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Published by hmilheiro, 2017-11-17 12:54:48

AutoSport_2080

AutoSport_2080

#2080 >> autosport.pt DIRETOR PEDRO CORRÊA MENDES
ANO 40

08/11/2017

2,35€ (CONT.)

O SEMANÁRIO DOS CAMPEÕES

OS
MELHORES

DOS

40

anos
PARTE I



40 3

anos

I/ I N S TA N TÂ N E O SIGA-NOS EM EDIÇÃO

#2080
08/11/2017

f l> > a u t o s p o r t . p t
facebook.com/autosportpt twitter.com/AutoSportPT

OCEAN RACE A mítica corrida de veleiros passou recentemente por Portugal, rumo ao cabo das Tormentas, mas pelos vistos foram os José Luís Abreu
‘aviões’ do V de V que no passado fim de semana, no Estoril, tiveram que fazer de barcos…
DIRETOR-EXECUTIVO
O SEMANÁRIO DOS CAMPEÕES NA ERA DIGITAL
[email protected]
Siga-nos nas redes sociais e saiba
tudo sobre o desporto motorizado no O desporto automóvel é
computador, tablet ou smartphone via uma área perfeita para
facebook (facebook.com/autosportpt), atestar a forma como
twitter (AutosportPT) ou em o mundo mudou em 40
>> autosport.pt anos. Desde a evolução
da mecânica à eletrónica
E/ Dando cumprimento ao estabelecido no n° 1 ligados à competição automóvel, bem como pauta as suas opções editoriais por crité- ou aerodinâmica, há um mundo
do artigo 17° da Lei 2/99, de 13 de Janeiro, Lei temas que versam o automóvel como bem rios de atualidade, interesse informativo e de diferenças, e as próximas qua-
ESTATUTO da Imprensa, publica-se o Estatuto Editorial de consumo, tanto na área industrial como qualidade, procurando apresentar aos seus tro décadas não serão diferentes.
EDITORIAL da publicação periódica AutoSport: comercial. leitores a mais completa abordagem e de Provavelmente, tudo evoluirá ain-
1. O AutoSport é um semanário dedicado 2. O AutoSport está comprometido com análise dos factos noticiosos, com total da (muito) mais depressa e se nos
ao automóvel e aos automobilistas, nas o exercício de um jornalismo formativo e abertura à interatividade com a sua comu- questionarmos sobre como poderá
suas mais distintas vertentes: desporto e informativo e procura oferecer aos seus nidade de leitores. 4. O AutoSport pratica ser o desporto automóvel daqui
competição, comércio, indústria, seguran- leitores uma informação atual, rigorosa e um jornalismo pautado pela isenção, sem a 40 anos, não deve haver muita
ça e problemática rodoviária. O AutoSport de qualidade, opinando sobre tudo o que se comprometimentos ou enfeudamentos, gente capacitada para traçar ce-
edita, semanalmente, conteúdos sobre as passa na área do automóvel e dos automo- tendo apenas como pressuposto editorial nários a esta distância. Sabemos
mais importantes provas de desporto au- bilistas, numa perspetiva plural, recusando facultar a melhor informação e a melhor for- que a inteligência artificial está a
tomóvel disputadas em território nacional o sensacionalismo e respeitando a esfera mação aos seus leitores, seguindo sempre evoluir muito depressa, e sendo
e no estrangeiro, relata acontecimentos da privacidade dos cidadãos. 3. O AutoSport as mais elementares normas deontológicas. certo que a condução autónoma se
massificará na indústria automóvel
PROPRIEDADE FOLLOW MEDIA COMUNICAÇÃO UNIPESSOAL, LDA. – NIPC 510430880, RUA DAS PALMEIRAS, LT 5 – APART. 150, CASCAIS REDAÇÃO RUA MANUEL INÁCIO Nº8B 2770-223 muito antes disso, isso leva-nos a
PAÇO DE ARCOS GERÊNCIA PEDRO CORRÊA MENDES [email protected] DIRETOR PEDRO CORRÊA MENDES [email protected] pensar como poderá ser o desporto
DIRETOR-EXECUTIVO JOSÉ LUÍS ABREU [email protected] COLABORADORES ANDRÉ DUARTE, FRANCISCO MENDES, MARTIN HOLMES, JORGE GIRÃO, JOÃO F. FARIA, JOÃO PICADO, motorizado. Este desporto, como se
NUNO BRANCO, NUNO BARRETO COSTA, RODRIGO FERNANDES E GUILHERME RIBEIRO FOTOGRAFIA AIFA/JORGE CUNHA, ANDRÉ LAVADINHO, ZOOM MOTORSPORT/ANTÓNIO SILVA pode facilmente comprovar nesta
DESIGNER GRÁFICA ANA SILVA [email protected] IMPRESSÃO SOGAPAL, S. A.,SOC. GRÁFICA DA PAIÃ, S. A. DISTRIBUIÇÃO VASP – DISTRIBUIDORA DE PUBLICAÇÕES, S. A., edição em que são escolhidos pelos
TIRAGEM 15 000 EXEMPLARES REGISTO NA ERC 105448 DEPÓSITO LEGAL Nº 68970/73 – COPYRIGHT© TODOS OS DIREITOS RESERVADOS DE ACORDO COM A LEGISLAÇÃO EM VIGOR. nossos leitores os melhores dos
EMVIRTUDE DO DISPOSTO NO ARTIGO 68 Nº2, I) E J), ARTIGO 75º Nº2, M) DO CÓDIGO DO DIRETOR DE AUTOR E DOS DIREITOS CONEXOS ARTIGOS 10º E 10º BIS DA CONV. DE BERNA, SÃO últimos 40 anos, é e sempre foi de
EXPRESSAMENTE PROIBIDAS A REPRODUÇÃO, A DISTRIBUIÇÃO, A COMUNICAÇÃO PÚBLICA OU A COLOCAÇÃO À DISPOSIÇÃO, DA TOTALIDADE OU PARTE DOS CONTÉUDOS DESTA PUBLICAÇÃO, pessoas para pessoas, e como será
COM FINS COMERCIAIS DIRETOS OU INDIRETOS, EM QUALQUER SUPORTE E POR QUAISQUER MEIOS TÉCNICOS, SEM A AUTORIZAÇÃO DA FOLLOWMEDIA COMUNICAÇÃO, UNIPESSOAL LDA. A a figura do piloto daqui a 40 anos é
FOLLOWMEDIA NÃO É RESPONSÁVEL PELO CONTÉUDO DOS ANÚNCIOS. EDIÇÃO ESCRITA AO ABRIGO DO NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO. CONTACTO [email protected] uma grande incógnita. Num mundo
em que os carros não precisarão
de ninguém a pilotá-los, haverá
corridas? De que tipo? Ninguém
sabe. Quem serão os heróis? Os
programadores? É uma das coisas
boas da vida, ninguém sabe como
será o amanhã, por isso o melhor
mesmo é desfrutar do presente,
mesmo que para isso tenhamos,
de vez em quando, que recordar
o melhor que o passado nos deu.
É por isso que nesta edição (e na
próxima) recordamos o que de me-
lhor houve no desporto motorizado
nos 40 anos de vida do AutoSport.
Por muito tempo que passe nun-
ca vamos esquecer nomes como
Senna, Schumacher, Loeb, Ferrari
e muitos mais.

4 AS/ >> autosport.pt
AUTOSPORT

VIDOASDMOEALUHTOORSEPSODRAT

No ano em que comemoramos 40 primaveras, pedimos aos nossos Marca 24 Horas de Le Mans, Melhor
leitores que escolhessem os melhores da vida do AutoSport:
pilotos, equipas, marcas, portugueses e estrangeiros. Piloto Português de Ralis e finalmen-
É isso que vamos agora divulgar, nesta edição especial, os
te Melhor Piloto Português de Todo o
melhores, escolhidos por quem nos seguiu nestas quatro décadas…
Terreno. Os resultados estão apurados,

e nas próximas páginas pode ficar a co-

nhecer quais foram as escolhas de vá-

rios milhares de leitores que votaram.

Agora, é tempo de recordar os princi- e há, que sem apresentarem um palma-

pais feitos das várias dezenas de pilotos rés de sonho, conquistaram com muita

José Luís Abreu e equipas que ‘foram a votos’. De algum força o coração dos adeptos.
[email protected]
edição. Hoje, quando no próximo Rali modo, vamos fundamentar as escolhas A juntar a isso, pedimos a alguns dos
OAutoSport comemora, desde 1 da Austrália o André Lavadinho fizer
de setembro de 2017, 40 anos um clique na sua Canon, no meio da flo- dos leitores, falando não só de conquis- melhores jornalistas de ‘motores’ da
de existência. São quatro dé- resta australiana, menos de um minu-
cadas de grande paixão pelo to depois a foto está na ‘nuvem’ e pode tas, mas também de pilotos, como houve nossa praça que ‘soltassem’ o que lhes
desporto motorizado, num ser publicada. Este é só um exemplo do
caminho em que testemu- mundo de diferenças que resultaram vai no coração relativamente a
nhámos tudo o que este magnífico des- destes 40 anos de vida.
porto nos colocou pela frente. Vivemos Mas são os grandes feitos dos pilotos e C CATEGORIAS estes 40 anos, mas não só, pois
grandes feitos, muita emoção, entusias- equipas que queremos destacar e por também se olha para o presen-
mo, drama e também, infelizmente, al- isso levámos a cabo uma iniciativa jun- te e futuro.
gumas tragédias. tamente com os nossos leitores, em que
O AutoSport andou pelos quatro cantos estes escolheram as suas preferências EDIÇÃO 8 DE NOVEMBRO De resto, fica por dizer que na
do mundo a ver ‘in loco’ o que os me- relativamente a um leque alargado de edição que tem nas mãos tra-
lhores ‘artistas do volante’ fizeram por categorias, 10, que vão desde o Melhor
esse mundo fora, isto desde os tempos Piloto F1, Melhor Equipa F1, Melhor 1 MELHOR PILOTO F1 tamos da parte internacional,
em que se pedia aos pilotos da TAP que Piloto do Mundial de Ralis, Melhor Marca
levassem os rolos fotográficos para o Mundial Ralis, Melhor Piloto Português 2 MELHOR EQUIPA F1 sendo que os ‘tops’ nacionais
jornal que já estava em pleno fecho de Velocidade Internacional, Melhor Piloto
Português Velocidade Nacional, Melhor 3 MELHOR PILOTO MUNDIAL DE RALIS ficam para a edição seguin-
Piloto 24 Horas de Le Mans, Melhor
4 MELHOR MARCA MUNDIAL RALIS te. Há tantas e tão boas coisas

5 MELHOR PILOTO 24 HORAS DE LE MANS para recordar, que não foi pos-

6 MELHOR MARCA 24 HORAS DE LE MANS sível confinar o espaço apenas

EDIÇÃO 15 DE NOVEMBRO a uma edição. Posteriormente,
no site www.autosport.pt, va-

7 MELHOR PILOTO PORTUGUÊS VELOCIDADE INTERNACIONAL mos ‘discutir’ estas preferên-

8 MELHOR PILOTO PORTUGUÊS VELOCIDADE NACIONAL cias, para cada um poder dizer

9 MELHOR PILOTO PORTUGUÊS RALIS de sua justiça...

10 MELHOR PILOTO PORTUGUÊS TODO O TERRENO



6 F1/ 1º
PILOTOS

SUPERESTRELATOP10MELHORESPILOTOSDOS40ANOSDOAUTOSPORT
Ayrton Senna reuniu, com alguma naturalidade, a maioria SENNA
das preferências dos leitores na escolha dos melhores
pilotos de F1 dos 40 anos da história do AutoSport. Foi

sem dúvida o brasileiro que ‘elevou’ a F1 a outro patamar,
numa lista em que melhores números não significaram,
ou justificaram, todas as preferências

Jorge Girão
[email protected]

40 >> autosport.pt
anos 7

Apesar da sua veia iminente- T/ TOP 10
mente técnica, continuam a ser
os pilotos os grandes protago- e a Fórmula 1 é o expoente máximo entre para nos dizerem quais as suas prefe- 1 AYRTON SENNA
nistas da Fórmula 1, criando a ‘família’ dos motores. rências, através de voto, e os resultados 2 MICHAEL SCHUMACHER
amores e ódios que hoje, muitas Mais do que nunca, por causa das redes são, talvez, polémicos, mas, na verdade, 3 LEWIS HAMILTON
vezes, são disseminados pelas sociais, discute-se ao milímetro os argu- não era esperada outra coisa. Cada um 4 ALAIN PROST
redes sociais. Antes, só mesmo o despor- mentos de cada um, e nesse contexto os olha para as questões da sua perspetiva, 5 GILLES VILLENEUVE
to-rei era ‘discutido’ com o coração ao pé tops acabam por ser mais uma acha para uma heterogeneidade de visões sempre 6 FERNANDO ALONSO
da boca, mas hoje em dia isso extravasou a fogueira, sendo difícil que duas pessoas bem-vinda. 7 NIKI LAUDA
para todos os desportos via redes sociais, consigam replicar listas semelhantes. Mas Ayrton Senna foi o escolhido pela gran- 8 MIKA HÄKKINEN
como sabemos que é a falar que nos en- de maioria dos leitores para o primeiro 9 SEBASTIAN VETTEL
tendemos, pedimos aos nossos leitores lugar, e apesar dum top 10 tão rico, por 10 NELSON PIQUET

f1/ >> autosport.pt
PILOTOS
leiro fizera no seu percurso na modalidade
8 - o germânico foi capaz de ultrapassar as
limitações do seu carro, lutando por vitó-
2º rias e cetros mesmo quando não tinha o
melhor material para isso. Mas tal como
Senna, também Schumacher tinha a pre-
sunção de que apenas ele tinha o direito
de vencer, o que acabou por levá-lo en-
volver-se em algumas situações muito
questionáveis.
Sem dúvida que os cinco títulos consecu-
tivos que obteve com a Ferrari, de 2000 a
2004, guindaram-no à elite da Fórmula 1,
conquistando os “tiffosi” com resultados,
assim como a sua ética de trabalho e res-
peito que sempre evidenciou pela equipa
de Maranello.
Apesar dos números nunca quererem
dizer tudo, dizem muito, e o facto de
Schumacher somar sete títulos mundiais,
ser de longe o piloto com mais triunfos, 91,
quase mais trinta que Lewis Hamilton, e
de só este ano ter perdido o recorde de po-
le-positions, não deixava muita margem
para que a escolha fosse outra.

muito tempo que passe, o brasileiro ga- trela global muito antes da internet e das do, tendo mesmo obrigado ao afastamen- O CAMINHO DE HAMILTON
nhou definitivamente um lugar no coração redes sociais. Por tudo isto e, muito mais, to de Roberto Moreno, para lhe permitir
dos adeptos em geral, e dos portugueses ainda hoje está no topo de muitos tops, ingressar na Benetton, o que juntamente Apesar de serem de eras muito diferen-
em particular. como é o caso deste. Por tudo o que se com a rivalidade que foi construindo com tes, Lewis Hamilton sempre teve uma
Num período em que Portugal não ti- continua a ouvir e a ler, só olhando para Senna, abruptamente terminada, não lhe forte inspiração em Ayrton Senna, fru-
nha qualquer piloto próximo sequer de o que é a F1 doutra forma, a da crueza granjeou muitos adeptos entre os portu- to de ter assistido a alguns dos feitos do
entrar na Fórmula 1, Senna teria sem- dos números, se poderia escolher doutra gueses. Mas com o passar do tempo e com brasileiro enquanto criança. O inglês é,
pre um impacto forte dentro das nossas forma. E Senna nem quer é caso único. os feitos do alemão, as coisas acabaram inegavelmente, um dos melhores pilotos
fronteiras, dada a proximidade com o por mudar, e este segundo lugar no top é da sua geração e, nos últimos anos, apro-
nosso “país irmão”, tal como já acontecia REI SCHUMACHER prova disso mesmo. veitou da melhor forma a supremacia da
com Nelson Piquet e antes com Emerson Também ninguém estranha que Michael Contudo, depois da sua fase na equipa de Mercedes para somar títulos, vitórias e
Fittipaldi, mas, na realidade, Senna foi Schumacher, que ocupou o lugar no topo Enstone, Schumacher acabou por con- pole-positions, tendo este ano assinado
muito mais além. da Fórmula 1 deixado vago por Senna, o quistar uma larga faixa de adeptos gra- um novo recorde neste último parâmetro.
O tricampeão mundial de São Paulo co- siga nesta classificação. ças, especialmente, à sua passagem para Tal como o seu ídolo, Ayrton Senna,
meçou por conquistar a sua primeira vi- O alemão chegou à Formula 1 com estron- a Ferrari, equipa onde - tal como o brasi- Hamilton é bastante emocional, trans-
tória precisamente em Portugal, e isso pondo essa característica para a pista,
terá sido o empurrão certo que lhe valeu 3º onde é capaz de atingir níveis insondáveis
uma ligação ainda mais profunda com os para os seus adversários, conseguindo
adeptos portugueses, que a partir desse por vezes alcançar o impossível.
dia muito chuvoso de abril de 1985 o segui- No entanto, e ao contrário do brasileiro,
ram religiosamente nos inícios de tardes que raramente baixava a sua determi-
dominicais, praticamente desde o início nação quando estava aos comandos de
até ao fim, literal, infelizmente. um Fórmula 1, o britânico tem mostrado
No entanto, foi também a paixão e a de- algumas vezes uma certa fraqueza psi-
terminação - aliados a um talento por- cológica, deixando-se enredar ocasional-
tentoso - que Senna sempre colocou na mente em jogos de bastidores.
sua pilotagem, que o elevaram, tanto no Quando está ao seu melhor nível, porém,
nosso país como fora dele, sendo os re- é quase imbatível, tendo o seu título deste
sultados – três títulos – apenas um ma- ano sido o mais impressionante dos quatro
gro reflexo disso mesmo. que já conquistou. Os resultados que tem
Por outro lado, o brasileiro tinha também vindo a assegurar desde a sua estreia, em
o seu lado negro, tendo sido ele a inaugu- 2007, são determinantes para a sua pre-
rar uma linha de pensamento que passa- sença nesta lista, mas a sua espetacula-
va por vencer a todo custo, mesmo que ridade em pista também não é estranha à
isso obrigasse a usar o seu carro como sua posição atrás apenas de duas lendas.
um meio de atirar adversários para fora
de pista e que acabou por ter seguidores, PROFESSOR PROST
sendo Michael Schumacher o mais notá-
vel de todos eles. O quarto classificado desta lista é Alain
Mas Ayrton Senna da Silva foi o piloto de Prost, que continua a ter o líder desta ta-
Fórmula 1 que extravasou de uma forma bela como ponto comum com os restan-
mais impressionante todas as fronteiras tes pilotos já mencionados.
do automobilismo, sendo uma superes- O francês foi um dos protagonistas da
maior rivalidade que já existiu até hoje
na Fórmula 1 e que de forma mais clara
dividiu os adeptos da categoria máxima
do desporto automóvel – Prost v Senna.



