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Revista FENACERCI 2023 – Finalmente chegámos!

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Published by susad-design, 2023-12-12 12:37:13

Revista Fenacerci 2023

Revista FENACERCI 2023 – Finalmente chegámos!

NOVEMBRO 2023 | 49 OCentro de Reabilitação e Integração Torrejano (CRIT), é uma Instituição Particular de Solidariedade Social, sem Fins Lucrativos, constituída em 1977 e tem como missão educar, formar e integrar pessoas com deficiência ou incapacidades e outros públicos desfavorecidos. Pela sua localização, abrange como território preferencial, a população dos concelhos de Torres Novas e concelhos limítrofes, sendo que o Concelho de Alcanena é o segundo com maior número de utentes apoiados. Na prossecução da sua missão, o CRIT desenvolve, desde 1988, formação profissional para pessoas com deficiência ou incapacidades, encontrando-se certificada pela DGERT em diversas áreas, nomeadamente na área da Indústria do Têxtil, Calçado, Vestuário e Couro. Os seus métodos pedagógicos, adaptados e estruturados de acordo com as características do seu público-alvo, têm como principais eixos, a aprendizagem pela prática e a formação em contexto de trabalho, com vista à melhor aproximação possível, dos candidatos, ao perfil de saída. Da sua experiência de muitos anos resultaram metodologias inovadoras de apoio à formação e práticas de integração nas empresas que, para além do conhecimento técnico e operativo incorporado, possibilitaram a construção e sistematização de conceitos relevantes, o reconhecimento do IEFP neste domínio, e uma prática eficiente na relação com as empresas que se traduz numa rede de mais de 150 parcerias para o emprego só nos últimos dois projetos. Na procura contínua do aumento da empregabilidade das pessoas com deficiência ou incapacidades, considerando o ajustamento da sua oferta formativa às necessidades de mercado e aproveitando as características únicas do mercado de trabalho do Concelho de Alcanena, em concreto da Indústria do Couro, o CRIT assumiu um papel de Parceiro de excelência para a promoção da Igualdade de Oportunidades (para pessoas com deficiência ou incapacidades) e para a criação de sinergias que permitam o acesso ao emprego, na área dos Curtumes, através da formação profissional e/ou medidas de emprego apoiado, para o nosso público-alvo. Dispõe de Técnicos qualificados para o apoio à integração das pessoas com deficiência ou incapaA Responsabilidade Social na Indústria do Couro cidades diretamente na empresa, e na mediação com o IEFP, na ativação de medidas de emprego apoiado, enquanto Centro de Recursos do Serviço de Emprego de Torres Novas. Em 2017, encetou os primeiros contactos com algumas empresas e o CTIC – Centro Tecnológico das Indústrias do Couro, dos quais resultaram a aprovação de um curso de Operador/a de Curtumes, a realizar em contexto real de trabalho. Depois de um período particularmente difícil para as empresas e para a sociedade no geral, com a situação de Pandemia decorrida entre 2020 e 2022, só em fevereiro de 2022 foi possível o Curso de Operador/a de Curtumes, com duas Empresas Parceiras: Curtumes Ibéria, S.A., em Vila Moreira e MARSIPEL – Indústria de Curtumes S.A., as quais se mostraram disponíveis desde logo, no seguimento de outras sinergias já existentes, bem demonstrativas das suas preocupações com a Responsabilidade Social, na área da integração de pessoas com deficiência ou incapacidades. Tendo-se obtido uma taxa de integração profissional de 70%, vemos neste Projeto uma iniciativa de sucesso e um potencial de replicação noutras áreas de educação e formação e com todas as empresas, na medida em que continue a responder às necessidades do mercado de trabalho e crie oportunidades de integração das Pessoas com Deficiência ou Incapacidades. O CRIT e a Comunidade Industrial do Couro da Capital da Pele estão de mãos dadas e prometem continuar a integrar! l


CERCIS: O CAMINHO FAZ-SE A ANDAR 50 | REVISTA FENACERCI No âmbito da sua missão, é fundamental para a CERCIG apostar em respostas sociais inovadoras, que se encontrem alinhadas com as necessidades reais da pessoa que atende, investindo para isso, em soluções que garantam a sua inclusão na sociedade. Investir em soluções que vão de encontro às necessidades concretas da população é fundamental para garantir a inclusão plena. Isso implica, oferecer serviços que promovam a autonomia e a independência, bem como, oportunidades para desenvolverem habilidades e competências. A aposta em respostas sociais inovadoras é também importante para garantir a sustentabilidade da instituição a longo prazo. Ao oferecer serviços que atendem às necessidades reais das pessoas, a CERCIG está a construir uma relação de confiança e de fidelidade com a comunidade, contribuindo para a captação de novos recursos e parceiros, bem como, para a consolidação da sua imagem institucional. Desta forma, a CERCIG tem procurado criar condições para o desenvolvimento das seguintes respostas sociais: Respostas Sociais Inovadoras e à Medida! Com princípios de vida comunitária e cooperativismo, a habitação colaborativa é a resposta social a um problema que afeta sobretudo grupos vulneráveis como jovens, pessoas com deficiência ou idosos. A CERCIG tem como objetivo criar um paraíso para 54 pessoas viverem num conceito de partilha e entreajuda, com hortas comunitárias, jardins, circuito de manutenção, ginásio, lavandarias, salas polivalentes, veículos elétricos partilhados e muito mais. Este projeto conta com a maior classificação de sempre no CLAS da Guarda e com um apoio fantástico do Município da Guarda e seus técnicos. A CERCIG está empenhada em desenvolver uma solução habitacional inovadora, sustentável e inclusiva, que possa servir de modelo para outras comunidades. O Fórum Económico Mundial (WEF) reconhece os benefícios sociais, económicos e ambientais da habitação colaborativa, um modelo mais inclusivo e sustentável que facilita a convivência, a cooperação e o uso responsável dos recursos naturais e energéticos. Viver em comunidade também é uma alternativa contra a solidão, que afeta sobretudo as pessoas idosas. Com a criação deste modelo sustentável de habitação colaborativa, a CERCIG espera promover a inclusão social e a proteção dos direitos humanos, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva. HABITAÇÃO COLABORATIVA - UMA SOLUÇÃO INOVADORA E SUSTENTÁVEL


NOVEMBRO 2023 | 51 Com a criação do Alojamento de Emergência e Transição, a CERCIG pretende contribuir para a inclusão social, proteção e autonomização das pessoas em situações de risco e emergência. Esta resposta especializada em alojamento de emergência tem como objetivo garantir uma adequada proteção social e proporcionar uma solução habitacional temporária para pessoas que se encontram em situações de risco iminente ou que foram vítimas de acontecimentos excecionais ou imprevisíveis. Para além disso, a CERCIG vai especializar-se no apoio às vítimas de violência doméstica, disponibilizando alojamento temporário, acompanhado de apoio psicológico e jurídico para que as vítimas possam recuperar a sua autonomia e reinserção na sociedade. Com esta iniciativa, a Cooperativa pretende expandir a sua atuação, contribuindo para a promoção de uma sociedade mais justa e inclusiva. A CERCIG está empenhada em garantir que todas as pessoas tenham acesso a condições de vida dignas e seguras. Esta iniciativa reflete o compromisso da Cooperativa em promover a proteção social e a inclusão de pessoas em situações de risco e emergência. A CERCIG acredita que a criação de soluções de alojamento temporário é uma etapa crucial no processo de recuperação e integração das pessoas na sociedade, e espera que esta resposta especializada possa fazer a diferença na vida de muitas pessoas em situações de vulnerabilidade. ALOJAMENTO DE EMERGÊNCIA E TRANSIÇÃO A CERCIG iniciou a construção de uma moderna e bela Estrutura Residencial para Pessoas Idosas em Maçainhas-Guarda. Com capacidade para 44 utentes, acompanhada de um Centro de Dia com capacidade para 15 utentes e um Serviço de Apoio Domiciliário com capacidade para 52 utentes, a nova estrutura irá fornecer uma resposta integrada para um total de 111 pessoas. A CERCIG está empenhada em garantir o bem- -estar e a qualidade de vida das pessoas, proporcionando-lhes um ambiente acolhedor e seguro, com serviços de qualidade e profissionais qualificados e experientes. A nova estrutura contará com infraestruturas modernas e confortáveis, adaptadas às necessidades das pessoas, incluindo quartos individuais ou duplos, áreas de lazer e convívio, refeitório, cozinha, instalações sanitárias e áreas verdes com hortas adaptadas e coletivas. Com a construção desta nova Estrutura Residencial para Pessoas Idosas, a Organização espera contribuir para o desenvolvimento da região, proporcionando uma resposta integrada e de qualidade para pessoas idosas em situação de vulnerabilidade. ESTRUTURA RESIDENCIAL PARA PESSOAS IDOSAS A CERCIG reafirma assim, o seu compromisso em criar soluções inovadoras e sustentáveis que promovam não só a qualidade de vida das pessoas em situação de vulnerabilidade como a inclusão social e a proteção dos direitos humanos contribuindo, desta forma, para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva. l


