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Published by hmilheiro, 2018-07-16 18:38:46

AutoSport_2116

AutoSport_2116

#2116 O SEMANÁRIO DOS CAMPEÕES
ANO 40
40
18/07/2018
anos
2,35€ (CONT.)
ENHTARMLEEWVIILISTSOTNA >> autosport.pt
DIRETOR PEDRO CORRÊA MENDES

PSOOTRNUUHDMOO
>>O QUE‘AFETA’OSF1:VENTO,TEMPERATURAEASFALTO

BALANÇO DO WRC NEUVILLE +
PROESGSIIOENRA
KAWASAKI
Z1000 SX
DE 2018

KIA

STONIC 1.0 T-GDI TX

FINS DE SEMANA PERFEITOS

SIX SENSES DOURO VALLEY | SAMODÃES | DOURO

www.hoteisdecampo.pt

3

I/ I N S TA N TÂ N E O SIGA-NOS EM EDIÇÃO

#2116
18/07/2018

f l> > a u t o s p o r t . p t
facebook.com/autosportpt twitter.com/AutoSportPT

PORTUGAL Não é habitual e por isso saúda-se. Tal como se pode ver na espetacular foto, a empresa portuguesa Efacec é o novo José Luís Abreu
patrocinador da Techeetah, equipa do novo Campeão do Mundo de Fórmula E, Jean-Éric Vergne.
DIRETOR-EXECUTIVO
S/ SEMÁFORO EM DIRETO
[email protected]
PARADO A ARRANCAR A FUNDO “Sinto um misto de frustração
por toda a temporada, mas ao Depois de tomar conheci-
Roborace: Até pode ser Pilotos luso do TCR Tanto na F1 como no mesmo tempo um sentimento mento da entrevista que
um bom laboratório Europa a melhorar WRC são os campeões de alívio por terminar esta Robin Frijns deu ao jor-
para os carros do época, provavelmente das nal holandês Algemeen
futuro, mas levem a olhos vistos… de 2017 que correm mais complicadas da minha Dagblad, não posso dei-
‘isto’ para longe do Francisco Mora atrás do ‘prejuízo’. carreira”, Félix da Costa no fim do xar de concordar em boa
desporto automóvel já vence, só falta Isso é fantástico para parte com este piloto que admiro há
Francisco Abreu as competições… calvário da Fórmula E sem BMW muito, e de quem sempre senti que
poderia ter chegado bem mais lon-
“Sinto que consegui melhorar ge comparativamente aonde está.
as minhas fraquezas e os Entre várias coisas interessantes
meus pontos fortes”, Valtteri que diz, Frijns destaca que “quando
se é um bom jogador de futebol, aqui
Bottas que tem ‘só’ o colega de ou ali, arranjas sempre lugar. Mas
equipa mais difícil para se comparar na F1 só há 20 lugares”. Disse ele.
que existe… Acrescento eu: há menos pilotos de
F1 do que astronautas. Há muitos
“Estamos num mundo como ele, como é lógico, e temos por
completamente diferente cá exemplos perfeitos disso mesmo,
de há 12 meses…”, Marcus mas esta tirada espelha bem como
funcionam as coisas hoje em dia:
Ericsson sobre a evolução da Sauber “No teste (com a Sauber em 2014) fui
nos últimos tempos mais rápido que o Nico Hülkenberg.
A equipa ficou muito impressionada.
O SEMANÁRIO DOS CAMPEÕES NA ERA DIGITAL Duas semanas depois recebo um
telefonema a dizerem-me: Não vai
Siga-nos nas redes sociais e saiba dar. Sim, quão honestas posso dizer
tudo sobre o desporto motorizado no que essas palavras foram? O Marcus
computador, tablet ou smartphone via Ericsson leva imenso dinheiro para
facebook (facebook.com/autosportpt), a F1, isso não sucede no DTM. Aqui
twitter (AutosportPT) ou em querem talento para além de que
>> autosport.pt ficar em casa a dizer que sou me-
lhor que alguns pilotos que estão
na F1 não me vai valer de nada! Pelo
menos no DTM estou feliz e a fazer
o que gosto. O prazer regressou!”
Estas palavras dão que pensar, e
não sucedem só a este nível, e este
‘funil’ que surge na vida de muitos
pilotos com talento é dramático e o
que me preocupa é que em relação
a Portugal, são mais os sinais nega-
tivos do que positivos. Por exemplo,
nos ralis é triste ver bons jovens
pilotos com grandes dificuldades em
progredir, ainda mais numa altura
em que os nossos bons pilotos já
estão a ficar ‘entradotes’…

4 E/ LEWIS HAMILTON
ENTREVISTA
LEWIS HAMILTON

Habitualmente olhamos para os DEOHOAUMTRIOLLTAODNO
pilotos que nos fazem vibrar ao
longo de um Grande Prémio O nome de Lewis Hamilton ficará indelevelmente marcado na História
como atletas de alta-compe- da F1, mas por trás do piloto que é capaz de alcançar o impossível, está
tição, muitas vezes sem dar um homem determinado que teve de colocar todas as suas forças para
conta, ou valorizar, a pessoa
que está por detrás do capacete e do chegar ao seu sonho, o mundo dos Grandes Prémios, mesmo que isso
fato ignífugo, olhando para eles como implicasse um castigo todas as segundas-feiras do diretor da escola.
máquinas de corridas sem as caracte- Ouvimos com atenção o novo Podcast oficial da F1, ‘Beyond The Grid’, e
rísticas, virtudes e defeitos que definem
qualquer pessoa. reproduzimos o essencial. A não perder...
É verdade que a “raça dos pilotos” é dife-
rente das demais. São gente focada, de- ENTREVISTA Jorge Girão
terminada e, por vezes, arrogante, que [email protected]
têm como premissa última provar que são
os melhores, levando a que, não bastas pantado com o seu trajeto, que o levou ao competi e ele dizia-me: ‘seria fantástico loto de Fórmula 1? Em duas palavras: foco
vezes, ultrapassem as barreiras do que estatuto de estrela global. “Ainda hoje é termos um barco e jet-skis. Viajar pelo e determinação: “Naturalmente, que-
é comensurável. difícil acreditar em tudo o que consegui… mundo inteiro’. Isto eram miúdos a dizer ria ser piloto de Fórmula 1. Era isso que
Hamilton evidenciou isso mesmo no Há uns dias estava na varanda de minha disparates. Não tenho um barco, mas via- queria fazer. Com cinco anos nunca quis
Grande Prémio da Grã-Bretanha, quando casa com um dos meus melhores ami- jo. Na verdade, tudo o que sonhei acabou ser futebolista ou tenista. Estava com-
apostado em conquistar uma pole-posi- gos, meu amigo desde os 10 anos, e ele por se materializar. Excepto ter viajado pletamente focado nas corridas. Queria
tion frente ao seu público, carregou em disse ‘uau, foi um longo caminho desde ao espaço e ter sido o Super-Homem”, estar na Fórmula 1. Nunca perdi o foco e
ombros o seu Mercedes W09 EQ Power+, onde viemos’… durante alguns segundos asseverou o piloto da Mercedes. foi aqui que cheguei”.
assegurando o melhor tempo da qualifi- abateu-se um silêncio sobre nós, mas, ao Praticamente todos nós, adeptos de au- É claro que poderemos dizer que o in-
cação, num dia em que o seu monolugar mesmo tempo, estávamos a tirar parti- tomobilismo, um dia sonhámos ser pilo- glês teve a ajuda da McLaren para su-
não era mais eficaz que o Ferrari F71-H. do daquele momento”, afirmou o inglês. tos e nos imaginámos a pilotar um carro bir a difícil, e quase impossível, esca-
Apesar de estar numa posição de des- Para outros pilotos, por exemplo Nico de Fórmula 1, ou de outra categoria qual- da do automobilismo. Mas foi o arrojo,
vantagem, o inglês de Stevenage teve a Rosberg, estar na Fórmula 1 e viver uma quer, nos circuitos que nos vão entrando com uma pitada de arrogância, que le-
arrogância para recusar a derrota, tendo vida cheia de pequenos luxos é encara- em casa através da televisão. vou Hamilton, então com 12 anos, a in-
a determinação para se focar e arrancar do com naturalidade, dado que é um am- Mas fruto da realidade, do mundo que nos terpelar Ron Dennis durante uma gala
uma volta que ficará na memória de todos. biente que sempre partilhou, mas para rodeia, das pessoas com quem contacta- do Autosport Inglês, assegurando que
No final, Lewis Hamilton, trémulo e à bei- alguém que chegou a dormir no sofá da mos, a maioria de nós acaba por deixar um dia seria piloto da equipa de Woking.
ra das lágrimas, reconheceu que as suas casa do pai, uma vez que a casa deste cair o seu sonho de menino, voltando-se Já com o seu talento em evidência no
forças vieram dos adeptos que estavam só tinha um quarto, alcançar o suces- para outros objetivos bem mais alcançá- karting desde tenra idade, o britânico
em redor do circuito a apoiá-lo, admitin- so é um feito em si mesmo, sendo, pelo veis e que permitem o conforto de saber mostrara ter capacidade para crescer
do que não se lembrava sequer de como menos numa primeira fase, tudo o que a que o que se pode concretizar. no mundo do automobilismo ainda an-
tinha feito a volta. fama traz profundamente secundários. Mas olhando para a vida de Hamilton, tes de ter ficado sob alçada da McLaren.
Esta é o tipo de performance que espera- “De certa forma, é uma loucura… Estou podemos concluir que, provavelmente, No entanto, e sem que alguma vez te-
mos dos grandes pilotos, como Jim Clark, na minha 12ª temporada, à beira de assi- se realmente fosse essa a nossa verda- nha renegado as suas origens, talvez
Alain Prost, Ayrton Senna ou Michael nar mais um contrato. A vida passa mui- deira paixão, talvez conseguíssemos lá devido à cor da sua pele, característica
Schumacher, para apenas citar alguns, to depressa. Sempre quis ser um piloto chegar, de uma forma ou de outra. pouco comum no mundo elitista do au-
mas como são os homens que estão por de corridas, mas nunca pensei naquilo Então de que forma o Tetracampeão tomobilismo, Hamilton foi alvo do desa-
detrás dos pilotos que seguimos efusi- que poderia vir associado. Há uns anos Mundial se distingue da multidão de grado de alguns. “Pais de outros pilotos
vamente? estava com um outro piloto com quem crianças que um dia sonhou em ser pi- vinham ter comigo e diziam-me ‘rapaz,
É recorrente associarmos os pilotos de
elite a famílias abastadas, tendo tudo e
todas as oportunidades ao seu dispor,
mas são diversos os exemplos de jovens
de origens humildes que trilharam o seu
caminho a ferro e fogo para chegar ao
topo da pirâmide do automobilismo, como
são ou foram os casos de Schumacher,
Vettel ou Alonso.
Hamilton enquadra-se neste grupo.
O piloto de 33 anos cresceu sem grandes
luxos, mas desde cedo teve o sonho de
alcançar o topo do desporto automóvel.
Mesmo presentemente mostra-se es-

>> autosport.pt

5

Numa fase da sua
carreira em que se
prepara para assinar
novo contrato,
presume-se que
o último, Lewis
Hamilton recordou
detalhes da sua
carreira e como foi
difícil chegar ao
patamar onde está
atualmente

"PAIS DE OUTROS
PILOTOS VINHAM TER
COMIGO E DIZIAM-ME:
'RAPAZ TU NÃO VAIS
CONSEGUIR'."

E/
ENTREVISTA

6

LEWIS HAMILTON

tu não vais conseguir’. Adultos, da nossa Com resultados que foram suficientes Depois de tudo o
idade (ndr.: atual) e mais velhos, diziam para convencer Ron Dennis, na esco- que teve de fazer
a um miúdo de oito anos que não tinha la a situação era inversa, tendo o então para chegar onde
a capacidade. Por vezes isso magoava”, miúdo de lidar com um zeloso docente. está, Lewis Hamilton
reconhece o piloto da Mercedes. “O meu diretor da escola era um idiota. admite que quando
No entanto, tudo o que não mata torna- Não me apoiava. Eu faltava a parte das colocar um termo à
-nos mais fortes e o inglês tinha um ca- quintas feiras e às sextas feiras para ir sua carreira na F1 vai
minho a percorrer que advinha da con- às corridas e na segunda feira seguinte demorar até que o
fiança que tinha nas suas capacidades, o ele colocava-me de castigo o dia inteiro. vejam novamente de
que o levou, como já relatado, a confrontar Colocava-me na saída do seu gabinete, visita a um Grande
Ron Dennis, que acabou por o acolher. que era um corredor estreito, a olhar para
Contudo, nada é de graça e para alguém a parede. Enquanto criança, esse foi o pior Prémio...
que teve o seu início em origens humil- período”, admitiu o piloto da Mercedes.
des, qualquer conquista tem um valor Mais uma vez, foi a determinação e o foco tulos, com a intensidade associada que
muito maior, uma vez que é mais um que lhe permitiu ultrapassar todas as ad- acabou para atirar para fora da Fórmula 1
passo em frente que não é um eterno versidades que viveu enquanto criança, Nico Rosberg, depois de este se ter sen-
direito adquirido, tendo de ser preser- moldando um caractér forte e intenso tido esgotado pela conquista de um cep-
vado de modo a evitar que se regresse que hoje é uma mais-valia para o am- tro face precisamente a Hamilton, então
ao ponto de partida. biente que tem de enfrentar na “panela colega de equipa.
A ajuda da McLaren era um meio para de pressão” que é a Fórmula 1. Para além da pressão constante que um
atingir um fim e tanto Hamilton como piloto de Fórmula 1 vive a cada instante,
o seu pai, Anthony Hamilton, estavam A FÓRMULA 1 – O SONHO ALCANÇADO apesar de todas as evoluções ao nível da
conscientes de que era também o único segurança, andar com um monolugar
caminho para a Fórmula 1, o que os obri- Dificilmente alguém se esquecerá da da categoria máxima do desporto auto-
gou a garantir que tudo era feito, a todos chegada de Hamilton à categoria má- móvel continua a ser uma atividade de
os níveis, para que a relação se mantives- xima do desporto automóvel. Em 2007 o risco, como de resto ficou patente há al-
se a longo prazo. “Era piloto da McLaren, jovem de 20 anos foi “atirado aos leões”, guns anos com a morte de Jules Bianchi.
mas todos os dias tinha o receio de perder fazendo equipa com o bicampeão mun- Depois de tantos anos e de ter conquista-
esse apoio. Eu e o meu pai, mas sobretu- dial Fernando Alonso, conhecido por des- do tanto no mundo dos Grandes Prémios,
do o meu pai, passávamos horas e horas truir colegas de equipa e por trabalhar os riscos associados à categoria vão sen-
em contacto com a McLaren para nos nos bastidores para colocar a estrutura do cada vez menos tolerados por pilo-
certificarmos de que estávamos a fazer do seu lado. tos com carreiras firmadas. No entanto,
tudo o que eles queriam que fizéssemos. No entanto, o estreante Hamilton nunca Hamilton admite que, morrer a fazer algo
Tínhamos de ultrapassar as expectati- se subjugou ao piloto mais experiente, que inspire outras pessoas é justificado.
vas. Tínhamos de ser perfeitos. Eramos embrenhando-se os dois numa luta acir- “Continuo a amar a Fórmula 1! Mas não
a única família de negros no automobi- rada pelo título que acabou por destruir vale a pena morrer pela Fórmula 1… uma
lismo, não foi um caminho fácil, tivemos o ambiente da McLaren, terminando a paixão, uma ambição, um sonho e um
muita sorte em ter apoios para correr. temporada sem qualquer título, ambos
Mas não foi fácil, tínhamos de garantir entregues a Maranello, e com a saída
que todos os fins de semana seríamos pouco pacífica de Alonso, depois de mui-
dominadores. Tínhamos de assegurar tas peripécias que se passaram, inclusi-
que todas as pessoas com quem con- vamente por situações de espionagem.
tactávamos voltavam ao grande chefe Desde então, a história de Hamilton no
e diziam ‘estes tipos estão mesmo de- mundo dos Grandes Prémios é extraor-
terminados’. Tínhamos de garantir que dinária – quatro títulos mundiais, 65 vi-
todas as opções e possibilidades eram tórias, 124 pódios e 76 pole-positions,
analisadas, para que, quando tivessem um recorde.
de decidir quem colocariam no carro, não O inglês reconhece a importância que
houvesse dúvidas”, sublinhou o inglês. a categoria máxima tem para si, mas
Mas mesmo se, nas pistas, as coisas iam sublinha que os momentos de derrota
correndo bem, por vezes as barreiras são difíceis, o que salienta o seu perfil
vinham de onde menos se esperavam. de piloto que sempre esteve na linha da
Hoje em dia é absolutamente normal que frente e a forma apaixonada e intensa,
atletas gozem do estatuto de alta compe- bem visível na sua pilotagem, como se
tição, o que lhes permite certas benes- entrega ao seu metier. “A Fórmula 1 deu-
ses na sua vida académica, como aulas -me uma vida, deu sentido à minha vida,
de apoio, datas de exames especiais, etc. o que é muito especial, mas de certa for-
Nos seus dias de karting, e ainda antes ma também me destruiu. Reergue-me e
do apoio da McLaren, Hamilton viajava destrói-me”, afirmou Hamilton que apro-
por todo o Reino Unido por estrada, no funda: “Quando colocamos tanto esforço
carro do seu pai, que levava no atrelado em algo, quando falhamos ficamos des-
o kart do jovem adolescente, obrigando truídos. Mas quando somos bem-suce-
a que este faltasse às aulas durante parte didos isso eleva-nos”.
de quinta feira e toda sexta feira. São mais de 12 temporadas no topo, qua-
se sempre sob os holofotes da luta por tí-

>> autosport.pt

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objectivo podem valer a pena… tocar a Fórmula 1 há permanentemente um bur- vida pessoal como profissional: “Penso com quem teve uma relação conturba-
vida de alguém de uma forma positiva”,
salientou o inglês. burinho em nosso redor a lembrar-nos que nunca deixamos de ser quem so- da entre 2008 e 2016, muitas vezes com
Ainda assim, o piloto da Mercedes admi-
te que a categoria máxima do despor- que apenas podemos ser pilotos e que é mos, sobretudo, quando temos a família interregnos pelo meio.
to automóvel permitiu-lhe ascender a
uma vida à qual nunca poderia aspirar impossível ser outra coisa. Mas a verdade por perto, que nos ajuda a manter os pés O mundo da cantora, do “showbusiness”,
em circunstâncias normais, se não ti-
vesse assegurado que cumpria o seu é que podemos ser o que quisermos, de- assentes no chão”. seduziu o piloto de automóveis que alar-
sonho de menino. “A Fórmula 1 ajudou-
-me a crescer, deu-me mais confiança e pendendo do foco e do tempo que quei- gou os seus horizontes, conhecendo pes-
é uma plataforma que permite-me fazer
coisas que queria e uma vida com a qual ramos dar a outras atividades. Mas o que A VIDA PESSOAL E A FÓRMULA 1 soas diferentes das que estava habituado
podia apenas sonhar. Deu-me também
a oportunidade de trabalhar com gran- pretendosublinharéquetodosnóstemos ParaládasuavidanaFórmula1,Hamilton a conhecer, dando-lhe uma nova dimen-
des equipas, empresas enormes, viajar
pelo mundo inteiro, conhecer culturas”, diversos talentos e,
afirmou o Campeão Mundial em título.
Contudo, e apesar da sua gratidão à ca- muitas vezes, o mais "ERA PILOTO DA MCLAREN, MAS TODOS OS DIAS TINHA O RECEIO
tegoria máxima do desporto automóvel complicado é desco- DE PERDER ESSE APOIO. EU E O MEU PAI PASSÁVAMOS HORAS EM
por ter tido acesso a mundos que lhe es- bri-los. Eu tive muita CONTACTO COM ELES. TÍNHAMOS DE SER PERFEITOS."
tariam vedados em circunstâncias nor- sorte em descobrir
mais, Hamilton não se vê confinado aos um dos meus quan-
Grandes Prémios. “Quando chegamos à do tinha cinco anos,

o que não acontece a

muita gente. A maior parte das pessoas é também conhecido pela sua vida fora são. “Quando comecei uma relação com

demora mais tempo a descobri-los. (…) dos circuitos, viajando recorrentemen- uma mulher que, por acaso, vivia em Los

