Outra MAN#546queservedeassistênciarápidadoTeamBoucou,

ameaça bem real aos Kamaz é a Maz-Sportauto, o ‘primo’ quelevaoportuguêsArmandoLoureirocomomecânico.

pas só receberem o road book de manhã,
pouco antes de partirem para a especial,
não havendo desta feita lugar a equipas
de ‘Google Maps’ à procura das melhores
alternativas de percurso.
Desta feita, toda a caravana do Dakar – e
não só motos e quads - vai poder parar
15 minutos para reabastecer combustí-
vel. A ideia passa por separar mais vezes
as motos e quads dos carros e camiões,
aumentando com isso a segurança. Isto
fará diminuir o número de manobras de
ultrapassagens no percurso seletivo.

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“ENTREVISTA RICARDO PORÉM
VOU FAZER
A MINHA CORRIDA

E PARTIR SEM
QUALQUER PRESSÃO

Ricardo e Manuel Porém são a única dupla lusa deste Dakar
2020, onde vão correr com um Borgward BX7 DKR Evo, ao lado
do experiente Nani Roma. A fasquia não está alta e ’aprender’,

sem descurar um possível bom resultado, é o objetivo

José Luís Abreu com Gonçalo Eu penso que no Dakar, mesmo quem tem periência do Nani Roma? para a minha experiência.
Cabral/16 Válvulas muitas edições feitas, aprende em todas Tenho a certeza absoluta o Nani é um ex- Vais apanhar percursos de muitos qui-
[email protected] elas. Portanto eu apenas com uma edi- celente piloto está no nível dos melhor do lómetros em que nada se vê, só areia e o
Fotos Oficiais ção acho que me continuo a considerar TT mundial, vai para o 25º Dakar e isso diz horizonte. Não estás habituado, embo-
um rookie, agora há alguns pormeno- logo o que é a sua experiência fora todas ra tenhas apanhado alguma coisa em
Ricardo Porém vai disputar o res com os quais já podemos considerar as provas do Campeonato do Mundo e aos Marrocos. Como se navega em zonas
Dakar pela segunda vez, des- que vou mais mais bem preparado, quer anos que anda nisto. Tem sido muito gra- dessas?
ta feita com um Borgward BX7 queiramos quer não é uma corrida de uma tificante para mim poder aprender com O ano passado (Dakar 2019) fizemos muita
DKR Evo, um carro duma mar- grande dimensão há muitas coisas que uma pessoa com tanto conhecimento e areia, eu acredito que na Arábia Saudita
ca que foi reavivada em 2008, são diferentes dos Rally Raids. tanta experiência, e só espero poder ca- não vai haver tantas dunas. Sim, muito
e que se estreou no Dakar em O que achas do Borgward face aos carros pitalizar isso ao máximo e poder evoluir terreno erenoso, mas não tantas dunas,
2017. Aos 30 anos, Ricardo Porém está que já guiaste no TT? enquanto piloto, e adquirir mais dados fala-se que pode ser muito como o Dubai,
confiante que ele, e o irmão mais novo, O Borgward é um carro que já tem três
Manuel Porém, podem chegar ao top 10 anos, agora tem sido desenvolvido pelo
com o Borgward BX7 DKR Evo, algo que pelo Nani Roma, a Borgward Rally Team é
não sendo um objetivo assumido, vinha uma equipa oficial, o carro é competitivo,
bem a calhar, ainda que o seu principal bastante fiável, é um carro que eu acredi-
foco seja continuar a ‘aprender’ o Dakar. to que não está ao nível dos carros mais
Seja como for, o Campeão de Portugal evoluídos, como a Mini ou a Toyota, mas é
de Todo-o-Terreno de 2014 e 2017, tetra um carro que está no bom caminho, está
vencedor consecutivo da Baja Portalegre a ser desenvolvido por uma equipa mui-
500, e o seu irmão, têm pela frente um to profissional com muitas capacidades, e
grande desafio. portanto são tudo fatores que vão contri-
Ricardo, de novo no Dakar... buir para que a performance do Borgward
“Tive uma estreia muito positiva no Dakar seja cada vez melhor.
2019. Correr num SSV permitiu-me com- Que estrutura vais ter no Dakar, a tra-
preender como se desenrola um prova balhar contigo?
complexa como o Dakar, ao longo de mui- Em permanência no Dakar são três me-
tos dias de competição. Este ano, eu e o cânicos, mais ainda um engenheiro de
Manuel, temos a sorte de corrrer juntos, motores e outro de chassis, permanente
e estou muito confiante de que faremos da carne com três mecânicos um enge-
uma grande equipa, tanto dentro como nheiro de Torres e outro que já fui aqui é
fora dos Borgward. compartilhado pelos dois carro mas te-
Até que ponto a aprendizagem do teu remos sempre três pessoas a trabalhar
Dakar do ano passado num SSV te ser- em privado no nosso carro.
ve para esta prova? De que formas podes beneficiar da ex-

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são muitos quilómetros mas um pouco é o meu caso. Vou tentar cumprir, neste gerir uma corrida com 8.000 Km, como é Já pensei um pouco nisso, e eu acho que
diferentes de como foi no Peru. momento não há qualquer plano defini- normal, mas de certeza que vai fazer um vai haver surpresas. Confesso que com
Não é o terreno onde estou mais à vonta- do pela equipa, mas tentarei cumprir com bom resultado pois está a correr também estas novas regras vamos ter um piloto
de mais é um terreno onde cada vez te- tudo o que me for imposto, mas vou fa- por uma grande equipa. muito rápido que pode andar à frente nos
nho mais experiência e cada vez me sinto zer a minha corrida e partir sem qualquer E tu andares na luta contra ele? primeiros dias, que é o Yazeed Al-Rajhi
mais confortável e ao longo dos 8000 Km tipo de pressão, tentar fazer uma coisa Não sei, nunca fizemos nenhuma corri- (ndr, um saudita, que corre em casa, é
de corrida que temos pela frente vou ter inteligente, são muitos muitos dias, ten- da juntos, como é que pode estar o nos- muito rápido, já fez muitos ralis do WRC,
certamente a oportunidade de ir evoluin- tar evitar ao máximo os erros, apostar so andamento, semelhante ou não, logo entre 2008 e 2018, desde 2015 que corre
do nessas condições. na regularidade para tentar, quem sabe se verá, se for para andar à frente, muito no Dakar, onde foi sétimo o ano passado
Na América do Sul, ainda se apanha- se as coisas correrem bem, um lugar no bem, mas também não será uma pressão, com a Mini), que conhece decerto mui-
va gente para ajudar, ali, na Arábia, no top 10, mas não é nisso que vou estar fo- nem quero cometer erros devido a essa to bem o país e tem um excelente car-
meio do deserto, duvidamos que seja as- cado nem com a pressão de de ter que situação. Se surgir, claro que será positivo. ro. O Nasser (al Attiyah, Toyota) também
sim. Como imaginas será a prova a esse atingir esse objetivo. Acredito sim, que Sentes que se deres nas vistas, podes ficar tem um excelente carro, a Mini também
nível. regressa a entreajuda que se via se tudo correr conforme planeado e sem na mira dos patrões das grandes equipas, tem um excelente carro, o polaco Kuba
muito em África? grandes contratempos, e apostar na re- ou um piloto de um pequeno país como Przygoński pode vir a fazer um exce-
Este ano fala-se que o espírito de entrea- gularidade, que poderei conseguir esse Portugal terá sempre mais dificuldade? lente Dakar (ndr, Mini 4X4), tem evo-
juda do Dakar vai voltar face às caracte- objetivo. Mas reforço que não é algo que Essa é uma questão um pouco difícil! É luído muito nos últimos tempos, tem um
rísticas da prova, vamos ter etapas mui- seja uma prioridade. verdadeque Portugaltemexcelentespi- carro muito bom e eu acredito que ele
to longas, sair cedo, chegar tarde, muitas Terminares à frente do Alonso era giro, lotos no desporto mundial, mas também possa vir a fazer um bom Dakar, o meu
horas dentro do carro, e isso na América não? andares na luta contra ele, já que é verdade que face à nossa dimensão colega de equipa, Nani Roma, também,
do Sul o povo é super apaixonado pelo numa pista, seria difícil para ti? muitos outros outros nunca consegui- com a regularidade que já lhe é conhe-
desporto automóvel. Não era em todos os Fora das corridas damos-nos todos bem, ram chegar à elite máxima do desporto cido pode vir a surpreender, vamos ver,
quilómetros, lógico, mas não passavam lá dentro todos queremos dar o nosso me- mundial, outros ficaram pelo caminho, temos que esperar pelo primeiros dias
muitos quilómetros sem ver pessoas, lhor. Sem dúvida que e muito bom para o outros não conseguem viabilizar todos para perceber efetivamente como é que
sem ter público, e isso agora eu calculo todo o terreno em geral, Dakar em par- os seus projetos. É país que temos, eu tudo se vai desenrolar e como é que es-
que não vá existir, eu acho que vão ser ticular a presença do Fernando Alonso. tenho muito orgulho em ser português, tas novas regras de navegação, como é
etapas com muito menos público e onde Demonstra bem a qualidade de pilotos eu entendo que cada um tem que dar o que tudo vai acontecer.
vamos depender muito mais de nós. que o TT hoje em dia tem, as marcas apos- melhor de si, vestir sempre a camisola E quanto ao pós Dakar, em 2020, já tens
Nota-se que estás muito confiante, com tam em evoluir os seus carros para terem e tentar fazer o seu melhor obviamen- alguma coisa em mente?
muita vontade começar a competir e no o máximo de desempenho, acho que via te que se fizermos o nosso melhor e se a Para já só tenho previsto o Dakar em
meio disto tudo onde é que ficam os ob- ser fantástico, até para os media, que vão escolha não recair sobre nós, ficamos de janeiro e depois tudo dependerá do
jetivos que tens para este Dakar? falar muito mais da corrida. São mais va- consciência tranquila e eu acho que isso Dakar para ver o que posso fazer du-
Eu acho que num Dakar temos sempre lias que podem trazer, o Fernando tem é o mais importante. rante a época. Um bom ano para to-
que ir com vontade de e aprender e evo- feito muitos testes, vai estar competitivo, Quas são as tuas apostas quanto à prova? dos, na Arábia saudita tudo farei para
luir o máximo possível, principalmente obviamente que lhe pode faltar um pouco É verdade que prognósticos ‘só depois do representar da melhor forma Portugal
quando é apenas a segunda edição, como de experiência de leitura do terreno e de jogo’, mas tens algumas ideias? e todos os que me apoiam...

