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Voltámos! – Revista FENACERCI 2022

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Published by susad-design, 2022-12-05 11:38:29

Revista Fenacerci 2022

Voltámos! – Revista FENACERCI 2022

Os trajetos que fazemos dizem muito sobre
o que somos e para onde queremos ir!
Muitos dos nossos passos, são reveladores
do nosso espírito de missão, determinação e
resiliência. As múltiplas estradas que percorremos
fazem parte de um movimento que integra muitas
pessoas. Gente com garra, corajosa e pioneira,
que encontrou nos obstáculos, a certeza de que
o caminho é um longo e grande desafio que
sempre fizemos a andar!


CERCI’S O CAMINHO FAZ-SE A ANDAR

O Resgate da Esperança

V ivemos um tempo estra- lores como princípios orientadores mundial, desta “comunidade de
nho, novo, inquietante. do comportamento humano”1. destino”, o papel do setor coopera-
Andamos meio à deriva. Ora, depois destes tempos de pro- tivo é absolutamente crucial, con-
As velhas narrativas que pagação do medo do outro, e do siderando a dimensão cooperativa
nos explicavam o mundo já não nos individualismo radical, de que nos da ação associada aos valores e
satisfazem e as novas, as que por fala Juan António Molina, nestes princípios que a confirmam.
aí surgem, ou tardam ou ainda não novos tempos de incertezas que Estão longe, as cooperativas de so-
estão sedimentadas. põe o mundo todo em dúvida, nesta lidariedade social, de integrar um
A pandemia atingiu a sociedade nova forma de ser e estar em socie- fenómeno histórico circunstancial.
moderna; impôs distanciamento, dade, devemos procurar recuperar Com base nos princípios que im-
impôs isolamento e impôs qua- a capacidade da humanidade, per- pregnam a sua identidade, estão e
rentena. A convivialidade, o afeto, cebendo-nos, todos, interdepen- têm de se manter, atentas à com-
o contacto, foram interditados e dentemente vulneráveis e imperfei- plementaridade entre a democracia
ficaram fragilizados. A sociabilida- tos. Sermos capazes de, com olhos cívica, que supõe a construção polí-
de, como a conhecíamos, diluiu-se para o futuro, devolver-nos a uma tica e a democracia organizacional,
num tempo e num espaço que nos normalidade transformada, um re- que supõe a construção colabora-
amedronta. Fomos atirados para o nascer diferente para um novo ima- tiva.
campo privado, aprisionados numa ginário coletivo e partilhado. Temos Com base nos valores que sempre
sucessão de dias sempre iguais, nas sociedades modernas uma as regeram, têm de continuar a de-
engolidos pela tirania do medo - do “comunidade de destino” - assim sempenhar o seu papel histórico
público e, sobretudo, do outro. Jun- a pensou e delineou Edgar Morin de alternativa às respostas pública
támos o espaço da casa e da vida. - que nos une uns aos outros num e privada, na satisfação de neces-
Identificámos novos pontos de ru- destino comum. Dele, todos fare- sidades básicas e na distribuição
tura e assistimos à mudança de mos parte. Para ele, todos devere- de uma justiça social mais ampla e
paradigmas que, inevitavelmente, mos ser capazes de nos mobilizar. comprometida, (re)influenciando, à
exigem esforços coletivos. Diz-se A transição histórica em que esta- luz da nova era, o entendimento da
que vivemos “não numa época de mos submersos, onde é cada vez solidariedade enquanto forma de
mudança, mas numa mudança de mais clara a insuficiência do poder cultura e responsabilização social.
época”. Possivelmente, muito em político, obriga a pensar e a aceitar Ao longo do tempo, as cooperati-
breve, ouviremos falar da Era Pós- a necessidade de estabelecer con- vas de solidariedade social têm-se
-Pandemia. sensos num tal sistema participa- constituído em verdadeiros promo-
Neste processo de mudança, vi- tivo, ou co-participativo, não como tores e agentes de mudança, con-
vemos com o impacto dos últimos dimensão utópica, mas como uma tribuindo indiscutivelmente para
3 anos, com consequências eco- nova ordem mundial. uma sociedade cada vez mais in-
nómicas e sociais ainda não com- A Unesco - Organização das Na- clusiva; também porque gozam da
pletamente quantificadas e com ções Unidas para a Educação, a experiência e do conhecimento que
dificuldades longe de estarem su- Ciência e a Cultura ao promover só a prática diária e a convição ab-
peradas, às quais acrescem os im- os quatro pilares da educação do soluta permitem.
pactos económicos do esforço da século XXI - aprender a conhecer, E é este sobressalto, também ético,
guerra que está a atingir duramen- aprender a fazer, aprender a ser que justifica que se procure, per-
te a Europa e o resto do mundo. A e aprender a viver juntos – apon- manentemente, identificar e con-
crise que vivemos é também uma ta exatamente no sentido de uma textualizar os riscos a que se está
crise de civilização e reconhecendo construção coletiva por todos e exposto e suportar as organizações
que a cultura molda a economia, para todos. Há, pois, que encontrar em modelos de gestão onde preva-
“quando há uma crise sistémica, há nessa substantiva inevitabilidade leça a identidade, a reputação e os
um sinal de uma crise cultural, de motivos racionais de esperança. atributos de prestígio, solidez, le-
não sustentabilidade de certos va- Na construção desta nova ordem gitimidade e qualidade de serviço,

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RE VISTA FENACERCI 2022

que as credibilizem, com estruturas procuremos, permanentemente, no- a resiliência se sobrepôs ao lamen-
de governo próximas do ideal de- vas ideias e mais conhecimento. to e onde o medo nunca nos impe-
mocrático. Pondo-nos sempre em perspetiva diu de continuar.
Há muito por que lutar e muito – a nós e às nossas certezas - com Esta esperança, coletiva, é a mes-
em que pensar. O futuro tem de inquietude, com desassossego, mas ma que sempre incentivou o coo-
ser construído a partir de agora com esperança e com profunda de- perativismo cívico, comprometido,
e, numa opção civicamente res- terminação ética. Fazendo-nos, in- na certeza de ser este o caminho
ponsável e consciente, tem de ser dividual e coletivamente, com cada para uma responsabilidade parti-
pensado, considerando humilde- vez maior serenidade. E demons- lhada. E materializa o somatório de
mente as nossas fragilidades, sem trando a atualidade dos princípios e vontades, que são também a nos-
escamotear a importância funda- valores cooperativos e a adequação sa grande caminhada para esse tal
mental da solidariedade e da cor- e valia da ação das cooperativas na destino comum para o qual esta-
responsabilidade. Na certeza de resolução dos graves problemas que mos fadados – o de uma sociedade
que o comum sentido de responsa- os tempos que vivemos colocam e mais justa na promoção dos valo-
bilidade social nos projeta a todos que nem os Estados, nem a econo- res de convivialidade, da tolerância,
num mundo seguramente melhor, mia privada, conseguiram evitar. da solidariedade e do respeito entre
numa sociedade que sublima não o Não há vias feitas de sentido único. todos os cidadãos.
conceito global, mas o modelo gre- Esta esperança, esta determinação
gário que sempre se distinguiu por ética, é a mesma que nos acompa- Luísa Carvalho
cuidar de todos. nhou nos momentos mais difíceis Diretora Executiva da CERCIAG
É este sobressalto que justifica que do nosso percurso histórico, onde

1Manuel Castells

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CERCI’S O CAMINHO FAZ-SE A ANDAR

A Equitação no Lar
Residencial da CERCIFAF

S egundo especialistas e
artigos publicados da
área da equitação, o uso
do cavalo com fins tera-
pêuticos não é uma prática recen-
te. Já nos tempos antigos, ilustres
ligados à medicina aconselhavam a
equitação como forma de preservar
o bom funcionamento do corpo hu-
mano, bem como, regenerar a saú-
de, sendo inúmeros os estímulos
sensoriais que o cavalo transmite
ao cavaleiro. A CERCIFAF – Coo-
perativa de Educação, Reabilitação,
Capacitação e Inclusão de Fafe,
CRL., tem estado desde sempre in-
timamente ligada à prática despor-
tiva, e como tal, não poderia deixar
de abraçar as atividades com ca-
valos nas suas diversas vertentes
- Terapêutica, Lúdica e Desportiva
- e os benefícios terapêuticos que
a prática deste tipo de atividades
traz/acrescenta para os seus pra-
ticantes.
Neste contexto, o Lar Residencial
da CERCIFAF, propôs-se iniciar um
trabalho na área da Equitação, com
o objetivo de incentivar os seus re-
sidentes para o espírito desportivo
e de cooperação, proporcionando
em simultâneo, condições de con-
vívio através da participação em
torneios, bem como, a adoção de
um estilo de vida mais ativo e sau-
dável, tendo sempre como concei-
tos subjacentes, a serem trabalha-
dos, o aumento da autoestima, a
valorização pessoal e social.
Para isso, um grupo de clientes
desta unidade partiram à desco-
berta desta área começando por
usufruir de sessões de hipoterapia
em busca dos já provados contri-
butos positivos a nível psicossocial,

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RE VISTA FENACERCI 2022

cognitivo e neuromotor. mo com direito a pódio! impera sempre a boa disposição, o
Ao nível dos benefícios individuais Paralelamente, têm o gosto de acei- espírito de camaradagem e partilha
de cada um, a Hipoterapia começa tar todos os convites dirigidos à de experiências com outros atletas
a demonstrar o melhoramento de participação em provas, como por em contextos diferentes.
competências ao nível da motrici- exemplo a do centro de reabilitação Afeto, Cidadania, Diversidade, Fu-
dade global e psicomotora, preser- da Associação Portuguesa de Pais turo e Inovação são a base das
vando e aumentando amplitudes e Amigos do Cidadão Deficiente experiências, dos desafios, das
nos movimentos, refletindo-se por Mental (APPACDM) de Ponte de partilhas e das conquistas bem-su-
exemplo na ausência de queixas Lima, com a 11.ª edição das Olim- cedidas em função da Qualidade
álgicas. A autonomia e o poder fun- píadas de Equitação, integradas de Vida e de uma suprema Inclusão
cional dos jovens, são sem dúvida na XIII Feira do Cavalo de Ponte de Social.
os maiores desafios. Portanto, esta Lima, onde tiveram a oportunidade
atividade ajuda a trabalhar ques- de demonstrar as suas habilidades Sara Ferreira, Coordenadora
tões relacionadas com o equilíbrio e conhecimentos. do Lar Residencial da CERCIFAF
estático e dinâmico, aprimorando Por fim, e não menos importante, Fabrício Martins
a coordenação motora e planea- realça-se que com estas vivências, Fisioterapeuta do Lar Residencial
mento motor, facilitando reações da CERCIFAF
e correções posturais, que no dia
a dia dos jovens se reflete numa
preservação da propriocetividade,
tanto em tarefas de Atividades de
Vida Diária como em situações de
saídas ao exterior num processo de
integração na Comunidade.
Aliando os benefícios da Hipotera-
pia ao gosto pelo desporto, três jo-
vens pertencentes ao grupo inicia-
ram a sua participação em provas
de equitação adaptada em parceria
com a Escola de Equitação Ricardo
Vale, onde procedem a treinos bis-
semanais.
Imbuídos já num espírito de com-
petição, foi em julho de 2019 que
se estrearam pela primeira vez em
provas de equitação adaptada, pro-
cedendo-se inclusive à filiação do
clube “CERCIFAF - Lar Residen-
cial” no Special Olympics Portugal
(SOP), participando em Esposende
na 1.ª Jornada do Campeonato Re-
gional de Equitação onde os atletas
tecnicistas, com o esquema bem
interiorizado, conseguiram alcan-
çar resultados positivos, até mes-

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CERCI’S O CAMINHO FAZ-SE A ANDAR

maisMudança,
maisAbrangência,
maisInclusão, maisSocial =
mais Lousada!

A ACIP - Ave Cooperati- proximidade, centrado na pessoa, cerias, as ações demonstram um
va Intervenção Psico- tendo em conta as suas necessi- esforço coletivo de todos os inter-
-Social iniciou no dia dades, expetativas e potenciais. As venientes sociais numa perspetiva
1 de julho de 2020, o melhorias emergem no desenvolvi- de garantir um acesso a serviços
Contrato Local de Desenvolvimen- mento de competências pessoais, holísticos com base na comunida-
to Social no concelho de Lousada sociais e profissionais, tais como:
– maisLousadaCLDS4g.Este contra- - ao nível pessoal (autoestima, au- •de e entidades oficiais do projeto.
to local de desenvolvimento tem toconceito, motivação, vontade, va- maisInclusão: concentrar
como missão aumentar a coesão lorização, igualdade...); a intervenção nos grupos po-
no concelho, promovendo proces- - ao nível social (acesso e oportu- pulacionais que em Lousada,
sos de integração pessoal, social e nidade de participação, relacional, evidenciem fragilidades mais
profissional, em grupos populacio- direitos e deveres, autorrepresenta- significativas, promovendo a
nais vulneráveis, nomeadamente ção, empowerment e inclusão); mudança na situação das pes-
de crianças, jovens e famílias de - ao nível profissional (capacitação, soas tendo em conta os seus
baixos rendimentos, desemprega- emprego, autoemprego, empreen- fatores de vulnerabilidade.
dos, pessoas com deficiência/inca- dedorismo, iniciativa, integração, Pretendemos que a Inclusão seja
pacidade, ao longo de 36 meses, de um processo e a força motriz de
julho de 2020 a junho de 2023. •acesso a oportunidades). todas as ações. Este conjunto de
O maisLousadaCLDS4G pretende maisAbrangência: poten- meios ao nosso dispor minimizam
ser o motor de desenvolvimento ciar a congregação de esforços a exclusão aos benefícios da vida
do concelho de Lousada, marcado entre o setor público e privado em sociedade.
por ações e proximidade da equi- na promoção e execução de Neste sentido, a inclusão deve es-
pa à comunidade, participando e projetos através da mobilização tar presente em cada um de nós, e
envolvendo todo o território, cen- de atores locais com diferentes cada vez mais integrada na socie-
trado em quatro marcas, que res- proveniências. dade, oferecendo oportunidades
pondem e fortalecem os objetivos Envolver todo o território de Lou-
sada, as suas 25 freguesias e todos •iguais de acesso a bens e serviços.
•gerais do CLDS4G: os grupos populacionais que evi- maisSocial: aumentar os
maisMudança: fortalecer a denciam fragilidades significativas, níveis de coesão social do
ligação entre as intervenções como crianças/jovens, famílias de Concelho, dinamizando a al-
a desenvolver e os diferentes baixos rendimentos, desempre- teração da sua situação socio-
instrumentos de planeamen- gados, pessoas com deficiência/ territorial.
to existentes de dimensão incapacidade. Esta marca vinca
municipal. as ações planeadas e orientadas maisMudança
Trabalhar o conceito de Mudança para as pessoas. O plano de ação maisAbrangência
implica uma intervenção em equi- é implementado e desenvolvido maisInclusão
pa, integrada, conjunta, na comuni- por uma equipa multidisciplinar e maisSocial
dade, num trabalho de equipa de numa configuração de multipar- maisLousada!