f1/
PILOTOS

10

No entanto, a história do gaulês começa a uma capacidade de gestão superior, ao volante de um Ferrari que dificilmente res transalpinos em 1980 e 1981. No ano
bem antes disso, começando a dar nas conseguiu bater o fenómeno brasileiro merecia estar nos 10 primeiros. seguinte, quando voltava a ter um carro
vistas ainda nos tempos de piloto oficial na corrida ao título de 1989, para seguir Gilles Villeneuve era daqueles pilotos que capaz de lhe permitir lutar pelas vitórias,
da Renault, envolvendo-se em inúmeras para a Ferrari em 1990, farto de ter Senna conguia levar muito para lá dos seus limi- encontrou a morte em Zolder. No entanto,
lutas pelo título, que acabaram por lhe como seu colega de equipa. tes o seu monolugar volta após volta, sem mesmo sem títulos, o seu caráter, a sua
ser desfavoráveis até 1985, então já na O seu estilo pouco exuberante em pista colocar uma roda fora do sítio, dançando relutância em baixar os braços mesmo
McLaren, quando conquistou o primeiro não lhe terá valido muito adeptos, que se numa zona que os seus adversários nem quando tudo parecia perdido e seu esti-
dos seus quatro cetros. sentem sempre mais identificados com os imaginavam existir. Nos treinos-livres de lo espetacular permitem-lhe estar neste
Alain Prost nunca foi o mais espetacu- pilotos que ultrapassam os limites, mas sexta-feira do Grande Prémio dos Estados top, apesar do seu desaparecimento há
lar dos pilotos, sendo o seu estilo muito o seu duelo de diversos anos com Senna Unidos de 79, disputados sob muita chuva, mais de 25 anos.
fluido e de acordo com o mote “vencer o foi um dos pontos altos da história da o canadiano deixou o seu mais próximo
mais devagar possível”, num período em Fórmula 1, o que lhe garante um lugar en- adversário a nove segundos e este é ape- A MÁ PONTARIA DE ALONSO
que a fiabilidade era baixa e os despistes treosfavoritos dosleitores doAutosport. nas um exemplo dos muitos que aqui po-
mais violentos incluíam uma passagem deriam ser dados para justificar o porquê Sem exibir a espetularidade do canadiano
pelo hospital que não era apenas para ob- VILLENEUVE NO CORAÇÃO de nesta lista estar um piloto com uma e muito mais cerebral que este, Fernando
servação. Ainda assim, a sua pilotagem carreira e números tão curtos. Alonso ainda assim comunga da renitên-
era eficaz e capaz de lhe garantir triunfos, Entre os 10 pilotos escolhidos pelos adep- Mesmo entre os restantes pilotos, o ho- cia em virar a cara à luta da “lenda ferra-
mesmo com adversários tão fortes como tos do Autosport, Gilles Villeneuve é o úni- mem que mitificou o número 27 era prati- rista” anterior.
Niki Lauda, Nelson Piquet, Nigel Mansell co que nunca conquistou qualquer título camente, de forma unânime, considerado Desde que chegou à Fórmula 1 em 2001
ou Ayrton Senna. ao longo da sua, demasiado, curta carrei- o mais rápido de todos. que o espanhol parecia destinado a gran-
Quando Senna foi para a McLaren, Prost ra. Na verdade, durante a sua presença Os títulos escaparam-lhe devido à sua des feitos e isso rapidamente se verificou
depressa percebeu que dificilmente po- de pouco mais de quatro temporadas na lealdade com a Ferrari - poderia entrar com os títulos em 2005 e 2006, tendo este
deria replicar a rapidez do seu novo co- Fórmula 1 conquistou apenas seis triun- numa luta fratricida com Jody Schecker último sido obtido após um duelo inten-
lega de equipa, até por que não estava fos – menos que os que Hamilton asse- em 1979 mas aceitou que seria o sul-afri- so até à derradeira corrida com Michael
disposto a correr os riscos que o brasi- gurou só em 2017. cano a assegurar o cetro - e ao período Schumacher, então ainda o “Rei”.
leiro assumia, mas ainda assim, graças Contudo, foi a forma como os obteve que de pouca competitividade dos monoluga- Alonso parecia a caminho de bater todos
o separa dos demais, tendo dois deles sido os recordes, mas em 2007 acabaria por

40 >> autosport.pt
anos 11

32 falhando duas corridas, mas depois de ter
enfrentado a morte no “Inferno Verde”, a
JUNTOS, OS 10 PILOTOS DESTE TOP 10 sua prioridade era sobreviver e, numa pis-
SOMAM 32 TÍTULOS MUNDIAIS DE F1, E SÓ ta completamente encharcada, encostou
UM DELES NÃO FOI CAMPEÃO, o seu carro nas boxes após as duas voltas.
GILLES VILLENEUVE Durante o Grande Prémio do Canadá de
1979, depois de uma sessão de treinos-li-
vres, fartou-se da Fórmula 1 e foi-se em-
bora, não participando sequer na corrida.
Em 1982 o austríaco regressou, então com
a McLaren, e mostrou que não era ape-
nas uma estrela decadente à procura da
sua antiga glória e em 1984 conquistou
o seu terceiro título ao bater Alain Prost
por meio ponto, tendo a decisão tido como
palco o Autódromo do Estoril.
No fundo, uma carreira que fará sempre
parte da história da Fórmula 1, pejada de
adversidades e desafios que foram ultra-
passados com uma determinação férrea,
que o eleva ao sétimo lugar deste top.

iniciar uma longa caminhada no deser- ano de 2006. Porém, todos os que gostam os quatro de Sebastian Vettel e de Lewis TODOS GRANDES PILOTOS
to, que se prolonga até hoje. verdadeiramente de corridas de automó- Hamilton, mas os adeptos sabem que,
Não que o piloto de Oviedo tenha perdido veis e tiveram oportunidade de seguir a com o espanhol, o potencial do carro é O tempo muda muita coisa, mas talento é
qualquer qualidade, na verdade, hoje pa- temporada de 2012, dificilmente poderão sempre explorado na sua plenitude e, por talento e desde as fórmulas de promoção
rece melhor que nunca, mas um conjunto esquecer a performance de Alonso que, vezes, isso é mais importante que núme- que Mika Häkkinen era visto como um
de más decisões com algumas incompa- com um carro notoriamente inferior, foi ros, o que lhe vale o sexto lugar entre os piloto com um bom futuro na Fórmula
tibilidades pelo caminho, lançaram-no até à última prova da temporada na luta nossos leitores. 1. Logo na Fórmula 3 teve o seu primei-
para situações que o impediram de al- pelo título, perdendo-o por pouco. ro duelo com Michael Schumacher, per-
cançar qualquer cetro desde o longínquo Tem apenas dois campeonatos contra DETERMINAÇÃO! dendo o Grande Prémio de Macau devido
a um incidente com o alemão, quando o
Este poderia ser o adjetivo que classifica- triunfo parecia certo.
ria melhor Niki Lauda, mas acabaria por Mas, enquanto o germânico teve uma as-
ser redutor. Porém, foi a determinação que censão meteórica na categoria máxima,
acompanhou Lauda ao longo de toda a sua Häkkinen teve uma subida mais lenta,
carreira. Não tinha dinheiro para manter a depois de uma estreia prometedora com
sua carreira no automobilismo, mas não a Lotus, que definhava a passos largos.
estava preparado para abandonar o seu A sua entrada na McLaren não foi inicial-
objetivo – hipotecou a sua casa. mente tão bem-sucedida como esperado,
Foi-lhe dada a extrema-unção no hos- sobretudo devido à falta de competitivi-
pital depois do seu horrível acidente de dade dos carros de Woking, e um violento
1976, em Nurburgring, mas morrer não acidente no Grande Prémio da Austrália
era uma opção para o piloto da Ferrari e, de 1995, que o deixou em coma, pare-
seis semanas depois, estava ao volan- cia impedir definitivamente que o fin-
te do seu carro para disputar o Grande landês alcançasse o potencial que tinha
Prémio de Itália. demonstrado.
Podia garantir o seu segundo título no Porém, recuperou, e quando em 1998 os
Grande Prémio do Japão de 1976, mesmo carros britânicos, então com motores
Mercedes, se mostraram competitivos,
Häkkinen agarrou a oportunidade com as
duas mãos, lançando-se para dois títulos
consecutivos, tendo num deles como ad-
versário Michael Schumacher.
Os dois pilotos foram os grandes prota-
gonistas do período e o alemão sempre
mostrou pelo seu adversário um respeito
que nunca evidenciara por Damon Hill.
Sem que se mostrasse interessado em vi-
ver indefinidamente na “panela de pres-
são” que é a Fórmula 1, decidiu abando-
nar a categoria no final de 2001, mas as
suas batalhas com Schumacher deixa-
ram uma marca, sendo inesquecível a
ultrapassagem que realizou ao seu rival
em Spa-Francorchamps em 2000 com
Ricardo Zonta pelo meio.
Em nono lugar, atrás de Mika Häkkinen,
ficou Sebastian Vettel. O alemão tem qua-

f1/ >> autosport.pt
PILOTOS
CRÓNICA
12
JOÃO CARLOS COSTA
tro títulos, tal como Lewis Hamilton, mas,
curiosamente, é apenas o terceiro dos pi- COMENTADOR
lotos em atividade presente nesta lista.
Vettel foi o primeiro produto bem-suce- “NÃO, OPASSADONÃOERAMELHOR...”
dido da Red Bull, vencendo com um Toro
Rosso, o que deixava antever grandes fei- Resumir 40 anos de corridas tudo isto. Nunca tivemos veículos deixou de ser um fenómeno Ocidental
tos quando tivesse um carro verdadeira- de automóveis em 4000 bytes? tão velozes, sejam monolugares, ou de Primeiro Mundo. Espalhou-se um
mente competitivo entre mãos. Impossível. Talvez em quatro mil protótipos, GT, Turismos; seja em pouco por todo o lado e, muitas vezes,
Quando chegou à Red Bull rapidamente artigos (seria melhor livros), tal o circuito, rali ou TT; seja movidos a com elevada qualidade organizativa
mostrou que de facto era talhado para tí- manancial de histórias e as diferenças combustível fóssil, ou com soluções e de plantel. Acrescentámos a tudo
tulos, conquistando quatro consecutivos, comparativas nestas quatro décadas. elétricas e híbridas. isto um enorme reforço na segurança
de 2010 a 2013. Basicamente, perdura o desafio de Em paralelo, a cibernética possibilitou e na profissionalização (ou melhor,
No entanto, o alemão teve sempre o me- ser mais rápido que o outro piloto ou todo um mundo de Gaming. As formação) de todos os “agentes”. O
lhor carro à sua disposição e, ainda as- o outro carro. O resto é um mundo gerações mais novas não precisam acidente continua a espreitar a cada
sim, não foi fácil triunfar em 2010 e 2012, sempre em mudança. A começar pela de empurrar carrinhos à escala para metro, verdade, mas a morte perdeu
vendo-se e desejando-se para bater forma como se chega à informação fazer corridas em casa (ou na rua). No quase toda a macabra inevitabilidade.
Fernando Alonso, que carregava às cos- para dar corpo à paixão. Deixou de computador “vive” um mundo paralelo Temos tudo isto, numa evolução
tas um Ferrari claramente com menos ser preciso esperar por 5ª feira de competições automóveis virtuais. esplendorosa, e todos os dias somos
potencial. para comprar o Autosport e saber... Podemos ser piloto “a sério” ou de “sofá. bombardeados com o chavão - “no
A sua passagem para a Scuderia em 2015 o possível. Agora, à distância de Ou até dos dois, saltitando entre um e passado é que era bom”!
prometia não ser fácil, dado o domínio da um comando, de um computador/ outro, em ambos os sentidos. Podemos Quando dizemos ou escrevemos isso,
Mercedes, mas, ainda assim, este ano tablet ou de um simples smartphone, envolvermo-nos diretamente nos vários estamos a matar a nossa galinha dos
conseguiu envolver-se na luta pelo cetro temos tudo, na hora, ou quase. Numa paradigmas do espetro das corridas, ovos de ouro. Se somos os primeiros
com Lewis Hamilton, perdendo-o devido frase: escancarámos o mundo das ou também ir para o mundo virtual a denegrir, como iremos conseguir
a alguns problemas de fiabilidade do mo- corridas. Nada nos impede de vermos e “fazendo de conta” que somos os novos passar o prazer das corridas às
nolugar transalpino, mas também graças conhecermos a fundo o que gostamos, Enzo Ferrari, Maurizio Arrivabene, Adrian gerações vindouras? Fala-se muito
a alguns erros de pilotagem e performan- por mais “obscuro” que seja. Sei do Newey ou Eduardo Freitas. E nada nos numa diminuição do interesse pelo
ces abaixo do seu par. que escrevo. Não era fácil ser-se fã de impede de sermos apenas fãs, numa automobilismo. Ponham-se no papel
Quem ganha quatro títulos, ainda por cima NASCAR e de Fórmula Indy nos anos 70 experiência, total e imediata, que há 40 de um jovem que vê o pai dizer mal das
consecutivamente, tem que ser forçosa- do século passado. anos não era possível. provas atuais. Como atraí-lo então?
mente especial, mas para se colocar ao A cibernética mudou a forma como Nas corridas “reais” temos mais Quem vive com os olhos postos no
nível de Hamilton e Alonso, os seus con- as corridas chegam até nós. E mudou campeonatos e disciplinas. A passado não tem futuro. Temos de
temporâneos, Vettel terá ainda que mos- as mesmas no seu todo. Há 40 anos, proporção será de 1 para 20. Temos preservar a história, sim, usando-a
trar ser capaz de triunfar na adversidade. a desistência por falha mecânica mais pilotos, carros, pistas, provas como veículo numa linha condutora que
Nelson Piquet fecha este top-10! O brasi- era uma “normalidade”. Hoje é quase de velocidade, ralis, convencionais ou nos trouxe aqui. Mas devemos viver
leiro é, talvez, um dos últimos pilotos ro- uma “impossibilidade”. A eletrónica de TT. Não se tendo democratizado o o presente. Glorificá-lo primeiro que
mânticos a conquistar títulos na Fórmula trouxe fiabilidade, sobretudo através acesso (os eternos custos), existem tudo, perspetivando o futuro. O que
1. Gostava de corridas de automóveis e de da simulação. Mas trouxe também mais portas abertas: campeonatos ficou para trás são ensinamentos para
andar depressa, mas estes eram apenas carros cada vez mais velozes. Ao baixar para pilotos 100% profissionais, mas não se repetirem erros, pese embora
mais alguns prazeres da vida, existin- em muito a hipótese de erro, permite também para Pro-Am ou para puros com as mudanças a ritmo acelerado
do outros – mulheres bonitas, iates, vi- complicações mecânicas extremas. amadores, numa variável de idades que a sociedade está a ter, devemos
ver a vida… Os novos materiais e técnicas de que vai quase dos 8 aos 80. Até a sobretudo perceber o momento e
Mas não nos iludamos, podia não ter a construção fazem o resto da diferença. utilização dos carros se alargou. traçar planos para o que aí vem.
determinação de Alain Prost ou Ayrton Perceber que um F1 rodou este ano, Existem alguns a correr todos os fins O Desporto Automóvel tem tudo para
Senna, mas era um trabalhador incansá- em Suzuka, 15 segundos mais veloz de semana, mundo fora, em várias dar certo... até a história centenária.
vel, tendo feito milhares de quilómetros de por volta comparativamente a 1988, disciplinas. Havendo vontade (e Há que usar então todos os trunfos.
testes de pneus para a Pirelli ou procuran- tem de nos fazer pensar e sentirmo- dinheiro), o difícil é escolher. Há mais Só assim, os próximos 40 anos serão
do sempre uma “vantagem injusta” para nos orgulhosos por estarmos a viver mercados. A competição automóvel ainda melhores.
bater os seus colegas de equipa, tendo
sido Nigel Mansell a sua principal vítima.
Durante o auge da sua batalha com o in-
glês no seio da Williams chegou a dizer
que se deitava nas retas de Monza para
ganhar mais velocidade de ponta. O bri-
tânico, mais alto que o brasileiro, foi na
conversa e fez a corrida sem banco para
poder estar mais baixo.
Era na verdade um mestre em destabi-
lizar psicologicamente os seus adversá-
rios, tendo Senna, Mansell, Prost sofrido
com isso, mas era também o homem das
piadas e das partidas, que eram famosas
no paddock.
Ao longo de 14 temporadas, Piquet con-
quistou três títulos, o que só por si já lhe
vale presença em diversos tops, mas foi
também protagonista de uma das me-
lhores, senão a melhor, ultrapassagem
de sempre, que teve como vítima Ayrton
Senna em Hungaroring, o que o não pre-
judica em nada...