CERCIS: O CAMINHO FAZ-SE A ANDAR 52 | REVISTA FENACERCI Ainclusão, tem ocupado uma dimensão cada vez mais expressiva dentro da sociedade atual e as estruturas educativas e de apoio à deficiência, são elementos essenciais na construção de uma sociedade inclusiva. A expressão artística, assume um papel preponderante neste processo pela integração das dificuldades físicas e intelectuais, que passam a ser valorizadas como caraterísticas pessoais e partes de um todo. Ao longo dos anos, a CERCIGUI dinamizou vários projetos artísticos, envolvendo música, dança, teatro, vídeo e fotografia, com o objetivo de promover a inclusão pela ARTE. Estes projetos foram sempre bem recebidos, tanto pelos clientes, como pelos colaboradores, famílias, artistas das diferentes áreas e comunidade. Culminaram em apresentações em salas de grandes dimensões, como o Centro Cultural Vila Flor, a Casa da Música do Porto, Auditórios da Universidade do Minho, e em pequenos auditórios, como escolas e outras instituições, levando à comunidade uma mostra das competências artísticas da nossa instituição, visando a inclusão como uma meta maior. Um dos projetos mais recentes que a CERCIGUI integrou foi o projeto " +Inclusão Fora de Portas" a convite da "A Oficina – Guimarães" e a "Dançando com a Diferença", sob a coordenação e direção artística de Henrique Amoedo. Procurou formar profissionais de diferentes instituições de apoio à deficiência, infância e juventude de Guimarães, e a respetiva capacitação dos seus diferentes clientes e alunos para a prática da Dança Inclusiva. Ao longo de dois anos, participámos em workshops e ensaios com clientes e técnicos, conjuntamente com três instituições congéneres do concelho de Guimarães, três agrupamentos de escolas envolvendo alunos e professores de 1º, 2º, 3º ciclos e Centros de Apoio à Aprendizagem (CAA), e um grupo de pessoas da comunidade vimaranense, no sentido de promover práticas regulares de dança dentro das instituições/agrupamentos de escolas; desenvolver as relações interpessoal, intergeracional e interinstitucional através das práticas artísticas, culminando na remontagem do espetáculo ENDLESS para apresentação pública. Todos tiveram o seu papel, independentemente da idade, limitação, condição ou caraterística. Este espetáculo teve a sua estreia, em 2012, na Madeira e já foi adaptado a diferentes contextos e países, tendo em conta a realidade local e o momento presente. Nos dias 29 e 30 de abril de 2022, foi apresentado no Centro Cultural Vila Flor no âmbito das comemorações do Dia Internacional da Dança. O ENDLESS revisitou as memórias do Holocausto e integrou no guião a atual Guerra na Ucrânia, levando a que as emoções sentidas pelos artistas fossem transmitidas para o público, com um misto de empatia e compaixão, numa simbiose imersiva de valores. “…um Espetáculo onde a dança, a música e o vídeo interagem questionando a condição humana, a vida, a degradação do corpo e a nossa única certeza, a morte...” ENDLESS ficou na memória de todos, como um espetáculo inclusivo, pedagógico e ilustrativo de uma dura realidade ... envolvente, emotivo, carismático..., demonstrativo de que a ARTE pode e deve estar ao serviço da comunidade, como despertador de consciências, como memória coletiva, como agregador e promotor da equidade. l A Arte ao Serviço da Consciência Coletiva ― Patrícia Guimarães― Diretora Técnica do CACI


NOVEMBRO 2023 | 53 L ab in dança” é um projeto de formação artística que pretende proporcionar múltiplas vivências e experiências performativas através da dança contemporânea a diversos públicos e em particular, a pessoas com deficiência. Promovido pelo Município de Santa Maria da Feira, sob a direção artística de Clara Andermat, o projeto conta com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian. Marcámos presença na assinatura do protocolo, que aconteceu em 24/06/2019, em Santa Maria da Feira, onde este grupo de dançarinos se sentiu desde logo, envolvido no projeto. A experiência não poderia ser melhor, aproveitando sempre as oportunidades possíveis para reforçar, valorizar as suas conquistas, até porque o meio social envolvente tem um papel preponderante na formação da autoestima. Conhecer, sentir, perceber, escutar, relacionar-se eficientemente com o seu corpo, exteriorizar os mais íntimos sentimentos e emoções, foi o mote para o desenvolvimento deste trabalho, nunca Lab in Dança Conhecer, sentir, perceber, escutar… ―Arlinda Mendes― Monitora do CACI da CERCILAMAS esquecendo a idiossincrasia de cada um. A apresentação da estreia do espetáculo ENTREABERTO, aconteceu no Cineteatro António Lamoso, no dia 15 de janeiro de 2023 em Santa Maria da Feira. No dia 25 de janeiro de 2023, rumámos até Lisboa, para três dias de atividades intensas, que culminaram num espetáculo apresentado no dia 26 de janeiro, na Fundação Calouste Gulbenkian. O nosso muito obrigada a toda a equipa PARTIS, que nos acolheu com muita amabilidade, durante a nossa estadia. Mais uma vez, foi uma experiência ímpar e um espetáculo extraordinário, onde os dançarinos foram aplaudidos de pé pelos espetadores que encheram a sala. Estes momentos, foram de grande importância para o grupo, não só pelo reconhecimento do público, mas porque permitiram um contacto mais próximo com os formadores/organizadores e amigos, criando laços afetivos que perduram. Obrigada à “família” em que nos tornámos nestes dias! l