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RE VISTA FENACERCI 2022

Reflexões sobre
o Pré e Pós Pandemia

A importância das organizações do terceiro setor na manu-
tenção de serviços de qualidade para grupos mais vulneráveis

A s organizações do ter- na prestação dos serviços essenciais. valor líquido dos 2,5 biliões de pes-
ceiro setor representam, É, portanto, pertinente voltar a anali- soas mais pobres em todo o mundo.
como já antecipávamos, sar com algum rigor a distinção entre Por isso, também sou da opinião de
para o funcionamento e a capacidade que as organizações que estas disparidades contrastam
equilíbrio social e político das socie- do terceiro setor têm para aceder a com os grandes feitos e progressos
dades atuais, um papel essencial e bens e serviços e a qualidade desses e são uma ameaça à estabilidade da
fundamental na engrenagem, verifi- bens e serviços, sobretudo financei- nossa civilização.
cando-se que a sua inoperância co- ros e de recursos humanos que lhes Perante este cenário perturbador e
locará em risco o funcionamento de permitam garantir respostas adequa- contemporâneo, temos de nos horro-
outros setores e consequentemente das às exigências de emergência em rizar perante aqueles que abusam do
todas as atividades que regulam e articulação com as emergentes que poder político e militar em detrimen-
alimentam a vida em comunidade e decorrem da natural evolução técnica to dos que estão indefesos, mas em
garantem a paz social. e científica dos serviços e metodolo- sentido contrário, realçar aqueles que
O impacto de determinadas conjun- gias. É nesta dialética que constata- se encontram em muitas atividades,
turas, nomeadamente crises sanitá- mos que o equilíbrio não está garan- que continuam a dar muito de si, e
rias como esta por COVID- 19 que vi- tido, e que se afasta cada vez mais que pela sua inteligência e capacida-
vemos intensamente, e suas derivas do horizonte dos trabalhadores deste de e mérito próprio, conseguem lide-
nefastas, que afetam de forma mais e de outros setores essenciais, que ranças com efeitos muito benéficos.
violenta sobretudo e sempre os gru- apesar de tudo, e numa atitude mui- Regressando à humilde prestação
pos e setores mais vulneráveis, mos- to filantrópica se mantêm firmes nos de serviços das cooperativas de so-
tra claramente a diferença de quali- seus postos com a ténue esperança lidariedade social, e aos seus condi-
dade de bens e serviços essenciais de que algum dia se lhes reconheça a cionalismos e dificuldades, devemos
mitigadores ou de emergência a que indispensabilidade. O trabalho direto todos encarar com muita seriedade
têm acesso, comparativamente com com pessoas deve sempre perseguir e determinação, a realidade indes-
grupos mais favorecidos. Neste con- níveis elevados de qualidade, uma mentível que as pessoas são e serão
texto, temos de enaltecer, em minha vez que a sua exigência científica sempre a matéria-prima cujo trata-
opinião, a capacidade de resposta das e ética é dinâmica e não podemos mento e cuidado não será substi-
diferentes estruturas governamentais, de forma alguma não aproveitar as tuído por máquinas, o que significa
como saúde, segurança social, em- aprendizagens e experiências vividas que os cuidados pessoais são uma
prego, poder local, mais representa- nestes momentos críticos. De que se atividade e profissão que exige qua-
tivas para este setor, que disponibili- trata então: da requalificação de mui- lificação, seleção, dignificação e res-
zaram e continuam a ceder meios e tas infraestruturas para dignificação sarcimento social e financeiro.
equipamentos, como também medi- da pessoa humana (como por exem- “Cada arma que é fabricada, cada na-
das políticas e sanitárias, enquadra- plo quartos individuais em qualquer vio de guerra que é lançado ao mar e
doras de metodologias e respostas estrutura de alojamento), pelo respei- cada foguetão que é disparado são,
imediatas nas diferentes fases de to pela privacidade e individualidade, em última análise, um roubo aos que
medo e incertezas que se viveram nas que por mero acaso até é consonante têm fome e não são alimentados, aos
organizações, melhorando neste as- com a prevenção de contágios. que têm frio e não têm roupa.” Dwight
peto a capacidade das organizações E não havia necessidade, já que o va-
para aceder aos meios fundamentais lor líquido das cerca de mil pessoas Eisenhower
para garantir a continuidade regular mais ricas do mundo, é o dobro do
António Matias
Presidente da Direção da CERCICOA

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CERCI’S O CAMINHO FAZ-SE A ANDAR

E se nos
des(organizássemos)?

M uito se tem falado da talidade, talento e energia conjuga- outros tipos de economia, sensibi-
construção de uma da com toda a experiência, história lidade tributária com a aplicação
nova economia ao e saber. Cuidar de outros é algo de de regimes de exceção e modelos
serviço das pessoas, muito sério. Tão sério que só deixa- mais simplificadores de acompa-
em que mesmo em época de pan- rei que alguém cuide de mim no li- nhamento, certificação e monitori-
demia ou crise, as entidades da mite das minhas forças e depois de zação.
economia social provaram estar na passar por todos os meus refinados Não podemos continuar a ser uma
linha da frente, prestando cuida- critérios (e não serão poucos). economia para as pessoas com a
dos, apoiando o ensino, indo onde Da mesma forma que cuidar de aplicação de regras cegas, fecha-
poucos foram, fornecendo bens, outros é e, deveria ser, motivo de das e que não são para as pessoas,
serviços e muitas vezes…aquele grande orgulho, cuidar do patrimó- mas que são baseadas num sistema
abraço (virtual ou não). nio que não é nosso é uma função talhado para desconfiar das pes-
Parece consensual que esta econo- de enorme responsabilidade. Não soas e das organizações, por prin-
mia feita de pessoas e para pessoas posso esperar menos das autori- cípio. Nós somos para as pessoas,
é estável no tempo, nos empregos, dades públicas de que celeridade mas não podemos permitir que os
na segurança, nos compromissos, nas respostas, distinção perante serviços se centrem em lógicas low
na criação líquida de valor, que
poderá englobar diferentes formas
empresariais e organizacionais,
mantendo a primazia nas pessoas
e no desenvolvimento, entendido
no seu contexto social e ambiental
mais lato.
Mas, o que na teoria parece sim-
ples, na prática parece sempre
mais difícil de concretizar.
As cooperativas, por exemplo, afi-
guram-se como modelos bem
estabelecidos e consolidados de
arquétipos empresariais da econo-
mia social e com grandes impactos
na vida social, económica, política,
cultural, na saúde e no bem-estar
dos seus concelhos e comunida-
des.
Talvez porque sou mais nova nisto
da gestão não consigo compreen-
der que seja o próprio Estado a
empurrar-nos para políticas de sa-
lários baixos, mão de obra pouco
qualificada e carreiras de estagna-
ção. Precisamos, pois, de toda a vi-

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RE VISTA FENACERCI 2022

cost como se de fast food se tratas- nizações que eu conheço, não são tências necessárias à manutenção
se. Enquanto são pagas parcerias, outlets em saldos! de mais e dos melhores serviços.
consultorias, estudos estratégicos, Não podemos manter a nossa mis- Daqueles que nem o Estado, nem
peritagens, equipas de validação a são nas pessoas se tivermos a nos- outros setores da economia (da-
“peso de ouro” e de mercado, nós, sa missão em cortes sistémicos, queles que não são das pessoas),
que somos e trabalhamos para as em acréscimos burocráticos (para têm a missão de promover.
pessoas, continuamos a ser pagos quê a transição digital?), em espe- Acredito que a economia social
a preços de tipologias baratas e que ras desmesuradas, na prestação tem a capacidade de ser altamente
devem servir a todos em igual me- de serviços abaixo de custos reais, inspiradora quanto aos seus obje-
dida. O custo por cliente tem que na modernidade que não podemos tivos de inclusão, de diversidade,
ser baixo, o valor hora da formação acompanhar porque não cabe nos democracia e que se torna criativa,
tem que ser baixo, o valor por tera- nossos tão esticados orçamentos. inventiva e geradora de equidade.
pia tem que ser baixo, o custo para Ouvi tantos anos o meu querido Mas não se andarmos perdidos em
a construção das respostas sociais amigo e Presidente Rogério Cação burocracias e na obrigação cega
tem que ser o mínimo. Bom e bara- a falar de sustentabilidade, e afinal em demonstrarmos o que valemos.
to alguém conhece? E não, as orga- parece que é uma palavra abstrata, Valemos o que valemos e sabemos
quase imaginária. E que tal investi- que sim. Porque o Impacto Social
mento? Deparo-me com estruturas de não fazermos o que fazemos se-
obsoletas, recursos que têm horas ria devastador.
contadas daqui e dali, talentos (RH) Acredito também, que uma maior
envelhecidos em profissões de rede de suporte de natureza trans-
desgaste rápido e sem a valoriza- versal entre as cooperativas, pode-
ção merecida. ria apoiar regimes mais facilitado-
A vida nas pequenas organizações res de inovação na transição digital,
é rápida demais. Corremos entre na conquista da robotização, na
pedidos de parceria, candidaturas transição energética, na construção
de pouca monta, formações, reu- mais ecológica e eficaz das nossas
niões e tantas vezes a pensar se se- respostas sociais, enfim, na criação
ria possível fazer mais com menos. de um Ecossistema Cooperativo e
É que a maior parte das entidades ainda mais Social.
da economia social tem uma forte Sei que tudo é um caminho, que
dimensão empreendedora e dá um se faz a andar. Mas toda a espera é
robusto contributo para o cresci- longa quando sentimos que pode-
mento sustentável e emprego, rea- ria ser mais fácil fazer a diferença.
liza trocas comerciais geradoras de Talvez tenhamos que nos desorga-
novos bens e serviços, favorecendo nizar um pouco para voltar a ver o
por sua vez outros níveis de econo- que realmente é essencial.
mia. Com mais e melhores apoios A CERCIPENICHE fez este ano 45
teríamos condições de potenciar anos! E o essencial são mesmo as
estas trocas comerciais (geradoras pessoas. TODAS!
de mais economia), fixar cérebros,
rejuvenescer o emprego e o ga- Andreia Capataz
rante intergeracional das compe- Presidente em exercício do Conselho
de Administraçao da CERCIPENICHE

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CERCI’S O CAMINHO FAZ-SE A ANDAR