F1/14 TOP 10 MELHORES EQUIPAS DOS 40 ANOS DO AUTOSPORT
EQUIPAS


FERRARI É A FÓRMULA 1
Numa altura em que o responsável máximo da Ferrari ameaçou novamente tirar a Scuderia da Fórmula
1, os leitores do Autosport elegeram-na como a melhor equipa dos 40 anos do AutoSport. Algo natural,
pois a Ferrari ‘mistura-se’ com a própria disciplina onde pontifica…

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anos 15





Jorge Girão T/ TOP 10
[email protected]
rem os seus preferidos independen- to fortemente a atenção dos adeptos, 1 FERRARI
A o longo da história da temente das cores que envergam. No seguindo-as nos bons e maus mo- 2 MCLAREN
Fórmula 1 os pilotos têm fundo, e apesar das máquinas e das mentos sem olhar para trás. 3 MERCEDES
escuderias que as criam e as fazem A Ferrari é claramente o melhor exem- 4 WILLIAMS
vindo a ser elementos muito correr, a categoria máxima do despor- plo disso, e aquela que ao longo das dé- 5 LOTUS
to automóvel continua a ser uma com- cadas sempre suscitou mais amores 6 RED BULL
mais aglutinadores e de di- petição de heróis e vilões de capacete. ou ódios. Inegavelmente, é e sempre 7 BRABHAM
Ainda assim, ao longo da história sem- foi a mais seguida e a mais apoiada 8 RENAULT
visão que as equipas, sendo pre houve equipas que captaram mui- entre todas, algo de que também os 9 BENETTON
10 TYRRELL
natural os adeptos segui-

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EQUIPAS

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leitores do AutoSport fazem parte, tal Dificilmente alguma equipa pode- Apesar de não o ser atualmente, a A formação de Woking esteve perto
como seria de esperar. rá alcançar a grandiosidade, como é McLaren sempre foi a grande rival da do desaparecimento no final dos anos
A formação transalpina participou em evidente no caso da Ferrari, sem ad- Scuderia, tendo ambas estado na luta setenta, mas Ron Dennis acabou por
todos os Campeonatos do Mundo de versárias fortes. Nesse particular, a por títulos desde os anos setenta, si- ser a força motriz para que se trans-
Fórmula 1, personificando a estabili- formação de Maranello tem vindo a tuação que tem vindo a ser repetida formasse novamente numa estrutu-
dade necessária numa categoria em defrontar, ao longo da sua existência, várias vezes ao longo das décadas ra vencedora, imortalizando uma das
que a mudança é palavra de ordem, opositoras de elevado gabarito. seguintes. decorações mais vistosas de sempre
algo que se pode verificar até na cor – vermelho e branco.
imutável dos seus carros ao longo da Ao longo dos anos oitenta ver um pilo-
história, o vermelho, uma caracterís- to da McLaren no degrau mais alto do
tica única no panorama dos Grandes pódio era um hábito e ter Senna num
Prémios. dos seus carros ao longo de seis anos
A paixão pela Ferrari é evidente pelas e três títulos, atirou a equipa fundada
pistas mundiais, sendo sempre possí- por Bruce McLaren para os braços dos
vel encontrar um mar de ‘tiffosi’ onde fãs, sendo hoje, apesar das dificulda-
quer que seja a corrida, atingindo, lo- des dos últimos anos, a segunda equi-
gicamente, o seu expoente máximo pa preferida dos leitores do Autosport.
na ‘Catedral’ de Monza. Os bons adeptos têm memória…
Para além da sua posição simbólica A McLaren é a terceira equipa em
na Fórmula 1, a Scuderia é também termos de títulos mundiais de
a formação mais bem-sucedida da Construtores, com oito títulos, me-
disciplina, muito embora tenha tido nos um que a Williams, e é a segun-
longos períodos de abstinência, como da equipa mais vitoriosa, só atrás da
aquele que decorre atualmente e se Ferrari (ver acima) e bem na frente
iniciou em 2008, ano em que venceu o da Williams.
seu derradeiro título de Construtores.
De qualquer modo, nos Construtores PASSADO RECENTE
continua a ser a equipa com mais tí- Se a Ferrari e a McLaren têm uma lon-
tulos, 16, mais sete que a Williams e ga história na Fórmula 1, a Mercedes,
o dobro da McLaren. enquanto equipa, é quase uma re-
É a equipa que tem mais triunfos, cém-nascida. Depois de ter entrado
228, mais 46 que a McLaren, a se- na categoria máxima nos anos cin-
gunda equipa mais vitoriosa. E o mes- quenta, que se cifrou em dois títulos
mo acontece nas pole-positions, pois pelas mãos de Juan Manuel Fangio, os
soma 213, mais 58 que a McLaren. “Flechas de Prata” regressaram em
Claro que os números não são tudo, 2010 e, após um início periclitante,
mas a Ferrari é claramente a equipa não perdem um título desde 2014, o
que sempre conseguiu chegar mais que lhes garante uma entrada para o
longe em todo o mundo.



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terceiro posto deste top, batendo no-
mes mais tradicionais e, igualmente,
com resultados de relevo. Claro que
aqui funciona o facto de há quatro
anos quase não se ouvir falar doutras
equipas no lugar mais alto do pódio, e
esse fator tem os seus reflexos nes-
ta votação.
Esses números já colocaram a
Mercedes como a sexta equipa mais
vitoriosa de sempre em termos de
títulos de Construtores, com quatro,
que ainda assim são metade dos da
McLaren, por exemplo.
De qualquer forma, já surgem em al-
guns números na frente de muitas mar-
cas míticas da história da Fórmula 1.

WILLIAMS PERDE GÁS inglês. De certa forma, a Red Bull pode Prémios para cimentar a sua imagem passado, que chegou a ser glorioso.
até ser vista como a atual seguidora da irreverente. Depois de ter monopoli- No entanto, os títulos conquistados
A equipa fundada por Frank Williams Lotus, uma vez que permitiu a Adrian zado os títulos nos primeiros quatro por Nelson Piquet em 1981 e 1983, o
continua a ser das que mais triunfos Newey, que tal como Chapman é um anos da década, a Red Bull não tem primeiro de um carro com motor tur-
tem, tendo mesmo chegado a ser a for- visionário técnico, explanar a sua ge- conseguido bater-se de igual para bo, parecem ter ficado na memória
ça dominante na Fórmula 1, como foi nialidade, introduzindo no mundo dos igual com a Mercedes e a sua inca- dos nossos leitores. Talvez a inegável
o caso em meados dos anos oitenta e Grandes Prémios conceitos inovado- pacidade de lidar com a situação, em- beleza pura dos monolugares criados
durante um largo período da década res que ditaram leis. brenhando-se em longos queixumes, por Gordon Murray, não seja estranha
de noventa, a sua fase mais vitorio- talvez não lhe permita estar para lá do a esta classificação.
sa, mas desde 1997 que não conquis- DINÂMICA RED BULL sexto lugar deste top. Já a situação da formação de Ken
ta qualquer cetro, o que acaba por a Por outro lado, se a Lotus foi a equipa A Brabham, sétimo posto, e a Tyrrell, Tyrrell é ainda mais difícil de perceber,
atirar para fora do pódio. que trouxe à Fórmula 1 a era dos pa- décimo, são, quiçá, as grandes surpre- uma vez que o último dos seus quatro
Curiosamente, a formação de Grove trocínios, a formação e Milton Keynes sas deste top! A equipa edificada por cetros – três de pilotos e um de cons-
é seguida por uma equipa já desa- emprestou à categoria máxima uma Jack Brabham que mais tarde ficou trutores – foi conquistado por Jackie
parecida, a Lotus. Se a Ferrari é vista nova dinâmica por força da filosofia nas mãos de Bernie Ecclestone desa- Stewart no longínquo ano de 1973.
como a tradição, a estrutura de Colin da companhia de bebidas energéti- pareceu da Fórmula 1 em 1992 e então A partir de então, a equipa do “Velho
Chapman era o epitomo da inovação, cas, que tem vindo a usar os Grandes era apenas uma pálida imagem do seu Lenhador” foi-se eclipsando gradual-
tendo sido responsável pela estreia
de inúmeros conceitos na Fórmula 1,
o que acabou por definir muito daquilo
que a categoria é hoje.
Contudo, após o desaparecimento de
Chapman, a Lotus nunca conseguiu
recuperar a sua veia vencedora de-
saparecendo nos anos 90. O seu apa-
recimento neste top no quinto posto,
à frente de equipas que estão em ati-
vidade, evidência a força do legado do



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mente até ao seu desaparecimento no mem pelas corridas, a Benetton foi cria- no caso da Benetton. Quando surgiu na SAÍDAS E REGRESSOS
final de 1998, quando foi comprada da através da Toleman para preencher Fórmula 1, em 1986, a estrutura que nos
pela BAR. Terá sido a última das es- as necessidades publicitárias da mar- deu a conhecer Flavio Briatore goza- Depois dos títulos e sem grandes re-
truturas eminentemente familiares ca transalpina de pronto a vestir. No va de uma imagem semelhante à que sultados após a saída de Schumacher
da Fórmula 1, um último resquício de entanto, se a génese das duas equipas posteriormente foi adoptada pela Red para a Ferrari, os irmãos Benetton fo-
uma outra era, o que poderá ajudar a foi completamente distinta, partilham Bull, uma lufada de ar fresco no pad- ram perdendo interesse na Fórmula 1,
compreender a sua presença aqui em o facto de terem vencido todos os seus dock, e, por isso, nem sempre levada acabando a equipa por desaparecer
detrimento de outras. Ao contrário da títulos com um piloto – Jackie Stewart a sério. Mas acabou por triunfar nos no final de 2001. No entanto, o facto de
Tyrrell, que nasceu da paixão de um ho- no caso da Tyrrell e Michael Schumacher anos 90, rompendo o “establishment”. ter dado ao alemão os seus primeiros
dois cetros justifica a sua presença
na nona posição. O desaparecimento
da Benetton permitiu o regresso da
Renault enquanto equipa, um cons-
trutor que tem fortes ligações à cate-
goria máxima do desporto automóvel.
Até agora a marca francesa protagoni-
zou três vagas de ataque aos Grandes
Prémios, uma nos anos setenta, talvez
a mais genuína, uma vez que era de
facto uma equipa gaulesa, com sede
no seu país, ao passo que na segunda
apropriou-se da estrutura de Enstone
da Benetton, situação que se repete
atualmente após ter comprado a Lotus.
Os títulos chegaram apenas em 2005
e continuaram no ano seguinte, com o
de pilotos a ser garantido sempre pe-
las mãos de Fernando Alonso.
Porém, nos longínquos anos seten-
ta destacou-se por ter levado para a
Fórmula 1 os motores turbo, quando os
Ford Cosworth DFV atmosféricos do-
minavam a cena dos Grandes Prémios.
A história, o arrojo técnico, os títulos
e a sua presença assídua na catego-
ria máxima do desporto automóvel
acabam por garantir à Renault uma
penetração efetiva entre os adeptos
e o oitavo posto neste top.



22 WRC/ 1º
PILOTOS
SUPER-LOEBTOP12MELHORESPILOTOSDOS40ANOSDOAUTOSPORT
Os adeptos lusos têm uma forte ligação aos ralis, e apesar do domínio
não ter deixado muita latitude para a primeira escolha, Sébastien Loeb,
a verdade é que esta é daquelas listas nada fáceis de ordenar...

José Luís Abreu forte marca nos ralis. Foi quinto nesta Marcus Grönholm é outro dos bons pilotos, 2º
[email protected] votação. Precisamente no pólo oposto foi duas vezes Campeão do Mundo mas
está Juha Kankkunen, sexto desta lista. demorou a lá chegar. Por fim, Miki Biasion,
Osuper piloto que é Sébastien Os seus quatro títulos mundiais são fruto também muito querido dos portugueses
Loeb não deixava grandes dú- duma grande qualidade, frieza, dum piloto e também bicampeão do mundo. Esta é
vidas quando à preferência dos que só não era tímido de volante na mão. assim uma lista que vamos agora tentar
adeptos lusos, grandes conhe- Carlos Sainz não tinha uma classe ex- 'fundamentar' de forma mais detalhada.
cedores de ralis, mas a dificul- tra, mas sempre foi muito trabalhador e
dade desta votação começou com o passar do tempo cada vez se tor- SÉBASTIEN LOEB
logo no processo de seleção dos pilotos. noumais difícilde bater. Reparemquefoi
Em todos os restantes casos foram sele- votado em sétimo pelos leitores na frente Sébastien Loeb é de longe o mais bem
cionados 10, mas no caso dos ralis che- de um tetracampeão do Mundo, Tommi sucedido piloto da história do Mundial
gou-se ao ponto de que deixar alguém Mäkinen, o que mostra bem que os nú- deRalis,esendo verdadeque muitagen-
de fora era demasiado injusto. Por isso, meros não são tudo. te entende que tanto ele como Sébastien
fomos a votos com 12. E mesmo assim, Ari Vatanen é outro exemplo de um pilo- Ogier, se tivessem vivido nos anos 80, não
de ‘coração apertado’. to de classe-extra, que passou pelos ralis teriam ganhado tantas vezes, nós não te-
Tantos e tão bons são! A lista de melhores na era em que estes atingiram o seu apo- mos tanta certa, especialmente com Loeb.
pilotos da história do Mundial de Ralis é geu e deixou também uma forte marca. Questionámos uma vez Markku Alén
uma das que mais diz aos adeptos. Ao lon- Em décimo ficou Sébastien Ogier, ago- quanto a isso, e o finlandês concorda que
go da história da disciplina existiram tan- ra pentacampeão do Mundo, a quem os não teriam os mesmos números, mas
tos casos de sucesso e nem todos somen- adeptos ainda não colocam junto dos acha que alcançariam vários títulos. A
te alicerçados em números. Se Sébastien grandes e como se percebe muito lon- verdade é que nunca ninguém vai poder
Loeb - e os seus nove títulos - torna-se um ge de Loeb, mas a verdade é que foi ele dizer com grande dose de certeza quem
escolha ‘evidente’, o segundo classificado que apressou a ‘reforma’ do compatriota, teria feito o quê, se tivesse vivido noutra
da lista é Colin McRae, que como todos sa- sendo o primeiro em muito tempo que o era, tantas são as diferenças, quer nos
bemos, 'não tem números', mas teve tudo confrontou com sucesso. carros, quer no tipo de ralis. Dantes os ra-
o resto, e de sobra. É o piloto que mais fez lis eram endurance, muito poucos eram
vibrar os adeptos ao longo da história do T/ TOP 12 resolvidos ao segundo, hoje em dia são
Mundial de Ralis. Mas houve outros, como sprint, e vários há que são resolvidos ao
Walter Röhrl, terceiro desta votação, que 1 SÉBASTIEN LOEB décimo de segundo.
realizou feitos que marcaram as pessoas, Não é possível afirmar com certeza, só
como por exemplo no nevoeiro de Arganil. 2 COLIN MCRAE mesmo a perceção das pessoas funcio-
O quarto classificado, Henri Toivonen, é na e essa coloca Loeb na frente a gran-
outro bom exemplo de um piloto que teve 3 WALTER RÖHRL de distância. Nove títulos consecutivos
uma passagem efémera, mas intensa, pelo dizem muito do piloto, e também dizem
Mundial de Ralis, e se não tem perdido a 4 HENRI TOIVONEN alguma coisa da concorrência que teve,
vida na Córsega em 1986, ter-se-ia pro- na verdade, mas 78 vitórias não são para
vavelmente tornado num dos maiores de 5 MARKKU ALÉN qualquer um. Muitos acusavam-no da
sempre também em números. pouca espetacularidade, mas lá está a
Já Markku Alén é um caso atípico, pois a 6 JUHA KANKKUNEN velha história, são estilos e o estilo do
sua qualidade como piloto não se refletiu francês valeu-lhe o palmarés que tem.
em números, nem sequer conseguin- 7 CARLOS SAINZ Sete vitórias em dez ralis de Monte-Carlo
do ser Campeão do Mundo, mas deixou diz muito do piloto que é, e sendo quase
8 TOMMI MÄKINEN imbatível em asfalto, como bom francês