CERCIS: O CAMINHO FAZ-SE A ANDAR 54 | REVISTA FENACERCI Quem, por estes dias, andar pelos portos de pesca de Peniche e da Nazaré com olhar atento, poderá observar alguma azáfama distinta da habitual atividade piscatória. Mais especificamente, encontrará algumas pessoas a recolher animadamente restos de redes e a juntá-las em “big bags”. As artes de pesca velhas e/ou danificadas são uma das principais ameaças ao meio marinho. Se simplesmente deixadas no mar, tornam-se na chamada “pesca fantasma”, ferindo ou matando animais marinhos e tornando-se lixo altamente destrutivo da qualidade ambiental dos oceanos. Face a este problema, a empresa Peniche Ocean Watch (POW) decidiu sensibilizar a comunidade piscatória local para a recolha das redes em fim de vida e encaminhá-las para reciclagem. Contudo, neste processo, era essencial proceder à sua limpeza e foi então que a POW solicitou a colaboração da CERCIPENICHE para prestar esse serviço. Estávamos em maio de 2022 e nascia um projeto experimental que, segundo a Presidente da Direção, Andreia Capataz, «tem superado as melhores expetativas». Duas a três vezes por semana, algumas das pessoas apoiadas em CACI deslocam-se até ao Atelier das Redes para proceder à remoção das impurezas presentes nas redes, de modo a ficarem preparadas para a fase seguinte do processo de reciclagem e reutilização: depois de limpas, as redes são cortadas e trituradas pela POW até se tornarem em pó que, finalmente, é encaminhado para empresas de transformação de plástico reciclado. «A adesão dos clientes foi muito boa», afirma Andreia Capataz. «Eles gostam das tarefas e sentem- -se a participar na resolução de um problema ambiental». Luís Ferreira, um dos participantes, confirma as palavras da dirigente. «É uma tarefa que gosto e sei limpar bem as redes», declara. E o compromisso com a sustentabilidade ambiental está bem presente, como atesta o Carlos Vitorino: «Este trabalho é muito importante para o nosso planeta. Gosto muito». Ao longo do tempo, a parceria entre a CERCIPENICHE e a POW consolidou-se, e atualmente há duas pessoas em Atividades Socialmente Úteis na unidade de lavagem e de trituração da empresa. É o caso do Vítor Dias, que não tem dúvidas sobre a importância do que faz: «Ajuda a haver menos poluição no mar para os peixes», afirma. E está contente com a sua ASU: «Gostam do meu trabalho, e eu também gosto e faço bem», conclui. O êxito da experiência com a CERCIPENICHE levou a POW a querer disseminar o projeto, alargando-o ao porto vizinho da Nazaré. Entrou em cena a CERCINA que, num primeiro momento, fez uma visita de estudo ao Atelier das Redes de Peniche, para conhecer o trabalho desenvolvido. Atualmente, são já várias as pessoas apoiadas que estão envolvidas nas diversas tarefas: umas dedicam-se à sensibilização da comunidade piscatória e à distribuição dos sacos para recolha das redes no porto de abrigo; outras procedem à limpeza das redes nas salas do CACI da CERCINA. Segundo a Diretora Técnica Ana Cláudia Silva, a distribuição das tarefas é feita de acordo com as capacidades de cada um e a sua apetência. Após as primeiras semanas de arranque do projeto na Nazaré, o balanço é promissor. «O entusiasmo dos participantes é muito significativo e empenham-se na execução das tarefas», afirma Ana Cláudia Silva. E assim parece, a avaliar pela azáfama no armazém 55 do porto de abrigo, propriedade da CERCINA. Enquanto o Otávio Domingos e o António Ligeiro se mostram mestres na elaboração dos “ninhos” (desenrolar os fios de nylon e cortá-los em pequenos montes, que depois serão alvo de limpeza), o Fábio Miguel assinala a quantidade de resíduos que vêm agarrados às redes: «Fazemos do mar um caixote do lixo», lamenta. Salvar o oceano da ação da humanidade não está ao alcance do “Atelier das Redes” mas, seguindo o lema »pensar global, agir local», constitui um bom exemplo par todos! l “Atelier das Redes” envolve CERCIPENICHE e CERCINA em projeto de sustentabilidade ambiental


NOVEMBRO 2023 | 55 ACERCIOEIRAS visiona nos seus Valores a Responsabilidade Ambiental, procurando contribuir para a melhoria e qualidade do meio ambiente, sensibilizando e atuando para a eficiência energética, a redução de desperdícios, a reutilização e o respeito pelos recursos naturais; e a Responsabilidade Social, procurando responsabilizar, envolvendo todas as partes interessadas, promovendo a sua participação, na construção de uma sociedade mais inclusiva. Deste modo, apostamos anualmente no desenvolvimento de diversas ações na nossa comunidade, envolvendo Pessoas com Deficiência Intelectual, Famílias e Colaboradores, como modo de expressar a cidadania ativa das Pessoas com Deficiência e o modo como podem contribuir ativamente na sociedade, em prol de um planeta mais saudável e inclusivo. Em 2022, desenvolvemos iniciativas em parceria com a Fundação Oceano azul, o Movimento Claro de Oeiras e Cascais, a Câmara Municipal de Oeiras e a Animalife. Como exemplos de ações que nos orgulham, temos: Proteger o Planeta é uma Tarefa de Todos! ―Sara Espírito Santo― Terapeuta Ocupacional da CERCIOEIRAS • Ação nacional de voluntariado na recolha de alimentação e bens para o Banco Solidário Animal (BSA) com o objetivo de providenciar alimento a animais que estão a cargo de associações e de famílias em situação de carência económica, sinalizadas e apoiadas pela Animalife. • Plogging de 2,2 km desde a CERCIOEIRAS até à Fábrica da Pólvora em Barcarena, com a duração de 1h30min, no âmbito do dia da Floresta e do início da Primavera. Com esta ação, recolhemos 67,4 kgs e depositámo-los nos contentores devidos de reciclagem. • Limpeza da praia dos pescadores em Paço de Arcos, no âmbito da semana da Terra. Com esta dinâmica de voluntariado, foi possível abordar a tipologia de lixo presente na praia, refletindo sobre a realidade assustadora e danosa dos microplásticos, plásticos nos oceanos e do lixo causado pela atividade da pesca.Em 2 horas de atividade foi possível apanhar cerca de 52 kgs de lixo. • Limpeza de Praia da Cresmina em Cascais, onde mais uma vez recolhemos e diferenciámos a tipologia de lixo presente na nossa costa, num total de 81kgs. Terminámos o ano 2022 com a sensação de missão cumprida, mas com a consciência que ainda há muito a fazer. Cabe a cada um de nós fazer local para ter um impacto global e 2023 será mais um ano de muitas ações de cidadania ativa pelo ambiente, inclusão e sustentabilidade, tendo começado com a participação numa ação de voluntariado no Dia Internacional da Educação Ambiental através da limpeza da praia do Guincho. Proteger o Planeta é uma tarefa de todos...e a CERCIOEIRAS está empenhada em fazer parte de uma comunidade verdadeiramente empenhada em criar um mundo melhor para TOD@S! l


CERCIS: O CAMINHO FAZ-SE A ANDAR 56 | REVISTA FENACERCI ACERCIPENICHE tem vindo a implementar junto das pessoas apoiadas e colaboradoras, um programa de práticas respiratórias com o objetivo de promover o bem-estar. Numa primeira fase, começámos por desenvolver um conjunto de ações de formação junto dos/as colaboradores/as, sendo que numa fase posterior alargámos estes conhecimentos e práticas às várias valências, serviços e pessoas que apoiamos, no âmbito do CACI, Lar Residencial e Formação Profissional. A implementação destas práticas de forma regular tem afetado positivamente o desempenho e o comportamento de toda a comunidade CERCIPENICHE. A respiração pulmonar é uma das funções mais importantes do nosso organismo. Este movimento mais ou menos ritmado, que se divide basicamente em inspiração e expiração, permite a entrada e a saída de ar dos nossos pulmões. Promove a entrada de oxigénio e a saída de dióxido de carbono. Tal como ingerir alimentos e beber água, esta função reveste-se de uma importância vital. O ser humano consegue estar vários dias sem comer, alguns dias sem beber água, mas apenas um a dois minutos sem respirar. Podemos pois, afirmar que nada é mais urgente fazer do que respirar. A primeira coisa que fazemos quando nascemos é uma inspiração e a última coisa que fazemos antes de morrer é uma expiração. O nosso organismo vem com esta capacidade inata à nascença, isto é, conseguimos respirar de forma automática através do controlo do sistema nervoso autónomo. A função respiratória automática, sem depender da nossa consciência, permite- -nos fazer as nossas atividades diárias, bem como dormir sem termos que pensar na respiração. Quando inspiramos, o músculo de diafragma contrai-se e o perímetro abdominal aumenta, abrindo espaço na caixa torácica, criando uma diferença de pressão, que faz com que o ar entre nos pulmões. Quando expiramos o diafragma relaxa, o perímetro abdominal diminui, reduzindo o espaço na caixa torácica, criando uma pressão que faz com que o ar saia. Devemos inspirar e expirar preferencialmente pelo nariz, sendo que, eventualmente a expiração possa ser feita pela boca, mas não devemos inspirar pela boca. Existe uma relação muito estreita entre o nosso estado emocional e a respiração. Está estudado e demostrado que as emoções mais fortes, bem como, o stress e a ansiedade, alteram os nossos padrões respiratórios. Quando estamos stressados e ansiosos a nossa respiração, torna-se rápida e superficial, ou seja, a frequência respiratória aumenta. Como consequência, a frequência cardíaca também aumenta e a nossa atividade mental fica agitada. Da mesma forma que se respirarmos de forma consciente, lenta e profunda, está provado que acontece o contrário, isto é, a frequência respiratória baixa, a frequência cardíaca baixa e a atividade mental acalma. Podemos então afirmar, que é possível alterar o nosso estado emocional fazendo um controlo consciente da respiração. Hoje em dia, estão estudadas várias formas de respirar que induzem calma, concentração, foco, relaxamento, que ajudam a dormir, bem como, são um veículo para induzir estados mais enérgicos. Descrevemos de seguida algumas técnicas respiratórias que podem ser utilizadas no nosso dia a dia: Respiração da água: Respiração em que o tempo de inspiração e expiração é o mesmo. Como por exemplo: inspirar contando até quatro e expirar contando até quatro, fazendo cinco a seis ciclos respiratórios. Esta respiração é muito útil para induzir foco e concentração; Respiração do chá: Respiração em que o tempo de expiração é o dobro do tempo de inspiração. Como por exemplo: inspirar contando até quatro e expirar contando até oito, fazendo cinco a seis ciclos respiratórios. Esta respiração é muito útil para reduzir estados ansiosos, para induzir o relaxamento e também para ajudar a adormecer; Respiração do café: Respiração em que consiste em inspirações e expirações rápidas e curtas, fazendo de dez a doze ciclos respiratórios. Esta respiração é muito útil para quando nos sentimos sonolentos. Esta respiração também muitas vezes conhecida como a respiração do fole, não deve ser feita por pessoas com problemas de tensão arterial, com problemas cardíacos, por mulheres grávidas e depois das refeições. l A Respiração como prática promotora de bem-estar, alívio do stress e ansiedade ―Carlos Canão― TSEER da CERCIPENICHE


