#2141 40
ANO 40
anos
09/01/2019
Semanal
2,35€ (CONT.)
O SEMANÁRIO DOS CAMPEÕES >> autosport.pt
DREAM TEAMDIRETORPEDROCORRÊAMENDES
HYUNDAI
PORTUGAL
ARMINDO ARAÚJO E BRUNO MAGALHÃES
AS NOVAS REGRAS DA F1 PÁG.4 +/BRUNO REGRESSA APÓS 10 ANOS
CAMPEONATO ELEVA NÍVEL
DAKAR ARRANCOU
+
HONDAVFR800 CROSSRUNNER
PÁG. 32
BMW i8 PÁG. 44
FINS DE SEMANA PERFEITOS
SIX SENSES DOURO VALLEY | SAMODÃES | DOURO
www.hoteisdecampo.pt
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I/ I N S TA N TÂ N E O SIGA-NOS EM EDIÇÃO
#2141
09/01/2019
f l> > a u t o s p o r t . p t
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DAKAR Durante a próxima semana e meia os concorrentes do Dakar nos autos terão pela frente um ‘escritório’ deste estilo. José Luís Abreu
Mais ou menos ‘avançado’ é ali que todos vão viver uma das melhores experiências que há no mundo motorizado
DIRETOR-EXECUTIVO
S/ SEMÁFORO EM DIRETO
[email protected]
PARADO A ARRANCAR A FUNDO “O Max tem muito potencial,
vai continuar a melhorar, mas Ponto prévio. Estou
Precisamos de uma Dakar está na Bruno Magalhães os carros que guiar vão ditar mesmo muito contente
base dos ralis em ‘estrada’, a junta-se a Armindo os níveis de grandeza a que ele pelo facto de em dois
Portugal mais forte. pode chegar”, Ricciardo sobre anos seguidos o CPR
Como vamos conseguir competição promete Araújo no Team se ter valorizado com a
ser fantástica em Hyundai Portugal. Verstappen chegada da Hyundai, do
lá chegar? todas as categorias Armindo Araújo e agora do Bruno
Brilhante! “Regressar ao CPR integrando Magalhães. Sem dúvida que é
o Team Hyundai Portugal ao muito bom para o campeonato,
O SEMANÁRIO DOS CAMPEÕES NA ERA DIGITAL volante do Hyundai i20 R5 é provavelmente vamos ter mais
um motivo de orgulho”, Bruno alguns anos de boa competição
Siga-nos nas redes sociais e saiba nos ralis em Portugal. Mas
tudo sobre o desporto motorizado no Magalhães de regresso ao CPR confesso que me preocupa a
computador, tablet ou smartphone via renovação. Não tenho a mais
facebook (facebook.com/autosportpt), “Se não puderes estar na Ferrari pequena das dúvidas que esta
twitter (AutosportPT) ou em ou na Mercedes, então a Force se está a fazer de forma lenta
>> autosport.pt India é o lugar certo para estar”, e há pilotos com valor que têm
grandes dificuldades em evoluir.
Sergio Pérez muito confiante na O dois melhores exemplos que
‘vontade’ de Lawrence Stroll... vejo são dois ‘Diogos’. O Diogo
Gago já deveria estar a correr de
“O Valtteri tem sido um R5, e ao invés disso continua a ter
companheiro de equipa incrível, dificuldades de dar esse passo.
mas não é fácil ser meu Outro exemplo é o Diogo Soares a
companheiro de equipa”, Lewis quem vi evoluir muito bem para a
experiência que tinha há dois anos,
Hamilton, explicando boa parte do com o DS3 R1 do Challenge. Em
‘problema’ de Bottas 2018 teve dois azares mecânicos
nas duas provas que fez na 208
Rally Cup, e nunca mais regressou.
São apenas exemplos, há bem
mais, e o que me preocupa é não
termos uma boa formação.
A FIA prepara-se para apresentar
uma pirâmide nos ralis, onde vai
dividir os Ralis de 1 a 5, sendo o 5
os R1. Precisamos de muitos carros
(ou um troféu) bem suportados,
como o KIA Picanto GT Cup. No
Rally 4 a mesma coisa, é o passo
seguinte. A 208 Rally Cup Ibérica é
curta. Vai nascer em 2019 o Rally 3,
com carros de potência um pouco
acima dos 200 cv, que dão acesso
aos R5 (Rally 2) e Rally 1 (WRC).
Precisamos mesmo de olhar para
isto e planear, senão será muito
difícil manter o atual topo da
pirâmide dentro de alguns anos...
4 F1/ REGRAS 2019
FÓRMULA 1 QUE MUDANÇAS
NA FÓRMULA 1?
Paciência e resiliência são necessárias para ler quase duzentas páginas de
regulamentos na procura das diferenças entre as regras de 2018 e 2019. Claro que
todos já sabem os traços gerais das regras deste ano, mas há alterações que não
lembram ao diabo. Das luvas biométricas ao aumento de combustível, até carros
mais lentos que em 2018, temos de tudo nas novas regras da F1 para 2019
José Manuel Costa CONTRARIAR AS IDEIAS permitindo luta mais próxima, mas não Porém, a pergunta que devemos fazer é:
[email protected] estou à espera de ver carros lado a lado mas afinal o que vai mudar com tudo isto?
DOS ENGENHEIROS aos toques como sucede nos turismos”, A resposta não é fácil e se percebemos
Osregulamentos-técnicoedes- disse, lembrando: "Se a FIA não tivesse que aumentando a largura da asa dian-
portivo - da Fórmula 1 para 2019 Para 2019 as asas dianteiras serão mais feito nada, a evolução experimentada iria teira e diminuindo a sua complexidade
revelam-se em dois documen- largas e mais recuadas, mas a grande levar a cada vez maiores dificuldades em são criados problemas de estabilidade,
tos com quase duzentas pági- novidade é a ausência das complicadas ultrapassar nos dois anos que faltam para onde os pilotos vão sentir mais dificul-
nas (111 para o técnico, 71 para placas laterais, dos “turning vanes” (ou fechar este ciclo de regras da Fórmula 1.” dade? “Nas curvas de velocidade média”,
o desportivo) e oferecem-nos zonas de criação de turbilhão), enfim, Segundo Nicolas Tombazis, “os homens acredita Nicolas Tombazis. Na explicação
a radiografia daquilo que será novo na muito menor complexidade. Também as da aerodinâmica têm um objetivo claro que deu sobre as novas regras no “AUTO,
Fórmula 1 deste ano. Algumas alterações entradas de ar para os travões e a asa tra- para os carros de hoje: afastar as rodas o International Journal of the FIA”, o grego
são de mero pormenor, outras são mais seira com um plano superior maior estão mais possível para o exterior do carro por voltou a lembrar: “A distância crítica está
profundas e algumas não lembram mes- no menu. Qual o objetivo? Permitir que os forma a não prejudicar o fluxo de ar para entre os 15 e os 20 metros, sendo essa a
mo ao diabo. Mas a verdade é que são mais carros andem mais perto uns dos outros. as asas dianteira e traseira. E quando o distância que esperamos ver entre car-
de quarenta os artigos com nova redação “Esperamos que estas regras diminuam fluxo de ar fica cada vez mais livre, pior é ros à chegada a uma curva de média ve-
e como no AutoSport gostamos todos de em um terço o apoio aerodinâmico, redu- para o carro que vem atrás. Por isso é que locidade, com o carro que segue o líder a
ser minuciosos, vamos contar-lhe tudo zindo a performance pura do carro em digo que se não tivéssemos feito estas perder 10% da força descendente, ou seja,
depois de ter passado algumas horas a cerca de 1.5 segundos. Não é fácil ante- mudanças, os carros iriam ser cada vez com maior possibilidade de se aproximar
ler os regulamentos da F1. cipar um valor exato pois não sabemos mais velozes nos próximos dois anos, difi- à saída da curva e potenciar a ultrapassa-
Podemos resumir as novidades do regu- o nível de desenvolvimento que as equi- cultando, ainda mais, as ultrapassagens.” gem.” Ainda não começaram os testes de
lamento para 2019 numa dúzia e meia de pas vão exibir, mas esperamos uma di- Claro está que resta saber se estas altera- pré-temporada, mas as equipas já testa-
palavras: mudança na ideia de poupança minuição da performance dessa ordem ções, as mais evidentes para 2019, vão ou ram algumas coisas após o GP da Hungria,
de combustível, luvas biométricas, peso de grandeza”, disse Nicolas Tombazis, o não funcionar. Sabe-se que Tombazis e em agosto do ano passado, e o resultado
dos pilotos, asas dianteiras e entradas de responsável técnico da FIA para os mo- Ross Brawn tudo fizeram para não deixar destas novas regras ameaça ser uma
ar nos travões. Mas a grande alteração nolugares. Sobre a possibilidade de au- “buracos” na nova regulamentação. O en- enorme dor de cabeça. Segundo homens
reside na aerodinâmica, com os carros mentarem as possibilidades de ultrapas- genheiro grego que passou pela Benetton, como Paddy Lowe (Williams) ou Andrew
de Fórmula 1 a perderem cerca de um sagem, Tombazis referiu: “Entendo que a McLaren, Ferrari, além da Manor, antes de Green (Racing Point), o regulamento está
terço da força descendente quando es- probabilidade de termos melhorado nesse seguir para a FIA, lembra: “A criatividade muito bem blindado. “É um regulamento
tão a seguir uns atrás dos outros. Isto aspeto é muito elevada, porém, não quer não tem limites por isso tivemos de ser muito restritivo” diz Lowe, “não há grandes
diz a FIA, claro. isto dizer que tenhamos facilitado as ul- muito serenos e cuidadosos.” vazios legais” refere Green, que acrescen-
trapassagens de forma muito sensível.
A nossa ideia foi melhorar a competição,
>> autosport.pt
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elementos aerodinâmicos que possam
estar agarrados ou fazer parte de algo
mais que encaminhar ar para a refrige-
ração dos travões.
No que toca à asa traseira, será mais larga
tal como sucede na frente e com o perfil
superior maior. Deseja-se criar, assim,
maior efeito de DRS, pois a abertura na
asa será maior e a pressão descendente
no adversário também maior, o que po-
derá animar corridas em pistas com re-
tas curtas como Melbourne, Mónaco ou
Singapura. Em todas as outras pistas não
haverá alterações significativas.
ta: “Terá de haver algum ‘buraco’ e teremos COMO SERÃO, ENTÃO, AS ASAS asa, pelas paredes laterais da asa e pelos PILOTOS NÃO PRECISAM
de investigar, mas a primeira análise dei- elementos em cascata, serão todos proi-
xa-nos de mãos mais ou menos atadas.” DOS CARROS DE F1 DE 2019? bidos em 2019. Portanto as asas vão ser DE EMAGRECER
Ou seja, parece que a FIA terá acertado, em simples e com paredes lisas sem (muito)
cheio, no regulamento de 2019, que não é As asas da frente passam de 1800 para trabalho aerodinâmico. Outra das novidades da Fórmula 1 2019 re-
mais que a aplicação de algumas partes 2000 mm de largura o que, em teoria, No que toca às entradas de ar para os tra- side no peso dos pilotos. O que a FIA pre-
de um pacote maior que estará em vigor significaria maior apoio no eixo diantei- vões, o enorme trabalho que era feito em tende é que as diferenças de peso entre
a partir de 2020 e marcará a nova gera- ro que teria de se contrabalançado com redor delas foi atirado para o caixote do os mais altos e os mais baixos (que pode
ção na Fórmula 1. mais carga na traseira. Porém, isso não lixo pois o regulamento proíbe todos os chegar a 17 quilogramas) desapareçam
será assim porque o efeito turbilhão que e não hajam favorecimentos a este ou
é produzido pelo túnel criado dentro da àquele piloto por ser mais baixo e leve
que outro.
Não é nenhum segredo que os carros de
Fórmula 1 são desenhados e produzidos
para ficarem abaixo do peso mínimo. O
lastro é uma das peças principais dos car-
ros, pois permite melhorar a distribuição
de pesos no chassis. Ora, essa situação
beneficia os pilotos mais pequenos e le-
ves, logo um piloto como Nico Hulkenberg,
por exemplo, estava prejudicado pois a
equipa não podia usar, praticamente, ne-
nhum lastro.
Com esta novidade regulamentar, essa
vantagem desaparece e para 2019 há um
peso mínimo para todos os pilotos, conta-
bilizado com banco e todo o equipamento
utilizado (capacete, luvas, fato, etc), que é
de 80 kg. Todos os que estiverem abaixo
desse limite terão de transportar consi-
go, em local especificado pelas regras, um
lastro até chegarem ao peso mínimo de 80
kg. Esse lastro terá de estar “totalmente
localizadoentre apartedianteiraeapar-
te traseira da abertura do chassis para a
entrada do piloto, agarrado de forma se-
gura à célula de sobrevivência e, depois,
selado pela FIA.”
Quer isto dizer que sendo o peso míni-
mo de 740 kg, o carro terá, logo à partida,
no mínimo, 80 kg, não servindo de nada
contratar piloto pequenos e levezinhos.
Naturalmente que as equipas podem con-
tinuar a utilizar o lastro nos locais que
desejarem para melhorar o equilíbrio do
carro e alcançar o peso mínimo exigido.
Outra vantagem reside no facto dos pilotos
não se terem de submeter a dietas com
baixas calorias, reduzindo desta forma
eventuais problemas de saúde.
Para evitar que haja alguma tentação em
termos de lastro para os pilotos mais le-
vezinhos, o delegado técnico da FIA pode
pedir, a qualquer momento, que o piloto
f1/
FÓRMULA 1
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REGRAS 2019
seja novamente pesado. Porém, convirá cidido aumentar para 105 kg de combus-
lembrar que esta não é uma ideia inova- tível. Como não foi possível andar sempre
dora e que em 1995 regras similares ge- a fundo, a FIA decidiu para 2019 aumentar,
raram muita controvérsia. uma vez mais, o limite de combustível,
Dizia a regra há 24 anos que os pilotos ti- desta feita para os 110 kg. Pode parecer
nham de ser pesados antes de começar a pouco, mas como a FIA reduziu o peso
temporada e, sem muita surpresa, alguns total do carro e a carga aerodinâmica é
pilotos apareceram nas pesagens visi- menor, poderá ser possível andar a fun-
velmente anafados face ao que tinham do durante toda a corrida.
exibido na temporada anterior. Um dos Esta alteração não vem penalizar os mo-
“apanhados” com excesso de peso foi tores mais poupados, pois quanto mais
Michael Schumacher que surgiu nessas eficiente o motor, melhor o piloto pode
pesagens com oito quilos a mais que em tirar tudo o que ele tem para dar sem
1994. Alegou o alemão que um novo sis- preocupações com o consumo.
tema de treino levou-o a ganhar muita Os motores mais 'gulosos' e com menos
massa muscular, mas na primeira cor- eficiência continuarão a ser penalizados
rida da temporada de 95 já estava no seu e a obrigar os pilotos a fazer lift & coast
peso normal... (levantar o pé e deixar rolar) para poupar
combustível. E no que toca à estratégia,
MAIS COMBUSTÍVEL as equipas podem continuar a jogar com
o andamento para lançar ataques no fi-
PARA CORRIDAS A FUNDO nal da corrida.
Diz a FIA que a partir de 2019 “os pilotos LUVAS BIOMÉTRICAS
vão poder usar toda a potência do motor
durante toda a corrida.” A luta pela cada vez maior segurança dos
Depois de em 2017 o limite ser de 100 kg pilotos levou a FIA a debruçar-se sobre o
de combustível com um controlador de equipamento do piloto. A partir des-
débito instalado pela FIA, em 2018 foi de-
>> autosport.pt
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te ano os pilotos têm de usar luvas NOVAS REGRAS DAS PENALIZAÇÕES qualificação quando se sabia que se iria de novo e não desejando, também, aca-
biométricas. perder 10 ou cinco lugares na grelha de bar com um símbolo das corridas que se
Desenvolvidas pelo departamen- EVITAM... AUSÊNCIAS! partida. Por exemplo, no GP da Rússia, mantém há décadas, resolveu o assun-
to de segurança da FIA, estas luvas cinco pilotos não estiveram presentes to com mais um truque virtual. Assim,
possuem um sensor cosido no teci- A FIA quer acabar com as ausências de na Q2. Para ajudar os pilotos a terem a bandeira de xadrez será, apenas, de-
do que monitoriza a pulsação do pi- pilotos na qualificação depois de terem algo que os empurre para a pista, a FIA corativa e continuará a ser acenada ao
loto e a quantidade de oxigénio no sido penalizados. Se as penalizações con- determinou que os pilotos com penali- vencedor da corrida, mas não valerá de
sangue, antes, durante e depois de tinuam iguais - ou seja, 10 lugares quan- zações na grelha de partida vão passar a nada pois será a bandeira de xadrez vir-
um acidente. do se ultrapassa o número de elementos ser organizados, depois de penalizados, tual que indicará o final da corrida. Ou
Os homens da FIA tiveram em men- alocados pela primeira vez, cinco lugares pela sua qualificação. seja, poderá haver outro episódio como
te neste desenvolvimento o aciden- nas situações seguintes - a forma como o do GP do Canadá, mas o caos não se
te como o de Carlos Sainz no Grande os pilotos serão alinhados é diferente. BANDEIRA DE XADREZ... VIRTUAL vai instalar pois os pilotos vão saber que
Prémio da Rússia de 2015, que emba- Até agora, se mais que um piloto fosse Lembram-se da modelo Winnie Harlow está na hora de acabar a corrida, não só
teu nas barreiras de proteção a mais penalizado, a sua posição na grelha se- ter acenado com a bandeira de xadrez porque lhe é indicado no seu computador
de 150 km/h, ou ainda, o capotanço ria ditada pela ordem em que as equipas cedo demais no Grande Prémio do Canadá, de bordo como também é indicado pela
de Marcus Ericsson no GP de Itália comunicaram à FIA a mudança de algum o que transformou o final da corrida num luz que irá ser acesa quando for a hora da
de 2018, por exemplo. elemento. Portanto, havia poucos incen- caos? A FIA não deseja que isso aconteça “bandeirada final”.
Duas situações em que foi maior a tivos para permanecer em pista numa
espetacularidade que outra coisa,
mas a verdade é que demorou um
pouquinho a extração dos pilotos.
Com as luvas biométricas as equi-
pas médicas terão, sempre, o piloto
controlado nos seus sinais vitais e
manterão um diálogo com o piloto,
tranquilizando-o e recebendo infor-
mação fundamental para a sua saúde.
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FÓRMULA 1
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DA F1 QVUIARLTOUVAALLO?R petição... boom!!! As equipas de Fórmula 1
A segunda época da F1 Sei que há muitos que entendem o único que existe para mim e para mui- decidiram aderir e todas criaram equipas.
Esports Series conheceu o ser estes campeonatos virtuais tos como eu. Quer dizer, todas não, pois a Ferrari tem
uma coisa abominável e, verda- Há mais de 30 anos que sigo corridas de uma estranha dificuldade em abraçar as
mesmo campeão de 2017 de seja dita, da primeira com- automóveis e poderia ser estranho eu novas tendências da sociedade e, por isso,
com a nuance de pertencer, petição séria neste capítulo, a gostar de corridas virtuais, onde não há a casa de Maranello não teve representa-
agora, à equipa AMG Petronas Nissan GT Academy, apenas cheiro a gasolina ou a borracha queimada ção na edição de 2018 da F1 Esports Series.
Esports Team. Sabe o nome Lucas Ordonez e Jans Mardenborough (ainda...). Mas, já visitaram um autódro- As diversas equipas de Fórmula 1 esco-
conheceram destaque, estilhaçando pelo mo virtual? Já jogaram iRacing? Ou ou- lheram pilotos para as suas formações,
do campeão mundial de F1 caminho esperanças, fundadas, de vários tro qualquer simulador – perdoem-me mas para chegar aos nomes que iriam
Esports Series? Sabe que o pilotos como o português Miguel Faísca, os puristas, mas simulação é simulação... acompanhar os titulares, foi introduzido
campeonato é decidido em vencedor da GT Academy em 2013. Esteve – disponível para computador ou conso- o conceito Pro Draft. Foram feitas 400 mil
10 corridas e que apenas a em 2014 no Blancpain Endurance Series e las? Experimente e verá que é capaz de voltas de qualificação por 66 mil jogadores.