Mas penso que é determinante ter talen- te para Los Angeles, onde tem diversos Angeles (ndr: que começou a visitar a ci-

to, claro, e ter foco, julgo que essas são as amigos do mundo da arte, desde o cine- dade), não sei se teria ido a Los Angeles

chaves”, frisou o inglês. ma à música. naquele período se não tivesse essa re-

Aindaassim,eapesardavidade“jet-set” O seu interesse pela cidade california- lação. Conhecer um novo ambiente, pes-

que hoje goza, Hamilton considera que as na surgiu com a sua relação com Nicole soas que faziam coisas diferentes, atores,

raízes são importantes tanto para a sua Scherzinger, uma conhecida cantora músicos, etc. Pouco a pouco fui conhe-

E/
ENTREVISTA

8

LEWIS HAMILTON

cendo mais e isso começou a expandir o meu lado criativo. Tentava colocar di- fins, no fundo a mesma filosofia que sem- A VIDA DEPOIS DA FÓRMULA 1
os meus horizontes. Quando vivemos ferentes tipos de roupa para encontrar pre aplicou na sua carreira no automobi-
numa cidade, sentamo-nos num escri- um estilo, que no fundo foi um longo lismo desde os seus tempos do karting. É evidente que Lewis Hamilton tem
tório, focamo-nos e ficamos num túnel, processo para começar a realizar design. “Quando o Tommy me convidou para fa- muitos interesses para lá da Fórmula
como se tivéssemos as palas de um ca- (…) Gosto muito do processo de criação zer uma coleção tive de estudar – li livros, 1, desde a música, à moda até às via-
valo que nos obriga a olhar para um de- e construção. Quando vou a um desfile, aprendi na net – quando fui à primeira gens para conhecer novas culturas,
terminado local. Enquanto miúdo, estava vejo como tudo é edificado para aqueles reunião para estabelecermos a coleção tudo atividades que foi ou é a catego-
num túnel”, afirmou o britânico. oito minutos. É um esforço enorme. E eu tinha um saco cheio de ideias, inspirado ria rainha do automobilismo que lhe
Muitas vezes, a relação com Scherzinger fico curioso e pergunto aos designers de por diversos artistas. Discutimos ideias, proporciona.
foi apontada como determinante para as onde vêm a inspiração deles e o motivo depois fomos à sessão fotográfica e eu Prestes a assinar mais um contra-
quebras de forma que Lewis Hamilton, por que usam um material em detrimento fiquei espantado, fiquei orgulhoso. A mi- to com a Mercedes – de pelo menos
ocasionalmente, vai sofrendo. Sobretudo, de outro. Quero saber o porquê de tudo e nha próxima coleção será melhor, dado dois anos, mas que poderá ir até aos
nos anos de 2011 e 2012, quando teve até aprender o mais possível”, afirma o in- que aprendi e tudo acontecerá de uma três – o que o levará até aos 35 anos,
dificuldades para se impor face a Jenson glês, que demonstra o mesmo espírito forma mais rápida”, promete Hamilton. pelo menos, julga-se até que é a dura-
Button, mas o inglês nega que isso possa determinado nas suas atividades fora ção do acordo que está a atrasar o seu
ter acontecido. de pista que enquanto piloto. "QUERO MARCAR anúncio oficial, uma vez que o inglês
Hamilton considera que a sua relação Este ano, através de Hamilton, a Mercedes UMA CISÃO ATÉ AO pretende ficar livre para abandonar a
com a antiga Pussycat Doll foi determi- tem o apoio da Tommy Hilfiger, mas o PONTO QUE UM FILHO Fórmula 1 assim que o desejar, ao passo
nante para que crescesse enquanto ho- Tetracampeão do Mundo conseguiu ir MEU NEM SEQUER que o construtor germânico pretende
mem, o que se reflectiu também na sua mais além, alcançando um desiderato SAIBA O QUE FIZ." manter a sua estrela o maior período
pilotagem. “Comecei essa relação muito que, nas suas palavras, já desejava há de tempo possível.
tarde, com 23 anos, penso que só então muito – desenhar uma coleção de moda. O inglês admite que os Grandes
comecei a crescer, até então só as cor- Apesar de um ambiente completamente Prémios, ao contrário do que aconte-
ridas me interessavam”, apontou o in- distinto, o britânico de 33 anos não deixou cia quando chegou à Fórmula 1, já não
glês, que acrescentou: “Penso que (ndr.: os seus créditos por mãos alheias, pro- são tudo para si, deixando antever uma
se tivesse crescido mais cedo) seria um curando os meios para alcançar os seus cisão profunda com o paddock quan-
melhor piloto ou então, teria chegado ao do decidir pendurar o capacete. “Já cá
piloto que sou hoje mais cedo. Mas todos
nós passamos pelo mesmo – se soubés-
semos mais cedo o que sabemos hoje”.
O crescimento enquanto pessoa acabou
por se reflectir na forma como gere as
emoções, sendo hoje um piloto capaz de
evitar os picos emotivos que o atrasavam
nas pistas. “Penso que os desportistas,
se pudéssemos ver uma linha das suas
emoções, têm altos e baixos e alguns
têm picos muitos altos e muito baixos.
Julgo que os melhores são os que man-
tém um bom equilíbrio, como a Serena
(Williams) ou o Mohamed Ali. No início
da minha carreira eu era só altos e bai-
xos e era difícil manter-me focado, mas
se aprendermos a respirar, acalmar essa
linha emotiva, podemos chegar a no-
vos índices de concentração”, enfati-
zou Hamilton.

A VIDA PARA LÁ DA FÓRMULA 1

Lewis Hamilton é muito mais que apenas
um piloto de automóveis. Foi para isso que
viveu quase toda a sua vida e para isso
que trabalhou incessantemente ao lon-
go de duas décadas, mas hoje tem outras
atividades que o ultrapassam as pistas.
Curiosamente, todas elas tiveram géne-
ses na música, tendo já lançado algumas
músicas, ainda que sem o sucesso que
vive no automobilismo, e, mais recen-
temente, lançou-se no mundo da moda.
“Quando era miúdo, o meu pai partici-
pava numa banda musical e eu gostava
muito de música e das roupas que via
nos músicos – via muito a MTV e a VH1.
Quando cheguei à Fórmula 1 redescobri

>> autosport.pt

9

ando há muito tempo e não quero an- Não quero que as pessoas se habi- VETTEL O
dar cá o resto da minha vida. As corri- tuem à minha presença. Não quero que NOVO DESAFIO
das não são tudo. Se agora tivesse uma passem por mim sem saber o que fiz. DE HAMILTON
família e um filho meu quisesse ser pi- Quando parar, quero afastar-me e mais
loto, eu não o incitaria, se ele quisesse, tarde, quando regressar que signifique Lewis Hamilton esteve já envolvido
tudo bem. Dar-lhe-ia as ferramentas alguma coisa, que as pessoas notem a em algumas lutas intensas ao
e ajudá-lo-ia a crescer. Quero marcar minha presença e se recordem daquilo longo da sua carreira na Fórmula 1,
uma cisão até ao ponto em que um que fiz”, sublinhou o britânico. algumas delas fratricidas, como foi
filho meu, quando estiver na escola, É natural que as pessoas que atingem o caso com Nico Rosberg, durante a
nem sequer saiba o que fiz. Para além a elite e alcançam a glória de forma permanência dos dois na Mercedes,
disso, seria um aborrecimento, porque recorrente queiram ser recordadas e com Fernando Alonso, talvez a mais
eu adoro pilotar e não o poder fazer vai pelos seus feitos, mas tal como quan- “bélica” e com mais episódios, muito
ser difícil”, afirmou Hamilton. do criança e adolescente nada do que embora hoje ambos os pilotos nutram
Para além de sentir que terá a necessi- conseguiu foi de forma fácil, também um enorme respeito um pelo outro
dade de cortar com o passado, o piloto os ceptros que conquistou na Fórmula 1 – talvez por saberem o que o outro
da Mercedes aspira a que seja um ex- foram duros e, oriundo de um ambiente verdadeiramente vale.
-campeão notado e admirado, situa- humilde, Hamilton não pretende per- Mas nas últimas duas temporadas o
ção que nem sempre observa relati- der nada do que já alcançou: “Ganhar inglês tem em Sebastian Vettel um
vamente a ex-pilotos por quem nutre estes campeonatos tiram-nos toda a outro adversário e, pela primeira vez
respeito. “Por vezes, ex-pilotos, alguns energia. Motivar toda gente na equipa em anos, um oponente fora da sua
ex-campeões, que eu admiro sem que a ajudar-nos a conquistar os títulos é própria equipa, que se do ponto de
eles saibam, andam pelo paddock sem esgotante e um enorme desafio. O ideal vista do ambiente da equipa é positivo,
que as pessoas se apercebam dos seus é que se sintam inspirados pela forma tal deixa o Tetracampeão Mundial na
feitos. É incrível, eles foram pilotos que como piloto, que percebam que, se me expectativa, sem poder perceber se
tiveram momentos especiais e parece dão um bom carro, eu poderei fazer tem os mesmos argumentos que o seu
que ninguém se apercebe disso. magia. É um desafio para todos nós”. adversário para se bater pelas corridas
e, no final, pelo ansiado cetro.
Depois de no início do ano passado
terem existido manifestações de
respeito e de regozijo por poder lutar
pela primeira vez com Vettel por um
título, o verniz começou a estalar em
Baku, quando o alemão considerou
que o inglês lhe tinha feito um “brake-
test” durante uma situação de Safety
Car, atirando o seu Ferrari para cima do
Mercedes número 44.
Inevitavelmente, a relação entre os
dois azedou e, muito embora tenham
enterrado o machado da guerra, o
relacionamento entre os dois manteve-
se frio e distante.
A ofensiva da Ferrari acabou por não
se materializar em 2017, mas este ano
os carros de Maranello estão mais
fortes que nunca e Vettel lidera o
Campeonato de Pilotos.
A luta pelo título de 2018 adivinha-se
a mais intensa dos últimos anos e em
Silverstone Hamilton já deixou escapar,
a quente, que desgostava dos táticas
dos pilotos da Ferrari, acusando Vettel
e Kimi Räikkönen de atirarem os
pilotos da Mercedes para fora de pista
propositadamente.
O inglês acabou por abrir uma caixa de
pandora, tendo mais tarde aceitado
que o toque que sofrera de Räikkönen
não passava de um acidente de
corrida.
Seja como for, os dados estão lançados
e uma vez mais não se espere que
Hamilton reduza a sua intensidade,
não sendo ele seguramente o primeiro
a pestanejar num duelo que se antevê
apaixonante…no mínimo.

f1/

10

VELOZES...
E SENSÍVEIS
Se algum dia se questionou relativamente a que fatores externos m monolugar de Fórmula 1 é do. O resto é com o piloto…
afetam o desempenho de um F1, e que requerem atenção um produto concebido com Ao fim ao cabo, um monolugar de
atenção aos mais ínfimos de- Fórmula 1 tem 'apenas' um motor, caixa
redobrada por parte dos engenheiros, damos-lhe as respostas: talhes, a fim de permitir que o de velocidades, quatro rodas, apêndi-
temperatura, vento, tipo de asfalto. Mas para aferirmos todos os piloto alcance a performance ces aerodinâmicos, um volante e o pi-
loto, o que não é muito diferente de um
Udetalhes em pormenor falámos com Giuliano Salvi, engenheiro de carro do dia a dia. A grande diferença é
corrida de Kevin Magnussen na Haas. Tudo nas próximas linhas... máxima em pista. Por isso, como se integram estas 'partes' numa
complexa peça de arte, que visa única
cada item é minuciosamente estuda- e exclusivamente rodar o mais rapida-

do em busca dos preciosos milésimos
Bruno Ferreira de segundo que, todos juntos, levam a
[email protected] que o monolugar possa ser mais rápi-

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mente numa volta a qualquer traçado. de possível em reta. Como exemplo, dança no contexto da corrida ou no Kevin Magnussen na Haas.
Não é o carro que atinge maior velocida- podemos referir-lhe o facto do Bugatti ambiente pode afetar o desempenho Como ‘aperitivo’, Salvi lançou para a
de máxima, que faz os arranques mais Veyron ter feito um tempo de 1m16s na do conjunto, e, para isso, engenheiros e conversa alguns tópicos que podem
rápidos, mas sim aquele que reúne os pista do Top Gear, enquanto um F1 faz pilotos devem ficar atentos aos fatores ajudar a dar uma ideia inicial: “Os car-
melhores argumentos para ser o mais o mesmo em... 59 segundos. Só para externos para a realização de todos os ros são como os aviões, e com ambos
rápido possível num circuito. ter uma ideia. ajustes necessários. podemos considerar que o vento, ve-
E para o conseguir, os engenheiros Por se tratar de um equipamento com- Mas quais são esses fatores que in- locidade do fluxo de ar e temperaturas
procuram a medida certa de apoio ae- plexo, naturalmente o monolugar de F1 fluenciam no desempenho do monolu- são alguns dos fatores chave para a
rodinâmico, para que seja rápido em também acaba por se mostrar sensível gar? Foi o que perguntámos a Giuliano complexa questão que vamos anali-
curva, e tenha o máximo de velocida- a condições diversas. Qualquer mu- Salvi, atual engenheiro de corridas de sar”, começou por explicar.

f1/

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VENTO
Quantas vezes já ouvimos um piloto a culpar o vento
após cometer um erro mais ou menos constran- velocidade total. E, importante lembrar, que numa equa- “Por outro lado, se o vento vem de frente (o chamado
gedor? Pode soar como desculpa, mas de facto o ção aerodinâmica, a velocidade é elevada ao quadrado, headwind, ou “vento de proa” em português), isso nor-
vento é um fator que tem total interferência no então, como essa será multiplicada pelo mesmo valor, malmente é muito bem-vindo porque dá uma pressão
comportamento do monolugar. 10% é um grande número”, diz o engenheiro. aerodinâmica extra de forma gratuita, o que possibilita
Basta lembrar que a passagem do ar ao longo de todo Mais que a velocidade, a direção do vento é fundamen- ter mais velocidade na curva.”
o monolugar - desde o bico, asas, defletores até ao di- tal neste cenário – e é quando o vento surge por trás Neste caso, o vento aumenta a quantidade de ar que
fusor - é um elemento fundamental para determinar que a situação fica mais crítica. O tailwind (ou “vento de passa pelas asas, que, dessa forma, trabalham com
a sua eficiência. Não à toa, as equipas empregam um cauda”, como é chamado tecnicamente em português) maior eficiência. Por isso, pilotos e engenheiros de-
enorme esforço nos túneis de vento e estudam em de- “neutraliza” o efeito aerodinâmico que o monolugar tem vem ficar atentos a quaisquer mudanças nas dire-
talhe os efeitos do fluxo aerodinâmico dos monolugares. no seu movimento normal. Assim, o ar que percorre o ções. No GP de França, Marcus Ericsson envolveu-se
Desta forma, qualquer perturbação na passagem do monolugar (e que fornece a pressão aerodinâmica) pos- num estranho acidente nos treinos livres, quando
ar tem os seus efeitos, embora eles nem sempre se- sui resistência em sentido contrário. seu monolugar ficou sem controlo na entrada de uma
jam negativos. “Obviamente, isso depende muito da configuração aero- curva. Depois, veio a explicação: o sueco tinha até
Salvi explica: “O vento começa a afetar mesmo quando dinâmica, e isso é levemente diferente de carro para carro. então o vento vindo de frente, o que lhe dava maior
os carros rodam a baixa velocidade, como por exemplo a Mas, para traçar um cenário geral, se o vento vem por trás, apoio aerodinâmico. Assim que a direção do vento
10 km/h, porque tem que ser levado em conta a relação o monolugar perde parte de sua pressão aerodinâmica. mudou, o seu Sauber teve uma redução drástica de
entre a velocidade do vento e a velocidade do monolugar. Há sobreviragem e fica mais difícil de controlar. Nesses downforce, de modo que o piloto perdeu o controlo
Há curvas que o monolugar percorre a 100 km/h, o que casos, geralmente a sensação do piloto é negativa, por- ao tentar fazer a curva do mesmo modo que esta-
significa que a velocidade do vento representaria 10% da que ele tem de fazer mais correções, quando tem em va a fazer nas voltas anteriores.
mãos um monolugar instável”, explica Salvi.

>> VENTO AFETA F1 MESMO A BAIXA VELOCIDADE
>> TAILWIND ('VENTO DE CAUDA') 'NEUTRALIZA' O EFEITO AERODINÂMICO DO MONOLUGAR. HÁ SOBREVIRAGEM E TORNA-SE MAIS DIFÍCIL DE CONTROLAR.
>> HEADWIND ('VENTO DE PROA'), AUMENTA A QUANTIDADE DE AR QUE PASSA PELAS ASAS, QUE TRABALHAM COM MAIOR EFICIÊNCIA.

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TEMPERATURAS
Outros elementos referentes às condições cli-
matéricas, obviamente, afetam de forma dire- versamente proporcional à densidade do ar. Ou seja, a pressão atmosférica diminui, o que também tem
ta o rendimento do monolugar e, consequen- à mesma altitude, quanto mais alta a temperatura efeito na eficácia das asas. Ainda no campo da tem-
temente, os seus parâmetros de configuração. estiver, menor será a pressão do ar. peratura do ar, há um cuidado com a configuração
A temperatura em que as atividades são realizadas Ao trazer este cenário para a realidade da Fórmula das entradas de ar e radiadores. “Isso afeta princi-
tem consequências tanto em termos de aerodinâ- 1, um monolugar encontrará um ar mais denso em palmente o lado da unidade de potência. Tudo o que
mica quanto na mecânica. temperaturas mais baixas, o que significa que, nessas tentamos fazer é manter a unidade de potência den-
Começando pela aerodinâmica. Salvi observa um fac- condições, as asas aplicarão maior pressão aerodinâ- tro da janela de temperatura que é estabelecida pela
to que muitos podem esquecer: a temperatura é in- mica e terão um melhor funcionamento. nossa fornecedora. Se assim for, à partida, está tudo
O inverso também acontece: em temperaturas altas, bem”, conta Salvi.