NOVEMBRO 2023 | 57 ACERCISIAGO, no sentido de promover atividades que promovam o bem-estar físico e emocional aos seus clientes, tem beneficiando ao longo dos últimos meses de aulas de Capoeira com o Contramestre Nuno, Capoeira – Sul da Bahia. Segundo nos explica o mesmo, a capoeira surgiu no Brasil no final do século XVI, pelos milhares de escravos de África. A arte marcial afro-brasileira começou a democratizar-se no Mundo na década de 1990. Reconhecida pelo equilíbrio físico e psicológico que traz aos praticantes, contribui como qualquer atividade física para o bem-estar do indivíduo. A Capoeira é uma atividade completa combinando defesa pessoal e treino físico acompanhado de música, tudo com um aspeto brincalhão. Reconhecida por promover a coesão do grupo, a partilha e a ajuda mútua, é uma arte onde todos os participantes são atores e iguais sem julgamento. Além de manter uma boa condição física, ela tem também virtudes educativas, sociais e psicomotoras. De todos os benefícios que esta atividade promove, a que mais nos cativa é a felicidade que observamos nos participantes. Há um sorriso persistente nos rostos durante todo o tempo em que esta decorre, que nos ilumina. “Eu trabalhado há mais de 10 anos com o público com patologias físicas e intelectuais, trabalho a partir do qual, temos obtido resultados lindos. A Capoeira é a chave do equilíbrio psicomotor” l A Capoeira como Chave do Equilíbrio Psicomotor “É uma dança que me faz feliz. Sinto-me bem. Sinto o meu corpo a seguir outro rumo. É uma dança bonita. Os escravos dançavam. Os movimentos são: volta ao mundo, meia-lua, cabeçada, ginga e a chamada. Gosto de tudo na capoeira, gosto de divertir-me a dançar.” Tiago É uma dança que se faz em conjunto. Sinto- -me feliz com a capoeira. Sei dançar, aprendi quando era pequenina. Os instrumentos que usamos são berimbau, pandeiro, caxixi e outros. Depois de fazer sinto-me bem.” Carina “Eu danço com a música. Danço bem. A música acaba e ouve-se o professor, ele ensina-nos” Matina ―Contramestre Nuno― Capoeira sul da Bahia


CERCIS: O CAMINHO FAZ-SE A ANDAR 58 | REVISTA FENACERCI E m 2020, no auge da Pandemia, surgiu, na sequência da Terapia de Expressão Corporal, o Grupo de Teatro – Atos, Pensamentos e Emoções, no CACI de Pombal. No âmbito desta intervenção, competências como a expressão dramática e corporal, criatividade, improvisação, espontaneidade e comunicação não-verbal, foram trabalhadas e fomentadas desde o início. O impacto direto e indireto nos nossos clientes foi notório, ao potenciar sentimentos de bem-estar, autoestima e autoconfiança. Pelo que, e atendendo ao desejo do grupo, em sair com uma peça para o exterior, lançámos o desafio ao Município de Pombal para integrar a programação deste ano do Festival de Teatro, durante o mês de março. Prontamente aceite pela Câmara, estava certa a nossa participação no Festival. Começava assim, toda uma dinâmica de preparação para o tão esperado espetáculo, entre ensaios, alinhamentos, luzes, som, fichas técnicas e artísticas, cenário e afins, os nossos clientes, não desapontaram. E eis que mais depressa do que esperávamos chegou o dia da apresentação. Foi no dia 5 de março, que os nossos jovens atores subiram ao palco do Teatro Cine de Pombal, com a peça: Silêncio. Uma peça, que infelizmente retrata uma realidade muito presente nos dias de hoje, tema difícil e delicado, com muita profundidade e dureza. Sem uma única palavra, falámos de violência física, psicológica e emocional, maus tratos, bulliyng… Palavras como ameaça, prisão, abuso, medo, perda, solidão, foram o pano de fundo do nosso espetáculo. E apesar da intensidade do tema que retratámos, o resultado foi incrível. Este dia foi a materialização de um sonho... de um desejo comum, de um trabalho árduo e dedicado, de quase 3 anos, que se prende com algo tão simples, como o nosso profundo querer fazer parte de um lugar comum. Mostrar que as limitações existem, mas que delas podemos fazer as nossas forças, as nossas vitó"SILÊNCIO” inteiros, conscientes do que somos e para onde queremos ir! ―Marta Jorge― Técnica Superior de Reabilitação Psicomotora da CERCIPOM rias e as nossas jornadas. Que na diferença está a maior das riquezas e porque só na diferença podemos crescer em pleno... inteiros, conscientes do que somos e para onde queremos ir. Ousámos arriscar e apelar à consciência do outro, de todos e de qualquer um, provando que a realidade em que o amor, o cuidado, o querer bem, a amizade e o respeito, tudo transforma, tudo desarma e eleva. Por essa razão ver uma plateia diante de nós, a