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PAULO FIÚZAAO LADO DE PETERHANSEL
“NÃO ÉTODOS OS DIAS QUE VAMOS SENTADOS
AO LADO DO SR. DAKAR”

José Luís Abreu com Gonçalo Cabral / 16 Válvulas como estão os nossos adversários, olhar para a prova dia a MAIS UMA ESTREIA
[email protected] dia. Claro que iremos atacar, mas tudo depende de como irá PARA FERNANDO ALONSO
FOTOS Oficiais correr, não vamos para já traçar planos, vamos ver como vai
avançar a corrida, pois a concorrência é forte, vamos ver”. Depois de passagens pela F1, WEC, IMSA, Indy 500, 24
Paulo Fiúza foi chamado à última da hora para ocupar o lugar Entretanto, na prova teste que realizaram juntos na Horas de Le Mans, Fernando Alonso vai agora estrear-se
deixado vago pela mulher de Stéphane Peterhansel, Andrea, Arábia Saudita, Fiúza confirmou que o carro “sofreu uma no Dakar. O bicampeão Mundial de F1 e duplo vencedor
que devido a razões médicas teve que ficar em casa. Bem grande evolução, o ângulo de ataque da frente do carro das 24 Horas de Le Mans, vai correr com a Toyota Gazoo
conhecido de Sven Quandt, líder da X-Raid, Paulo Fiúza foi o foi mudado, o problema do enchimento dos pneus foi Racing tendo a seu lado Marc Coma. Apesar de um carro
navegador escolhido para a difícil tarefa de ajudar Mr. Dakar resolvido e o buggy está mesmo bem mais competitivo” muito competitivo, a Toyota Hilux ‘oficial’, o espanhol tem
a lutar pela vitória. De repente, temos um português a lutar disse Fiúza que vai para o seu 14º Dakar: “Até aqui, só não objetivos modestos, e diz que vai para aproveitar a prova,
para vencer o Dakar à geral nos autos: “Sinto-me bastante terminei dois, um em África. Na América do Sul terminei mas sabe que a sua falta de experiência irá dificultar
feliz, navegar Peterhansel é um prazer. O Sven Quandt ligou- todos, embora alguns tenham sido de camião, onde não este primeiro contacto e mais ainda as aspirações a uma
me, a dizer que tinha um top driver para mim, mas não me éramos obrigados a cumprir o percurso de todas as possível vitória: “Vou lá para aproveitar a experiência?
disse logo quem era. Fiquei na expetativa e quando ele me especiais. Digamos que em termos de contabilidade, não Sim [eu estou pronto]. Vou lá para aproveitar ao máximo?
disse, a minha reação foi perguntar se era mesmo verdade. terminei dois”. Sim. Mas se eu pensar numa vitória no Dakar, não me
Fiquei muito feliz e claro, aceitei logo o convite” começou por Outro ponto curioso é o facto de Peterhansel ter feito um sinto pronto. Estou perfeitamente ciente da minha falta
dizer Fiúza, que vai lutar para vencer o Dakar: “Tenho perfeita pedido a Fiúza: “Estive com ele a semana passada, o que que de prática. Há corridas que tentei, como Indy, Le Mans
noção disso, mas é uma pressão boa. Não é todos os dias combinámos foi que as notas serão em inglês mas ele quer ou Daytona, em que me senti bastante competitivo e que
que vamos sentados ao lado do Sr. Dakar, é uma pressão que algumas sejam dadas em francês e por isso estou a pude lutar pela vitória. No Dakar, acho que não estou a
enorme, mas para já ainda não penso muito nisso. Vamos ver preparar-me nesse sentido”. esse nível. Mas tentarei uma estratégia diferente. Não
serei o mais rápido, mas espero estar numa boa posição
no final da prova”.

PEDRO BIANCHI PRATA Pedro Bianchi Prata vai correr no Dakar termos tido alguns azares, íamos em quinto
“TEMOS TODAS AS CONDIÇÕES ao lado do antigo piloto do WRC, Conrad da geral numa prova com imensos carros
DE FAZER UM BOM DAKAR” Rautenbach, natural do Zimbabwe, num projeto competitivos.
interessante: Um SSV T3. Bianchi Prata vai ser De resto, temos testado no Dubai, Abu Dhabi,
navegador: “É um carro bom, temos todas as e também na Arábia, para nos conhecermos,
condições de fazer um bom Dakar”, começou perceber como podemos fazer as coisas. O
por dizer Bianchi Prata, que explicou como aqui Conrad já foi campeão de ralis da África do
chegou: “Há dois anos que me dedico a dar Sul, fez top 5 no WRC várias vezes, já fez top
cursos de navegação e no Rally de Merzouga, 8 no Dakar com uma Toyota oficial, portanto
fazia de navegador de um piloto brasileiro, não lhe vou ensinar nada, mas sim ajudá-lo
tendo aí conhecido o Conrad Rautenbach. Ele na navegação. De resto, como sabem, já fiz
fez-me o convite para o navegar, o desafio muitos Dakar de moto, mas agora com os
era grande, mas o projeto é muito bem testes, nunca pensei que se pudesse andar
estruturado, e apesar do meu trabalho atual, tão depressa de carro nas dunas”, disse
isto pode dar uma reviravolta na minha carreira. Bianchi Prata que antevê um Dakar em que
O carro é um protótipo, totalmente feito na PH não se vai andar tanto no limite: “Acho que
Sport, equipa que representa a Citroën no WRC. vai ser um Dakar muito interessante, pois
A base é Can-AM, mas nem parece que estamos se for – como se espera - uma navegação
num SSV, pois é todo fechado, e tem uma muito difícil, um dia perde-se um, noutro
performance espetacular. Fizemos um teste dia, outro, e a luta pela liderança pode ser
na Arábia Saudita, e no primeiro dia antes de muito mais aberta”

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19

SSV/SIDE BY SIDE VEHICLES

JOVEMEPROMISSORACATEGORIA

Depois de dois triunfos brasileiros, nas em 2017, que o ano passado abandonou. Outro ex- WRC, pelo que rapidez não lhe falta. Na recente prova de
duas primeiras edições dos SSV, o ex- -vencedor nos quads, Josef Macháček, terá que evitar Merzouga, só foi batido por Nasser Al-Attiyah, nos SSV.
motard chileno ‘Chaleco’ López triunfou armadilhas na sua estreia nos SSV. Há quem aposte também no ‘desertor’ da categoria
no Perú no ano passado, sendo por isso Gerard Farrés, que foi segundo no ano passado, já dos camiões, Artur Ardavichus (3º em 2012 e 4º em
este ano o principal favorito. Mas tem, tinha sido terceiro nas motos em 2017. Valerá a pena 2018), que enfrenta agora o Dakar de uma posição bem
novamente, fortes adversários... estar também de olho em Casey Currie, quarto na mais baixa, e sem tanta gente no cockpit. Os jovens
sua estreia no Dakar em 2019, e vencedor do recente do Red Bull Off-Road Team USA são muito rápidos,
Os Side by Side estão na moda e o Dakar não Rali de Marrocos. pelo que será prudente ficar de olho neles. Desta feita,
é exceção. Os pilotos destes competitivos Já para não falar de Conrad Rautenbach, que obteve um para além do navegador, Pedro Bianchi Prata, não há
veículos são cada vez mais e melhores, e top 10 nos autos em 2017, ele que foi piloto de ralis no mais portugueses nos SSV.
para lá de Chaleco López, podem dar cartas
o brasileiro Reinaldo Varela, o espanhol
Gerard Farrés, o russo Sergey Karyakin, o
zimbabuense Conrad Rautenbach – que leva o por-
tuguês Pedro Bianchi Prata ao lado -, o cazaque Artur
Ardavichus ou o checo Josef Macháček. Todos eles
são candidatos a vencer. Para completar a ultra-cos-
mopolitana lista de favoritos, podemos incluir ainda
os homens vindos dos Estados Unidos, Casey Currie,
Blade Hildebrand e Mitch Guthrie Jr, estes dois jovens
talentos da Red Bull.
A lista de SSV continua a aumentar, e desta feita são
47 as duplas previstas na linha de partida em Jeddah.
Esta categoria apresenta um bom número de ex-ven-
cedores do Dakar, e todos eles estarão à ‘caça’ de um
lugar no pódio, ou pelo menos um triunfo em etapas.
O ex-motard Francisco ‘Chaleco’ López é o melhor
exemplo, ele que tem prosperado desde que migrou
para os SSV. O vencedor de 2018, o brasileiro Reinaldo
Varela, foi terceiro o ano passado.
Entre os ex-vencedores do Dakar que mudaram de
paradigma, está Sergey Karyakin, vencedor nos quads

QUADS Com a mudança do Dakar para a Arábia Saudita
EUROPEUS OU SUL-AMERICANOS? para trás ficaram algumas das estrelas dos
Quads, que anteriormente quase se tornou
Embora a mudança de cenário possa significar o num ‘assunto privado’ dos pilotos locais. Os
fim do domínio sul-americano nos Quads, o chileno sul-americanos, com os argentinos à cabeça,
Ignacio Casale continua a ser o favorito. conquistaram nada menos que oito vitórias das
Agora na Arábia Saudita, o duplo vencedor do onze provas.
Dakar voltará a enfrentar um de seus maiores Agora, o único representante do topo do
rivais, Rafał Sonik, que agora corre bem mais continente será o vencedor de 2014 e 2018,
perto de casa. Os franceses Alexandre Giroud, Axel Ignacio Casale, que volta depois duma estreia
Dutrie, Simon Vitse e Sébastien Souday, também sem brilho nos SSV em 2019. O vencedor em título,
deverão ter uma palavra a dizer. Nicolás Cavigliasso, não irá defender o ‘ceptro’,
pelo que será o chileno Ignacio Casale a deter o
maior favoritismo. Já Rafał Sonik, está de volta ao
Dakar depois de muito tempo a recuperar duma
dupla fratura, da tíbia e fíbula. O vencedor de
2015 não é a única do contingente polaco. Kamil
Wiśniewski terminou em sexto no ano passado. A
delegação francesa também merece uma menção.
Alexandre Giroud pode esperar melhorar o seu
quarto lugar de janeiro passado. Axel Dutrie, que
teve que abandonar a derradeira prova, depois de
terminar em quinto lugar em 2017, também tem o
que é preciso para um bom desempenho. Nelson
Sanabria, sempre consistente (quarto lugar em
2015), pode fazer um brilharete bem como Manuel
Andújar, argentino que ficou em quinto lugar em
sua segunda participação, em 2019.

20

ESPECIAL DAKAR 2020

DAKAR 2020

ANTEVISÃO
MOTOS

À partida para a última etapa da edição dificuldades do road-book, pois aí reside, em grande
2019 do Dakar, Toby Price liderava parte, o segredo da vitória.
a classificação geral e dispunha de Nas motos não há co-pilotos. Cada piloto está soz-
uma vantagem de 1m03s sobre Pablo inho ao longo de todas as etapas e só poderá con-
Quintanilla, uma diferença mínima que tar com a sua capacidade de navegação, que de-
assegurava o suspense e a emoção da pende, em muito, do método com que preparou o
prova até ao final. seu road-book, recebido na véspera e analisado ao
milímetro ao longo de muitas horas. Os road-book
Pedro Correa Mendes são marcados pelos pilotos com cores que assinal-
[email protected] am os principais obstáculos e todos os locais sus-
ceptíveis de provocarem um engano de percurso
T oby Price partia assim para a derradeira ou uma dificuldade.
etapa do Dakar 2019 sem nunca ter ganhado As principais equipas descobriram a vantagem de
qualquer etapa desde o início da prova. Não ter um “map man” na sua estrutura e assim pas-
foi necessário! Pelo contrário, foi uma vanta- saram a dispor de uma vantagem suplementar so-
gem. Este é precisamente um dos fascínios desta bre os principais adversários.
mítica prova que capta a atenção de todos os fãs O “map man” tem como missão pegar no road-
de automobilismo e motociclismo ao longo de duas book distribuído aos pilotos na véspera de cada
semanas de intensa emoção. Ganhar um Dakar é o etapa e transformá-lo num mapa virtual onde todo
momento mais alto que um piloto de rali-raid pode o trajeto da etapa é desvendado e registado, con-
ambicionar e para o conseguir as marcas investem seguindo-se assim identificar todos os way points,
montantes exorbitantes, seja no desenvolvimento de passagem obrigatória, o que representa uma im-
das máquinas, nos treinos, nas estruturas de apoio, portante redução dos riscos de perda de tempo. A
em suma, nas forma mais eficazes de contornar as etapa secreta fica assim perfeitamente desenhada
nos computadores e gps das equipas, que depois

>> autosport.pt 21

QUEM PODE GANHAR EM 2020? QUEM SÃO OS POSSÍVEIS VENCEDORES?