RUMO, 40 anos a marcar
a diferença na comunidade…

A Rumo iniciou a sua ati- do que uma perspetiva de inclusão vimos evidenciam, temos em fase de
vidade em 1981, com o profissional, se situa no contexto da candidaturas os seguintes projetos:
objetivo fundamental no promoção dos direitos universais da O Projeto com o Grupo Auchan para
âmbito da solidariedade igualdade. O modelo de emprego Crianças e jovens em risco; Projeto
social e no desenvolvimento de ati- apoiado, pressupõe o desenvolvi- Bairros Saudáveis para Pessoas em
vidades de apoio em diferentes do- mento de percursos individualiza- situação de desvantagem e de vul-
mínios de intervenção a pessoas em dos de inserção profissional e social, nerabilidade social; Candidatura BPI
situação de desvantagem, visando a a partir da definição de projetos de Capacitar; Candidatura INR; Projeto
defesa dos seus direitos individuais vida claros e de acordo com os inte- “Movimento” para a População Sem
e de cidadania, designadamente no resses, competências e necessida- Abrigo do Concelho da Moita e Es-
quadro da promoção do direito à des do público-alvo (person centred colhas Program@rte 2830-510 - E8G
igualdade de oportunidades e à in- planning). (entidade parceira).
clusão escolar, profissional e comu- Desta forma, temos em pleno fun- Assinalando a efeméride, olhamos o
nitária. cionamento os seguintes projetos: futuro com o anúncio da inaugura-
O ano de 2021 destaca-se pela cele- Acordo de Colaboração para aloja- ção de uma nova valência – a Creche
bração dos 40 anos da RUMO desde mento de estudantes EST Barreiro ‘RUMO Kids,’ cujas inscrições já tive-
a sua fundação. Um marco composto (IPS); Centro de Inclusão Comunitá- ram início no princípio do ano. Abra-
por inúmeras etapas, desafios, con- ria (CIC RUMO); a Casa de Acolhi- çaremos, assim, um novo desafio e
quistas e, sobretudo, Pessoas. Aque- mento Residencial (CAR RUMO); o uma nova fase da história da Coo-
les/as com quem importa lembrar Centro de Atendimento a Vítimas de perativa. Acreditamos por isso, que
momentos e memórias conjuntas, Violência Doméstica Barreiro Moita este projeto potenciará e reforçará
mas também com o foco e perspeti- (CAVBM); o Centro de Recursos para o sentido da missão – PARA CADA
va na continuação de uma caminha- a Empregabilidade RUMO (Almada, PESSOA, UM PROJETO DE VIDA –,
da inclusiva. Importa sublinhar, que Barreiro, Montijo e Seixal); CLDS mas dando relevância às crianças
apesar desta tão conturbada con- 4G Barreiro – Comsigo; CLDS 4G “desde os primeiros passos”, bem
tingência pandémica, procurámos Moita – Moita, Intervir para Incluir!; como ás suas famílias.
sempre cumprir com a proximidade FORMAR RUMO (Formação Profis- Tal como desde o primeiro dia de
que desde sempre mantivemos com sional); PO APMC (Apoio Alimentar atividade enquanto cooperativa, a
os nossos diferentes públicos. Este para destinatários/as do concelho Rumo tem marcado a sua interven-
marco que agora é distinguido, é ce- da Moita); Programa INCORPORA ção pelo trabalho em parceria, com e
lebrado na prática a cada dia, quer (Fundação La Caixa); Protocolo de para os territórios, no sentido de for-
pela via da manutenção e do reforço RSI RUMO; REBM- Rede para a Em- mar comunidades corresponsáveis
das respostas que os nossos públi- pregabilidade Barreiro Moita; SER e capazes para concretizar os seus
cos merecem, quer pela responsabi- CASA Barreiro (Inclusão Social e objetivos.
lidade e compromisso contínuo das Profissional para pessoas em situa- Os 40 anos da RUMO são também
nossas equipas/projetos. ção de sem abrigo). uma celebração da vida... mas mais
Temos ao longo de 40 anos, pautado Com o desenvolvimento destes pro- do que isso, uma celebração de Es-
por uma intervenção diversificada, jetos, temos garantido o atendimen- tórias feitas por pessoas reais, que
assente na escuta ativa das necessi- to e resposta efetiva a cerca de 4000 sentiram a RUMO como parte inte-
dades sentidas pelas comunidades, pessoas dos Concelhos do Barreiro grante nas suas vivências.
tendo como base o quadro dos prin- e Moita. “Tudo o que um sonho precisa para
cípios e boas práticas do movimento No sentido de continuidade, e de for- ser realizado, é alguém que acredite
internacional de Emprego Apoiado ma a respondermos às necessida- que ele possa ser realizado” Roberto
(Supported Employment), que mais des que as comunidades onde inter- Shinyashiki.

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RE VISTA FENACERCI 2022

Novos projetos
começam a mover-nos
na direção do futuro!

O ano de 2020 foi, indubi- Paulatinamente e mediante a evo- der a dinâmica devido ao número
tavelmente, um ano bas- lução pandémica e do índice de crescente de infetados no país e, a
tante atípico na nossa transmissão, retomámos algumas partir desta altura, as medidas im-
vida e, com todas as mu- atividades de baixo risco no início da plementadas pelo Estado de Emer-
danças que nos foram impostas, fo- época balnear com algumas idas à gência obrigaram-nos a recuar nas
mos obrigados a reinventarmo-nos praia e passeios culturais (e.g. Aveiro rotinas conquistadas voltando, as-
diariamente sob tudo aquilo que nos e Serralves), em pequenos grupos, sim, a confinar. Chegados ao mês de
era exigido e permitido. quando tal fora permitida pelo Go- dezembro, tínhamos em mãos a mais
Fomos confrontados com a cessa- verno Central. Tudo era organizado dura decisão: proibir todos os nossos
ção dos estágios profissionais, com ao pormenor de forma a evitar qual- clientes de ir a casa festejar o Natal
o lay-off de alguns clientes e com a quer tipo de contágio, pois tínhamos com os seus familiares. Pela primei-
suspensão do voluntariado. A rotina a consciência de que um passo em ra vez, todos os clientes passaram
estabelecida até então foi modifica- falso poderia vir a revelar-se um erro o Natal nas Residências Autónomas
da com o Estado de Emergência e crasso para um potencial surto de juntamente com as nossas colabo-
contámos com o apoio de colabora- Covid-19. Sentíamos que estávamos radoras. Foi mais um esforço acres-
dores de outras valências e voluntá- perante um inimigo invisível, para o cido, todavia o trabalho e o espírito
rios a fim de manter o bom funciona- qual todos os esforços e cuidados de equipa proporcionaram um Natal
mento das Residências Autónomas. eram essenciais para a proteção dos diferente, mas recheado de boas me-
Assim, desenvolveram-se ativida- nossos clientes e colaboradoras. mórias. Entre trocas de presentes do
des tais como Culinária; Atividade Em meados de outubro iniciamos amigo oculto, jogos de grupo e do-
Física; Tai Chi; Concerto de Taças a prática da Natação em pequenos ces iguarias, houve também, tempo
Tibetanas; Monotipias; Yoga do Riso grupos, dinamizada pela equipa téc- para a visita de alguns familiares que
e Artes Plásticas. No meio do caos nica, porque acreditamos que o des- se deslocaram para poderem, mes-
e da incerteza causados pela Pande- porto seguro ajuda a mitigar os efei- mo que de forma distanciada, ver os
mia e pela cerca sanitária criada em tos colaterais do estado pandémico seus filhos/irmãos/pais. Tudo foi vivi-
torno do Município de Ovar, a nossa para além de potenciar o bem-estar do com a máxima intensidade…tudo
missão focou-se na manutenção do psicossocial. Esta atividade foi extre- foi vivido e sentido com o sabor da
equilíbrio e da saúde física e psicoló- mamente bem aceite pelos clientes, saudade dos tempos idos assentes
gica dos nossos clientes. contudo, fomos obrigados a suspen- no manto da incerteza futura.
No início de 2021 iniciámos o proces-
so de vacinação dos nossos clientes
e colaboradoras com imensa satisfa-
ção e, principalmente, com a sensa-
ção de dever cumprido.
Hoje, tentamos restabelecer a vida
dos nossos clientes com as ativida-
des de lazer que fomos obrigados a
abandonar, os clientes que estavam
impedidos de trabalhar retomaram a
sua responsabilidade laboral e novos
projetos começam a mover-nos na
direção do futuro!

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CERCI’S O CAMINHO FAZ-SE A ANDAR

O Serviço Público
Escondido...

A S CERCI´s, bem como as financeiro para cobrir todo este au- tenham de optar entre pagar salá-
diversas entidades sem mento de despesa. Esta situação rios ou a conta da luz e gás, pois
fins lucrativos existen- provoca uma regressão no nosso o dinheiro não chega para tudo
tes em Portugal, pres- funcionamento e não nos permi- e, com isso, haja uma hecatombe
tam um serviço público. São uma te melhorar salários aos trabalha- neste setor com todas as conse-
verdadeira Administração Pública. dores, pelo contrário, provoca um quências para a sociedade portu-
No entanto, e infelizmente, sem as cada vez maior problema na atra- guesa.
mesmas condições igualitárias ao ção de profissionais para o nosso Por fim, é profundamente injusto
nível financeiro para cumprir a sua setor e o abandono de outros que que, com o aumento da inflação em
missão bem e pagar melhores salá- procuram melhores condições. geral e dos custos com luz e gás em
rios aos seus profissionais. Não é justo que a média salarial da particular, as Organizações estejam
Neste modelo de “Pacto Social/ função pública em 2021 fosse de a pagar ao Estado, sobretudo em
Compromissos de Cooperação”, o 1.536€, que possam ter aumentos IVA mas também noutros impos-
Governo decide entre 90 a 100% anuais e progressões de carrei- tos, mais do que o Estado lhes está
das receitas das Organizações do ras, quando neste setor prestamos a devolver através de pequenos
Setor Social/Saúde/Educação. Isto igualmente um serviço público e os apoios que foram criados (apenas
é, não só decide o que paga dire- trabalhadores têm salários dema- nalguns casos pois noutros devol-
tamente às Organizações, como siadamente baixos. ve zero).
também decide os valores que Em acréscimo, é precisamente É com profunda tristeza que vejo
os clientes irão pagar, sendo que, numa altura em que a inflação mé- diversas Organizações, sobretu-
como todos sabem, são variáveis. dia é de 9% mas em que os custos do CERCI´s, a fechar valências (e
Se num hospital público, os custos com gás subiram 500% e da luz com isso a deixar de prestar apoio
com salários ou com gás e luz so- subiram 300%, que o Governo nos a clientes e famílias e a causar de-
bem e esse hospital dá prejuízo, cá pede um esforço gigante de inves- semprego) devido ao subfinan-
está o Orçamento de Estado para tirmos milhões em novos edifícios ciamento provocado pelo Estado/
responder, ou seja, os impostos de para criar novas respostas sociais, Governo.
todos nós. Se numa IPSS o dinheiro bem como nos é dado apenas 25 a Isto assim não pode continuar. Ou
é curto, esta tem prejuízo, fica com 30% a fundo perdido do custo real nos dão os meios financeiros para
um problema grave para resolver da obra e ainda com a exigência de fazermos bem o nosso trabalho
e que muitas vezes resulta no en- permanecermos ligados por con- e cumprirmos a nossa missão e o
cerramento de estruturas = menos trato durante 20 anos. E nem assim respetivo quadro legal a que es-
apoio social e desemprego. nos isentam de pagar 50% do res- tamos obrigados, ou então que
Desde há muitos anos que existe petivo IVA (com exceção do PRR). tenham a coragem de assumir a
um subfinanciamento crónico em O setor onde trabalhamos é o único nacionalização das nossas Organi-
diversas áreas, o qual se tem vindo em que quase 40% das “empresas” zações ao invés de nos obrigarem
a agravar nos últimos anos. Com dão prejuízo segundo um estudo a fechar portas por força do estran-
efeito, a subida acentuada do sa- da Universidade Católica do Porto gulamento financeiro a que nos
lário mínimo, a inflação, o aumento publicado em dezembro de 2018. obrigam. Não é certamente a ven-
da TSU, o aumento de exigências Desde então para cá o cenário pio- der pirilampos que conseguimos
legislativas em diversos níveis, no- rou, infelizmente. meios financeiros para assumir as
meadamente aumento do rácio Receio que nos próximos meses, nossas responsabilidades.
de recursos humanos, depois não com recessão + inflação + subida
existe o correspondente envelope das taxas de juro, as Organizações José Bourdain
Presidente da Direção da CERCITOP

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RE VISTA FENACERCI 2022

Quando os outros
somos nós...

Q uem são os beneficiá- José, 59 anos, cumpriu 10 anos de
rios de Rendimento So- pena efetiva. Saiu do estabeleci-
cial de Isenção? O que mento prisional numa segunda
precisam? Poderíamos feira, devido à pandemia covid 19,
ser nós? Existe uma linha que nos tendo sido avisado que ia sair na
separa? sexta anterior. Ficou em liberdade,
Ana, 37 anos, doença neurodege- mas em condição de sem abrigo.
nerativa, vive com um filho de 11 Recorreu ao RSI para subsistir.
anos. Devido ao agravamento da Qualquer um de nós pode passar
doença entra de baixa (CIT). Após por uma situação de vulnerabilida-
ser chamada a junta médica fica de financeira. Não existe diferença
com baixa não remunerada. Não entre nós e os “outros”. Podíamos
consegue regressar ao trabalho. É ser nós a ter de pedir apoio, a “ba-
despedida em setembro. Não teve ter no fundo” a ter de pedir ajuda,
direito ao subsídio ao desempre- ficar vulnerável, ter de contar a sua
go. Fica sem rendimentos. Recorre vida a terceiros, pedir apoio ali-
ao Rendimento Social de Inserção mentar…
(RSI) para subsistir. O RSI foi criado para apoiar as pes-
soas ou famílias que se encontrem
numa situação de grave carência
económica e/ou em risco de exclu-
são social. Esta medida de prote-
ção social é composta por um con-
trato de inserção para promover a
integração social e profissional e
uma prestação em dinheiro para
satisfazer as necessidades básicas
do agregado.
A CERCIZIMBRA apoia desde 2016
os beneficiários de RSI do Conce-
lho de Sesimbra. O cenário de crise
provocado pela covid-19 torna o RSI
imprescindível para dar resposta dar
resposta às famílias mais carencia-
das e apoiar sobretudo os mais vul-
neráveis: os mais velhos sem idade
para inserir o mercado de trabalho
e novos para a reforma; as famílias
monoparentais e as crianças e jo-
vens, que poderão ser os mais afeta-
dos pela pandemia.