NOVEMBRO 2023 | 59 Sobre o "Silêncio" e na primeira Pessoa Foi a primeira vez que subi ao palco. Eu estava um bocadinho nervoso, mas consegui ouvir a tua voz (técnica), para ter calma a pintar. No final senti-me muito feliz… depois de mandar a parede ao chão… aquelas palmas… acho que foi maravilhoso. Não tenho palavras… Deus queira que a gente vá a outro lado. Temos de continuar com isto. Agora vamos continuar em frente. As pessoas pensam que não somos capazes de fazer, mas com um bocado de ajuda, a gente aprende. Gostei muito de participar nesta peça. Gostava que todos os palcos tivessem acesso a cadeiras de rodas. Adelino Ponte Eu nunca fiz aquilo que fiz na peça, foi a primeira vez. Foi emocionante… nunca pensei que ia entrar numa peça de Teatro. Emocionei-me ao ver aquelas pessoas todas a baterem palmas… agora é para continuar. Emocionei-me com tudo, com os meus colegas… com tudo. Fiquei alegre por mim e pelos meus colegas. Carla Adriana Eu adorei a nossa peça de Teatro, foi muita emoção… os colegas ajudaram-me bastante. Ajudámo-nos uns aos outros, resultando num trabalho de grupo maravilhoso. Eu emocionei- -me no trabalho de grupo. Foi a primeira vez que pisei um palco. Emocionei-me de tal forma que nem dormia em condições. E veio algum público abraçar-nos e dar-nos os parabéns e elogios agradáveis. A Dra. Preciosa veio ao palco distribuir rosas vermelhas e inesquecíveis elogios junto de nós, no palco. Lídia Gaspar Gostei da peça porque foi bem “treinada” da minha parte. Fiz um papel de maus-tratos e no meu corpo estavam feridas que me fizeram. Também gostei da Lídia a dar-me um beijo na testa longo, e gostei de ter posto o casaco por trás das minhas costas. E ela também viu as minhas feridas, que tinha nos braços. Depois fomos ao lado da tela pôr as mãos na tinta. Eu gostei muito, amei muito. João Silva Para mim a peça de Teatro significou muito, gostei muito, pela personagem que transmiti à frente daquelas pessoas todas. Fiquei também muito emocionado, tanto pela peça, como pela personagem que fiz. Fiquei com as minhas lágrimas a correr dos olhos. Temos de agradecer a todas as pessoas que nos deixaram ensaiar no Teatro-Cine. Eu gostei da peça de Teatro e também gostei de estar a apresentar essa peça no Teatro-Cine. Senti-me honrado, pelo trabalho que apresentei no palco. Gostaria de apresentar a mesma peça em vários lados, com os meus colegas. Os meus pais ficaram deslumbrados e comovidos com a peça de Teatro que conseguimos concretizar. Não há-de ser a primeira nem a última vez que nós havemos de apresentar esta peça, em mais sítios, noutros palcos. Eu nunca imaginei fazer isto tudo num palco, fiquei admirado, emocionado, estou sem palavras, ainda não consigo imaginar fazer aquela personagem, num palco, no meio daquela multidão toda, para alcançar os meus objetivos. Paulo Lisboa Sem palavras… estava nervosa… nunca pensei subir acima do palco e apresentar uma peça tão linda. Se não fosses tu a insistir, a batalhar, não tínhamos ido a palco. Catarina Henriques Gostei muito de participar com os meus colegas. Senti-me mais confiante, mais liberta. Já não tenho tanto medo. A minha família gostou muito, emocionaram-se muito. Partilharam no grupo da família e as minhas tias disseram que sou uma artista, para não desistir das coisas. Susana Paula Eu adorei a peça e adorei ver os meus amigos, que nos vieram ver. Quero continuar no Teatro. E as pessoas disseram-me que não estava nervoso… as pessoas adoraram. Gostava que o meu pai tivesse ido. Adorei a cena do Adelino e da Priscila no fim. Fiquei contente por outras CERCI terem vindo. Diogo Santos aplaudir-nos de pé, com ovações de alegria, na primeira vez que pisamos um palco de verdade, fez- -nos perceber que todo o trabalho e envolvimento que tivemos, valeu a pena. E a maior alegria foi podermos mostrar que juntos somos capazes e que podemos fazer a diferença. Mas e acima de tudo, o sentimento de unidade, de pertença e de comunidade. E o que é tudo isso, senão INCLUSÃO? A prova de que a diferença não faz diferença, foi vivida naquele palco do Teatro-Cine de Pombal. Em que o nosso grupo mostrou como é possível ser-se, não grande, mas ENORME! Hoje mais do que ontem, acreditamos que o caminho é possível. Não vamos ficar em SILÊNCIO. l


CERCIS: O CAMINHO FAZ-SE A ANDAR 60 | REVISTA FENACERCI OPsicodrama é um enfoque psicoterapêutico que combina elementos de dramaturgia e psicoterapia para explorar emoções, pensamentos e comportamentos das pessoas. Desenvolvido pelo psiquiatra e diretor de teatro Jacob L. Moreno nos anos 20 do século XX, essa abordagem tem sido utilizada com sucesso numa ampla variedade de contextos terapêuticos. Sempre que me pedem que defina o que é o Psicodrama, não consigo deixar de me apoiar nessas duas formas de descrevê-lo que Moreno usava: "É um método usado para sondar profundamente a verdade da alma através da ação" "O homem é um ator de Deus no palco do universo". São duas frases que falam por si só e nos convidam a pensar numa psicoterapia profunda, humana, centrada na ação e na busca por desenvolver a espontaneidade e recuperar o nosso lugar no mundo. Muitas vezes, perguntam se o Psicodrama pode ser usado em centros de internamento psiquiátrico ou com clientes institucionalizados. O Psicodrama como abordagem terapêutica nasceu e desenvolveu-se num hospital psiquiátrico fundado por Moreno, o Beacon Hill Sanatorium no estado de New York, onde as pessoas contavam os seus problemas e depois eram dramatizados. Trata-se de um método de terapia altamente participativa e permite que os clientes experimentem e explorem, de forma segura e controlada, diferentes aspetos da sua vida. Além disso, o Psicodrama promove o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais, bem como, o aumento da autoestima e confiança em si mesmos. Se queremos utilizar o Psicodrama como instrumento terapêutico para promover a inclusão social das pessoas com deficiência intelectual, é importante adaptar as técnicas às necessidades do grupo, criar um ambiente seguro, encorajar a participação ativa, utilizar no planeamento das atividades objetos intermediários (marionetas, tecidos, máscaras, etc.), estes têm demonstrado ser especialmente úteis para ajudar os participantes a expressarem-se de uma forma mais criativa e simbólica, o que pode ser muito benéfico para aqueles que têm dificuldades em expressar verbalmente as suas emoções. O uso do Psicodrama na CERCIVAR, tem sido uma ferramenta benéfica na promoção da inclusão social, uma vez que é utilizado em atividades orientadas para o desenvolvimento: • da expressão emocional proporcionando um espaço seguro para as pessoas com deficiência expressarem as suas emoções e pensamentos de diversas formas, ajudando assim a desenvolver uma melhor compreensão de si próprias e dos outros, e melhorar as suas capacidades de relacionamento. • da participação ativa dando a oportunidade de vivenciar algumas atividades que possam ser desafiantes ou fora da sua zona de conforto, desenvolvendo uma sensação de segurança, maior autoestima, autoconhecimento do seu potencial e um sentimento de ser incluído e valorizado. • da estimulação da empatia e a compreensão permitindo ver o mundo de uma perspetiva mais coletiva e empática, já que somos constantemente convidados a ver o mundo através dos olhos dos outros, possibilitando criar relações mais saudáveis e positivas. Em geral, o Psicodrama tem sido uma ferramenta terapêutica perfeita para estimular a criatividade e desenvolver a espontaneidade nos nossos clientes, que na maioria das vezes, enfrentam múltiplas limitações físicas, psicológicas e sociais. Tem ajudado a superar algumas das barreiras, exigindo um espaço seguro e controlado no qual possam explorar e experimentar de forma criativa e autêntica. Ao participar em sessões de psicodrama, os clientes tendem a aumentar a autoestima e confiança, melhorar a sua capacidade de comunicar e relacionar-se com os outros, e consequentemente, melhorar a sua qualidade de vida e aumentar a sua inclusão social. l O Psicodrama como catalisador da Inclusão Social ―Renny Gil Diaz― Psicólogo na Residência de Autonomização e Inclusão da CERCIVAR


NOVEMBRO 2023 | 61 Da cama para a carrinha, da carrinha para o curso”, afirma Maria, 58 anos, desempregada de longa duração, beneficiária do Rendimento Social de Inserção. No projeto Academia Social trabalhamos com esta problemática, vivida à letra pelos destinatários do projeto. Indivíduos de meia-idade, doentes física e mentalmente, desempregados, em situação de insuficiência económica e muito isolados. Na sua maioria, pouco autónomos, com pouca experiência profissional e sem esperança em relação ao futuro. Indivíduos marginalizados, que não veem o mundo como nós o vemos. Alguns gostariam de trabalhar um dia, outros não acreditam ser capazes… Fazemos questão de ir buscar os destinatários a casa, porque sabemos que, caso contrário, não terão a energia e motivação necessárias para se deslocar até às sessões de capacitação. Temos de acordar alguns (que à hora do transporte ainda estão deitados), alimentar outros (que não têm as condições necessárias para o fazer) e, sempre que necessário, fornecer suporte emocional e acompanhamento social (dado que experienciam regularmente situações extremas complexas, relacionadas com a doença mental, a condição de sem abrigo, a violência doméstica, entre outros). O Projeto Academia Social tem como principal objetivo reduzir a exclusão social, a pobreza, o desemprego e o desperdício, capacitando os destinatários para o mundo do trabalho, aumentando as suas competências pessoais, sociais, emocionais, ecológicas e digitais, e correspondendo às necessidades concretas e efetivas do mercado de trabalho. Para isto, formámos três grupos, que foram capacitados em termos teóricos e práticos, numa de três áreas profissionalizantes: • carpintaria e restauro de móveis; • costura e moda; • cozinha. Este projeto, financiado pelo Fundo Social Europeu e pelo Orçamento de Estado, tem a duração de 3 anos, de novembro de 2021 a outubro de 2023. Portanto, parece que estamos na reta final… Mas a Academia Social um projeto de capacitação e inclusão ―Teresa Pinto Luís― CERCIZIMBRA exclusão social, o desemprego e a pobreza não se esgotam. E os recursos humanos e económicos das equipas, muitas vezes, não são suficientes para dar resposta a estas problemáticas, o que reforça a necessidade de intervenções e projetos focados nesta realidade. É urgente lutar por uma sociedade mais igualitária e humanitária, construir uma consciência social mais amiga e justa, lutar pelos direitos humanos e relembrar o mundo que a dignidade é para todos… l