Como vai ser a competição das motos neste novo Dakar na Arábia Saudita? Uma vitória na geral no Dakar é o resultado da conjugação de uma série de fatores positivos em
Será que as características diferentes do terreno e as novas regras dos road- simultâneo.
books poderão provocar uma alteração de forças entre as principais marcas O arranque desta nova fase do Dakar na Arábia Saudita, numa zona perfeitamente virgem em
oficiais presentes? termos de utilização em provas de Rally-Raid internacionais, onde nunca nenhum dos pilotos de
A KTM apresenta-se neste Dakar com um palmarés avassalador de 18 vitórias topo treinou, ou sequer pisou, com regras novas no que diz respeito ao road-book e influência
consecutivas que se iniciaram em 2001 e não mais foram interrompidas. E dos “map man”, levanta muitas incógnitas que nos dificultam a correta fundamentação de um
tanto mais dominadora se considerarmos que nestes 18 anos o 2º lugar da prognóstico fiável.
prova só por duas vezes foi ocupado por outra marca, em ambos os casos a Mas se o terreno é novo para todos, se não há pilotos de equipas oficiais que beneficiam do
Honda, com Paulo Gonçalves em 2015 e Kevin Benavides em 2018. factor “casa”, como aconteceu com argentinos e chilenos na fase anterior do Dakar, então
À partida para a edição de 2020 estarão apenas três anteriores vencedores pensamos que a fundamentação correta deverá ser baseada no melhor momento de forma
do Dakar, e são eles precisamente os três pilotos oficiais da KTM - Toby Price que alguns pilotos apresentaram ao longo de 2019, em detrimento de outros que se apagaram
(2016 e 2019), Sam Sunderland (2017) e Mathias Walkner (2018). Todos eles ao longo do ultimo ano. Também é verdade que alguns pilotos participaram em mais provas do
serão fortes candidatos à vitoria desta edição de 2020, a qual será um novo Campeonato Mundial FIM de Cross-Country, o que deverá representar uma vantagem.
ponto de partida para uma nova fase da vida já longa desta mítica prova.
Quem vai ganhar? SENÃO VEJAMOS:
Os dois pilotos mais experientes não são os da KTM, mas sim Paulo Gonçalves, Toby Price vence o Dakar 2019, mas depois não participa no Abu Dhabi Desert Challenge, a
com 12 participações, e Joan Barreda Bort, com nove. Mas sendo os que mais primeira prova do campeonato de 2019, tal como Pablo Quintanilla, ainda em recuperação do
edições percorreram, também poderão já estar numa fase descendente das acidente sofrido na última etapa do Dakar 2019, em que partiu o tornozelo. Matthias Walkner
suas capacidades. e Paulo Gonçalves também não participaram na prova, que foi ganha por Sam Sunderland,
seguido de Luciano Benavides (KTM), José Ignácio Cornejo (Honda), Kevin Benavides (Honda) e
passam para os road-books toda a informação Andrew Short (Husqvarna).
necessária. No caso dos carros, e porque existem Sam Sunderland obtém aqui uma vitória numa zona que conhece bem, pois tem estado desde
co-pilotos, tudo é mais sofisticado pois conseguem há alguns anos a viver nos Emiratos Árabes Unidos, um pequeno país do médio oriente que faz
utilizar equipamento de orientação que em muito precisamente fronteira com a Arábia Saudita, local onde se realizará o Dakar de 2020.
ultrapassa as limitações de um road-book. A segunda prova do mundial foi o Silk Way Rally em julho e o vencedor foi novamente Sam
Por tudo isto, a organização decidiu este ano for- Sunderland, a demonstrar a continuação do seu excelente momento de forma, depois do 3º
necer road-books já coloridos e marcados, idênticos lugar no Dakar e vitória no Abu-Dhabi Desert Challenge. Andrew Short foi 2º na sua Husqvarna,
para todos, para que não seja possível que cada pi- obtendo o melhor resultado da sua carreira, apresentando-se num bom momento de forma (6º
loto possa acrescentar informações adicionais for- no Dakar e 5º em Abu-Dhabi). Adrien Van Beveren (Yamaha) foi 3º, seguido de Kevin Benavides
necidas pelos “map man”. Além disso, uma outra (Honda), 4º, e Luciano Benavides (KTM), 5º.
novidade será a distribuição do road-book apenas O Atacama Rally foi a terceira prova do mundial, em setembro, e contou com o regresso
alguns minutos antes da partida, o que impedirá as de Pablo Quintanilla, já perfeitamente recuperado do seu acidente no Dakar. Quintanilla
equipas de configurarem o percurso e identificarem aproveitou bem o seu excelente conhecimento do terreno e apesar do período prolongado de
previamente os way points. paragem não deixou os créditos por mãos alheias, conquistando um excelente vitória. Mas
Tudo isto em nome de um maior equilíbrio de for-
ças, redução de vantagens nas equipas mais ricas, se Quintanilla brilhou, Sam Sunderland
e também algumas razões de segurança, pois as- realizou uma perfeita operação com um
sim os pilotos poderão melhor descansar ou mel- fantástico segundo lugar que lhe assegurou
hor cuidar das suas máquinas. a conquista do título mundial FIM Cross
A navegação assume assim um papel ainda mais Country Rallies. Nas posições seguintes
preponderante que se sobrepõe à rapidez de cada ficaram Joan Barreda Bort, Toby Price e
piloto, e por isso a verdade final estará nas mãos do Kevin Benavides.
piloto mais completo que consiga melhor conjugar Para terminar o ano, a última prova
navegação com velocidade. Tudo o que os fãs deste do campeonato, o Rally du Maroc, em
desporto mais querem! outubro, foi o palco da primeira vitória
de Andrew Short (Husqvarna), na frente
de Pablo Quintanilla, com os pilotos a
assegurarem a dobradinha da marca sueca
(agora austríaca). Nas posições seguintes
terminaram Joan Barreda Bort, Toby Price,
Ricky Brabec e Luciano Benavides.

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FAVORITOS

Face à evolução dos pilotos de fabrica ao longo do ano 2019, podemos
agora criar as nossas expectativas para o Dakar de 2020 e assim
fundamentarmos as nossas previsões.
Na opinião do Motosport, o grupo dos grandes favoritos ao top cinco é
composto por:

#3 SAM SUNDERLAND - UK / Red Bull KTM Factory Team
#6 ANDREW SHORT - USA / Rockstar Energy Husqvarna Factory Racing
#5 PABLO QUINTANILLA - Chile / Rockstar Energy Husqvarna
Factory Racing
#1 TOBY PRICE -Australia / Red Bull KTM Factory Team
#7 KEVIN BENAVIDES - Argentina / Monster Energy Honda Team 2020

Em seguida, posiciona-se um segundo grupo de cinco pilotos que pode 7 EQUIPAS OFICIAIS
ambicionar o top 10:
RED BULL KTM FACTORY TEAM
#16 LUCIANO BENAVIDES - Argentina / Red Bull KTM Factory Team
#17 JOSE IGNACIO CORNEJO - Espanha / Monster Energy Honda #1 TOBY PRICE - AUSTRÁLIA, 32 ANOS
Team 2020 5 PARTICIPAÇÕES, 2 VITÓRIAS (2016 E 2019), 10 VITÓRIAS EM ETAPAS.
#9 RICKY BRABEC - USA / Monster Energy Honda Team 2020
#4 ADRIEN VAN BEVEREN - França / Yamalube Yamaha Official #2 MATHIAS WALKNER - ÁUSTRIA, 33 ANOS
Rally Team 5 PARTICIPAÇÕES,1 VITÓRIA (2018), 5 VITÓRIAS EM ETAPAS.
#8 PAULO GONÇALVES - Portugal / Hero Motorsports Team Rally
#3 SAM SUNDERLAND – GRÂ-BRETANHA, 30 ANOS
Mas, obviamente, o Dakar é uma prova 7 PARTICIPAÇÕES, 1 VITÓRIA (2017), 7 VITÓRIAS EM ETAPAS.
extremamente longa, repleta de adversidades,
onde quedas e problemas mecânicos vão originar #16 LUCIANO BENAVIDES - ARGENTINA, 24 ANOS
2 PARTICIPAÇÕES.
muitas desistências entre os favoritos,
pelo que tudo poderá acontecer YAMALUBE YAMAHA OFFICIAL RALLY TEAM

NÃO PERDER DE VISTA #4 ADRIEN VAN BEVEREN - FRANÇA, 28 ANOS
4 PARTICIPAÇÕES, 2 VITÓRIAS EM ETAPAS.
#12 JOAN BARREDA BORT Espanha. Poderia ter sido o vencedor das
últimas, pelo menos, quatro edições, mas que por azares, tal nunca #10 XAVIER DE SOULTRAIT - FRANÇA, 31 ANOS
aconteceu. No a vitória poderá surgir ainda em 2020 6 PARTICIPAÇÕES,1 VITÓRIA EM ETAPAS.

#19 STEFAN SVITKO - Eslováquia. É um piloto extremamente #22 FRANCO CAIMI - ARGENTINA, 31 ANOS
experiente e rápido. Conta com 10 participações na prova, tendo já 3 PARTICIPAÇÕES, 8º LUGAR EM 2017.
obtido um 2º lugar em 2016 e por duas vezes um 5º posto, em 2015 e
2012. Svitko abandonou em 2019 na 8ª etapa quando estava no 8º lugar. #28 JAMYE MCCANNEY - REINO UNIDO, 25 ANOS
NUNCA PARTICIPOU NO DAKAR.

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INSCREVEM UM TOTAL DE 22 PILOTOS

ROCKSTAR ENERGY HUSQVARNA FACTORY RACING SHERCO TVS RALLY FACTORY

#5 PABLO QUINTANILLA - CHILE, 33 ANOS #11 MICHAEL METGE - FRANÇA, 40 ANOS
7 PARTICIPAÇÕES, 3º EM 2016, 3 VITÓRIAS EM ETAPAS. 7 PARTICIPAÇÕES, 13º EM 2014.

#6 ANDREW SHORT - EUA, 37 ANOS. #20 JOHNNY AUBERT - FRANÇA, 39 ANOS
2 PARTICIPAÇÕES, 6º EM 2019. 2 PARTICIPAÇÕES, 6º EM 2018.

MONSTER ENERGY HONDA TEAM 2020 #24 LORENZO SANTOLINO - ESPANHA, 32 ANOS
1 PARTICIPAÇÃO, ABANDONO EM 2019.
#7 KEVIN BENAVIDES - ARGENTINA, 30 ANOS
3 PARTICIPAÇÕES, 2º EM 2018, 5 VITÓRIAS EM ETAPAS. HERO MOTORSPORTS TEAM RALLY

#9 RICKY BRABEC - EUA, 28 ANOS #8 PAULO GONÇALVES - PORTUGAL
4 PARTICIPAÇÕES, 8º EM 2016, 2 VITÓRIAS EM ETAPAS. 12 PARTICIPAÇÕES, 2º EM 2016, 3 VITÓRIAS EM ETAPAS.

#12 JOAN BARREDA BORT - ESPANHA, 36 ANOS #27 JOAQUIM RODRIGUES - PORTUGAL, 38 ANOS
9 PARTICIPAÇÕES, 5º EM 2017, 22 VITÓRIAS EM ETAPAS. 3 PARTICIPAÇÕES, 10º EM 2017.