9 ARI VATANEN

10 SÉBASTIEN OGIER

11 MARCUS GRÖNHOLM

12 MIKI BIASION

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PILOTOS

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que se preze, não deixou de vencer três um título de ralis. 14 triunfos no WRC são te, com um Ascona 400 de tração traseira, fosse ainda maior. Ainda assim, mais de
vezes na Finlândia bem como em todas poucos para tanta classe, num piloto vir- sobrepondo-se aos Audi Quattro. Esteve trinta anos depois da sua morte são ain-
as provas do calendário do WRC. tuoso como poucos, o único que venceu na Lancia em 1983, na Audi a partir de 1984 da muitos os que o recordam pela rapidez
o Monte Carlo quatro vezes, com quatro e foi um dos poucos do ano dos Grupo B e espetacularidade. Começou nas pistas,
COLIN MCRAE carros diferentes. com o brutal Sport Quattro de 550 cv. mas a família convenceu-o a ir para os
Colin McRae foi escolhido para o segundo É dele o fantástico feito dos 4m40s ‘da- Ainda hoje está ligado aos automóveis ralis, porque os circuitos eram perigosos.
lugar entre as preferências dos nossos lei- dos’ a Alén,em carros iguais,no nevoeiro como 'tester' da Porsche. Ironias do destino. Batia muito, mas tam-
tores. Um piloto de excelência, que foi feito de Arganil. Levou a Fiat à conquista dos bém andava muito depressa para a ida-
para pilotar. Fosse o que fosse. Depressa títulos de Construtores em 1977, 1978 e HENRI TOIVONEN de que tinha, em 1980, na equipa Talbot,
e espetacularmente. Bravo como poucos, 1980, ano em que também foi Campeão Henri Toivonen foi a quarta escolha dos tornou-se no mais jovem vencedor de
venceu 25 ralis, mas títulos só em 1995, de Pilotos. Em 1981 regressou à Opel para leitores, e um dos pilotos que muito pro- sempre nos ralis, ao triunfar no RAC. Tinha
porque a sua rapidez também o levava ser novamente campeão no ano seguin- metia, mas que o destino não quis que apenas 24 anos, sendo apenas batido por
a ter muitos acidentes e não foi só uma Jari-Matti Latvala, que com 22 anos ven-
vez que o vimos pilotar carros que mais ceu o Rali da Suécia em 2008.
pareciam o chapéu de um pobre. O me- Em 1984, depois da passagem pela
lhor exemplo, o Rali dos 1000 Lagos de Porsche, pilotou para a Lancia no Rali de
1992, quando capotou o Subaru Legacy Portugal, batendo todos os recordes dos
quatro vezes e ainda terminou em oita- troços de Sintra, até destruir o Lancia 037
vo. Enquanto andasse... na descida da Pena. O ano de 1985 foi de
A sua luta pelo título com Carlos Sainz em desenvolvimento do Delta S4, tendo ven-
1995 foi fabulosa, e os seus dois triunfos cido o RAC, última prova do ano, deixando
em Portugal, em 1998 e 1999, com carros Markku Alén bem longe, e a primeira de
diferentes, também ajudaram a ganhar o 1986, o Monte Carlo, depois de bater numa
carinho dos portugueses. Não é por acaso ligação. Depois veio o Rali da Córsega, onde
que na passagem de asfalto do Confurco perdeu a vida junto com o seu navegador,
está lá desenhada no asfalto a bandeira da Sergio Cresto. Nunca se sabe o que pode-
Escócia... A espinha atravessada na sua ria ter feito nos ralis, mas desconfia-se...
garganta deu-se no ano de 1997, quan-
do venceu cinco ralis mas perdeu o título MARKKU ALÉN
para Tommi Mäkinen por um ponto. Foi
para a Ford em 1999, esteve novamente Markku Alén é dos pilotos mais queridos
perto de ser campeão, em 2001, mas no em Portugal, e como vários pilotos do seu
rali da decisão, em Gales, bateu. That’s tempo marcou uma geração não tanto
Colin, provavelmente o piloto que mais pelo que ganhou, mas pelo que significou.
saudades deixou, depois da sua morte Em Portugal, Alén tem um aura diferente,
em 2007 num acidente de helicóptero… pois venceu cinco vezes no nosso país.
A sua ligação à Fiat/Lancia tornou-o no
WALTER ROHRL finlandês mais latino da história dos ralis.
Walter Röhrl foi o terceiro escolhido pe- Obteve 19 triunfos no Mundial e curiosa-
los leitores do AutoSport. O duplo cam- mente o único título que tem alcançou-o
peão do Mundo é um dos nomes gran- em 1978, quando era ainda Taça FIA para
des dos ralis e o único alemão a vencer Pilotos, precisamente um ano antes de ar-
rancar o Mundial de Pilotos. Esteve perto
em 1986, mas com a confusão de Sanremo,
o Campeão foi Kankkunen. A sua tercei-
ra vitória em Portugal, em 1978, foi o rali
do mítico ‘Grande Prémio de Sintra’ e da
fabulosa luta com Hannu Mikkola, uma
prova que marcou os portugueses e de
que se continua a falar passados quase
40 anos. Três anos depois, voltou a fazer
uso do seu grande espírito de guerrei-
ro para vencer o rali depois de quase ter
destruído o Fiat 131 Abarth na Peninha,
acidente que o obrigou a terminar o tro-
ço em marcha-atrás. Quem se lembra de
Alén em 1984, na primeira passagem pelos
56km de Arganil com o 037 não esquece
e foram momentos como estes que fize-
ram dele o ídolo que ainda é hoje, espe-
cialmente entre os portugueses.

JUHA KANKKUNEN

Juha Kankkunen chegou a ser, no seu
tempo, um dos mais bem sucedidos pilo-
tos da história dos ralis, mas a sua timidez

hyundai.pt Hyundai Portugal

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e reserva nunca lhe permitiram ser tão desenvolveram os novos WRC, e tiveram de 600 cv, em 1988. Foi fazendo mais al- MARCUS GRÖNHOLM
querido do público quanto outros pilotos. de lidar com a sua ‘juventude’, Mäkkinen gumas provas do WRC, nomeadamente
A sua timidez esfumava-se ao volante manteve-se fiel ao comprovado Grupo com a Mitsubishi, Subaru e Ford, mas a Marcus Gronholm foi daqueles pilotos
e os quatro títulos mundiais - em 1986, A e beneficiou disso e duma classe sin- sua carreira terminou quando foi para o em que a sua boa carreira não surgiu re-
1987, 1991 e 1993 - são bem prova disso. gular, com triunfos quase sempre de fio Parlamento Europeu em 1999. pentinamente. Andou vários anos como
Iniciou-se no Mundial em 1979 até que a a pavio. Com a evolução dos WRC, pas- privado, até que a Toyota o descobriu. A
Toyota reparou nele. De 1983 a 1985 cor- sou a ter cada vez mais concorrência. SÉBASTIEN OGIER sua carreira continuou errática mais dois
reu pelo gigante japonês, com triunfos em Foi para a Subaru em 2002, mas nos anos, e o seu primeiro triunfo no WRC só
África, único sítio onde a marca japonesa dois anos seguintes foi apenas oitavo Duvidamos que Sébastien Ogier per- surgiu 12 anos depois da estreia, em 2000,
vencia na altura. As suas prestações va- no Mundial, dedicando-se, no fim de maneça muitos mais anos no WRC, mas ano do seu primeiro título. Tanto tentou,
leram-lhe a ida para a Peugeot e aí atingiu 2003, à preparação de carros de ralis depois de Loeb, foi a vez doutro francês até que conseguiu. Em 2002 voltou a ser
o estrelato sendo Campeão no último ano com a Tommi Mäkkinen Racing. Hoje, prolongar o reinado de ‘D. Sebastião’. Campeão, mas depois a Peugeot escolheu
dos Grupo B, em 1986. "Se não podes com lidera a equipa oficial da Toyota… Desde 2004 que o WRC é ganho por um para o WRC o seu ‘estranho’ 307 WRC, e
ele, leva-o o para a tua equipa", deverá 'Sébastien', e, no caso de Ogier, foi o único os resultados ressentiram-se muito. Foi
ter sido o que pensaram os responsáveis ARI VATANEN que conseguiu bater o pé a Loeb - para para a Ford em 2006, tornando-se então
da Lancia quando juntaram um perfeito além de Grönholm. Determinado, impla- no único piloto que conseguiu bater o pé
‘Dream Team’ formado por Kankkunen, Ari Vatanen é um dos pilotos mais versá- cável e extremamente ambicioso, Ogier ao ‘grande’ Loeb, contribuindo e muito
Alén e Biasion, em 1987. Para que se per- teis que disputaram o Mundial de Ralis. venceu tudo o que havia para vencer en- para dois títulos de construtores da Ford,
ceba a sua qualidade, mesmo com os re- Foi Campeão em 1981, naquele que é o tre 2013 e 2017, este último título já com precisamente há uma década. Em 2006
putados homens da casa - Alén e Biasion seu único título, mas numa era em que o a M-Sport. Aqui ficou provado que a VW perdeu o título de Pilotos por um ponto e
- ao lado, o título de Campeão continuou WRC era extremamente aberto, venceu era mesmo melhor, pois na Ford tudo foi no ano seguinte por quatro, ambos para
nas suas mãos, numa temporada que diz 10 ralis, 50% deles seguidos, em 1984/85 , mais difícil, mas no fim sobressaíram Loeb, e só isso diz muito do piloto em que
muito de quem é Juha Kankkunen e da sua na equipa oficial da Peugeot, onde esteve novamente as suas melhores qualida- se tornou.
qualidade. Mas claro, na Lancia não teve até ao seu terrível acidente na Argentina, des. É claramente um grande sucessor
vida fácil e por isso não foi de estranhar em 1985, que quase o matou. Recuperou do trono de Loeb. Estreou-se a vencer MIKI BIASION
que saísse, regressando à Toyota depois e em 1987 venceu o Paris-Dakar com a em Portugal em 2010 e desde aí triun-
de um ano quase sabático. Mas as coisas Peugeot, prova que venceu mais três fou mais 39 vezes, o que o coloca como Massimo ‘Miki’ Biasion é um dos latinos
aí também não correram muito bem, re- vezes. Espantou o mundo também em o segundo piloto mais vitorioso da his- mais discretos que existem, mas ganhar
gressando, curiosamente, novamente à Pikes Peak, com um Peugeot 405 T16 tória do WRC. era com ele. Foi Campeão do Mundo em
Lancia paramaistrês anos,conseguindo 1988 e 1989 com a Lancia e venceu 17
mais um título, voltando a vencer o últi- provas do WRC. Começou a dar nas vis-
mo com a Toyota em 1993, tornando-se tas com um Lancia Rally 037 em 1983,
no primeiro piloto da história do WRC a estreou-se no WRC em 1984 com dois
vencer quatro títulos, que o coloca ain- pódios, mas só em 1985 começou por
da hoje como o terceiro piloto com mais ser considerado um dos melhores, fac-
campeonatos de sempre, ex-aequo com to que lhe garantiu um lugar na Lancia
Mäkinen. Mais só mesmo Ogier e Loeb... para 1986, onde obteve o seu primeiro
triunfo no WRC. Mas foi a simbiose que
CARLOS SAINZ conseguiu com o Delta que lhe valeu
dois títulos mundiais, tornando-se no
Carlos Sainz começou a cair no goto dos primeiro piloto italiano a consegui-lo, de
portuguesesquandovenceuoseuprimei- forma consecutiva, na História do WRC.
ro troço no Mundial de Ralis na super-es- Foram os seus anos de ouro. A partir daí
pecial do Rali de Portugal, no Autódromo nada foi igual. Ficou na Lancia até 1992,
do Estoril, em 1987. Com o seu Ford Sierra ano em que foi para a Ford, mas sem
Cosworth com as cores da Marlboro, deu que os resultados melhorassem. Saiu
o primeiro sinal que estava ali um piloto de do WRC em 1994.
nível mundial, algo que foi provando com
cada vez mais ênfase. As suas 18 épocas
no WRC, coroadas com dois títulos mun-
diais conseguidos nos primeiros seis anos
do seu reinado, mostraram um bom pilo-
to, que não era um sobredotado, mas sim
muito trabalhador e perfecionista. Desde
aí, manteve-se no top, lutou por títulos
mundiais até ao fim, mas nunca mais
voltou a vencer nenhum, somando, no
entanto, 26 triunfos, sendo ainda hoje o
quarto piloto mais vitorioso da história do
WRC, por exemplo, com mais triunfos que
McRae, MäkineneKankkunen.Foiassim
que ganhou a alcunha de ‘El Matador’.

TOMMI MÄKINEN

Tommi Mäkinen é um dos poucos pilo-
tos a vencer quatro títulos mundiais de
seguida - somente Loeb e Ogier conse-
guiram igual feito, o primeiro elevando
a fasquia para os nove e o segundo com
cinco. Ele e o seu Mitsubishi Lancer eram
quase intocáveis na segunda metade dos
anos 90, pois enquanto algumas marcas