Ana Van Krieken
RSI de Sesimbra

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CERCI’S O CAMINHO FAZ-SE A ANDAR

Projeto PrimaverArte

Afetos pintados de movimento, som e cor

O projeto PrimaverArte
2020 - Criar Asas - Re-
duzir as Desigualda-
des, cofinanciado pelo
INR.I.P., teve como principal obje-
tivo facilitar às pessoas apoiadas
pelo CECD, equipas e parcerias,
a criação de oportunidades de
melhoria na qualidade da relação
consigo mesmo, com os outros e
com o meio ambiente.
Integrou a expressão plástica, a
dança, o canto coral e o álbum de
talentos, áreas artísticas que se
entrecruzaram na abordagem de
um tema comum, desenvolvido
de acordo com as especificidades
artísticas de cada área.
Destas dinâmicas resultaram di-
ferentes produtos dos quais des-
tacamos:

• O livro “O que sentes tu?
Desafios e emoções” desen-
volvido no âmbito da expres-
são plástica na qual, foi possí-
vel caminhar na descoberta da
“Pessoa que sou”; na reflexão
sobre “O que Sinto Eu”; “No-
mear as Emoções”, e partilhar
com os outros o que se sente,
através do “Painel da Felicida-
de”. O itinerário desta viagem
consistia em “entrar dentro de
si”, descobrir a pessoa criativa,
amorosa, pacífica e autónoma
que existe em cada um, dar
nome às emoções, escolher as
cores com que se queria pintá-
-las, mostrar o que se sentia e
via em si e no outro. Procurar o
que gostamos, o que precisa-
mos e tudo isso com cor, mú-
sica, silêncio, espaço para ex-
pressar sentimentos e sonhos,
e procurar entrar na festa da

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RE VISTA FENACERCI 2022

vida mais forte, mais autóno- influências culturais de origem fundamento das escolhas de cada
mo, confiante. E descobrir que em Cabo Verde, carta essa, um por um objetivo mais vasto
é possível criar asas… que o Coro Inclusivo musicou que a todos respeita: mover-nos
• O Álbum de Talentos, que e cantou, entrosando-se tam- com criatividade, autonomia de
em 2020 foi desenvolvido na bém com o grupo da dança forma pacífica e amorosa para as
versão Cartas de Amor, resulta que dramatizou a sua apresen- asas da felicidade, cujos ingre-
da escuta das narrativas dos tação. dientes podem incluir dar a cada
participantes, da recolha de Na interseção de diferentes for- coisa o seu tempo, sem apres-
imagens e valorização da sua mas expressivas procurámos rein- sar, festejar as coisas que correm
história pessoal, familiar e so- ventar dinâmicas e partilhar afetos bem, cultivar o sorriso, cuidar das
cial. Neste processo de acom- pintados de som, movimento e cor. pessoas que nos rodeiam, desen-
panhamento da pessoa, procu- O PrimaverArte 2020 - Criar Asas volver a imaginação, aprender a
ra-se promover a participação - Reduzir as Desigualdades en- ver e a ouvir, expressar com fre-
e cidadania, dar visibilidade às quanto suporte para a inclusão quência o amor que sentimos.
dimensões da sua vida, as mais e expressão artística de diferen- Ano após ano, procuramos reli-
criativas, afetivas e por vezes, tes públicos (pessoas com e sem gar, sensibilizar, descobrir talen-
menos partilhadas, mantendo DID), procurou através da criação tos, valorizar a arte, as pessoas
o foco no que para cada um é destes produtos, expor a capaci- em prol da inclusão, criando asas,
mais significativo. dade individual e de grupo para reduzindo desigualdades!
• O Coro inclusivo integrou no gerar espaços próprios e autó-
seu reportório uma das cartas nomos de reflexão e criação; mas Salete Costa
escritas por um dos partici- também procurou reforçar inter- Psicóloga e Responsável pelo Projeto
pantes, na qual revela as suas dependências que levem ao apro- PrimaverArte

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CERCI’S O CAMINHO FAZ-SE A ANDAR

Os Futuros Desafios
das Cooperativas
de Solidariedade Social

P ara as nossas cooperati- ra à nossa porta, com todas as con- nal e de sustentabilidade, temos de
vas, não foi fácil entrar no sequências na nossa economia, e responder através do reforço da ca-
“modo pandemia”, em que com certeza com muito impacto na pacitação da estrutura organizacio-
a incerteza, o desconheci- nossa sociedade. Perante este ce- nal, consolidando a nossa cultura e
do, a insegurança e até o medo, por nário, mais uma vez as nossas coo- identidade cooperativa e valorizando
nós e pelos outros, ditou a nossa perativas têm de saber preparar-se o nosso capital humano. É aí que nos
atuação. As nossas organizações, para responder a todos os desafios diferenciamos!
que têm por missão trabalhar com financeiros e sociais que se colocam. Temos reconhecimento político e
públicos mais vulneráveis, viveram São muitas as incertezas e os de- social que deveremos capitalizar,
meses de angústia, procurando safios presentes, exigindo da nossa temos ideias, propostas e projetos,
responder às muitas solicitações e parte critério e seletividade nas op- temos equipas dinâmicas e ativas,
dúvidas. ções estratégicas e de ação que pro- temos todas as razões para fazer-
Num período de desafios permanen- pomos. Temos de procurar manter mos das dificuldades um conjunto
tes e em que a capacidade de resi- uma perspetiva positiva e assertiva de novas oportunidades e desta for-
liência foi levada ao limite, as nossas no planeamento, antecipando os ma, promover um futuro sustentável
equipas reinventaram processos e previsíveis impactos de toda a con- e ajustados às reais necessidades
procedimentos, adaptaram a sua jetura socioeconómica, tanto quanto dos nossos clientes. Porque “a ver-
intervenção à nova realidade e cir- possível, e potenciando as oportuni- dadeira magia é o que fazemos”!
cunstâncias em constante mutação. dades que promovam o crescimento
Recurso às novas tecnologias e pos- desejado das nossas cooperativas. Vera Vaz
teriormente às visitas domiciliárias, Perante os desafios cada vez mais Presidente do Conselho de Administração
diminuído o risco de contágio e pro- complexos de gestão organizacio- da CERCIBRAGA
curando dar o apoio necessário aos
nossos clientes e famílias, estas e
outras estratégias permitiram redu-
zir o isolamento social, manter a in-
tervenção técnica, dar apoio social
a situações socioeconómicas mais
frágeis.
Vivendo atualmente uma nova “nor-
malidade”, pois já nada voltou ao que
era antes, e efetivamente continua-
mos ainda com muitas obrigações
decorrentes de normativos, legisla-
ção que para as nossas respostas
ainda não foi aliviada, sabemos hoje,
que somos estruturas extremamen-
te adaptáveis, fiáveis e que sabem
responder de forma assertiva aos
desafios que a sociedade nos vai co-
locando.
Neste momento, vivemos uma guer-

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RE VISTA FENACERCI 2022

A outra margem do rio

T odos os dias olhamos Lis- rio trabalhamos com comunidades tão grande no dia-a-dia dos que nos
boa na outra margem do urbanas, como no lado de lá, mas procuram e, naturalmente, conta-
rio. também com comunidades rurais, mos com elas nas nossas ações.
Curiosamente, só nestes com comunidades piscatórias e com Por outro lado, também as Redes
últimos tempos, e porque esta crise comunidades migrantes. E temos Sociais formalmente constituídas
pandémica não nos deixa esquecer, ainda, cada vez mais, um número não são meras figuras legislativas.
é que nos lembramos com frequên- muito grande de famílias que todos São redes de Instituições/Entidades
cia que estamos e trabalhamos na os dias atravessam o rio para traba- que têm rosto, que conhecemos,
Área Metropolitana de Lisboa. lhar, e nos deixam os seus filhos ou com quem partilhamos preocupa-
O que os nossos olhos veem quan- netos para cuidarmos. Estas famílias ções e também recursos e soluções.
do, daqui, olhamos Lisboa é muito estão, na sua maioria, completamen- Não temos nem mais nem menos
diferente do que vemos quando fa- te desenraizadas nestes territórios, serviços, nem mais nem menos
zemos o exercício inverso. Não esta- sem qualquer tipo de “rede”, e isto faz parceiros, não são melhores nem
mos longe e, por isso mesmo, muitos toda a diferença quando se trata de piores, mas as redes que estabele-
atravessam diariamente o rio. Mas planear respostas. cemos, são diferentes!
diria que também não estamos per- As diferenças das origens de cada Nunca saberemos avaliar qualitati-
to quando pensamos nos territórios uma destas comunidades exige va e quantitativamente estas “dife-
em que trabalhamos e nas popula- respostas também diferentes e isso renças” porque a nossa experiência
ções com que nos preocupamos. obriga-nos, todos os dias, a procurar é apenas do lado de cá do rio! Mas
Quanto a recursos disponíveis, al- soluções e a descobrir caminhos. atrevo-me a dizer que tem vanta-
gumas vezes vivemos “o melhor de À medida que nos afastamos das gens, pelo menos do ponto de vista
dois mundos” já que, sobretudo no pontes que nos ligam à outra mar- da aprendizagem que diariamente
que à saúde diz respeito, contamos gem do rio, quase parece que as fazemos, porque é com a diversida-
quando necessário com os recursos redes locais vão sendo feitas com de e para a inclusão que trabalha-
do outro lado do rio, que afinal tam- fibras mais fortes e de malha mais mos, e essas são as principais razões
bém estão próximos. apertada. Como se o menor acesso da mobilização dos profissionais na
Mas nas comunidades em que tra- a recursos “maiores” nos obrigasse a busca de soluções para os proble-
balhamos contamos sempre com explorar de outra forma os recursos mas que se lhes apresentam.
os que aqui estão, os que melhor mais próximos, e por isso mesmo,
nos conhecem e a quem é mais fácil quando existem, as redes de suporte Mercês Rodrigues
chegar. Lisboa é demasiado grande informal assumem uma importância Vice-presidente do Conselho
para que todos se conheçam, para de Administração da CERCIMB
que os serviços tenham rosto, e
isso, muitas vezes, faz diferença na
organização das respostas necessá-
rias. A verdade é que, se em alguns
momentos nos sentimos longe do
que precisamos, noutros, sentimos
o conforto dos que estão próximos
e da solidariedade de todos os que
nos conhecem bem.
As características dos territórios
mais pequenos, ainda que, muitas
vezes mais dispersos e menos den-
samente povoados dos que avis-
tamos na outra margem, trazem
consigo formas de viver e trabalhar
muito diferentes. Do lado de cá do

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CERCI’S O CAMINHO FAZ-SE A ANDAR

Cooperar é o futuro
de um modelo em que
somos com mais cores!

A experiência da pandemia sobrevive o mais forte e mais adap- do-se como modelos a adotar na
trouxe-nos uma evidente tado; se vivemos num contexto de sociedade – sistemas que cooperam
necessidade de reflexão poucos recursos a regra passa a ser internamente e externamente com
sobre as nossas socieda- a da cooperação – plantas e animais outras entidades; gestão democrá-
des e sobre o valor da vida. Tornou- que cooperam asseguram a con- tica, modelo inclusivo e participado
-se intuitivo que todas as vidas são tinuidade de todos. Considerando de funcionamento e valores huma-
importantes e que algumas são mais as duas ameaças parece que ainda nos centrais na sua ação. Somos
frágeis e requerem mais proteção e estamos num contexto de existência um exemplo de sobrevivência em
mais apoio. A dinâmica de reação de recursos, manifesto na desigual- funcionamento, fórmula ganhadora
à situação pandémica criou uma dade do impacto da pandemia e das para contextos de baixos recursos,
maior consciencialização da neces- alterações climáticas nos diferentes adaptados aos desafios e riscos que
sidade de sociedades mais justas, países e pessoas. A capacidade de o futuro nos irá trazer. E somos um
inclusivas e centradas em valores prevenir e conter a pandemia é bru- modelo com mais cores, em que a
essenciais – vida, saúde, emprego, talmente diferente em comunidades diversidade faz parte do nosso DNA.
proteção social, participação. e pessoas excluídas, assim como, Considerando a emergência de saú-
Mas a pandemia causada pelo SAR- em países menos desenvolvidos e a de e climática e a crescente falta de
S-COV2 veio também demonstrar vacinação tem sido o epitome desta recursos decorrentes de modelo de
que a situação dos membros das so- diferença. sobrevivência do mais forte, pro-
ciedades não é igual e que os mais Mas a regra da cooperação como movidos pelo capitalismo selvagem
pobres, menos incluídos, diferentes, como forma de garantir a sobrevi- e modelos sociais individualistas e
sofreram de forma mais acentuada o vência deverá ser a prevalente, con- consumistas, claramente somos um
impacto deste vírus. Este facto é visí- siderando a emergência ambiental e modelo adaptado para sobreviver
vel em cada país e principalmente a as suas consequências. cooperando, com maior garantia de
nível mundial em que a diversidade As cooperativas estão preparadas coesão social e com futuro.
e a condição económica e política para esta mudança de mentalidade,
tiveram grande impacto na progres- de modelo governativo, posicionan- Rosa Couto,
são e consequências desta doença. Diretora Geral da CERCIESPINHO
A pandemia, associada à sobrevi-
vência física, económica e social,
decorreu num contexto de outra
emergência – climática e ambien-
tal. E nestes contextos coloca-se
com muita centralidade a questão
da sobrevivência – de pessoas, de
modelos económicos, da espécie. A
lógica disseminada da sobrevivência
do mais forte, muito resultante da in-
formação científica sobre a evolução
das espécies, também é a sobrevi-
vência dos mais adaptados. E aqui
complicam-se as regras: se vivemos
num ambiente com muitos recursos,