#17 JOSE IGNACIO CORNEJO - ESPANHA, 25 ANOS #32 SEBASTIAN BÜHLER - ALEMANHA/PORTUGAL, 25 ANOS
3 PARTICIPAÇÕES, 8º EM 2019. 1 PARTICIPAÇÃO, 20º EM 2019.

#26 AARON MARE - ÁFRICA SUL GASGAS FACTORY TEAM
NUNCA PARTICIPOU NO DAKAR.
#14 LAIA SANZ – ESPANHA, 34 ANOS
9 PARTICIPAÇÕES, 9ª EM 2015.

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PNOORDTAUKGAURES2E0S20 x6Jálávãoosexcitantestemposemqueosváriospilotosportuguesesàpartida,integrados

em equipas oficiais, poderiam ambicionar à vitória no Dakar. Podemos, infelizmente, aceitar
que a atual geração de pilotos portugueses envelheceu e já não está na sua melhor forma
física, sendo que a experiência por vezes pode compensar. Deste atual grupo de participantes,
Sebastian Bühler e António Maio representam a esperança na nova geração de grandes
pilotos que poderão vir a obter bons resultados no Dakar. Do leque de inscritos, contamos
também com nomes bem experientes, que nos podem ainda proporcionar algumas alegrias.

#08 #27 #31
PAULO GONÇALVES 40 ANOS HERO JOAQUIM RODRIGUES 38 ANOS HERO MÁRIO PATRÃO 43 ANOS KTM RALLY

É certamente o piloto português que à partida melhor Pode perfeitamente conquistar um óptimo lugar no final Já vai para a sua 7ª participação e podemos já considerá-
classificação promete. Sendo o piloto de fábrica com da prova e um top 10 não está fora de hipótese. Aliás, lo como um piloto experiente no Dakar, apesar de os
mais participações no Dakar (12), não será no entanto 10º lugar foi a sua posição em 2017 na sua primeira resultados não terem beneficiado de uma melhoria
um pretendente à vitória, não só pela equipa, e pela participação. A terrível queda que sofreu na primeira sustentável à medida que a experiência foi aumentando.
moto, mas também porque, com o passar do tempo, etapa de 2018 foi um golpe arrebatador na progressão Em 2013 obteve o 30º lugar, que piorou em 2014 com um
outros pilotos mais jovens se tornaram mais eficazes, deste excelente piloto nacional e o 17º lugar conquistado 36º e um abandono em 2015 na etapa 10, quando seguia
tanto em navegação como em velocidade pura. Mas a em 2019 mostra bem a sua capacidade de recuperação, em 41º. Em 2016 mudou da Suzuki para a KTM e obteve
experiência de Paulo Gonçalves é um trunfo, assim como tanto física como psicológica. No regresso em 2019, um excelente 13º lugar, vencendo a categoria Maratona,
as suas características de piloto lutador, persistente, Joaquim Rodrigues foi sempre melhorando a sua piorando em 2017 com um 20º lugar. Em 2018 uma
que pode dar algum “trabalho” aos principais favoritos. prestação ao longo das etapas, tendo de início rondado apendicite em cima da partida impediu-o de participar
os trigésimos lugares e progredindo até aos vigésimos. e em 2019 abandonou por queda na 6ª etapa, quando
Chegou a obter um 11º lugar e dois 12º lugares em etapas seguia na 21ª posição. Em 2020 é francamente possível
na segunda metade da prova. Para o próximo desafio, voltar a atingir um top 20.
certamente que Joaquim Rodrigues poderá apontar a
uma classificação bastante melhor, podendo mesmo ser
o melhor português no final.

25

#32 #38 #53

SEBASTIAN BUHLER 25 ANOS HERO FAUSTO MOTA 42 ANOS HUSQVARNA FE450 ANTÓNIO MAIO 33 ANOS YAMAHA WR 450

É um rapidíssimo piloto português, muito conhecido no Tem quatro participações anteriores no Dakar, tendo O eterno rival de Mário Patrão na Baja Portalegre 500 e
panorama do Campeonato Nacional de TT, e apesar de sempre terminado a prova e evoluído positivamente nos no Campeonato Nacional de TT, tem pouca experiência
se apresentar inscrito com nacionalidade alemã, nos resultados. 53º em 2011, 49º em 2017, 43º em 2018 e no Dakar, pois apenas se estreou em 2019, tendo
consideramo-lo como sendo um dos nossos. Bühler é finalmente um top 30 em 2019, com um 29º posto. Ao abandonado na 8ª etapa quando ocupava a 21ª posição
um fenómeno de rapidez nas provas nacionais e a sua longo de 2019 efetuou treinos específicos para o Dakar da geral. Maio mostrou a sua qualidade desde cedo na
estreia no Dakar em 2019 confirmou o potencial que todos e evolui as suspensões da sua Husqvarna, a mesma prova, tendo obtido um 17º lugar na 6ª etapa. Ao longo do
acreditávamos que tinha. Nas primeiras três etapas andou que utilizou em 2019, por forma a poder melhorar a sua ano de 2019 António Maio participou em diversas provas
pelos quadragésimos lugares, tendo depois baixado para prestação para 2020. de rally-raid para treinar para o Dakar e apresenta-se
os melhores trinta. Conseguiu um 20º lugar na etapa 7, à partida em Jeddah com ambições de conseguir um
assim como dois 21º nas etapas 6 e 8. Terminou com um resultado final no top 20.
brilhante 10º lugar na última etapa, tendo concluído a prova
na 20ª posição da geral. Inicialmente inscrito como privado
numa KTM, Sebastian Bühler acabou por ser integrado na
equipa oficial da Hero Motosports, substituindo o espanhol
Oriol Mena que sofreu uma lesão. Bühler é assim o terceiro
português a ingressar na equipa oficial indiana, o que
representa mais um incentivo para acreditarmos numa
excelente participação nacional de conjunto nesta edição de
2020 do Dakar na Arábia Saudita.

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PERCURSO
Não será fácil o percurso da 42ª edi-
ção do Dakar, prova que que terá cada vez mais, o percurso irá colocar gran- Equipas com grandes estruturas estuda-
início em Jeddah a 5 de janeiro des desafios nas dunas entre Ha’il e a capital vam o percurso ao detalhe, e ofereciam
de 2020, terminando 12 etapas Riade, onde terá lugar um dia de descanso. de imediato às suas equipas alternativas
mais tarde em Qiddiyah, perto da O rali vai continuar a intensificar-se com válidas, que lhes poupavam problemas.
capital da Arábia Saudita, Riade. a descoberta do vasto ‘Empty Quarter’, a Da mesma forma, a introdução de uma
Com uma distância total próxima dos 7.900 parte completamente desértica do ter- etapa ‘Super Maratona’ para motos e
km, os concorrentes têm pela frente mais ritório saudita, onde as importantes eta- quads, em que serão permitidos apenas
de 5.000 km de etapas especiais. Além pas de Shubaytah e Haradh se realizarão. 10 minutos de trabalho nas máquinas, o
de descobrir as dunas da Arábia Saudita, Mas a classificação geral não estará ne- que irá tornar crucial a boa gestão dos
que surgirão na segunda metade do rali, cessariamente definida antes da fase fi- veículos, bem como a mais tradicional
na fase inicial as equipas irão competir nal da prova, na zona de Qiddiyah, onde, etapa de maratona (imposta a todos os
num labirinto de pistas onde a navegação uma vez mais, a navegação pode trair veículos) que terminará no dia anterior
será essencial. O primeiro terço da prova até mesmo os melhores. Nestas regiões à chegada. De forma a permitir que os
vai testar as habilidades de navegação inexploradas da Arábia Saudita, parece ter menos experientes continuem o seu pro-
das equipas. As escolhas de direção se- havido um desejo de reequilibrar os parâ- cesso de aprendizagem, será atribuído
rão decisivas devido à multitude de pistas. metros em favor dos concorrentes ama- um ‘joker’ (em todas as categorias) aos
Perto do Mar Vermelho ou da fronteira dores ou menos profissionais, se preferir. concorrentes forçados a retirar-se cedo
com a Jordânia, realizam-se etapas em Novos roadbook com códigos de cores serão da prova. Poderão voltar a participar no
torno de Neom. distribuídos apenas poucos minutos antes rali e entrar na classificação. Denomina-
De seguida os concorrentes seguem para Al do início do setor cronometrado, em várias -se ‘Experiência Dakar’.
Ula, e nessa zona os navegadores têm que etapas (não todas) para privar precisamen-
ficar ainda mais atentos. Com a areia a surgir te os concorrentes com as maiores equi- José Luís Abreu
pas de terem uma vantagem competitiva. [email protected]

PAÍSESATRAVESSADOS PELO DAKAR

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28

INSCRITOS
DAKAR2020

O Dakar continua a sua viagem ‘nómada’. Depois de África, com
vários países europeus a servir de trampolim, e da América do
Sul, agora é novamente a vez de novo continente e do 30º país
a ser visitado pelo Dakar, a Arábia Saudita.

AUTOS

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29

CAMIÕES

QUADS

30

2020INSCRITOS

MOTOS

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31

32

CONSTRUTORESJAPONESES
AUTÊNTICONOMUNDIALDERALIS
UM VIVEIRODE

SUCESSOS
A reintegração do Rali do Japão no Campeonato do Mundo de
Ralis em 2020 faz-nos recordar a importância dos nipónicos na

competição. Até esse momento, a virilidade deste desporto no
país do Sol nascente advinha do esforço individual de alguns

construtores, sete dos quais - Subaru, Mitsubishi, Toyota, Mazda,
Suzuki, Daihatsu, Nissan - conseguiram, de uma maneira ou

de outra, dar sentido à palavra “êxito”, mesmo que nem todos
perdurem no tempo. Esse notável esforço, conseguido à custa
de um forte investimento, mas, sobretudo, de muita coragem,

conviveu sempre com momentos especiais, que marcaram
os seus primeiros passos fora do seu país e ajudaram a criar
autênticos ícones da indústria automóvel moderna. É por isso
agora a altura certa para recuperar alguns desses traços de
personalidade nipónica perdidos na história e que deram também
o seu contributo para elevar o prestígio e o sucesso do “Mundial”

de Ralis. Preparem-se para viajar no tempo...
José Luís Abreu

[email protected]
FOTOS Arquivo AutoSport

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OUTRAS HISTÓRIAS EM AUTOSPORT.PT

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33

MITSUBISHI 1965-2005 Esta nova versão realizou 8 mil mi- Acrópole de 1981, do Lancer Turbo (que E o futuro chamava-se precisamente
UMA LENDA VIVA lhas de testes antes de receber o ‘OK’ muita gente considerou ser um carro Lancer Evo, um carro tão competiti-
da fábrica, o que veio a acontecer já feito “por autómatos e para autóma- vo que imortalizou o nome de Tommi
A história do envolvimento interna- com a versão 1100S, mas sem os re- tos”, e que só poderia ser conduzido Mäkinen (ao conseguir quatro títulos
cional da Mitsubishi é das mais anti- sultados esperados. por “microchips” e nunca por pilotos de pilotos consecutivos) e ofereceu
gas e, sem dúvida, também das mais O ‘enguiço’ acabou por ser quebrado face à complexidade de eletrónica já o primeiro e único título de Marcas à
bem sucedidas. O primeiro modelo em 1974 e 1976 quando o Colt Lancer nessa altura desenvolvida). Mitsubishi (1998). Infelizmente, o atual
disponível para explorar esta vertente de Joginder Singh se instalou no lugar As vitórias ficaram adormecidas até Lancer WRC (nascido para o substituir
do construtor dos três diamantes foi mais alto do pódio do Rali Safari. Esse ao advento do Galant VR-4 no final dos as seis versões de competição do Evo)
o Colt 1000, que, em 1965, ganhou o tónico de energia não foi aproveitado, anos 80, com Mikael Ericsson, Kenneth não deu o seu contributo para man-
Mountain Rally com sete minutos de tendo o projeto dos ralis internacio- Eriksson e Pentti Airikalla a darem ter a lenda viva que foi a Mitsubishi e
avanço, o que serviu de trampolim nais registado um atraso de quatro uma ajudinha à marca para reforçar o projeto morreu em 2005 para nunca
para o desenvolvimento do Colt 1100. anos até ao aparecimento, no Rali de o investimento no futuro. mais renascer.