>> CONDIÇÕES CLIMÁTICAS AFETAM DE FORMA DIRETA O RENDIMENTO DO MONOLUGAR.
>> TEMPERATURA TEM CONSEQUÊNCIAS TANTO EM TERMOS DE AERODINÂMICA QUANTO NA MECÂNICA.
>> TEMPERATURAS MAIS BAIXAS, AR MAIS DENSO, MAIOR PRESSÃO AERODINÂMICA, ASAS FUNCIONAM MELHOR.
>> TEMPERATURAS ALTAS, AR MAIS RAREFEITO, MENOR PRESSÃO AERODINÂMICA, ASAS FUNCIONAM PIOR.

f1/

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ASFALTO luz solar que atinge a pista. Isso afeta diretamente
Arelação do monolugar com o asfalto também a temperatura dos pneus, e, por isso, precisamos
tem de ser observada com atenção, sobretu- de intervir nos parâmetros de acerto”, refere Salvi.
do pelo lado dos pneus, pois trata-se da úni- Os pneus dos Fórmula 1 são desenvolvidos para
ca parte do monolugar que está em contacto operar numa janela de temperatura determinada,
direto com a pista. sendo que cada um dos compostos possui as suas
Um aspeto importante é novamente a temperatura, propriedades específicas. E, quando tal tempera-
embora não se trate somente duma consequência tura não é alcançada, há consequências imediatas.
automática da sensação térmica do ar. “A tempe- Por outro lado, quando um pneu sobreaquece, isso
ratura do asfalto está relacionada não só com a significa que sua temperatura interna fica mais
temperatura do ar, mas também a quantidade de alta do que a ideal para o seu funcionamento, o
que provoca a formação de bolhas na superfície
do composto.
“Se a temperatura do asfalto estiver demasiado
alta, geralmente isso tem consequências princi-
palmente nos pneus traseiros. Dessa forma, temos
que intervir ao modificar a suspensão para lidar
melhor com isso, como, por exemplo, mover a bar-
ra de rolamento para frente a fim de aliviar a parte
traseira do monolugar. Outra forma de trabalhar é

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>> PNEUS DOS F1 OPERAM NUMA JANELA
DE TEMPERATURA DETERMINADA.
>> PNEU SOBREAQUECE E ISSO PROVOCA
A FORMAÇÃO DE BOLHAS NA SUPERFÍCIE.
>> TEMPERATURA DO ASFALTO DEMASIADO
ALTA TEM CONSEQUÊNCIAS PRINCIPALMENTE
NOS PNEUS TRASEIROS. ALTERA-SE
A SUSPENSÃO PARA LIDAR COM ISSO
>> TEMPERATURA DO ASFALTO DEMASIADO BAIXA,
BORRACHA ADERE MENOS E CAUSA GRANULAÇÃO.

mexer na geometria de suspensão, como na con- áspero, a borracha pode entrar no pneu, e é por isso e ondulação são alguns dos fatores externos, sendo
vergência e camber, a fim de dar a melhor tempe- que há diferentes janelas de temperaturas nos com- que há múltiplos outros tópicos que devem ser le-
ratura possível ao pneu”, detalha Salvi. postos”, refere o engenheiro da Haas. vados em consideração para o acerto do monolugar.
No caso inverso (com temperatura abaixo do ‘dese- Ciente deste facto, a Pirelli levou um composto 0,4 Ter o conjunto em funcionamento máximo nas mais
jado’), a borracha fornece menor aderência e faz com mm mais fino às três pistas mencionadas por Salvi, diversas condições pode ser uma missão tão difícil
que o pneu escorregue em excesso nas curvas, o que já que estas tiveram as suas superfícies completa- quanto é para o piloto levá-lo ao limite na pista.
tem como efeito colateral a formação de granulação. mente renovadas para os Grandes Prémios deste ano.
Isso ocorre quando pequenos pedaços de borracha Em asfalto novo há menor degradação, de modo que a
se soltam do composto e permanecem agarrados ao borracha que se mantém fixa ao pneu torna-se mais
pneu, o que afeta claramente a superfície de conta- propensa ao sobreaquecimento. A mudança, portan-
to com o chão e logicamente interfere com o nível de to, é uma forma de corrigir esta tendência.
aderência desejado. Mas e quando o asfalto é ondulado, como acontece
Além disso, deve levar-se em consideração não só a com frequência em pistas citadinas? “Normalmente
temperatura, mas também o tipo de asfalto que co- o caminho é ter uma afinação de suspensão mais
bre cada pista. “Se o asfalto é suave, como agora é em macia a fim de deixar o monolugar trabalhar de for-
Barcelona, Paul Ricard ou Silverstone, isso significa ma independente em todas as curvas. O monolugar
que a forma com que ‘fornece’ aderência é diferente. precisa de conseguir lidar com todas as ondulações
Existe o lado mecânico, com a intensidade da borra- a fim de ter quatro rodas independentes”, explica o
cha que se ‘esfrega’ no asfalto, e a parte química, por engenheiro. Temperaturas de ar e pista, velocidade
ter superfície contra superfície. Se o asfalto é mais do vento e a sua direção e características do asfalto

16 WRC/
BALANÇO WRC 2018

PRESSÃO ALTA pilotos desde 2004 até 2012. Nove!
DE NEUVILLE Só que antes de se retirar, teve que ‘le-
Passámos o último mês var’ com a chegada do seu sucessor,
a ouvir falar de ‘pressãoem haja a quem se lembrou de O Campeão de 2017 até acabou por ser Sébastien Ogier. Os pilotos partilharam
alta’. É precisamente o que mudar as regras do WRC para o mesmo que nos anos anteriores, mas a equipa Citroën durante algum tempo,
Thierry Neuville está a fazer a carros mais potentes, rápidos e como todos se lembram o contexto foi o suficiente para que se percebesse que
espetaculares, pois desde o ano completamente diferente. o poleiro da Citroën não dava para dois
BSébastien Ogier. Mas há muito passado que o WRC entrou numa Pode parecer um contrassenso, mas a galos daqueles.
mais para contar, a meio da verdade é que os adeptos do WRC pu- Depois veio o abandono de Loeb e a ida
onda bem diferente do que tinha deram apreciar uma era, a de Sébastien de Ogier para a Volkswagen. Aí come-
temporada do WRC… acontecido até ao final de 2016. É verdade Loeb, em que o francês chegou, impôs- çou uma nova era de domínio, que se
-se a nomes muito fortes nos ralis, como estendeu de 2013 a 2016, com o fran-
que a Volkswagen Motorsport contribuiu por exemplo Carlos Sainz e Colin McRae, cês a somar quatro títulos com a 'nova
e começou a ditar a sua lei, anos a fio, as- casa'. Apesar de ter dois bons colegas
– com a sua saída - muito para que o WRC segurando todos os títulos mundiais de de equipa, Jari-Matti Latvala e Andreas
Mikkelsen, nunca o francês permitiu que
José Luís Abreu seja hoje em dia mais equilibrado, mas a estes pusessem o pé em ramo verde, e
[email protected] verdade é que foi a mudança das regras nem sequer vale a pena recordar aqui e
FOTOS @World/A. Lavadinho; A. Viallate que levou a competição a uma nova era. agora os números desse domínio. Todos
se lembram.
Quando a VW optou por sair, começou a
‘novela’ “para onde vai Ogier” e o facto de
ter chegado em cima da hora à M-Sport,
aliado ao facto dos carros serem novos
para todos, tivemos um WRC 2017 cheio
de emoção, em que a luta pelo título só
se começou a definir verdadeiramente
depois do verão.

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17

Ogier acabou por assegurar o seu quinto Shell Mobis WRT que chegou a meio do Em termos de números, a Hyundai e triunfos, o que já não acontecia desde
título em 2017, mas este ano, e pela pri- campeonato com um avanço para 27 M-Sport já se distanciaram significati- o Rali de Portugal de 2017, nem sequer
meira vez em muito tempo, isso pode pontos sobre Sébastien Ogier, líder da vamente das outras duas equipas, sendo sendo preciso de arriscar demasiado nas
mudar já que Thierry Neuville chega a M-Sport. Ambos venceram três dos sete que a diferença entre ambas é sensivel- escolhas, pois a sua ‘sabedoria’ do Monte
meio da época com 27 pontos de avanço ralis até aqui realizados, mas a principal mente a mesma que existe no campeo- comparada com a dos adversários faz-
para Sébastien Ogier, ficando a certeza diferença faz-se pelo facto do francês não nato de pilotos entre Neuville e Ogier. A -se notar e a sua experiência faz o resto.
que vamos ter uma segunda metade de ter terminado o Rali de Portugal, na se- M-Sport começou melhor e agora é a vez Já Elfyn Evans depressa cometeu erros,
época muito intensa, ninguém podendo quência duma saída de estrada. da Hyundai obter resultados mais con- mostrando ainda ter muito para aprender
dizer neste momento o que pode acon- Ao contrário do ano passado, as regras sistentes. Mas vamos recordar e anali- em condições como as do Monte Carlo.
tecer daqui para a frente. da ordem de passagem na estrada têm sar o que de mais importante até aqui Para Ogier tudo mudou na Suécia, já que
Mas para percebermos melhor possivéis funcionado de forma equilibrada para os se passou… o francês sofreu muito a abrir a estrada,
desenlaces, nada como recordar os altos dois pilotos, ainda que as condições dos pois os troços estavam anormalmen-
e baixos de cada uma das quatro equipas, troços tenham afetado muito Ogier no M-SPORT te cheios de neve, e abrir a estrada foi
sendo certo que há muito para contar… Rali da Suécia, com o francês a assegu- ainda mais penalizador do que é nor-
rar apenas o 10º lugar, naquela que foi a Começando pela M-Sport, a equipa ini- malmente. Elfyn Evans não fez melhor,
LUTA DE GALOS pior classificação de ambos nas sete pro- ciou bastante bem o ano, ao vencer três pois nunca se deu bem nos troços de
vas até aqui realizadas, se excluirmos a das quatro primeiras provas. Só que, ao neve. Curiosmaente, acabou por ser de
Thierry Neuville fala francês, apesar de desistência no Rali de Portugal de Ogier. contrário do que sucede na Hyundai, a va- Teemu Suninen o melhor resultado da
ser duma zona da Bélgica em que a língua São esses os dois ralis que estão a justifi- lia dos seus pilotos não é tão homogénea equipa, o oitavo da geral.
oficial é… o alemão. Já Ogier não levan- car a enorme diferença pontual entre os e por isso os homens de Malcolm Wilson Como se sabe, Ogier não é piloto de estar
ta dúvidas. É francês! Por isso, faz todo dois pilotos. Três vitórias para cada um parecem ter este ano menos condições muito tempo afastado da frente, e tam-
o sentido falar em luta de galos, sendo dá um total de seis provas, sendo que o de revalidar o título de Construtores. bém por isso reagiu no México, e apesar
que na luta pelas vitórias há outros pi- ‘outro’ rali foi ganho por Ott Tänak, que Ogier e Elfyn Evans têm sido os dois pi- de ter chegado ao final do primeiro dia
lotos que se podem imiscuir, e o Rali da também não terminou o Rali de Portugal, lotos principais, com Teemu Suninen a com uma desvantagem de 30s, recuperou
Finlândia que está aí à porta, é um bom e teve também um mau resultado no participar em quatro provas, deixan- e ofereceu à Ford a sua primeira vitória
exemplo. O ano passado foi a Toyota que Rali do México. Por isso, o estónio está do as outras duas, as de asfalto, para no México desde Marko Martin em 2004.
dominou lá. 72 pontos atrás de Neuville, no terceiro Bryan Bouffier. Na Córsega, Ogier esteve uma vez mais
A estrela da época de 2018 tem sido até lugar do campeonato. No Monte Carlo, um bom começo de ano, brilhante, atacou desde o primeiro me-
agora Thierry Neuville, piloto da Hyundai com Sébastien Ogier a regressar aos tro, deixou a concorrência bem para trás
e depois geriu.
Depois do seu acidente no México, Elfyn
Evans teve que ‘convocar’ Phil Mills, e a
prova do galês refletiu-se disso, ainda
mais num rali como a Córsega.
Foi na Argentina que a M-Sport fraquejou
pela primeira vez este ano, com Ogier a
assegurar apenas o quarto lugar, ainda
assim obtendo pontos que lhe permi-
tiram manter a liderança da tabela do
campeonato. Depois da boa prestação
do México, ficou claro na Argentina que
o Fiesta WRC precisava de evoluir, pois
a concorrência está igualmente forte.
Esta foi claramente uma fase do cam-
peonato em que a Toyota e Hyundai che-
garam-se à frente, sendo que o Rali de
Portugal foi ainda pior para o pupilo de
Malcolm Wilson, Ogier, num evento em
que, ironicamente, mesmo sem o francês
a equipa meteu dois carros no pódio da
prova, fazendo com que a equipa britâ-
nica tenha saído de Portugal com razões
para ficar satisfeita.
Ogier é que teve uma prova para esque-
cer, devido à sua saída de estrada na sex-
ta-feira. Andou o resto da prova a prepa-
rar-se para a Power Stage, mas nem aí
conseguiu pontos, sendo apenas oitavo.
Enquanto isso, o seu principal adversário
marcava bons pontos e vencia ralis, pelo
que o campeonato já estava completa-
mente virado nesta altura, até porque
Neuville venceria não só em Portugal
como também na Sardenha.
Ainda em Portugal, Elfyn Evans e Teemu
Suninen bem tentaram roubar pontos
aos Hyundai. O galês ainda chegou a

wrc/ A Hyundai está em boa
posição para poder vir
18 a saborear os títulos de
pilotos e construtores,
BALANÇO 2018 resta saber se aguenta

estar a apenas 7,3s de Thierry Neuville, a pressão natural da
mas não aguentou o ritmo e o homem segunda metade da
da Hyndai venceu. época. A Ford vai ter
Já Suninen assegurou em Portugal o que mostrar mais e dar
melhor resultado da sua carreira ao ser no duro para recuperar
segundo, e está a crescer a olhos vistos, a desvantagem se quer
sendo este próximo Rali da Finlândia uma
prova importante para o seu futuro no vencer
WRC. Até aqui, o melhor resultado do fin-
landês tinha sido o oitavo lugar na Suécia.
Em Itália, Ogier perdeu onde costuma-
va ser mais forte, já que foi batido por
Neuville na derradeira especial da prova,
mesmo nos últimos metros, terminan-
do em segundo e perdendo mais pontos
para Neuville. Há muito que o WRC não
chegava a meio sem ser Ogier na frente
da competição.
A Ford esteve na passada semana na
Finlândia a testar um novo pacote aerodi-
nâmico que vai tornar o Fiesta WRC bem
diferente de que se tem visto até aqui, fi-
cando por saber se vai ser suficiente para
bater a Hyundai, e neste caso também a
Toyota, que venceu esta prova em 2017.

HYUNDAI
A Hyundai está numa boa posição para
chegar ao título de Construtores. Depois
de ter percebido o ano passado que pre-
cisava de pilotos mais consistentes para
poder lutar pelo título de pilotos mas ao
mesmo tempo também pelo de constru-
tores, a Hyundai foi buscar a título defi-
nitivo Andreas Mikkelsen – ainda o ano
passado – e isso refletiu-se de imediato
nas contas da equipa, ainda que o no-
rueguês esteja com a sua conta de ‘aza-
res’ muito para lá do que era esperado.
Ironicamente, para dizer o mínimo, é Dani
Sordo o quinto classificado no Mundial
de Pilotos, mesmo tendo realizado me-
nos duas provas que Mikkelsen. Tudo
porque o norueguês some três resulta-
dos maus demais para serem verdade,
13º, 16º e 18º. Contratempos mecânicos,
é verdade, mas também alguns erros…
Ainda assim, neste momento, nos
Construtores, a Hyundai Shell Mobis
WRT está na frente da M-Sport Ford
WRT com mais 28 pontos. Este ano, a

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19

política passou por confiar em Neuville e em alta da Suécia. Chegados ao México Mikkelsen andou completamente per- A partir daí foi sempre a melhorar. Em
Mikkelsen como pilotos regulares, sen- novo mau resultado, com Dani Sordo, o dido com as afinações, Sordo só apare- síntese, ao terceiro lugar na Córsega
do que tanto Dani Sordo como Hayden terceiro piloto, a assegurar o melhor re- ceu tarde, chegando ao final do primei- seguiu-se o segundo na Argentina e as
Paddon têm alternado o terceiro carro, sultado do trio, ao ser segundo, naquele ro dia a mais de um minuto da frente, e vitórias em Portugal e em Itália.
conforme as circunstâncias, ainda que que foi o seu primeiro pódio desde o Rali logo num rali de asfalto, o seu forte, o que No nosso país, uma vitória indiscutível
já tenham corrido os quatro, como su- de Portugal de 2017. mostra os altos e baixos que o coloca- de Neuville, sendo que o resultado de
cedeu em Portugal. Enquanto Neuville Thierry Neuville e Andreas Mikkelsen ram na posição que está hoje... 3º piloto. conjunto da Hyundai poderia ter sido
luta pelo campeonato, Mikkelsen luta cedo ficaram fora da corrida aos luga- Um mau fim de semana para a Hyundai. ainda melhor caso Dani Sordo, Andreas
pela sua afirmação na equipa, que tar- res da frente. O belga com problemas de O Rali da Argentina foi positivo para Mikkelsen e Hayden Paddon tivessem
da, enquanto Sordo e Paddon, lutam por consumo de óleo no motor do seu i20 a Hyundai, apesar de não ter venci- concretizado o andamento que eviden-
assegurar o seu futuro. WRC e Mikkelsen a errar por comple- do. E positivo porque no lugar mais alto ciaram ao longo do evento.
As coisas não começaram nada bem to na afinação do carro. Sordo chegou não ficou Ogier, mas sim Ott Tänak. Tanto o espanhol como o neozelandês
para a equipa no Monte Carlo. Ao con- a liderar o rali e só um furo o tirou de lá. Novamente, foi o terceiro piloto da equi- passaram pelo comando do rali mas
trário do que tinha sucedido em 2017, Três carros no top 6 não foi mau, mas… pa, Sordo, a fazer melhor que um dos ‘ti- Paddon sofreu um acidente no primei-
Thierry Neuville cedo teve azar, ao sair talvez agridoce. tulares’, Mikkelsen, a quem, para sermos ro dia e Sordo furou e penalizou, termi-
de estrada no gelo logo na PE1, perden- Na Córsega, a Hyundai voltou a estar mais honestos, faltou um bocadinho nando em quarto.
do quatro minutos. Dani Sordo foi a es- muito abaixo do esperado, para mais de- mais para roubar pontos a Ogier, já que Em Itália, nova vitória, e esta quiçá a
corregar a 10 km/h para fora de estrada pois de Neuville ter ganhado essa mes- terminou em quinto atrás do francês, a mais saborosa de todas.
donde já não saiu, e Andreas Mikkelsen ma prova um ano antes, com quase um apenas 4.0s. Num rali sempre equilibrado, Neuville
desistiu com uma avaria no alternador minuto de avanço para Ogier. Foi precisamente na Argentina que a esteve muito forte e apesar de se ter
do i20 WRC. Game Over. Ironicamente, a equipa resolveu a ques- Hyundai encontrou o equilíbrio que ainda deixado cair para 19.5s atrás de Ogier, foi
Na Suécia, a ‘vingança’, com Neuville a tão dos pilotos mas passou a ser o carro não tinha conseguido, e foi nessa pro- recuperando troço após troço e chegou
vencer pela primeira vez este ano, a que a fraquejar. va que começaram a cavar diferenças à última especial a 0.8s do francês. No
se juntou uma prova muito má de Ogier, Na Córsega, os pilotos perderam-se nas maiores para a M-Sport, depois de na final, venceu o rali por 0.7s. Uma enor-
como já explicámos acima. afinações. Neuville teve problemas com Córsega Neuville ter começado a bater me ‘injeção’ de motivação para o que o
Mikkelsen foi terceiro e a Hyundai saiu o equilíbrio de travagem do seu i20 WRC, mais o pé a Ogier. belga tem pela frente.

wrc/

20

BALANÇO 2018

TOYOTA Na Córsega, a Toyota reagiu, com Tänak Sendo que este ano as queixas do carro -se’, perdendo a primeira oportunidade
a ser segundo e com Esapekka Lappi a diminuiram muito, a verdade é que des- de brilhar, e logo quando estava a realizar
O facto mais significativo na Toyota este ser o piloto que mais troços ganhou nes- de o início de 2017 que as coisas não cor- belos tempos. Só que as coisas correram
ano teve a ver com a chegada de Tänak, se rali. O Rali da Argentina saldou-se pela rem bem à Citroën. Este ano, um novo ainda pior no Rali da Córsega, já que saiu
vindo da M-Sport, onde estava frustrado única vitória de Tänak até agora, mas a diretor, Pierre Budar, que substituiu Yves de estrada ainda a procissão do rali ia no
em virtude de, cada vez mais, se afigurar verdade é que o estónio está ainda mui- Matton. A meio do ano passado saiu de adro. Se as desventuras de Loeb não es-
como segundo piloto, ‘atrás’ de Ogier. Não to irregular, e em Portugal voltou a com- cena Laurent Fregosi, anterior diretor téc- tivessem a ser suficientemente traumá-
é isso que o estónio quer para a sua carrei- prometer um bom resultado, ao bater e nico, sendo substituído por Christophe ticas, depois agudizou-se o problema Kris
ra e daí que preferisse rumar à equipa de danificar seriamente o Yaris. Depois da Besse. Sem dúvida que o carro foi melho- Meeke. O seu acidente no Rali de Portugal
Tommi Makinen. E Tänak foi de imediato exibição na Argentina, a Toyota era uma rando, mas os problemas não termina- foi demasiado para os responsáveis da
o melhor Toyota em Monte Carlo, atrás forte candidata à vitória em Portugal, só ram… Para aumentar a confusão no seio Citroën Racing, que dias depois decidiram
de Ogier, um resultado encorajador que o que tanto o estónio como o veterano fin- da equipa, Sébastien Loeb foi ‘convocado’ terminar o contrato com o piloto irlandês
catapultou para ser a grande distância o landês ficaram KO nos dois primeiros tro- para realizar três provas em 2018, sendo com efeitos imediatos. Diz-se que a toma-
mais destacado piloto da equipa este ano. ços a ‘sério’ do rali. que sem orçamento para três carros, a da de decisão foi feita devido à ansiedade
Até aqui, pelo menos... JáemItália,foi EsapekkaLappiquemsal- equipa deixou de fora Craig Breen. corporativa relativa à má publicidade que
A Toyota começou bastante bem o ano vou a honra do convento ao terminar no Têm sido, até aqui, excelentes operações os quase constantes acidentes de Kris
ao colocar dois pilotos no pódio do Rali de pódio. Enquanto isso, Tommi Makkinen de marketing, com a presença do piloto a Meeke estavam a causar, e também que
Monte Carlo, só que desde aí, estranha- mostrava o seu desagrado pelo facto de centrar as atenções na Citroën, desastro- pudesse suceder outro acidente que afe-
mente, só Tänak conseguiu resultados Latvala ter deixado o carro ir abaixo num so porém para a disrupção criada numa tasse a equipa e eventualmente terceiros.
relevantes, sendo no entanto mais as ve- gancho da Power Stage. equipa na corda bamba. A equipa também não tem tido muita sor-
zes que não pontua do que o contrário. Ou No México, Loeb lutou pelos lugares da te com as suas decisões. Depois do bom
seja, sempre que teve uma prova ‘normal’, CITRÖEN frente até que um furo o levou a perder segundo lugar de Craig Breen no Rali da
Tänak foi... primeiro ou segundo! É verdade muito tempo e com isso deixou de lutar Suécia, o irlandês ficou de fora duas pro-
que pelo meio houve aqui acidentes, mas a Por fim, no quarto lugar do Mundial de pela vitória. Para piorar as coisas, foi um vas para dar o seu lugar a Loeb, algo pre-
mecânica é ‘coisa’ que a Toyota ainda não Construtores está a Citroën, equipa que pouco incompreensível que o francês te- viamente programado. Resultado, nem a
dominadamelhorforma. Porexemplo,na está a ter novamente um mau ano. A me- nha parado para mudar o pneu, quando equipa nem o piloto aproveitaram o balan-
México, o estónio teve uma falha no tur- lhor performance do ano conseguida por certamente perderia bem menos tempo ço. Quando regressou no Rali da Argentina,
bo do seu Toyota Yaris WRC, na Córsega algum dos seus pilotos é o segundo lugar se seguisse dessa forma até ao final do teve uma forte saída de estrada. Depois
teve um bom resultado, um segundo lu- de Craig Breen na Suécia, com Kris Meeke troço. Com as ‘manias’ do Dakar, ‘tramou- disso, estabilizou os seus resultados, mas
gar, novamente em asfalto, surgindo de- a ir também ao pódio no México.
pois a vitória na Argentina. Depois, dois
maus resultados, ao abandonar no Rali de
Portugal, quando liderava a prova, devido
a acidente, e um resultado condicionado
devido a uma má aterragem de um salto
na Sardenha, que causou danos ao Yaris.
Já o ‘chefe de fila’ na Toyota (por enquan-
to), Jari-Matti Latvala, tem vindo a prosse-
guir a sua carreira irregular na estrutura.
Começou bem no Monte Carlo, mas depois
de dois inócuos (para a sua valia) sétimo
e oitavo lugares na Suécia e no México,
eis que abandona em três ralis seguidos.
Muito pouco para um piloto da estirpe de
Latvala que começa a ficar em sério risco
no seio da equipa.
Os seus ‘azares’ trouxeram para a ribalta o
terceiro piloto da Toyota, Esapekka Lappi,
que saiu de estrada no Rali do México,
mas que tem vindo a alcançar resultados
consistentes nas restantes provas, tendo
mesmo obtido um pódio em Itália. Com a
sua regularidade, é – veja-se bem - quarto
classificado no Mundial de Pilotos, levan-
do a que a Toyota seja a única equipa com
dois pilotos nos quatro primeiras classifi-
cados da competição.
Voltando atrás, no Monte Carlo, sem o azar
de Esapekka Lappi no último troço, quan-
do apanhou areia no piso e saiu de estrada
caindo de 4º para 7º, a Toyota teria ocupa-
do todas as posições entre o segundo e o
quarto lugar.
Na Suécia, os Yaris voltaram a revelar-se
rápidos na neve, ao alcançarem o melhor
tempo em oito ocasiões.
Já no México, desilusão. Um 8º, 11º e 14º lu-
gares num rali em que quase tudo correu
mal à equipa, sendo o único ponto positivo
o facto de Ott Tänak e Jari-Matti Latvala
terem feito dobradinha na PowerStage.