Ferrari não tem equipa oficial no European Le Mans Series, tendo como ser surpreendido. No final desta peneira, ficaram 40 pilotos
neste campeonato? É capaz ponto alto a vitória na classe SP2 nas 24 Claro que as presenças de Lucas Ordoñez virtuais que foram competir no Pro Draft,
de acreditar que as corridas Horas do Dubai de 2014. E... desapareceu! nas 24 Horas de Le Mans e o relativo su- realizado em Silverstone, por altura do GP
virtuais são a academia dos Portanto, acredito que muitos tenham cesso do espanhol, o primeiro a sair da da Grã Bretanha. Mas não chegou ter jei-
futuros adeptos das corridas? aversão a estas corridas virtuais feitas GT Academy, serviu de inspiração para tinho para andar, virtualmente, em pista.
comcomputadoresoucomconsolascomo muitos miúdos convencerem os pais a Os 40 escolhidos tiveram de passar por
José Manuel Costa a Playstation4 ou a XBOX, uns volantes e comprarem consolas e volantes que de- testes físicos e mentais, entrevistas como
[email protected] uns bancos, olhando para um ou dois pa- sembarcaram nas salas de muitas casas embaixadores de marca de corridas de
res de ecrãs. Eu, confesso, adoro! E apesar por esse mundo. E durante alguns anos, karting, reais, e testes virtuais, claro. E no
do meu banco, do meu volante e do ecrã esta Nissan GT Academy gastou litros e final desse fim de semana, na segunda fei-
onde vejo as imagens sejam já velhotes, litros de tinta na imprensa dedicada ao raseguinte,foram anunciados osvence-
voltae meialá vou darumavoltinha.Não desporto automóvel. O projeto continua, dores deste “Pro Draft”, pois dos 40 apura-
com um Fórmula 1, mas com carros de mas está quase sem fôlego e com a che- dos apenas 16 passaram na peneira. E foi
GT. Gostos... gada da F1 Esports Series, todos querem um enorme adepto das corridas virtuais,
Não tendo qualidades, recursos e físico fazer parte da “big league”. piloto da RedBull, Max Verstappen, quem
para fazer corridas, o caminho virtual é E a verdade é que no segundo ano de com- anunciou os nomes dos dezasseis ven-
cedores.A competiçãosócomeçou mais
tarde e não espantou que a Mercedes te-
nha “atacado” o jovem de 19 anos, Brendon
Leigh, vedeta desta competição pois era o
campeão de 2017. Ofereceu-lhe um con-
trato de piloto F1 Esports para a equipa
>> autosport.pt
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AMG Petronas Esports Team. Mas para Lucas Ordoñez, Jan Mardenborough e ser aplicado em outras disciplinas como a indústria automóvel mundial. E pen-
se perceber a importância da competição Miguel Faísca, entre muitos outros. Mas... os GT ou até os turismos. E pode servir sem comigo: o que é mais fácil, inscrever
e como as coisas são, verdadeiramente, algumdelesfoicampeãoemalgumadisci- para talentos aparecerem e poderem ser uma criança no futebol comprando-lhe
sérias, o jovem britânico submeteu-se a plina? Claro que não, mas podemos sem- levados para as corridas reais. Porém, di- um par de botas e um equipamento, ou
um cuidado e forte programa de redução pre argumentar que os dois primeiros são, ficilmente daqui sairá um Campeão do levá-lo para as pistas de karting? É mais
de peso que o viu perder 20 quilogramas. hoje, pilotos profissionais que ganham a Mundo, pelo menos enquanto os simula- fácil pagar aulas de ténis, comprar uma
Algo que a Mercedes obrigou o jovem pi- sua vida a fazer corridas. Por outro lado, dores semelhantes aos das equipas de F1 raqueta e umas sapatilhas, ou adquirir
loto a fazer logo no final de 2017. o português vencedor da GT Academy tiverem preços proibitivos e não ser possí- um carro de competição e ir para a pista?
A final do campeonato disputou-se no evaporou-se. Por culpa da Nissan e da vel usá-los para uma competição destas. O desporto automóvel é muito caro e tido
final do mês de novembro com 10 cor- Playstation, podem argumentar outros, Mas a discussão sobre se o virtual serve como inacessível para a maioria e, com
ridas, sendo que as nove primeiras ti- que desinvestiram na competição e não o real ou não, não é o mais importante muitos a não encararem o automóvel
nham 25% da distância total de um Grande têm saídas para os vencedores da Nissan das corridas virtuais e desta F1 Esports como algo necessário, se queremos man-
Prémio e disputaram-se nos circuitos de GT Academy. Ou seja, há argumentos para Series. Revelo-lhe um número: as cor- ter adeptos e cativar os adeptos do futuro,
Melbourne, Xangai, Baku, Paul Ricard, todos os gostos e para defender ambas ridas F1 Esports Series reuniram 25 mi- a competição virtual é uma boa forma de
Silverstone, Spa, Hockenheim, Singapura, as opiniões. lhões de acessos nas redes sociais. Leu o fazer. A F1 Esports Series não é apenas
Austin e, finalmente, Abu Dhabi, sendo que Há uma coisa que posso dizer: Brendon bem... 25 milhões! um jogo, é muito mais que isso. Pode ser
nesta 10ª corrida foram feitos 50% da dis- Leigh, o bicampeão F1 Esports Series, Este número oferece-nos uma ideia pre- uma alpondra, não para chegar à compe-
tância total do Grande Prémio e os pontos nunca tinha conduzido um carro até ao cisa que a F1 Esports Series é um excelen- tição real, mas sim uma ponte para criar
foram atribuídos a dobrar. mês de novembro de 2018 e na Race of temeiodepropagara Fórmula1àsnovas mais adeptos para a competição auto-
E como isto não são corridas a brincar, o Champions (ROC) de 2018 a organiza- gerações e, particularmente, às regiões móvel e para a Fórmula 1 em particular.
prémio era de 200 mil dólares e foi distri- ção levou a cabo uma eROC onde o ven- onde a competição automóvel não é o As corridas virtuais são a melhor propa-
buído pelas equipas consoante a classifi- cedor foi encontrado não apenas pelo desporto preferencial ou nem sequer é ganda para o desporto automóvel e por
cação final no campeonato, cada piloto foi seu virtuosismo na competição virtual, conhecido. É, também, a forma de usar isso devem ser acarinhadas e apoiadas.
pago pelas equipas consoante os resulta- mas também como resultado das voltas as redes sociais, ávidas de coisas diferen- Exatamente como todas as equipas de
dos obtidos e, claro, como uma competi- dadas à pista ao volante de carros reais. ciadas, para fazer chegar a mensagem da Fórmula 1 perceberam – a Ferrari também
ção a sério, tem um regulamento espesso Afinal, as corridas virtuais são ou não um competição automóvel aos que vão ser os lá vai chegar, é uma questão de tempo – e
com mais de 60 páginas. acesso à competição real? futuros espetadores e os futuros adeptos investiram nesta competição. Sabem que
Perante tudo isto, a pergunta que se tem Na minha opinião, a F1 Esports Series é das corridas. a competição real é para os atuais adep-
de fazer é esta: são as corridas virtuais um ótimo ambiente para que mudanças Com a competição virtual, a Fórmula 1 tos e para os amantes da competição, a
um caminho para se chegar às corridas regulamentares, sejam elas desportivas chega aos que hoje entendem não valer a competição virtual é a forma de captar
reais ou irá a F1 Esports Series manter- ou técnicas, possam ser testadas de uma pena ter automóvel, uma franja cada vez os futuros adeptos da disciplina, assim
-se como uma forma de entretenimento? forma muito aproximada da realidade. maior que se aproxima, vertiginosamente, um bocadinho como as fórmulas de for-
Há quem defenda as corridas virtuais Afinal, será aquilo que nos dias de hoje dos 50% dos que nasceram já neste sé- mação são a escola dos pilotos, as corri-
como alpondra para chegar ao mundo sucede com os sofisticados simuladores culo, os famosos “Millennials”. Algo que das virtuais são a academia para formar
real, dando como exemplos os já citados das equipas de Fórmula 1. Pode, também, preocupa a Liberty Media e, mais ainda, adeptos para o futuro.
/
DAKAR 2019
10
DAKAR DOSDUROS
LEstá na ‘estrada’ a 41ª Edição embram-se da confusão e do rol de sobre a parte competitiva, até porque que a paisagem não vá variar muito - e
incidentes que o Dakar teve o ano tudo o que eventualmente fosse escrito desconfiamos seriamente que na próxima
do Dakar, uma prova que se passado logo nos primeiros dias? poderia, como aconteceu no passado, edição teremos mesmo muito para contar.
antevê muito complicada para Pois é, este ano arranca exata- ser história um dia depois. Não há muito Mas o que se pode afinal esperar desta
toda a caravana, com a areia a mente da mesma forma, mas com tempo, Carlos Sousa venceu a primeira prova? Não há grande volta a dar quanto
fazer parte da ‘ementa’ desde etapa, foi capa do jornal e quando este aos favoritos e, muito resumidamente,
o pequeno almoço até à ceia... uma agravante. O percurso não chegou aos leitores, na 4ª Feira, já Carlos temos os pilotos dos buggies da Mini que
Sousa tinha abandonado. transitaram da Peugeot, Carlos Sainz,
José Luís Abreu melhora, já que os concorrentes nunca Feitas as ‘apresentações’, fica o aviso. Este Stéphane Peterhansel e Cyril Despres,
sairão do Peru ao contrário do que sucedeu Dakar vai ser extremamente duro – ainda enquanto Nani Roma e Orlando Terranova
[email protected]
o ano passado.
FOTOS ASO/DAKAR Este ano, o Dakar, devido a várias contin-
gências, realiza-se todo no Peru, e para
não sobrecarregar o país com a logística
a ASO viu-se obrigada a ‘roubar’ alguns
dias à prova e por isso carregou na dureza
do percurso.
São 70% de areia com que os concorrentes
têm que contar e quando este jornal lhe
chegar às mãos, quarta feira, já se reali-
zaram as especiais de domingo, segunda
e terça.
Como sempre nesta primeira semana do
Dakar, o horário de fecho do jornal obri-
ga a que não seja possível colocar nada
BREVES >> autosport.pt
11
>>O DESAFIO DE PIERRELAFAY
Pierre Lafay é um piloto que se
lança no Dakar com uma tarefa
hercúlea. É um Gentleman Driver,
vindo dos ralis, habituado a
competir em provas regionais
francesas. Agora o desafio chama-
se Dakar, e logo com um Peugeot
2008 DKR da Easy Rally: “Penso
no Dakar desde criança e estar
presente ao volante de um carro
excecional, o 2008 DKR, é extraordinário. É o sonho de qualquer piloto estar
ao volante de um carro destes. Como costumo dizer, este ano sou o ‘Rookie do
Dakar’. O objetivo será terminar e com o que temos pela frente será uma prova
longa, mesmo que seja menos extenso que noutros anos. O desafio é imenso”.
>>MEIAMARATONA
Os participantes das categorias
Auto, SxS e Camiões que
abandonarem na primeira
semana de prova terão uma
segunda oportunidade pois
serão autorizados a recomeçar
novamente na segunda semana.
Neste caso, os participantes
receberão uma placa de matrícula
laranja e serão colocados numa
classificação separada. Além disso,
não podem arrancar entre os 25 primeiros na fase especial.
>>ROADBOOK COLORIDO
Pela primeira vez o Road Book do
Dakar será colorido. Os navegadores
gostam de trabalhar durante horas
na sua ‘bíblia’ e adaptá-la às suas
necessidades, com cores diferentes.
Os que chegam cedo ao bivouac
têm mais tempo do que muitos
amadores que não têm a mesma
sorte. Por isso, o Road Book passa a
ser colorido, sendo suposto ajudar
um pouco mais os amadores, e poupar-lhes tempo para descanso.
ficaram-se pelos 4x4, podendo dessa não a da numeração dos concorrentes, >>TODOSAO ‘MOLHO’
forma cerrar a marcação à Toyota que vamos recordar as suas expetativas e
também corre de 4X4, não vá o percurso ambições. Começando pelo vencedor Os concorrentes do Dakar terão este ano duas partidas ‘tudo ao molho’ (etapas 5 e 9)
ser mais indicado para carros de tração do ano passado, Carlos Sainz, vai tentar para a vastidão do deserto peruano. Arrancam lado a lado, tal como já vimos suceder
total. Não é o que se pensa, mas pode reeditar o sucesso de 2018, o que a con- no deserto de Sal da Bolívia e como já se fez muitas vezes no passado em África.
acontecer e se assim fosse a Toyota se- seguir seria absolutamente brilhante. Não
ria claramente a favorita, com Nasser é o piloto mais rápido, em condições nor- >>CARROSPRIMEIRO
Al-Attiyah bem secundado por Giniel de mais não é o mais favorito, mas também
Villiers e Bernhard Ten Brinke. já não o era o ano passado e foi o que se Na 2ª etapa os carros vão arrancar à frente das motos, o que irá tornar a navegação ainda
Tendo em conta o que foi anunciado pela viu: “Depois de terminar o Dakar no ano mais desafiadora, já que as equipas não podem aproveitar as marcas das motos para
ASO, os tais 70% de areia, dificilmente o passado tive que me questionar sobre seguir como tantas vezes sucede. Esta será mais uma forma de dar interesse à corrida, já
percurso não será mais indicado para se iria continuar, e com quem. O projeto que sem marcas pela frente, a questão da navegação ganha ainda mais relevância.
os buggy, e nesse contexto há que não Mini conquistou-me o suficiente para
descurar Sébastien Loeb, num Peugeot ter uma chance nesta nova aventura. Eu >> SUPER ICA
3008 DKR de 2017. queria entrar com uma nova equipa e um
Dificilmente o vencedor não sairá dos carro novo para um projeto vencedor. Em Na etapa 8, a maratona Super Ica, os melhores classificados das diferentes
nomes que já referimos, mas se optar- Marrocos não conseguimos mostrar todo categorias serão colocados na frente da caravana. Os 10 mais rápidos pilotos
mos por uma eventual surpresa, há que o potencial do carro, mas estou confiante de motos e auto e as cinco melhores equipas de Camiões começarão na frente a
referir Robby Gordon, no seu pequeno que podemos lutar pela vitória”. oitava etapa, sendo esta mais uma forma que a ASO encontrou para dar interesse
Buggy Trexton. Depois de 14 participações no Dakar, à corrida, e neste caso também para reduzir as hipóteses de concorrentes mais
Nasser Al-Attiyah continua à procura atrasados poderem interferir entre quem luta pelas melhores posições no Dakar.
O QUE DIZEM OS FAVORITOS da terceira vitória e o piloto do Qatar está
entre os principais favoritos. O único han-
Sem alinhar uma ordem específica, que
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DAKAR 2019
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dicap será mesmo o percurso poder-se “Estamos confiantes e prontos para lutar semelhante ao da Mauritânia”. Já Martin estaremos menos preparados do que os
revelar muito melhor para os levezinhos com os melhores, mesmo que eu seja Prokop é candidato, sim, mas ao top 10: nossos rivais, mas não esqueci tudo o
buggy do que para os potentes Toyota: um dos mais jovens do grupo dos pilotos “Os pilotos do Top 20 não se ajudam mu- que aprendi nos últimos três anos. Ainda
“Estou satisfeito com as mudanças que super rápidos”, disse o polaco. tuamente e por isso é fantástico para nós tenho fome de sucessos!”
foram feitas no nosso Toyota. Temos um Stéphane Peterhansel é em condições ter o Tomas na mesma equipa este ano”. Nani Roma desistiu cedo o ano passado,
novo chassis e o carro progrediu muito. normais o principal favorito. Mas o Dakar Sébastien Loeb corre com um 3008 ‘da- mas quer agora voltar mais forte do que
Além disso, estou encantado por correr- é tudo menos normal e o ano passado tado’, mas isso não vai ser grande óbice: “É nunca: “Tivemos uma boa época, com
mos num país como o Peru neste Dakar. viu-se: “Não tinha a certeza de voltar, um desafio fantástico, estou pronto para muitos quilómetros de testes, e estou mui-
Dêem-me um pouco de areia e fico feliz. depois do final do Dakar passado, mas a aventura. Não fazemos ideia se seremos to motivado. Temos uma grande equipa,
O cenário no Peru é incrível, mas as du- decidi voltar e estas enormes dunas do competitivos, várias equipas terão hipóte- um super carro e eu tenho um co-piloto
nas são um pouco particulares e sempre Peru permitem-nos redescobrir o ver- ses de vencer e espero que sejamos uma de topo. Temos tudo o que é preciso para
complicadas”, disse. dadeiro espírito Dakar, com um cenário delas. Gosto das dunas. Provavelmente vencer o Dakar, mas tudo pode acontecer
Outro piloto que pode vencer é claramente
Giniel De Villiers. Não se deve esperar um
brilho enorme, mas no fim do dia pode
perfeitamente ser ele a levar o caneco.
É impressionante a sua consistência, é
de longe o piloto que maior regularidade
absoluta apresenta entre os mais des-
tacados no Dakar, mas no entanto isso
ainda só valeu um triunfo, em 2009, com a
Volkswagen: “Penso que temos uma ver-
dadeira chance de vencer, pois estamos
ao mesmo nível dos Mini. O ano passado
nas etapas do Peru houve alterações sig-
nificativas na classificação todos os dias e
eu gosto disso, pois esta prova está longe
de ser andar sempre a fundo. Muita coisa
pode acontecer”, disse.
Vencedor da Taça do Mundo de TT, o po-
laco Jakub Przygonski corre por fora, e se
falar em vitória é um tiro a muita longa
distância, um pódio, se a prova for arra-
sadora como se espera, não é de descurar:
BREVES >> autosport.pt
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>>O DAKAR DE LUCAS
Chama-se Lucas Barrón,
tem 25 anos e não
tem medo de nada!
Sofre de Síndrome de
Down e torna-se hoje
no primeiro portador
daquela doença a correr
na prova: “O nosso
objetivo é terminar
o Dakar”, garante
Lucas Barrón, que
acompanhará o seu pai
Jacques Barrón, como
co-piloto, num SXS.
Lucas tem vindo a preparar-se para este duro teste, e o seu entusiasmo é
contagiante, pois está prestes a realizar um de seus sonhos: “Esta prova é boa
para mim e vai ser fácil porque conhecemos o percurso”. Apaixonado por rock e
hip hop, Lucas explicou que a sua missão será “ver o estado do motor, o percurso
e mudar pneus se for preciso”, disse o jovem.
O seu pai, Jacques Barrón, de 55 anos, revelou que não teve problemas com os
organizadores para inscrever o filho na competição. Os requisitos são os mesmos
de qualquer outro concorrente: passar os exames médicos e ter os documentos
exigidos: “O Lucas tem a licença da FIA para participar do Dakar”, disse à AFP.
Fiquem atentos ao UTV com o número 433.
>> FUTURO DO DAKAR
Marc Coma deixou o cargo de
diretor desportivo do Dakar,
e resume bem a razão de,
pela primeira vez na história,
a prova se realizar apenas
num país, o Peru: “Estas
provas são grandes demais
e tremendamente difíceis de
organizar”. Etienne Lavigne,
líder da ASO, ainda vai tentar
mantê-la, pelo menos mais
um ano, na América do Sul:
“Para este ano encontrámos
um contexto complicado: um novo presidente no Chile, com uma política de
austeridade, problemas económicos muito fortes na Argentina e, na Bolívia,
indecisão quanto ao futuro do Dakar”, começou por dizer, avançando com a
esperança de se manter por aqui em 2020: “O interesse do Peru garante a edição
de 2020, e talvez outros países (Chile, talvez o Equador) possam aderir. Mas
também podem surgir problemas”, disse. Pelo que se percebe, a forma como tudo
correr este ano será decisiva, sendo certo que a ASO já negoceia com países de
África (Angola/Namíbia), Argélia e na Península Arábica, a Arábia Saudita.
no rali”. Cyril Despres corre noutro buggy piloto como Bernhard Ten Brinke, no ter- >>DAKAR COMO LE MANS
Mini da X-Raid e é outro dos candidatos ceiro Toyota oficial, pode fazer bem mais
aos lugares da frente. Quão à frente é que do que isso, já o provou. Orlando Terranova Dakar para a Taça do Mundo
se vai ter de perceber depois: “Este Dakar tem um bom carro (Mini 4X4), mas como de Todo-o-Terreno como as
vai ser interessante. O menor erro pode sempre é muito irregular. No top 10 podem 24 Horas de Le Mans ‘estão’
custar caro. O rali vai ser muito compe- ainda ficar Vladimir Vasilyev (Toyota) e para o WEC. É o que pretende
titivo. Nunca fiz dez 10 inteiramente na Harry Hunt (Peugeot 3008 DKR Maxi). Jorge Viegas, novo presidente
areia, mas vamos tentar encontrar um Vamos ver o que nos reserva a prova, não da Federação Internacional
bom ritmo e ser rápidos para não sermos esquecendo claro o contingente portu- de Motociclismo (FIM).
surpreendidos”. guês que este ano está muito dividido De visita ao Peru onde se
Dos candidatos principais já falámos, fal- entre as categorias. realiza a 41ª edição do Dakar,
tam ainda os candidatos...ao top 10. Um Para a semana, toda a história do Dakar. confessou que gostava
de ver o Dakar na Taça do
Mundo de TT: “É uma prova muito importante para mim, marca o início da nova
temporada para as motos e estou em Lima para convencer Etienne Lavigne e o
ASO a integrarem o Dakar no Campeonato do Mundo de Todo-o-Terreno”, disse.