WRC/ >> autosport.pt
PILOTOS

28

CRÓNICA 2000 que tive o privilégio de acompanhar
a carreira daqueles que foram os heróis do
RUI PELEJÃO ano 2000 do automobilismo. Foi a década
de Michael Schumacher, Sébastien Loeb e
PUBLICATION EDITOR Valentino Rossi, que dominaram de forma
GLOBAL MEDIA absolutista e hegemónica as respetivas
disciplinas, tornando-se sem sombra de
OSHERÓIS DOANO 2000 Se a década de 80 marcou o início de dúvidas as três figuras de proa daquela
uma era de maior profissionalização e década. O seu domínio majestático teve,
Em 1973, no ano em que nasci, Woody Alen automobilismo — indo ver as provas ao mediatização do automobilismo, com adesão infelizmente, efeitos perversos no próprio
realizou um filme chamado "O herói do ano vivo ou lendo o "Autosport" ou o "Motor". oficial das marcas às várias disciplinas e desporto, ou pelo menos na curiosidade
2000". Uma paródia futurista a imaginar Era por isso que o Rali de Portugal e a F1 com a evolução das exigências técnicas pública.
como seria a vida no ano 2000. no Estoril arrastavam multidões e era por para pilotos profissionais, a década de É difícil seguir com emoção um desporto ou
Quatro anos depois o jornalista José Vieira isso que a F1 era a disciplina mais seguida 90 criou um conflito entre essa evolução uma disciplina em que os vencedores são
e uma pequena equipa lançou aquele que pelos adeptos portugueses, precisamente e o paradigma da segurança que sempre sempre os mesmos. Falta aqui o conflito, a
viria a ser conhecido como "o semanário dos porque passava na televisão, aos domingos assombrou o desporto, mas que a partir da dúvida, o confronto em pista. A hegemonia
campeões". O Autosport, título a que eu viria depois do TV Rural e da hora de almoço, morte de Senna iria condicionar todo o seu destas três figuras nas principais disciplinas
a estar ligado afetiva e profissionalmente e com os comentários do José Pinto, Adriano desenvolvimento tecnológico, a regulação e do desporto ocorre precisamente na
que cumpre agora o seu 40º aniversário, um Cerqueira e Domingos Piedade. a própria configuração dos espetáculos. década do surgimento da internet, dos sites
fenómeno de longevidade no panorama da Foi a década das grandes paixões para A imagem dos poderosos Grupo B a especializados (o Autosport foi, diga-se de
imprensa em Portugal. uma geração de adeptos. Foi a década serpentear por entre multidões em Portugal passagem, dos primeiros títulos em Portugal
Um jornal que há 40 anos acompanha, de Senna e Prost, do bando dos quatro mostrava esse anacronismo. Poderosas a ter um site) e também da TV por cabo com
através de várias gerações de jornalistas, (juntando Mansell e Piquet) e que criou e tecnológicas máquinas de competição dezenas de canais.
o desporto automóvel em Portugal e no aquele clubismo de ídolos, essencial para o exibiam-se em espetáculos "amadores" (no Na minha opinião, que vale o que vale, devido
mundo, é assim o mais fiel depositário da interesse no desporto. sentido moderno do termo) e perigosos para à conjugação destes fatores, a necessária
história do próprio desporto e da forma Depois das corridas de domingo de F1, os praticantes e para o público. renovação geracional dos adeptos não
como ele e a sociedade evoluiram em 40 ler o "Autosport" com as reportagens Obviamente que isso criou na década de 90 ocorreu na desejável escala. Os mais jovens,
anos. de José Miguel Barros, Rui Freire ou Luis uma paranóia securitária com um desporto que podiam dar continuidade à paixão pelo
O arquivo do Autosport é uma espécie Vasconcelos, era a forma de prolongar a cujo encanto terrível é precisamente automobilismo dos seus pais, acabaram
de Torre do Tombo do automobilismo, experiência e consolidar o conhecimento desafiar a morte com a velocidade. por fragmentar os seus interesses e seguir
especialmente o nacional e o único acervo sobre os meandros daquele desporto tão A transformação que ocorreu na maior parte desportos que pudessem praticar ou outros
possível para quem se queira embrenhar no apaixonante. das disciplinas na década de 90 e o grau de temas mais "trendy".
estudo da história deste desporto no nosso Foi também a década de ouro do Mundial sofisticação tecnológico teve outro efeito. Ao mesmo tempo que se vivia uma década
país. Um desporto que, recorde-se, foi e de Ralis, dos "monstruosos" Grupo B, das Tornou a prática do desporto bem mais caro de ouro do automobilismo, incluindo o
continua a ser dos mais populares, mesmo batalhas entre a Lancia e Audi, do 037 e do e inacessível. Acabou-se a era do Datsun nacional, com os sucessos de Carlos Sousa,
que muitas vezes desprezado, ignorado ou Quattro, de Toivonen, Alén, Vatanen, Mikkola, 1200 de todos os dias, onde se montavam Armindo Araújo, João Barbosa, Pedro Lamy,
maltratado. Röhrl, Salonen, Biasion. Todos tínhamos uns pneus de competição para ir fazer o rali Bruno Magalhães, Filipe Albuquerque, Álvaro
As quatro décadas de vida do Autosport o nosso clube, os nossos preferidos, das Camélias ao fim de semana. O desporto Parente, Tiago Monteiro ou Félix da Costa,
espelham bem os vários períodos da história os nossos ídolos juvenis. Os meus dois automóvel nacional que viveu a sua gloriosa o interesse pelo desporto decrescia em
mais recente do automobilismo, que é primeiros morreram precocemente, Toivonen era amadora nos anos 60, 70 e início da Portugal.
possível compactar em décadas, como nos ralis e Villeneuve na F1. Foi a primeira década de 80, acabou por ser forçado a uma A internet foi abolindo o velho hábito de
fazem as rádios nostálgicas com o "o melhor vez que com pouco mais de 10 anos intuí o maior profissionalização, o que limitou a sua decorar o nome dos pilotos inscritos num
das décadas de 80, 90 e 2000". que era a morte e que fiquei imensamente prática, logo a sua popularidade. Rali da Madeira dos anos 80, em que eu
Primeiro, como jovem e voraz leitor, cultivei triste por saber que não veria nunca mais o A "crise do automobilismo nacional" é um memorizava nomes como Adartico Vudafieri
o gosto pelo automobilismo naquelas que virtuosismo louco de Gilles ou de Toivonen. tema clássico de três décadas de páginas ou Fabrizio Tabaton e tudo passou a estar
eram as duas bíblias da década de 80 - o Os ídolos morrem novos, para ficarem e títulos do Autosport. É só ir ver os jornais à distância de um clique de um — vou ali ao
jornal "Motor", o meu preferido por razões para sempre, eternos e belos no nosso dos anos 80 e 90, mudaram apenas os Google que está lá tudo.
filiais (o meu pai trabalhava no Motor") e no imaginário, como tão amargamente iríamos protagonistas, as queixas são as mesmas, A revolução digital e eletrónica teve efeitos
rival "Autosport". descobrir dez anos depois, com a morte "falta de promoção, falta de meios e apoios, colossais nas várias categorias do desporto
Naquele tempo a televisão tinha dois de Senna em Imola, que eu elegeria como falta de interesse da televisão, etc." Foi automóvel, tornando-os quase laboratórios
canais, não havia internet, smartphones, o facto mais marcante na história do assim que no ano de 2000, o tal do Woody científicos e tecnológicos e também nos
computadores ou redes sociais e só desporto nos 40 anos em que o Autosport a Alen, que eu entrei para a redação do media tradicionais, ou seja, a imprensa em
havia duas maneiras de acompanhar o acompanhou. Autosport, onde me mantive 13 deliciosos papel, que se foi tornando cada vez mais
e duros anos. E foi ali numa redação do ano uma espécie de recordação de um passado
faustoso, reservada a um grupo cada vez
menor de fiéis.
É por isso que eu julgo admirável e de saudar
a capacidade do Autosport em se adaptar,
em lutar e em se manter como a marca
do "semanário dos campeões", espero
sinceramente que por muitos e bons anos,
em papel, no smartphone ou noutro sítio
qualquer.



30 WRC/
EQUIPAS



TOP 10 MELHORES EQUIPAS

MÍTICA LANCIADOS40ANOSDOAUTOSPORT
QA história do Mundial de uando o AutoSport nasceu em de lá ter andado sempre, deixa também por caminhos diferentes, e nesse sentido a
1977, já o Mundial de Ralis se ti- um forte sentimento nos adeptos, mui- Audi foi pioneira com o sistema de tração
Ralis é muito rica e passounha iniciado há quatro anos, com to também por 'culpa' do fabuloso Ford total, que revolucionaria por completo os
por várias eras. Apesar dos um Mundial de Marcas. Muito do Escort, um carro que ensinou muita gente ralis. Em 1981 começou a era dourada do
números 'dizerem' uma coisa, a gostar de ralis. Não foi o único, mas tal- Mundial de Ralis. Carros super potentes,
o coração dos adeptos misticismo da Lancia viria preci- vez tenha sido o expoente máximo. Com mas também difíceis de pilotar e, como
'sente' outra completamente o passar do tempo, e com a crescente im- infelizmente bem sabemos, perigosos. É
samente a ser criado na primeira portância da competição, apesar da Fiat verdade que no âmago dos adeptos que
diferente e apesar de ter metade dos anos 70, com os triunfos da ou Lancia e a Ford serem as marcas mais viveram essa era dificilmente as sensa-
desaparecido das estradas há marcaentre1974e1976,passandodepois consistentes no Mundial de Ralis nos anos ções que tiveram na altura poderão ser
um quarto de século, a Lancia os'trabalhos'paraaFiatcomo131Abarth. 70 e 80, o número de construtores foi su- apagadas, sendo o período entre 1981 e
deixou uma marca inolvidável A Lancia só voltaria em 1982 com o 037 bindo de forma impressionante, dando-se 1986 claramente o mais sensacional da
uma verdadeira revolução na disciplina. história dos ralis. Um período curto da
Rally, mas o que fez na década seguinte De início os carros eram, na generalida- história, mas claramente o mais intenso,
de, pequenos, leves e ágeis. Mas com os e nas escolhas dos nossos leitores estão
marcou os adeptos para sempre naquele anos 80 surgiram as 'bestas' - associadas lá cinco das seis marcas da era dos Grupo
José Luís Abreu quefoiecontinuaráaserpormuitotem- a designações como turbo ou quatro rodas B - Lancia, Ford, Citroën, Audi e Peugeot
[email protected] po o período de ouro da história dos ralis. motrizes - e por isso os carros mudaram - embora a Citroën esteja, não devido a
muito. Houve diversas marcas a optarem 1986, mas sim ao que fez já no séx. XXI.
Em todas as disciplinas do desporto moto-

rizado as marcas vão e vêm, mas nos ralis

há uma, a Ford, que é praticamente trans-

versal à história da competição e apesar

de não apresentar grandes 'rácios', o facto

2º 40 >> autosport.pt
anos 31

T/ TOP 10

1 LANCIA
2 FORD
3 CITROEN
4 AUDI
5 PEUGEOT
6 SUBARU
7 VOLKSWAGEN
8 TOYOTA
9 MITSUBISHI
10 FIAT

REVOLUÇÃO QUATTRO 3º Rally Car. Após 1986, os ralis perderam aproveitou para vencer quatro títulos de
um pouco o seu elan, pois passou-se de Pilotos. Inicialmente, só a Ford e a Subaru
Tudocomeçou com o Audi Quattro,carro dos nossos leitores - venceu seis vezes o autênticos monstros de 500 cv para car- correram com os seus novos WRC, com a
que entre 1981 e 1986 venceu 23 provas. título de construtores. Mas o fim dos anos ros de produção com metade da potência Toyota a surgir com o Corolla um pouco
A Audi 'deu' várias vidas ao seu Quattro, 80 e o início da década de 90 viu chegar ao e o espetáculo, logicamente, não podia mais tarde. Mas este era só o início duma
mas foi o Peugeot 205 Turbo 16 a ser con- Mundial de Ralis marcas como a Toyota, ser o mesmo. Mas os departamentos de nova e interessante era de ralis.
siderado o melhor carro de Grupo B da sua Subaru e Mitsubishi, e todas elas fizeram competição das marcas depressa come- Nessa altura, a Peugeot regressou para
geração. Logo no arranque dos Grupos B a o suficiente para se colocar bem no top 10 çaram a colocar na mão dos pilotos car- várias épocas de sucessos ao WRC, sen-
Lancia foi por um caminho diferente com daspreferências.CarlosSainzfoiCampeão ros que começaram a dar cada vez mais do Marcus Grönholm a encerrar o capítulo
o 037, que andou sempre a 'respirar' em de Pilotos com a Toyota em 1990 e 1992, espetáculo e esta era teve o condão de vitorioso da Mitsubishi em 2000 depois
cima dos Audi, mas a falta de tração to- Kankkunen foi para a Toyota em 1993 não deixar morrer os ralis. A partir daí da Toyota já ter conseguido em 1999 o
tal foi impeditiva de alcançar mais do que para ganhar o seu quarto título, Didier foi sempre a subir... terceiro título de Construtores.
seis triunfos. Existia também uma 'aldeia' Auriol assegurou outro sucesso para os A partir daqui o WRC 'falou francês' até
irredutível às principais marcas, África, japoneses em 1994, e depois disso muito ERA WRC 2012, com dois meritórios anos de exceção
pois os duros traçados africanos foram depressa a Subaru e a Mitsubishi deram Em 1997, nova era, agora dos World Rally em que a Ford venceu nos Construtores,
um feudo da Toyota, que quase sempre sequência a esse sucesso da Toyota. Colin Car. A Mitsubishi conseguiu uma bela que não no Mundial de Pilotos, pois aí nas-
impôs o seu Celica turbo de transmis- McRae foi Campeão de Pilotos em 1995 interpretação dos regulamentos, conti- ceu a super-estrela dos ralis, e o piloto que
são traseira. com a Subaru, que também venceu nos nuando a vencer com o seu Lancer de hoje em dia ainda encabeça todos os livros
Voltando aos Grupos B, o seu mundo so- Construtores, com os fantásticos carros Grupo A. Dessa forma, Tommi Mäkinen de recordes, Sébastien Loeb. Depois dos
freu um choque com a morte de Attilio azuis escuros a triunfarem também em
Bettega ao volante do Lancia 037 na Volta 1996 e 1997, o primeiro ano da era World
à Córsega de 1985, começou a desabar a 5
de março de 1986 em Sintra, com o aciden-
te na Lagoa Azul, desmoronando-se de-
finitivamente a 2 de maio de 1986, quando
Henri Toivonen e Sergio Cresto morreram
na Córsega. Os Grupos B foram banidos no
fim desse ano e o Mundial de Ralis nunca
mais foi o mesmo.

ERA GRUPO A

Devido a tudo o que sucedeu em 1986 os
ralis mudaram muito para 1987, perdendo-
-se marcas como por exemplo a Peugeot,
que não transitou para o campeonato des-
se ano. O Grupo A já existia, e passou, em
1987, a ser a categoria principal do Mundial
de Ralis, com a Lancia a ser claramente a
marca que mais depressa se soube adap-
tar aos novos regulamentos. Desde aí e
até 1992 escreveu a história que a colocou
definitivamente no topo das preferências

WRC/
EQUIPAS

32

franceses da Peugeot se terem imposto zes - 1979, 1993, 1999 e 2012. É claramente bater Grönholm por 6,5 segundos, triun- burgo, e em 1994, com Kankkunen, tam-
entre 2000 e 2002, a Citroën e Loeb do- das marcas com mais história nos ralis e a fos que amplificaram o fervor dos adeptos bémajudaram. AMitsubishifoiaforçado-
minaram e cena internacional dos ralis que mais leal tem sido para a competição. pela marca em Portugal. minante do WRC na segunda metade da
desde 2003 até 2012, com as exceções A terceira escolha dos nossos leitores foi A VW teve uma breve mas intensa pas- década de 90, muito por culpa de Tommi
já referidas. Nos pilotos, Sébastien Loeb a Citroën, muito por causa do efeito Loeb. sagem pelo WRC, ao entrar em 2013 e sair Mäkinen e do facto de se ter mantido fiel à
venceu nove campeonatos seguidos, e Antes do domínio recente da VW, a Citroën em 2016, vencendo pelo meio tudo o que configuração Grupo A, mais do que com-
mesmo com grandes alterações de re- viveu anos de sonho e tornou-se na se- havia para vencer. Depois de Loeb sair do provada.Aotodo, aMitsubishivenceu34
gulamentos pelo meio, quando os WRC gunda marca com mais títulos de cons- WRC,apareceuoutroD.Sebastião,quenão vezes no WRC, assegurou quatro títulos de
passram de motores 2.0 litros para os 1.6 trutores, atrás da Lancia, e de longe a mais deixou os seus créditos por mãos alheias. Pilotos (Mäkinen) e um de Construtores.
litros turbo que ainda hoje 'roncam', nun- vitoriosa no Mundial de Pilotos, com nove Ogier. O VW Polo WRC mostrou-se qua- Dois triunfos de Mäkinen em Portugal
ca perderam a dianteira, o que só aconte- títulos, todos de Sébastien Loeb. Foram 10 se imbatível, mas foi essencialmente o também deixaram marca, especialmente
ceu quando Loeb fez as malas e encerrou anos de sucessos que lhe permitem ser triunvirato carro, piloto, equipa que reu- o de 2001, devido ao rali inesquecível que
a sua carreira a tempo inteiro nos ralis. a marca mais vitoriosa do WRC, com 98 niu tudo o que era preciso para não dei- foi. Pela chuva, e pelo equilíbrio...
Nessa altura, em 2013, nasceu outro perío- ralis ganhos, mais nove que a Ford. xar nada para os adversários. 17 meses A última colocada deste top 10 é a Fiat que
do de grande domínio, pois a Volkswagen A Audi é a quarta escolha dos nossos lei- de testes prévios ao Polo não deixaram somou seis títulos de Construtores até
rumou ao WRC em 2013 com um 'arcaboi- tores, uma marca que fez história não só nada ao acaso e no final de 2016 tinham 1981. Há adeptos com memória e por isso
ço' orçamental sem igual nos seus pares, pelo pioneirismo do ‘Quattro’, mas tam- alcançado 43 vitórias em 52 ralis, 82.7% não esquecem a Fiat, como não esquecem
até 2016, ano em que decidiu encerrar a bém pelo facto de Michéle Mouton se ter de rácio de triunfos. que foi num 131 Abarth que Walter Röhrl
sua participação no WRC. Um percurso tornado na única mulher a vencer uma A Toyota foi a oitava escolha, ela que re- escreveu uma das mais interessantes pá-
em que ganhou tudo o que havia para prova do Mundial, o Sanremo de 1981. A gressou em 2017 ao WRC depois dum ginas da história do Mundial de Ralis, em
ganhar, com Sébastien Ogier a assegurar marca venceu o Mundial de Marcas em passado muito bom, com três títulos de 1980, quando ganhou 4m40s a Markku
também todos os quatro títulos de pilotos. 1982 e 1984, os títulos de pilotos em 1983 Construtores e quatro de Pilotos. Alén no nevoeiro de Arganil.
(Mikkola) e 1984 (Blomqvist), mas deixou Os triunfos no Rali de Portugal em 1991, a Muito mais haveria para contar, o espaço
TOP 10 um legado bem mais forte que os núme- primeira vitória de um carro japonês cá no assim o permitisse...
ros com o ‘Quattro’ a tornar-se ‘standard’.
Toda esta história que ficou para trás con- Depois do Rali de Portugal de 1986 a marca
substanciou as preferências dos nos- retirou-se a nível oficial - para Ingolstadt
sos leitores que colocaram a Lancia no ficaram 23 vitórias e quatro títulos mun-
topo da tabela. Com oito triunfos no Rali diais. O seu maior triunfo foi a ‘ideia’...
de Portugal e um total de 10 títulos de A Peugeot foi quinta nesta escolha.
Construtores, a Lancia é ainda a mais bem Pensava-se que a Audi e Lancia iriam do-
sucedida marca na história do Mundial de minar a ‘cena’ dos ralis, mas foi a Peugeot
Ralis e nem a super-Citroën do Séc. XXI a que assegurou os títulos de 1985 e 1986
destronou. Claro que essa história remon- com o 205 Turbo 16. Mais tarde, no início
ta aos anos 70, 80 e inícios dos anos 90, da década de 2000, os franceses fizeram
mas a marca deixada pelos inesquecíveis um ‘hat-trick’ de títulos, com três triun-
carros decorados com as cores da Martini fos consecutivos entre 2000 e 2002, com
fez as delícias dos adeptos. Modelos como Marcus Grönholm a assegurar os títulos
o Lancia Stratos, Lancia 037 Rally, Lancia de pilotos de 2000 e 2002. No total, cinco
Delta S4 e todos os Delta de Grupo A que títulos de Marcas e quatro de pilotos, que
se seguiram, foram, durante muito tempo, tornam a marca francesa na terceira mais
fortes ‘inquilinos’ dos primeiros lugares de bem sucedida a este nível na história do
ralis e campeonatos. O 037 nasceu para Mundial de Ralis.
combater o ascendente do Audi Quattro, A Subaru foi a sexta escolha dos leito-
não o conseguiu mas deixou a sua marca, res, e embora tenha chegado tarde ao
por exemplo, quando foi o último modelo WRC, sendo o último construtor japonês
com tração traseira a vencer o WRC, com a fazê-lo, suplantou-os a todos os níveis,
118 pontos (mais dois que a Audi). O Delta numa marca que é o melhor exemplo do
S4 atravessou o ano de ouro sem se con- que os ralis podem fazer pela imagem de
seguir impor ao Peugeot, mas em 1987 a uma marca.
Lancia passeou com os Delta HF4WD e O seu abandono do WRC em 2008 chocou
Integrale, Alén triunfava pela quinta vez os adeptos, que não esquecem os feitos
em Portugal, e até 1992 só Carlos Sainz dos Legacy e Impreza, que começaram a
em 1991 interrompeu a senda vitoriosa brilhar no início dos anos 90. O primeiro
da marca no nosso país. Por tudo isto não título de pilotos surgiu em 1995 com Colin
causa qualquer surpresa a preferência dos McRae, o segundo com Richard Burns em
nossos leitores pela Lancia... 2001, o terceiro e último, através de Petter
Se há uma marca que é de imediato asso- Solberg em 2003.
ciada aos ralis é a Ford e foi ela a segunda Nos Construtores, venceram entre 1995
preferência dos nossos leitores. Este ano, e 1997, mas o legado da Subaru foi mui-
depois duma década de espera (dois títu- to mais intenso do que os números que
los em 2006 e 2007), asseguraram novo alcançou.
título de Construtores (e também pilotos), O triunfo de Carlos Sainz no Rali de
mas a sua história remonta a 1979, ano em Portugal de 1995 foi nesquecível, de tão
que asseguraram o primeiro dos quatro disputado, em 1998 McRae bateu Carlos
títulos de construtores. Sainz por apenas 2.1s e em 2000 nova luta
Também em Portugal a Ford tem um bom até ao último metro, com Richard Burns a
naipe de triunfos, pois venceu quatro ve-