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21

A Citroën tem tido um sétimo e sexto lugares nada tiveram vas, mas simandar o mais depressa pos-
um ano de altos e a ver com o segundo que conseguiu, sur- sível, de modo a aprender os ralis melhor.
baixos e ora seja preendentemente, na Suécia. Com poucas Tome-se como exemplo o facto de no Rali
pelo carro ou pelos opçõesparasubstituirMeeke,aCitroënfez da Argentina o finlandês ter desistido de-
pilotos, continua regressar Mads Ostberg, que tinha estado vido a um aparatoso capotanço quando li-
sem se 'encontrar'. na equipa dois anos antes. Foi o norueguês derava o WRC2 e era 10º da geral. Depois
A Toyota segue-lhe o melhor piloto nas duas provas que fez, de ter promovido Teemu Suninen ao WRC,
as pisadas... Portugal e Sardenha, num ano novamente a M-Sport tem o seu melhor piloto, Gus
muito irregular para a equipa. Vamos ver Greensmith, na quarta posição da com-
como corre a segunda metade da época. petição, depois do inglês ter obtido dois
segundos lugares.
WRC2 A Hyundai contribuiu com inscrições em
vários ralis, como parte do seu programa
A maior competição de apoio ao WRC é de desenvolvimento de jovens pilotos,
novamente o WRC2, onde a Skoda sur- como é o caso de Jari Huttunen, que não
giu mais forte do que nunca. Com o nú- tem dado muito nas vistas, só a (mui-
mero de fornecedores de carros da cate- to poucos) espaços. O seu melhor piloto
goria R5 a crescer, a M-Sport continua a é Pierre Louis Loubet, cujo melhor re-
ser a equipa que mais participantes tem, sultado foi um quarto lugar. Já a Citroën
mas o nível dos seus pilotos baixou sig- introduziu o seu C3 R5 na Córsega, e a
nificativamente. Em sete provas, só por Volkswagen continua a desenvolver o seu
uma vez não foi um dos pilotos da Skoda novo Polo GTI R5, que se prevê competir
a vencer no WRC. Isso sucedeu na Suécia, lá mais para o fim do ano. De recordar
com Takamoto Katsuta, aos comandos de que na luta pelo título do WRC2 os pilo-
um Ford Fiesta R5. Nas restantes, os ho- tos podem pontuar em sete provas, sendo
mens da Skoda dominaram por completo que seis contam para a classificação final.
os eventos, com Pontus Tidemand a so- Para o Júnior WRC contam este ao apenas
mar três vitórias, as mesmas que já obte- cinco provas, três delas já se disputaram,
ve Jan Kopecky com a pequena diferença Suécia, Córsega e Portugal. Os pilotos sue-
de Tidemand ter feito quatro provas, ao in- cos, Dennis Radstrom e Emil Berkqvist,
vés de Kopecky que venceu todas em que terminaram em primeiro e segundo na
participou. Ole Christian Veiby é terceiro Suécia, os pilotos franceses Jean-Baptiste
classificado no WRC2 e tem sido consis- Franceschi e Terry Folb, fizeram o mem-
tente nas suas prestações. Ironicamente, so na Córsega, e no primeiro rali de terra,
sendo verdade que em termos de resulta- Portugal, Radstrom teve uma grande luta
dos Kalle Rovanpera anda muito apagado, com Berkqvist, com o primeiro a vencer
a verdade é que anda ali para aprender, e a sua segunda prova do ano.
sua estratégia não é de andar a gerir pro-

FE/22 Jean-Eric Vergne é o novo
FÓRMULA E - NOVA IORQUE campeão da Fórmula E,
JEAN-ÉRIC
VERGNE sucedendo a Lucas di Grassi
CAMPEÃO que venceu a primeira

corrida do programa. A Audi
assegurou o título de equipas

depois de muita luta com os
homens da Techeetah.

José Luís Abreu nalização, mas na volta 15 passou Bird, e C/ C L A S S I F I C A Ç Ã O
[email protected] ainda chegou ao quinto lugar. Com Bird
a terminar em nono, terminou ali a luta CORRIDA 1 CORRIDA 2
Havia ainda muito em jogo neste pelo título. 1º LUCAS DI GRASSI TEAM ABT 43 VOLTAS 1º JEAN-ERIC VERGNE TECHEETAH 43 VOLTAS
derradeiro fim de semana da Na segunda corrida, e depois de ter asse- 2º DANIEL ABT TEAM ABT +0.965 2º LUCAS DI GRASSI AUDI SPORT TEAM ABT +0.508
época de Fórmula E, mas Jean- gurado o título de pilotos, Vergne esteve 3º SÉBASTIEN BUEMI DAMS +2.583 3º DANIEL ABT AUDI SPORT TEAM ABT +1.287
Éric Vergne não deixou os seus imperial e venceu, suportando até ao fim a 4º TOM DILLMANN VENTURI +4.090 4º SÉBASTIEN BUEMI DAMS +1.780
créditos por mãos alheias. Com grande pressão de di Grassi, segundo, sen- 5º EAN-ERIC VERGNE TECHEETAH +4.679 5º FELIX ROSENQVIST MAHINDRA RACING +12.146
uma vantagem apreciável no do que o terceiro lugar de Abt foi também 11º FÉLIX DA COSTA ANDRETTI AUTOSPORT +9.114 15º FÉLIX DA COSTA ANDRETTI AUTOSPORT NT
campeonato face a Sam Bird, fez apenas decisivo para dar à Audi o título que este-
o necessário, na primeira corrida, para re- ve em jogo até aos derradeiros metros da ANTÓNIO agradecer à equipa o esforço e dedicação, mas
solver de imediato a questão, o que con- competição. Para que se perceba melhor FÉLIX DA COSTA agora é hora de concentrar e trabalhar para a
seguiu com um quinto lugar, mais do que como foi intensa a corrida que marcou a temporada cinco, que está aí à porta, e onde de-
suficiente face ao nono posto de Bird. despedida desta geração de monolugares A corrida de Nova Iorque acabou por ser o es- posito grandes esperanças. Finalmente a BMW
Na segunda contenda, já sem o peso da da Fórmula E, os quatro primeiros classifi- pelho da temporada, com o piloto a tentar andar vai estar representada oficialmente e acredito
luta, ‘vestiu’ a farda da equipaelutoupara cados terminaram separados por menos para lá do que o carro era capaz e problemas de que teremos condições para lutar pelos lugares
que a Techeetah pudesse chegar ao tí- de dois segundos. vária índole a condicionarem os seus resultados. cimeiros. O objetivo era este, esperar pela entra-
tulo de equipas. Venceu a prova, mas os Com este resultado, Lucas di Grassi ainda No final, Félix da Costa afirmou: “Simplesmente da oficial da BMW, portanto chegou a altura de
homens da Audi, Lucas di Grassi e Daniel conseguiu chegar ao segundo lugar do não tivemos andamento para mais. Sinto um mostrar o meu real valor na Fórmula E e lutar
Abt, conseguiram um melhor resultado campeonato - terminando na frente de misto de frustração por toda a temporada, mas por pódios e vitórias!”
de conjunto, o que lhes permitiu triunfar Sam Bird, Sébastien Buemi e Daniel Abt ao mesmo tempo um sentimento de alívio por
na competição reservada às equipas, até - mas a festa espalhou-se a toda a equi- terminar esta época, que foi provavelmente das
porque André Lotterer cometeu um erro pa tendo em conta o feito, pois a primeira mais complicadas da minha carreira, psicologica-
na partida para a segunda corrida. O pi- parte da temporada foi pouco menos que mente falando. Do meu lado sinto que extraí todo
loto foi penalizado e caiu muito na classi- desastrosa para a Audi. Depois das pri- o potencial do carro, mas fomos normalmente
ficação, tornando com isso a tarefa muito meiras quatro provas a Audi estava em um dos carros mais lentos do pelotão. Resta-me
complicada. O alemão recuperou, termi- nono no campeonato, apenas na fren-
nou a segunda corrida em nono, mas isso te da equipa de António Félix da Costa, a
não chegou pois di Grassi e Abt fizeram o Andretti Autosport.
seu trabalho e mantiveram-se nas posi- Quanto a António Félix da Costa, termi-
ções que a equipa precisava. Ainda assim nou a época com um abandono, rodando
a margem final foi apenas de dois pontos. mais uma vez fora dos lugares pontuáveis,
Na primeira corrida, em que ficou deci- num calvário causado não só pela falta de
dido o título de pilotos, foi Lucas di Grassi competitividade do carro, mas também
o vencedor, na frente de Daniel Abt, com devido aos muitos erros da equipa. Para
Sébastien Buemi a fechar o pódio. Tom a próxima época, novo carro, e a BMW a
Dilmann foi quarto e assegurou o seu me- entrar, esperando-se por isso que as coi-
lhor resultado na Fórmula E, enquanto sas mudem muito de figura.
António Félix da Costa foi 11º, terminando Quando recomeçar a nova temporada, no
à beira dos pontos. início de dezembro, já será com a nova ge-
Vergne ainda tremeu, já que foi relegado ração de monolugares de Fórmula E e com
para a cauda da grelha devido a uma pe- um enorme conjunto de novidades. Ficam
para depois...

WTCR/ >> autosport.pt
Velocidade
23
ESLOVÁQUIA

TRÊS
VENCEDORES

Depois de passar por Vila
Real, o WTCR rumou à
Eslováquia, com os triunfos
a dividirem-se entre Pepe
Oriola (Cupra), Gabriele
Tarquini (Hyundai) e Norbert
Michelisz (Hyundai), com o
veterano italiano a manter-se
no comando do campeonato

José Luís Abreu Com estes resultados, Gabriele Tarquini na fase inicial fez uma grande recupera- Com tudo o que se passou, Björk pro-
[email protected] tem agora três pontos de vantagem para ção, de 10º para 6º. Na 2ª corrida, triunfo grediu de 19º para 5º, demorou a passar
Yvan Muller, com Norbert Michelisz a de Tarquini, na frente de Norbert Nagy Giovanardi, e quando o conseguiu foi
OWTCR voltou a ter corridas 26 pontos do italiano. Um pouco mais (Cupra), depois de o passar logo após a atrás de Vervisch, passando a meta em
muito intensas e com mui- atrás está Yann Ehrlacher, cinco pontos partida. Depois, o italiano liderou toda a quarto, mas apenas 0.039s atrás do seu
tas lutas do princípio ao fim. atrás de Michelisz, seguido de Jean-Karl corrida, terminando com uma vantagem adversário. O wildcard Petr Fulin foi quin-
Curiosamente, e à semelhan- Vernay, Thed Björk e Pepe Oriola. de 2.150s face ao húngaro. Terceiro lugar to, na frente do segundo Alfa de Kevin
ça de Vila Real, voltou a assis- Os resultados das corridas 2 e 3 vão fi- para Yvan Muller, que terminou muito Ceccon, que se estreou na Eslováquia.
tir-se a um grande acidente, car provisórios, fruto do apelo das equi- perto de Nagy. Pepe Oriola foi quarto,
desta feita na última corrida do progra- pas Boutsen Ginion Racing e Münnich na frente do melhor Honda Civic, o de C/ C L A S S I F I C A Ç Ã O
ma, com nove carros a ficarem de fora. Motorsport, que viram os seus carros Benjamin Lessennes, e do outro Cupra, de
Causado por Gabriele Tarquini, tradu- excluídos na qualificação de sábado de- John Filippi. Na última contenda do pro- 1ª CORRIDA
ziu-se em cinco lugares de penalização vido a terem excedido o ‘boost’ (pressão grama, Norbert Michelisz dominou por
para o piloto na grelha na próxima prova. de turbo), o que sucedeu também a três completo uma corrida marcada por um POS PILOTO CARRO TEMPO/DIF.
Ao cronómetro, o fim de semana ficou Hyundai e que levou a que Yvan Muller, acidente que envolveu imensos carros,
marcado pelas primeiras vitórias do Thed Björk e Norbert Michelisz também logo na primeira volta, e que levou a que 1 PEPE ORIOLA CUPRA 11 VOLTAS
ano de Pepe Oriola e Norbert Michelisz fossem excluídos. Assim, os resultados ficassem fora de prova alguns dos prin-
e curiosamente também pelos primei- da 2ª e 3ª corrida são provisórios até que cipais protagonistas. Entre eles o líder do 2 JEAN-KARL VERNAY AUDI +1.734
ros pontos dos homens da Alfa Romeo. exista uma decisão do Tribunal de Apelo campeonato, Gabriele Tarquini, que abriu
Apesar de ter ficado fora na terceira cor- da FIA. Na 1ª corrida, Pepe Oriola venceu caminho a Yvan Muller para este ascen- 3 GABRIELE TARQUINI HYUNDAI +2.374
rida, Tarquini beneficiou com um azar de depois de suplantar Aurélien Comte, no der ao comando da competição, mas a
Yvan Muller e saiu da Eslováquia nova- Peugeot 308 TCR, e Gabriele Tarquini, verdade é que no reinício o francês do 2ª CORRIDA
mente na frente de um campeonato mui- no Hyundai i30 N TCR, com Jean-Karl Hyundai viu soltar-se uma roda do seu
to pouco previsível, e em que os sete pri- Vernay em terceiro, no Audi RS 3 LMS. carro, ficando igualmente fora de prova. POS PILOTO CARRO TEMPO/DIF.
meiros estão separados por apenas 48 Oriola construiu uma pequena vantagem Desta forma, Michelisz assegurou a sua
pontos, quase metade do que vale cada e na quinta volta a corrida foi suspensa, primeira vitória do ano, com o piloto da 1 GABRIELE TARQUINI HYUNDAI 9 VOLTAS
um dos quatro fins de semana que faltam com a entrada do safety car, mas depois BRC Racing a converter a sua pole po-
para o fim do campeonato. Portanto, ain- o espanhol manteve a liderança até final, sition num triunfo fácil, face ao Peugoet 2 NORBERT NAGY CUPRA +2.150
da muito pode suceder, numa competi- terminando com um avanço de 1.734s 308 TCR de Aurelien Comte. Logo atrás,
ção que viu injetado muito sangue novo, face a Jean-Karl Vernay. A fechar o pódio Frederic Vervisch (Audi) foi atacado fe- 3 YVAN MULLER HYUNDAI +3.354
mas em que são os veteranos que ainda ficou Tarquini, que recuperou de um mau rozmente por Thed Björk (Hyundai), que
impõem a sua experiência. início. Aurélien Comte foi quarto na frente antes teve de desenvencilhar-se do Alfa 3ª CORRIDA
de Fabrizio Giovanardi (Alfa Romeo), que Romeo Giulietta de Fabrizio Giovanardi.
POS PILOTO CARRO TEMPO/DIF.

1 NORBERT MICHELISZ HYUNDAI 11 VOLTAS

2 AURÉLIEN COMTE PEUGEOT +2.005

3 FRÉDÉRIC VERVISCH AUDI +8.273

24 CPM/
CAMPEONATO DE PORTUGAL DE MONTANHA - RAMPA DO CARAMULO

RUI RAMALHO

MAIS PRÓXIMO
DO TÍTULO

Rui Ramalho venceu a Rampa do Caramulo e
com este resultado está cada vez mais perto

do objetivo: ser campeão

José Luís Abreu Sexto da geral, Joaquim Teixeira (Seat C/ C L A S S I F I C A Ç Ã O
[email protected] Leon Eurocopa) manteve o pleno de
FOTOGRAFIA GTI/Pedro Ferreira e ZOOM vitórias na Divisão 3. Com a ausência POS. PILOTO CARRO CAT. TEMPO/DIF.
MotorSport/António Silva de Pedro C. Saraiva, coube a Parcídio 1 RUI RAMALHO OSELLA PA2000 EVO2 PROTOTIPO E2-SC 2:36.768
Summavielle impor o Renault Clio RS 2 JOSÉ CORREIA +15.506
R ui Ramalho obteve mais um nas contas da Divisão 1. 3 HÉLDER SILVA NISSAN GT-R GT3 GT GT +15.646
triunfo na Montanha e está Pela primeira vez esta época, José 4 LUÍS NUNES JUNO CN-09 PROTOTIPO E2-SC +15.978
cada vez mais perto de al- Pedro Gomes e o seu Ford Escort MKII 5 MANUEL CORREIA AUDI RS3 LMS +16.626
cançar novo título absoluto não saíram vitoriosos na sua catego- 6 JOAQUIM TEIXEIRA FORD FIESTA R5 TURISMO 4 TCR +20.505
na modalidade. O piloto da ria, tendo o piloto nortenho de conten- 7 PEDRO MARQUES SEAT LEON EUROCUP TURISMO 2 E1-FIA +22.593
PR Miniracing não teve, uma tar-se com a segunda posição final. 8 LUÍS SILVA SEAT LEON TCR TURISMO 3 TRF A +22.849
vez mais, grande oposição, naquela que O feito coube a Flávio Saínhas (Ford 9 PARCIDIO SUMMAVIELLE CITROEN DS3 R5 +32.213
é a sua quinta vitória na temporada. Escort MKI) que conseguiu finalmente 10 FERNANDO SALGUEIRO RENAULT CLIO R3 TURISMO 4 TCR +36.445
Desta feita, concluiu a prova com um materializar numa vitória o seu talen- 11 MARCO GUERRA SEAT LEON TDI TURISMO 2 E1-FIA +40.053
avanço de 15,5 segundos sobre o con- to e rapidez. E o triunfo foi duplo pois 12 JOÃO GUIMARÃES PEUGEOT 306 S16 +40.098
corrente mais direto, que acabou por venceu também na Divisão 5. 13 CARLOS SILVA PEUGEOT 206 RC TURISMO 1 A1 +41.837
ser José Correia (Nissan Nismo GT-R O pódio absoluto ficou completo pelo 14 GABRIELA CORREIA PEUGEOT 106 TURISMO 1 A1 +42.463
GT3), depois de um grande duelo com crónico vencedor da Divisão 6, Ricardo 15 PAULO RAMALHO SEAT LEON MK3 TURISMO 2 E1-C +44.807
Hélder Silva, em Juno CN-09. Loureiro, a jogar em casa aos coman- OSELLA PA21S EVO TURISMO 1 A1
Vitorioso à partida na categoria GT, dos do Ford Escort MK II do Caramulo TURISMO 2 E1-C
José Correia impôs o ‘monstro’ nipó- Racing Team. As taças nacionais re- TURISMO 3 TRF A
nico à Barchetta de Hélder Silva, fi- servadas aos carros com cilindrada PROTOTIPO CN
cando os dois separados por apenas até 1300cc premiaram Leonel Brás
130 milésimas de segundo! (Citroën AX), vencedor na TPM e
Nos Turismos, Luís Nunes e o Audi RS3 José Pedro Figueiredo, mais rápido
LMS foram os mais fortes em termos na TPCM, aos comandos do seu ha-
absolutos, terminando em 4º da geral bitual Datsun 1200. O Campeonato
e na Divisão 4, com Manuel Correia a de Portugal de Montanha JC Group
triunfar na divisão 2 e a assegurar o ruma agora novamente a norte, para
quinto posto na tabela geral da prova. a Rampa Porca de Murça.