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DAKAR 2019
DADOS Alexandre Melo
LANÇADOS [email protected]
Arrancou esta semana a 41ª edição do Dakar, naquela que é a 10ª incursão ComocomeçodemaisumDakar
consecutiva pela América do Sul. Uma prova onde mais uma vez a combinação surgem naturalmente muitas
entre rapidez e fiabilidade será a chave do sucesso para quem quiser destronar a dúvidas sobre aqueles que
KTM do trono que ocupa há largos anos. Os pretendentes a tal logro são muitos e acompanham com total inte-
resse o evento organizado pela
bons, numa corrida que contará com a presença de nove pilotos portugueses Amaury Sport Organisation.
Desde logo se a KTM conseguirá acres-
centar mais uma linha à sua gloriosa
história neste evento e com isso con-
quistar a 18º vitória consecutiva no pal-
co maior do todo-o-terreno mundial.
Seis pilotos, onde Toby Price, Matthias
Walkner e Sam Sunderland vão dar tudo
para ficarem com o metal mais precioso,
enquanto Laia Sanz, Luciano Benavides
e o ‘nosso’ Mário Patrão têm a função de
secundar e consequentemente ajudar,
no que que for preciso, esta poderosa
‘troika’ a ser bem sucedida.
No capítulo luso, uma importante pala-
vra para Mário Patrão, que está envol-
>> autosport.pt
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vido na estrutura oficial de Mattighofen Ignácio Cornejo e Ricky Brabec comple- tudo nos corra bem”, argumentou o “É ótimo voltar a correr, depois do meu
pela primeira vez na sua carreira. Um tam o conjunto. piloto de Esposende que contará ainda acidente no Dakar de 2018. A recupe-
justo prémio para um piloto que, não há As atenções irão estar naturalmente na estrutura da Honda com o apoio de ração foi dura e longa, mas estou apto
muitos anos, começou a sua aventura apontadas para Paulo Gonçalves, pilo- Pedro Bianchi Prata, Hélder Rodrigues para voltar a competir. Treinei muito
no Dakar aos comandos de uma ‘arte- to que mais uma vez parte em busca de e Ruben Faria. com o foco de estar na linha de partida
sanal’ Suzuki. “Estou totalmente pre- conquistar o sonho dakariano. Depois Ainda no campo das equipas oficiais do próximo Dakar. O objetivo é termi-
parado para este desafio. Fisicamente da ausência em 2018, por lesão, as coi- temos a Yamaha e a Husqvarna, ‘pri- nar a prova em segurança. Este será o
estou em boa forma e também estou sas não começaram igualmente bem na ma’ da KTM, como marcas que estão meu terceiro Dakar e estou bastante
feliz por ter o total apoio da KTM. As preparação para a presente edição. Uma igualmente dispostas a desafiar o do- motivado para voltar aos comandos da
etapas parecem ser muito duras, mas queda no passado mês de dezembro, mínio da KTM. Do lado da Yamaha é em minha moto com a esperança de alcan-
o meu plano é pensar um dia de cada durante uma jornada do Campeonato Adrien Van Beveren que estão depo- çar um bom resultado”, comentou o pi-
vez”, disse o piloto de Seia que em 2016 Nacional de Rally Raid, obrigou a uma sitadas todas as esperanças. O piloto loto de Barcelos.
foi o vencedor da categoria Maratona. intervenção cirúrgica para a remoção francês quer manter a boa forma evi- Por último, menção aos restantes pilo-
Na linha da frente para quebrar este do- do baço. Mesmo assim e sempre fiel à denciada em 2018, onde somente uma tos portugueses presentes na grande
mínio está a Honda, marca que aposta sua imagem de marca, o ‘Speedy’ não queda travou a sua luta pela vitória. Já a aventura. Fausto Mota, David Megre,
tudo neste Dakar de 2019, onde afirma vira a cara à luta. Husqvarna aposta tudo no sempre fiá- António Maio, Sebastian Bühler, Miguel
estar mais preparada do que nunca para “Sinto-me bastante bem tendo em conta vel Pablo Quintanilla, piloto chileno que Caetano e Hugo Lopes completam a ar-
alcançar a tão desejada vitória. A equi- o que aconteceu. Espero fazer uma boa tem no seu currículo dois títulos mun- mada lusa, sendo que destes seis nomes
pa da insígnia da asa dourada melho- corrida. Recebi alta médica, por isso es- diais de cross country e ralis . quatro serão estreantes. Diferentes car-
rou a CRF 450 Rally, moto que venceu tou muito motivado e confiante. Espero Dentro da esfera oficial, importa dar o reiras e igualmente diferentes ambições
após lutar pelo título mundial no último ajudar a minha equipa a conseguir uma referido destaque à Hero MotoSports, em termos de classificação geral, mas
ano. O alinhamento da Honda é a equi- boa vitória e, individualmente, obter conjunto indiano que conta com o con- existem dois aspectos que unem todas
pa de sempre, isto é: Joan Barreda Bort, um excelente resultado. Trabalhámos tributo de Joaquim Rodrigues. Pelo ter- estas figuras.
Kevin Benavides e Paulo Gonçalves. José imenso para esta prova e espero que ceiro ano consecutivo inserido nesta A paixão pelo todo-o-terreno e a meta
estrutura, Rodrigues regressa ao Peru, de completar um dos maiores desafios
onde o ano passado uma violenta que- existentes à face da Terra, onde todos
da na abertura do Dakar quase colocou os dias os limites do ser humano são
um ponto final na sua carreira. colocados à prova.
16 TT/
TODO-O-TERRENO - AFRICA RACE 2019
AFRICA RACE 2019 C/ C L A S S I F I C A Ç Õ E S
AMEIOCAMINHO GERAL
DEDAKAR...
AUTOS
1º DOMINIQUE LAURE/CHRISTOPHE CRESPO #211 OPTIMUS MD 19:36:13
+22 :30
2º JEAN-PIERRE STRUGO/FRANÇOIS BORSOTTO #203 OPTIMUS MD +1:28:00
3º JEAN-NOËL JULIEN/RABHA JULIEN #208 OPTIMUS MD 22:02:08
23:42:11
CAMIÕES 24:09:51
1º ELISABETE JACINTO/JOSÉ MARQUES/MARCO COCHINHO #404 MAN
2º NOEL ESSERS/MARC LAUWERS/JOHAN COONINX #401 MAN
3º IGOR BOUWENS/TOM DE LEEUW/ULRICH BOERBOOM #405 IVECO3
MOTOS
1º ALESSANDRO BOTTURI #103 YAMAHA 20:46:08
Exceção feita aos Camiões, em que a só porque a meio da prova Elisabete Jacinto lidera os 2º PAL ANDERS ULLEVALSETER #100 KTM +07:16
diferença é significativa, nos Autos e Camiões, bem como a corrida dos autos e motos está 3º MARTIN BENKO #109 KTM +2:02:08
Motos a discussão está totalmente em equilibrada. Só é pena é só ter dois protagonistas em
aberto, ainda que tudo se resuma apenas cada uma delas... chegar a meio do evento com 7m16s de avanço para Pal
a dois pilotos em cada categoria. Todos os Nos autos, ao cabo de uma semana, a dupla Dominique Anders Ullevalseter (KTM). Martin Benko (KTM) já está
restantes estão muito longe... Laure/Christophe Crespo (Optimus MD) lidera com a 2h02m08s. Apenas dois candidatos a vencer, salvo
José Luís Abreu 22m30s de avanço para Jean-Pierre Strugo/François algum contratempo.
Borsotto(OptimusMD).Osterceirosclassificados,Jean- Botturi começou melhor, batendo Pal Anders Ulleval-
[email protected]
Fotos AIFA/Jorge Cunha; Alain Rossignol -Noël Julien/Rabha Julien (Optimus MD), já estão a setter por seis minutos, mas depois disso os dois pilotos
1h28m00. entraram num jogo de gato e do rato, com o norueguês
Dominique Laure depressa foi para a frente, com os a vencer no dia seguinte, Botturi, a responder na eta-
buggiesOptimusMDadaremcartas.JeanPierreStrugo pa 3, Ullevalsetter a vencer na 4, enquanto atrás de si
começou a atrasar-se na etapa 2 quando bateu numa vários problemas levavam a que o terceiro classificado
Já lá vai uma década desde que o Africa Race pedra. mudasse à mesma velocidade que os dois da frente se
‘afrontou’ o Dakar, numa situação que até meteu A Etapa 3 não foi diferente. Novo triunfo para Dominique afastavam na geral.
disputas legais. Uns alegavam que tiveram a ideia, Laure e tudo se manteve igual no dia seguinte, ainda que Na etapa 5, Alessandro Botturi venceu no último dia de
outros que não tinham culpa de lhes terem dei- as diferenças para os adversários nunca tenham sido Marrocos, apanhando Pal Anders Ullevalseter em pista,
xado o caminho aberto. 10 anos depois, estes dois muito grandes. Consistência acima de tudo. Não foram pilotos que rodaram juntos até final, colocando desta
faltando incidentes, como por exemplo de Dominique forma a margem nos 7m16s. Martin Benko aproveitou
Housieaux que capotou violentamente na etapa 4. para desalojar Simone Agazzi do terceiro posto.
mundosopostoscontinuamafazeroseucaminho. No último dia antes do descanso, Laure foi ainda mais Nos Camiões, de Elisabete Jcinto e da sua equipa, que
O Dakar estabeleceu-se na América do Sul, onde já não cautelosoeotriunfododiafoiparaAleksandrKuprianov, lideram, falamos na página ao lado. Igor Bouwens es-
vaiestarpormuitomaistempo,eoAfricaRacecontinua com uma média acima de 100 km/h. treou-se bem e venceu a etapa 1 entre os Camiões.
a ser o que Hubert Auriol idealizou em 2008. Atravessa As margens foram pequenas, por isso nada mudou na Tomas Tomecek, a correr completamente sozinho, foi
Marrocos, Mauritânia e Senegal, terminando na mítica frente. À entrada da Mauritânia, nos SSV lidera Rudy terceiro, vencendo no dia seguinte.
localizaçãoquedeuonomeàprovaoriginal,masexceção Roquesalane, Vincent Ferry é o melhor dos Can Am, o No terceiro dia, Igor Bouwens voltou a vencer, mas Eli-
feita aos locais que pisa, mais nada une os dois eventos. mesmosucedendocomGéraldMognierePierreRoubin sabete Jacinto chegou à liderança, já que o belga tinha
Continuando sem nomes muito sonantes - só aqui e na categoria Open. François e Stéphane Cousin lideram perdido três horas com problemas na direção do seu
ali, aparece um - o Africa Race continua a ser um bela nos 4x4 e Kenjiro Shinozuka e Cathy Derousseaux são Camião. Tomas Tomecek também teve problemas de
experiência, em que salvo algumas raras exceções a os mais rápidos do T2. embraiagem no seu Tatra, e com isto tudo quem passou
competição é muito fraca. Na frente, nas motos, as coisas não são muito diferentes para segundo foi o belga Noel Essers (MAN). Vamos ver
Curiosamente, este ano até está a ser interessante, não dosautos,comoitalianoAlessandroBotturi(Yamaha)a como corre a segunda semana...
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ELISABETE JACINTO
LÍDER A MEIONAFRENTEDOAFRICARACE
Elisabete Jacinto terminou Ascoisasestãoacorrerbempara
a primeira semana do Elisabete Jacinto, José Marques etapa não foi fácil pois o piso era bastante eram sinuosos e tinham muita pedra. Por
e Marco Cochinho, equipa que mau, devido às pedras, e era muito sinuosa. isso tínhamos que rodar com atenção.
Africa Race 2019 na frente leva o MAN TGS da equipa Bio- Mas, apesar de tudo, conseguimos fazer Apesar disso, conseguimos andar bem
da classe reservada aos -Ritmo pelas areias africanas uma boa corrida. e com um bom ritmo, mas o mau piso
Camiões, e afigura-se até Dakar. Apenas tivemos uma dificuldade quando degradou bastante os pneus e a certa
Ainda com a segunda semana pela frente, na travessia de um cordão de dunas ficá- altura furámos e tivemos que parar para
como séria pretendente à têm agora 1h40m03 de avanço para o se- mos presos e tivemos mesmo que cavar.” mudar o pneu”, explicou.
vitória final gundo classificado, o MAN guiado por Noel Na etapa 3, Elisabete Jacinto chegou à Por fim, na derradeira especial antes
Essers, e 2h07m43s para o Iveco de Igor liderança, depois de mais um segundo do dia de descanso, Elisabete Jacinto
Bouwens, o que permite alguma gestão, lugar: “O dia correu bem. A pista era rápida, venceu e reconquistou a liderança.
ainda que numa prova de endurance nun- mas bastante dura porque havia muitas A especial não começou bem, pois logo
ca nada esteja assegurado até ao controlo zonas com lombas e valas profundas onde no arranque foram forçados a parar:
final. Mas as perspetivas são boas. tínhamos que abrandar para não termos “Tivemos um problema mecânico e fi-
Na primeira etapa, Elisabete Jacinto foi problemas. cámos parados oito minutos. Resolvida
segunda: “A especial era difícil em termos No entanto, impusemos um bom ritmo e a situação demos o nosso melhor para
de navegação. Mas nós cumprimos todo conseguimos andar depressa. Sem dúvida recuperar posições. A etapa era com-
o trajeto sem nos enganarmos e con- que foi mais uma boa etapa”. plicada em termos de navegação, pois
seguimos impor um bom ritmo. Fomos Na etapa seguinte, a quarta, a equipa era muito ampla, tinha poucas referên-
sempre conquistando lugares em relação teve um pequeno contratempo. Um furo cias no horizonte para nos guiarmos,
aos concorrentes que partiram à nossa ocorrido numa das rodas do MAN TGS havia várias pistas paralelas e por isso
frente e no final alcançámos uma boa atrasou a piloto que acabou por ceder o era muito fácil haver enganos.
posição”, disse. primeiro lugar entre os camiões. No en- Mas, o Zé (Marques) não errou nenhu-
Na segunda etapa, novo segundo lugar. tanto, a equipa manteve-se na luta pela ma nota e conseguimos seguir sempre
Mantiveram durante grande parte da es- liderança, apenas a 7m24s do líder na o caminho certo com um bom ritmo
pecial o primeiro lugar, mas na passagem altura, o checo Tomas Tomecek. e, apesar de termos começado mal,
de uma duna, o MAN TGS da equipa Bio- “A especial era bonita e muito interessante acabámos bem”, referiu a piloto portu-
-Ritmo ficou atascado no seu topo: “Esta em termos de condução. Mas não era guesa, que após o merecido descanso,
nada fácil de cumprir porque os percursos em Dakhla, já roda na Mauritânia.
18 wrc/
YENVTREEVSISTMAAATTON
DIRETOR DE RALIS DA FIA
OMWRACISTEGMLOQUBEASLE…R
Depois de fazer nome como Team Manager e posteriormente Chefe de Equipa da Citroën
Racing, Yves Matton é desde o início de 2018 Diretor de Ralis da FIA. Um excelente
pretexto para falarmos sobre ralis, o seu presente e futuro...
Martin Holmes com José Luís Abreu
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19
Yves Matton é mais dois grandes projetos, o WRC e o WTCC, precisarem de evoluir. Por isso, o diretor de
um, como muitos de esse foi daqueles momentos em que o sal- Ralis da FIA deu-nos uma das suas raras
nós, que depois de se to foi maior do que a perna e sendo ver- entrevistas, explicando as suas opiniões
ter apaixonado pe- dade que as coisas correram muito bem sobre muitas das questões atuais relati-
los ralis, não des- nas pistas, nos ralis - era inevitável sem vas ao Campeonato do Mundo de Ralis.
cansou enquanto Loeb - o gráfico da prestação da Citroën Falou-nos um pouco do que tem vindo
não alinhou a sua entrou em descida contínua. Com uns a ser discutido à porta fechada na FIA, e
vida numa atividade 'espasmos' aqui e ali. espera que até 2020 existam novos gran-
que tivesse ligação Quando Matton entrou traçou dois ob- des desenvolvimentos. Desde os seus
a 'eles'. E quando se jetivos. O primeiro, ganhar novamen- primeiros dias como proprietário de uma
está numa atividade te o Mundial de Marcas. Não aconteceu, equipa, e depois como Diretor Desportivo
que alimenta a pai- 'culpa' da Volkswagen. O outro, procurar da Citroën, Matton tem sido calmamen-
xão e fortalece o ego, é bem mais fácil as uma forma de substituir Sébastien Loeb te ativo em muitos aspetos do desporto.
coisas correrem bem. E quando se é bom quando ele se retirou. Não aconteceu. Esse Por isso, e por ser precisamente um dos
no que se faz, é-se notado, e foi isso que substituto era Sébastien Ogier. Adivinhem pontos que nos referiu anteriormente, e
sucedeu com Yves Matton. Foi isso que onde ele vai estar agora, em 2019. Pois é, que todos entendemos precisar de ajus-
o levou à família da Citroën. Aí teve vá- Citroën. Ou seja, a equipa só agora entrou tes, falámos-lhe do Calendário WRC.
rios cargos, até chegar a Chefe de Equipa. novamente no trilho certo nos ralis, mas Basicamente, colocando-lhe a questão
Ironicamente, depois de Olivier Quesnel já não é com Yves Matton... que vale um milhão: Como é que o de-
ter estado às portas do paraíso devido Outra curiosa declaração que nos fez há sejo da FIA de ter mais eventos no WRC
ao facto de ter Sébastien Loeb na equipa, seis anos foi: “A equipa da FIA está a fa- pode ser alcançado sem perder os ralis
com tudo de bom que hoje sabemos que zer um excelente trabalho, em condições mais tradicionais e importantes da his-
isso representava, Yves Matton entra na muito difíceis”. Quando lhe perguntámos tória do WRC?
equipa quando o híper-Campeão francês o que gostaria de ver melhorado? “O ca- “A primeira coisa que vos digo é que um
se estava a preparar para sair dos ralis e lendário. É importante que o WRC vá a Campeonato 'mundial' tem de ser cla-
fazer outras coisas. novos mercados em crescimento como ramente mais global e, de momento, o
Como ele próprio nos disse há uns anos em o Brasil, a China e a Rússia”. nosso campeonato tem 10 eventos de
entrevista: “A Citroën não seria a mesma Ironia das ironias. É ele próprio que agora 13 na Europa.
sem Loeb”. Claro que não, nem poderia ser. está numa posição para poder – e dever Este rácio não é bom e, se queremos ser
Mas isso foi também a sua 'cruz'. – contribuir muito para resolver as ques- mais globais, temos logicamente de ser
Com a Citroën Racing a espalhar-se por tões que – ele e a equipa da FIA – entende mais globais fora da Europa. E para isto há
wrc/
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ENTREVISTA A YVES MATTON
duas formas do fazer: uma é acrescentar os desejos dos responsáveis desse rali?
mais provas de longo curso. Aqui, sabemos “É possível que sim. Estamos a traba-
que há limites para isso, principalmente lhar num processo claro quanto ao ca-
devido aos orçamentos dos construtores lendário do futuro do Campeonato do
relativamente ao que podem gastar no Mundo de Ralis, que será posto em prá-
Campeonato do Mundo de Ralis. tica. Depois disso, caberá à Comissão do
A outra forma é reduzir o número de even- WRC e ao Conselho Mundial do Desporto
tos na Europa, mantendo o mesmo nú- Automóvel da FIA validarem esse calen-
mero de provas. dário. Direi que, de momento, não temos
Penso que é importante manter o ADN do mais eventos do que as datas disponíveis,
campeonato do Mundo de Ralis e manter mas isso poderá mudar no futuro”, disse
no campeonato as provas mais emblemá- Matton, deixando claro que, para já não
ticas. E isso de certeza que não será fácil. há sombras sobre os melhores ralis da
Temos de encontrar uma forma de manter Europa, e pelo menos em 2019 estes po-
as provas mais emblemáticas e mais bem dem trabalhar sem ter a cabeça no cepo.
organizadas (em termos de promoção, es- Mas Matton também sabe os riscos que se
paço e segurança em especial) e acres- correm ao trocar uma prova com créditos
centar ao calendário algumas provas fora firmados por outra com um grande nome
da Europa. Com certeza, a proporção de (Japão, China, Brasil, Rússia, etc), mas que
eventos fora e dentro da Europa precisa depois se revele contraproducente. Até
estar mais próxima de 50/50 do que a que porque atualmente as provas de longa
temos no momento”, começou por dizer distância, com a exceção da Argentina,
Yves Matton, destacando uma evidência, atraem muito poucos inscritos e trazem
que como o próprio refere, não será fácil muito pouco para além do nome do país
de concretizar. A FIA tem que continuar ao WRC. Qual é a sua solução para este
à procura de eventos fora da Europa que problema?
depressa consigam ter o mesmo nível “Eu acho que o principal problema para
das melhores provas europeias e acres- isso é o facto de o número de tipo de carros
centem valor e dimensão ao campeona- de ralis da FIA disponíveis ter diminuído
to, compensando o que inevitavelmente devido a diferentes razões.
este perde ao retirarem-se provas míticas Um dos fatores tem a ver com o Grupo N
que fazem parte dos capítulos mais ricos estar a morrer, uma categoria de carros
da história do WRC. que estão disponíveis em todo o mundo.