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RE VISTA FENACERCI 2022

Pinocchio Joins the Orchestra

N o contexto do proje- improvisação. A criação aconteceu ção, percussão corporal, quizzes
to europeu Erasmus+, através da ferramenta soundtrap, sobre o estilo musical blues, entre
realizou-se um campus que trouxe novos desafios ao gru- outras atividades.
musical on-line, durante po, como uma maior concentração Pinocchio Joins the Orchestra é um
cinco dias, que reuniu participantes e adaptação às novas tecnologias. projeto financiado pelo Programa
de Itália, Portugal e Sérvia. A parti- No final, os elementos gravaram e Erasmus+ da União Europeia e tem
lha de conhecimento incluiu apren- enviaram para os colegas o resulta- como objetivo promover a música,
dizagens sobre a ferramenta soun- do do seu trabalho. em particular a música orquestral,
dtrap, que permitiu aos utilizadores O segundo campus musical, orga- como um instrumento formativo e
criarem composições com recurso nizado pelo parceiro sérvio do pro- um recurso para a comunicação
a diferentes instrumentos digitais. jeto, contou com a participação de universal e interação social. O proje-
A CERCIFEIRA representou o Gru- 34 elementos e tinha como objetivo to engloba participantes provenien-
po Orquestra Criativa de Santa Ma- principal, a criação de um videocli- tes de diversos países europeus,
ria da Feira na segunda edição do pe com a música original Pinocchio como o Instituto Comprensivo Liana
campus musical Pinocchio Joins the Blues, no qual seriam combinadas Strenta Tongiorgi, (Itália), Município
Orchestra. Durante cinco dias, de 5 as gravações dos instrumentos de Santa Maria da Feira (Portugal) -
a 11 de novembro, elementos de Itá- convencionais com instrumentos Cercifeira (Portugal), Music Art Pro-
lia, Portugal e Sérvia participaram digitais, criadas pelos três países. ject (Sérvia), Fondazione Nazionale
no intercâmbio musical via plata- O campus envolveu um workshop Carlo Collodi (Itália) e Open Street
forma Zoom utilizando o computa- de música durante o qual os alunos aisbl (Bélgica).
dor para criarem música e escolhe- experimentaram com ferramentas
rem o instrumento preferido, como digitais, uma composição musical Rocco Di Bernardo,
o piano ou a guitarra elétrica, para a através do soundtrap, improvisa- Presidente da Direção da CERCIFEIRA

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CERCI’S O CAMINHO FAZ-SE A ANDAR

Quando as ondas da
rádio fazem a diferença…

N a Nazaré, as ondas im- dam um tema em particular. Presença da
pulsionam a mudança. Paralelamente, a rádio tem tido um secretária de Estado
Não, não falamos das papel importante no apoio à ver- para a Inclusão
agora mundialmente fa- tente de terapia ocupacional, numa das Pessoas com
mosas ondas gigantes, mas de um interação que leva em consideração Deficiência no
outro tipo de ondas: as de rádio. o grau de autonomia de cada indi- programa “A Voz da
Desde 2015, conceitos como “diver- víduo. Igualdade”
sidade”, “diferença”, “inclusão”, “direi- Na rádio, as pessoas apoiadas pela
tos das pessoas com deficiência” e CERCINA participam ativamente Nota: A fotografia
“capacitação para a vida indepen- na elaboração de jingles promocio- foi tirada por
dente” vão entrando quase diaria- nais ou em spots para campanhas um dos clientes
mente em casa, no trabalho ou no de sensibilização, assim como, na da Residência
carro dos ouvintes da Rádio Nazaré. produção de alguns conteúdos de Autónoma, a quem
A CERCINA – Cooperativa de Ensi- programação (ex: pautas musicais se solicitou o registo
no, Reabilitação, Capacitação e In- ou programas em direto). fotográfico da
clusão da Nazaré assumiu a gestão Este tipo de participação (infeliz- emissão
desta rádio regional, integrando-a mente menos frequente no último
num projeto alargado de interven- ano devido à crise pandémica que pandemia de Covid-19, em parti-
ção e de interação na comunidade. afetou o normal funcionamento de cular no primeiro confinamento, no
Porque só se respeita o que se co- todas as valências), suscita nas pes- combate a outro tipo de exclusão:
nhece, torna-se evidente a impor- soas apoiadas, um reforço positivo a o do isolamento social. Através de
tância de capacitar a opinião pública vários níveis: uma experiência dife- uma programação socialmente res-
para problemáticas que, por motivos rente e estimulante; desenvolvimen- ponsável, a rádio proporcionou, so-
diversos, estão frequentemente fora to de novas competências; reforço bretudo aos mais idosos e aos seg-
do radar de interesse dos grandes da autoestima. mentos de população com menor
meios de comunicação social. Um Não menos relevante é o papel que facilidade de acesso aos meios de
desafio a que a CERCINA e a Rádio a Rádio Nazaré assumiu durante a comunicação digitais, informação
se propuseram, com o objetivo de séria e credível sobre as consequên-
ajudar a construir uma sociedade cias da pandemia em termos de
mais inclusiva, mais consciente do saúde pública e em termos dos seus
valor da diferença e, consequente- impactos socioeconómicos, assu-
mente, mais coesa e solidária. mindo-se como uma companhia e
Ao longo dos últimos anos, a CER- como um elo de ligação a um mun-
CINA tem sido responsável, pela do de repente longínquo e incerto.
elaboração de conteúdos (rubricas O projeto da CERCINA - de inclusão
e programas regulares), dedicados através da rádio – mereceu desta-
exclusivamente à sensibilização que da CECOP- Confederação Eu-
para as questões da diferença e da ropeia das Cooperativas Industriais
inclusão, e à promoção dos direitos e de Serviços na sua rúbrica “Coop-
das pessoas com deficiência. Disto Tales”, e foi selecionado para figurar
é exemplo o programa semanal “A entre as 19 boas práticas europeias
Voz da Igualdade”, onde têm parti- no setor social, na exposição online
cipado as pessoas apoiadas pela “Made in Social Europe”, promovida
CERCINA, técnicos e muitos convi- pela organização Social Platform.
dados que, em cada semana, abor-

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RE VISTA FENACERCI 2022

Intervenção precoce

Percorrer caminhos à medida

ACERCIPOM – Coope- outro com a empatia de sentirmos na família. Pelo que, articulamos
rativa de Ensino e Rea- as suas dificuldades (sabor agro), com os serviços da comunidade
bilitação de Cidadãos e os seus sucessos (sabor doce), e (saúde, serviço social, formação
Inadaptados de Pombal, juntos celebrarmos as conquistas… profissional…), com o propósito
é uma Organização com 40 anos Na impossibilidade de realizar o destas melhorarem a sua quali-
de história, escrevendo no presen- nosso trabalho, despido de emo- dade de vida, nunca esquecendo
te a história que fica para o FU- ções, somos uma equipa de afe- de elencar os direitos que se coa-
TURO, procurando a INOVAÇÃO: tos. Quando a matéria-prima são dunem com as necessidades das
fazer diferente, nomeadamente crianças dos zero aos seis anos e suas crianças.
com recurso às novas tecnologias suas famílias, maioritariamente em Acreditamos que o Decreto-Lei
muito necessárias neste contexto situação de vulnerabilidade: por 54/2018 de 6 julho veio propor-
pandémico pois a melhoria contí- fatores de risco ou perturbações cionar uma escola mais inclusiva,
nua, é um dos pilares da sua po- de desenvolvimento, necessita- contribuindo para alunos mais
lítica de qualidade. A CERCIPOM, mos de ter o princípio de “estar- bem-sucedidos e incluídos na so-
como entidade parceira da Equipa mos sempre com as famílias”! ciedade, com apoio dos demais
Local de Intervenção de Pombal, Considera-se um trabalho de “alta serviços. Como elementos exter-
Ansião e Alvaiázere, no âmbito do costura” com as crianças/famílias, nos aos contextos educativos, mas
Sistema Nacional de Intervenção tendo em conta que não existem que os visita e faz a articulação
Precoce, predispõe-se a percorrer duas famílias iguais. A DIVERSI- com as famílias, estimamos que a
caminhos “à medida” das pessoas DADE de género, credo, raça e de- Intervenção Precoce é onde tudo
apoiadas, em busca do sucesso ficiência torna cada pessoa única, começa.
das crianças e das suas famílias, cada família única! Os territórios Os valores da CERCIPOM, en-
acreditando nas máximas: afeto, de Pombal, Ansião e Alvaiázere quanto Organização do Setor da
cidadania, diversidade, futuro e têm uma enorme diversidade de Economia Social e Solidária: soli-
inovação. famílias: muitas naturais e residen- dariedade, participação, respeito e
A experiência vivida demonstra tes nestas localidades, outras que responsabilidade vão ao encontro
que um trabalho que segue uma são emigrantes, vindos não só do do supracitado e consubstanciam-
metodologia transdisciplinar e continente europeu, mas também -se num trabalho dinâmico e que
uma visão holística das crianças de África, América e Ásia, trazen- se completa nos “outros”.
que acompanhamos será tão mais do uma “bagagem cultural” que Pelo que, trabalhar na Intervenção
completo, quanto o AFETO com exige respeito e uma adaptação Precoce é acreditar que as cores
que impregnamos este mesmo permanente dos profissionais a do arco íris aparecem nos dias
trabalho. De acordo com o mode- estas famílias. Muitas vezes, sem mais cinzentos, que devemos de-
lo de boas práticas da Intervenção a existência de suporte familiar em gustar os sabores “agro e doce”
Precoce na Infância, trabalhamos Portugal, há famílias que se sen- das famílias para se sentirem ver-
com base nas preocupações, mo- tem sós e desamparadas. dadeiramente compreendidas e
tivações, limitações e sonhos das Temos como objetivo caminhar acreditar que os valores que culti-
famílias. Para isso, temos que dis- juntos no alcance dos objetivos vamos ficam para a vida!
por do conhecimento para lhes das nossas famílias, respeitando
dar “ferramentas” (capacitação), valores como a CIDADANIA de to- Isabel Pinto, Manuela Vieira
mas também de inteligência emo- dos e qualquer um, privilegiando e Joana Caetano
cional que nos permita chegar ao uma perspetiva sistémica centrada Equipa de Intervençao Precoce
da CERCIPOM

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CERCI’S O CAMINHO FAZ-SE A ANDAR

Sempre com
um brilhozinho...

A creditamos veemente- crítica alargada a TODOS, sobre as que, em estreita articulação com
mente na Igualdade de práticas, princípios e pressupostos os serviços de saúde, proporcio-
oportunidades para TO- de ação foi um exercício contínuo, nem experiências de ocupação e
DOS e em todos os do- e que procurámos partilhar nos formação, com um papel central
mínios de vida, e empenhámo-nos mais diversos fóruns e natural- de reabilitação, capacitação e ple-
afincadamente na implementação mente com sucessivos decisores, na inclusão social. Têm-se mantido
de condições que contribuíssem visando influenciar com essa par- longas listas de espera em Apoio
de forma efetiva para esse impera- ticipação as políticas de educação, Residencial e em Centros de Ativi-
tivo de direito universal. de reabilitação e apoio social, de dades Ocupacionais. A tão almeja-
Houve sempre uma luzinha a bri- formação e emprego. Nem sem- da alteração legislativa que criou
lhar lá à frente, (quem sabe de ami- pre essa conceptualização foi tida os Centros de Atividades e Ca-
gos pirilampos!), para garantir que plenamente em conta, mas inequi- pacitação para a Inclusão (CACI)
continuávamos essa caminhada. vocamente, foi sendo progressiva- ficou aquém do esperado, apesar
O Movimento CERCI tem razões mente mais valorada e considera- de promover a flexibilidade e o en-
para se orgulhar do trabalho feito da, e esse reconhecimento é hoje, foque inclusivo da resposta, vem
neste percurso de décadas e dos também, evidenciado na nossa consubstanciar o que tem vindo
resultados conseguidos! representação em órgãos consul- a ser implementado pelas organi-
Muito do que aprendemos juntos, tivos. zações, pelo que não é expectável
extravasa o desenvolvimento téc- Emergem nas nossas memórias uma maior transitoriedade de utili-
nico e organizativo e o aprofun- muitos momentos absolutamente zadores de CACI e continua a ser
damento do conhecimento para cruciais dessa luta pela afirmação urgente uma ação mais musculada
melhor intervir. Outras dimensões dos direitos e da inclusão das pes- para garantir alargamento deste
não menos importantes, como a soas com deficiência. Recordamos atendimento.
cooperação, a defesa intransigen- personalidades ímpares, que mar- A intervenção em Serviço de
te dos valores que nos definem, o caram a platina deste percurso. Apoio Domiciliário (SAD), tem de
assumir a solidariedade de muitas Não esquecemos! assumir um carácter diferenciador
e diversas formas, a persistência e Esta herança encerra também a de SAD para séniores. O enfoque
a tão famosa resiliência, o empe- responsabilidade de continuar este em atividades terapêuticas, habi-
nho na melhoria para cumprirmos caminho, que queremos de exce- litativas, reabilitativas e de auto-
a nossa missão, sempre fizeram lência, na promoção da qualidade cuidados, e o menor pendor assis-
parte do nosso espaço de expe- de vida de TODOS. tencialista, têm que ser entendidos
riência comum. E temos quoti- A Educação ainda tem caminhos pela tutela na sua atipicidade pois,
dianamente provas de que essa de mais inclusão a percorrer e pa- só assim, servem verdadeiramente
aprendizagem se atualiza quando rece-me que o papel dos Centros à autonomia das pessoas com in-
novos desafios ou inesperados de Recursos para a Inclusão tem capacidades.
percalços se apresentam. E temos de ser melhor clarificado consi- A intervenção dos centros de for-
presente a vontade de continuar a derando o articulado jurídico dos mação profissional deve manter as
progredir no assegurar de melho- Decretos-Lei nºs 54 e 55 de 2018. suas caraterísticas de orientação
res e mais eficientes serviços e de A cobertura de serviços é ainda para a pessoa e a possibilidade de
participar na construção e aferição insuficiente, não permitindo ga- flexibilizar percursos individuais
de respostas de efetiva inclusão e rantir o atendimento a quem dele e formativos que permitam a du-
significativo impacto na qualidade precisa. A especificidade das situa- pla certificação, uma componente
de vida das pessoas com deficiên- ções de doença mental ou duplo formativa alargada em posto de
cia e suas famílias. diagnóstico, justifica o alargamen- trabalho, apoio multidimensional,
Porque sempre procurámos ser to de respostas de base comunitá- as metodologias com foco no mat-
parte da solução, a nossa reflexão ria de Fóruns Sócio Ocupacionais ching das tarefas/função e o perfil