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25

KIA PICANTO GT

TRIUNFOS
DIVIDIDOS

A estreia do Kia Picanto GT Cup na Rampa do
Caramulo foi mais um momento importante
para o troféu monomarca organizado pela CRM
Motorsport e pela Kia Portugal. Na prova este-
ve um pelotão de 18 pilotos, divididos pelos 14
Kia Picanto GT Cup.
Hugo Araújo liderou todas as sessões de sába-
do, vencendo a Corrida 1 com um tempo de
1m41,054s na subida oficial. Miguel Abrantes
também teve uma estreia em grande no Troféu,
já que o piloto de Aveiro conseguiu o segun-
do lugar absoluto e da Categoria Pro logo na
primeira experiência no Kia Picanto GT Cup,
terminando apenas a 0,396s de Hugo Araújo.
Francisco Esperto terminou no derradeiro lugar
do pódio (absoluto e categoria Pro).
A categoria Júnior foi ganha por Mariano Pires.
Leonor Espinhal também subiu ao pódio da cat-
egoria Júnior.
Depois de ter sido segundo na categoria Pro
no sábado, a apenas 0,3s do vencedor Hugo
Araújo, Miguel Abrantes, piloto de Águeda, foi o
mais rápido na derradeira subida do fim de se-
mana, triunfando na Corrida 2 e completando
uma bela estreia no Kia Picanto GT Cup.
João Miguel Santos também esteve em
destaque na Corrida 2 e apenas foi superado
por Miguel Abrantes.
O jovem Mariano Pires voltou a ser o mais rápi-
do da categoria Júnior e só terminou atrás dos
Pro, Miguel Abrantes e João Miguel Santos.
Hugo Araújo tinha sido o mais forte no sábado
e voltou a subir ao pódio da categoria Pro no
domingo, apesar de ter apanhado o asfalto
bastante molhado por ter sido um dos primei-
ros a partir para a subida oficial. O vila-realense
Francisco Marrão esteve ainda melhor do que
no sábado, aproveitando a chuva para con-
seguir o quarto lugar dos Pro, depois de no
sábado ter sido oitavo na categoria.
Uma das agradáveis surpresas da Corrida 2 foi
o estreante Francisco Esperto Jr., que partilhou
o Kia Picanto com o seu pai e que terminou no
top 5 da categoria Pro.
O jovem Rui Silva, um dos vencedores do Kia
Racing Oporttunity, subiu ao pódio da catego-
ria Júnior. O pódio da categoria Júnior ficou
completo com Guilherme dal Maso, milésimos
de segundo na frente de Leonor Espinhal.

E/26
ENTREVISTAS

CONQUMISOTRAADEAAEBURREOUPÀA
Balanço positivo, até agora, de Francisco Mora e Francisco Abreu, voos. Depois de sagrar-se bi-campeão, tivos e graças a isso conseguimos lutar
que representam Portugal no TCR Europe a continuação da sua carreira a um nível pela vitória e vencer. Até agora tem sido
internacional fazia todo o sentido. Anun- bom, tenho andado regularmente nos
Fábio Mendes numa competição com boas equipas e ciou a sua entrada no TCR Europe com 10 primeiros, mas eu não estou lá para
[email protected] bons pilotos. As prestações de Abreu têm a M1RA, equipa de Norbert Michelisz, me ficar pelo top 10. Quero mais, quero
sido muito positivas e a evolução, tanto com o competitivo Hyundai i30 N TCR. lutar por pódios e obviamente que fiquei
Depois de terem provado o seu do carro, como do piloto são evidentes: Tinha inicialmente garantida a presença contente com a vitória.”
valor nas pistas nacionais, “Começámos o ano em Paul Ricard e nas duas rondas iniciais e iria encetar
Francisco Mora, campeão na- desde essa corrida que temos subido esforços para se manter no resto do PILOTOS ADAPTARAM-SE BEM
cional em título, e Francisco de rendimento. Conhecemos cada vez campeonato.
Abreu, vencedor do TCR Ibéri- melhor o carro e vamos percebendo Mora tem estado muito bem e nas quatro A adaptação à nova realidade decorreu
co, apostaram no TCR Europe. como trabalhar ao nível das afinações. rondas em que competiu já conquistou sem problemas para Mora, já habituado
A nova competição, que veio ocupar o A evolução é clara e queremos continuar uma vitória, em Hungaroring: a competições internacionais:
espaço do ETCC, tornou-se numa pata- neste caminho. No TCR Portugal, embora “O último fim de semana foi muito bom. “Felizmente tive sempre oportunidade
mar intermédio entre os campeonatos as primeiras provas não tenham trazido Sabia que além de Paul Ricard, seria, de fazer campeonatos lá fora e por isso
nacionais e o WTCR. os resultados a que nos propusemos, nas para já, a única prova onde teria o carro a adaptação decorreu sem problemas.
Francisco Abreu apresentou no início que faltam tenho a certeza que vamos verdadeiramente competitivo devido ao Sabia que o TCR Europe ia ser muito
da época um projeto muito interessante estar fortes. O objetivo é claramente BoP. Em Paul Ricard não andei nos luga- competitivo, com muitos pilotos do TCR
com a Sports & You, de desenvolvimento correr atrás do prejuízo e queremos lutar res que queria, embora tenha estado na International e que eram opções para o
do novo 308 TCR, com o apoio da Peugeot. pelo título. No TCR Europe queremos luta pelos lugares cimeiros. Na primeira WTCR. Antecipava que ia ser uma boa
O projeto incluiu a participação no CPVT continuar a evoluir e, pessoalmente, corrida levei aquele toque que me impe- competição e está-se a confirmar, com
e TCR Europe. Uma oportunidade única quero continuar a aprendizagem que me diu de lutar por mais, mas na segunda já bons pilotos e boas equipas.”
de ajudar a desenvolver um carro para tem feito crescer como piloto.” estive mais perto dos lugares que queria. “São corridas com mais de 20 pilotos
uma marca forte, além de se mostrar Francisco Mora já tinha admitido no final Em Zandvoort e Spa era completamente em pista, todos eles com muita garra e
da época passada que queria outros impossível ter andamento para mais e isso ajuda muito a crescer”, disse Abreu.
agora em Hungaroring voltámos a ter “Estou a fazer o que mais gosto, contra
um BoP que nos permitiu ser competi- pilotos de grande qualidade. Isso faz-me
evoluir e motiva-me ainda mais para

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27

Francisco Mora e
Francisco Abreu
estão, cada um no
seu patamar atual,
a melhorar a cada
corrida que passa
no TCR Europa

obter melhores resultados. Todas as pis- piso molhado. Sabia que não ia ser fácil, nuosos tenhamos um pouco mais de neste projeto com a Sports & You:
tas são novas para nós e isso é mais um mas ainda assim consegui ser rápido nas dificuldade, mas temos vindo a aprender “Quando este projeto me foi apresentado
desafio que temos de ultrapassar e que primeiras voltas. Infelizmente os proble- e a desenvolver alguns componentes era com o objetivo de ficar a médio prazo
também nos permite crescer.” mas que tivemos não nos permitiram que tornem o carro mais competitivo. O e não faria sentido fazer apenas um ano
continuar com o mesmo andamento, carro tem apresentado alguns problemas com o carro. Tanto eu como a fantás-
EVOLUÇÃO A CADA CORRIDA que nos permitiria acabar no pódio fa- de sobreaquecimento nos travões que tica equipa da Sports&You temos um
cilmente. Conseguimos o quinto, mas estão a ser resolvidos pela Peugeot Sport. projeto de continuidade para, acima de
A necessidade aguça o engenho e este acima de tudo temos de tirar as ilações Mas temos muita margem para evoluir tudo, ganhar consistência e, com calma,
novo desafio tem permitido a esta dupla do que aconteceu e ficarmos felizes por e muito potencial.” entendermos os nossos pontos fortes
evoluir muito, graças ao contacto com continuarmos a evoluir da forma que te- Mora tem beneficiado de um carro com- para potenciarmos os mesmos. Ainda
uma nova realidade, como explicou Mora: mos feito. Isso é o mais importante neste petitivo, mas que tem sofrido muito com não deixei a minha marca. Quero mais,
“Sinto que evoluí, pois há mais compe- momento e se conseguirmos continuar as alterações no BoP. O piloto destacou as quero vitórias e é para isso que trabalho
titividade e estes pneus exigem mais a melhorar, poderemos ser competitivos virtudes do i30 N TCR: “Os pontos fortes todos os dias.”
trabalho. São pneus sensíveis, rápidos e em qualquer campeonato.” do carro são o chassis e os travões. O Mora enfrenta ainda algumas interro-
é preciso trabalhá-los bem. Em corrida, motor é bom, talvez não tão bom quanto gações, mas quer continuar a competir
tenho-me dado bem com eles, mas em A AVALIAÇÃO DAS MÁQUINAS outros, mas também está limitado pelo no TCR Europe e está determinado em
qualificação tem sido um pouco mais di- BoP. Não é o carro mais rápido em reta continuar a bater-se com os melhores:
fícil extrair todo o potencial. Na primeira 2018 tem sido um ano de novas expe- pois na corrida que venci fui penúltimo “Ainda não tenho o resto da época do
corrida do ano não tinha experiência riências, com ambos os pilotos a experi- nesse aspeto. Por isso, com este BoP, TCR garantida. Gostava de continuar a
de TCR Europe e demonstrei que era mentarem as sensações de novos carros. antevejo algumas dificuldades em pis- lutar por pódios, mas vai ser difícil. Vamos
tão rápido quanto os da frente, por isso, Para Abreu a tarefa tem sido um pouco tas mais rápidas como Monza e Assen. ver. Para o ano tentarei novamente o TCR
acho que tenho mostrado o meu valor.” diferente, com o seu feedback a ser re- Neste momento o Peugeot, o Cupra e o Europe para lutar pelo título. “
Abreu tem mostrado mais a cada corrida colhido para fazer evoluir a máquina: VW são os melhores carros pois têm Mora e Abreu têm mostrado o talento e
e isso tem-se verificado na tabela, tal “Temos boa velocidade em reta e em- o melhor BoP. O Peugeot é um grande qualidade que evidenciavam nas pistas
como fez na Hungria onde conquistou o bora seja o motor mais pequeno, tem carro, embora possa não ser tão bem nacionais. A luta entre ambos na Hungria,
melhor resultado até agora: “Na segunda ALS (Anti-Lag System) que nos dá um feito quanto algumas pessoas pensam. renhida, mas leal, mostrou que em Por-
corrida senti que estávamos fortes em boost extra. O carro em reta porta-se Na Eslováquia vimos isso com os Cupra tugal o nível é elevado, algo que ambos
piso seco, tal como tínhamos estado em muito bem, embora nos traçados si- e os Peugeot a mostrarem bom anda- afirmam de forma convicta.
mento. Os Hyundai estavam fortes pois Para já o balanço só pode ser positivo,
nas partes técnicas compensam a falta com excelentes prestações e já uma
de velocidade de ponta. “ vitória lusa. O futuro promete ser riso-
nho para esta dupla talentosa, que agora
O FUTURO começa a conquistar a Europa.
Por cá, ficamos a torcer por mais e me-
Para Abreu o futuro a médio prazo está lhor.
definido. O piloto irá continuar a trabalhar

N/28
NOTÍCIAS

DTM Gary Paffett assegurou em para fazer ultrapassagens neste
Zandvoort a sua tercei- circuito: aproveitar a ida às boxes.
GARY PAFFETT ra vitória do ano, numa Foi o que Rast fez, depois de Paffett
primeira corrida em que ter realizado uma boa partida, inicia-
SOMAESEGUE a Mercedes reservou para si da da pole position, e aproveitar para
as primeiras quatro posições. liderar até à sua paragem nas boxes.
Gary Paffett continua a sua caminhada segura para o Depois dos triunfos em Hockenheim Quando regressou estava em
título do DTM, e este fim de semana venceu mais uma e Lausitzring, o líder do campeonato segundo atrás de Rast e assim
corrida. A outra foi ganha por René Rast, piloto da Audi dilatou fortemente a sua margem,
já que o anterior segundo classi-
José Luís Abreu ficado, Edoardo Mortara, depois
[email protected] duma qualificação desastrosa
(18º), não foi além da 13ª posição.
LEIA E ACOMPANHE TODAS Paul di Resta foi segundo na
AS NOTÍCIAS EM AUTOSPORT.PT frente de Lucas Auer e Pascal
Wehrlein, que andou mui-
to tempo na segunda posição.
Na segunda corrida, Gary Paffett
só não consegui fazer frente a
René Rast, o único piloto que o
impediu de cumprir um fim de
semana perfeito em Zandvoort.
O piloto da Audi logrou vencer, uti-
lizando a melhor arma existente

PWC TCR ITÁLIA
MECÂNICATRAI JOSÉ RODRIGUES SEXTO EM MUGELLO
ÁLVARO PARENTE
José Rodrigues foi sexto na primeira constante e sem erros. Foi mais uma
Não foi fácil a passagem de Álvaro Parente um mero espectador”, afirmou desapontado o corrida do TCR Itália. O piloto de boa jornada num campeonato muito
por Portland, onde se disputou a oitava ronda português. Braga, que desta vez dividiu o volante competitivo.” Depois, César Machado,
do Pirelli World Challenge, já que o piloto luso Foi um fim de semana difícil para o portuense do Honda Civic com César Machado, partiu de terceiro, com a inversão
não participou sequer na segunda corrida do e para toda a equipa, mas Álvaro Parente já começou por arrancar no 10º lugar, da grelha para a 2ª corrida, mas as
evento. pensa no futuro. “Esperávamos chegar aqui e fruto do sexto lugar na qualificação e coisas não correram bem, já que ainda
O fim de semana não começou bem para os lutar pelo pódio, como temos feito nas últimas uma penalização que trouxe da corrida na primeira volta envolveu-se com
homens da K-PAX Racing, tendo logo na primeira corridas e de facto penso que tínhamos anterior: “Depois de um sexto lugar um Hyundai da BRC e saiu de pista
sessão de treinos-livres sofrido dificuldades andamento para isso. Mas não tivemos a sorte na qualificação, tivemos uma penalti ficando preso na gravilha quando
técnicas que impediram o piloto do Porto do nosso lado com problemas técnicos que grid de quatro lugares. Após um bom lutava pela terceira posição que tinha
e Andy Soucek de rodar. No entanto, o duo nos foram prejudicando ao longo de todo o arranque, recuperei dois lugares, mas perdido após o arranque. Azar para o
do Bentley Continental GT3 #9 contrariou a fim de semana. A equipa esteve irrepreensível, a degradação dos pneus foi tremenda piloto luso nesta sua experiência no
situação e assegurou o quinto lugar na grelha desdobrando-se para resolver todas as e por isso optei por fazer uma corrida competitivo TCR Itália.
para a primeira corrida. situações. Contudo, não havia como reparar o
Na prova de sábado, Álvaro Parente arrancou motor a tempo da segunda corrida.
bem e estava a pressionar o quarto Foi uma pena, mas agora temos de nos
classificado, mas novo problema técnico concentrar nas próximas corridas e voltar aos
acabou por levar a uma saída de pista, onde se bons resultados que, como já demonstrámos,
danificou a frente do Bentley. Devido aos danos estão ao nosso alcance”, sublinhou o
do motor, foi impossível que a máquina de português. A próxima ronda do Pirelli World
Crewe fosse recuperada a tempo da corrida de Challenge realiza-se nos próximos dias 13 a 15
domingo. “Estávamos rápidos e penso que até de Agosto, tendo como cenário o circuito de
poderíamos chegar ao pódio, mas uma questão Utah.
técnica atirou-me para fora de pista quando
negociava um ‘esse’ rápido. Nada pude fazer, fui

>> autosport.pt

29

XX SLALOM
SPRINT DE CASTELO
RODRIGO NO FIM
DE SEMANA

A cerca de uma semana da sua sorteado, entre os espetadores, o
realização, o XX Slalom Sprint de capacete de Markku Alén, autografado
Castelo Rodrigo vai este ano contar por si e pelos pilotos da prova noturna.
com a presença de Markku Alén, que O XX Slalom Sprint de Castelo Rodrigo
vai participar nas provas de sábado à promete ser uma grande edição também
noite, no Estádio Municipal de Figueira, ao nível do número de participantes, já
e de domingo à tarde, na Av. Heróis que a um mês do evento estão inscritos
de Castelo Rodrigo. Para além disso, 21 pilotos para a prova de sprint de
em ambos os dias, realiza sessões de sábado e 16 para a prova de slalom
autógrafos e fotos para todos os fãs de domingo. Assim, a organização
que desejarem. Para agradecer 20 anos espera alcançar novamente mais de 30
de presença do público, será ainda inscrições em cada dia de prova.

ficou até à bandeirada de xa- mais longe de Pafett - exceção
drez. Paul di Resta terminou logo a di Resta, terceiro. Falamos de
atrás de Paffett, com Philipp Eng Edoardo Mortara (8º), Timo Glock
em quarto e como melhor re- (10º) e Marco Wittmann (17º).
presentante dos BMW M4 DTM. No campeonato Pafett tem ago-
Augusto Farfus (BMW) foi quin- ra 148 pontos, mais 27 que Paul di
to, sendo que os homens da fren- Resta (121). Timo Glock soma 101,
te no campeonato ficaram todos Witmann, 98, e Mortara, 97.

BAJAARAGON
COM MUITOS PORTUGUESES

FÁBIO MOTA EM APRENDIZAGEM Realiza-se no próximo fim de semana em classificado, Yazeed Al-Rajhi, só fez uma
Espanha a sétima prova do FIA World Cup prova e venceu-a. Entre os grandes lobos
Fábio Mota disputou no passado fim está seguro de que os seus resultados for Cross-Country Rallies, a Baja España da Taça do Mundo vão estar também João
de semana mais uma ronda da Peugeot poderão melhorar significativamente Aragon/Teruel, um evento que conta com a Ramos (Toyota Hilux) e Ricardo Porém,
308 Racing Cup. Foi em Dijon/Prenois, já na próxima ronda da competição. “O participação de várias equipas portuguesas. com uma VW Amarok da South Racing , que
um circuito que desconhecia, e apesar pelotão é muito forte, mas já mostrei O evento integra a Taça do Mundo de deverão imiscuir-se nas lutas da frente.
dos resultados obtidos (13º e 11º), que posso estar no meio das lutas TT, competição que é liderada por Jakub Para além destes a caravana portuguesa
tirou boas ilações para o futuro nesta pelas posições entre os 10 primeiros, Przygonski, que corre na prova com um Mini completa-se com Alejandro Martins/José
competição: “Foi um fim de semana muito embora os meus adversários da X-Raid. O polaco tem 58 pontos de avanço Marques (Toyota Hilux), Ricardo Leal Santos/
complicado, com muitos episódios, tenham um conhecimento muito para o checo Martin Prokop (Ford Raptor), João Luz (Mitsubishi Lancer), Paulo Casaca/
mas foi importante perceber que estou aprofundado do carro e estejam muito depois de triunfar em três dos seis eventos Paulo Torres (Nissan Navara), Paulo Rui
competitivo e a lutar pelos lugares do ambientados aos circuitos. Penso até aqui realizados. Com cinco provas pela Ferreira/Jorge Monteiro (Toyota Hilux),
top 10, muito embora desconhecesse que tenho margem de progressão frente, está bem posicionado para vencer Luis Dias/Mário Feio (Nissan Wb01), Lino
por completo o circuito. Esta e acredito que em Magny-Cours a competição, que termina com a Baja de Carapeta/Rui António (Ranger Rover Evoque
competição é muito disputada e estar poderei apresentar os resultados a Portalegre 500. O russo Vladimir Vasilyev Proto), Nuno Corvo/Jose Martins (BMW
na luta é muito importante”, apontou o que ambiciono”, assegurou o piloto de (Toyota Hilux) é terceiro, três pontos atrás Serie 1 Proto), e na lista do campeonato
piloto de Vila Nova de Gaia. Vila Nova de Gaia. A próxima ronda da de Prokop e também ele tem hipóteses de Espanha, Margarida Sá (Suzuki Jimny) e
Fábio Mota considera que está no bom Peugeot 308 Racing Cup realiza-se em de vencer a Taça do Mundo. O quarto Filipe Videira (Bowler Wildcat).
caminho no que diz respeito à sua Magny-Cours nos próximos dias 8 e 9
evolução na Peugeot 308 Racing Cup e de setembro.