34

TOYOTA 1972-1999 Por isso, daquela vez, Andersson esteve mesmo para raram’ entre o final dos anos 80 e até meados dos 90,
A IMPORTÂNCIA DE UM TELEFONEMA rejeitar o telefonema que o iria levar à condução de um foram um baluarte de maior êxito da marca japonesa,
Celica TA22 (1600 cc) ‘de fábrica’, com o qual terminou como se podem confirmar pelas 30 vitórias e dois tí-
Algumas das melhores histórias tem inícios curio- o RAC em nono, há frente de outros carros japoneses, tulos de Marcas.
sos. É o que se pode dizer do arranque internacional o que agradou, de imediato, à casa-mãe. Mas tudo tem um fim, e para a equipa em que Öve
da Toyota nos ralis no Rali RAC de 1972. Tudo come- Estava traçado o destino do sucesso que se prolongou Andersson foi sempre uma peça importante (primeiro
çou quando David Stone, depois de vencer o seu pri- nos anos subsequentes, com 43 vitórias ao mais alto como piloto e depois como diretor), as portas haviam
meiro rali como co-piloto, foi contactado pela Toyota nível no Mundial de Ralis, um impressionante núme- de se fechar no final de 1999, após a conquista de mais
Japão para tentar trazer Öve Andersson para o seio ro apenas batido pela Lancia e Ford. Rendendo a ver- um título de Construtores, com o Corolla WRC a dar lu-
da equipa. Uma missão difícil, dado o ceticismo de são ‘primitiva’ do Celica de competição estava o Celica gar a um projeto para um monolugar de F1!
Andersson a novos projetos, e que por pouco não Twin Cam Turbo, responsável, na década de 80, por seis Do resto da história todos se recordam, porque é bem
tinha sucesso dada a frequência com que Stone te- triunfos e pela descoberta de um jovem valor chama- mais recente, com o regresso dos nipónicos em 2017 ao
lefonava a Andersson, sempre com o preço da cha- do Juha Kankkunen. WRC, com o título de Construtores a chegar logo em 2018
mada a cair no destinatário. À posteriori, o Celica GT4 e o Turbo 4WD, que ‘respi- e o de Pilotos em 2019, por intermédio de Ott Tänak.

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35

SUBARU 1980/1986-1990/2008
UM ÍCONE DOS RALIS

Causou sensação a primeira aparição da Subaru na cena dos ralis internacionais no
ano de 1980. Se para muitos o nome da marca era estranho, para outros o mais curioso
era o facto de pela primeira vez um Grupo 1 ter terminado o Rali Safari. Tratava-se do
Leone 4WD, um pequeno modelo de quatro rodas motrizes que impressionava pela
agilidade e fiabilidade. Mas até o Leone conhecer o seu sucessor foram necessários
esperar seis anos, numa altura em que a marca tinha já outra postura nos mercados
internacionais e por isso decidiu investir num projeto de maiores dimensões. Para
a ‘arena’ lançou então três RX Turbo de Grupo A (com 170 cv) que beneficiavam, na
sua conceção, de seis pedagógicos anos de análise dos ralis do ‘Mundial’ e que, sem
serem um supra-sumo no panorama dos carros de ralis, serviam perfeitamente as
intenções do construtor.
Mas, no final desse mesmo ano, a Subaru não se deixou seduzir pela mudança regu-
lamentar imposta pela FIA após o fatídico acidente de Henri Toivonen e hibernou até
1990, altura em que despertou um novo projeto chamado Legacy RS e que ajudou a
prolongar a carreira de Markku Alén e Ari Vatanen.
Com pouca agilidade e muito peso, o motor possante não foi suficiente para colocar
o, entretanto, evoluído Legacy 4WD Turbo no topo da pirâmide, responsabilidade que
recaiu no Impreza a partir de 1994. Nas suas duas versões, 555 e WRC (e mais de 10
evoluções), o Impreza tornou-se um ‘best-seller’ no Mundial de Ralis (conquistou
três títulos de Marcas e dois de Pilotos), em grande parte devido ao orçamento quase
sempre ilimitado garantido pela Fuji Heavy Industries, e pela própria conceção física
do carro, a que a experiência da Prodrive não era alheia.
Até 2004 a equipa foi competitiva, com os títulos de pilotos de Colin McRae, em 1995,
Richard Burns, em 2001, e Petter Solberg, em 2003, mas a partir daí os resultados fo-
ram caindo muito, desde 2005 não voltou a ganhar ralis e abandonou a competição
no final de 2008.
Com Petter Solberg e Chris Atkinson a já terem sido dados como certos na equipa de
2009 e a própria Prodrive a anunciar a inscrição da equipa Subaru WRT no Mundial de
Marcas, dois dias antes de a ‘bomba’ rebentar, nada fazia prever que a equipa criada
pela Fuji Heavy Industries e assistida no terreno pela Prodrive abdicasse do Mundial
de Ralis e de forma tão abrupta.
Sendo verdade que o contrato entre a Fuji Heavy Industries e a Prodrive, que devia
continuar até ao final de 2009, não tinha sido renovado a meio da temporada de 2008,
altura em que estava previsto sê-lo, depois, a relação entre a STI, o departamento de
competição da Fuji Heavy, e a Prodrive atingiu o seu mais baixo nível de sempre de-
vido à falta de resultados dos Impreza oficiais nos últimos anos. Por diversas vezes,
a STI não escondeu estar à procura de um novo parceiro para liderar o seu programa
internacional, ideia de que acabou por abdicar.
Política à parte, a verdade é que decisão que colocou termo a uma ligação de 20 anos
foi uma grande perda. A Subaru World Rally Team criou verdadeiros campeões como
Colin McRae e Richard Burns e a sua ausência foi sentida um pouco por todo o mun-
do dos ralis. Na altura, ficou em aberto a possibilidade de a Subaru regressar em 2010
com as novas regras do WRC, mas como bem sabemos, não foi esse o caminho. Até
hoje. Fala-se de um possível regresso, mas para já tudo não passa de rumores.

36

NISSAN 1973-1982/1991-1996
SUCESSO SÓ MESMO EMÁFRICA

Os primeiros passos dados pela Datsun (como na altura era conhe-
cida a Nissan) com o objetivo de se internacionalizar foram dados na
direção dos ralis-maratona australianos pouco antes de o alvo passar
a ser o Quénia, mais exatamente o Rali Safari. Tal como a Daihatsu, foi
em África que ficaram gravados os anos de ouro da marca a partir do
momento em que a DT Dobie, o importador nacional queniano do cons-
trutor, lançou a marca na aventura africana. O famoso 240 Z foi o pri-
meiro modelo a fazer história, ganhando o Rali Safari no primeiro ano
em que foi criado um Campeonato do Mundo para Marcas (1973), mas
nem sequer foi o mais bem sucedido. No périplo queniano, o Violet 710
e depois o GT obtiveram melhores marcas conseguindo, juntos, quatro
triunfos, sempre com Shekhar Mehta ao volante.
De resto, este famoso queniano (que foi Presidente da Comissão FIA de
Ralis) ofereceu ao palmarés da Datsun mais três vitórias com o mode-
lo 160 J, uma das quais de valor relevante por ter sido obtida na Nova
Zelândia e não no continente africano. Com a transformação da Datsun
em Nissan, as presenças no ‘Mundial’ tornaram-se menos assíduas,
mau grado as tentativas da Nissan Motorsports Europe na década de
90, primeiro com o Sunny GTi-R e depois com o Almera Kit Car, fican-
do como único apontamento digno de registo o vicecampeonato con-
quistado na Taça do Mundo FIA - 2 Litros em 1994.

SUZUKI 1986/2002-2004
O ÚLTIMO “SAMURAI”

O Rali Olympus (USA) de 1986 marcou a primeira eta-
pa no envolvimento da Suzuki no desporto automóvel
além-fronteiras, sendo a primeira oportunidade para
rivalizar com os seus rivais da Honda nas quatro rodas
depois das duas rodas. Com o pequeno Cultus (Swift)
GTI não eram de esperar grandes milagres e por isso a
vitória nesse ano na Classe A5 foi até muito bem-vinda
para o piloto japonês Kenzo Sudo, passo que acabou por
ser imitado por Nobuhiro Tajima nos dois anos seguin-
tes com a mesma ‘arma’ ao serviço. Após esse tímido
aparecimento na cena internacional dos ralis foi pre-
ciso esperar 16 anos para que um novo Suzuki fizesse
esquecer essa pequena herança do ‘Mundial’ de Ralis.
Definindo e cumprindo os objetivos para a promoção
de jovens pilotos, a Monster Motorsport encarregou-
-se, em 2002, de desenvolver de base um Ignis S1600.
O carro proporcionou a Nikki Schelle e a Juha Kangas
alguns resultados interessantes no ano de estreia.
Depois disso, mantendo a estrutura semi-oficial e re-
forçando o orçamento, as vitórias não tardaram a suce-
der: Salvador Canellas conquistou o vice-campeonato
‘Júnior’ em 2003 e Per-Gunnar Andersson pôde erguer
a taça do título da mesma competição no seguinte,
beneficiando pela primeira vez de um Ignis de quatro
portas super-robusto e competitivo.

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37

MAZDA 1983-1989
PROMISSOR MAS SEM RESULTADOS

O Rali de Monte Carlo de 1987 marcou uma mudança
importante nos regulamentos dos ralis do “Mundial”,
permitindo à Mazda entrar no Campeonato do Mundo de
Ralis pela porta grande e anular em definitivo o projeto
para tornar o RX-7 de motor Wankel um “super-Gru-
po B”. Antes de isso acontecer, uma esporádica apari-
ção de dois Mazda 323 de 1300 cc, guiados por Achim
Warmbold e Alain Beauchef, no “Monte Carlo” de 1982,
e as investidas no Rali da Grécia de 1983 de um pouco
competitivo RX-7 lançavam as primeiras suspeitas de
que o envolvimento oficial estava para nascer, o que só
aconteceu, na realidade, quatro anos depois, numa al-
tura em que a equipa Mazda Rally Team Europe, sob a
égide dos seus importadores suíços, ganhou outra vida.
O construtor oriental colocou em campo o competitivo
323 4WD de Grupo A, conseguindo a sua primeira vitó-
ria absoluta logo no segundo rali (Suécia), marco que,
no entanto, só voltou a ser repetido dois anos depois
(Suécia novamente e Nova Zelândia), numa altura em
que os crónicos problemas de motor e do turbo foram
resolvidos ou amenizados.
Deste 323 4WD ficaram as prestações pouco mais do
que medianas, uma vez que os seus 235 cv não lhe per-
mitiam fazer grandes “milagres” face à concorrência da
Lancia e Toyota, apesar de ter no peso um importante
trunfo (inferior a 1000 quilogramas).