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RE VISTA FENACERCI 2022

do formando, assim como, as me- versal a toda a nossa ação e com o
todologias de acompanhamento à envolvimento dos vários stakehol-
colocação e pós colocação em pe- ders. Teremos de continuar a in-
ríodo mais alargado deverão estar vestir com equilíbrio, balanceando
centradas nos centros de forma- o crescimento de serviços e o con-
ção profissional, pela experiência, tributo para a criação de emprego,
diversidade e complementaridade em especial para pessoas com
das suas equipas. Consideramos vulnerabilidades, com a solvibili-
que estes, são vetores concorren- dade e a estabilidade financeira
tes para os bons resultados atingi- organizacionais.
dos e que distinguem e valorizam As adversidades nunca nos para-
este sistema formativo relativa- ram! Continuaremos, ao lado das
mente a uma formação regular, por pessoas e agregados com maiores
forma a efetivamente promover o vulnerabilidades, esta inacaba-
emprego das pessoas com inca- da construção de uma sociedade
pacidades. mais inclusiva, mais igualitária e
Às exigências quotidianas da im- mais solidária, onde TODOS pos-
plementação do atendimento de samos viver melhor.
qualidade e dos constrangimentos
de resposta, somam-se os desa- Maria João Domingos
fios do digital, da crise energética, Presidente da Assembleia Geral e Diretora
da subida vertiginosa da inflação Técnica do CACI
e a instabilidade associadas ao
agravamento dos contextos exter-
nos do país. As questões da sus-
tentabilidade e o afinco na procura
de “outras oportunidades de negó-
cio” que envolvam as pessoas que
atendemos têm de continuar a mo-
bilizar-nos. Não podemos afastar-
-nos do esforço concretizado com
a certificação de serviços, visando
qualidade, eficiência e eficácia dos
processos e procedimentos verti-
dos no sistema de gestão organi-
zacional. Temos que continuar na
senda da inovação, quer nos pro-
cessos de intervenção, quer nos
processos de gestão, quer na ação
para a inclusão digital e combate
à infoexclusão. Não podemos des-
curar as questões de economia
circular, procurando assim, tam-
bém, diminuir custos e assumindo
a nossa parte de responsabilidade
ambiental, que tem que ser trans-

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NÓS POR NÓS
PRÓPRIOS

Ter opinião e conseguir comunicá-la é um direito que todos
devíamos ter. Sem ela facilmente caímos na invisibilidade.
Trabalhamos na capacitação das pessoas com deficiência e
lutámos sempre pela igualdade de oportunidades! Ousemos
também, ouvir o que estes têm para dizer! Afinal a inclusão
também é isso. Aceitar o ritmo diferente a que as palavras nos
chegam. Aceitar que tudo o que diz respeito a estas pessoas,
primeiro diz-lhes respeito a elas! Incentivar a sua autonomia e
capacidade de autorrepresentação é para além de um direito, um
dever de todos nós.


CERCIFEIRA


NÓS POR NÓS PRÓPRIOS

Valorize as
coisas simples

E stamos há dois meses em confinamento. Este
período em isolamento mostra o quanto pre-
cisamos das coisas mais simples do nosso dia
a dia.
Sinto falta da convivência nas dependências da CER-
CI. Estar junto aos meus colegas de curso, dos meus
formadores, de um bom café, aquele abraço ou aperto
de mão.
Graças às tecnologias a nosso favor, conseguimos
conversar semanalmente através de um telefonema,
saber como nós, formandos e formadores estamos. Ter
acesso ao e-mail, a plataforma para realizar nossos tra-
balhos ou revisões. Claro que não é a mesma coisa,
mas é preciso nesse período mais grave da pandemia.
Nosso futuro está cada vez mais digital.
Valorize a família, os amigos, a natureza, dê mais valor
nas coisas simples que a vida nos dê.

Fernando Pitz, Cliente da CERCIPENICHE D evido à pandemia, tivemos todos que ficar
em casa, comunicando via online.
Recebemos propostas de trabalho diaria-
mente para realizarmos e permanecermos
em contacto, mas, não é a mesma coisa, sinto falta do
convívio entre formadores e colegas apesar de não ha-
ver afeto físico devido a esta situação. Sinto também
falta da diversidade de atividades que se fazem no cur-
so presencial, porque assim, sinto que aprendo muito
mais.
Contudo acredito que se todos tivermos consciência
da nossa cidadania para connosco e para com os ou-
tros iremos conseguir vencer esta luta, fazendo o pos-
sível por um futuro melhor para que possamos voltar
cheios de espírito de inovação!

Açucena Santos, Cliente da CERCIPENICHE

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RE VISTA FENACERCI 2022
– 75 –


NÓS POR NÓS PRÓPRIOS

C.A.O. da
CERCIMARANTE no
projeto Europeu SSinDS

A CERCIMARANTE, através do Após esta primeira semana de ses- de Informática eu tive uma ideia
Centro de Atividades Ocupacio- sões inclusivas on-line, a cliente do e que foi:
nais (C.A.O.), integra o Projeto C.A.O. da CERCIMARANTE Cátia • Gostava que na Cerci tivésse-
Europeu “Serviços Sustentáveis Magalhães partilha um pouco do mos uma sala de computadores
e Síndrome de Down”, promovido que foi esta sua experiência. ou tablets para ensinar os meus
pela Federação Nacional de Coo- colegas que não sabem.
perativas de Solidariedade Social “Eu sou a Cátia e sou cliente do Esta ideia é que eu gostaria de
(FENACERCI), cujo objetivo pas- C.A.O. da CERCIMARANTE. Na ajudar quem não percebe nada
sa por envolver as pessoas com semana de 22 a 26 de fevereiro de computadores ou tablets, os
Síndrome de Down na Implemen- participei através do zoom numa jovens ou outras pessoas que não
tação dos objetivos de desenvol- formação com clientes de outras sabem ir à internet pesquisar as
vimento sustentável por meio da Cercis. Eu gostei muito dessa notícias, meteorologia e até algu-
aprendizagem em serviço. formação e aprendi que é im- mas redes sociais. A internet tam-
O primeiro workshop do projeto portante a limpeza do Ambiente, bém serve para pesquisar coisas
decorreu entre os dias 22 e 26 de deve-se cortar os elásticos das importantes e necessárias.”
fevereiro, através da plataforma máscaras antes de deitar fora.
ZOOM, e contou com a participa- Para manter os mares limpos não Cátia Magalhães
ção de clientes de diversas Coope- se deve pôr lixo, devemos separar Cliente do C.A.O. da CERCIMARANTE
rativas associadas da FENACERCI, o lixo nos ecopontos, limpar as
mas também de alguns técnicos, praias, fazer reciclagem de coisas
e teve como moderadoras Carla velhas para fazer novas e que é
Silva e Ana Rita Peralta, da FENA- preciso fazer coisas nas ruas, ou
CERCI. seja na nossa comunidade.
Pela CERCIMARANTE, participa- Também apresentei um pequeno
ram a cliente do C.A.O. Cátia Ma- Projeto. Como eu tirei um curso
galhães e a colaboradora da Coo-
perativa Fátima Mendes Monteiro.

Um Mundo
com Igualdade

Queremos um Mundo com Igualdade, onde homens e mulheres são tratados
de forma igual.
Onde há Igualdade existe felicidade.
Queremos um Mundo onde somos todos Iguais, Homens e Mulheres.

Clientes do Lar Residencial Amália Mota (LRAM)

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RE VISTA FENACERCI 2022

«A arte é a inspiração da minha vida. Quando desenho sinto-me livre
e sonhador e é uma forma de exprimir tudo aquilo que me vai na alma.
Adoro o desenho e tudo aquilo que representa. Através do desenho
consigo transmitir estados de espírito, formas de vida e arte.»
Fábio Miguel, Cliente da CERCI NA

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NÓS POR NÓS PRÓPRIOS

“Projeto “I9
com diferença”

A nossa experiência no i9 Agora nós regressamos para o i9.
é boa. Gostamos de conviver com os nos-
Começamos por fazer sos amigos. Estar aqui, e ter amigos
sacos para a farmácia. como temos.
Depois fizemos os embrulhos. Gostamos de cozer os laços.
Fizemos, no natal, postais. Gostamos de ir para a máquina cor-
Fizemos troca de postais de Natal te e cose, e para a máquina de ponte
com outras pessoas. corrido.
No dia dos namorados fizemos pos- Gostamos de aprender a trabalhar
tais para a senhora Sílvia da Restore. na máquina de ponte corrido e na
Veio ao i9 a PSP, falar sobre violência máquina corte e cose.
doméstica.
Também fizemos postais para a Salete; Juliana; Lisandra; Diogo (Clientes)
Páscoa.
Fomos caminhar até às muralhas de Nota: “A CERCIGUI e a ReSTORE têm uma parceria no âmbito da economia circular e
Guimarães. social que visa o aproveitamento de materiais residuais das indústrias têxteis da região,
Agora estamos a fazer o laço, para que são depois entregues à CERCIGUI para produzir peças originais. A RESTORE con-
colocar na Câmara Municipal de trola todo o processo criativo e promove o trabalho da pessoa com deficiência, contri-
Guimarães, para a campanha da luta buindo para a nossa causa social, financeira e emocionalmente, através da validação
contra a violência. Foi feito por cola- do contributo que damos no processo produtivo. No final, conseguimos oferecer ao
boradores do i9. mercado produtos feitos com amor, sustentáveis e amigos do planeta!”
A nossa experiência de confinamen- Para conhecer este trabalho mais em detalhe vá a https://restore.com.pt/produtos/
to em casa foi péssima. postais/postais-amor/

Venha de novo
a alegria ao mundo!

Uma maldita doença E nós estamos cá parar O nosso Primeiro Ministro
Que veio do nada No que é que isto vai dar Que deu ordem do desconfinamento
Vejo tanta cara linda Estamos todos à espera
Tão laroca e tapada Já morria muita gente Que isto acabe a qualquer momento
Antes do vírus aparecer
Chegou a vacinação Agora que o vírus veio Pela natureza
Que dizem que é eficaz Ó meu Deus que vamos fazer Eu tenho um afeto profundo
Só pedimos a Deus Espero que vá depressa embora
Que o mundo não ande para trás Nem na América, nem na China esta tristeza
Ninguém quer ser culpado E venha de novo a alegria ao mundo!
Morrem novos e velhinhos Eu só tenho a certeza
Todos os dias sem parar Que o vírus anda por todo o lado Rogério Nogueira
Cliente do C.A.O. da CERCIMARANTE

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REVRISETVAISFTEANFAECNEARCCEIR2C0I 2002 2
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NNÓÓSS PPOORR NNÓÓSS PPRRÓÓPPRRIOIOSS

CERCIGAIA

– 880 – REVISTA FENACERCI 2020 | 80


RE VISTA FENACERCI 2022

Sentimentos de Pandemia

O s meus sentimentos … lembrar de coisas más. Estou a brincar com os meus brin-
sinto-me sozinho, sem Depois fico bem, com satisfação quedos, sozinho.
ninguém. Fica a cabeça nas minhas coisas, o afastamento Já não gosto de ajuntamentos
sozinha no meu corpo. entre colegas às vezes é bom, como antes.
Fica sem mexer e o meu coração a outras vezes é uma dor afastar os Gosto de 3 pessoas em cada sala
bater e a mente baralhada colegas de mim. com um desejo meu.
- mas fico a rezar como fazíamos Quero na pandemia um sorriso,
d´antes. preciso de estar feliz e contente. Pedro Silva, cliente da CERCICA
O meu sentimento deste afasta- É tempo de máscaras, sinto que
mento …. fazem-me falta os mimi- não conheço as pessoas, mas lem-
nhos do amor. bro das pessoas antes. Sinto-me
No ajuntamento já não me sinto bem com a minha máscara, traz-
bem. Agora é só com a Joaninha, -me cheiros, sinto o corpo quente.
as pessoas de apoio e com as psi- Tenho ansiedade para ter uma pes-
cólogas é que eu me sinto bem. soa nova comigo na minha vida.
Sinto o coração sossegado no meu Para passear e lembrar-me de
espaço. umas coisas novas, mas não posso.
No meu silêncio quebra-se o reló- Ponho o pé no travão aos ajunta-
gio do tempo, não gira o normal. mentos. Nada me faz sorrir.
Só o que vejo são memórias d’an- Na desejada CERCICA faz-me lem-
tes. Tenho medo. brar os meus brinquedos,
No início e no depois do confina- as pessoas ajudam-me.
mento aprendi a angústia de sair, Às vezes choro, às vezes sinto uma
a ansiedade de ajuntamentos, fico alegria como se fosse uma criança
aflito, sem ar. a brincar num sonho que é confor-
Sozinho fico na agitação de me tável.