CERCIS: O CAMINHO FAZ-SE A ANDAR 62 | REVISTA FENACERCI OCIC - Centro de Inclusão Comunitária da RUMO, resposta tipificada como Centro de Atividades e Capacitação para a Inclusão, funciona, desde 2012, respondendo a 15 clientes adultos com deficiência intelectual e/ou motora dos concelhos do Barreiro-Moita. São pessoas que, para além das suas limitações, tiveram no seu percurso de vida restrições à participação em situações de vida, tais como higiene e cuidado pessoal, atividades de vida diária, fazer compras, aceder a atividades de cariz recreativo, desportivo, cultural, lazer, condicionando a sua autonomia e tomada de decisão. O CIC tem a missão de trabalhar os Projetos de Vida dos clientes, potenciando ao máximo as suas capacidades e o seu crescimento enquanto pessoas de plenos direitos. Privilegiamos na nossa intervenção a inclusão social desenvolvendo a maior parte das atividades em equipamentos da comunidade realizadas em conjunto com outros públicos, nomeadamente judo, piscina (natação), ginástica e dança. As atividades desportivas desenvolvidas com O Desporto como Ferramenta de Inclusão ―A Equipa do CIC― Centro de Inclusão Comunitária da RUMO entidades parceiras têm contribuído para melhorar a qualidade de vida e integração dos clientes do CIC a nível comunitário e social, contribuindo para uma melhoria psicomotora e estimulação psíquica através da interação com outros e promoção de um estilo de vida saudável. Estas atividades permitem desenvolver um conjunto de capacidades como a autoestima, a autoconfiança e a valorização pessoal, fomentado assim a sua autodeterminação. Ao longo destes 10 anos de atividade, sobretudo nos últimos dois, o Judo e a Dança têm ganho uma relevância assinalável nas atividades desportivas desenvolvidas junto da comunidade. No Judo, alguns dos nossos clientes têm participado em Campeonatos Nacionais de Judo Adaptado, obtendo na sua categoria várias medalhas e visibilidade junto da comunidade, nomeadamente na participação na Gala do Desporto de 2022 promovida pela Câmara Municipal do Barreiro e na participação no programa televisivo da CMTV - “Manhãs CM”, sobre o Judo Adaptado, onde fizeram uma demonstração e deram o seu


NOVEMBRO 2023 | 63 “Entre a Dança, Ginástica, Natação e Judo, gosto de todas, porque são todas diferentes. A Ginástica gosto porque ajudo a prof. Sara a dar a aula e isso é muito bom para mim, fico muito feliz.” Carlos O Filipe gosta da Ginástica porque tem música e, assim, pode dançar (que é das atividades que mais gosta) e da aula de Dança porque, além de dançar, gosta muito da professora Nádia. “Gosto muito da piscina porque brinco dentro de água e sabe muito bem-estar lá dentro. Também gosto do Judo, porque gosto do Mestre Filipe e gosto de fazer cambalhotas”. Rudrick “Gosto de fazer as caminhadas porque faz bem ao corpo e distrai-me a cabeça”. Rafael “Eu gosto do Judo. Já fui três vezes ao campeonato de Judo, o primeiro campeonato fiquei em 3.º lugar e no segundo fiquei em 2.º lugar”. Leonardo “Os campeonatos de Judo foram importantes, pois estive em conjunto com outros praticantes de Judo. Eu e mais três colegas participámos na Gala do Desporto da Câmara do Barreiro, que aconteceu junto à Start Up do Barreiro, recebemos medalhas por termos participado nos campeonatos de Judo. A minha mãe foi assistir ao vivo e a minha família assistiu pelo WhatsApp. Gostei muito de participar”. Márcia “No Judo gosto muito de aprender a lutar com colegas e já ganhei a medalha de 1º lugar”. Cláudia “A dança é a minha paixão”. Filipa testemunho. Na Dança, têm sido realizadas várias apresentações na comunidade, em festas e em eventos públicos, havendo a perspetiva de alargar e enriquecer esta atividade através do financiamento pelo INR do Projeto “Arte de Capacitar”, onde pretendemos disseminar a nossa intervenção junto de outras entidades. Estas atividades são bastante valorizadas pelos clientes como testemunham as suas palavras, a motivação, os seus progressos e sucessos alcançados. l


CERCIS: O CAMINHO FAZ-SE A ANDAR 64 | REVISTA FENACERCI RAI - um Modelo de Inclusão a Replicar Afuncionar desde 2021 as duas Residências de Autonomização e inclusão (RAI), da CERCI Braga, viram recentemente aprovadas o protocolo de cooperação com o Instituto da Segurança Social, I.P. Estas duas respostas sociais encontram-se integradas no centro da cidade em dois apartamentos de tipologia T4 e a sua localização dista da Sede da Cooperativa e da resposta social existente. De cariz habitacional inserida na comunidade vão de encontro ao preconizado na Carta Social Europeia sobre o direito à autonomia, à integração social e à participação na vida da comunidade das pessoas com deficiência. Desde logo, esta participação ativa se faz sentir através da partilha das atividades da vida diária (AVD’s), como a organização e cuidado do espaço, o apoio na preparação da refeição, a escolha das ementas, as compras, entre tantas outras que fazem parte das rotinas diárias deste contexto residencial. A atuação nos princípios da autodeterminação, autonomia e inclusão, têm como objetivo identificar, responder e adequar o tipo e a intensidade do apoio às necessidades e aos diferentes contextos das áreas da vida dos residentes. São exemplo deste modelo a inserção de três residentes em Atividades Socialmente Úteis (ASU´s). Para além das atividades planeadas, os residentes participam autonomamente de forma individual ou em grupo nas atividades disponíveis e abertas à comunidade tais como: assistir aos jogos do Sporting Clube de Braga (clube de proximidade e do qual já são adeptos), caminhadas, ir à missa, ir ao shopping, festas e eventos, entre outras. A parceria com a Junta de Freguesia onde estão inseridos é mais um exemplo de boas práticas e inclusão na comunidade onde estão inseridos pela sua participação na horta comunitária. Sentimos que este é um modelo de inclusão a replicar e disseminar, pela natureza das evidências alcançadas no que respeita à autonomia, integração social e participação na vida da comunidade por parte das Pessoas com Deficiência intelectual. l Assim, partilha Manuel, inserido numa empresa familiar de jardinagem:“eu gosto do meu trabalho, o Sr. José é fixe, é muito meu amigo e este foi o primeiro trabalho que aprendi.” A Carla, inserida na lavandaria de um hotel de 5 estrelas partilha por seu lado que, todos gostam dela e que ela gosta muito do seu trabalho e que sabe passar a ferro muito bem. O Fernando, inserido numa empresa que produz componentes para o ramo automóvel, cuja função é controlar as peças com defeito, refere que com este dinheiro pode comprar as suas coisas sem ter que pedir à cunhada.


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NÓS POR NÓS PRÓPRIOS A individualidade de cada um é o que nos distingue e nos torna seres especiais. Ter a oportunidade de dar voz ao que somos, ao que gostamos e ao que queremos é um direito que devemos exercer para que os outros reconheçam a importância da pluralidade e a beleza que esta traz ao mundo em que vivemos. As pessoas com deficiência intelectual também têm uma palavra a dizer sobre a sua vida, sobre os seus sonhos, as suas conquistas e este espaço é isso mesmo – um espaço onde cada um pode e deve participar sabendo que a participação é o “passaporte” para vivermos a nossa vida com sentido.