40 >> autosport.pt
anos 33

CRÓNICA

LUÍS CARAMELO

EX-JORNALISTA
DO AUTOSPORT

40ANOS CHEIOS DE MAGIA

É muito rica a memória dos últimos 40 que foi lançado no Salão de Genébra o completo do Mundial, durante cerca de pelos resultados conseguidos por esta
anos do Desporto Automóvel, diretamente Audi Quattro – que viria a revolucionar os 12 anos – de 1987 a 1998 como jornalista equipa e pela sua principal dupla, Joaquim
ligada à evolução vertiginosa da ralis, lançando a tração total no mundo e depois como responsável do Gabinete Santos/ Miguel Oliveira, pelas passagens
tecnologia aplicada às quatro rodas, automóvel, agora “banalizada” em todos de imprensa do Rali de Portugal, de 1999 `tituladas' de Rui Madeira / Nuno Silva e
na qual a competição teve, tem e terá os construtores, mas uma verdadeira a 2008. Duas experiências diferentes Armindo Araújo/ Miguel Ramalho no WRC,
sempre, um papel absolutamente revolução para a época. que me permitiram acompanhar as as incursões de Pedro Matos Chaves,
fundamental. Em 1981 fui um dos que estive em Jarama carreiras de grandes pilotos e privar com Pedro Lamy e Tiago Monteiro na F1 – o
Muitos foram os acontecimentos e assisti em direto à fabulosa corrida grandes equipas; Marcante a carreira de primeiro a ser bem sucedido em muitas
que me marcaram nestes últimos 40 de Gilles Villeneuve, com a vitória final Rui Madeira e Nuno Rodrigues da Silva, outras categorias, o segundo a dar cartas
anos, precisamente desde que, por ter à frente de um “comboio” de grandes o aparecimento de Carlos Sainz e Luis nalgumas provas de Sport e o último
cumprido 18 anos, comecei a acompanhar pilotos – Laffite, Watson, Reutemann e De Moya e a reação dos nórdicos, como Juha a conseguir um pódio na F1 e a marcar
de forma mais completa tudo o que se Angelis. Entre primeiro e 5º… 1,24s! Kankkunen e Tommi Mäkinen.Marcante presença destacada no WTCC - as vitórias
ligava ao desporto automóvel, antes de O meu interesse pela F1 perdeu-se quase ainda o aparecimento dos japoneses – de João Barbosa nas 24 Horas de Daytona,
entrar para o jornalismo, já nos anos 80, totalmente anos depois. Com a morte Mitsubishi, Mazda, Toyota e Subaru – a a carreira fantástica de Filipe Albuquerque,
primeiro no Motor, depois no AutoSport, do piloto canadiano na Bélgica a 8 de lutar contra a super poderosa Lancia e a que foi Campeão dos Campeões em 2010
passando pelo Volante e acabando no… maio do ano seguinte – não sem antes Ford, mas marcante também sobretudo batendo Vettel e Loeb…
AutoSport. assistir àquela luta pelo 2º lugar no GP pela fantástica festa permanente do Ainda um destaque pela negativa
Regressando 40 anos atrás, a 1977, três de França de 1979 (Dijon) sem dúvida um Rali de Portugal, que perderia – perderia para o desaparecimento já referido de
anos depois da nossa revolução, diga-se dos momentos mais altos da F1 de todo o todo o desporto automóvel português – César Torres, que deixou órfão o nosso
que este foi um ano em que, em termos sempre - só voltei a seguir esta disciplina o seu grande mentor, César Torres, em automobilismo e para alguns dos nossos
de automobilismo desportivo, houve com algum interesse durante as épocas novembro de 1997. pilotos de Todo o Terreno, com menção
alguns acontecimentos que marcaram o de Ayrton Senna e, depois, no ano em Pelo meio e para o país, foi de extrema especial para Carlos Sousa e para Filipe
mundo motorizado, tendo depois natural que o mago Ross Brawn comprou os importância o advento do Todo o Terreno, Campos, este último autor e vencedor
sequência nos anos seguintes; Falo por Honda “de ocasião” e ganhou, com Jenson cujo grande líder seria José Megre e a da melhor prova de TT nacional que vi
exemplo do início da era Turbo na Fórmula Button e Rubens Barrichelo, tudo o que prova mais marcante seria – e é ainda – a até hoje, os 500 Km de Portalegre de
1, através do aparecimento do Renault havia para ganhar, saindo vitorioso no Baja 500 Portalegre – José Megre deixou- 2011. Nos ralis mundiais, a chegada de
RS01, ou do lançamento de um dos mais Campeonato de Construtores e Pilotos, à nos em 2009 – e ainda a conversão da Loeb e depois de Ogier tem marcado uma
fantásticos modelos de ralis de sempre, o frente de Ferrari, Mclaren, Williams… CDN – Comissão Desportiva Nacional - em disciplina, cada vez mais veloz, segura
Ford Escort RS 1800. Em 1984, a F1 regressou a Portugal e com FPAK, num processo começado em 1994 e e interessante, com muito apoio das
Falando de Fórmula 1, nunca me sairá uma equipa de grandes profissionais concluído em 2011 com o reconhecimento marcas.
da memória o facto do meu piloto tive o prazer de organizar o Gabinete oficial da estrutura que gere o desporto Porque muitas referências hão-de
preferido na altura – Jody Scheckter – de Imprensa da prova, já nos anos 90, automóvel em termos nacionais. faltar… quero fazer uma última que há
ter conseguido ganhar o GP de abertura mas ainda deu tempo para assistir à Em termos de desporto a nível global, muito marca o nosso automobilismo
da temporada (Argentina) com um carro fantástica primeira vitória de Ayrton para além dos acontecimentos já desportivo: espero que concordem que
completamente novo, projetado por um Senna, com o Lotus, à chuva, em 1985, referenciados, acho que houve uma série o aparecimento e a resistência que o
certo Harvey Postlethwaite, ganhando tendo começado a acompanhar os ralis de acontecimentos que me marcaram AutoSport revela desde a sua fundação
ainda nesse ano o Mónaco – grande luta nacionais e mundiais no ano seguinte, no mais profundamente e que passo a até aos nossos dias o transformaram num
com John Watson – e o Canadá… semanário Motor. enumerar mais resumidamente – temos dos pilares de qualidade deste desporto,
Se 1977 foi marcante para quem gosta Ralis que foram igualmente marcantes sempre pouco espaço… - com especial que nos une e que todas as semanas
de desporto automóvel e principalmente na minha vida e nos últimos 40 anos, foco no desporto automóvel nacional: descobrimos e confirmamos nestas
de ralis, que dizer de 1980, altura em através de um acompanhamento Começaria pela criação da Diabolique e páginas.

34 LE MANS/ 1º
PILOTOS

TOP 10MELHORESPILOTOS

'TOM KRISTENSENDOS40ANOSDOAUTOSPORT
MR.LEMANS'
Escolher e ordenar os 10 melho-
As 24 Horas de Le Mans são uma corrida de ‘equipa’, res pilotos de Le Mans desde 1977 alguns observadores, ao novo programa
e os resultados surgem sempre como consequência é um exercício que terá sempre de protótipos de Le Mans. Se o primeiro
do esforço e qualidade dos pilotos em pista e do seu algum caráter de subjetividade, pódio em Le Mans em 1999 pareceu fruto
apoio nas boxes, mas há sempre alguns que ao longo mas não deixa de representar um do acaso, logo no início de 2000 Biela ven-
exercício interessante. Neste caso ceu as 12 Horas de Sebring e as 24 Horas
da história se destacaram. Tom Kristensen reuniu, particular, a escolha dos melhores, cru- de Le Mans, acompanhado de Emanuelle
naturalmente, a maioria das preferências… zando a frieza dos números com as nossas Pirro e Tom Kristensen. Melhor ainda, nos
simpatias pessoais, acabou por resultar dois anos seguintes confirmou o triunfo
Ricardo Grilo numa lista lógica, justa e bem equilibra- francês com o mesmo trio. De “outsi-
[email protected] da que aqui apresentamos, começando der” passou a favorito por mérito próprio.
pelo 10º classificado. Não por uma ques- Sempre com Pirro (mas agora com Marco
tão de suspense, pois ele já foi quebrado Werner) iria vencer ainda mais duas ve-
mais acima, mas simplesmente porque zes a clássica francesa, em 2006 e 2007. E,
queremos guardar o melhor para o fim… em menos de uma década, o antigo piloto
Piloto da Audi de longa data, Frank Biela de turismos passou a ser um dos grandes
começou por ser um dos ases do cam- nomes da endurance.
peonato alemão de superturismos (DTM) Em seguida, os leitores escolheram Marco
antes de ser chamado, para surpresa de Werner, um antigo adversário de Pedro
Lamy na Fórmula 3 alemã. Nascido em

40 >> autosport.pt
anos 35

Dortmund há 51 anos, Werner iria tor- tado de grande sentido tático, conseguiu
nar-se conhecido no mundo da endu- um feito notável, ao vencer por quatro
rance devido ao inesperado triunfo com vezes as 24 Horas de Le Mans pilotando
o Kremer K8 nas 24 Horas de Daytona para quatro equipas e marcas diferen-
de 1995. Depois orientou a carreira para o tes: Peugeot, McLaren, Porsche e BMW.
DTM e somente foi chamado ao programa No 7º posto surge um dos grandes nomes
LMP da Audi em 2002, tendo vencido o da endurance: o irrascível porém extre-
ALMS em 2003 e 2004. O primeiro triunfo mamente competente Bob Wollek. Com
em Le Mans aconteceu em 2005, repetin- uma personalidade muito vincada, talvez
do-se nos dois anos seguintes. Hoje re- fosse - a par com Jacky Ickx - um dos pi-
tirado da competição de topo, continua a lotos que menos dúvidas teria sobre as
brilhar em provas secundárias. Em 2016 suas capacidades. Largando desde cedo
venceu no Le Mans Classic com um ma- os fórmulas em detrimento da enduran-
gistralmente bem pilotado Porsche 936. ce, construiu uma carreira a pulso que o
Em seguida temos “os olhos de piloto” de levou a vencer todas as grandes clássi-
Eduardo Freitas, ou seja, Yannick Dalmas. cas da endurance… excepto as 24 Horas
Com efeito, o piloto francês que agora é de Le Mans.
conselheiro do Diretor de Corrida do WEC Mas, apesar do desaire, Wollek era um
foi um dos mais versáteis e competentes grande especialista da prova francesa,
pilotos da sua geração. Inteligente e do- onde participou por 30 vezes, comandou
por muitos quilómetros e conseguiu subir
T/ TOP 10 ao pódio por cinco vezes.
Já no ocaso da carreira, e com mais de 55
1 TOM KRISTENSEN anos de idade, os jovens pilotos da Porsche
admiravam-se a olhar para a telemetria
2 JACKY ICKX de Wollek. Nenhum conseguia acompa-
nhá-lo nas curvas lentas. Infelizmente iria
3 HENRI PESCAROLO morrer pouco depois, aos 57 anos de ida-
de, atropelado enquanto praticava ciclis-
4 DEREK BELL mo perto do circuito de Sebring.
O sexto colocado na lista é o grande Hans-
5 EMANUELE PIRRO JoachimStuck,filhodeHansStuck, antigo
piloto de GP da Auto Union. A par de uma
6 HANS-JOACHIM STUCK carreira em turismos e monolugares, entre
1972 e 1998, Stuck participou 18 vezes nas
7 BOB WOLLEK 24 Horas de Le Mans. Foi um dos grandes
pilotos do tempo dos Grupo C, onde apos-
8 YANNICK DALMAS

9 MARCO WERNER

10 FRANK BIELA



LE MANS/ >> autosport.pt
PILOTOS

36

tara a sua carreira depois de perceber que quatro vezes ao pódio. Além de ter con-
com 1,94 m de altura não encaixava nos seguido dois títulos absolutos no ALMS.
Fórmula 1 típicos dos anos 80. Gostava Tendo cumprido 75 primaveras na pas-
particularmente do Porsche 962C que sada semana, Derek Bell foi outro dos
considerava ter a combinação perfeita grandes nomes de Le Mans onde alinhou
entre potência e apoio aerodinâmico. Ao por 26 vezes entre 1970 (Ferrari 512 S)
volante deste modelo venceria por duas e 1996 (McLaren). E é o 4º colocado na
vezes em Le Mans, batendo também o nossa lista. Com Jacky Ickx construiu
recorde da volta em 1985, ao qualificar uma dupla quase imbatível que, curio-
o seu Porsche à média de 251.815 km/h. samente, apenas se juntava para a pro-
Uma marca que se manteve imbatível va maior da temporada. Venceram por 3
durante 32 anos! vezes em conjunto. Depois, com Holbert
Simpático, discreto, divertido e excelente e Stuck vieram mais dois triunfos, com os
piloto, Emanuele Pirro surge no 5º lugar Porsche 962C oficiais. No final da carreira,
desta lista. Estreou-se cedo em Le Mans, já agraciado como “Membro do Império
com apenas 19 anos de idade, na edição de Britânico”, ainda sonhou vencer em Le
1981. E detestou a experiência, pois achou Mans com o seu filho Justin. Falhou por
tudo uma loucura, confirmando os seus pouco, ainda assim conseguiu um pódio
receios quando assistiu ao acidente mor- na edição de 1995.
tal de Jean-Louis Lafosse. Posteriormente No terceiro posto desta lista encontra-se
foi piloto de Fórmula 1 (com 40 participa- o piloto recordista de participações em Le
ções em GP) e um grande especialista Mans, o francês Henri Pescarolo. Na reali-
em Turismos. dade, Pescarolo fez um pouco de tudo no
Regressaria a Le Mans apenas em 1998, desporto automóvel, dos ralis à Fórmula
com o seu amigo “Dindo” Capello no Mc 1, mas foi na endurance que melhor pôde
Laren de Thomas Bscher. No ano seguin- exprimir as suas capacidades. Participou
te voltou a convite da Audi, subindo ao em Le Mans entre 1966 e 1974 ao serviço
pódio com um dos novos R8R. Le Mans da equipa Matra, tendo como resultado
mudara muito e já não era a insensatez do três triunfos e um violento acidente nos
passado. E Pirro tomou-lhe o gosto. Com ensaios de 1969 que o deixou gravemen-
Biela, Kristensen ou Werner iria triunfar te ferido (as barbas escondem as marcas
por cinco vezes subindo ainda por mais das queimaduras). Depois de um período