O combate à Pandemia

Mãe
Mãe por si morro,
Por si vivo.
As minhas lágrimas caem,
Espetadas levo.
Sinto-me só quando não estou consigo.
Os passarinhos voam e eu fico consigo.
Tenho saudades suas.
Quando isto acabar,
Muitos beijos lhe vou dar.
Conto as estrelas do céu
E vejo isto acabar.
E do seu lado vou ficar.
E alegria, neste dia, lhe vou dar.

Poema escrito por Carla Luís,
Cliente do Lar Residencial da Casa da Boavista

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VENHA DE LÁ
AQUELE
ABRAÇO

Os abraços são uma casa que se abre.
Um gesto de quem nos reconhece, e de quem,
de forma solidária, nos escreve,
lembrando-nos que a diferença pode ser uma cor,
um traço, um momento, um corpo
numa vida em que todos
somos alguém
que merece ser abraçado!


CERCIGUI


VENHA DE LÁ ESSE ABRAÇO

Ana Guiomar
Atriz
“Os melhores nem sempre são vencedores.
Os verdadeiros vencedores são os que vivem
a competição da maneira mais empenhada,
determinada e feliz que conseguem. Na vida não
importa o que temos, importa sim o que somos e
a maneira como levamos a vida. Somos todos tão
diferentes, mas tão iguais. A felicidade é o que nos
move. Há que levar a vida com alegria e aceitação
porque o que realmente importa é a forma como a

vivemos”.
– 84 –


RE VISTA FENACERCI 2022

José Luís
Peixoto

Narrador, Poeta e Dramaturgo
“Por sugestão das minhas irmãs mais velhas, ainda
nos meus primeiros anos de escola, decorei todas
as preposições. Ainda hoje, sou capaz de repeti-las
seguidas, por ordem alfabética, como uma música.
As preposições têm a função gramatical de ligar dois
epleomdeemntooss.cEonlotrceaCraaqnnutooasrlasqaueerxipsrteêpnocsiaiçeãoa, daofsraosuetrfaozs,
sempre sentido e é sempre verdadeira: existimos
com os outros, existimos entre os outros, existimos

nos outros, etc.
Aquilo que nos distingue dos outros é muito menor
do que aquilo que nos aproxima. Tentar compreender

os outros é, também, ganhar consciência acerca
de nós próprios. Ajudar os outros e desejar-lhes o

melhor faz-nos bem.“

Patrícia Santos Pinto

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VENHA DE LÁ ESSE ABRAÇO

Lourenço
Ortigão

Ator
“Junto-me à Campanha Pirilampo Mágico
2022 para te dizer que és capaz de tudo o que
tu quiseres. Com esforço, resiliência, amor e
confiança. Não foi no primeiro casting que me
tornei no ator que sou hoje em dia. Depois de
muita perseverança, no meio de “nãos”, “sins”
e “talvez” fui trilhando o meu caminho (que
ainda é longo). Mas a verdade é: Não haverá
borboletas se a vida não passar por longas

metamorfoses.
Cria o teu planeta. Alimenta-o de positivismo
e deixa que ele te alimente de recompensas.
Espalha o “eu” que há dentro de ti. Espalha
ideias diferentes. Espalha o não comum. Sê tu.

Sê como és. Sê feliz e acredita.”

– 86 –


RE VISTA FENACERCI 2022

Pedro Chagas Freitas

Escritor

“não somos, nunca seremos, o que temos, nem sequer
o que compramos, ou o que perdemos, ou o que sofremos;
somos sempre o que sentimos, e mais ainda o que abraçamos.

abracemo-nos, então, como se fosse o mais importante
acto do mundo. porque é”.

Ricardo Jesus

– 87 –


VENHA DE LÁ ESSE ABRAÇO

Subestimado

José Tornada

Pianista, Compositor e Produtor
“Comecei a compor música desde muito cedo e o primeiro concerto que dei foi

num Centro de Educação Especial, devia ter uns 14 ou 15 anos na altura.
Passados quase vinte anos e depois de ter pisado os palcos de vários festivais
e salas de espetáculo nacionais e internacionais, quando me perguntam qual o
concerto que guardo com mais carinho, a minha resposta é sempre a mesma: O
meu primeiro concerto para os alunos do Centro de Educação Especial de Caldas

da Rainha.
Recordo esse dia não só por ter sido a primeira vez que toquei ao vivo, mas
sobretudo pelo público. Além das diferenças de idade e das diferenças cognitivas
dos alunos, havia uma característica transversal a todo o grupo: o envolvimento
com a música. Essa expressão de felicidade, sinceridade e ausência de máscara

social fez-me entender o papel da música como veículo de comunicação
universal. Este fator inclusivo faz com que a música, através da musicoterapia,

seja na minha opinião, uma das áreas mais bonitas e interessantes que um
músico pode explorar.

Os sorrisos e aplausos que recebi nesse dia marcaram-me.
Costuma-se usar a expressão “dar um concerto”, mas nesse dia foi sobre receber.

O meu obrigado”.

– 88 –


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É bom ver o Pirilampo
Mágico de novo a voar

É com enorme orgulho que Pedro Leitão zação de objetivos sociais é a razão
reafirmo o apoio do Banco Presidente da Comissão Executiva de ser da sua existência, comple-
Montepio à FENACERCI do Banco Montepio mentando o setor público e o setor
e à campanha Pirilampo privado, na resposta aos desafios da
Mágico - uma das mais emblemá- mos todos iguais, porque apesar sociedade, em particular em áreas
ticas iniciativas de solidariedade do de compartilharmos caraterísticas em que o combate às desigualda-
nosso país. comuns, a complexidade inerente des, à pobreza e à exclusão social,
O Pirilampo Mágico é um símbo- a cada um de nós é o que nos tor- tecnológica, digital e financeira exi-
lo nacional de esperança que nos na únicos. E, por vezes, esta nossa gem respostas da comunidade.
reporta a todos aos valores de en- magnificente individualidade torna E, por isso, estas Entidades contam,
treajuda, de respeito e de inclusão. alguns de nós invisíveis aos olhares de forma inequívoca, com o apoio
Valores estes que são caros à nossa do cidadão comum. do Banco Montepio, um parceiro
Instituição. Tocar a sociedade fa- Esta campanha faz por isso toda a financeiro com uma natureza mui-
zendo a diferença na vida de todos diferença, porque confere visibilida- to própria que tem desde a sua gé-
- famílias, empresas, entidades do de e assume que pessoas com de- nese preocupações de cariz social
terceiro setor, entre outros - faz par- ficiência intelectual e multideficiên- presentes na sua forma de atuação.
te da missão do Banco Montepio. cia têm exatamente, como todas Aqui, as EESS são acompanhadas
Temos todos os mesmos direitos, as outras, sonhos e expetativas, e por uma equipa especializada - Di-
conforme consagrados na declara- querem dar o seu contributo à so- reção Comercial da Economia So-
ção universal de direitos humanos ciedade, fazer a diferença e ter a sua cial e do Setor Publico - uma área
das Nações Unidas, mas não so- oportunidade. complementar, composta por uma
Atualmente, a Economia Social e equipa de norte a sul do país com
as suas entidades atuam sobre um conhecimento especializado do se-
universo cada vez mais alargado da tor, das suas necessidades e distin-
sociedade portuguesa. A concreti- tas vertentes de atuação.
Somos o único banco nacional de
origem e raiz mutualista, compro-
metido com a responsabilidade
social e sustentabilidade e não per-
mitiremos que os valores de solida-
riedade, entreajuda, respeito e inclu-
são se atenuem. Inspiramo-nos nas
pessoas e, orgulhosamente, inte-
gramos profissionais com deficiên-
cia ou com necessidades especiais
na nossa comunidade, o que con-
tribui, entre tantos outros aspetos,
para enriquecer a nossa diversidade
cultural e corporativa. Preocupamo-
-nos em garantir a acessibilidade de
todos os nossos produtos, serviços
e espaços de interação a todos, por-
que para o Banco Montepio, somos
todos (e apenas) Pessoas.


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LISTA DE ASSOCIADAS

ACIP CERCICAPER CERCIFEL
Rua da Ribeira, Ed. Fonte - Loja C, E e F Variante do Troviscal, Dordio Rua do Padre João, 5
4770-207 Joane 3280-050 Castanheira de Pêra Varziela
Tel: 252 928 610 Tel: 236 434 227 4650-747 Felgueiras
[email protected] [email protected] Tel: 255 336 417
www.acip.com.pt www.cercicaper.pt [email protected]
www.facebook.com/acip.cooperativa www.facebook.com/cercicaper.ipss/ www.cercifel.org.pt
https://pt-pt.facebook.com/Cer-
ACOMPANHA CERCICHAVES cifel-Cooperativa-de-Solidariedade-So-
Rua Marquês de Pombal, 15 Rua Inácio Pizarro cial-CRL-252904978116708
2520-476 Peniche 5400-693 Chaves
Tel: 262 781 706 T.M. 939403474 CERCI FLOR DA VIDA
[email protected] [email protected] Rua Quinta da Mina
www.facebook.com/acompanha http://cercichaves.wixsite.com/cer- 2050-273 Azambuja
cichaves2016 Tel: 263 409 320
CECD Mira Sintra https://pt-pt.facebook.com/people/Cer- [email protected]
Av. 25 de Abril, 190 ci-Chaves/100015224535044 www.cerciflordavida.pt
2735-631 Agualva Cacém https://pt-pt.facebook.com/cerciflordavida
Tel: 219 188 560 / TM: 932 448 747 CERCICOA
[email protected] Estrada de S. Barnabé, 28 CERCIFOZ
www.cecd.pt 7700-015 Almodôvar Rua Visconde Sousa Prego,
www.facebook.com/cecdmirasintra Tel: 286 660 040 Nº 14 - r/c Esq.º
[email protected] 3080-110 Figueira da Foz
CEERDL RAINHA DONA LEONOR www.cercicoa.pt Tel: 233 429 595 / Fax: 233 429 595
Rua Dinant - Cidade Nova https://www.facebook.com/cercicoa.almo- [email protected]
2500-325 Caldas da Rainha dovar http://cercifoz.org/
Tel: 262 837 160 https://www.facebook.com/cercifoz?fref=ts
[email protected] CERCIDIANA
www.ceerdl.org Quinta do Feijão, Apartado 92 CERCIG
7002-502 Évora Parque da Saúde da Guarda
CERCIAG Tel: 266 759 530 6300-777 Guarda
Raso de Paredes [email protected] Tel: 271 212 739
3750-316 Águeda http://cercidianaevora.wix.com [email protected]
Tel: 234 612 020 www.facebook.com/Cercidiana Évora www.cercig.org.pt
[email protected] https://www.facebook.com/cerciguarda
www.cerciag.pt CERCIESPINHO https://www.instagram.com/cerci_guarda
www.facebook.com/cerciag.pt Rua do Louredo, 90
Idanha CERCIGAIA
CERCIAMA 4500-071 Espinho Rua Escola de S. Paio, 211
Rua Mestre Roque Gameiro, 12 Tel: 227 319 061 Canidelo
2700-578 Amadora [email protected] 4400-442 Vila Nova de Gaia
Tel: 214 986 830 www.cerciespinho.org.pt Tel: 227 819 268 / TM: 962 965 720
[email protected] http://www.facebook.com/cerci.espinho [email protected]
www.cerciama.pt https://www.facebook.com/cercigaia.org
www.facebook.com/cerciama.pt CERCIESTA
Rua da Escola do Agro, 5 CERCIGRÂNDOLA
CERCIAV 3860-358 Estarreja Rua Vitor Manuel Ribeiro da Rocha
Rua do Aires, 53-57 Tel: 234 843 093 7570-256 Grândola
3810-205 Aveiro [email protected] Tel: 269 451 552
Tel: 234 390 980 http://cerci-cerciesta.blogspot.com/ [email protected]
[email protected] https://www.facebook.com/cerciesta/ www.cercigrandola.org
www.cerciav.pt www.facebook.com/cercigrandola
CERCIESTREMOZ
CERCIBEJA Quinta de Santo Antão CERCIGUI
Quinta dos Britos, Apartado 6115 Apartado 108 Rua Raul Brandão, 195
7801-908 Beja 7101-909 Estremoz 4810-282 Guimarães
Tel: 284 311 390 Tel: 268 339 750 Tel: 253 423 370
[email protected] [email protected] [email protected]
www.cercibeja.org.pt www.cerciestremoz.pt www.cercigui.pt
www.facebook.com/cercibeja.crl www.facebook.com/cerciestremoz.crl www.facebook.com/Cercigui/

CERCI Braga CERCIFAF CERCILAMAS
Av. Dr. Domingos Soares, 25 Rua 9 de Dezembro, 99 Rua do Auditório, 125
4710-670 Navarra 4820-161 Fafe 4535-576 Santa Maria de Lamas
Tel: 253 248 592 Tel: 253 490 830 Tel: 227 442 478
[email protected] [email protected] [email protected]
www.cercibraga.pt www.cercifaf.pt www.cerci-lamas.org.pt
www.facebook.com/CERCIBraga.pt www.facebook.com/cercifaf www.facebook.com/cercilamas