NÓS POR NÓS PRÓPRIOS 68 | REVISTA FENACERCI A qui sou feliz! É assim que gostava de falar sobre a minha história. O meu nome é Maria do Carmo, tenho paralisia cerebral. Gosto de ser ativa e de realizar as atividades que promovam a minha participação, autonomia, inclusão social e empoderamento. Estou na Casa da Boavista, em Lousada, um CACI – Centro de Atividades e Capacitação para a Inclusão - desde 2015 e é aqui que completo a minha felicidade. Sou apaixonada por Boccia, trabalhos manuais e costura. É na costura que desenvolvo as minhas competências e criatividade. Tenho um acompanhamento personalizado na Casa da Boavista e ao longo dos anos já fiz várias conquistas, como, conseguir manter o equilíbrio, andar no andarilho, sentar-me sozinha e ir à casa de banho sem ajuda. Na ACIP temos todos um papel muito importante e damos voz aos nossos sonhos, participando ativamente e dando os nossos contributos no grupo de autorrepresentação. Este grupo foi criado com o intuito de abordar temas relacionados com a atualidade, deveres e direitos da pessoa com deficiência, atividades que gostávamos de realizar, assim como, traçar um plano anual de atividades da organização. Com estas reuniões também podemos ajudar os colegas que não conseguem expressar a sua opinião, pensando na melhor forma de contribuirmos para o seu bem-estar e qualidade de vida. Eu gosto muito de participar nas reuniões de autorrepresentação, são muito importantes para mim porque sinto que ouvem as nossas sugestões e porque me dão autonomia para dizer o que penso. Conversamos muitas vezes sobre a importância do empoderamento, da nossa capacitação e de nos tornarmos cada vez mais autónomos e com uma palavra a dizer acerca das nossas vidas e do nosso futuro. Uma Palavra a Dizer Acerca das Nossas Vidas e do Nosso Futuro! A ACIP trouxe-me felicidade e permitiu que eu pudesse fazer coisas que nunca imaginei (férias, andar de avião, ir ao mar de forma livre e poder estar na incluída na sociedade, participando em todas as atividades), realizar e por isso hoje sinto-me uma pessoa diferente. Na ACIP sinto que posso fazer tudo, e que, o problema que tenho, a paralisia cerebral, não é um impedimento para participar nas atividades e nas decisões que tomamos sobre a nossa vida e o nosso futuro. l ―Maria do Carmo― Cliente da ACIP


NOVEMBRO 2023 | 69 N a normalidade, um cidadão geralmente só se lembra dos seus direitos. Não tem mal algum lutar para melhorar as condições de vida, mas infelizmente, a falta de dever cívico é uma preocupação nos dias de hoje. Apesar de termos direito a isto e aquilo, sobretudo temos o dever. Se um indivíduo que pertence a um estado livre, deve assumir conscientemente a responsabilidade perante a sociedade, sendo a democracia o poder do povo, devemos participar ativamente na sustentabilidade, solidariedade, responsabilidade e em prol do bem comum. Não somos uma ditadura ou uma anarquia, somos cidadãos de um país e de um mundo, e afinal verdadeiramente ser humanos. Na cidadania, podemos afirmar ser uma família planetária, ou seja, todos diferentes fisicamente, mas todos humanos na essência. l Cidadão do Infinito ―Carlos Gabriel Ventura― Formando do Curso de Serralheiro/a Civil do CEERDL E u sou a Rita Lopes, trabalho na Confeitaria Elvina da Amadora, na fábrica dos bolos. Chego lá, todas as manhãs, antes das 9h00 e ajudo no que me pedem: a varrer, nas etiquetas, nas caixas dos bolos e faço recados. Oferecem-me sempre o pequeno-almoço: leite, café, chá, bolos, pão com manteiga, croissant, é tudo delicioso! O meu patrão é o Sr. Luís e as colegas são a Márcia, a Marlene e a Luana, são todos muito queridos para mim.” l ―Rita Lopes― Cliente da CERCIAMA


NÓS POR NÓS PRÓPRIOS 70 | REVISTA FENACERCI Omeu nome é David Alhinho, tenho 46 anos e sou natural de Lisboa. Sobre mim mesmo, sei que vim para Beja ainda bebé e que fui adotado. Após o falecimento dos meus pais adotivos, fui para uma instituição, a “Casa do Estudante”, em Beja, onde estive durante alguns anos. Depois fui para o Lar Residencial “Vidas Coloridas” da CERCIBEJA, onde estou até ao momento. O que eu mais gosto é de ouvir música, ver filmes, conviver com os meus amigos e também praticar desporto, mais precisamente ginástica acrobática, e de ter viajado de avião, quando participei num Projeto sobre o emprego para as pessoas com deficiência, que adorei mesmo… Sobre o meu percurso escolar, tenho o 9º ano de escolaridade. Em 1991, entrei para a CERCIBEJA, mais precisamente para a Formação Profissional, onde concluí com sucesso o curso de Serigrafia. Estava desejoso de começar a trabalhar, contudo, de início não consegui logo realizar este meu desejo. Finalmente, de abril de 2005 a março de 2006, tive o meu primeiro trabalho, como auxiliar de serviços gerais na Associação de Municípios do Baixo Alentejo e Alentejo Litoral. Mas não fiquei a trabalhar nesta Associação. Em janeiro de 2008, entrei para o Centro de Atividades Ocupacionais da CERCIBEJA e para minha alegria, nesse mesmo ano, comecei a trabalhar na Escola Superior de Educação de Beja, através de Atividades Socialmente Úteis (ASU). Este trabalho permitiu-me aprender mais, conviver com muitas pessoas (professores, alunos e colegas de trabalho) e principalmente aprendi a saber tomar decisões, a resolver problemas e ter mais confiança em mim próprio. Uma das grandes surpresas da minha vida foi quando em 2019, assinei contrato de trabalho com a Escola Superior de Educação de Beja (Instituto Politécnico de Beja), como Assistente Operacional. Devido ao meu esforço, de gostar de aprender e de estar sempre disponível para ajudar, foram-me dando tarefas de maior responsabilidade como, entregar material em salas de aula, ginásio, auditórios, entregar material escolar a estudantes e professores, distribuir o correio, ajudar a dar e organizar material para eventos feitos pela Escola e ser responsável pela portaria. Para além da surpresa de estar a trabalhar, outra grande alegria que tive, foi o ter descoberto dois irmãos que não sabia que existiam, e agradeço aos técnicos da CERCIBEJA por me terem ajudado no reencontro. Hoje percebo que o reencontro com os meus irmãos mudou muito a minha vida, são os meus pilares, assim como a “família” CERCIBEJA. Para me sentir totalmente feliz, gostava ainda que estar mais vezes com os meus irmãos e de ter a minha própria casa. l Uma Vida Contada entre Linhas! ―David Alhinho― Cliente do Lar Residencial Vidas Coloridas da CERCIBEJA


NOVEMBRO 2023 | 71 S ou o Zé! Nasci surdo e com outras sequelas da rubéola que a minha mãe teve durante a gravidez. Conheci a CERCIBEJA através da minha vontade em me ocupar e mudar a minha vida e a da minha mulher, que também é surda, a Mariana. Entrei em julho de 2021 para a Formação Profissional da CERCIBEJA, para um curso de Cozinha/Pastelaria, com o formador João Vaz… que muito me ensinou! Sempre gostei de cozinhar e fazer bolos! Gosto de aprender novas receitas e sei que basta um pouco de persistência e vontade para que a receita saia bem! E depois com amor e carinho não há porque não correr bem! Em maio de 2022, tive que iniciar a minha formação em contexto de trabalho. Surgiu a oportunidade de continuar a formação no Continente, Beja, na seção da Padaria/Pastelaria. Todos me acolheram de forma calorosa e simpática…desde os chefes até aos colegas da padaria, que comigo passam algumas horas durante o dia! Faço de tudo um pouco nesta seção e sei que me estou a tornar um pasteleiro de mão cheia! Não sei bem como dizer isto, mas gosto deste desafio e sei que vou aprender muito mais!!!! Obrigada pela oportunidade! gostava muito de ficar a trabalhar com um contrato de trabalho para poder ficar tranquilo e pagar as minhas despesas, casa e alimentação! Estou feliz por estar aqui! l Um Pasteleiro de Mão Cheia ― José Fitas― Curso de Cozinha/Pastelaria, CERCIBEJA