LE MANS/ >> autosport.pt
PILOTOS
09
38
TOM KRISTENSEN DETÉM O RECORDE DE
com resultados mais discretos em que Jacky Ickx TRIUNFOS NAS 24 HORAS DE LE MANS, COM
colaborou com Jean Rondeau, em 1984 (à dir.) é um dos NOVE, SEIS DELES CONSECUTIVOS, ENTRE
Pescarolo sentou-se ao volante de um grandes nomes 2000 E 2005
Porsche 956 da equipa Joest e venceu
mais uma vez as 24 Horas de Le Mans. do desporto Estreou-se ao volante de um protótipo no
Embora tenha passado pela Lancia e pela motorizado, Japão, em 1992, ao volante de um Toyota
Jaguar, foi com a Courage que o francês tendo-se impondo TS-010 de Grupo C. Mas depois só cinco
continuou a marcar presença até 1999. em Le Mans em anos mais tarde voltaria a pegar no vo-
Depois criou a sua própria equipa que lu- seis ocasiões lante de outro protótipo… para vencer a
tou por um triunfo em Le Mans até 2012, edição de 1997 das 24 Horas de Le Mans!
tendo como melhor resultado dois segun- Dois anos depois, desistiu quando o seu
dos lugares em 2005 e 2006. BMW V12 LMR comandava a prova. A
No segundo posto desta nossa lista os passagem para a Audi ajudou ao resto:
leitores colocaram “Mr Cool”, um piloto vencedor por seis vezes consecutivas
com uma personalidade muito especial entre 2000 e 2005 (uma delas ao volante
que durante muito tempo foi o recordista de um Bentley), voltaria a vencer em 2008
de triunfos em Le Mans. Referimos, cla- e em 2013, somando 9 vitórias absolutas
ro, o belga Jacky Ickx que também foi o na maior corrida do mundo. E mais uma
responsável pelo fim da partida “tipo Le extra, nos 1000 km de Le Mans de 2003.
Mans” ao recusar-se a correr para o carro Capaz de rodar durante os seus “stints” em
na edição de 1969. Onde iria vencer com o ritmo tão regular como elevado, por ve-
Ford GT40 de John Wyer. Dividindo a en- zes parecia ter capacidades sobre-huma-
durance com a Fórmula 1, regressaria aos nas, tal era a sua superioridade em pista.
triunfos em 1975, novamente na equipa Como corroboração da sua competência,
de Wyer e acompanhado por Derek Bell. com seis triunfos, detém também o recor-
Depois seria contratado pela Porsche onde de de vitórias nas 12 Horas de Sebring. O
venceu quer no Mundial de Marcas, quer seu nome é, como já adivinharam, Tom
no Mundial de Sport, quer nas 24 Horas de Kristensen, justamente denominado “Mr
Le Mans, incluindo a mítica cavalgada de Le Mans”. Ou traduzindo por extenso, o
1977 que o levou de último até ao primei- melhor piloto de sempre em Le Mans.
ro lugar absoluto, ao volante do Porsche
936 com as cores da Martini. Não terá sido
por acaso que foi o primeiro piloto a ver
ser-lhe atribuído o título de cidadão ho-
norário de Le Mans.
E o que dizer do piloto que os leitores do
Autosport elegeram como o Melhor de
sempre em Le Mans?

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40 LE MANS/
MARCAS

TOP 10MELHORESMARCAS
DOS 40 ANOS DO AUTOSPORT

PORSCHE

POIS CLARO
As 24 Horas de Le Mans são um palco de excelência,
onde tiveram lugar fabulosas disputas entre algumas das

melhores marcas do mundo ‘motorizado’. Os leitores do
AutoSport escolheram, e o top espelha bem a ‘produção’ em
pista de uma das marcas que melhor ‘chega’ ao coração dos

leitores, a Porsche

Ricardo Grilo
[email protected]

Será consensual afirmar que as percorre as estradas nacionais entre Le fizeram sonhar e, obviamente, retiraram motor Porsche e… com um McLaren F1
24 Horas de Le Mans serão uma Mans, Mulsanne e Arnage. dividendos com as campanhas por ter- GTR oficial, inscrito por uma desconhe-
das maiores, mais antigas e mais Em termos de futuro, essa constatação ras de La Sarthe. cida equipa - Kokusai Kaihatsu UK - e
conhecidas provas do desporto poderá ser a chave para o regresso de De acordo com a votação, por ordem de- patrocinado por uma clínica de vasec-
automóvel. A lenda nasce em antigas glórias ou para o desembarque crescente de importância, comecemos tomia de Tóquio.
1923 como um desafio maior de novos construtores da Coreia do Sul pela McLaren, a 10ª classificada nesta A chuva persistente iria equilibrar o an-
para a indústria automóvel, onde se en- e China, que poderão retirar incomen- escolha. damento entre os GT e protótipos, com
saiariam os melhores carros e os con- suráveis vantagens em termos de ima- Por sugestão do piloto Ray Bellm, em 1995 a equipa Courage a oferecer o triunfo à
ceitos do futuro. E, em traços largos, tem gem de uma aposta estruturada para a marca de Woking adaptou o novo F1 McLaren graças a uma inacreditável pa-
sido sempre esse o espírito da grande vencer Le Mans. de GT às solicitações das provas de en- ragem extraordinária para limpar a publi-
clássica francesa. Mas guardemos para outra ocasião uma durance, sendo construídos 9 chassis F1 cidade erecolocar um autocolante com o
Vencer Le Mans faz parte das páginas conversa sobre o futuro e, por agora, va- GTR para a temporada de 1995. Logo se patrocinador. No final venceria o McLaren
mais importantes do currículo de qual- mos referir as 10 marcas mais importan- verificou que tinham criado algo muito “oficial” que saiu de Le Mans diretamente
quer construtor de automóveis. Ou ainda tes do passado recente, de acordo com especial, sendo claramente o modelo a para a sede da empresa em Woking, onde
mais do que isso, pois em marcas como a uma lista escolhida pelos nossos leitores, bater nas provas do campeonato BPR. ainda se encontra em exposição. Os F1
Bentley ou a Porsche, o prestígio interna- desde que o AutoSport número 1 foi para Mas o ponto alto da temporada é sempre GTR equipados com o motor BMW S70
cional deve-se em boa parte aos suces- as bancas em 1977. Marcas essas que ao Le Mans, onde os clientes habituais da V12 ainda continuariam competitivos até
sos nas diversas versões do circuito com vencerem em Le Mans ajudaram a cons- marca se iriam confrontar, entre outros, 1997, mas não mais conseguiram vencer
cerca de 13,6 km que em boa parte ainda truir a lenda, motivaram os aficionados, com um protótipo Courage C-34 com em Le Mans.

40 >> autosport.pt
anos 41

1º T/ TOP 10

1 PORSCHE
2 AUDI
3 PEUGEOT
4 MERCEDES-BENZ
5 JAGUAR
6 RENAULT-ALPINE
7 BMW
8 BENTLEY
9 MAZDA
10 McLAREN





No 9º lugar das preferências dos leitores 3,5 litros e 750 kg de peso e a Mazda, por ter Norfolk (RTN), o primeiro Bentley EXP EXP Speed 8 conseguiu o terceiro lugar do
temos a Mazda, que foi a primeira marca sido considerada como “outsider”, pôde Speed 8 bebia inspiração e alguma da pódio, apenas batido pelos Audi oficiais.
japonesa a competir em Le Mans. Tudo alinhar com o novo 787 C pesando apenas tecnologia do anterior Audi R8C de 1999, Nova presença em 2002 de um chassis
começou em 1970 quando um motor ro- 850kg emvezdos1000dosoutrosGrupo também concebido na RTN. Mas era um solitário que ensaiava já as tecnologias
tativo da empresa equipou um Chevron C da sua geração. Menos peso significa carro novo, equipado com um motor de- que iriam ser utilizadas no novo Speed
B-16. Mas o esforço oficial sentiu-se com o melhores acelerações, menos desgas- rivado do V8 bi-turbo do Audi R8. 8 de 2003. Menos elegante, porém mais
advento do Grupo C, ao apresentarem em te de pneus e travões, menos consumo, Um projeto a três anos deveria levar a re- eficaz, o novo modelo começou por ven-
1983 o modelo 717C, o primeiro sport-pro- maior agilidade e um triunfo no palmarés. nascida marca a um triunfo em Le Mans. cer as 12 Horas de Sebring de 2003, para
tótipo inteiramente concebido pela marca. O único de uma marca japonesa. Logo em 2001, ano de estreia, um dos dois em seguida se impor sem dificuldade nas
Praticamente todos os anos apresentaram No 8º lugar os leitores escolheram outra
novidades que iriam culminar com o nas- marca britânica. Como referimos no início,
cimento do sonoro 787C de 1990… que no a Bentley tinha sido um dos construtores
ano seguinte iria beneficiar da guerra da cuja imagem muito beneficiara com os
FISA com Le Mans para triunfar na prova! triunfos em Le Mans de 1924, 27, 28, 29 e
O triunfo começou a desenhar-se quando 30. Por isso não deixou de ter alguma ló-
o 787C conseguiu escapar à penalização gica que o regresso a Le Mans tenha sido
de peso (1000 kg para Le Mans) imposta anunciado pouco tempo após a marca ter
a todos os Grupo C da anterior geração. A sido adquirida pelo Grupo VW. Projetado
moda agora eram os modelos com motor por Peter Elleray na Racing Technology

LE MANS/ >> autosport.pt
MARCAS

42

24 Horas de Le Mans, pela sexta vez na edições de 1951, 53, 55, 56 e 57, a Jaguar muitos é a dos acidentes com os Mercedes que a Peugeot e a Audi travaram alguns
história da marca britânica. afastara-se da competição ao mais alto voadores de 1955 e 1999, na realidade a dos mais espetaculares duelos de sem-
No 7º lugar surge a BMW, marca alemã nível. Mas nos anos 80, primeiro com os poderosa marca de Estugarda conseguiu pre em Le Mans.
que já tinha participado oficialmente em americanos do Team Group 44 e depois dois triunfos absolutos nas 24 Horas, em Por vontade de Ferdinand Piëch - que
Le Mans nos anos 30. No pós-guerra, to- com a equipa de Tom Walkinshaw, os 1952 e em 1989. Este último, muito cla- já fora o mentor do Porsche 917 - a Audi
das as participações foram sendo reali- “Jag” foram crescendo de importância e ro, concretizou o resultado da união da decidiu apostar em Le Mans em 1999, ob-
zadas com recurso a modelos derivados os resultados acabariam por surgir com o Mercedes com a equipa de Peter Sauber. tendo logo um pódio na estreia do R8R. No
de carros homologados, do 3.0 CSi ao M1. modelo XJR9 de 7 litros de cilindrada, na- No terceiro posto das escolhas dos nos- ano seguinte, apresentou o R8, que mui-
Mas com o fim do projeto da McLaren de- quilo que acabaria por se revelar como a sos leitores aparece a Peugeot. E apare- tos consideram ter sido o primeiro LMP1
cidiram aproveitar o motor S70 de 12 ci- aposta de uma nação, com perto de 80.000 ce bem, pois se os primeiros triunfos em moderno, pensado de A a Z para ser re-
lindros em V para, em colaboração com adeptos britânicos a apoiarem a marca no 1992 e 1993 foram algo facilitados por um sistente e facilmente reparável durante
a Williams, conceber um sport-protótipo renhido triunfo de 1988. Glória essa que se regulamento favorável, o triunfo de 2009 uma corrida. O resultado foi um modelo
aberto. Primeiro o BMW V12 LM de 1998 reiteraria em 1990, agora com o modelo foi tirado a ferros, fruto de uma intensa imbatível que conseguiu 63 vitórias abso-
que deu lugar no ano seguinte ao mais XJR-12 equipado com o mesmo motor. luta com a Audi que, na realidade, se ar- lutas, incluindo 5 nas 24 Horas de Le Mans.
evoluído V12 LMR que bateria todos os Em 4º lugar vem a escolha mais contro- rastou entre 2007 e 2011. Cereja sobre o Depois apareceram os modelos com mo-
adversários num dos anos mais compe- versa, pois trata-se de uma marca que já bolo, Pedro Lamy fazia parte da equipa tor diesel: R10, R15 e R18. As vitórias so-
titivos de sempre em Le Mans. foi capaz do melhor e do pior em Le Mans. francesa e iria conseguir dois segundos mavam-se facilmente e nem a Peugeot
Quem adquiriu o Autosport desde o início Se a primeira imagem que poderá surgir a lugares absolutos nestes loucos anos em conseguiu travar o domínio da marca de
lembrar-se-á das reportagens que refe- Ingolstadt nas provas de longa duração.
riam o duelo Alpine-Porsche em 1977 e 78. Apenas uma marca o conseguiu…
Na realidade, a marca francesa já corria … e foi precisamente a marca escolhida
em Le Mans desde o início dos anos 60, pelos leitores do Autosport como a mais
mas a sua aproximação com a Renault e relevante da história de Le Mans. Falamos,
com a Elf em 1973 reforçou os meios e as claro está, da Porsche.
ambições para a luta pelo triunfo. A base A marca de Zuffenhausen começou a
deste projecto foi o modelo Alpine A440 participar nas 24 Horas de Le Mans no
desenhado por André de Cortanze e a sua distante ano de 1951, e após um período
evolução A441 de 1974. Na versão A442 dedicado a lutar pelas classes secundá-
turbo alinhou nas edições de 1976 e 77 rias, venceu pela primeira vez a geral em
como o principal adversário da Porsche. 1970. Quando o Autosport apareceu nas
E se não venceram em 1977 por má ges- bancas vivia-se o período dos Porsche
tão dos acontecimentos, no ano seguinte, 935 e 936 em luta com os Renault-Alpine.
com um renovado A442B, o triunfo aca- Foi o prelúdio de uma era ainda mais no-
baria por ser mesmo para um dos carros tável que veio logo em seguida, na figura
amarelos, com Didier Pironi e Jean-Pierre dos Grupo C de 1982. Com o modelo cer-
Jassaud a partilharem a coroa de louros. to na hora certa a Porsche tornou-se na
Outra marca que ocupou extensas re- grande dominadora da clássica francesa
portagens do Autosport foi a Jaguar que nos primeiros anos do Grupo C, até 1987. O
os leitores posicionaram no 5º lugar das mesmo iria acontecer na década de 90 e,
mais importantes. Tendo triunfado nas mais recentemente, com o aparecimento
do extraordinário 919 Hybrid de 1000 cv
que ofereceu mais três triunfos consecu-
tivos à marca em Le Mans, alcançando um
total de 19 vitórias absolutas e mais de 100
na classe. Um mito, sem par.