Por isso, fomos mais longe, ao questionar Mas para poder ter mais variedade de
Matton se, para além dos casos em que carros disponíveis, o Conselho Mundial
houve preocupação com a forma como o da FIA anunciou em junho de 2018 que
rali foi realizado, quando se trata de perder iria avançar com um novo conceito de
alguns ralis – como aconteceu recente- Pirâmide, com começo previsto em 2020.
mente com o Rali da Polónia, que teve a Nessa Pirâmide há um novo nível de carros
sua oportunidade e falhou em aspetos que não existe neste momento. Apenas
fulcrais, especialmente a segurança – temos os princípios básicos. E os princí-
se acha que a FIA terá a coragem ou de- pios básicos deste carro são a tração às
terminação de remover um rali contra quatro rodas e ser rentável e divertido de
>> autosport.pt
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de carros que homologam?
“Esta situação foi outra razão para a nova
Pirâmide. A intenção que temos quanto
às outras categorias é abrir novamente
a homologação de automóveis de produ-
ção, muito mais como sucedia no passa-
do, algo semelhante ao Grupo N, e é tam-
bém o novo regulamento R1 de agora, que
é mais aberto do que o que tínhamos nos
últimos anos. O Campeonato do Mundo
de Ralis será baseado em todos os tipos
de carros listados na Pirâmide.
Os carrosquetemos neste momentosão
os World Rally Cars, os R5, mas também
os carros de duas rodas motrizes. Com o
futuro Rally 3 teremos cinco camadas di-
ferentes de carros. Hoje em dia os carros
de Grupo A e Grupo N estão 'mortos' no
que ao Campeonato do Mundo de Ralis
dizrespeito. Decidimoscancelarascate-
gorias onde não temos nenhum ou mui-
to poucos carros atualmente em funcio-
namento no Campeonasto do Mundo de
Ralis. Todas estas categorias foram reti-
radas do Campeonato do Mundo de Ralis
de 2019”, disse Yves Matton.
conduzir. Outrodospontosprincipaisterá do os atuais World Rally Cars e os R5, mas mais oito modelos (que não marcas) dis- MUDANÇAS À VISTA
que ser ser possível produzir esse carro acrescenta categorias para este novo tipo tintos, homologados até este momento, e
em todo o mundo. Por isso, esperamos de carros. E também vão ser mudados os se até aqui até podemos considerar que Sendo verdade que urge reformular a
poder ter nos campeonatos nacionais nomes das várias categorias de carros. O a questão não é má de todo, daqui para pirâmide dos ralis quanto à variedade
mais carros da FIA, e se tivermos mais nível mais baixo será 'Rally 5', sendo que a frente é péssima, pois os escalões de de carros diz respeito, é também muito
carros da FIA a correr nos campeona- o nível mais alto serão os Rally 1, os atuais 'formação' têm poucas marcas e mode- importante ir medindo o pulso ao topo
tos nacionais, poderemos ter mais car- World Rally Cars”. los disponíveis. da pirâmide, e quando olharmos para
ros também capazes de fazer parte dos Portanto, a FIA assume, sem o dizer, que Segundo nos parece, há um problema o que foi feito com as atuais regras dos
eventos do Campeonato do Mundo de o R4-Kit FIA falhou nos seus propósitos, geral com o sistema de homologação do atuais World Rally Cars, também será bom
Ralis. O objetivo é tentar finalizar o con- o que nos parece ter acontecido devido Artigo J, no qual a elegibilidade para correr pensarmos quando será a altura certa
ceito técnico já neste primeiro trimestre aos custos, que aproxima demasiado os em ralis de campeonatos internacionais para as mudar: “Já estamos a trabalhar
de 2019, e talvez ter os primeiros carros a R4-Kit FIA à categoria logo acima, a dos é baseada. Os fabricantes não homolo- no próximo design dos World Rally Cars,
correr em 2020”, disse Matton, sem que R5. Neste momento, um R4-Kit FIA novo gam carros de produção comuns, ape- que deverão surgir em 2022. Mas nes-
se estivesse a referir à nova fórmula R4- custa o mesmo que um R5 usado. E os R5 nas homologam carros especializados te momento é difícil dizer alguma coisa
Kit FIA: “Falo doutra categoria chamada andam mais. diretamente destinados à competição. É sobre as regras, porque estamos ainda
'Rally 3' na Pirâmide que referi. O R4-Kit Este é claramente um ponto fulcral para totalmente diferente do que sucedia há apenas no início das discussões com os
FIA vai ficar como está neste momento, o futuro dos ralis, pois se olharmos para 20/30 anos, quando muitas dezenas de fabricantes. Uma coisa é certa. Estamos
na mesma categoria dos R5, na camada os carros de ralis atuais, verificamos que carros diferentes foram homologados. a pensar introduzir algum tipo de hibri-
'Rally 2', principalmente devido ao fac- no topo da Pirâmide estão quatro marcas Será que existe alguma forma de conven- dação nos futuros World Rally Cars, mas
to do preço alvo do R4-Kit FIA ser muito e modelos, no nível a seguir, os R5, temos cer os fabricantes a alargarem o número esses WRC deverão ser semelhantes aos
superior ao preço alvo dos carros de ní- que temos neste momento”, disse Matton,
vel 3 de rali. Poderá ter alguns princípios que está feliz com o nível de desempenho
semelhantes ou técnicos, mas ainda não dos atuais World Rally Cars: “Quando vejo
sabemos porque ainda estamos a estu- o equilíbrio da competição deste ano que
dar os princípios técnicos. passou e ouço o feedback dos adeptos,
Esta Pirâmide incorpora alguns níveis de só posso estar feliz. Talvez tenha sido a
carros que temos neste momento, incluin- melhor competição dos últimos 15 anos
no WRC. Não vejo nada neste momen-
to que diga que a decisão de introduzir
a nova especificação de 2017 não tenha
sido uma boa decisão”.
Não é novidade para ninguém que os no-
vos carros são mais entusiasmantes para
os adeptos, mas o que ainda não perce-
bemos é se os problemas de segurança
que se têm visto no WRC têm a ver com
esse crescendo de entusiasmo dos adep-
tos, ou são apenas fruto de mau trabalho
"QUANDO VEJO O EQUILÍBRIO DA COMPETIÇÃO EM 2018 E OUÇO
O FEEDBACK DOS ADEPTOS, SÓ POSSO ESTAR FELIZ. TALVEZ TENHA SIDO
A MELHOR COMPETIÇÃO DOS ÚLTIMOS 15 ANOS NO WRC."
wrc/
22
ENTREVISTA A YVES MATTON
de algumas organizações. Basicamente,
o que quisemos saber junto de Yves
Matton é como acha que a segurança
pode ser mantida quando o desempe-
nho dos carros está sempre a aumentar?
“Trabalhamos muito o nível de seguran-
ça nos eventos do Campeonato do Mundo
de Ralis e com os pilotos aquando do novo
World Rally Car.
Penso que agora temos um dos carros
mais seguros em muitos anos de WRC.
Penso que podemos manter facilmente
a segurança, não só a segurança do car-
ro, mas também a segurança do públi-
co. Temos vindo a fazer muito trabalho.
A Michèle Mouton está a dar-nos um
feedback muito bom. Quanto ao uso de
chicanes limitadoras de velocidade acho
que não temos mais chicanes do que no
passado. Aschicanessãoalgoquetemos
em troços há muito tempo, não consigo
realmente ver que tenhamos aumen-
tado o número de chicanes. Com base
na experiência do México (penalização
controversa de Ogier), pedimos a todos
os organizadores que não tivessem chi-
>> autosport.pt
23
PERFILDEYVES MATTON
Yves Matton tornou-se bem conhecido nos meandros do WRC quando se
tornou responsável máximo pela Citroën Racing em 2012, depois de antes
ter sido Team Manager da equipa.
Nascido em Courtrai, na Bélgica, aos 51 anos é agora diretor de Ralis da
FIA, cargo que ocupa desde fevereiro de 2017, quando passou a ocupar o
lugar deixado vago por Jarmo Mahonen.
Antes teve um passado longo no desporto automóvel. Foi piloto de ralis na
Bélgica, fundou a MY Racing antes de ter sido notado e posteriormente
nomeado Chefe de Logística da Citroën Sport. Foi também Manager do
Departamento de Clientes da marca francesa, e neste âmbito contribuiu
muito para a deteção de jovens talentos dos ralis.
A sua história começa quando muito jovem seguia o Rallye du Condroz, e
em 1986, quando tirou a carta, assim que pôde começou a guiar um Opel
Ascona nos ralis belgas, numa carreira que foi esporádica. Depois de guiar
uma grande variedade de carros - Opel Manta 400, Ford Sierra Cosworth,
Ford Escort Cosworth - o seu melhor resultado foi com Danel Elena ao
lado, em 2013, quando foi terceiro num Citroën Xsara WRC.
Estudou gestão, fundou a Prorace em 1990, entre 1997 e 2001 passou
para a Future World, onde teve Bruno Thiry como piloto, num Subaru
Impreza. Depois passou a representar a Toyota Team Europe na Bélgica,
Holanda e Polónia, em 2001 e 2002 foi para a Kronos Racing, onde foi
Team Manager de Simon Jean-Joseph e Kris Princen, sendo aqui que foi
notado pela Citroën para onde rumou no ano seguinte. Foi nomeado Chefe
de Logística e mais tarde Team Manager por Guy Fréquelin.
Na marca francesa descobriu e apoiou talentos como Dani Sordo e Kris
Meeke. Em 2008 Matton saiu da Citroën Sport e criou a MY Racing, um
preparador com fortes laços à Citroën, mas voltou, anos depois, em 2012,
como Chefe de Equipa, substituindo Olivier Quesnel, já na era pós-Loeb.
Passou a liderar também o projeto da Citroën Racing no WTCC, em 2014,
mas se nas pistas as coisas correram às mil maravilhas, nos ralis a
equipa caía a olhos vistos. Aguentou-se até 2017, quando foi para a FIA,
arrancando com o seu novo trabalho em fevereiro de 2018.
canes na Power Stage no futuro. Quanto fazer, o que a FIA está a tentar fazer, o que final, é sempre a Comissão do WRC que e também World Rallys Cars. Agora, a
ao que aconteceu na Austrália (quando as equipas tentam fazer. tem de aprová-las e levá-las ao Conselho Pirâmide fala de outro Rally 2, que é o
partes de chicane que foram movidas "No final é muito simples, porque tudo vai Mundial do Desporto Automóvel”. mesmo nome utilizado quando um piloto
levaram a outras consequências graves), para a Comissão do WRC, depois todas as Há sempre pequenos pontos a melhorar, regressa a um rali depois de abandonar
talvez tenhamos de encontrar algo mais propostas, com quaisquer ideias que ve- e como exemplo damos dois pequenos no dia anterior.
atualizado ou moderno do que chicanes nham das partes interessadas nos ralis, pormenores, que não são mais do que “Já foi decidido que a regra do Rally2 será
físicas. Trabalharemos em 2019 sobre a vão para o Conselho Mundial da FIA. As isso, mas que talvez fosse bom retificar. renomeada 'Restart' para não ser con-
ideia de chicanes virtuais (ndr.: uma es- propostas e ideias podem vir de todas as Já é suficientemente mau que 'WRC' sig- fundida com o nome da nova categoria
pécie de zonas delimitadas em que os partes interessadas no campeonato e, no nifique Campeonato do Mundo de Ralis nos ralis.
concorrentes têm que baixar para uma Esperamos que a nova Pirâmide asse-
velocidade determinada ao passar nes- gure os nomes dos grupos e das classes
sa zona, sob pena de serem penalizados, e todos os nomes dos carros, tudo estará
como sucede nas pistas com as zonas de ao mesmo nível e não como de momento
bandeiras amarelas). Vamos estudar o que em que se tem R1, para a classe RC5 por
é feito noutras disciplinas, por exemplo, exemplo. Em 2020 tudo estará no mes-
como usam o sistema de rastreamento, mo nível, se é que posso dizer assim, 1 é 1
RallySafe na Austrália, algo que já fazem e 5 será 5...”, disse Matton.
há muito tempo. Vamos estudar para ver Como se percebe, há coisas a aconte-
sepoderemos melhoraraschicanesfísi- cer no WRC, e essas ideias parecem ter
cas que usamos atualmente. Talvez seja toda a lógica.
a maneira de ter algumas chicanes que Mas como sempre, a teoria é uma coisa, e
são 100% eficientes." por vezes a prática troca as voltas a essa
Mudando de assunto, por vezes parece teoria. De qualquer das formas, o ponto
que há três vias no que às ideias para o fulcral desta entrevista, a nova Pirâmide
WRC diz respeito. Parece haver um con- dos carros de ralis da FIA, parece funda-
flito entre o que o Promotor está a tentar mental...
24 WRX/
QUE PILOTOS
PARA O WORLD
RX 2019?
Após várias épocas de grande e crescente fulgor, o World RX sofreu uma enorme
debandada, com várias equipas importantes a sairem da competição. Por isso, é hora
de fazer um balanço e perceber o que nos reserva o ano que agora começou…
Duarte Mesquita Para além do Campeonato Europeu FIA Fabia com vários pilotos, entre os quais
[email protected] de Ralicross (também ele promovido Andreas Bakkerud, Mads Ostberg,
Fotos Paulo Maria/Interslide pela IMG, mas com apenas seis circui- Kevin Abbring e Eyvind Brynildsen,
tos, dos quais quatro são originais de enquanto a Münnich Motorsport con-
D epois das anunciadas saí- Ralicross), as equipas também podem firmou a inscrição de um novo Seat
das das equipas oficiais nos escolher competir no Campeonato Ibiza RX para Timo Scheider, poden-
últimos tempos, tendo tudo Nórdico (uma série que está em ple- do inscrever um segundo Ibiza para
começado em finais de 2017 na expansão, promovida por Andreas René Munnich nalgumas rondas. O
com o abandono da equipa Eriksson e que conta com seis fins Team STARD de Manfred Stohl tam-
oficial da Ford, a Hoonigan de semana de provas disputados em bém já oficializou a entrada de Janis
Racing Division, sendo acompanhada já cinco países diferentes) e no novo Baumanis no campeonato com um
este ano pela Peugeot Sport, EKS Audi Global Rallycross Europe (com visita novo Ford Fiesta RXS e está a tentar
Sport e PSRX Volkswagen, está claro a Montalegre agendada para 10 e 11 de completar o projeto com um segundo
para todos que o Mundial de Ralicross agosto). Se em 2018 tivemos 15 car- carro a tempo inteiro. Outro piloto que
2019 só poderá sobreviver se conseguir ros inscritos de forma permanente no está muito perto de garantir a presen-
atrair um número substancial de equi- World RX, o cenário que se perspetiva ça a full-time é Oliver Bennett com
pas privadas. Nesta silly season têm agora ainda é pouco animador. A GRX o MINI Cooper S Supercar estreado
sido poucas as boas notícias que têm Taneco deverá manter dois Hyundai este ano. Se a família Hansen conse-
chegado sobre este aspeto e, apesar i20 N RX para Niclas Grönholm e Timur guir viabilizar um projeto com os 208
da IMG ter-se visto forçada a reduzir Timerzyanov, existindo a possibilida- WRX da Peugeot Sport para os irmãos
o calendário para 10 provas de forma de de alinhar um terceiro carro nalgu- Timmy Hansen e Kevin Hansen, esta-
a torná-lo um pouco mais acessível mas provas (Sébastien Loeb?); a GCK mos a falar em números redondos de
em termos de custos, o facto de exis- continuará com dois Renault Mégane 10 carros, o que será manifestamente
tir uma forte concorrência em termos RS RX, com Andreas Bakkerud, Liam pouco para manter vivo o conceito do
de campeonatos, vai dificultar a che- Doran e Anton Marklund a perfilarem- campeonato.
gada de equipas privadas ao Mundial -se como possíveis colegas de equipa Para já resta-nos aguardar por boas
da especialidade. de Guerlain Chicherit. Depois sabe-se notícias para o World RX mas tam-
que irá chegar ao campeonato uma bém para o novel GRC Europe, que
nova equipa, a ES Motorsport, que será uma das atrações automobilís-
tem vindo a testar o seu novo Skoda ticas em Portugal no próximo ano.
>> autosport.pt
25
26 CPR/
BRUNO MAGALHÃES E ARMINDO ARAÚJO anos temos tido boas surpresas. E o mais
interessante da questão é que isto gera um
DREAM TEAMJUNTOSNOTEAMHYUNDAIPORTUGAL efeito bola de neve, pois com um plantel a
Depois de ter surpreendido ao vir para os ralis e ao mesmo tempo convencer enriquecer, muitos ficam ainda com mais
Armindo Araújo a regressar, a Hyundai volta a surpreender: desta feita foi buscar vontade de fazer também parte da festa.
Como é lógico, qualquer piloto corre para
Bruno Magalhães. Um autêntico Dream Team vencer e se possível ser Campeão, mas to-
dos eles sabem bem que aí só chega um a
José Luís Abreu Armindo Araújo, com o Team Hyundai cada ano. Mas ninguém se preocupa de-
[email protected] Portugal, a ele se junta agora Bruno masiado com essa questão, pois sabem
Magalhães, numa equipa que vai valo- muito bem que olhar para o lado e ver a
OCampeonato de Portugal de rizar ainda mais a principal competição valia de quem também lá está faz crescer
Ralis recebeu na passada se- portuguesa de estrada, que nos últimos a motivação e o entusiasmo para correr.
anos tem vindo a crescer de ano para ano. Mesmo quem há algum tempo vencia
mana uma das melhores no- A cada confirmação no CPR, nos últimos provas, e agora tem bem mais dificulda-
anos, muitas vezes se escreveu “agora só des de chegar ao pódio, não pode deixar
tícias com que poderiasonhar. faltava ‘este’”, a verdade é que todos os de gostar do desafio. Quando defrontamos
adversários poderosos, suplantamo-nos
Para além da confirmação da a nós próprios, e o que achávamos não
conseguir fazer, já ficou para trás.
continuidade do projeto de Há algum tempo, no final da época pas-
sada, falava com um piloto que nos fazia
o balanço da sua época. Os resultados
foram bem piores do que na temporada
anterior, mas tal como me referiu, o ano
deu-lhe bem mais gozo, porque os adver-
sários eram mais e melhores e isso fê-lo
também ‘dar ao pedal’.