DAIHATSU 1981-1993 te africano e a apoiar o seu projeto privado (de onde a alguns resultados importantes, mas apenas ao nível das
EXPERIÊNCIAS PONTUAIS casa-mãe tiraria contrapartidas promocionais ao ní- classes, em que, de resto, deu um passo significativo ao
vel da televisão), que incluía a inscrição de um Charade tornar-se o primeiro modelo com motor com menos de
A história da Daihatsu no “Mundial” de Ralis resume-se G10 de Grupo 2. Com um nível de fiabilidade à procura 1 litro de cilindrada a ganhar no “Mundial” desde 1969.
à relação de afetividade e de frequência assídua que o de melhores dias, a Daihatsu não desmoralizou e voltou Melhor só mesmo os pontos conquistados no “Mundial”
construtor estabeleceu com o Rali Safari. Tudo começou à carga nos anos seguintes, fazendo do Charade o seu de 1993 pelos três Charade GT-XX inscritos pela Ryce
quando, em 1981, Yoshihiro Terao persuadiu a Daihatsu principal “cavalo de batalha” até 1986, o último ano dos Motors, que deixaram a promessa de a marca regressar
Japão a estender os seus projetos caseiros até à mais “super-carros”, que sempre passaram ao lado de marca no ano seguinte com um carro de quatro rodas motrizes.
importante prova do “Mundial” disputada no continen- japonesa. Até aí o Charade (aspirado e turbo) conseguiu Promessa que ficou, contudo, por cumprir...

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HUSQVARNA

» TE 250i 2020

RUMO NOVO

Novidades na ciclística e no motor desta dois tempos
com injeção electrónica de combustível tornam o seu
comportamento um pouco mais virado para o Hard-Enduro.
As restantes aptidões não desapareceram, mas temos que as
procurar no imenso potencial de afinações

Tomás Salgado NOVO QUADRO nua a equipar as Husqvarna de Enduro
[email protected] de 2020, recebendo apenas um novo
Fotos Rogério Sarzedo A ciclística foi o ponto mais tocado, com piston e novos settings, funcionando
um novo quadro de aço – fabricado nas agora um pouco mais acima nos seus
AnívelmundialoHard-Enduroé instalações da WP – que oferece maior 300 mm de curso, resultando numa maior
uma vertente cada vez mais rigidez longitudinal e torsional para maior firmeza da frente e maior resistência a
popular, com a maioria dos estabilidade e feedback para o piloto. A esgotar o curso. A bainhas, esquerda e
pilotos de topo a treinar e ajudar nestes pontos estão os apoios do direita, repartem entre si o hidráulico
a participar num cada vez cilindro ao quadro, agora de alumínio for- da compressão e de extensão, ambos
maior número de provas do jado, e o motor montado mais baixo 1 grau com 30 clicks de afinação que pode ser
género, em que as motos a dois tempos no braço oscilante (frente mais baixa) feita com uma mão e até em andamento.
são as ‘rainhas’. Graham Jarvis tem para aumentar a tração da roda dianteira. Permitem ainda ajustar sem ferramentas
sido um grande porta-estandarte da O sub-quadro continua a ser compósito a pré-carga das molas em três posições
Husqvarna no Hard-Enduro, já que (70% plástico poliamido e 30% fibra de diferentes.
o ‘veterano’ continua a vencer boa carbono), mas ‘emagreceu’ 250 g e, ainda As mesas de direção são maquinadas
parte das provas aos comandos da assim, é mais rígido e mais comprido 50 e permitem duas posições diferentes
TE300i, em tudo semelhante a esta mm, melhorando ainda o conforto e a ao guiador, que este ano é da ProTaper,
250 cc que testámos, mas não po- maneabilidade da ciclística. e os travões são Magura, em vez dos
demos esquecer o título de Billy Bolt O braço oscilante de alumínio mante- Brembo usados nas KTM.
no Campeonato Mundial de Enduro ve-se igual, mas o amortecedor WP
Super Series, e o de Colton Haaker no XACT recebeu um novo piston e settings
Mundial de SuperEnduro em 2018. A melhorados de acordo com a forquilha
‘casa austríaca’ renova as suas gamas e o quadro. O sistema progressivo de
de dois em dois anos e, se para 2018 bielas tem agora a mesma relação e di-
introduziram a injeção eletrónica de mensões do das motos de motocross,
combustível e mistura automática nas baixando um pouco mais a traseira da
suas 250 cc e 300 cc a dois tempos, moto, melhor para zonas mais técnicas.
neste modelo de 2020 (em toda a gama A mola do amortecedor é mais macia
de enduro) trataram das melhorias. e o setting mais firme oferecem maior
conforto e sensibilidade nas pequenas
irregularidades.
A ‘adorada’ forquilha WP XPLOR conti-

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PONTOS FORTES

SOFISTICAÇÃO TÉCNICA AO MAIS ALTO NÍVEL
MOTOR SUAVE E MUITO FÁCIL D UTILIZAR

INJEÇÃO DIRETA E AUTO-LUBE PERMITEM UMA UTILIZAÇÃO MAIS FÁCIL
ACESSO FÁCIL AO FILTRO DE AR

AJUSTES PRÁTICOS DE SUSPENSÃO E AMORTECEDOR

PONTOS FRACOS

CARÁCTER POUCO “2 TEMPOS”
VÁLVULA ABRE TARDE
GUIADOR ALTO

PREÇO ELEVADO (10.074€)

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MAIS FÁCIL A bomba de água é nova e, em conjunto mais baixa nota-se assim que nos mos o ritmo nota-se maior firmeza na
com o novo tubo central do sistema sentamos, já que o modelo anterior era última metade do curso. A dianteira
No fiável e duradouro motor a dois de arrefecimento, ajuda a manter as ligeiramente mais alto que o confortá- sente-se mais segura e precisa, e esse
tempos – é o mais evoluído da sua temperaturas de funcionamento mais vel (em zonas técnicas que precisamos comportamento é acompanhado pelo
classe, tecnologicamente falando -, baixas. de chegar ao chão) para uma estatu- quadro e suspensão traseira. Os tra-
os homens da Husqvarna (e da KTM) A injeção de combustível é contro- ra como a minha (1,73 m). Sentados vões Magura (pinças e bombas, e até
mexeram apenas no grupo térmico, lada por uma centralina que recebe ficamos muito bem, e a distância do a bomba de embraiagem hidráulica)
mantendo intocadas a caixa de seis informação de vários pontos (tal como assento para os pousa-pés também são eficazes e oferecem bom tato e
velocidades da Pankl, o veio de equi- nas 4T) e sensores para se ajustar às é a ideal. Apenas o guiador gostava potência de travagem, mas no primeiro
líbrio para reduzir vibrações, e a eficaz condições do momento, eliminando que estivesse um pouco mais baixo, toque no travão dianteiro a mordida é
e resistente embraiagem com mola a típica necessidade das 2T de afinar mas nada demais. Apesar disso, a TE ligeiramente agressiva, o que obriga a
de diafragma (DDS). O cilindro viu os a carburação. Tem dois mapas, dis- entra muito bem em curva e é fácil de cuidado extra em zonas escorregadias
diagramas modificados (à altura e for- poníveis num comutador no guiador deitar, mesmo em curvas sem apoio. e técnicas.
mato das janelas), e a janela de escape mas, honestamente, a diferença entre Mais fácil que a versão anterior que
passou a ser maquinada, o que em ambos pouco se nota. A centralina tinha tendência a abrir ligeiramente ‘SUAVIZADO’
conjunto com uma válvula de escape controla ainda a gestão da mistura as curvas. O nosso corpo mexe-se
e seu afinador melhorados contribui automática do óleo (autolube), um bem em cima da TE250i, já que o de- Com os novos diagramas do cilindro,
para um funcionamento mais preci- mimo do melhor, já que quase nin- senho dos plásticos é muito linear e diferente válvula de escape e escape,
so da válvula. O escape é totalmente guém gosta de fazer a mistura manual. sem zonas onde possamos prender o o carácter do motor mudou um pouco.
novo, com uma superfície rugosa mais Honestamente, numa volta grande equipamento ou as botas. Quando a Está sempre disponível, especialmente
resistente a pancadas, mais estreito em que temos que abastecer a meio, apertamos com as pernas sentimos nos baixos e médios regimes, e ru-
25 mm e mais alto em relação ao solo dá pouco jeito andar com a garrafa apoio numa superfície confortável, ao mou mais na direção de um motor de
para diminuir as hipóteses de panca- atrás, pelo que este sistema que se invés de apenas em dois ou três pon- Trial, quase sem a ‘explosão’ típica
das em zonas mais técnicas. O novo tem mostrado fiável, permite vários tos, e isso traduz-se em menos fadiga dos dois tempos, quando a válvula
desenho também altera as prestações, depósitos de combustível sem termos e numa pilotagem mais segura. A sus- de escape abre. Obviamente que tem
de acordo com as alterações no cilindro que voltar a encher o depósito de 0,7 pensão ainda é macia com as afinações vantagens, especialmente em zonas
e válvula de escape. O cilindro man- litros de óleo de mistura. standard (mas facilmente ficam bem muito técnicas e de pouca tração como
tém dois injetores na parte traseira mais duras, ou ainda mais macias) e se encontram no Hard-Enduro e até
dos transfers laterais, que garantem MAIS ‘PLANTADA’ continua a ter uma excelente leitura em algumas especiais cronometra-
uma atomização perfeita por forma a do terreno, mesmo das mais pequenas das mais escorregadias de um enduro
oferecer boas prestações, caracter 2T Não são as árvores, mas sim o compor- irregularidades, mas quando aperta- normal, mas a verdade é que ‘rouba’
e baixo consumo e emissões de gases. tamento da ciclística da TE. A traseira um pouco da emoção típica de uma
dois tempos. Está mais suave e con-
fortável de pilotar, mas menos emo-
cionante, mas certamente terá a ver
maioritariamente com a afinação da
válvula de escape, que só abre muito
tarde. As TE de carburador (até 2017),
eram fornecidas com três molas di-
ferentes para a válvula de escape (a
standard, uma mais dura para o motor
ficar mais suave, e uma mais macia

41

para ficar mais agressivo), mas isso aos ponteiros do relógio até não rodar introduzido na centralina em qualquer FT/ F I C H A T É C N I C A
acabou com as ‘injetadas’. No entanto, mais e anotem. Assim sabem sempre concessionário.
no parafuso dourado de afinação da como voltar ao ponto de partida. Já Apesar de mais suave, o motor conti- 249 CC
válvula (um quadrado junto à bom- que estamos numa de serviço pú- nua a ser eficaz e muito fácil de utilizar
ba de água) é possível dar mais pré- blico, existe um mapa desenvolvido (ainda mais). A caixa de velocidades é CILINDRADA
-carga à mola (fica ainda mais suave) pela própria KTM que torna o motor perfeita e sólida, tal como a embraia-
ou menos pré-carga para abrir mais mais forte em todos os regimes e mais gem que nunca ‘se cansa’ dos abusos. n.d. CV
cedo, mas sempre foi desaconselhado ‘rico’ em termos de combustível, logo O arranque elétrico é também muito
pela marca afinar a válvula por ali mais seguro e eficaz para quem anda sólido e eficaz e o motor arranca bem POTÊNCIA
(apesar de o fazerem para os seus rápido ou em caminhos mais abertos mesmo com uma mudança engatada.
pilotos). Se resolverem tentar, contem (também serve na TE300i). A refe- A bateria de lítio é leve, potente e muito 8.5 L
todas as voltas no sentido contrário rência é: KM556EU1923102 e pode ser duradoura, o que é importante, porque
já não existe pedal de kick. DEPÓSITO