44 WEC/
XANGAI

VITÓRIA DA TOYOTA sua categoria. A tripulação do Oreca da
NÃO IMPEDIUA G-Drive fez o segundo melhor tempo
(nesta prova com a estreia de Nico
FESTA DA PORSCHE Muller, piloto que habitualmente alinha
no DTM) à frente do segundo carro da
Falta apenas uma corrida Fábio Mendes Hartley. Mas o seu colega de equipa, Rebellion. Os líderes do campeonato
para o fim da época 2017 [email protected] Kobayashi, tratou de reestabelecer a (nº 38 da Jackie Chan DC Racing) se-
normalidade sentida até então e co- guiram o exemplo dos líderes em LMP1
do WEC e também para A Toyota não tinha intenções locou o Toyota TS050 Hybrid nº 7 no e fizeram o 4º melhor registo. Em GTE
a saída da Porsche de facilitar a tarefa ao ad- primeiro lugar da tabela, alcançando Pro foi a dupla dinamarquesa do Aston
versário (que vinha com a pole que fugia desde Nurburgring. O Martin nº 95 a fazer o melhor tempo e
do campeonato. Os homens vontade de abrir o cham- Porsche nº 2 de Lotterer, Jani e Tandy em GTE AM, Pedro Lamy e Paul Dala
de Estugarda não quiseram panhe na pista de Xangai) ficou com a segunda posição. A fechar Lana conquistaram a 6ª pole do ano.
e mostrou sempre um ritmo o top 3 ficou o Toyota nº 8 de David- Na corrida ficou claro que a Toyota
adiar a festa por mais forte durante os treinos, onde os seus son, Nakajima e Buemi. Os líderes do tinha argumentos para colocar os dois
tempo e resolveram carros foram constantemente os mais campeonato apenas conseguiram o carros no pódio e assim levar as contas
rápidos. Na qualificação as coisas ainda 4º posto, à frente dos homens mais do título para a última prova, mas José
as questões dos títulos se complicaram e Mike Conway ficou rápidos em LMP2. María López esteve em dia não, e a
de pilotos e de construtores atrás dos dois Porsches, de Tandy e Bruno Senna e Julien Canal colocaram Porsche aproveitou. Logo na primeira
o Rebellion Oreca 07 nº 31 na pole da hora de corrida, o argentino teve um
toque com o Oreca da G-Drive, que já
tinha levado um toque do Rebellion de
Senna nas primeiras curvas. Mesmo
depois deste incidente tudo parecia
sorrir à Toyota pois o Porsche nº 1 teve
um problema no sensor do acelera-
dor, obrigando o carro a regressar às
boxes. Numa corrida com apenas um
Full Course Yellow, provocado pelo
abandono do Porsche nº 92, recupe-
rar o tempo perdido era uma tarefa
mais difícil.
Quando tudo parecia encaminhado
para uma dobradinha da Toyota, José
María López teve novo toque, desta vez

>> autosport.pt

45

Pedro Lamy saboreou novo triunfo, o 50º da Aston
Martin, e saltou para a liderança entre os GTE AM

com o Porsche nº 91, que provocou um Earl Bamber apenas precisavam do 3º ficarem descontentes com dois inci- Ford foi digna de registo, depois da
furo e danos na transmissão que obri- lugar, mas o segundo foi ainda melhor dentes provocados pelos adversários excelente luta com o nº 91, mas os
garam a reparações mais demoradas. e as contas em LMP1 ficaram assim (curiosamente um deles provocado Porsche tiveram o azar do seu lado
O Toyota nº 8 ficou com o lugar que era encerradas. pela máquina da G-Drive, que teve uma e talvez apenas por isso não tenham
de López e liderou o resto da corrida Em LMP2 foi excelente operação para corrida para esquecer) que permitiram ficado com o lugar mais ambicionado.
sem problema, mas a grande festa foi o Rebellion nº 13 (o carro mais rápido a subida ao 2º posto do nº 36 da Signa- Em GTE AM, o Aston Martin nº 98 de
da Porsche que para além de festejar do fim de semana), que ultrapassou o tech Alpine e do Rebellion nº 31 (que Lamy não deu hipótese à concorrência,
o título de construtores, colocando Oreca nº 38 da Jackie Chan DC Racing mais uma vez teve uma corrida com que ficou reduzida depois de um toque
dois carros no pódio, festejou também (Ho-Pin Tung, Oliver Jarvis e Tho- alguns toques à mistura.) A discussão com um LMP2 (nº 37 da Jackie Chan
o título de pilotos da tripulação do nº mas Laurent) na tabela. Os homens do título vai para a derradeira prova, DC Racing) que atirou os Ferrari para
2. Timo Bernhard, Brendon Hartley e da equipa chinesa têm motivos para mas o momento de forma dos homens fora de pista e da luta pela vitória. Foi
da Rebellion parece indicar que po- a 50ª vitória da Aston e a 17ª para o pi-
C/ C L A S S I F I C A Ç Õ E S deremos ter o nome Vaillant no topo. loto português. Quanto aos campeões
a justiça do título é inquestionável.
1º TOYOTA GAZOO RACING/BUEMI/DAVIDSON/NAKAJIMA TOYOTA TS050 HYBRID LMP1 6:00:40.777S LAMY DE NOVO LÍDER Em quatro anos de WEC, três títulos
2º PORSCHE LMP TEAM/BERNHARD/BAMBER/HARTLEY PORSCHE 919 HYBRID LMP1 A 1 VOLTA de pilotos e construtores e três vitó-
3º PORSCHE LMP TEAM/JANI/LOTTERER/TANDY PORSCHE 919 HYBRID LMP1 A 1 VOLTA Em GTE Pro, depois da desistência rias em Le Mans. A Porsche sai com
4º TOYOTA GAZOO RACING/CONWAY/KOBAYASHI/LOPEZ TOYOTA TS050 HYBRID LMP1 A 7 VOLTAS do Porsche nº 92, a luta pela vitória o sentimento de dever cumprido e de
5º VAILLANTE REBELLION/CANAL/PROST/SENNA ORECA 07 - GIBSON LMP2 deu-se entre o Ford nº 67 e o Pors- ter dado um contributo importante
6º SIGNATECH ALPINE MATMUT/LAPIERRE/MENEZES/NEGRÃO ALPINE A470 GIBSON LMP2 A 12 VOLTAS che nº 91, cujo esforço para passar para a modalidade, tanto a nível de
7º VAILLANTE REBELLION/BECHE/HEINEMEIER HANSSON/PIQUET JR ORECA 07 GIBSON LMP2 A 12 VOLTAS a máquina americana foi “por água tecnologia como de visibilidade. Com
8º JACKIE CHAN DC RACING/TUNG/JARVIS/LAURENT ORECA 07 - GIBSON LMP2 A 13 VOLTAS abaixo”, depois do toque de Pechito tudo ganho e com pouca concorrência
9º CEFC MANOR TRS RACING/GONZALEZ/TRUMMER/PETROV ORECA 07-GIBSON LMP2 A 13 VOLTAS López. Nada que preocupasse a Ferrari a decisão de sair é no fundo algo que
10º TDS RACING/PERRODO/VAXIVIERE/COLLARD ORECA 07 - GIBSON LMP2 A 13 VOLTAS que com o 3º lugar do nº 51 conquistou se entende. Para a história ficam os
14º FORD CHIP GANASSI TEAM UK/PRIAULX/TINCKNELL FORD GT LMGTE PRO A 13 VOLTAS o título de construtores em GT. Uma números e esses mostram o domí-
21º ASTON MARTIN RACING/DALLA LANA/LAMY/LAUDA ASTON MARTIN V8 VANTAGE LMGTE AM A 25 VOLTAS vitória notável a todos os níveis dado nio de um projeto bem estruturado
A 29 VOLTAS que o Ferrari considerado como o GT e executado. A derradeira prova do
mais “puro” em comparação com os campeonato está agendada para 16 a
adversários, com alguns toques de 18 de novembro, no Bahrain.
protótipos disfarçados. A vitória da

V/46
VELOCIDADE
XXXXXXXXXXX XXXXXXX

CAMPEÕES
DO V DE V

CONHECIDOS
NO ESTORIL
Sol, chuva, muito vento e boas corridas foram os tónicos da
última ronda do V de V, no passado fim de semana, no Estoril,

que consagrou os Campeões de 2017

José Luís Abreu tá-lo, o Ferrari ficou fortemente danifica- O Estoril foi o palco Portimão e Magny-Cours - e num pódio
[email protected] do e uma hora de trabalho foi necessária das decisões, em Paul Ricard.
FOTOGRAFIA JB Photo/José Bispo para a equipa Visiom refazer toda a parte A corrida foi ganha pelo Norma M20 FC nº 6
frontal do carro. recebendo a jornada de Bazaud/Thirion/Caillon, que terminou
No sábado foi a vez dos GT/ Neste contexto, o nº 1 terminou a corrida de encerramento com 16.499s de avanço para o Norma M20
Turismos decidirem os títulos. atrás do º 44. A batalha do Estoril foi con- do V de V FC nº 42 de Palmyr/Kubryk/Faggionato,
No final, a AB Sport Auto ven- quistada pelo Lamborghini Huracan GT3 com o pódio a ficar fechado pelo Norma
ceu a corrida e a CMR o título. nº 46 AB Sport Auto de Harry Teneketzian, to vento no Estoril, pelo que esta última M20 FC nº 8 de Capillaire/Creed/Melnikov,
A indecisão era total do lado Joffrey de Narda e Tiziano Carugati. A equi- jornada do V de V não foi pêra doce para a 30.560s dos vencedores.
dos GT e a reviravolta foi qua- pa impôs o ritmo desde que as luzes se os concorrentes. Os líderes do campeo- Outro pretendente ao título, que precisava
se tão inesperada quanto o cenário que apagaram e depois liderou solitariamente, nato à chegada a Portugal só precisavam de ganhar, o Norma nº 22 da DB Autosport
a provocou. Inicialmente, entre o Ferrari sendo recompensados por uma segunda de um nono lugar para conservar o título de Delafosse/Vaucher/Accary, foi ape-
488 GT3 nº 1 Visiom, de Pagny/Perrier/ vitória depois doutro triunfo no início da obtido no ano passado. As coisas corre- nas quinto.
Bouvet e o Ferrari 458 GT3 nº 44 CMR de temporada em Portimão. Finalmente, na ram-lhes bem e o quarto lugar chegou O V de V regressa para o ano…
Mouez/Loger/Delhez, o cálculo era sim- GTV2, houve uma batalha bem emocio- e sobrou. Ander Vilariño, Alain Ferté e
ples: quem terminasse na frente do outro nante em pista, mas, no final, o triunfo foi Philippe Illiano asseguraram o título de
era declarado campeão. O nº 1 vinha de para o nº 64 de Polette/Lelièvre/Pontais 2017, tornando-se novamente Campeões
três vitórias consecutivas, as estatísticas na frente do nº 63 de Jean-François e Alain Europeus de Endurance Proto. O trio do
argumentavam por isso a seu favor, mas Demorge. Norma M20 FC nº 2 TFT teve a recom-
Thierry Perrier foi uma infeliz vítima de No dia seguinte foi a vez dos Endurance pensa por um percurso brilhante, ali-
um LMP3 ‘atrapalhado’. Incapaz de evi- Proto. Aí houve sol, mas também mui- cerçado em três triunfos - em Barcelona,

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R A L LY S P I R I T

ARI VATANEN, ARMINDO ARAÚJO E RUI
MADEIRA SÃO AS PRINCIPAIS ESTRELAS

Poucos ralis reúnem em Portugal tanto carisma como E com Armindo Araújo presente, será
o RallySpirit Altronix! Numa mostra que agrega alguns possível ver em ação quatro campeões
nacionais de ralis! Ao tetracampeão na-
dos mais emblemáticos carros de ralis, transversais cional junta-se o tricampeão Adruzilo
a várias gerações, a prova da Xikane é também um Lopes (Porsche 997 GT3) e os campeões
“viveiro” de pilotos de renome. Ari Vatanen é a principal Bernardo Sousa (Ford Escort RS 1800) e
estrela de serviço, mas Rui Madeira, Adruzilo Lopes, Pedro Meireles (Skoda Fabia R5), numa
Bernardo Sousa, Pedro Meireles, Vítor Pascoal e Pedro ilustre lista de inscritos que não ficaria
Leal também marcam presença, para medir forças com o completa sem a presença do também
Campeão do Mundo de Grupo N (ou para
regressado e muito desejado… Armindo Araújo! os mais puristas, Vencedor da Taça FIA de
Grupo N), Rui Madeira (Ford Sierra Cos-
‘REUNIÃO’DECAMPEÕES worth). Uma “reunião”, afinal, de grandes
NORALLYSPIRITALTRONIX! campeões, onde nomes como o de Car-
Depoisdedoisanosdeafirmação, los Vieira (Citroën DS3 R5), Vítor Pascoal
o RallySpirit Altronix vai voltar será o ex-Campeão do Mundo de Ralis, de interesses do próximo, o respeito e (Porsche 997 GT3), Pedro Leal (Mitsubishi
a “respirar” adrenalina, prome- Ari Vatanen, que promete dar espetáculo admiração de todos. Lancer Evo 6) ou dos espanhóis Toño Villar
tendo arrastar para a estrada, a ao volante de um Ford Escort WRC, igual Mas se esta personagem ímpar do auto- (Ford Escort WRC) e José Pujol (Lancia 037),
10 e 11 de novembro, uma autên- ao que guiou na equipa oficial da Ford, mobilismo será o “ás de trunfo” da prova, também participantes, em nada destoam.
tica legião de fãs. Originalidade no final da sua carreira no Campeonato a presença edo Bicampeão do Mundo de Para além de poderem conviver com no-
na exploração do conceito “rally legend” do Mundo de Ralis. Com um palmarés PWRC,ArmindoAraújo,tambémseafigura mes consagrados do automobilismo, os
e singular envolvência da prova, que a desportivo impressionante – Campeão do como um chamariz importante para os espetadores terão a rara oportunidade
coloca no mapa dos eventos motorizados Mundo de Ralis em 1981 (em Ford Escort amantes do desporto motorizado. Após de ver, em ação, alguns dos mais emble-
mais emocionais para o público, são a RS1800), 10 vitórias em provas do WRC cinco anos de total ausência dos ralis, o máticos carros de ralis, representativos de
receita de sucesso do RallySpirit Altronix e quatro triunfos no mítico Rally Paris ex-piloto da equipa oficial WRC Team MINI categorias tão apreciadas como “World
que, na terceira edição, vai contar com a Dakar - Vatanen é, no entanto, muito mais Portugal aceitou o convite da organização Rally Cars” (WRC), “Grupo B”, “Kit Car”,
participação de uma centena de equipas. do que um bem-sucedido piloto, já que a para ser uma das figuras da prova e pilotar “S1600”, “R5” e “RGT”, onde também se
Se, em 2016, a estrela maior foi Miki Bia- sua experiência na cena política inter- um Mitsubishi Lancer Evo, o carro com destacammodelostãoapaixonantescomo
sion, no Lancia Rally 037, desta feita, a nacional - onde exerceu, por duas vezes, que conquistou os dois títulos mundiais os Renault Alpine A110 e 5 Turbo, Fiat 131
“personagem principal” do RallySpirit o cargo de eurodeputado - fez com que de PWRC! Por outras palavras: espetáculo Abarth, Ford Escort MK I e MK II, Lancia
ganhasse, pelas suas atitudes e defesa garantido! Delta Integrale 16V, Citroën ZX Kit Car e
Saxo S1600 ou Peugeot 206 S1600… só para
P/ P R O G R A M A* falar dos que mais paixões despertam.
Com um esquema competitivo concen-
10 DE NOVEMBRO - SEXTA FEIRA trado, idealizado pelo Clube Automóvel de
Santo Tirso, que volta a ter Vila Nova de
VERIFICAÇÕES TÉCNICAS E DOCUMENTAIS - VILA NOVA DE GAIA 9H00 - 13H45 Gaia e a Vila do Coronado como principais
15H00 polos operacionais, o RallySpirit Altronix
FOTOGRAFIA CONJUNTO CARROS - QUARTEL SERRA DO PILAR 16H30 será disputado ao longo de nove Provas
21H00 Especiais de asfalto. Tripla passagem pela
VIATURAS EM PARQUE DE PARTIDA - MARGINAL DE VILA NOVA DE GAIA 21H13 classificativa da Serra (9,50 km) e duplas
21H56 passagens pelas especiais do Coronado
PARTIDA SIMBÓLICA - MARGINAL DE VILA NOVA DE GAIA 22H26 - 22H46 (6,15 km) e Assunção (4,20 km) prometem
22H51 um rali emocionante, onde a novidade da
PE1 SE GAIA 1,10KM Super Especial “Gaia” (disputada no Quar-
09H40 tel da Serra do Pilar) e a Partida Simbólica
PE2 CORONADO NOCTURNA 6,15KM 09H45 - 9H55 na Marginal de Gaia, muito ajudarão, por
10H08 certo, a aquecer o ambiente e a concentrar
ASSISTÊNCIA - ESCOLA SECUNDÁRIA S. ROMÃO CORONADO 10H36 milhares de espetadores.
10H46 - 11H06
CHEGADA S. ROMÃO DO CORONADO - PARQUE DA ESTAÇÃO 11H34
12H02
11 DE NOVEMBRO - SÁBADO 12H42 - 13H22
13H27 - 13H57
PARTIDA S. ROMÃO DO CORONADO - PARQUE DA ESTAÇÃO 14H10
14H38
ASSISTÊNCIA - ESCOLA SECUNDÁRIA S. ROMÃO CORONADO 15H06
15H36 - 15H46
PE3 SERRA 1 9,50KM 16H26

PE4 ASSUNÇÃO 1 4,20KM

REAGRUPAMENTO NOSSA SENHORA DA ASSUNÇÃO

PE5 CORONADO 2 6,15KM

PE6 SERRA 2 9,50KM

REAGRUPAMENTO S. ROMÃO DO CORONADO - PARQUE DA ESTAÇÃO

ASSISTÊNCIA - ESCOLA SECUNDÁRIA S. ROMÃO CORONADO

PE7 SERRA 3 9,50KM

PE8 ASSUNÇÃO 2 4,20KM

PE9 CORONADO 3 6,15KM

ASSISTÊNCIA S. ROMÃO CORONADO

CHEGADA - MARGINAL DE VILA NOVA DE GAIA

*PROGRAMA SUJEITO A ALTERAÇÕES


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