CERCICA CERCIFEIRA CERCILEI
Rua Principal, 320, Livramento Rua Dr. Santos Carneiro, 4 Estrada das Moitas Altas, 279, Pinheiros
2765-383 Estoril 4520-221 Santa Maria da Feira 2401-976 Leiria
Tel: 214 658 590 Tel: 256 374 472 Tel: 244 850 970
[email protected] [email protected] [email protected]
www.cercica.pt www.cercifeira.pt www.cercilei.pt
www.facebook.com/CERCICASCAIS https://www.facebook.com/cercifeira.2018 www.facebook.com/cooperativa.leiria

– 92 –


RE VISTA FENACERCI 2022

CERCI Lisboa CERCIOEIRAS CERCITOP
Av. Avelino Teixeira da Mota, Lote E Rua 7 de Junho, nº 57 Estrada de São Romão, 7
1950-035 Lisboa 2730-174 Barcarena Lourel
Tel: 218 391 700 Tel: 214 239 680 2710-390 Sintra
[email protected] [email protected] Tel: 219 225 808
www.cercilisboa.org.pt www.cercioeiras.pt [email protected]
https://www.facebook.com/Cerci-Lis- www.facebook.com/cercioeiras www.cercitop.org
boa-235171093183654/ www.facebook.com/cercitop.oficial
CERCIPENELA
CERCIMA Av. Infante D. Pedro, n.º 3 CERCIVAR
Rua D. Nuno Álvares Pereira, 141 3230-268 Penela Rua da Cercivar
2870-097 Montijo Tel: 239 560 140 / Fax: 239 560 149 3880-161 Ovar
Tel: 212 308 510 [email protected] Tel: 256 579 640
[email protected] http://www.cercipenela.org.pt/ [email protected]
www.cercima.pt https://www.facebook.com/cerci.penela www.cercivar.pt
www.facebook.com/cercima.montijo.crl https://www.facebook.com/profile.
CERCIPENICHE php?id=100057475959908
CERCIMAC Rua Dr. João de Matos Bilhau, 26
Rua Dr. Henrique José Gonçalves, 21 2520-253 Peniche CERCIZIMBRA
5340-532 Macedo de Cavaleiros Tel: 262 780 080 Rua dos Casais Ricos, 1
Tel: 278 421 769 [email protected] 2970-577 Sesimbra
[email protected] www.cercipeniche.pt Tel: 212 681 335
http://cercimac.pt www.facebook.com/cercipeniche [email protected]
www.facebook.com/cercimac.macedodeca- www.cercizimbra.org.pt
valeiros CERCIPOM www.facebook.com/Cercizimbra
Av. Heróis do Ultramar, nº 108
CERCIMARANTE 3100-462 Pombal CRACEP
Rua de Guimarães, nº 869 Tel: 236 209 240 Rua Coronel Armando da Silva Maçanita
4600-112 Amarante [email protected] Coca Maravilhas
Tel: 255 410 930 www.cercipom.org.pt 8500-383 Portimão
[email protected] www.facebook.com/Cercipom Tel: 282 420 820
http://cercimarante.pt [email protected]
www.facebook.com/Cercimarante CERCIPORTALEGRE www.cracep.pt
Rua D. Olinda Sardinha https://www.facebook.com/cracep/
CERCIMB Quinta da Lage
Rua Grão Vasco, nº 25 Bairro dos Covões CREACIL
2835-440 Lavradio 7300-050 Portalegre Rua Adão Manuel Ramos Barata, 6
Tel: 212 048 340 Tel: 245 300 730 1885-100 Moscavide
[email protected] [email protected] Tel: 212 468 340 / TM: 926 249 804
www.cercimb.pt https://www.facebook.com/Cercipor- [email protected]
www.facebook.com/cercimb talegre-1518311555138062/ www.creacil.pt
www.facebook.com/loures.creacil/
CERCIMIRA CERCIPÓVOA
Rua do Claros, Cabeças Verdes Rua do Morgado da Póvoa, Lote 1 CRINABEL
3070-504 Seixo de Mira 2ª Fase - Quinta da Piedade Rua Quinta dos Frades, 1
Tel: 231 489 560 / Fax: 231 489 569 2625-229 Póvoa de Santa Iria 1600-674 Lisboa
[email protected] Tel: 219 533 080 / Fax: 219 533 089 Tel: 213 943 350
www.cercimira.pt [email protected] [email protected]
www.facebook.com/cercimira www.cercipovoa.pt www.crinabel.pt
www.facebook.com/cercipovoa.ipss?fref=ts https://pt-pt.facebook.com/CRINABEL
CERCIMONT
Avenida Nuno Álvares Pereira, 553 CERCISA RUMO
5470-203 Montalegre Rua Eça de Queirós Rua 19, nº 13
TM: 938 371 717 Miratejo Baía do Tejo
[email protected] 2855-236 Corroios Parque Empresarial do Barreiro
https://cercimont.wordpress.com/ Tel: 212 535 660 2831-904 Barreiro
www.facebook.com/Cerci- [email protected] Tel: 212 064 920 / Fax: 212 064 921
mont-1670893733154448/ http://www.cercisa.pt/ [email protected]
https://pt-pt.facebook.com/cercisa http://www.rumo.org.pt
CERCIMOR https://www.facebook.com/Cooperativa.Rumo/
Crespa da Figueira CERCISIAGO
7050-010 Montemor-o-Novo Rua das Nogueiras CIRE
Tel: 266 899 410 7540-162 Santiago do Cacém Travessa Jacome Ratton
[email protected] Tel: 269 818 660 2300-612 Tomar
www.cercimor.pt [email protected] Tel: 249 310 330
www.facebook.com/cercimor www.cercisiago.org.pt [email protected]
https://www.facebook.com/cercisiago/ http://cire-tomar.org
CERCINA https://www.facebook.com/cire.tomar
Caminho Real, 8 CERCITEJO
Alto Romão - Pederneira Rua da Esperança, 6
2450-060 Nazaré Bom Sucesso
Tel: 262 562 595 2615-305 Alverca do Ribatejo
[email protected] Tel: 219 582 286 / TM: 961 354 573
www.cercina.pt [email protected]
https://www.facebook.com/CERCI- www.cercitejo.org.pt
NA-182339101825256/ https://www.facebook.com/CERCITEJ0/

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LISTA DE ASSOCIADAS

INSTITUIÇÃO APOIO CACI CRI EDUCAÇÃO EMPREGO FORMAÇÃO INTERVENÇÃO UNIDADE OUTRAS
DOMICILIÁRIO ESPECIAL PROTEGIDO PROFISSIONAL PRECOCE RESIDENCIAL

ACIP
ACOMPANHA
CECD
CEERDL
CERCIAG
CERCIAMA
CERCIAV
CERCIBEJA
CERCIBRAGA
CERCICA
CERCICAPER
CERCICHAVES
CERCICOA
CERCIDIANA
CERCIESPINHO
CERCIESTA
CERCIESTREMOZ
CERCIFAF
CERCIFEIRA
CERCIFEL
CERCI FLOR DA VIDA
CERCIFOZ
CERCIG
CERCIGAIA
CERCIGRÂNDOLA
CERCIGUI
CERCILAMAS
CERCILEI
CERCI Lisboa
CERCIMA
CERCIMAC
CERCIMARANTE
CERCIMB
CERCIMIRA
CERCIMONT
CERCIMOR
CERCINA
CERCIOEIRAS
CERCIPENELA
CERCIPENICHE
CERCIPOM
CERCIPORTALEGRE
CERCIPÓVOA
CERCISA
CERCISIAGO
CERCITEJO
CERCITOP
CERCIVAR
CERCIZIMBRA
CRACEP
CREACIL
CRINABEL
RUMO
CIRE

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RE VISTA FENACERCI 2022

INSTITUIÇÃO OUTRAS
Centro de Recursos Local do IEFP; Gabinete de Inserção Profissional; Atendimento e Acompanhamento Social; Rendimento Social de Inserção e
ACIP Serviços Terapêuticos
ACOMPANHA Equipa de Rua-Programa Troca de seringas-Metadona; Centro de Rastreio Comunitário; Centro de Dia para Idosos, Unidade Móvel de Saúde
CECD Centro de Recursos do IEFP
CEERDL Residência Autónoma; Forum Socio Ocupacional; Centro de Atendimento, Acompanhamento e Reabilitação Social
CERCIAG Centro de Recursos do Centro de Emprego de Agueda; Casa de Abrigo
CERCIAMA –
CERCIAV Centro de Recursos para a Qualificação e Emprego
CERCIBEJA Centro de Recursos do IEFP
CERCIBRAGA Residência de Autonomização e Inclusão
CERCICA ATL Especializado; CERMOV; Editora Gráfica; CER Garden; CER Jardim; CER Plant - Centro de Recursos do IEFP; Gabinete de Inserção Profissional; Lar
CERCICAPER Residencial
CERCICHAVES Centro de Acolhimento Residencial, Centro de Recursos do IEFP, Apartamento Partilhado, Lar Residencial, Residencia Autónoma
CERCICOA Centro de Recursos Local; Residência Autónoma; Serviço de Atribuição de Produtos de Apoio; Centro de Recursos do IEFP; CAVI, POAPMC
CERCIDIANA –
CERCIESPINHO –
CERCIESTA Residência Autónoma; Contrato Local e Desenvolvimento Social; Centro de Recursos do IEFP; Oficinas de Produção; Modelo de Apoio à Vida Indepen-
CERCIESTREMOZ dente, Serviço de Cedência de Produtos de Apoio, Centro Comunitário, Banco de Alimentos e Recursos, POAPMC, Lar
CERCIFAF –
CERCIFEIRA
CERCIFEL Centro de Recursos Local
CERCI FLOR DA VIDA
CERCIFOZ Centro de Recursos Local (IEFP); Serviço de Atendimento e Apoio Social
CERCIG
CERCIGAIA –
CERCIGRÂNDOLA
CERCIGUI –
CERCILAMAS
CERCILEI –
CERCI Lisboa
CERCIMA –
CERCIMAC Centro de Atividades de Tempos Livres; Centro de Recursos do IEFP; Residência Autónoma; Lar Residencial; RSI; Oficinas de Produção, POAPMC,
CERCIMARANTE Centro de Dia
CERCIMB Creche
CERCIMIRA
CERCIMONT –
CERCIMOR
CERCINA Centro de Recursos para a Qualificação e Emprego
CERCIOEIRAS
CERCIPENELA Rendimento Social de Inserção
CERCIPENICHE
CERCIPOM Lar Residencial
CERCIPORTALEGRE
CERCIPÓVOA CAARPD; Centro de Recursos do IEFP
CERCISA
CERCISIAGO Centro Comunitário; Residência Autónoma, POAPMC
CERCITEJO
CERCITOP CAVI
CERCIVAR
CERCIZIMBRA Centro de Apoio Familiar e Aconselhamento Parental; Estrutura Residencial para Idosos; Lar Residencial
CRACEP
CREACIL –
CRINABEL

RUMO

CIRE
Centro de Apoio Familiar e Aconselhamento Parental

Centro de Recursos do IEFP; Lar Residencial; Residencia Autónoma; Oficinas da Capacitação

Banco de Equipamentos e Tecnologias de Apoio, Atividades de Animação e Apoio à Família, Atividades de Enriquecimento Curricular

Centro de Recursos para o IEFP; Residências Autónomas

Centro de Recursos IEFP; Serviço de Intervenção Terapêutica; Lar Residencial

Lar Residencial

Centro de Recursos do IEFP; POAPMC

ATL

Lar Residencial; Residência Autónoma



Espaço Tejo Saúde - Nucleo de Apoio Terapêutico

Unidades de Cuidados Continuados Integrados; Cantina Social


RSI; Creche; Pré-Escolar; Centro de Animação para a Infância; Serviço de Cedência de Produtos de Apoio; Centro de Recursos do IEFP; Lar Residencial;
Residência Autónoma; CAVI; Oficinas de Produção; Centro Comunitário; Contrato Local de Desenvolvimento Social; Banco de Alimentos e Recursos, POAPMV
Lar Residencial



Lar Residencial
Acordo de Colaboração para alojamento de estudantes EST Barreiro – IPS (até setembro, 2022); Centro de Inclusão Comunitária (CIC RUMO); a Casa de Acol-
himento Residencial (CAR RUMO); o Centro de Atendimento a Vítimas de Violência Doméstica Barreiro Moita (CAVBM); o Centro de Recursos para a Empre-
gabilidade RUMO (Almada, Barreiro, Montijo e Seixal); CLDS 4G Barreiro – Comsigo; CLDS 4G Moita – Moita, Intervir para Incluir!; FORMAR RUMO (Formação
Profissional); PO APMC (Apoio Alimentar para destinatários/as do concelho da Moita); Programa INCORPORA (Fundação La Caixa); Protocolo de RSI RUMO;
REBM - Rede para a Empregabilidade Barreiro Moita; SER CASA Barreiro (Inclusão Social e Profissional para pessoas em situação de sem abrigo). A valência de
berçário e creche – RUMO Kids iniciará a sua atividade em outubro (2022).
Creche Familiar, Nucleo Local de Inserção

– 95 –


E chegou o dia em que o
fim chegou. Mas o fim dita
sempre novos princípios.
E os novos princípios
começam, quase sempre,
com a responsabilidade
dos legados que nos
deixam. É com essa
responsabilidade que
fechamos esta edição,
que este ano, sai em
novembro. Foi longo o
compasso de espera a que
este tempo de mudança
nos obrigou. Fizemos o
melhor que conseguimos!
Esperamos que apreciem
o resultado do esforço
feito por todos os que
contribuíram. Contamos
com a vossa colaboração
para continuar! O trabalho
de muitos que partilhamos
com todos!
Até para o ano.


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