Assim de repente, em 2019 vamos ter, pelo
menos,ArmindoAraújo,BrunoMagalhães,
José Pedro Fontes e Pedro Meireles. Só aqui
estão 11 títulos. Imaginemos que em Fafe
marca presença Ricardo Moura, nada de
descabido, acrescente mais três. Não será
um cenário impossível se Adruzilo Lopes
e Fernando Peres também correrem. Mais
seis títulos. Total, 20.
Sonhos à parte, a verdade é que os ralis es-
tão bem e recomendam-se. Pena mesmo
olhar para o que fica logo a seguir aos R5.
Aí o plantel é bem mais pobre. Num mun-
do perfeito, haveria pelo menos o dobro
de duas rodas motrizes, R3 e R2 a correr,
e também muitos R1 para se continuar a
formar jovens. Mas não é isso que suce-
de. Felizmente, apareceu a Kia Picanto
GT Cup, por isso talvez haja mais jovens
a correr este ano, a Peugeot 208 Rally
Cup promete ser ainda melhor, mas só
vai a três provas.
Portanto, regozijo pelo topo da pirâmide.
Tristeza pela base.
OUTRO REGRESSO
Mas as tristezas não pagam dívidas, e
por isso é melhor agradecer e aprovei-
tar o que existe. E o regresso de Bruno
>> autosport.pt
27
Magalhães ao CPR é muito bem vindo, PEDROMEIRELES de um Volkswagen Polo GTI R5, o mais re-
sendo ele um tricampeão (tricampeão DEVWPOLOGTIR5 cente R5 no mercado, e isso poderá sig-
nacional de 2007 a 2009, com a Peugeot nificar um ‘boost’, não só de motivação,
Portugal) e um piloto que nos dois últimos Há muito que a questão andava no ar, mas Agora, tem nova motivação para se chegar mas também de competitividade. Caso
anos ficou no pódio do Europeu de Ralis: Pedro Meireles confirmou agora a chegada novamente à frente, e o CPR precisa que o consiga, há que contar com ele para as
foi vice-campeão em 2017 e terceiro clas- dos dois primeiros Volkswagen Polo GTI R5 o faça, alargando dessa forma o leque de lutas na frente no CPR. João Barros só fez
sificado em 2018. Desde 2010 tem corrido para o Grupo M. & Costas, um carro que vem potenciais candidatos a vitórias nas provas quatro provas em 2018, mas correm ru-
essencialmente no estrangeiro, mas re- valorizar bastante o CPR. e, em última análise, ao título. mores que vai regressar a tempo inteiro
gressa a Portugal para pilotar o segundo Desde que a Volkswagen MotorSport Recorde-se que o começo de carreira de em 2019. Falta confirmar esta situação.
Hyundai i20 R5, apoiado pela Hyundai anunciou a vinda para Portugal de pelo Pedro Meireles nos ralis foi precisamente Por falar em rumores, Ricardo Moura ven-
Portugal: “Regressar ao CPR integrando menos um Volkswagen Polo GTI R5 que a com um Volkswagen, um Golf III GTI 16v, ceu as duas primeiras provas do CPR de
o Team Hyundai Portugal ao volante de maioria pensou ser para Pedro Meireles. no Nacional de Iniciados em 1996, onde 2018, e deve fazer o mesmo este ano, pelo
um Hyundai i20 R5 é um motivo de or- Depois de ter sido Campeão Nacional em conquistou dois títulos nacionais de que será dos principais favoritos aos triun-
gulho e, ao mesmo tempo, uma grande 2014 e de ter lutado até ao derradeiro Iniciados e um Vice-Campeonato absoluto fos nas provas que realizar.
oportunidade. Vamos dar o nosso me- metro pelo título de 2017, o ano de 2018, de Ralis em Portugal com carros da marca.
lhor e estou seguro de que juntos alcan- que recentemente terminou, foi mais difícil Os últimos anos têm sido de Skoda, mas BONS OUTSIDERS
çaremos grandes resultados!”, afirmou para Pedro Meireles, que viu a concorrência agora chegou a vez do novíssimo VW Polo
Bruno Magalhães. tornar-se bem mais forte. GTI R5. Para além destes pilotos, que vão andar
Quanto a Armindo Araújo, confirma-se mais à frente no CPR, o segundo pelotão
a desejada continuidade: “O facto de ter- MAIS E MELHORES – tudo indica – nos mesmos moldes de ganha valor. Manuel Castro continua com
mos sido campeões logo no primeiro ano 2018, com o Skoda Fabia R5 da ARC Sport. o seu Hyundai i20 R5, e sem azares, anda-
do projeto foi algo muito especial e parti- Com estas duas confirmações, o CPR eleva Tendo em conta o que fez em 2018, este rá no top 5. Ainda não foi anunciado, mas
mos para 2019 com o objetivo de ganhar o seu nível, até porque se prevêem novos ano tem condições para fazer, pelo menos, Pedro Almeida vai trocar o Ford Fiesta R5,
o maior número possível de ralis para a R5emaispilotos. JoséPedroFontesvolta o mesmo. Miguel Barbosa estará igual- que passa para Miguel Correia, por um
equipa e de estarmos novamente na luta este ano mais forte, totalmente recupe- mente de regresso, também com o seu Skoda Fabia R5, que já testou. Como refe-
pelo título”, disse Armindo Araújo. rado e mais adaptado à sua nova máqui- Skoda Fabia R5, sendo que neste caso irá rido, Miguel Correia passa das duas rodas
Sérgio Ribeiro, CEO da Hyundai Portugal, na, o Citroën C3 R5. Será certamente um trocar de navegador. Pedro Meireles tem motrizes para a categoria principal e vai
afirmou: “O percurso e as conquistas do dos fortes candidatos ao título de 2019. novidades, e boas. Confirmou a aquisição correr com o Ford Fiesta R5.
Armindo e do Bruno em Portugal e no Ricardo Teodósio também irá regressar António Dias vai continuar com o Skoda
estrangeiro falam por si, são dois dos Fabia R5, Diogo Salvi deverá fazer algu-
melhores pilotos de sempre dos ralis em mas provas, tal como em 2018, o mesmo
Portugal. aplicando-se a Joaquim Alves.
Ao lado do Luís (Ramalho) e do Hugo Pedro Meireles revelou que a meio de 2019
(Magalhães) temos todas as garantias vai chegar um segundo VW Polo GTI R5,
em termos de talento e experiência, até sem especificar para quem. O seu irmão
porque o potencial do Hyundai i20 R5 fi- Paulo Meireles é um ‘candidato’ lógico, ain-
cou mais uma vez comprovado em 2018. da que apenas para fazer algumas provas.
Penso que o nosso lema ‘Os ralis pelos ra- Por tudo isto, o CPR ganha qualidade no
lis’ marcou o campeonato de forma muito topo da hierarquia, e assim de repetente
positiva. É com esta filosofia de profissio- vemos cinco pilotos candidatos ao título,
nalismo, competitividade e com ambição o que não tivemos até aqui.
renovada que queremos vencer nova- Carros, sim, muitos, mas pilotos a lutar
mente em 2019. para vencer em todas as provas, nem tan-
Como membro deste projeto desde o início, to, mas este ano tudo indica que esse nú-
desejamos entretanto que o Carlos Vieira merovaiaumentar. Independentemente
complete rapidamente a sua recuperação de quem podemos considerar mais candi-
e que volte o mais brevemente possível dato, o que é verdadeiramente importante
ao mundo do automobilismo nacional.” é o aumento da qualidade do campeonato
e com isso todos ganham.
V/28
VELOCIDADE - IMSA
ROAR BEFORETHE24
FORTE CONCORRÊNCIA
PARAOS PORTUGUESES
As equipas prepararam no A mítica pista de Daytona re-
fim de semana passado as cebeu 47 carros, que pro- volta ao local onde festejaram no ano MAZDA E CADILLAC EM DESTAQUE
máquinas para a prova que curaram a melhor afinação passado a primeira vitória do ano, de
para a primeira grande pro- novo acompanhados de Christian Fit- Nas sete sessões de treinos houve um
em 2018 nos fez sorrir va de resistência, agendada tipaldi, e este ano com uma novidade, denominador comum… a velocidade dos
para os dias 26 e 27 deste o ingresso de Mike Conway. Mazda e dos Cadillac. Já se sabia que os
Fábio Mendes mês. Foram três dias, sete sessões Tivemos em pista também a classe “Caddy” seriam favoritos, mas este ano a
[email protected] de treinos (cinco para os GTD) e uma LMP2, que este ano serve como cate- Mazda surge muito mais competitiva. A
Fotos IMSA/Jake Galstad/ qualificação que decidiu as posições goria Pro-Am nos protótipos (apenas Joest, que desde o ano passado passou a
das boxes para a prova. Nos DPi, fo- quatro carros presentes), os sempre trabalhar com a Mazda no IMSA, melhorou
Richard Dole ram 11 as máquinas em pista (dois muito competitivos GTLM (nove má- os protótipos da marca japonesa e em
Mazda, seis Cadillac, dois Acura, e um quinas em pista), também aqui com Daytonaosnº55 enº77surgiramnotopo
Nissan) e muitos nomes consagrados uma lista de inscritos de luxo, como da tabela em quatro das sete sessões,
ao volante, numa autêntica parada de é habitual, onde merece uma menção fazendo o melhor tempo da qualificação
estrelas que conta com nomes como especial Alex Zanardi, que continua a com o registo de 1:33.398, um recorde
René Rast, Timo Bernhard, Fernando provar que impossível é uma palavra não oficial em Daytona (o melhor tem-
Alonso, Kamui Kobayashi, Rubens que não existe no seu dicionário. Em po na qualificação do ano passado foi de
Barrichello, Juan Pablo Montoya, en- GTD tivemos 23 carros, onde se destaca 1:35.806). Oliver Jarvis foi o homem mais
tre muitos outros que mereceriam novamente a presença de Pedro Lamy rápido no nº 77, seguido de muito perto por
ser também destacados. De todos, com a companhia dos suspeitos do Harry Tincknell no nº 55 (+0.025 seg.). A
há dois a ter sempre em conta… Filipe costume, Paul Dalla Lana e Mathias Joest parece ter feito bem o trabalho de
Albuquerque e João Barbosa estão de Lauda com Daniel Serra a completar casa e a velocidade dos protótipos ja-
a tripulação do Ferrari nº 51. poneses permite sonhar com um bom
resultado. No lado dos Cadillac, o nº 10 da
>> autosport.pt
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WTR esteve em destaque nas primeiras T/ MELHORES TEMPOS
sessões de treinos, mas na qualificação DA QUALIFICAÇÃO
o melhor foi mesmo Albuquerque, co-
locando o nº 5 na quarta posição, atrás DPI – #77 - O. JARVIS / T. NUNEZ / T. BERNHARD / R. RAST - -nos o Mercedes nº 33 da Riley Motors- PORTUGUESES EM BOM PLANO
do Acura nº 7 de Ricky Taylor. Os Acura MAZDA TEAM JOEST - MAZDA DPI 1:33.398 ports no topo da tabela, acompanhados
estiveram discretos nos treinos, mas na 4º - #5 - 5 J. BARBOSA / M. CONWAY/ F. ALBUQUERQUE / C. de perto pelo Ferrari nº 51 de Pedro Lamy. Testes são apenas isso mesmo, mas
qualificação relembraram que é preciso FITTIPALDI - MUSTANG SAMPLING RACING - CADILLAC O carro do piloto luso rodou quase sempre podemos tirar algumas ilações. Albu-
contar com eles. A Core autosport estreou DPI - 1:34.282 nos lugares da frente (chegando a rodar no querque e Barbosa mostraram nova-
o Nissan (ex-ESM) e liderou a última ses- LMP2 – #52 - M. MCMURRY / G. AUBRY / M. KVAMME - PR1 segundo 46 baixo), mas na qualificação fez mente bom andamento e o resultado
são de treinos, embora o fim de semana MATHIASEN MOTORSPORTS - ORECA LMP2 1:35.930 apenaso19ºtempo. Nadadepreocupante da qualificação mostra que a velocidade
tenha servido mais de “shakedown” para GTLM – #3 - J. MAGNUSSEN / A. GARCIA / M. pois já no ano passado estiveram algo dis- do carro continua boa. O otimismo é
a equipa que este ano tem em mãos um ROCKENFELLER - CORVETTE RACING - CHEVROLET cretos no ROAR, mas no fim de semana de palavra de ordem no nº 5 faltando, ape-
DPi, ao contrário do ano passado em que CORVETTE C7.R - 1:42.651 prova mostraram andamento para chegar nas falta corrigir alguns pormenores.
usaram um LMP2, tal como a JDC que este GTD - #57 J. HEINRICHER / K. LEGGE / S. DE SILVESTRO/ ao pódio. No primeiro lugar da qualificação Nota de destaque para o patrocínio da
ano opera dois Cadillac. A. FIGUEIREDO / C. NIELSEN - MEYER SHANK RACING W/ ficou o nº 57 da Meyer Shank Racing com Galp no carro dos pilotos lusos. Quanto
Olhando para os tempos da qualificação, CURB-AGAJANIAN - ACURA NSX GT3 - 1:45.537 uma tripulação 100% feminina. Os Acura a Lamy, o nº 51 surgiu várias vezes nos
o equilíbrio é nota dominante na frente 19º - #51 P. DALLA LANA / P. LAMY / M. LAUDA / D. SERRA mostraram-se novamente competitivos, lugares cimeiros da tabela e as indi-
com o top 5 a caber em menos de 1 seg. - SPIRIT OF RACE FERRARI - 488 GT3 1:48.845 tal como o Mercedes nº 33, mas também cações são também positivas. Parece
Os Mazda da Joest, os Cadillac da Action aqui apontar favoritos torna-se difícil com assim que teremos os nossos repre-
Express e os Acura parecem ser as má- passado a Ford ganhou sem grande opo- os 14 carros mais rápidos a caberem em sentantes com aspirações legítimas a
quinas mais bem preparadas para um sição, com um ritmo de corrida acima de menos de 1 seg. Tudo muito equilibrado, bons resultados. Mas a concorrência é
assalto ao primeiro lugar com os “Caddy” qualquer concorrência, este ano na teoria portanto. muito forte e vai ser preciso lutar muito
da JDC, da Juncos e o Nissan da Core a também são favoritos, mas na prática as e… ter um BoP favorável.
alguma distância. coisas podem ser muito diferentes. Ford,
Em LMP2 foi o Oreca nº 52 da PR1 Mathia- Porsche, Corvette e Ferrari surgiram no
sen Motorsports a ficar com o melhor re- topo da tabela de tempos, com a Porsche
gisto na qualificação, mas a DragonSpeed, a ter um ligeiro ascendente, mas na qua-
com dois carros e muita experiência em lificação foi o Corvette nº 3 a ficar com o
endurance, poderá ser destaque numa melhor tempo. Olhando para os tempos
categoria com poucos carros. da qualificação, a classe GTLM cabe toda
em pouco mais de 0.6 seg.
GTLM – ESPETÁCULO GARANTIDO
GTD – MULHERES AO PODER
Nos GTLM espera-nos 24h de grande luta, As primeiras sessões de treinos deram-
com muito equilíbrio à mistura. Se no ano
N/30
NOTÍCIAS
DTM
VAINDOANNOOVVOA
2019 é um ano de muitas novidades no mundo do
desporto motorizado e o DTM vai iniciar uma nova
era. Depois de tempos algo conturbados, encontrou-
se uma solução de futuro e o campeonato alemão de
turismos está preparado para se tornar mais global
Fábio Mendes
[email protected]
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AS NOTÍCIAS EM AUTOSPORT.PT
Afamosa Class One, que em 2014 em linha com o que se vê nos Super GT. Outra das grandes mudanças para o uma corrida conjunta entre os novos
começou a ser falada, finalmente As grandes diferenças estão na estan- DTM será o motor, que passará a ser de DTM e os Super GT com um BoP que irá
chegou a bom porto. Depois de dardização de uma grande quantidade 4 cilindros em linha, turbo, com 2 litros tornar as performances equivalentes,
avanços e recuos e de ter sido de componentes, que ficarão disponíveis de capacidade e uma potência de 620 cv. no que se espera ser um aperitivo do
colocada na gaveta (ainda que por pouco quer na Ásia quer na Europa, permitindo As antigas unidades V8 4.5L de 500 cv que poderemos ver no futuro.
tempo), este novo conjunto de regu- uma diminuição significativa dos custos. irão para os museus. Teremos também As novas máquinas foram testadas no
lamentos que foram aprovados pelos
responsáveis pelo DTM e pelos Super GT Q&A COM MIKE ROCKENFELLER (AUDI)
japoneses permitirão a criação de uma
plataforma global, que poderá criar um O que há de novo no DTM 2019? características nós conhecíamos a fundo. Temos apenas
produto apelativo, quer para as marcas, “Há muitas inovações para 2019. Certamente a maior alguns testes no DTM e precisamos de fazer o melhor uso
quer para os clientes. diferença é o turbo de 4 cilindros, que tem claramente uma possível deles.
Trata-se de homogeneizar os regula- potência mais elevada. Ao mesmo tempo, o nosso novo carro Como funciona o motor turbo em comparação com o
mentos que serão usados no DTM já a tem uma aerodinâmica mais eficiente. Isso torna-nos muito anterior motor V8?
partir de 2019 e nos Super GT a partir mais rápidos nas retas. Em suma, é a maior mudança que já O motor aspirado fornecia a sua potência de uma forma
de 2020. Assim, os dois campeonatos vi no DTM. Estar envolvido nisto é muito emocionante. Há 12 muito mais linear e com os seus restritores ficou limitado a
passarão a usar os mesmo regulamen- anos que conduzo com motores de oito cilindros aspirados cerca de 500 cv de potência. O turbo tem menos capacidade
tos, abrindo portas a que construtores e estou ansioso por algo novo. Além disso, mais potência é cúbica, menos quatro cilindros e características totalmente
japoneses possam entrar no DTM e sempre mais divertido. diferentes. Temos cerca de 100 cv de potência a mais.
vice-versa. É um primeiro passo para Esta é o início da nova era no DTM 2019… Obviamente, sente-se. O motor tem mais força. Sente-se a
um possível campeonato global, com Todos na equipa estão altamente motivados. O novo carro aceleração mesmo em quarta, quinta e sexta velocidades,
custos mais reduzidos e controlados, o é como o nosso novo bebé. Todos estão felizes, apesar é incrível. Temos muita potência assim que o turbo entra
que agrada sempre às marcas. de ainda termos muito trabalho pela frente. Trata-se em funcionamento. Os pneus são os mesmos, mas agora há
Existem mudanças nos carros, com uma de fiabilidade, dirigibilidade e desempenho. O novo 100 cv adicionais, isso coloca mais pressão nas borrachas, a
aerodinâmica revista e mais eficiente, motor porta-se de forma diferente do antigo V8, cujas carga é muito maior nos pneus traseiros.
apesar de criar menos apoio que as ver-
sões anteriores no DTM, estando mais
BREVES >> autosport.pt
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>> FULLEVENTOSABANDONAVELOCIDADE
A Full Eventos e a FPAK rescindiram por
mútuo acordo o contrato que os ligava,
relativo à promoção e organização da
velocidade nacional. Desde 2007 que a
Full Eventos tomou conta da velocidade
nacional, houve alguns anos positivos,
por exemplo o PTCC, depois os GT, mas
as competições de pista nunca deram
o salto qualitativo necessário. Houve
demasiados altos e baixos, avanços e
recuos, e a conjuntura atual era tudo menos promissora.
Neste contexto, e depois de ter sido a entidade promotora dos Campeonatos de Portugal
de Velocidade nos últimos 12 anos, a Full Eventos “agradece à Federação a confiança
depositada e as oportunidades que se geraram com ganhos para ambas as instituições”,
mas decidiu parar.
>>GALPJUNTA-SE
AALBUQUERQUEEBARBOSA
A Galp, empresa portuguesa
de energia, juntou-se a Filipe
Albuquerque e João Barbosa
na Mustang Sampling Racing
como forma de ativar a marca
no mercado norte-americano.
As cores da Galp vão assim
fazer parte do Cadillac
Dpi-V.R com o nº 5 no IMSA
WeatherTech SportsCar Championship em 2019: “Estamos encantados com esta
parceria da Galp com a Mustang Sampling Cadillac e com os seus dois pilotos
portugueses, João Barbosa e Filipe Albuquerque”, diz o diretor para os mercados
internacionais da Galp, Francisco Lima Aires.