>>motosport.com.pt Alexandre Melo
[email protected]
MOTO GPALEMANHA
Em termos de emoção as últimas
O CHANCELER duas corridas de MotoGP foram
DO RING a antítese uma da outra, mas há
um ponto que as une. Esse ponto é
Pelo nono ano consecutivo Marc Márquez conquistou a pole precisamente Marc Márquez, o homem
position e o triunfo no circuito de Sachsenring, isto juntando que domina por estes dias a classe
o seu desempenho em todas as classes onde competiu. Uma maior da competição promovida pela
peculiar relação de sucesso com a sinuosa pista germânica Dorna. Seja na electrizante corrida de
Assen ou na soporífera contenda teu-
por parte do desportista espanhol mais bem sucedido por tónica o jovem de Cervera está sempre
terras alemãs nos últimos tempos. E ainda pensam em tirar colado ao primeiro lugar, como este
fosse seu por direito próprio. Caracte-
Sachsenring do calendário rística singular dos grandes campeões.
E o mais incrível é que o modo de atua-
ACOMPANHE TODA A INFORMAÇÃO ção é sempre o mesmo tal é a superiori-
DIARIAMENTE EM MOTOSPORT.COM.PT dade, nesta fase, do binómio Márquez/
Honda. A receita é saltar para a frente
da corrida no momento em que o piloto
espanhol considera ser o ideal e depois
dizer adeus à concorrência com um rit-
mo de corrida muito consistente e que

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C/ C L A S S I F I C A Ç Ã O

CORRIDA (HONDA) 41M05.019S
1º MARC MÁRQUEZ (YAMAHA) + 2.196S
2º VALENTINO ROSSI (YAMAHA) + 2.2776S
3º MAVERICK VIÑALES (DUCATI) + 3.376S
4º DANILO PETRUCCI (DUCATI) + 5.183S
5º ÁLVARO BAUTISTA
CAMPEONATO 165 PTS
1º MARC MÁRQUEZ 119 PTS
2º VALENTINO ROSSI 109 PTS
3º MAVERICK VIÑALES 88 PTS
4º ANDREA DOVIZIOSO 88 PTS
5º JOHANN ZARCO

rara é a vez que comete excessos, algo italiano foi o melhor homem da Ducati, com o seu melhor resultado do ano, até tação que permitiu ao futuro colega
que Marc melhorou muito nos últimos que não costuma dar-se muito bem ao momento. de Miguel Oliveira em MotoGP saltar
dois anos e meio. na Alemanha, e igualmente o melhor Palavra ainda para Dani Pedrosa, que para o comando deste ‘campeonato’
Em Sachsenring tudo decorreu desta piloto ao serviço de uma equipa satélite. anunciou a sua retirada do MotoGP no muito particular, onde o anterior líder
forma e Marc Márquez lá chegou ao seu ‘Petrux’ ficou na frente dos oficiais Jor- final do ano, onde já compete desde Franco Morbidelli esteve fora de acção
40º sucesso em MotoGP, 66º em todas ge Lorenzo e Andrea Dovizioso, que 2006. Em Sachsenring, como tem sido pelo segundo Grande Prémio consecu-
classes, e no seu 99º Grande Prémio. mais uma vez viram-se a contas com hábito nos últimos tempos, Pedrosa tivo, pois ressentiu-se após a primeira
Uma taxa de sucesso muito interessan- problemas de pneus, nomeadamente o viveu um fim de semana discreto e sessão de treinos livres da fractura na
te e que já permitiu a conquista de seis traseiro. Por isso é que Lorenzo liderou longe das primeiras posições, tendo mão esquerda em Assen.
títulos mundiais e por este caminho a primeira fase da corrida, mas depois visto a bandeira de xadrez em oitavo O MotoGP vai agora de férias, tendo
dará, daqui a uns meses, o sétimo título, como em outras ocasiões caiu a pique na frente de Johann Zarco, que também regresso marcado entre os dias 3 e 5
quinto na classe maior. na classificação geral vendo a bandeira tem desiludido nos últimos eventos. de agosto, altura em que disputa-se o
Quanto aos rivais vão fazendo o que de xadrez no sexto lugar na frente de Já entre os estreantes o mais forte foi Grande Prémio da República Checa no
podem para tentar contrariar o do- Dovizioso. Hafizh Syahrin na 11ª posição, pres- circuito de Brno.
mínio do espanhol. Nomeadamente a Pelo meio de Danilo Petrucci e dos pi-
Yamaha que em Sachsenring colocou lotos oficiais de Borgo Panigale ficou
os seus dois pilotos no pódio. Sinal de um surpreendente Álvaro Bautista,
consistênica por parte da casa de Iwata, também ele aos comandos de uma
mas ainda insuficiente para chegar Desmosedici GP, mas de 2017. O piloto
ao primeiro posto. Valentino Rossi foi da Ángel Nieto Team esteve muito bem
segundo e somou o quinto pódio do durante todo o fim de semana numa
ano, enquanto Maverick Viñales repetiu tentativa, bem sucedida, de mostrar
o resultado de Assen ao ser terceiro, serviço do modo a manter-se em 2019
averbando o terceiro pódio da época. no plantel de MotoGP. Apesar da tare-
Seguiu-se Danilo Petrucci, que regres- fa não estar nada fácil, são poucas as
sou aos bons resultados após o decep- vagas que restam, o piloto de Talavera
cionante abandono em Assen. O piloto de la Reina vai para as férias de verão

32 M O T O 2 ALEMANHA

>>motosport.com.pt

TONSDE LARANJA de 23 anos da nona para a 12ª posição.
A partir daí foi sempre a subir e pelo
Em mais uma corrida em modo recuperação, Miguel Oliveira aproximou-se e muito de meio o piloto, que vai estrear-se em
Francesco Bagnaia, líder do campeonato, que teve uma corrida para esquecer na Alemanha. MotoGP no próximo ano, viu dois rivais
directos a cederem. Bem se pode dizer
O piloto português foi quarto num evento onde o seu colega, Brad Binder, estreou-se a que se a primeira volta tirou, a segunda
vencer em Moto2 e também ele autor de uma interessante recuperação. Idiossincrasias da deu. Isto porque Lorenzo Baldassarri
abandonou devido a queda, enquanto
espantosa Red Bull KTM Ajo Francesco Bagnaia, na entrada da rec-
ta da meta, teve de sair de pista para
Alexandre Melo conseguidas. Daí que seja extraordinário menos de um segundo. evitar o acidentado Mattia Pasini, que
[email protected] o piloto português chegar à pausa de Um quadro que poderia assustar qual- após o final da corrida, num gesto de
verão no segundo posto do campeonato quer piloto menos habituado a este tipo cavalheirismo, dirigiu-se à boxe do
Com o desenrolar da tempora- e apenas a sete pontos do comando. de percalços, mas não Miguel Oliveira. compatriota para pedir desculpa pelo
da, que atinge agora o final da No ‘redondinho’ circuito de Sachsenring Na corrida, o piloto luso meteu mãos à sucedido. Coisas de italianos que, em
sua primeira metade, já co- as sensações nos treinos livres até foram obra e lá foi em busca do melhor resul- Sachsenring, pela primeira vez mono-
meçamos a perder a conta ao boas para o vice-campeão do mundo de tado possível. Com o modo recupera- polizaram a primeira grelha do Moto2.
número de vezes que Miguel Moto3 em 2015, mas na qualificação a ção ativado, Oliveira viu a ‘cassete’ ser Com este imbróglio, o protegido de
Oliveira tem necessitado de ‘bigorna’ voltou a cair com o 15º posto puxada atrás, ainda na primeira volta, Valentino Rossi caiu de terceiro para
em corrida corrigir qualificações menos na qualificação, onde 24 dos 32 pilotos quando um toque, na última curva, com 26º e depois com problemas na pressão
que estiveram em pista couberam em o espanhol Xavi Vierge atirou o piloto do pneu dianteiro apenas conseguiu
recuperar até ao 12º lugar, consolação
que à primeira vista parece ter valido
só quatro pontos, mas só mais lá para
frente saberemos qual a importância
desta acção.
Imune a tudo isto esteve Miguel Oliveira
que com uma KTM bem afinada foi fa-
zendo a sua corrida, sem cometer ex-
cessos desnecessários, e acabou por ver
a bandeira de xadrez no quarto lugar.

33

C/ C L A S S I F I C A Ç Ã O M O T O 3 ALEMANHA

CIMENTAR OFAVORITISMO

MOTO2 A pista de Sachsenring foi o palco campeonato, sendo o grande favorito McPhee teve de contentar-se com o
da quinta vitória do ano, em nove à conquista do ceptro mundial. terceiro posto, naquela que foi a sua
CORRIDA corridas já realizadas, para Jorge O futuro piloto da Red Bull KTM Ajo primeira aparição no pódio em 2018.
Martín. Tal como já havia sucedido em em Moto2 tem apenas sete pontos Marcos Ramírez foi quarto, enquanto
1º BRAD BINDER (KTM) 39M46.306S três dos quatro triunfos anteriores, de vantagem sobre Marco Bezzecchi, Arón Canet, que tem sido muito
+ 0.779S o piloto da Gresini conquistou a pole que foi segundo neste Grande irregular, foi o quinto.
2º JOAN MIR (KALEX) + 0.933S position e alargou o seu registo de Prémio da Alemanha, mas restam Tudo num evento onde três KTM
+ 2.143S recordista de poles na categoria, dúvidas se o italiano terá pedalada ocuparam as primeiras cinco
3º LUCA MARINI (KALEX) + 6.376S tendo já 15. para acompanhar o espanhol. Isto posições, mas foi a Honda que
Na corrida, depois de uma fase apesar de Martín já ter somado três garantiu a vitória. Nota ainda para os
4º MIGUEL OLIVEIRA (KTM) inicial muito embrulhada, como é abandonos na presente época. abandonos dos transalpinos Fabio
característica desta classe, Martín Na Alemanha, o homem de Rimini teve di Giannantonio e Enea Bastianini,
5º SAM LOWES (KTM) assumiu em definitivo o comando de suar as estopinhas para assegurar ambos por queda. Infortúnios que
no último terço da contenda para o segundo posto, pois foi muita a podem ter comprometido, de forma
CAMPEONATO assim garantir o triunfo que permite pressão de John McPhee na fase definitiva, as hipóteses dos dois
ir para a pausa de verão na frente do final da corrida. Apesar da pressão, pilotos neste campeonato.
1º FRANCESCO BAGNAIA 148 PTS

2º MIGUEL OLIVEIRA 141 PTS

3º ÁLEX MÁRQUEZ 113 PTS

4º JOAN MIR 95 PTS

5º LORENZO BALDASSARRI 93 PTS

Registo que permite a Miguel continuar C/ C L A S S I F I C A Ç Ã O
a ser, até ao momento, o único piloto da
frente do campeonato que terminou MOTO3
sempre, as nove corridas já realizadas,
entre os seis primeiros. CORRIDA
“Foi uma corrida muito difícil, mas foi
uma pena não ter conseguido chegar ao 1º JORGE MARTÍN (HONDA) 39M36.427S
grupo da frente, porque senti-me bem. + 2.515S
Queria conquistar um pódio e foi por 2º MARCO BEZZECCHI (KTM) + 2.571S
isso que lutei pela terceira posição até às + 2.936S
últimas voltas, mas ficámos um pouco 3º JOHN MCPHEE (KTM) + 3.028S
aquém. Estou muito contente com este
resultado, especialmente em termos 4º MARCOS RAMÍREZ (KTM)
da luta pelo título, porque reduzimos a
distância para o líder. Agora estamos 5º ARÓN CANET (HONDA)
a sete pontos da frente e isso dá-nos
muita motivação para continuarmos CAMPEONATO
a trabalhar quando regressarmos da
pausa de verão”, disse o futuro piloto 1º JORGE MARTÍN 130 PTS
da KTM Tech 3.
Quanto à vitória ficou nas mãos de um 2º MARCO BEZZECCHI 123 PTS
categórico Brad Binder, que tornou-se
no primeiro piloto sul-africano a vencer 3º ARÓN CANET 92 PTS
na categoria intermédia desde Kork
Ballington em 1980. Para conseguir tal 4º FABIO DI GIANNANTONIO 91 PTS
feito, Binder realizou uma corrida debai-
xo do ‘efeito Miguel Oliveira’, isto é um 5º ENEA BASTIANINI 84 PTS
exercício em recuperação. Tudo porque
o piloto, que viu o seu contrato renovado
com a KTM Ajo para 2019, partiu do 10º
lugar. No entanto, rapidamente chegou
à frente e por lá ficou. Para além dos
bons resultados da KTM Ajo, os res-
ponsáveis austríacos viram ainda Sam
Lowes ser quinto, o que permitiu à marca
de Mattighofen colocar três motos nos
cinco primeiros, algo que nunca tinha
conseguido fazer nesta temporada.
Na subida ao pódio Brad Binder teve a
companhia de Joan Mir, que já vai em
três pódios na temporada de estreia
na categoria. Já o terceiro lugar ficou
para o meio-irmão de Valentino Rossi,
Luca Marini. O piloto italiano realizou
um grande fim de semana e foi coroado
com a sua primeira subida ao pódio
em Moto2. Um desempenho que terá,
seguramente, deixado o mano mais
velho orgulhoso.

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KAWASAKI

» Z 1000 SX DE 2018

DESPORTIVA OU TURÍSTICA? A DECISÃO É SUA

Quando se idealiza uma moto para viajar imediatamente
pensamos em critérios como o conforto, a autonomia, a
polivalência e o potencial para evoluir nos diferentes tipos
de estradas e, provavelmente, também fora delas, pois a
componente off road mexe sem dúvida alguma com o nosso
imaginário e coloca-nos novos desafios que desejamos poder
enfrentar. Esta realidade associada ao aumento de oferta que
temos vindo a assistir por parte da maioria dos fabricantes
no segmento das Maxi Trail Aventureiras, tem contribuído
para um crescimento considerável em opções de modelos
neste segmento de mercado

Pedro Rocha dos Santos partido em estrada (na via pública) de ção urbana representa um fator de pé, passando assim parte do amor-
[email protected] todos os atributos e prestações que nos segurança acrescido. Muitas vezes tecimento para as nossas pernas).
proporcionam as super desportivas esquecemo-nos que no trânsito as A versão 2017/18 da Z 1000 SX evoluíu
N em todos os motociclistas de hoje em dia representa um enorme cores escuras contribuem para a nossa ligeiramente em relação ao modelo ori-
se sentem tentados pelas risco para a nossa segurança e dos “invisibilidade” junto dos automobilis- ginal de 2018 e aquilo que mais sobre-
areias do deserto, nem por demais ( para não falar nos pontos que tas e aumentam o risco de acidente. sai à vista é precisamente a sua frente,
estradões de terra e pó, so- podem desaparecer na nossa carta à A primeira Z 1000 SX foi apresenta- mais afilada e agressiva, que lhe dá um
bretudo se decidem viajar mesma velocidade), pelo que é certa- da ao mercado em 2010 e desde aí a ar mais desportivo e que transmite
acompanhados. Se o prazer mente mais recomendável explorar Kawasaki tem sabido fazer evoluir maior sensação de potência. Mas de
está na partilha e numa maior exigên- todo o seu potencial em circuito, num o modelo dotando-o de novas fun- acordo com os técnicos da Kawasaki,
cia em termos de segurança, então ou outro “track day”. cionalidades, sobretudo ao nível da paralelamente aos melhoramentos na
viajar por estrada pode ser na mesma Assim sendo talvez as Sport Tourers eletrónica, melhorando ainda mais estética e no desempenho desportivo,
entusiasmante, e sem se abdicar da sejam a opção mais lógica e ponderada uma moto já de si perfeita. existem também evoluções na com-
componente de desafio e aventura, para quem gosta de andar rápido, com A posição de condução é exemplar, ponente “Touring”.
desde que para isso possamos “api- segurança e conforto, no dia a dia ou ligeiramente sobre a frente mas não O banco é bastante mais confortável e
mentar” o trajeto com uma condução em viagem, só ou acompanhado, sem em demasia, o suficiente para termos baixo - tem apenas 815mm - e permite
mais desportiva. exigir o desconforto ao pendura que se as nossas costas numa posição reta ter um contacto perfeito dos nossos
E é aí que surge um segmento espe- sente numa super desportiva. mas sem a carga nos punhos ou na pés com o chão, quando parados, e
cífico, quase esquecido, das motos Inspirados por este pensamento re- própria coluna, pois ao estarmos ligei- uma sensação acrescida de segurança.
de Turismo Desportivas, preparadas solvemos testar um dos expoentes ramente abraçados à Z 1000 qualquer O banco do pendura também sofreu
para proporcionar longos Kms de máximos deste segmento, a Kawasaki impacto proveniente de mau piso não alterações, montando agora pegas
prazer e segurança com capacidade Z 1000 SX, e comprovar todos os prin- se reflete diretamente na nossa coluna, laterais de design diferente, mais em
para, nos percursos de estrada mais cípios que apontámos anteriormente. mas faz com que a mesma se flita num linha com a personalidade desportiva
sinuosos, fazer despertar um extra Cedida gentilmente pela Rame Moto, movimento natural de amortecimento da moto.
de adrenalina . concessionário oficial da marca em ( muito importante este pormenor pois O painel de informação foi totalmente
As motos super desportivas conti- Lisboa, a Z 1000 SX é uma moto impo- numa posição mais vertical, como nas redesenhado de forma a proporcionar
nuam a evoluir, sobretudo com toda a nente que na cor sua verde esmeralda, Adventure Tourers, os impactos fazem uma leitura mais rápida e fácil de toda
eletrónica que permite “domar” toda a para além de fazer tributo à cor insti- impactar as vértebras da nossa coluna, a informação, embora em ambientes
potência dos motores e transformá-la tucional da marca, acaba por marcar umas contra as outras, obrigando a que de luz do dia intensa a leitura fique di-
em desempenho efetivo na sua con- também de forma impactante a nossa muitas vezes a pilotagem em pisos ficultada. Os faróis são agora de tecno-
dução. No entanto, penso que tirar presença, realidade que em circula- maus, ou fora de estrada, se faça de logia LED e os piscas de formato mais

35

apelativo e integrado. O écrã frontal é As suspensões proporcionam uma
facilmente ajustável em três posições leitura correta da estrada, mantendo
distintas, mesmo em andamento, em- um máximo de aderência dos pneus
bora exija as duas mãos, sendo 15 mm e incluem agora “Cornering ABS” ,
mais alto que o anterior. Interessante funcionalidade que em curva atua
verificar que as diferentes posições do sobre o motor, o controlo de tração e o
pára-brisas conferem “looks” diferen- ABS, aumentando assim a segurança
tes à Z 1000 SX, sendo que a posição em curva tanto em travagem como
mais baixa a torna mais “desportiva”. em aceleração.
A posição mais alta protege melhor Os travões foram também alvo de
do vento, como seria de esperar, mas evolução. Montam agora dois discos
da chuva também, como pudemos semi-flutuantes com recorte em pé-
comprovar quando a meio do teste tala, de 300 mm, e com pinças radiais
começou a chover e levantámos o écrã de quatro pistons na dianteira. Já na
para a posição mais alta e verificámos roda traseira o disco é de 250 mm e a
que o efeito que produzia na condução pinça de apenas um piston. Apesar do
do ar fazia com que a chuva passasse peso, agora de 235 kg, mais 4 kg que o
por cima do nosso corpo e capacete. modelo anterior, a travagem é exem-
Os espelhos proporcionam uma visão plar, efetiva e de enorme sensibilidade,
correta do que se passa atrás, sem inclusivé utilizando apenas dois dedos.
grande vibração nem distorção da O motor é o mesmo tetracilíndrico que
imagem, embora sejam ligeiramente montava a unidade original de 2010
mais largos em 20 mm que os ante- - 1.043cc, a debitar 138 cv e com um
riores, o que dificulta um pouco mais binário de 100 Nm - um quatro cilindros
a passagem entre carros em situações em linha cheio de binário a baixa a
de trânsito parado. A Z 1000 SX é uma proporcionar subidas de regime com
moto compata e confortável, fácil de enorme facilidade, mesmo a circular
manobrar a baixa velocidade graças a em 6ª velocidade e a fazer com que
uma distância entre eixos mais curta
que a anterior e a um equilíbrio bem
conseguido na distribuição de massas.