PENSADA PARA ENDURO 105,2 KG

Tudo na TE250i é pensado para as mais PESO
duras condições de enduro, desde o
baixo peso (mesmo com proteção de 10 074€
cárter, de quadro e de mãos), à ergo-
nomia, suspensões e motor. A injeção PREÇO BASE
de combustível associada à mistura
de óleo automática tornam a TE me- TIPO DE MOTOR MONOCILÍNDRICO, DOIS TEMPOS
nos poluente e ainda mais amigável CILINDRADA 249 CM3 NÚMERO DE CILINDROS 1
para dias inteiros de enduro/passeio, CICLO 2 ALIMENTAÇÃO INJECÇÃO ELETRÓNICA
e todas as possibilidades de afinação REFRIGERAÇÃO LÍQUIDA SISTEMA DE ARRANQUE
(suspensões, ergonomia e motor) ELÉTRICO TRANSMISSÃO CORRENTE EMBRAIAGEM
permitem alterar o carácter da moto HÚMIDA, MULTIDISCO ACIONAMENTO HIDRÁULICO
ao gosto de quem a conduz. Todos os NÚMERO VELOCIDADES 6 TIPO DE QUADRO ESTRUTURA
equipamentos e componentes são de TUBULAR CENTRAL DE TUBOS DE AÇO SUSPENSÃO
topo, do melhor que há no mercado, e DIANTEIRA WP-USD XPLOR 48 COM PRÉ-CARGA
a baixa e fácil manutenção do motor a AJUSTÁVEL CURSO DIANTEIRO 300 MM SUSPENSÃO
dois tempos (mesmo este de injeção) TRASEIRA AMORTECEDOR WP CURSO TRASEIRO 300
são outro dos argumentos fortes da TE, MM DIÂMETRO DISCOS DIANTEIROS 260 MM / PINÇAS
que continua a ser uma das referências 2 ÊMBOLOS DIÂMETRO DISCOS TRASEIROS 220 MM /
na sua classe. PINÇAS 1 ÊMBOLO DISTÂNCIA ENTRE EIXOS 1495 MM
Esta é a moto ideal para um piloto ALTURA DO ASSENTO 950 MM DISTÂNCIA AO SOLO 360
amador e para quem goste de trilhos MM CAPACIDADE DO DEPÓSITO 8.5 L PESO A SECO 105.2 KG

típicos de enduro. Muito leve e ágil, fácil
de manter e fácil de utilizar.
No entanto, com alguns ajustes pode
ficar mais “racing” e assegurar um
ótimo desempenho em competição.

42 AUTO+mais

TOYOTA Francisco Cruz arranque sem chave Smart & Entry.
[email protected] E se tudo isto ajuda à atração, mesmo
» RAV4 HYBRID I-AWD LOUNGE ainda antes de colocarmos pé dentro
Nestaquinta geração, a léguas do habitáculo, uma vez consumado o
AI, SE OS PORTUGUESES O DESCOBREM!... daquilo que era o modelo acesso (fácil), é a evolução em termos
original lançado em 1994, o de revestimentos que primeiro ressalta.
Percursor de um segmento hoje em dia em alta, o Toyota Toyota RAV4 está, hoje em Isto, num ambiente com boa solidez e
RAV4 vive, atualmente e na nossa opinião, o seu melhor dia, incomparavelmente funcionalidade, garantida pelos bons
mais atraente e estiloso. E, espaços de arrumação, mas também
período. Em particular, nesta versão híbrida de 222 cv, ainda mais, com aquele que é o nível de pela correta disposição de botões e co-
com tração integral, visual atraente, ótimas qualidades equipamento Lounge, que, em termos mandos. Aqui, com especial destaque
familiares e, ainda por cima, a pagar apenas Classe 1 nas de estética exterior, junta à cativante para os muito práticos botões do ar con-
portagens. Em suma, a concorrência que se cuide, se um linguagem de design Cross-Octagon, dicionado, assim como para o generoso
vários pormenores estilísticos marcan- e destacado ecrã tátil do infoentrete-
dia os portugueses o descobrem... tes. Como é o caso do tejadilho negro nimento - claramente inspirado no do
Night Sky, cuja cor se estende aos vi- C-HR, e com botões físicos de acesso
LEIA MAIS ENSAIOS E ACOMPANHE dros traseiros, aos rebordos inferiores direto às diferentes funções.
TODAS AS NOVIDADES EM AUTOSPORT.PT da carroçaria e até às jantes em liga leve Já a pensar especificamente no condu-
de 18”. Tudo parte de um pack a que tor, uma posição de condução correta
não faltam argumentos, também em e muito confortável, oferecida por um
termos de tecnologias de segurança banco de linhas desportivas em couro
e conforto, como é o caso, ainda no (de série) e um volante de ótima pega,
exterior, do portão da bagageira elé- ambos multireguláveis. A partir da qual
trico com sensor de pé, ou do acesso/ apenas a visibilidade exterior causa

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43

algumas dificuldades; embora pronta- FT/ F I C H A T É C N I C A contribuir com um acréscimo de 54 cv integral inteligente que, tanto consegue
mente resolvidas com um sistema de de potência, 121 Nm de binário.... e um circular como simples tração dianteira,
câmaras de 360 graus, além de sensores, 2.5 / 222 CV sistema eletrónico de tração integral como distribuir a potência 80% para o
ambos de série. “a pedido”. eixo traseiro e 20% para o dianteiro, não
Excelente, a habitabilidade, também GASOLINA + 2 MOTORES ELÉCTRICOS Com a gestão dos motores entregue a esconde uma suspensão mais permis-
nos lugares traseiros, onde facilmente uma transmissão automática do tipo siva, que nos trajetos mais sinuosos,
se acomodam três adultos, e com muito 8.1 S e-CVT, ou seja, de variação contínua, acaba permitindo algumas oscilações
espaço, sendo que o banco traseiro tam- e com seis relações, cujas passagens da carroçaria.
bém pode rebater costas 60/40, pratica- 0-100 KM/H também podem ser feitas na manche À disposição do condutor, quatro modos
mente na horizontal e no seguimento do ou através das (pequenas) patilhas co- de condução - Normal, Eco, Sport e Trail
piso da mala. Garantindo um substancial 5.8 L / 6.1 L (AUTOSPORT) locadas no volante, elogios para a forma -, selecionáveis através de botão rota-
aumento da capacidade inicial de baga- (quase) perfeita e discreta como os três tivo junto à caixa, e que, intervindo na
geira (580 litros), com acesso amplo e 100 KM motores se complementam, recomen- resposta do propulsor, distribuição do
vários espaços por baixo do piso. Mas dando apenas que não se exagere no binário e direção, garantem algumas
também com pouca luz, sem ganchos 131 acelerador; não, não tem a ver com os diferenças de resposta. Sendo que, ape-
porta-sacos e uma chapeleira arcaica... consumos, ótimos, com registos de 6,1 nas com o modo Trail surge o diferen-
G/KM- CO2 l/100 km de média durante este ensaio, cial autoblocante automático exclusivo
COM MAIS POTÊNCIA... E TRAÇÃO mas, sim, com a sonoridade forte que desta versão 4x4, que vem acrescer
54 790€ continua a instalar-se no habitácu- ao ótimo conforto, maior segurança.
Já aqui testado na versão 4x2... e 218 lo, sempre que puxamos pelo sistema Inclusive, no alcatrão alagado, e sem
cv de potência, o Toyota RAV4 Hybrid PREÇO BASE híbrido. O qual, já sem a desagradável as limitações de autonomia elétrica -
AWD-i com que andámos agora dife- sensação de arrastamento detetada não mais de dois ou três quilómetros...
rencia-se do anterior, desde logo, por CONFORTO / HABITABILIDADE / na variante 4x2, continua a “cantar” - que o modo EV encerra. Insuficiente,
contar com um motor elétrico mais. O SISTEMA HÍBRIDO demasiado alto... ainda assim, para suplantar qualidades
qual, disposto sobre o eixo traseiro, vem Mas se a sonoridade do quatro cilindros como a possibilidade de pagar, com Via
MOTOR RUIDOSO NAS ACELERAÇÕES nos regimes altos recomenda atitudes Verde ou “Cartão Credencial Classe 1”
MAIS FORTES / COMPORTAMENTO POUCO mais descontraídas ao volante, a mesma fornecido pela Brisa, apenas Classe 1
ENVOLVENTE / PLÁSTICOS ideia transmite o desempenho dinâmico. nas portagens, o que acaba sendo mais
O qual, embora ajudado pelas ótimas um argumento a favor deste Toyota
MOTOR QUATRO CILINDROS EM LINHA A qualidades da nova plataforma TNG A, RAV4 Hybrid AWD-i Lounge... assim o
GASOLINA, COM INJECÇÃO INDIRETA/DIRETA assim como por um sistema de tração descubram os portugueses!
D-4S + 2 MOTORES ELÉT. DE 650V CADA
POTÊNCIA COMBINADA 222CV BINÁRIO 221
+ 202 + 121 TRANSMISSÃO INTEGRAL, COM
CX. AUT. DO TIPO CVT, DE 6 VEL.SUSPENSÃO
INDEPENDENTE DO TIPO MCPHERSON; WISHBONE
DUPLO TRAVAGEM DISCOS VENTILADOS/
DISCOS VENTILADOS PESO 1.750 KG MALA 580 L
DEPÓSITO 55 L VEL. MÁX. 180 KM/H

mais44 AUTO++ Francisco Cruz pintadas na cor laranja vivo, a fazerem
[email protected] desta versão e em conjunto com os res-
MAZDA tantes “pormenores”, não somente um
Otempoédefesta!Talcomojáha- regalo para os olhos, mas também uma
» MX-5 RF 2.0 SKYACTIV-G 30TH ANNIVERSARY EDITION via acontecido aquando dos 10 forte promessa para os sentidos!
e dos 20 anos, a Mazda decidiu Já no interior do habitáculo, o mesmo
OBRIGADO PELO PRESENTE!... assinalar os 30 anos do mais acesso difícil, habitabilidade fraca, fun-
antigo roadster de dois lugares cionalidade (quase) nula e estética con-
Digno resistente de um tempo que já não volta, o mais antigo em comercialização, com uma servadora, das restantes versões. Com
roadster de dois lugares ainda em comercialização está a edição limitada e numerada de aniversá- a diferença a fazer-se através de uma
comemorar 30 anos de existência. Efeméride que a Mazda rio: o Mazda MX-5 2.0 SKYACTIV-G 30th escolha de materiais como nunca ha-
assinala com uma edição especial de aniversário, e que é mais Anniversary. E que, mantendo as linhas víamos visto neste pequeno roadster:
uma razão para desejarmos que este MX-5 se mantenha entre gerais da atual geração, eleva conside- alcântara de cor preta aplicada no tablier
nós, por muitos e bons anos!... ravelmente a exclusividade, através da e bancos, o couro negro a revestir volante,
inclusão de uma série de soluções únicas: travão de mão e túnel de transmissão,
uma cor exterior específica denominada ou até mesmo as muitas aplicações em
‘Orange Racing’, conjugada com vários metal que são possíveis encontrar pelo
elementos a preto, entre as quais, umas habitáculo. Sendo que, com esta escolha
jantes em alumínio forjado de 17”, feitas de materiais, é a sensação de qualidade
à medida pela RAYS Wheels, parceira da e exclusividade que sobe a olhos vistos!
Mazda na Global MX-5 Cup. Quanto à posição de condução, a mesma
A completar o “traje de gala”, o sistema conceção fortemente desportiva e baixa,
de travagem Brembo, com pinças em embora aqui garantida através não só de
alumínio de 15” nas rodas da frente, ao um volante regulável em altura e profun-
passo que, nas de trás, a solução é da didade, e com ótima pega (só é pena o
responsabilidade da Nissin. Todas elas número algo exagerado de botões...), mas

também, e principalmente, com recurso a >> autosport.pt/automais
um banco inspirado nas bacquets, embora
mais confortável, made by Recaro. E a que 45
só falta a regulação em altura...
Igualmente convincente, o posiciona- FT/ F I C H A T É C N I C A
mento (correto) de todos os comandos
(só é pena o ecrã tátil só funcionar com o 2.0 / 184 CV
carro imobilizado...), embora já não tanto
os espaços de arrumação, praticamente GASOLINA
inexistentes, ou até mesmo a visibilidade
traseira - suavizada, ainda assim, pela 6.8 S
presença de sensores de estacionamento
atrás... 0-100 KM/H
Finalmente e quanto à questão das
bagagens, o já conhecido alçapão que 6.9 L / 7.5 L (AUTOSPORT)
faz de bagageira, e em que os 127 li-
tros que anuncia de capacidade, são, 100 KM
na verdade, o menor dos problemas.
Antes disso, é preciso conseguir fazer 155
passar as “malas” pelo acesso aper-
tado, sendo que, uma vez lá dentro, G/KM- CO2
há ainda que lidar com um piso aos
altos e baixos. 46 256€
Responderão os mais otimistas: “Pelo
menos, a capota, embora só funcio- PREÇO BASE
nando com o carro parado, não res-
COMPORTAMENTO / REVESTIMENTOS /
MOTOR/CAIXA DE VELOCIDADES
FUNCIONALIDADE DO HABITÁCULO /
ACESSO AO HABITÁCULO / BAGAGEIRA