>> LUÍSPIMENTEL
QUER R4 NO RALI DOSAÇORES
Estoril e as primeiras impressões foram manutenção dos pneus de 2018 obrigará Luís Pimentel, o famoso Licas, está a trabalhar em dois projetos R4 para a próxima
as melhores por parte dos pilotos. A a uma gestão mais cuidada das borra- temporada, um Toyota Yaris R4 e um Kia Rio R4, sendo o objetivo participar com um destes
potência dos novos motores agradou chas. Esperam-se tempos por volta 2 carros no Rali dos Açores, no final de março: “Tenho a minha estrutura e além dos meus
sobremaneira aos homens do volante, a 3 seg. mais rápidos que os registos carros, gostava de poder ter outro para alugar e então surgiu a hipótese do R4, que é um
tal como o binário. A nova aerodinâmica anteriores e diz quem viu que a sensação projeto que eu acredito que tem futuro. O projeto R5 é espetacular, é o melhor projeto que
exigirá também mais dos artistas e a de velocidade e o som das máquinas a FIA fez até hoje e o R4 tem a mesma base”, disse.
recomenda-se.
Quanto às marcas envolvidas temos a >> FÁBIO MOTACOM “BOASOPÇÕES”
Audi e a BMW que já testaram os novos
carros no Estoril. A Audi mantém os Depois duma temporada dividida entre
mesmos pilotos do ano passado, con- a Peugeot 308 Racing Cup, a prova de
tando com Nico Muller, René Rast, Mike Vila Real da Supercars Series e a Taça de
Rockenfeller, Robin Frijns, Loïc Duval e Portugal FPAK de Karting, Fábio Mota faz
Jamie Green. o balanço da sua temporada de 2018,
A BMW terá Philipp Eng, Timo Glock, perspetivando 2019: “Foi uma época
Marco Wittmann, Joel Ericsson e Bruno atípica para mim, troquei de competição,
Spengler, faltando anunciar quem irá de equipa, o que me obrigou a ter de
substituir Augusto Farfus, que dei- me ambientar a uma nova envolvência.
xará de competir no DTM em 2019. Apesar de inúmeras contrariedades,
Uma das novidades para 2019 será mostrei um bom andamento frente
o ingresso da Aston Martin, que irá a pilotos que conheciam profundamente o Peugeot e os circuitos franceses, ambos
entrar no campeonato com a equipa novidades para mim. Consegui estar na luta do pelotão da frente, tendo terminado
suíça R-Motorsport. Se o progresso regularmente dentro dos 10 primeiros.
do desenvolvimento do novo Vantage Para 2019 não tenho ainda nada definido, estou a estudar diversas possibilidades, mas
decorrer como agendado, poderemos não vou repetir a Peugeot 308 Racing Cup. Existem boas opções no plano internacional,
ver a nova máquina em ação ainda que estamos a estudar, e posso avançar que vou disputar o Campeonato de Portugal de
este ano. Karting paralelamente com uma competição automóvel”.
>>motosport.com.pt
HONDA O V4 MAIS VERSÁTIL
» VFR800X CROSSRUNNER O grande coração desta moto permanece o motor V4, sempre muito
redondo e agradável de conduzir, aqui com uma vivacidade que lhe
é emprestada não só pelos 106 cv, mas também pela operação do
V-Tec, que a dada altura acentua a sensação de disparo e aceleração, se
quisermos mesmo tratar a moto como uma desportiva
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Paulo Araújo esta posição de condução muito na-
[email protected] tural, e não há problema por irmos
algo direitos porque o vidro dianteiro,
A Honda vem diversificando aparentemente pouco obstrutivo, na
a sua oferta ao estilo dos verdade faz um excelente trabalho de
construtores automóveis defletir a deslocação de ar do peito do
que propõem várias op- condutor, mesmo a velocidades para
ções diferentes baseadas lá do legal… Qualquer surpresa é mais
na mesma plataforma. Isto que acautelada pelos excelentes tra-
permite que ciclísticas e motores já há vões, pinças Tokico radiais de quatro
algum tempo desenvolvidos e prova- êmbolos opostos a atuar em discos
dos sejam rentabilizados, revestindo- de 310 mm, uma instalação que não
-se de novos atrativos sem a despesa envergonharia uma desportiva, até
e tempo de desenvolvimento de um porque conta com ABS de dois canais
modelo completamente novo. É o caso e manetes ajustáveis.
desta Crossrunner, que tem por base Cidade? Uma vez habituados à altura
a VFR800X em termos de quadro e um pouco intimidante do conjunto nos
motorização, mas depois a atualiza primeiros metros, a agilidade demons-
com uma estética de aventura e uma trada é excelente, a altura do banco
posição de condução excelente, muito de 815 mm (regulável para 835 mm
intuitiva e correta de um ponto de vista para os mais altos) permite colocar os
da ergonomia, em vista de nos levar
sentados quase direitos, mas com a
inclinação certa para dominar a moto
e a estrada na melhor tradição das
turísticas de longa distância.
Estrada? A 800X enfrenta curvas
com aprumo e facilidade, graças ao
guiador de secção cónica que nos leva
com os braços algo abertos e permite
realizar mudanças de direção com
um toque mínimo. A visibilidade à
distância também é melhorada por
CORES DISPONÍVEIS
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>>motosport.com.pt
CONCORRÊNCIA YAMAHA TRACER 900GT - 847 CC pés, ou pelo menos um, no solo sem na zona do condutor, quer na mais
problemas e, claro, mais uma vez o atrás destinada ao pendura, separada
KAWASAKI VERSYS 1000 - 1043 CC 115 CV guiador largo ajuda nas manobras por um declive suave e rodeada de
de estacionamento. Ir quase direito pegas generosas que também dobram
120 CV POTÊNCIA também aqui tem vantagens de visi- como um pequeno porta-bagagem
bilidade no trânsito além de ser mais onde se pode montar uma top-box,
POTÊNCIA 214 KG confortável no pára-arranca. como no modelo ensaiado.
Passeio em terra? A geometria da Claro que o grande coração desta moto
250 KG PESO Crossrunner, sem ter pretensões a permanece o motor V4, sempre muito
Endurista, permite-nos encarar estra- redondo e agradável de conduzir, aqui
PESO 12 595€ dões com alguma confiança, a frente com uma vivacidade que lhe é empres-
nunca é pesadona e a traseira perma- tada não só pelos 106 cv, mas também
13 795€ PREÇO BASE nece bem acoplada ao piso, permitin- pela operação do V-Tec, que a dada
do-nos acelerar com confiança graças altura acentua a sensação de disparo
PREÇO BASE ao controlo de tração (desligável!) e à e aceleração, se quisermos mesmo
rigidez do monobraço, que também tratar a moto como uma desportiva.
minimiza o peso não-suspenso. Quase Senão, o melhor mesmo é rolar no
150 mm de curso à frente e atrás lidam amplo binário de 75 Nm logo às 7500
com as irregularidades melhor que rpm, quando ainda por cima podemos
numa moto de estrada convencional, esperar consumos pouco acima dos
aliás, a primeira sensação ao arrancar 5,3 litros graças à injeção eletrónica
com o modelo é de que vamos muito PGM-FI – uma grande vantagem em
bem suspensos num conjunto almofa- relação às irmãs mais velhas carbura-
dado contra solavancos ou maus pisos. das de há alguns anos. Com o depósito
Para isto contribui também o soberbo a levar 20,8 litros, a autonomia teórica
assento muito bem acolchoado, quer é da ordem dos 400 km! O som, po-
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FT/ F I C H A T É C N I C A
782 CC
CILINDRADA
106 CV
POTÊNCIA
20,8 L
DEPÓSITO
242 KG
PESO
12 850€
PREÇO BASE
CONFORTO / VERSATILIDADE /
QUALIDADE/ ECONOMIA
FALTA DESCANSO CENTRAL /
PESO / PREÇO
MOTOR DIÂMETRO X CURSO 72 X 48 MM
ALIMENTAÇÃO INJEÇÃO ELETRÓNICA PGM-FI
EMISSÕES C02 52 G/KM DE CO2 CILINDRADA
782 CM3 TIPO DE MOTOR V4 A 4 TEMPOS, 16
VÁLVULAS, DOHC, COM REFRIGERAÇÃO LÍQUIDA
POTÊNCIA MÁX. 106 CV / 10.250RPM BINÁRIO
MÁX. 75 NM / 8.500RPM ARRANQUE ELÉT.
TRANSMISSÃO EMBRAIAGEM MULTI-DISCO EM
BANHO DE ÓLEO TRANSMISSÃO FINAL CORRENTE
RODAS TRAVÕES FRENTE DUPLO DISCO DE 310
MM TRAVÕES RETAGUARDA DISCO DE 240 MM
SUSPENSÃO – FRENTE FORQUILHA TELESCÓPICA
43MM SUSPENSÃO – RETAGUARDA SISTEMA PRO-
LINK COM MONO AMORTECEDOR HMAS REGULÁVEL
RODA – TAMANHO – FRENTE 120/70-17 PNEUS –
RETAGUARDA 180/55-17 RODA – FRENTE 17/MT3.50
LIGA DE ALUMÍNIO FUNDIDO RODA – RETAGUARDA
17/MT5.50 LIGA DE ALUMÍNIO FUNDIDO CICLÍSTICA
BATERIA 12V-11AH ÂNGULO DA COLUNA DE
DIRECÇÃO 26,3° DIMENSÕES 2.190 X 870 X 1.360
QUADRO DUPLA TRAVE DE ALUMÍNIO CONSUMO DE
COMBUSTÍVEL 5,3L/100KM DISTÂNCIA LIVRE AO
SOLO 165 MM LUZES LED ALTURA DO ASSENTO
815/835 MM TRAIL 103 MM DISTÂNCIA ENTRE
EIXOS 1.475 MM IMPORTADOR HONDA - MOTOR DE
PORTUGAL, S.A.
tenciado pela panela Akrapovic que
é um acessório, claro, mas parece ser
de rigor, é divino, nem raquítico, nem
incomodativo.
Passando ao equipamento, o painel de
informação de três seções em LED é
muito completo, exibindo velocidade
em números centrais bem claros, re-
gime motor numa escala periférica
ascendente que lembra a saudosa
VTR1000SP, e depois, claro, km par-
ciais, temperatura ambiente, nível de
combustível e temperatura do líquido
refrigerante, funcionamento do ABS,
e várias luzes de aviso.
O todo é comandado por dois botões
pelo que o seu uso se torna bastante
intuitivo. A iluminação é toda por LED
e, do lado menos, só é pena que a moto
não pese uns kg a menos e venha de
origem com um descanso central. O
preço de 12.850€ não é meigo, mas se
os assusta, têm sempre a NC750X, sem
o benefício do V4 mas muito dentro
do mesmo espírito, por menos 5.000
euros…
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MUNDIAL DE Jorge Covas
FÓRMULA 1 DE 1999 [email protected]
Fotos Arquivo Autosport/WRI2/
SISUDE J.F. Galeron/J. Sharif
MIKA Estamos em 1999. Autódromo
HÄKKINEN Nazionale di Monza, Grande
Prémio de Itália de Fórmula 1.
Depois de ter sido Campeão do Mundo de F1 em 1998, Mika Debaixo de muito calor, Mika
Häkkinen tinha tudo para repetir o feito em 1999. Conseguiu-o, Häkkinen, Campeão do Mundo
em título, lidera a corrida e pa-
mas as coisas foram bem mais complicadas do que pareciam rece guiado para vencer confortavel-
à partida. Foi preciso o Sisu finlandês, aquela estoica mente. Mas, às vezes, quando tudo pa-
determinação e tenacidade que os caracteriza… rece sob controlo, cometem-se erros,
CONHEÇA ESTA E MUITAS
OUTRAS HISTÓRIAS EM AUTOSPORT.PT
e um pião deixou-o fora de prova e em Häkkinen fez uma belíssima tempora- um sorriso na cara e pensar que sou cidades quando liderava, mas conse-
lágrimas, sentado debaixo das árvores. da em 1998, e por isso partia para 1999 campeão do mundo!” guiu voltar a ter as mudanças e bateu
Um simples erro, quase de principian- com a confiança em alta. Porém, o fim de semana em Melbourne o Ferrari de Michael Schumacher de-
te, por parte do finlandês, que acabou À chegada a Melbourne, para o Grande foi desastroso, com alguns problemas pois das paragens nas boxes e venceu.
por ser algo mais. Foi uma sucessão de Prémio da Austrália, refletiu um pouco nos treinos para ele, como para o seu Afinal, tudo parecia estar bem.
acontecimentos com erros de condu- sobre o que era sentir-se como cam- colega de equipa, David Coulthard. O Em Imola, no Grande Prémio de São
ção, erros de equipa, muita pressão do peão: “Quando penso nesta altura no McLaren não parecia ser muito fiável Marino, Häkkinen lidera confortavel-
colega e dos seus adversários, e tam- ano passado, era totalmente diferen- nos testes de pré-temporada e confir- mente a corrida, forçando o carro a ir ao
bém má sorte. te. Ganhei confiança e experiência e mou esses problemas em Melbourne. limite e mais além, e comete um erro.
Para percebermos o porquê deste mo- estou mais relaxado. Com este título, De alguma forma, conseguiu colocar Ao sair da chicane para começar a sua
mento de desilusão, frustração e an- já não preciso de dizer a mim mesmo o seu McLaren na pole, mas na corri- 18ª volta, passa em demasia sobre a chi-
gústia, vamos recordar a temporada todas as manhãs que eu posso ven- da sofreu um problema no acelerador cane e perde o controlo, batendo contra
de Mika Häkkinen de 1999, e como con- cer, para pôr pressão a mim próprio. e abandonou. No Brasil, voltou a ter um a barreira. Häkkinen reconheceu o seu
seguiu recuperar e revalidar o título. É mesmo bom acordar de manhã com problema técnico com a caixa de velo- erro, mas a sua confiança parecia estar
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em fase descendente. Foi uma enorme em Silverstone, que esteve longe de ser Irvine. Ron Dennis teve aqui uma si- à mente as memórias do seu horrível
desilusão para si próprio. para recordar. tuação muito complicada para gerir. acidente em Adelaide, em 1995, onde
Apesar de uma pole com alguma con- Schumacher teve um acidente e bateu Coulthard era o culpado deste inciden- fraturou o crânio e teve a sua vida em
trovérsia no Mónaco, por causa de ter no muro na curva Stowe, partindo a te mas Ron Dennis não queria tornar o perigo. Foram memórias que, quando
feito a sua volta mais rápida com uma perna. Com este acidente, tudo indicava escocês o segundo piloto, a ajudar Mika, estão cada vez mais distantes, se que-
bandeira amarela, Häkkinen foi batido que Häkkinen poderia ganhar o cam- uma espécie de filho preferido, à glória. rem evitar pensar, quanto mais repetir.
por Schumacher logo no arranque. O peonato com facilidade. Mas a equipa O que Häkkinen passou nessa altura
finlandês parecia frustrado e acabou deixou mal o finlandês. Uma má para- FASE DIFÍCIL da sua vida foi muito difícil, mas fez
por passar sobre algum óleo que estava gem nas boxes, com um aperto difícil da uma recuperação extremamente rá-
na pista e ainda perdeu o 2º lugar para roda traseira esquerda, acabou por se Deste modo, Coulthard teve rédea livre pida, talvez até demasiado rápida para
o outro Ferrari de Eddie Irvine. transformar num momento marcante. para tornar a vida de Häkkinen mais alguns, mas o facto é que Mika voltou
O Grande Prémio de Espanha no Circuito Häkkinen chega à curva Luffield e perde difícil durante a temporada, e quando em poucas semanas ao ativo. Mas voltar
da Catalunha veio na altura certa. Mika a roda. A equipa decide retirar o carro dois pilotos rápidos na mesma equipa a passar por uma situação semelhan-
gosta do circuito e vence. Seguiu-se o por motivos de segurança. Isto foi frus- têm liberdade para se atacarem, alguém te podia ser demais, podia ser mesmo
Canadá, onde aproveitou um erro de trante para o finlandês, que viu o seu acabará por ceder. fatal. Mika estava aliviado por estar
Schumacher, que foi contra o “Muro dos colega de equipa, Coulthard, vencer, Com o sol a brilhar sobre Hockenheim, bem de saúde.
Campeões”, e volta a vencer. Mika es- e Irvine, agora promovido a piloto nú- na Alemanha, e a liderar confortavel- Häkkinen foi de férias e voltou com
tava na frente do campeonato. mero um da Ferrari, aproximarem-se mente, Häkkinen faz a sua paragem nas uma vitória na Hungria e recuperou a
O finlandês terminou o Grande Prémio no campeonato. boxes, mas há um problema na man- liderança do campeonato, mas sentia a
de França com mau tempo no 2º lugar, No Grande Prémio da Áustria Coulthard gueira de combustível e cai para o 4º lu- pressão. Aquela obrigação de ganhar o
depois de começar em 14º numa quali- ataca Häkkinen logo na primeira vol- gar. Häkkinen vai à luta, e prometia ser campeonato. Muitos estavam à espera
ficação atípica, batido por Heinz-Harald ta e colide com o seu colega de equi- mais uma das suas recuperações épi- disso mesmo, mas a imprevisibilidade
Frentzen, num Jordan Mugen-Honda, pa! Häkkinen volta à prova no final do cas. Rapidamente passa Frentzen para da McLaren e dos seus pilotos manti-
e no final disse que gostou da corri- pelotão, Coulthard segue na liderança. o 3º lugar mas, segundos depois, sofre nham tudo em suspenso.
da, que desfrutou da mesma, apesar Mika estava furioso mas decidiu mos- um rebentamento de um pneu a mais Toda a pressão fez com que Mika come-
de ter feito um pião e de ser obrigado trar que era o ‘Finlandês Voador’, e fez de 320 quilómetros por hora, batendo tesse um erro na partida para o Grande
a recuperar desse erro, numa corrida uma recuperação magnífica para aca- com muita força contra a barreira de Prémio da Bélgica. O carro mexeu-se
para recordar. Mas quando parecia es- bar em terceiro. pneus. Todos os olhos ficaram colados antes das luzes vermelhas apagarem,
tar tudo a voltar a encaminhar-se fa- Por outro lado, Coulthard tirou o seu aos monitores, com alguma apreensão Coulthard bateu-o na primeira cur-
voravelmente para o lado do finlandês, colega da frente mas mesmo assim sobre o estado do piloto. Felizmente, va e ambos mantiveram as posições
veio o Grande Prémio da Grã-Bretanha acabou a perder a corrida para Eddie saiu ileso, mas a equipa e o equipa- até ao final.
mento deixaram-no mal, e voltaram
>> autosport.pt
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A McLaren adotou uma estratégia nes- o seu McLaren Mercedes a mais de 330 nas coisas afetam muito o psicológico. tensidade e, mais uma vez, estava com
sa altura em que ambos os pilotos po- quilómetros por hora, e tem que fazer Deixou libertar todas as emoções na- pneus errados. De longe, viu Frentzen
diam lutar pelo campeonato até que uma redução muito rápida e brusca na quele momento. Häkkinen tinha alguns abandonar na liderança e acabar rea-
fosse matematicamente impossível sua caixa de velocidades. Porém, toda problemas para se expressar, mas ali listicamente com as suas hipóteses de
para um deles chegar ao título e, nos a pressão e exigência que estavam nos a sua linguagem corporal era perfeita- chegar ao título, e Coulthard, que passou
Grandes Prémios, a luta está ao rubro seus ombros tomam conta do finlandês. mente legível e clara. para a liderança, saiu de pista com pneus
na qualificação e até à primeira curva, Enganou-se, selecionou primeira em Numa entrevista após a corrida, disse de piso seco e ficou preso na gravilha.
mas depois havia uma espécie de acor- vez de segunda, faz um meio pião, per- em tom de ironia: “Os homens a sério Mika era agora o piloto número um da
do para que os pilotos mantivessem as de o motor e fica atascado na gravilha. nunca choram”. equipa, Coulthard estava também pra-
posições. Desta vez, Coulthard foi o be- Parecia estar tudo acabado, e ele sa- Mika tinha que se recompor rapida- ticamente sem hipóteses de chegar ao
neficiado desse acordo, e Mika desilu- bia-o. Mika atirou com o volante, saiu mente, precisava de muita força mental campeonato. Com uma série de aban-
diu-se consigo próprio, ficou zangado do carro debaixo de gritos de alegria para aguentar as últimas três corridas donos, Häkkinen conseguiu ainda che-
com o colega de equipa no final da cor- dos Tiffosi, atirou as luvas ao chão em do campeonato e não podia cometer gar em 5º, marcar dois pontos e ainda
rida, recusando-se a cumprimenta-lo frustração e acabou a chorar ao pé das mais erros, sob pena de perder o cam- passou Irvine em pista, que somou zero.
no pódio, e parecia sentir-se um pouco árvores. O homem que parecia ser feito peonato. Era altura de limpar as lágri- Na Malásia, Michael Schumacher
traído pela equipa. de gelo, afinal, não o era. Foi uma ima- mas, procurar ganhar motivação e au- voltou e fez tudo para ajudar Irvine.