36

>>motosport.com.pt

procuremos constantemente pela 7ª e te ajustáveis no guiador. O nível 1 é o 100 cv. Não inclui “quick shift” nem sobretudo com o écrã na posição mais
8ª velocidades. Em 5ª relação a abran- menos intrusivo e dizem que inclusiva- “cruise control” mas a caixa é muito alta. A posição de condução é imen-
gência é de tal forma grande que quase mente permite realizar “cavalinhos” de precisa e as passagens nas subidas de samente confortável. Apenas um pe-
parece que estamos numa moto de acelerador. O nível dois é intermédio e regime fazem-se quase sem necessi- queno reparo a um pouco de vibração
caixa automática (tipo Maxi Scooter), o três para condições de piso molhado, dade de embraiagem apesar da mesma que sentimos no assento e que a uma
pois a Z1000 vai dos 20 km/h aos 200 escorregadio ou chuva. Inclui ainda ser super leve, o que no trânsito e no determinada rotação do motor provoca
km/h sempre em 5ª velocidade. dois mapas de motor um dos quais pára arranca resulta numa enorme um ligeiro formigueiro. Em curva é
A nível da eletrónica a Z 1000 SX inclui aconselhado para condução à chuva mais valia. Aliás a embraiagem para perfeita e neutra, de tal forma que
3 níveis de controle de tração facilmen- pois corta a potência da moto para os além de assistida é também deslizante, ficamos a pensar que comportamento
o que torna a condução mais agradável teria em pista num qualquer “track
CONCORRÊNCIA YAMAHA FJR 1300 A - 1298 CC e segura, suavizando o binário da SX. day”. Esta é uma proposta que pro-
Em estrada aberta a Z 1000 SX mostra porciona um enorme prazer quando
BMW R 1200 RS - 1170 CC 146.2 CV todos os seus atributos de Sport Tourer “puxamos” pelas suas credenciais
e o seu desempenho é exemplar, com desportivas.
125 CV POTÊNCIA potência sempre disponível para con- Em conclusão, a Kawasaki Z 1000 SX
cretizar rápidas ultrapassagens sem é a moto perfeita para quem goste de
POTÊNCIA 296 KG necessidade de passar caixa, com chegar rápido aos seu destino; para
proteção aerodinâmica adequada , quem queira uma moto versátil, quer
236 KG PESO para o dia a dia, quer para viagens a
SUZUKI GSX FA 1000 ABS - 1000 CC solo ou acompanhado, com um ní-
PESO 15 995€ vel de conforto acima da média , com
N.D. CV um desempenho desportivo sempre
14 968€ PREÇO BASE pronto a ser explorado e com níveis de
POTÊNCIA segurança acrescidos graças à inclu-
PREÇO BASE são de eletrónica atual que controla
228 KG travagem e aceleração e a adaptação
a diferentes condiços de circulação.
PESO Para que a Kawasaki Z 1000 SX se
possa adaptar totalmente aos vossos
13 399€ requisitos de utilização a marca tem de
catálogo três modelos diferentes. A Z
PREÇO BASE 1000 SX dita normal, que foi a versão
que testámos, a Z 1000 SX Tourer que
inclui malas laterais à cor da moto
com sacos interiores e suporte es-
pecial para GPS, e, finalmente, uma
versão Performance, mais desportiva,
que inclui escape especial Akrapovic,
proteção de depósito em gel, tampa de
banco do pendura e ecrã desportivo
especial.

37

CORES FT/ F I C H A T É C N I C A

A KAWASAKI Z 1000 SX ESTÁ 1 043 CC
DISPONÍVEIS EM 3 CORES
DISTINTAS : ( EXTENSÍVEL CILINDRADA
AOS 3 MODELOS REFERIDOS
NO TEXTO ) 138 CV

EMERALD BLAZED GREEN POTÊNCIA
/ METALIC CARBON GRAY /
METALLIC GRAPHITE GRAY 19 L

METALLIC SPARK BLACK / DEPÓSITO
METALLIC GRAPHITE GRAY
228 KG
METALLIC MATTE FUSION
SILVER / METALLIC FLAT PESO
SPARK BLACK
14 590€

PREÇO BASE

MOTOR TETRACILÍNDRICO EM LINHA, REFRIGERAÇÃO
LÍQUIDA, 4 TEMPOS, 4 VÁLVULASPOR CILINDRO
POTÊNCIA MÁX. 138 CV 9.600 RPM BINÁRIO
MÁX. 110 NM 7.800 RPM EMBRAIAGEM ASSISTIDA
E DESLISANTE, MULTI DISCO EM BANHO DE ÓLEO,
HIDRAULICA ALIMENTAÇÃO INJEÇÃO ELE. CAIXA VEL
6 VEL. QUADRO ALUMÍNIO DIAGONAL SUSPENSÃO
DIANTEIRA UP SIDE DOWN CURSO 120 MM
SUSPENSÃO TRASEIRA MONO AMORTECEDOR
AJUSTÁVEL POSIÇÃO HORIZONTAL CURSO 138MM
TRAVÕES DIANTEIROS DISCOS DE 300 MM SEMI
FLUTUANTE E PINÇAS RADIAIS 4 PISTONS COM ABS
TRAVÕES TRASEIROS DISCO DE 250 MM PINÇA DE 1
PISTON COM ABS PNEU DIANTEIRO 120/70-17 JANTES
EM LIGA PNEU TRASEIRO 190/50-17 JANTES EM LIGA
BATERIA 12 V, BAH VRLA LUZES DIANTEIRAS FULL
LED LUZES TRASEIRA FULL LED PAINEL INFO DIGITAL
CONTROLE TRAÇÃO SIM 3 NÍVEIS RIDE BY WIRE
SIM MODOS DE MOTOR SIM 2 MODOS OUTROS ABS
EM CURVA COMPRIMENTO 2105 MM LARGURA 790
MM ALTURA 1170 MM DISTÂNCIA ENTRE EIXOS 1445
MM DISTÂNCIA AO SOLO 135 MM ALTURA DO BANCO
820MM RESERVA N.D. CONSUMOS N.D. NORMA
EMISSÕES EURO 4

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CHICOSERRA Guilherme Ribeiro
O HERDEIRO [email protected]
DE FITTIPALDI OTOGRAFIA AutoSport; Romain Moorman
e John Millar_Flickr
No final dos anos 70, dois pilotos brasileiros vieram para
a Europa, mais concretamente para Inglaterra, para tentar Na verdade, desde finais dos
anos 60 que o Brasil vinha gra-
a sua sorte no desporto motorizado e chegar à Fórmula dualmente ganhando lugar na
1, depois do enorme sucesso conseguido na sua terra Europa, graças a pilotos como
Emerson Fittipaldi e Carlos
natal. Um, Nelson Piquet, foi tricampeão do mundo, e é Pace, entre outros. No entan-
considerado um dos melhores pilotos de sempre. Outro, to, ainda era bastante difícil atravessar
o Atlântico, encontrar uma equipa em
Chico Serra, ficou esquecido… Inglaterra – a Meca do desporto motori-

CONHEÇA ESTA E MUITAS
OUTRAS HISTÓRIAS EM AUTOSPORT.PT

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zado – e estabelecer-se num mundo tão dos protegidos dos Fittipaldi na década de se no desporto motorizado, começando Uma das grandes vantagens de Chico nos
diferente. O próprio Ayrton Senna recorda 70, conseguissem singrar na Europa. No a correr nos karts no início da sua adoles- seus primeiros dias como piloto era a sua
as dificuldades dos seus primeiros meses entanto, quando Nelson Piquet e Chico cência. Naturalmente sobredotado, Serra mãe, que trabalhava como relações pú-
em Inglaterra, o choque da língua, cultu- Serra chegaram à Europa na segunda acumulou títulos nas categorias inferio- blicas. Deste modo, o jovem Serra sempre
ra e do clima. Quando os irmãos Fittipaldi metade da década de 70 para competir na res e, quando chegou ao escalão princi- teve um grande apoio familiar – ao contrá-
lançaram a Copersucar-Fittipaldi em 1975, F3 Inglesa, o Brasil estava perto de conse- pal daquela pujante disciplina no Brasil, rio de Piquet – e, ao mesmo tempo, uma
pretendiam criar uma equipa que, além guir uma geração de ouro. Viria a conse- não demorou a assegurar o Campeonato pessoa capaz de promover ativamente
de dar luta pelos primeiros lugares com gui-lo, mas Serra, infelizmente, não faria Paulista por três vezes, culminando com a sua carreira desde tenra idade, contri-
Emerson (que deixou a McLaren pelo parte dela, por muito talento que tivesse. o título nacional em 1976. Havia um jovem, buindo para atrair sponsors e arranjar o
novo projeto em 1976), formasse também também ele paulista, que corria então necessário financiamento para a campa-
jovens talentos brasileiros. No entanto, a SUBIDA METEÓRICA nas categorias inferiores e admirava pro- nha inglesa. Mas antes disso, ainda no seu
lenta evolução da equipa e os crónicos Francisco Adolpho “Chico” Serra nasceu fundamente Chico Serra, considerando- ano de ouro de 1976, Chico, aos 20 anos,
problemas financeiros levaram a que nem em São Paulo a 3 de fevereiro de 1957 e -o o seu ídolo local. Chamava-se Ayrton decidiu passar para os monolugares, ali-
Ingo Hoffmann nem Alex Dias Ribeiro, dois desde muito cedo demonstrou interes- Senna da Silva. nhando no campeonato local e nacional

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de Fórmula VW, o equivalente à popular 4 Racing, uma das melhores equipas de F3 minou em terceiro nos dois campeonatos, Fórmula 2, precisamente ao lado do seu
Fórmula Vee Europeia. Como seria de à data. Deste modo, o piloto iria disputar ainda assim empatado com Warwick no maior rival em 1979, o então muitíssimo
esperar, o jovem piloto dominou à von- os dois campeonatos de F3 Inglesa então Campeonato BARC, com 72 pontos (vi- promissor Andrea de Cesaris – que ainda
tade os dois campeonatos e venceu os existentes com um March 783-Toyota. E, tórias em Oulton Park, Brands Hatch e não tinha a fama de destruidor de carros.
prestigiados títulos contra os melhores de imediato, a imprensa brasileira previu Thruxton) e com 78 no BRDC Vandervell No entanto, o March 802-BMW, tanto os
pilotos do Brasil, e no final da época co- um duelo de titãs… Piquet contra Serra. (vitória em Silverstone). oficiais como os das melhores equipas
meçou a planear a sua deslocação para Ironicamente, graças ao seu jeito bem con- Ajuizadamente, Chico optou por continuar privadas, não tinham andamento para os
correr em Inglaterra. troverso de lidar com os média, Piquet era mais um ano na F3 Inglesa, agora com um Toleman, e a época não lhe correu particu-
Apesar do seu enorme talento, só foi pos- o menos apoiado nesta luta! As primeiras campeonato unificado, cimentando as larmente bem. Até que dois quartos luga-
sível para o piloto assegurar tão depressa provas não tardaram a evidenciar que a suas enormes capacidades e entrando na res nas duas primeiras rondas da época,
um bom volante na Fórmula Ford 1600 luta pelos dois títulos seria entre os dois pi- luta pelo título de 1979. Na verdade, ape- Thruxton e Hockenheim, deixavam an-
porque os apoios que trazia do Brasil eram lotos brasileiros e o inglês Derek Warwick. sar das pressões de Andrea de Cesaris e tever uma boa temporada. Mas, a partir
bastante bons, bem melhores do que mui- No campeonato BRDC Vandervell, após Mike Thackwell, Serra teve o campeona- daí, as performances foram decaindo. Sem
tos dos seus compatriotas. Mas não se jul- dois pódios nas duas primeiras provas, to controlado durante quase toda a época. conhecer os circuitos e com um carro no-
gue que Serra só ganhou o lugar ao volante Serra estreou-se a vencer na terceira Estreou-se a vencer na primeira ronda, toriamente difícil de afinar, Serra somou
de um Van Diemen de fábrica por causa do ronda, em Silverstone, enquanto no mais em Silverstone, seguindo-se Snetterton, vários abandonos e resultados pouco dig-
dinheiro. É que, apesar de não falar uma prestigiado BARC Forward Trust, a estreia Donington, Mallory Park e Silverstone de nos do seu talento, muitas vezes errando
palavra de inglês e não conhecer as pis- chegou à quarta prova, em Oulton Park. novo. Tendo em conta que o brasileiro foi ao forçar a máquina mais do que devia
tas, Serra e o seu Van Diemen RF77 domi- Infelizmente, quando estava bem enca- mais oito vezes ao pódio, demonstrando para tentar mostrar serviço. Só no final da
naram de forma magistral o campeonato minhado na luta com Piquet e Warwick uma enorme regularidade e capacidade época é que voltou aos pontos, com novo
Townsend Thoresen, vencendo nove das – embora estes dispusessem nitidamen- de gestão de uma liderança, além de oito quarto lugar em Zandvoort, terminando
22 provas e, como coroa de glória, asse- te de uma melhor combinação chassis/ poles positions e quatro voltas mais rá- a época em 10º, com nove pontos, contra
gurando uma vitória também ela muito motor, com os Ralt-Toyota – Serra so- pidas, não restam grandes dúvidas sobre os 28 de de Cesaris, um dos melhores ho-
convincente no Formula Ford Festival em freu um violento acidente numa sessão o merecido título que Serra ganhou no mens a domar o March 802. Deste modo,
Brands Hatch. Em resumo, primeiro ano de testes em Mallory Park que o afastou final da época, além de um terceiro lugar não é difícil perceber como é que Andrea,
na Europa, domínio arrasador. durante algumas rondas, impedindo-o no G.P. do Mónaco de F3, a prova-rainha em 1981, estava na Fórmula 1, depois da
de lutar pelos títulos. Olhando para trás, da categoria. fusão entre a McLaren e a Project Four.
DAR NAS VISTAS seria difícil a Serra consegui-los, mas es- Ron Dennis estava mesmo entusiasmado Por muitas liras que levasse, a carreira nas
tava bem lançado para dar luta quando o com o jovem prodígio brasileiro, e em 1980 fórmulas de promoção de de Cesaris era
As performances de Chico Serra atraíram acidente ocorreu. Deste modo, Serra ter- contratou-o para a equipa Project Four de quase imaculada, e ele mereceu o lugar.
a atenção de Ron Dennis, dono da Project

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UMA CARGA DE TRABALHOS “saíram ao lado” por parte do conceituado
engenheiro inglês. Este ainda trabalhou
Mesmo tendo uma temporada cinzenta numa evolução do chassis, o F8C, para
na Fórmula 2, o que recomendava mais ser usado desde o início da temporada de
um aninho naquela categoria – e pen- 1981, mas estava de partida para a Ferrari.
so que não seria difícil para um piloto da E, como muitas vezes se diz, o que nasce
sua craveira arranjar um bom volante – torto morre torto, e pouco ou nada havia
Chico Serra foi aproximado por Emerson a fazer com um chassis cuja raiz não era,
Fittipaldi, que via nele um possível candi- decididamente, boa. A temporada ainda
dato a herdar o seu lugar na sua equipa. começou bem para o estreante que, de-
Na verdade, a Fittipaldi nunca tinha cres- pois de ter terminado em nono na África
cido como havia sido previsto pelos dois do Sul (prova que perderia o estatuto no
irmãos, e muito menos do que a imprensa Campeonato devido ao boicote da FISA),
e os patrocinadores brasileiros espera- foi sétimo no G.P. dos EUA-Long Beach.
vam, o que levou à retirada do apoio da Porém, a partir daí, começaram os re-
Copersucar no final de 1979. Por sua vez, correntes abandonos, e até algumas não
depois da fusão com a Wolf no início de qualificações. A equipa não conseguia en-
1980, os resultados voltaram a não apare- tender quais as melhores borrachas para
cer e a cervejeira Skol também abandonou usar, e usou pneus da Michelin, Pirelli e
o barco, ao mesmo tempo que Emerson Avon, chegando a correr com marcas
Fittipaldi estava cada vez mais frustrado. diferentes no mesmo carro. Perante uma
Tendo deixado a McLaren nos seus dias situação de tal forma caótica, aliada à fal-
de glória para correr pelo projeto fami- ta de desenvolvimento do monolugar por
liar, Emerson, um bicampeão do mundo, falta de dinheiro (aliás, ausentaram-se do
estava cada vez mais desiludido com os G.P. da Holanda… por falta de peças), não
resultados (ou a falta deles) e, no final de é surpreendente que Serra e Rosberg ra-
1980, anunciou a sua retirada, depois de ramente se tenham qualificado para as
(mais) um ano completamente frustran- provas na segunda metade da época. Se,
te, para se dedicar à gestão da equipa. E o nos treinos, Keke mostrou ser mais rápi-
escolhido para o lugar, ao lado de um pro- do, também é verdade que os tempos de
missor finlandês chamado Keke Rosberg Serra foram consistentemente melho-
foi… Chico Serra! rando e foi-se aproximando do seu colega
Aos 24 anos, Serra estrava-se assim no de equipa até ao final da temporada, sem
grande mundo da Fórmula 1, ao volante dúvida uma boa época de aprendizagem
do Fittipaldi 8C-Cosworth. No entanto, para o estreante brasileiro.
eram nítidas as dificuldades da forma- No entanto, pela primeira vez na sua his-
ção, a começar pelos sponsors cada vez tória, a Fittipaldi tinha terminado a época
mais pequenos, e a acabar no chassis F8, a zero, e estava cada vez mais difícil ga-
desenhado por Harvey Postlethwaite – rantir patrocínios. Rosberg partira para a
sem dúvida, um dos raros projetos que Williams para substituir Alan Jones, por
isso a equipa brasileira continuou apenas
com um carro para Serra. Anteviam-se
mais dificuldades para todos, porque a
escuderia só teve recursos para evoluir o
chassis de 1980, já que um potencial spon-
sor principal falhou o seu compromisso.
Foi, assim, com um datado Fittipaldi F8D-
Cosworth, que Serra iniciou a sua segunda
temporada na Fórmula 1 e, como seria de
esperar, o carro estava constantemente
pelo fundo da tabela, mesmo se, em geral,
Chico conseguia qualificá-lo. E, no trági-
co fim de semana de Zolder, o brasileiro
conseguiu o seu único ponto e o último da
Fittipaldi quando terminou em sexto o G.P.
da Bélgica – lugar apenas conseguido pela
desclassificação de Niki Lauda do 3º lugar
– mas todas as esperanças estavam já no
último recurso da equipa, já que Emerson
Fittipaldi havia usado o dinheiro restante
para encomendar um novo monolugar a
Ricardo Divila. Claro está que, com pouco
financiamento, o projeto atrasou muito,
e o Fittipaldi F9-Cosworth apenas viu a
luz do dia já na segunda metade da épo-
ca, estreando-se no G.P. de França com…
uma não-qualificação. Agora, havia carro,
mas ainda menos dinheiro, e os últimos