MOTOR QUATRO CILINDROS EM
LINHA A GASOLINA, COM INJECÇÃO
DIRECTA POTÊNCIA 184/7.000
BINÁRIO 205/4.000 TRANSMISSÃO
DIANTEIRA, COM CAIXA MANUAL DE SEIS
VELOCIDADES SUSPENSÃO TRIÂNGULOS
DUPLOS; MULTI-LINK TRAVAGEM DISCOS
VENTILADOS/DISCOS SÓLIDOS PESO 1.148
KG MALA 127 LITROS DEPÓSITO
45 LITROS VEL. MÁX. 220 KM/H

tringe a capacidade!...”. É verdade; mas, uma capacidade de aceleração dos 0 aos viciante bolo de aniversário que é a condu-
também, se assim fosse, então, mais 100 km/h em 6,5 segundos, assim como ção desta edição especial de aniversário,
valia despachá-las pelo correio!... de uma velocidade máxima anunciada e que, diga-se, é globalmente idêntica à
de 220 km/h. Ambas conseguidas por das restantes versões - simplesmente
UM MOTOR A AJUDAR À FESTA intermédio de um bloco atmosférico que, viciante!
Bem equipado e até com algumas ajudas à embora naturalmente enérgico, convida Tendo na base o mesmo chassis com uma
condução, como é o caso do aviso de saída à exploração nos regimes mais altos, ou distribuição quase perfeita de pesos, a
de faixa (mas que não corrige a trajetória), seja, acima das 3500/4000 rpm, marca a “obrigatória” tração traseira, além de
do alerta de ângulo morto e do aviso de partir da qual também a sonoridade passa uma direção que é um verdadeiro mimo
trânsito a passar na traseira, sempre que a ser mais entusiasmante... no tato e precisão, mantém-se assim a
fazemos marcha-atrás, o Mazda MX-5 De resto, e apesar desse convite à emoção, condução quase visceral e fortemente
30th Anniversary conta ainda com o mais elogie-se as boas médias conseguidas intuitiva, elevada a patamares de prazer
potente dos quatro cilindros a gasolina pelo “nosso” MX-5, o qual, mesmo com e envolvência ainda mais altos, fruto do
que tem à disposição, o 2.0 SKYACTIV-G muita cidade e uma viagem de 300 km contributo de um motor mais vigoroso
de 184 cv e 205 Nm, conjugado com a pelo meio, terminou o ensaio com uma e com resposta pronta ao acelerador. E
tradicional - e fantástica! - caixa manual média de 7,5 l/100 km! que, a par da estabilidade e segurança,
de seis velocidades. Mais do que momento único, este resul- fazem-nos agradecer tão delicioso e vi-
Resultado desta escolha, a promessa de tado acabou sendo a cereja no topo do ciante presente!...

AUTO+ mais

PEUGEOT A que se junta um volante igualmente
excelente, levemente cortado na base e
» 508 SW 1.6 PURETECH EAT8 GT topo, mas acima de tudo revestido com
materiais luxuosos e também a facilitar a
A CEREJA visibilidade de um painel de instrumentos
100% digital, configurável e de leitura fácil.
A viver uma nova geração, que é também um substancial salto geracional face à antecessora, A complementar tudo isto, um apoio de
a carrinha Peugeot 508 assume-se, hoje em dia e fruto das suas muitas qualidades, como pé esquerdo e pedais em metal e borra-
uma das figuras em destaque no segmento D. Destacando-se esta excelente mas pouco cha anti-derrapante, assim como uma
apreciada motorização 1.6 PureTech de 225 cv, como a saborosa cereja no topo do bolo! consola central virada para o condutor,
com um generoso e funcional ecrã tátil,
Francisco Cruz mais insinuante, mas também arreba- escolhidos “a dedo” e com o intuito “de- botões tipo piano a garantir o acesso
[email protected] tadora, a inclusão, de série, de “pormaio- clarado” de exalar elegância e estatuto direto às várias funcionalidades, e uma
res” como as luzes diurnas em LED tipo por todos os poros, mas também de uma manche da caixa automática de oito
Diga-se o que se disser, ana- “dentes de sabre” ou as deslumbrantes componente tecnológica que, nomea- velocidades, bem mais convincente no
lise-se sob que prisma for, a jantes em liga leve “Augusta” bi-ton dia- damente no agora ainda mais evoluído posicionamento e operar, que, por exem-
verdade é que a conclusão só mantadas de 19 polegadas, com pneus i-Cockpit, faz-nos sentir num futuro plo, as patilhas - colocadas na coluna de
pode ser uma: a nova Peugeot Michelin Pilot Sport 4 de tamanho muito distante, inacessível para a quase direção, curtas e em plástico de fraca
508 SW tem um aspeto, uma 235/40. Elementos que, juntamente com totalidade dos automóveis à nossa volta. qualidade, conseguem agradar ainda
pose, uma elegância, verda- aquelas que são as linhas da nova família A viver toda esta experiência numa menos que a visibilidade traseira, “natu-
deiramente de espantar! E, ainda mais, 508, fazem desta carrinha francesa um posição particularmente privilegiada, o ralmente” limitada devido à subordinação
quando vestida com aquela que é a sua verdadeiro deslumbre! condutor, perfeita e confortavelmente das linhas exteriores ao design. Só que,
versão genuinamente mais desportiva, Já no interior do habitáculo, impacto acomodado num banco de conceção neste caso, atenuada pela presença de
denonimada GT. idêntico, fruto não apenas de uma qua- desportiva, revestido a couro e alcântara, sensores atrás e à frente, além de câ-
A contribuir para uma imagem ainda lidade de construção e de revestimentos e com todas as regulações necessárias. maras...
Num habitáculo de ótima ergonomia, a
que não faltam sequer espaços de ar-
rumação, a garantia de uma boa habi-
tabilidade, inclusive, para três adultos,
no banco de trás. Ainda que, com o lugar
do meio mais estreito e sem o mesmo
conforto dos restantes.

>> autosport.pt/automais

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Resultado igualmente das linhas ex- para o portão elétrico, é preciso pagar Exemplarmente ajudado por uma caixa FT/ F I C H A T É C N I C A
teriores, uma bagageira com apenas mais 450€... automática de dupla embraiagem e oito
530 litros ao início, mas que pode velocidade que é, ela própria, um primor 1.6 / 225 CV
chegar perto dos 1800 litros, com o EMOCIONANTE, TAMBÉM NO MOTOR! na forma como gere as capacidades deste
rebatimento 60/40 das costas dos Mas se, ainda imóvel e em silêncio, a quatro cilindros turbo, torna-se fácil apai- GASOLINA
bancos traseiros - ligeiramente na Peugeot 508 SW facilmente se destaca xonarmo-nos por esta solução. Perfeita
perpendicular, é certo, mas, ainda as- do muito cinzentismo que a rodeia, uma não só na forma pronta e imediata como 7.4 S
sim, no seguimento do piso da mala. vez acordado o propulsor por debaixo reage ao pedal do acelerador, mas tam-
A qual tem ainda um acesso amplo e do capot dianteiro, tudo à volta parece bém pelo funcionamento muito suave e 0-100 KM/H
baixo, mercê igualmente de uma cha- desaparecer. Culpado? O excelente 1.6 progressivo que exibe, quando a isso é
peleira que recolhe com um só toque. PureTech com 225 cv de potência e 300 instada. A melhor forma, aliás, de, recor- 7.2 L / 8.4 L (AUTOSPORT)
Alçapão? Não há, sendo que, mesmo Nm de binário! rendo ao sistema de modos de condução
Drive Mode e com a opção “Eco” seleccio- 100 KM
nada, evitarmos consumos que podem
mesmo chegar aos 15 l/100 km, ficando 163
antes - como, aliás, foi o nosso caso - por
valores (um pouco) mais atraentes, de G/KM- CO2
8,4 l/100 km.
De resto e uma vez colocada à prova nas 50 590€
estradas do dia-a-dia, a perceção não
apenas da excelente união entre motor PREÇO BASE
e transmissão, mas também das eleva-
das capacidades de um chassis afinado EFICÁCIA DINÂMICA / CONFORTO /
em prol da eficácia dinâmica e prazer HABITABILIDADE
na condução, apoiado por uma evoluída
suspensão de amortecimento pilotado, PATILHAS DA CAIXA DE VELOCIDADE /
que controla, de forma exemplar, todos ÓCULO TRASEIRO PEQUENO / PREÇO
e quaisquer movimentos da carroçaria!
Assim como, no garantir daquilo que é, MOTOR QUATRO CILINDROS EM LINHA
por estes dias, uma das melhores relações A GASOLINA, COM INJECÇÃO DIRECTA,
entre eficácia e conforto, do segmento; TURBOCOMPRESSOR DE GEOMETRIA VARIÁVEL
inclusive, em pisos mais irregulares! E INTERCOOLER POTÊNCIA 225/5.500
BINÁRIO 300/1.900 TRANSMISSÃO
DIANTEIRA, COM CX. AUT. DE DUPLA
EMBRAIAGEM DE OITO VEL. SUSPENSÃO TIPO
MCPHERSON COM AMORTECIMENTO PILOTADO;
MULTIBRAÇOS COM AMORTECIMENTO
PILOTADO TRAVAGEM DISCOS VENTILADOS
/ DISCOS PESO 1.500 KG MALA 530 LITROS
DEPÓSITO 62 LITROS VEL. MÁX. 250 KM/H

E/ Dando cumprimento ao estabelecido no n° mais importantes provas de desporto au- leitores uma informação atual, rigorosa e abordagem e de análise dos factos noti-
1 do artigo 17° da Lei 2/99, de 13 de Janeiro, tomóvel disputadas em território nacional de qualidade, opinando sobre tudo o que se ciosos, com total abertura à interatividade
ESTATUTO Lei da Imprensa, publica-se o Estatuto e no estrangeiro, relata acontecimentos passa na área do automóvel e dos automo- com a sua comunidade de leitores.
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