Ron Dennis manteve-se firme e consis- gem marcante. Uma imagem que muito toconfiança. Os rivais estavam cada vez Häkkinen ficou retido e não pôde fa-
tente, e deu a oportunidade a Coulthard poucos tinham visto deste ser huma- mais próximos, com o finlandês e Irvine zer nada para evitar uma dobradinha,
de lutar pelo campeonato, considerando no. Isto foi como partir um espelho, ou empatados a 60 pontos, Frentzen em mas os Ferrari foram excluídos dos re-
que era a melhor decisão para a equipa. levar um pontapé ou uma bofetada. 3º com 50 e Coulthard em 4º com 48. sultados por terem sido detetadas ile-
Mika chorou muito. Mas apesar dos mi- galidades nos bargeboards. Isto dava
SUOR E LÁGRIMAS… lhões de pessoas a ver, incrédulas, na RENASCER DAS CINZAS o título a Häkkinen, mas o finlandês
pista e na televisão, aquele momento, pareceu calmo e não estava conven-
E assim chegou-se a Itália, onde conseguiu mostrar o seu lado huma- Numa corrida incrível no Nürburgring, cido de que esta seria a decisão final,
Häkkinen tentou passar uma mensa- no. Mostrou que também pode errar, Mika não parecia estar muito inspirado e tinha razão, porque a Ferrari apelou
gem clara a todos: era ele que iria vencer como qualquer um de nós. Pode fazer e qualificou-se apenas em 3º e duran- e foi para Suzuka, no Japão, com a do-
a corrida e o campeonato. Mika atacou um simples erro básico, e todos os seus te a corrida parou com ordens de Ron bradinha confirmada no papel.
bastante durante a corrida e lidera- erros que cometeu ao longo da tempo- Dennis para pneus de chuva ao pri- Häkkinen sabia que, se vencesse, era
-a confortavelmente. Porém, quando rada juntaram-se numa enorme bola meiro aguaceiro, que não durou, e caiu campeão, independentemente de onde
começa a sua 30ª volta da corrida tem de neve até que se deu uma avalanche para 15º com pneus de chuva num piso Irvine acabasse. Mesmo que Irvine fos-
que travar para a chicane apertada, a com aquele pião. Às vezes, estas peque- seco. Mika colocou pneus de piso seco se segundo, e acabassem empatados
Variante del Rettifilo. Mika chega com e voltou a chover, agora com mais in- em pontos, Häkkinen venceria com
mais vitórias.
Mika sentiu a pressão na qualificação e
falhou a pole para Michael Schumacher,
que fez uma volta brilhante, isenta de
erros. Irvine teve um grande acidente
e não fez melhor do que 5º.
Na corrida, o toque de Midas atingiu
Mika, que fez talvez um dos melho-
res arranques da história para liderar
a corrida. Foi uma condução soberba,
brilhante, e a corrida estava controla-
da. Depois de tanta frustração ao lon-
go do ano, quando realmente contou,
Mika Häkkinen agarrou a corrida pela
garganta e ditou a sua própria lei para
a vencer, de forma justíssima, e foi pre-
miado com a revalidação do título.
É esta a capacidade de um verdadeiro
grande piloto, de controlar totalmente
os seus instintos, movimentos, o seu
carro e a sua corrida.
Finalmente, após tanto tempo e tan-
tas desilusões, Mika conseguiu sorrir.
Uma temporada algo atípica que ter-
minou com um resultado muito pre-
visível, mas quando se olham para as
estatísticas, elas são muito enganado-
ras daquilo que foi realmente a tempo-
rada do finlandês, que se deixou abater
numa fase importante da época, mas
que teve que renascer das cinzas para
ser campeão.
E foi preciso uma grande dose de cora-
gem para lá chegar.
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24 HORAS Jorge Covas
[email protected]
A PRIMEIRADELEMANSDE1999 Fotos Arquivo Autosport/Oficiais
EÚNICA
A67ª edição das 24 Horas
VITÓRIA DA de Le Mans, em 1999, foi
BMW uma das mais marcantes
O ano de 1999 ficou marcado na história da BMW e interessantes da história.
com o triunfo nas 24 Horas de Le Mans, e logo numa Foi uma edição com muitos muitos construtores. A Porsche, detento-
edição muito disputada, num ‘prato’ que teve todos os construtores a inscreverem- ra do troféu, decidiu passar para a classe
-se na prova e com muito drama e ação LM GT com o novo 996 GT3-R, deixando
ingredientes para uma refeição de sonho… em pista. Vamos relembrar um pouco do um carro nas mãos da Manthey Racing e
que foi a corrida nesse ano. Mais uma vez, outro com a Champion Racing dos EUA, e
CONHEÇA ESTA E MUITAS tal como em 1998, era uma edição com mantinha os 993 GT2 em mãos privadas
OUTRAS HISTÓRIAS EM AUTOSPORT.PT na classe LM GTS, não defendendo o título
na geral. Mesmo sem a Porsche para os
lugares cimeiros, a lista de inscritos pare-
cia a de um salão internacional automóvel.
Toyota, à procura de vencer pela primeira
vez na geral com o TS020, também deno-
minado GT-One, que esteve tão perto de
vencer no ano anterior até que a caixa de
velocidades cedeu na última hora; Merce-
>> autosport.pt
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des-Benz, campeã no FIA GT e agora com seriamente,masaMercedes-Benzdecidiu brado, e jogavam com o facto do V12 LMR Curvas Porsche e não evitou um toque
um novo CLR; a BMW evoluiu os seus V12 continuar em prova, retirou o carro nº4 e ter mais economia de combustível. Com no muro. O carro ficou ali parado, Lehto
LMR; a Nissan deixou o seu R390 de GT1 e modificou a frente dos outros CLR, dan- o passar das voltas, o carro nº 17 liderava saiu a coxear e a BMW perdia um car-
passou para um novo R391, um protótipo do também instruções aos pilotos para a corrida entre paragens nas boxes. As ro. Isto deixou o outro BMW na frente, e
aberto; a Audi entrou em força com dois não seguirem carros demasiado perto. posições foram alterando na frente, com a Toyota tinha agora uma esperança re-
carros, um R8R, um protótipo aberto, e Martin Brundle fez a pole no Toyota nº 1 o BMW nº 17 e o Toyota nº 2 a trocarem a novada, com o carro nº 3 a cerca de dois
umR8C,umprotótipofechado construí- que partilhou com Emmanuel Collard e liderança. O Toyota nº 1 atrasou-se com minutos de diferença.
do para a categoria LM GTP, tal como os Vincenzo Sospiri, seguido do Toyota nº 2 problemas na caixa de velocidades.
Toyota e Mercedes-Benz. Havia também de Thierry Boutsen, Allan McNish e Ralf Na 5ª hora de prova, Peter Dumbreck, TOYOTA ESTEVE PERTO
equipasprivadas com competênciapara Kelleners. O BMW V12 LMR nº 17 de Tom no Mercedes-Benz nº 5, seguia atrás do
obter um bom resultado, como a Panoz, Kristensen, JJ Lehto e Jörg Müller ficou Toyota nº 2 na reta de Indianapolis e, ao O Toyota era mais rápido numa volta e
ou a Courage. Nos LM GTS, estava ainda em 3º, na frente do Mercedes-Benz nº 6 passar sobre a lomba, o carro catapultou Katayama fez a pilotagem da sua vida.
a Chrysler, a nível oficial, com os carros de Bernd Schneider, Franck Lagorce e no ar e para fora da pista, aterrando numa Mesmo sem andar no limite dos limites,
da Oreca como claros favoritos à vitória. Pedro Lamy. zona de arbustos - que fora limpada al- conseguiu fazer a volta mais rápida da
Durante os treinos, Eric van de Poele teve gum tempo antes - com as rodas no chão. corrida nos últimos minutos. A diferença
um grande acidente em Tertre Rouge com MERCEDES VOADOR Dumbreck estava agitado mas, felizmen- estava em 50 segundos quando Katayama
o Nissan R391 nº23, e os danos obriga- te, não mexido, sendo levado ao hospital sofreu um rebentamento em Indianapolis,
ram a equipa a retirar o carro. Eric van de Os dois Toyota tentaram escapar logo na para fazer exames. O acidente foi trans- controlando miraculosamente o carro a
Poele ficou com uma lesão numa vérte- partida, mas Bernd Schneider manteve- mitido para todo o mundo. A Mercedes- mais de 320 km/h. Katayama conseguiu
bra mas iria recuperar. Mark Webber teve -se em contacto com eles. Brundle lide- Benz tomou a decisão de retirar o carro regressar às boxes, mas perdeu uma volta.
um acidente ainda mais assustador no rou a sempre importante primeira volta, nº 6 da prova. Já se tinha passado muito Isto garantiu a vitória à BMW, Pierluigi
Mercedes-Benz CLR. O seu carro voou do ponto de vista da publicidade que é tempo, mas o acidente de 1955 ainda es- Martini trouxe o V12 LMR nº 15 à chegada,
entre Mulsanne e Indianapolis quando gerada, mas após a primeira paragem tava fresco na memória dos alemães. Isto vencendo pela primeira vez em Le Mans,
seguia no cone de aspiração do Audi R8R Schneider colocou o Mercedes-Benz na deixou o BMW nº 17 na frente, o Toyota nº 2 juntamente com Winkelhock. Dalmas so-
de Frank Biela. Webber foi para o hospital frente, liderando no final da primeira hora. em 2º, a cerca de 30 segundos e, em tercei- mou a quarta vitória na clássica france-
numa medida de precaução, queixando- O ritmo de corrida era elevado e Schneider ro, o BMW nº 15, com uma volta de atraso. sa. Uma vitória feita com uma condução
-se das costas, pescoço e peito. O carro quase que batia contra o Riley & Scott de A noite não foi boa para a Toyota. Martin sólida e com uma boa gestão das para-
foi reparado mas, no warm-up feito na YojiroTeradanasCurvasPorsche,enquan- Brundle tentava recuperar tempo quando gens nas boxes e eficácia de combustí-
manhã da corrida, e quando seguia atrás to se tentava afastar de Boutsen e Brundle. furou um pneu e bateu forte nos rails, e não vel, que foi crucial no resultado. Missão
dos seus colegas de equipa e de um dos Boutsen acabou por passar Schneider em conseguiu voltar às boxes. Apesar de se cumprida em Le Mans, a BMW podia con-
Viper da Oreca, o carro voltou a voar na pista mas, nas boxes, mais uma boa pa- manterem a cerca de um minuto do líder centrar-se na Fórmula 1 na sua parceria
lomba de Mulsanne, antes da travagem ragem da Mercedes-Benz deixou Pedro com o carro nº 2, Thierry Boutsen teve uma com a Williams. Houve algum consolo
para a curva de Mulsanne, aterrando com Lamy, que passou para o volante do carro colisão com o Porsche 993 GT2 dos irmãos para a Toyota com o 2º lugar de Katayama,
o teto para baixo. Webber não se magoou nº 6, na frente da prova. Monteiro, Manuel e Michel, conduzido na Tsuchiya e Suzuki, vencendo a classe
Na BMW, o ritmo era consistente e equili- altura por Michel Maisonneuve, à chegada LM GTP. Em terceiro surgiu o Audi R8R
da chicane Dunlop. O toque fez o Toyota de Biela, Pirro e Theys. Os R8R rodaram
bater nas barreiras, Boutsen fraturou uma melhor que os R8C, que abandonaram e
vértebra e terminou a sua carreira como não foram particularmente rápidos. O se-
piloto em resultado deste acidente. gundo R8R, de Michele Alboreto, Rinaldo
Aqui começou aquilo a que os franceses Capello e Laurent Aïello foi 4º, depois de
chamam “le procession”. BMW em 1º e 2º, duas mudanças de caixa de velocida-
com três voltas de diferença entre eles, o des, e o BMW V12 LM, o modelo de 1998,
carro nº 17 de Kristensen, Lehto e Müller foi um surpreendente 5º classificado, nas
na frente do nº 15 de Pierluigi Martini, mãos de Bill Auberlen, Thomas Bscher
Yannick Dalmas e Joachim Winkelhock. e Steve Soper, com a equipa de David
O último Toyota, o carro nº 3 dos japone- Price. Os Chrysler Viper foram rápidos
ses Ukyo Katayama, Keiichi Tsuchiya e e dominaram os LM GTS, com o nº 51 da
Toshio Suzuki, recuperou até ao 3º lu- OrecacomOlivierBeretta,KarlWendlinger
gar, passando o Audi R8R de Frank Biela, e Dominique Dupuy a vencer a classe.
Didier Theys e Emanuele Pirro, que andou Nos LM GT, o Porsche 996 GT3-R nº 81 da
muito bem nesta prova. A corrida voltou Manthey Racing com Uwe Alzen, Patrick
a aquecer a quatro horas do fim, quando Huisman e Luca Riccitelli foi o vencedor
Lehto ficou com o acelerador preso nas de uma corrida cheia de drama e muita
competitividade em pista.
+42
VOLVO
» XC60 D4 GEARTRONIC INSCRIPTION
O PREÇO DO LUXO
Depois do sucesso alcançado com a primeira geração,
a Volvo procura repetir a façanha, com um novo e mais
moderno XC60. Desafio que não se afigura difícil, em
particular nesta luxuosa versão Inscription, com um não
menos convincente D4 de 190 cv, acrescido de uma opcional
caixa Geartronic... tudo isto, se o orçamento o permitir!
LEIA MAIS ENSAIOS E ACOMPANHE Francisco Cruz quecido com o nível de equipamento mais
TODAS AS NOVIDADES EM AUTOSPORT.PT [email protected] valioso, além de com muitos dos packs
que a marca sueca disponibiliza. Mas já
Charmosoeatraente,onovoVolvo lá vamos...
XC60 reinterpreta muitas das Dono de um acesso amplo ao interior, o
soluções estilísticas presentes SUV nórdico apresenta depois um habi-
nos modelos mais recentes da táculo ergonomicamente superior, com
marca sueca. Como é o caso, praticamente todos os sistemas aces-
por exemplo, das ópticas, não sórios integrados no generoso e convin-
apenas com as já emblemáticas luzes cente tablet a cores que preenche a quase
diurnas a que o construtor deu o nome totalidade da consola central (de fora fica
de “Martelo de Thor”, como também in- apenas o botão do volume e mais um ou
terligadas entre si pela generosa grelha outro botão de importância reduzida...),
frontal, agora com o logótipo da marca acrescido de um painel de instrumentos
ainda maior. Ou dos vanguardistas fa- também agora totalmente digital - solu-
rolins traseiros, elementos estilizados a ções que, reconheça-se, acabam contri-
complementarem uma traseira sólida, buindo para o acentuar uma certa imagem
de imagem futurista, em que a faceta tecnológica que cai que nem uma luva no
desportiva acaba sendo transmitida pelas modelo de Gotemburgo.
duas ponteiras de escape, integradas de Ainda que os mais conservadores pos-
forma suave no pára-choques. sam continuar a suspirar por comandos
Mais comprida, larga e baixa que a ante- mais físicos...
cessora, além de mais leve e com maior Convencidos pela excelente qualidade de
distância ao solo, a segunda geração XC60 construção e escolha de revestimentos
integra todos estes pormenores de forma (maioritariamente pele e metal...), somos
(quase) discreta num corpo de proporções ainda presenteados com um elevado con-
equilibradas e a fazer sobressair uma ima- forto, a começar, no lugar do condutor.
gem chique, mas não ostensiva. Mesmo Onde um volante com todas as regulações,
quando enriquecida, como era o caso, com comandos fáceis e intuitivos e uma pega
aquele que é o nível de equipamento mais excelente, além de um banco também ele
rico, denominado Inscription. todo regulável eletricamente e com apoio
Finalmente e na base de tudo isto, a já lateral agradável, acabam contribuindo,
bem conhecida mas ainda jovem plata- em conjunto com um apoio de pé esquerdo
forma escalável da marca sueca (Scalable perfeito, para uma posição de condu-
Product Architecture, vulgo SPA), a mes- ção convincente, ainda que um pouco
ma que serve a família topo de gama 90, e, alta; inclusive, na visibilidade traseira, a
também por isso, a garantir uma imagem qual, embora agradecendo a presença
geral que, no caso deste XC60, não es- dos sensores e câmara traseira, também
conde as parecenças com o irmão maior, consegue passar sem eles...
XC90. O que, acrescente-se, no caso do Já nos lugares traseiros, o mesmo con-
SUV médio sueco, só lhe traz vantagens... forto e habitabilidade de topo, com os
Distinto no exterior, a verdade é que o passageiros dos lugares laterais a pode-
Volvo XC60 procura levar esse esforço rem, inclusivamente, trocar a perna, tal
ainda mais além, no que ao interior diz é o espaço que têm à sua frente. Isto, ao
respeito. Principalmente, quando enri- mesmo tempo que o lugar do meio con-
>> autosport.pt/automais
43
tinua a conseguir acomodar, com algum ponteira de escape dupla, barras longitu- FT/ F I C H A T É C N I C A Nm, disponível entre as 1750 e 2500 rpm.
conforto, mais um adulto. E se, apesar do dinais no tejadilho, painel de instrumentos Conjugado com uma opcional caixa au-
ambicionado estatuto, o Volvo XC60 não digital, ar condicionado automático, es- 2.0 / 190 CV tomática Geartronic de oito velocidades,
deixa de reconhecer a importância da tofos em tecido, bancos dianteiros com tão discreta quanto rápida nas passagens,
funcionalidade, disponibilizando vários ajustes (alguns elétricos), volante e ala- GASOLINA além de com um modo semi-automático
lugares de arrumação no habitáculo, a vanca das mudanças em couro, espelho operável através da óptima manche (pa-
mesma ideia acaba fazendo-se notar no retrovisor interior anti-encandeamento 8,4 S tilhas no volante, não tinha...), a verdade é
compartimento de carga. O qual, além manual, Audio High Performance, co- que este D4 chega e sobra para um con-
de um portão elétrico proposto de série, mandos áudio no volante, entrada USB, 0-100 KM/H junto com pouco mais de 1,7 toneladas.
acesso amplo e uma capacidade de carga Bluetooth e kit de reparação de furos. Garantindo, logo à partida, acelerações
que começa nos 505 litros, beneficia ain- Já no capítulo da segurança, sensores de 5,2 L / 8,0 L (AUTOSPORT) rápidas (8,4s nos 0-100 km/h), acentuada
da da possibilidade de rebatimento das ajuda ao estacionamento atrás, limitador progressividade e idênticas recuperações!
costas 60/40, totalmente na horizontal de velocidade, Cruise Control, atenuação 100 KM Otimamente insonorizado, com força e
e no seguimento do piso da mala - por de embate frontal (Collision Mitigation pujança, não falta sequer um discreto
baixo do qual nada mais pode ser arru- Support), manutenção na faixa de roda- 136 Stop&Start a ajudar nos consumos, a par
mado, já que é local destinado ao pneu de gem, ajuda ao arranque em subidas (Hill do inevitável sistema de modos de con-
emergência (opcional), ferramentas e até Start Assist), ajuda em descidas íngremes G/KM- CO2 dução, com quatro opções: Eco, Dynamic,
à rede anti-intrusão... (Hill Descent Control), chassis Dynamic, Off-Road e Comfort - este último que
Valorizado com o nível de equipamento sensor de chuva, airbags dianteiros, de 55 709€ adopta à partida por defeito. Ainda que,
Inscription, a versão topo de gama para joelhos, laterais e de cortina, bancos dian- acrescente-se, poucas diferenças se no-
carros da marca sueca, o Volvo XC60 teiros com proteção Whiplash, desativa- PREÇO VERSÃO BASE tem entre eles, pois até mesmo o modo
torna-se uma proposta especialmente ção do airbag do passageiro, Isofix nos Off-Road pouco mais consegue que in-
apetecível, ainda que não isenta da ne- bancos traseiros laterais e chamada de CONFORTO / HABITABILIDADE / IMAGEM tervir na gestão do motor...
cessidade de opcionais e packs. emergência Volvo (Volvo On Call). Quanto a consumos e embora as médias
Assim, de base e sem custos adicionais, Pelo contrário, opcional e, como tal, pago CONDUÇÃO POUCO ENVOLVENTE / por nós registadas, em utilização real,
faróis de LED MID, jantes em liga leve 18’’, à parte, surgem os packs Winter Pro ALGUNS OPCIONAIS / PREÇO tenham andado substancialmente acima
dos anunciados (oficialmente) 5,2 l/100
MOTOR QUATRO CILINDROS EM LINHA, km para trajectos mistos, tal não significa
COM INJECÇÃO DIRECTA COMMON-RAIL, que se possa dizer que este SUV sueco
TURBOCOMPRESSOR DE GEOMETRIA VARIÁVEL tenha um apetite desmesurado. A confir-
E INTERCOOLER CILINDRADA (CM3) 1.969 má-lo os 8,0 l/100 km obtidos por nós, no
POTÊNCIA MÁXIMA (CV/RPM) 190/4250 final de um ensaio de vários dias, em que
BINÁRIO MÁXIMO (NM/RPM) 400/1750-2500 fizemos do XC60 o nosso carro de todos os
TRANSMISSÃO TRACÇÃO DIANTEIRA, COM CAIXA dias - por cidade, em auto-estrada, num
AUTOMÁTICA GEARTRONIC DE 8 VELOCIDADES passeio mais longo, de dois dias e durante
DIREÇÃO DE PINHÃO E CREMALHEIRA, COM o fim de semana. Sempre num ambiente
ASSISTÊNCIA ELÉCTRICA SUSPENSÃO (FR/TR) de elevado conforto e descontração...