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meses da equipa Fittipaldi foram passa- sempre no top-10, não muito distante dos seus dias na competição mas a tripla abandonou. Em 1984, Serra
dos entre exibições desastrosas e alguns pontos. Só que a equipa de Milton Keynes estavam acabados… equacionou várias hipóteses, mas deba-
resultados promissores, como um sétimo já olhava para outros nomes, e no G.P. tia-se já com uma enorme falta de apoios,
lugar na Áustria, aproveitando as comuns dos EUA-Long Beach optou por afastar UMA LENDA NO BRASIL e correu muito ocasionalmente no Brasil
quebras dos carros turbo. No entanto, era temporariamente Serra para dar uma nesse ano e na temporada seguinte. Ainda
tarde demais para salvar a equipa, que oportunidade a Alan Jones de regressar Chico Serra tinha vencido, de olho nos monolugares, em 1985 Chico
fechou portas no final de 1982. à Fórmula 1. Infelizmente, o australiano em 1981, as conceituadas conseguiu budget para correr em Portland
estava longe da sua forma física ideal e a Mil Milhas Brasileiras em
CHUTADO PARA CANTO experiência ficou por aí, tendo competi- Interlagos, acompanhado
do ocasionalmente na Endurance antes pelos irmãos Giaffone ao
Na Fórmula 1 é fácil ser-se esquecido. Um de regressar à Austrália, e Serra reto- volante de um Chevrolet
piloto genial que não produza resultados mou o lugar mas, em vésperas do G.P. da Opala. Ocenáriodosturis-
passa facilmente “de bestial a besta”, ou Bélgica, a equipa decidiu substituí-lo por mos e stock-cars no Brasil
é, pura e simplesmente, “chutado para Thierry Boutsen naquela prova. O jovem ganhavacadavezmaispo-
canto”. Os patrocinadores de Chico Serra belga vinha com um excelente palma- pularidade e profissionali-
tambémjánãoestavamdispostosaentrar rés da F2 e já se destacava bastante na zou-se muito depressa na
com os mesmos valores para segurar um Endurance e, melhor do que isso, tinha década de 80. Viria a ser aí
lugar numa equipa de F1 que dificilmente um avultadíssimo pacote de sponsors que muitos antigos pilotos
seria competitiva, mas ainda assim Serra belgas. Conseguindo uma rápida adap- brasileiros encontrariam
conseguiu um lugar na Arrows, ao lado do tação ao Arrows A6-Cosworth, a equipa um nicho para continuar a
promissor Marc Surer, mesmo não tendo decidiu assinar com Boutsen até ao final competir, depois de falhadas, pelos mais
garantias de competir a época inteira. O da temporada, afastando definitivamen- diversos motivos, as suas ambições eu-
pior é que Chico não conseguiu um gran- te Serra, que não conseguiu arranjar ne- ropeias. Quanto a Serra, no final de 1983
de impacto nas primeiras provas, sendo nhum volante em 1983. Na verdade, de- ainda deu uma “perninha” na Endurance,
batido pelo suíço, que iniciou a época nos pois de fazer alguma prospeção em 1984, alinhando ao volante de um Porsche 956
pontos. Não que Serra andasse mal, aliás, o ainda jovem brasileiro percebeu que os da Joest nos 1000 Km de Kyalami, parti-
das quatro provas que fez, terminou três, lhado com Stefan Johansson e Bob Wollek,

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no campeonato CART ao volante de um goria no início dos anos 80. Serra voltou mas foi derrotado por Hoffmann, e a partir morou a tornar-se um dos melhores pilo-
Theodore T83-Cosworth oficial, mas o a ser segundo em 1990, ano em que fez daqui os resultados começaram gradual- tos de GT e Stock Cars locais, progredindo
carro era desesperadamente lento e frá- igual posição nas Mil Milhas Brasileiras, mente a decair, só vencendo uma prova para os campeonatos IMSA e WEC, aonde
gil, e Serra desistiu cedo com o motor e quarto em 1991, tendo regressado aos em 2003, ano em que fez sexto no cam- venceu em 2017 as 24h de Le Mans nos
quebrado. monolugares em 1992 na Fórmula Fiat peonato, e outra, a sua última, em 2006. GTE com a Aston Martin, tendo este ano
A partir daqui o piloto convenceu-se que Brasileira, conquistando um quinto lu- Em 2007, com as Mil Milhas Brasileiras a regressado à AF Corse.
o futuro estava no regresso definitivo ao gar final e uma vitória, e demonstrando contar para a Le Mans Series – o percur- Quanto a Chico, ainda disputou ocasio-
Brasil. Depois de provas ocasionais de a todos que ainda não estava acabado sor do WEC – Serra correu com um Ferrari nalmente provas de GT e Stock Cars nesta
turismos e troféus monomarca, Serra para os monolugares. No entanto, o que F340 da JMB Racing, ao lado do seu filho década, principalmente nos eventos mais
mudou-se para a Stock Car Brasileira ele mais queria era bater Hoffmann (e os Daniel e de Francisco Longo, terminando badalados do Brasil, mas a sua carrei-
em 1986. Se nas duas primeiras tempo- outros) para o título da Stock Cars, mas em 13º e sexto na categoria GT2. Nessa al- ra como profissional acabou, na verda-
radas completas os resultados tardaram as épocas seguintes foram amargas, só tura, além da idade já pesar – apesar de o de, em 2010.
a aparecer, em 1988 começou a ver-se de voltando aos bons resultados com um campeonato ser, geralmente, dominado Como em tantas carreiras que já passa-
novo o “velho” Chico Serra, já totalmente sétimo lugar final no campeonato em por veteranos – Serra tinha outras preo- ram por estas páginas, o talento e o di-
adaptado aos novos carros, em perfeita 1995 e um sexto em 1997. Já nos 40 anos, cupações, porque o seu jovem filho Daniel, nheiro nem sempre chegam. Aliás, acho
condição física e pleno de virtuosismo, Serra perseverou e em 1998 foi quarto, re- que desde o início havia demonstrado in- que existe um fator ainda mais determi-
apostando na sua enorme consistên- gressando finalmente às vitórias. Mal ele teresse pelo desporto motorizado, tinha nante, a oportunidade. Sem esta, não há
cia para lutar pelo título até bem perto sabia que o melhor estava para vir. Com ambições internacionais, e Chico come- nada que valha para um piloto se guin-
do fim, e vencendo a sua primeira prova. o seu Chevrolet Vectra pintado no negro çou a investir na carreira do seu rebento. dar aos lugares mais altos da sua disci-
Em 1989, Serra conseguiu cinco vitórias da Texaco e inscrito pela WB Motorpsort, Ainda assim, correu na Fórmula Truck em plina. Serra tinha tudo para ser um piloto
em 10 provas, mas viu, mais uma vez, o Serra foi finalmente campeão em 1999, 2008, e em 2009 e 2010 fez o Campeonato bem-sucedido na F1, no WSC/WEC ou na
campeonato escapar-lhe por uma unha com sete vitórias em 20 provas, seguin- Brasileiro de GT com um Lamborghini CART, mas não teve as melhores oportu-
negra. Aliás, o seu grande rival era um tal do-se novos títulos em 2000 (seis vitó- Gallardo, terminando regularmente nos nidades. Ainda assim, tornou-se rapida-
de… Ingo Hoffmann, velho protegido de rias em 15 provas) e 2001 (cinco vitórias pontos. No final do ano abandonou as mente numa celebridade no Brasil e, as-
Fittipaldi, e que tinha deixado a Europa em 12 provas). competições para se dedicar a full-time sumidamente, um dos melhores pilotos
para ser o grande dominador da cate- Em 2002 ainda venceu quatro provas, à gestão da carreira do filho, que não de- de sempre nos Stock Cars.

+44

HONDA Filipe Pinto Mesquita de asa traseira). E não há dúvida que a
[email protected] interpretação da Honda de um sedan dos
» CIVIC 1.5 MT SEDAN EXECUTIVE temposmodernosésuficientementearro-
Podenãoserapenasporisso,mas jada para suscitar curiosidade no trânsito,
DIPLOMATICAMENTE CORRETO OU… ALGO MAIS! ao dar vida ao Civic com uma sem chegar ao radicalismo de design do
carroçaria de berlina, a Honda último Toyota Prius!
Para os indefetíveis apreciadores de berlinas, a Honda quis “piscar o olho” aos fãs do Quem optar pelo Civic “vestido” de ber-
“travestiu” o Civic oferecendo-lhe uma generosa antigo Accord. Com um design lina, será também porque terá maiores
moderno com linhas muito fluí- expetativas relativamente ao espaço
bagageira. Um Civic com mala soa mal? Não, exatamente. das, que assentam numa traseira clara- interior, sobretudo, no que à capacidade
É apenas estranho, nos primeiros momentos. Mas o mente descendente e prolongada, o Civic da bagageira se refere. Neste ponto, os
Sedan está longe de ser uma cópia do 519 litros de volume auferidos são mais
energético motor 1.5 turbo (182 cv) ajuda a esquecer que o irmão “Civic” de dois volumes, a quem foi valia em relação aos 478 litros do Civic
Civic de quatro portas não é para “cotas” apenas acrescentado mais um terceiro “tradicional”, ainda que o acesso e a ver-
volume de mala. As diferenças começam satilidade saiam a perder. No habitáculo,
LEIA MAIS ENSAIOS E ACOMPANHE na fita métrica (o Sedan tem mais 130 mm o espaço abunda, elogio que se prolonga
TODAS AS NOVIDADES EM AUTOSPORT.PT de comprimento e é mais baixo 18 mm, para os lugares traseiros (só o espaço
mantendo a largura), mas encontram-se para os joelhos aumentou 55 mm), com
aqui e ali, na configuração da carroçaria. a solução de regulação destes assentos a
Por um lado, na secção dianteira (desenho ajudar a definir melhor ainda o conforto.
menos agressivo das tomadas de ar e Destaque merece o espaço de arrumação
rebordo cromado de uma ponta à outra), da consola que fica entre os dois bancos
mas também notado a nível lateral (com dianteiros, com dois níveis, bem como o da
pequeno terceiro vidro) e atrás (ausência consola central inferior, apto para receber

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45

FT/ F I C H A T É C N I C A

e carregar por indução um smartphone 1.5 / 182 CV nico uma postura deveras equilibrada. dução” que, mais do que estar na moda,
(num privilégio desta versão Executive). Em qualquer regime (mas sobretudo permite adaptar a condução ao estado
Em termos de equipamento, não há, de GASOLINA nos intermédios), os 1279 kg são ágeis de espírito, mas o compromisso final de
resto, grandes reparos a fazer, com o Civic a responder à solicitação do acelerador, afinação de motor e suspensão revela-se
Sedan 1.5 MT Sedan Executive a apare- 8.6 S apesar disso estar longe de lhe conferir bastante harmonioso.
cer recheado, no que à quantidade, mas um carácter verdadeiramente desportivo, De destacar é também a travagem, com
também à qualidade diz respeito. Todos 0-100 KM/H que, grosso modo, também não faz parte ataque inicial talvez até exagerado, mas
os principais sistemas de segurança e do seu perfil genético. 8.6s para atingir os capaz de transmitir, em qualquer circuns-
ajudas à condução estão presentes, mas 5,8 L / 7,1 L (AUTOSPORT) primeiros 100 km/h é, ainda assim, um tância, confiança e segurança acrescida.
opções de conforto (que incluem portas valor “simpático”, que permite sempre Em resumo, não será a carroçaria mais
HDMI e USB e tomada de alimentação 100 KM uma condução despreocupada, se esse for elegante, nem a mais procurada do Honda
12V) também não foram negligenciadas, o objetivo, até porque a precisão e curto Civic, mas o Sedan terá sempre os seus
a maior parte das quais geridas a partir 131 curso da caixa manual de seis velocidades adeptos, apoiantes de um estilo mais con-
do moderno painel de instrumentos e também contribuem para que a sensação servador. O motor 1.5 litros turbo não faz
écrã tátil de 7’’ Connect Navi Garmin (com G/KM- CO2 de prazer de condução se intensifique, dele um desportivo, mas assegura-lhe
integração total com as plataformas Apple situação para a qual também concorre o energia suficiente para uma condução
CarPlay1 e Android Auto2). 33 750€ baixo ruído de circulação. Para corroborar prazerosa, sem comprometer a sua vo-
Mas está na hora de “dar corda” ao cora- ainda mais esta opinião, a suspensão cação familiar, valorizada pelos valores
ção de 1,5 litros, animado por tecnologia PREÇO BASE alinha igualmente pelo mesmo diapasão, de habitabilidade, pelos consumos equi-
i-VTEC e sobrealimentação por turbo. mostrando-se muito “cívica” na forma librados (7,1 l/100 km reais) e pela lista de
A dinâmica do conjunto expressa-se EQUILÍBRIO ENTRE PRESTAÇÕES como absorve as irregularidades do ter- equipamento de série ostensivo. E até o
em 182 cv e 240 Nm de binário, valores E CONFORTO / HABITABILIDADE / reno, oferecendo ao condutor e passageiro preço de 33.750 € é inferior ao da concor-
muito interessantes para o segmento e EQUIPAMENTO elevado conforto. É verdade que o Civic não rência e pode ser um bom argumento na
capazes de conferirem ao sedan nipó- PAINEL DE BORDO E MONITOR CENTRAL contempla um seletor de “modo de con- arena de vendas.
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» STONIC 1.0 T-GDI TX

VIRTUDE ESTÁ NA IMAGEM

O Stonic é mais uma prova de que a Kia está perfeitamente
integrada no ambiente europeu, a sua grande aposta nos
últimos anos. Com esta estética distinta e bem acompanhada
por um motor 1.0 sobrealimentado a gasolina (120 cv), não é
difícil “piscar o olho” a esta versão topo de gama do Stonic

Filipe Pinto Mesquita toda a linha inferior da carroçaria e não tátil de 7’’ destaca-se, mesmo sem ter um a pintura metalizada
[email protected] se demitem nas rodas. A ganhar também ar particularmente moderno. No entanto, bicolor e o Pack de
fica este Stonic com os retrovisores na cor na funcionalidade e operacionalidade, no Assistência Avançada
Aforma está longe de ser tudo da carroçaria, com as jantes de liga leve fundo as suas vertentes mais importan- à Condução, cada um
num automóvel, mas… pode de 17’’, bem como com as luzes diurnas tes, não há reparos a fazer. dos itens com um
ser muito! Vem isto a propósito e luzes traseiras em LED, em mais um Lidar com o Stonic 1.0 T-GDI todos os dias, valor extra de 500€).
da configuração de design que subtil toque de modernidade. faz-nos perceber quão os automóveis Mas em matéria de
a Kia escolheu para o Stonic, e Lá dentro, fica à vista o cuidado que a Kia evoluíram nos últimos anos. Os equipa- conforto, cinemática e
que o transformou mais num também colocou na sua principal arma mentos apresentados satisfazem as ne- segurança o recheio é
Crossover do que num SUV de pequenas para o segmento B dos SUV/Crossover. cessidades básicas de qualquer condutor, substancial, com des-
dimensões, como são a maior parte dos Não há falhas graves a registar e não se excedendo-as mesmo, se não for particu- taque para a câmara
seus concorrentes. O Stonic é bastante esperem elementos verdadeiramente larmente exigente. No caso da versão TX, traseira com guias di-
mais baixo do que os concorrentes, acu- “fora da caixa”, à exceção da “rima” da cor a lista é muito completa (deixando de fora nâmicos, o computa-
sando na fita métrica apenas 1500 mm da consola central com a cor do tejadilho dor de bordo, a ligação
de altura, menos 50 mm do que o seu escolhida! Tudo está bem arrumado, a USB e Aux, rádio com
“primo” Hyundai Kauai e menos 158 mm começar pela posição de condução que RDS com sistema de
do que o elemento mais alto da classe, o é honesta e permite um bom feeling de navegação e écrã tátil
Opel Mokka, que ao seu lado, parece qua- condução. O espaço é arejado, mais, como de 7’’, sistema Stop &
se um “mini-camião”. Com este design é natural, nos lugares da frente, onde a Go e os sensores de
inovador, que joga harmoniosamente habitabilidade se destaca e se apresenta estacionamento traseiros. Importante
com o comprimento (4140 mm) e largura como das melhores entre a concorrência. será saber que em termos de equipa-
(1760 mm), consegue diferenciar-se e Atrás, três pessoas convivem mal, mas mento, entre a versão EX e TX, as únicas
oferecer uma imagem que facilmente se isso não é novidade neste segmento, nem diferenças são os bancos revestidos em
confunde com a de um compacto de pe- noutros superiores, embora duas, de es- pele, o carregador USB traseiro e o apoio
quenas dimensões, só com uma distância tatura média, possam coabitar conforta- de braço dianteiro com compartimento
ao solo ligeiramente superior. O resto na velmente. A capacidade da bagageira, de para arrumos que a versão ensaiada
carroçaria também joga a favor da irreve- fácil acesso, varia entre os 352 e os 1155 dispõem e que estão ausentes na EX.
rência, montado que está o acabamento litros (com o rebatimento dos bancos Não sendo particularmente alto, a sen-
cromado na grelha dianteira, as proteções posteriores), mas é suficiente para as sação de viajar no segundo andar, típica
inferiores dianteiras e traseiras em cinza malas de fim de semana, mas talvez não dos SUV/Crossovers desvanece-se.
que lhe conferem um ar radical, tal como para umas férias de verão, se o objetivo Usufruindo da plataforma do “irmão”
os plásticos laterais que acompanham não for declinar os bancos traseiros. O écrã Rio, o Stonic revela estar à vontade em

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47

FT/ F I C H A T É C N I C A

qualquer habitat, com uma suspensão que é fundamental para minimizar as dinamismo. Comconsumosequilibrados 1.0 / 120 CV
afinada para oferecer um acerto de equi- visitas à precisa alavanca manual de (6.6 l/100 km, realisticamente falando), é
líbrio entre o conforto e a maior rigidez seis velocidades, que se tornam menos fácil ficar rendido à mais potente motori- GASOLINA
necessária quando a pressa chama pelo recorrentes que as necessárias quando zação a gasolina que equipa a versão 1.0
condutor. E é nesse mesmo registo de ao chassis está conectado ao motor 1.2 T-GDI TX (sobretudo usufruindo do preço 10,3 S
equilíbrio que também funciona o motor litros a gasolina atmosférico (84 cv). de campanha de 20.261 €), a não ser que
acoplado ao chassis. O tricilindrico com Proporcionando uma condução confor- transforme este Stonic num devorador de 0-100 KM/H
1 litro de capacidade é bem auxiliado tável e minimamente “despachada”, o quilómetros, perspetiva à qual a versão
pelo turbocompressor, que faz com Stonic 1.0 T-GDI mostra-se dinamica- 1.6 litros Diesel (110 cv) responderá com 5,0 L / 6,6 L (AUTOSPORT)
que debite 120 cv de potência e faça mente como uma aposta bem balan- mais bom-senso.
disparar 172 Nm de binário numa ampla ceada entre o que oferece e a linguagem E é bom não esquecer que tem 7 anos ou 100 KM
faixa de rodagem (1500-4000 rpm), o do seu design que também apela ao 150.000 km de garantia.
115

G/KM- CO2

22 711€ PREÇO BASE

(20.261 € EM CAMPANHA)

IMAGEM DIFERENCIADORA E
IRREVERENTE / PREÇO DE CAMPANHA/
MOTOR EQUILIBRADO

CAPACIDADE DE BAGAGEIRA /
BARULHO DO MOTOR TRICILINDRICO
EM ROTAÇÕES ELEVADAS

MOTOR 3 CIL., INJ. DIRETA, TURBO, 998
CM3 POTÊNCIA 120 CV / 6000 RPM
BINÁRIO 172 NM / 1500-4000 RPM
TRANSMISSÃO DIANTEIRA, CX. MANUAL
DE 6 VEL. SUSPENSÃO INDEPENDENTE
MCPHERSON À FRENTE E SEMI-
INDEPENDENTE COM EIXO DE TORÇÃO ATRÁS
TRAVAGEM DV/D PESO 1155 KG MALA 332L
DEPÓSITO 45L VEL. MÁX. 184 KM/H

E/ Dando cumprimento ao estabelecido no n° mais importantes provas de desporto au- leitores uma informação atual, rigorosa abordagem e de análise dos factos noti-
1 do artigo 17° da Lei 2/99, de 13 de Janeiro, tomóvel disputadas em território nacional e de qualidade, opinando sobre tudo o ciosos, com total abertura à interatividade
ESTATUTO Lei da Imprensa, publica-se o Estatuto e no estrangeiro, relata acontecimentos que se passa na área do automóvel e dos com a sua comunidade de leitores. 4. O
EDITORIAL Editorial da publicação periódica AutoSport: ligados à competição automóvel, bem como automobilistas, numa perspetiva plural, re- AutoSport pratica um jornalismo pautado
1. O AutoSport é um semanário dedicado temas que versam o automóvel como bem cusando o sensacionalismo e respeitando pela isenção, sem comprometimentos
ao automóvel e aos automobilistas, nas de consumo, tanto na área industrial como a esfera da privacidade dos cidadãos. 3. ou enfeudamentos, tendo apenas como
suas mais distintas vertentes: desporto e comercial. O AutoSport pauta as suas opções edito- pressuposto editorial facultar a melhor
competição, comércio, indústria, segurança 2. O AutoSport está comprometido com riais por critérios de atualidade, interesse informação e a melhor formação aos seus
e problemática rodoviária. O AutoSport o exercício de um jornalismo formativo e informativo e qualidade, procurando apre- leitores, seguindo sempre as mais elemen-
edita, semanalmente, conteúdos sobre as informativo e procura oferecer aos seus sentar aos seus leitores a mais completa tares normas deontológicas.

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