TIPO DUPLO BRAÇO TRIANGULAR/EIXO TRASEIRO Profundamente renovada e modernizada,
TRANSVERSAL TRAVÕES (FR/TR) DISCOS a verdade é que a nova geração XC60
VENTILADOS/DISCOS VENTILADOS VEL. MÁX. mantém intactas muitas daquelas ca-
(KM/H) 205 PESO (KG) 2.500 MALA (L) 505/1.432 racterísticas já conhecidas do anteces-
(COM 2.ª FILA DE BANCOS REBATIDA) DEPÓSITO sor, e que fazem, de resto, parte do ADN
DE COMBUSTÍVEL (L) 60 da própria Volvo: segurança, conforto e
facilidade de condução.
(1.476€), IntelliSafe (1.722€), Light (1.009€), Veículo de cariz assumidamente familiar,
Business Connect Pro (1.894€), Climate o SUV sueco revela-se uma proposta
Premium (824€), Xenium (2.423€), refinada no trato e no contacto com o piso,
Luxury Seats (2.128€) e Versatility graças a uma suspensão concebida em
(1.279€). Argumentos - importantes! prol do conforto e salvaguarda dos pas-
- que, em conjunto com os opcionais sageiros, seja qual for o terreno por onde
Fecho de Segurança Elétrico das Portas ande. Impressões que se transformam
Traseiras (98€), Pneu Sobressalente numa excessiva permissividade, quando
Temporário (148€), Volante Desportivo por trajectos de alcatrão mais sinuosos
(123€), Sensores de Estacionamento e encarados de forma mais desportiva,
Atrás/Frente (418€) e Portas-Luvas com momentos em que o XC60 não esconde
Trancamento (37€), elevavam para mais uma certa suscetibilidade às transfe-
de 13.500 euros o valor pago à parte em rências de massas, acentuadas por uma
opcionais e packs, fazendo disparar o direção também ela mais filtrada do que,
preço final deste XC60 dos iniciais 55.709€, à partida, poderia ser - embora, sempre,
para uns quase assustadores 73.447€! mas sempre, sem colocar em causa a
Junte-lhe mais nove mil euros... e já pode segurança.
comprar a versão de entrada do mais Insuficiente para ser uma proposta ex-
imponente XC90! citante ou envolvente na condução, nem
Embora disponível com outras motori- mesmo com o opção Dynamic seleccio-
zações, mais e menos acessíveis, o Volvo nada no sistema de modos de condução a
XC60 que aqui testámos era impulsionado personalidade deste Volvo XC60 se altera.
por um D4, ou seja, um quatro cilindros Mantendo-se, sim, como uma excelente
em linha, turbodiesel, com injeção direta, solução familiar, em que condutor e res-
1969 cc de cilindrada, 190 cv de potência às tantes ocupantes são mantidos em pé
4250 rpm, e um binário máximo de 400 de igualdade; num mundo, caro, de luxo
e conforto...
+44
BMW
» i8
ISTO É O FUTURO? VENHA DE LÁ O FUTURO!
Tecnologicamente muito avançado, o BMW i8 é a epítome
daquilo que poderão ser os próximos desportivos, com
um estilo agradavelmente radical e uma qualidade de
comportamento que não estava à espera. Com uma
motorização híbrida capaz de cumprir 50 quilómetros em
modo puramente elétrico, o i8 é uma espécie de antevisão
do futuro. Se o futuro é assim, por mim pode vir já!
José Manuel Costa ficamos sentados bem em baixo e alon- EcoPro e Sport), sendo que o EcoPro per- depressa a subir a serra como no pára/
[email protected] gados, como deve ser num desportivo, mite o maior nível de poupança de com- arranca citadino. Graças aos modos de
Fotos José Manuel Costa e encontramos comandos e controlos bustível, com o sistema a alternar entre a condução, quando temos a possibilidade
semelhantes aos que podemos encontrar utilização da energia elétrica e do motor de extrair tudo do desportivo i8 acionamos
fotografadas com o Samsung Galaxy S9+ em outros BMW. Ou seja, de qualidade e de combustão interna.Sendo um híbrido o modo Sport: o motor muda de voz, a
funcionamento correto. O mesmo se pode “Plug In”, o i8 tem carregamento exterior caixa ganha vida e rapidez e acabamos
Oestilo do BMW i8 continua a dizer dos materiais usados no habitáculo. da bateria. Uma unidade pequena com uma ou duas dezenas de quilómetros com
fazer rodar cabeças e muitos O estilo interior é tipicamente germânico, apenas 11,8 kWh que pode ser carregada um sorriso nos lábios. Que se mantém
aindaficamboquiabertoscomo sem nenhum rasgo de originalidade e em menos de três horas com um carrega- no rosto quando chegamos ao tráfego,
design deste desportivo híbrido. sem a pequena ponta de futurismo do dor de 3,6 kW. Numa tomada doméstica mudamos o carro para o modo Comfort
A forma pensada para reduzir exterior. Há dois bancos atrás dos bancos 4,5 horas são suficientes para recarregar ou EcoPro, e tudo se processa de forma
ao máximo o atrito deixou-o de condutor e passageiro, mas servem a bateria. Cuja autonomia, como disse, é suave, sem sobressaltos ou aquele mau
baixo e alongado, características a que não para dizer que o BMW i8 é um 2+2 e pouco de 55 quilómetros. feitio habitual dos modelos desportivos
deixadejuntaralgunselementosdramáti- mais, mas mesmo assim são maiores que quando encontram trânsito.
cos que fazem as delícias dos apaixonados os do Porsche 911. Atrás, há uma bagageira O MELHOR DE DOIS MUNDOS Quando ultrapassamos o trânsito e vol-
pelos automóveis desportivos. Depois, tão pequenina que não serve para muito, A especificidade do BMW i8 permite uma tamos a encontrar uma estrada boa para
temos de olhar para as muitas peças em apenas 154 litros. coisa curiosa: consegue ser tão agradável acelerar, regressamos ao modo Sport.
carbono que adicionam exotismo ao i8,
fazendo a BMW questão de deixar tudo CONSUMOS EXCELENTES
à mostra quando abrimos as portas. Que
não abrem de forma convencional, mas Oficialmente, o consumo do BMW i8 é de
para cima, à imagem de muitos despor- 1,8 l/100 km, cifra (quase) impossível de
tivos italianos. ser alcançada. Isto porque sendo um carro
que consegue andar 55 quilómetros em
ACESSIBILIDADE NÃO É PARA TODOS modo puramente elétrico (não é total-
mente verdade pois não consegui mais
Primeira nota: a acessibilidade não é que 48 quilómetros), se a sua deslocação
das melhores pois as embaladeiras do pendular quotidiana for de 15 quilómetros,
i8 são grossas e muito altas obrigando por exemplo, ou se for de 30 quilómetros
o condutor e o passageiro a atirarem-se mas puder carregar o carro na garagem
para dentro do carro. Sair é ainda mais do local de trabalho e depois em casa,
complicado e nada gracioso, sendo um andará a semana toda sem que o motor
pesadelo para as senhoras caso o seu térmico entre em ação e, aí, o consumo
par num jantar de gala leve o i8 ao invés estará sempre perto da cifra reclamada
do Série 7. Não há forma de sair de forma pela BMW.
graciosa de dentro do BMW i8. Até porque Mas se conduzir o i8 como se estivesse em
as portas não abrem assim tanto para fuga ou a participar no Rali das Camélias
cima e temos, sempre, de as contornar. ali na Serra de Sintra, não estranhe que o
Ah! e também não há bolsas nas portas computador de bordo lhe diga que o i8 está
devido à configuração das mesmas e pelas a gastar mais de 11 litros por cada centena
elevadas embaladeiras. de quilómetros. O sistema híbrido tem
Ultrapassadas estas dificuldades, o que três modos de funcionamento (Comfort,
temos à nossa disposição? Bom, primeiro
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45
FT/ F I C H A T É C N I C A
1.5/374 CV (231CVMOTOR
1.5 LITROS TURBO + 143 CV MOTOR ELÉT.)
4,4 S
0-100 KM/H
1,8 L / 3,8 L (AUTOSPORT)
100 KM
42
G/KM- CO2
151 782€
PREÇO BASE
COMPORTAMENTO / AGILIDADE /
ECONOMIA / ESTILO
PREÇO
MOTOR HÍBRIDO (GASOLINA 1499
CM2; ELÉTRICO SÍNCRONO) POTÊNCIA
374 CV (TÉRMICO 231; ELÉTRICO 143
CV) BINÁRIO 250 TRANSMISSÃO
INTEGRAL PERMANENTE COM CAIXA DE
VELOCIDADES AUTOMÁTICA SUSPENSÃO
F/T DUPLO TRIÂNGULO SOBREPOSTO/EIXO
MULTIBRAÇOS TRAVÕES DV/D PESO 1535
MALA 154 DEPÓSITO 30 (42) VEL MÁX. 150
Os amortecedores endurecem, o “Head o motor elétrico “distrai-se” a regenerar é que isso é possível se o carro tem 374 da bateria. Contas feitas, o i8 justifica o
Up Display” muda e fica com um gra- energia e quando chegamos à curva... cv!” Bom, o pequeno 1.5 litros com três preço que a BMW pede por ele, porque
fismo igual ao dos BMW M, o painel de não está lá. Felizmente que isso acontece cilindros está puxadinho ao máximo e por 152 mil euros compra mais que um
instrumentos fica vermelho, ganha um poucas vezes. Na maioria do tempo, o i8 debita 231 cv e 320 Nm de binário. carro. Com apenas dois lugares, é ver-
conta rotações e o motor passa a soar faz a sua função, ou seja, é rápido, eficaz, Claro que na frente está um motor elé- dade, mas muito divertido e ecológico.
muito melhor. ágil e, sobretudo, divertido. trico com 143 cv e 250 Nm de binário Perguntam-me: compravas um BMW i8
O chassis do i8 é muito interessante. Desligamos o modo Sport e o i8 fica mais que pode funcionar como carregador ou um Porsche 911? Não sei...
Primeiro, há que lidar com o ESP que dócil, tudo é mais suave e o refinamento
tem uma função “dynamic” que torna a é típico de um BMW, mesmo que se sinta
eletrónica menos vigilante. Arrumada a que o i8 é bem mais leve que um comum
questão do ESP, quando atacamos uma BMW.
estrada sinuosa, temos de estar atentos
para a altura em que a traseira descola e MOTOR DO MINI COOPER S
temos o “power slide”. Contido, porque o O mais espantoso de tudo isto é que o
ESP menos vigilante continua acordado. i8 faz tudo com o motor do Mini Cooper
Curiosamente, nem sempre as coisas são com 1.5 litros e três cilindros. Ah, pois
assim e descobri que há alturas em que é! Pode estar a perguntar, “mas como
+
SUZUKI
» SWIFT 1.0T GLX SHVS
DIVERSÃO E SIMPLICIDADE
O Suzuki Swift é um sucesso de vendas na europa
com mais de 1 milhão de unidades comercializadas.
A sua quarta geração chegou este ano ao mercado
nacional e fomos conhecê-la na versão 1.0T GLX SHVS
André Duarte bagageira oferece 265l e estende-se até telemóveis, bluetooth, câmara de visão AO VOLANTE
[email protected] aos 579l com bancos traseiros rebatidos. traseira e sistema de navegação. No en-
Nesta versão GLX, a de topo, encontramos tanto, este é pouco intuitivo e limitado em O Suzuki Swift é um modelo que sur-
OSuzuki Swift é um modelo de alguns mimos, como por exemplo: botão funcionalidades. preende. Não que isso signifique que es-
pequenas dimensões, mas com Start&Stop; vidros traseiros elétricos; perássemos alguma coisa de mal. Pelo
proporções muito equilibradas: climatização automática; adorno branco EQUIPAMENTO contrário, partimos para o volante sem
3,80m de comprimento; 1,73m pérola no painel de instrumentos e portas O maior destaque da versão GLX, proposta expectativas e somos agradavelmente
de largura; 1,49m de altura. A dianteiras; apoios de cabeça para os três de topo, são os sistemas de assistência surpreendidos desde o primeiro momento
uma imagem discreta conse- lugares traseiros; e volante multifunções à condução: travagem de emergência com a sua condução.
gue aliar um design harmonioso e cativar de três raios regulável em profundidade. autónoma; alerta de mudança de faixa de Com um motor 1.0l a gasolina e uma po-
por esse aspeto. A frente é a secção que Um grande luxo neste segmento são os rodagem; alerta anti fadiga; assistência de tência total de 111 cv para 875 kg de peso,
transmite maior personalidade através de bancos dianteiros aquecidos de série em luzes de largo alcance; luzes diurnas LED; facilmente imprimimos uma condução
uma grelha frontal e desenho dos faróis todas as versões. A conectividade não é sistema SHVS (Smart Hybrid Vehicle by viva e recebemos uma resposta à altura,
expressivos. Apesar de tudo, não é pela esquecida e, de série nesta versão, te- Suzuki); controle de velocidade adaptativo; tornando este carro um agradável prazer
estética que brilha mais. mos um ecrã tátil com com ligação para limitador de velocidade. ao volante. Por outro lado, com o binário
máximo de 170 Nm disponível a partir
INTERIOR das 3500 rpm, é também uma proposta
que pede acelerador para extrairmos o
O interior é marcado pela sensação de melhor que tem para oferecer. No geral,
espaço, fator que é muito bem aproveitado a condução pode mesmo tornar-se en-
à luz das proporções deste modelo. Nos tusiasmante.
lugares dianteiros o tablier é compacto Esta é uma proposta mild-hybrid: um
em dimensões, o que favorece quem aí motor elétrico (3 cv) e uma bateria de iões
segue, mas também nos lugares traseiros de lítio (12V) auxiliam o motor a gasolina
facilmente nos sentimentos bem, sendo e ajudam a reduzir os consumos e emis-
naturalmente mais aconselhados para sões, como por exemplo no arranque e no
duas que três pessoas. A altura para a funcionamento do sistema Start&Stop.
cabeça e a largura destacam-se em ter- Em estrada há um bom equilíbrio na sen-
mos de espaço. O interior é pragmático, sação que passa ao condutor. A direção
sem grandes adornos, mas simples e está enquadrada com o que se pretende,
com o essencial para o dia a dia. Os lo- não sendo leve nem pesada em exage-
cais de arrumação são generosos, tanto ro, revelando-se no ponto, informativa e
nas portas como na consola central. A direta. O motor é um mimo e poupa-nos
>> autosport.pt/automais
47
FT/ F I C H A T É C N I C A
em muito o recurso à caixa manual de 5 uma proposta muito ágil e versátil em todo dimensões - para percursos citadinos. 1.0 / 111 CV
velocidades. Cada engrenagem tem alma o tipo de situações. Os travões também
e facilmente a um pisar do acelerador o estão em perfeita sintonia com este carro. BALANÇO FINAL GASOLINA
Swift responde a rigor. Há assim uma boa Apenas a suspensão penaliza os pas- O Suzuki Swift é uma proposta bastan-
faixa de utilização de cada velocidade, que sageiros nos lugares traseiros, com uma te válida para ser o nosso companheiro 10,6 S
se ‘aguentam’ bem. rigidez que se não tivermos cerimónias diário. Dimensões de puro citadino, um
O chassis entrega-nos um modelo manu- a passar irregularidades, facilmente gera motor com a alma necessária para consu- 0-100 KM/H
seável que tem a seu favor a leveza do seu queixumes em quem nos acompanha. E mos controlados aliados a uma condução
peso, apenas 875 kg, que faz parecer que as irregularidades não precisam de ser prazerosa, equilíbrio em estrada, espaço 4,3 L / 5,0 L (AUTOSPORT)
estamos, por vezes, com uma ‘pluma’ na muito pronunciadas. O Swift transmite interior e bom nível de equipamento. No
mão. E essa sensação transparece muito um bom feeling ao volante e satisfaz pe- fundo, sem ser exuberante, deixa-nos 100 KM
em condução desde o primeiro momento las sensações que provoca, sendo muito a morder o lábio e a dizer, “sim senhor,
e é motivo de satisfação, garantindo-nos equilibrado e uma boa opção - pelas suas gostei...” 98
G/KM- CO2
17 952€
PREÇO BASE
CONDUÇÃO / COMPORTAMENTO /
RELAÇÃO PESO-POTÊNCIA / CONSUMOS /
ESPAÇO INTERIOR
SUSPENSÃO TRASEIRA / ECRÃ TÁTIL
MOTOR GASOLINA, 3 CIL. EM LINHA, INJEÇÃO
DIRETA, TURBO, INTERCOOLER, 998 CM3
POTÊNCIA 111 CV / 5500 RPM BINÁRIO
170 NM / 3500 TRANSMISSÃO DIANTEIRA,
TRANSMISSÃO MANUAL DE 5 VELOCIDADES
SUSPENSÃO MCPHERSON À FRENTE E EIXO
DE TORÇÃO ATRÁS TRAVÕES DV/T PESO
875 KG MALA 265LT ATÉ 579 LT (C/ BANCOS
TRASEIROS REBATIDOS) VEL. MÁX. 195 KM/H
E/ Dando cumprimento ao estabelecido no n° mais importantes provas de desporto au- leitores uma informação atual, rigorosa abordagem e de análise dos factos noti-
1 do artigo 17° da Lei 2/99, de 13 de Janeiro, tomóvel disputadas em território nacional e de qualidade, opinando sobre tudo o ciosos, com total abertura à interatividade
ESTATUTO Lei da Imprensa, publica-se o Estatuto e no estrangeiro, relata acontecimentos que se passa na área do automóvel e dos com a sua comunidade de leitores. 4. O
EDITORIAL Editorial da publicação periódica AutoSport: ligados à competição automóvel, bem como automobilistas, numa perspetiva plural, re- AutoSport pratica um jornalismo pautado
1. O AutoSport é um semanário dedicado temas que versam o automóvel como bem cusando o sensacionalismo e respeitando pela isenção, sem comprometimentos
ao automóvel e aos automobilistas, nas de consumo, tanto na área industrial como a esfera da privacidade dos cidadãos. 3. ou enfeudamentos, tendo apenas como
suas mais distintas vertentes: desporto e comercial. O AutoSport pauta as suas opções edito- pressuposto editorial facultar a melhor
competição, comércio, indústria, segurança 2. O AutoSport está comprometido com riais por critérios de atualidade, interesse informação e a melhor formação aos seus
e problemática rodoviária. O AutoSport o exercício de um jornalismo formativo e informativo e qualidade, procurando apre- leitores, seguindo sempre as mais elemen-
edita, semanalmente, conteúdos sobre as informativo e procura oferecer aos seus sentar aos seus leitores a mais completa tares normas deontológicas.
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