NÓS POR NÓS PRÓPRIOS 72 | REVISTA FENACERCI E u comecei em meados de março uma atividade que foi uma experiência nova para mim, comecei a realizar uma atividade socialmente útil (ASU). Eu estou a gostar muito deste trabalho. Nesta atividade sou fotógrafo, tiro fotografias das atividades que os clientes fazem dentro e fora da Cerci. Eu faço o registo da atividade em que os meus colegas participam e depois utilizo para escrever textos para publicar nas redes sociais da Cerci. Esta minha atividade faz com que a comunidade saiba o que nós fazemos na CERCIGAIA. Eu gostava que este meu período de experiência de 2 meses fosse para continuar, pois estou a gostar muito desta ASU. A Terapeuta Raquel propôs esta atividade para mim e está a ajudar-me a realizá-la da melhor forma.” l ASU - Uma Experiência Nova para Mim ― Jorge Pereira― cliente da CERCIGAIA


NOVEMBRO 2023 | 73 N a CERCIMARANTE tivemos um projeto europeu chamado ME and MEDIA e nós fizemos parte deste projeto durante 2 anos. Durante estes 2 anos, juntamente com a colaboradora da CERCIMARANTE, Fátima Monteiro e a Técnica da FENACERCI, Carla Silva aprendemos muitas coisas importantes sobre as redes sociais. Aprendemos que não devemos falar com pessoas estranhas, não devemos publicar assuntos pessoais nas redes sociais, não devemos dar conhecimento das nossas palavras-passe, etc. Mas as redes sociais também são importantes quando usadas corretamente. Através das redes sociais podemos reencontrar amigos de infância, manter contacto com os familiares que estão distantes, podemos ver como estará o tempo, notícias sobre acontecimentos da nossa terra ou país, etc. Durante estes 2 anos realizámos atividades muito interessantes, como por exemplo: jogamos o jogo online do MEME; realizámos jogos sobre as redes sociais; assistimos a um filme sobre as redes sociais; tivemos um encontro com alguns jornalistas Projeto MEME – Aprendizagens que Contam! locais; fomos ao parque aquático de Amarante e descobrimos como é importante a nossa privacidade, criámos um Jardim MEME em homenagem à nossa colega Aidinha e, por fim, tivemos uma visita muito importante dos nossos amigos europeus que também estão a participar, nos seus países, no Projeto MEME. Nós gostámos muito de ter participado neste projeto e de todas as atividades que realizámos.” l ― Filipe Diogo Babo, António Miguel Moura, Cátia Magalhães e Albina Guimarães― Clientes do Centro de Atividades e Capacitação para a Inclusão da CERCIMARANTE


NÓS POR NÓS PRÓPRIOS 74 | REVISTA FENACERCI O lá a todas as pessoas desta comunidade. As pessoas com deficiência são pessoas diferentes, mas todas iguais. Quando frequentaram as escolas deste país eram incompreendidos e não eram tratados como pessoas com deficiência, e daí resultar o insucesso e o desaproveitamento escolar. As escolas não estão preparadas para ter alunos com necessidades especiais. Quando saíram das escolas, muitos deles tiveram que ficar em casa, sem sítio que as pudesse receber porque não havia nada para os integrar. Depois foram criadas as CERCI’s, que são instituições pensadas para as pessoas com deficiência. Nas instituições já puderam frequentar várias atividades, tais como: hipoterapia, desporto, dança, natação, etc. Estas atividades são importantes, pois tiveram impacto no seu desenvolvimento, no relacionamento interpessoal, a nível da saúde e também a nível psicomotor. Caso estivessem em casa não poderiam ter. Eu sou o Diogo Antunes, fiz o 9º ano e depois fiquei alguns anos em casa. Ocupava o meu tempo com tarefas, mas fazia pouco. A minha família, mais propriamente a minha mãe e o meu irmão, acharam que não era vida para mim. Com a ajuda da psiquiatra que me deu a conhecer a CERCILEI, e com a persistência da minha família, aceitei integrar-me no Centro de Atividades Ocupacionais. Inicialmente não foi fácil, pois estive muitos anos em casa e não me revia no grupo. Mas com ajuda da equipa técnica consegui ultrapassar as minhas dificuldades, que acabou por ser muito bom, O Meu Percurso de Integração e a Importância que Teve na Minha Vida! pois estou ocupado, faço trabalhos muito bons, tais como: pintar loiça e fiz uma almofada de Arraiolos, foi muito gratificante para mim. Além disso vou à Hipoterapia que é uma atividade que gosto bastante. l ―DIOGO ANTUNES― Cliente da CERCILEI


NOVEMBRO 2023 | 75 N as sessões terapêuticas, abordamos e pesquisamos assuntos que nos fazem refletir… Nos nossos dias, deparamo-nos com diversas dificuldades, como arranjar emprego, ir às compras, andar nos transportes públicos ou abordar pessoas na rua. Ao reconhecer estas dificuldades, sentimos que ainda existem poucas acessibilidades na sociedade, e falta de iniciativa da população de entreajuda nos locais públicos. Porém, o facto de algumas organizações em parceria com a comunidade, promoverem boas práticas locais, tais como atividades e experiências, acabam por criar a oportunidade de nos envolver. Deste modo, sentimos uma maior ligação e também um maior sentimento de inclusão, pois quando vamos na rua algumas pessoas reconhecem-nos, cumprimentam-nos e tentam ajudar-nos, ou até pelo contrário, até sorriem por nos verem tão “desenrascados”. Recolhemos também junto dos nossos colegas informações sobre o que sentem ao participar nas experiências e desafios, bem como, acerca da existência de barreiras na comunidade. Podemos dizer que relativamente à oportunidade de experiências o balanço é positivo. Algumas das atividades em destaque foram a possibilidade de trabalhar na comunidade, idas à praia / piscina, ca- + Inclusão Social minhadas em grupo, visita a locais da comunidade, passeios a Lisboa, e visitar monumentos. Uma colega mencionou uma visita a Espanha, através da FENACERCI, e referiu que sentiu diferenças na comunidade e na acessibilidade. “Senti que lá a população era mais inclusiva e compreensiva com pessoas com dificuldades”. Relativamente às barreiras, os nossos colegas afirmaram que ainda se fazem sentir algumas, como arquitetónicas (falta de sinalização nas passadeiras, inexistência de rampas, obras a obstruir passeios, etc); barreiras de atitude (julgar, apontar o dedo e desprezar o outro); de comunicação e informação (por exemplo nos transportes, entre outros). Assim, gostaríamos que as entidades competentes ajudassem, e promovessem mais acessibilidades, de forma inclusiva e justa a nível nacional. Agradecemos as experiências que a sociedade nos tem proporcionado, pois através destas conseguimos também reparar em adaptações ou inovações a melhorar para uma comunidade mais equitativa. Achamos que também nós, por vezes, temos de ser flexíveis ao ponto de nos adaptarmos aos obstáculos por mais pequenos que se pareçam, no nosso dia-a-dia. Continuamos em busca de novas aprendizagens e estamos disponíveis para ajudar a tentar adaptar a comunidade a todos. l ―Bruno Grosso, Isabel Batista, Pedro Pereira e Rodrigo Coelho― Clientes da CERCILEI a importância das acessibilidades


NÓS POR NÓS PRÓPRIOS 76 | REVISTA FENACERCI NÓS POR NÓS PRÓPRIOS


NOVEMBRO 2023 | 77


NÓS POR NÓS PRÓPRIOS 78 | REVISTA FENACERCI Ogrupo de autorrepresentantes da CERCIMIRA tem a designação “Sem Barreiras”, em homenagem ao seu fundador, Dr. Eduardo Barreira, que na sua vida sempre defendeu e nos ensinou que “somos todos iguais nas diferenças de cada um”. O grupo foi fundado em 1999 e desde dessa altura promove o direito que as pessoas com deficiências e incapacidades têm de falar e decidir em causa própria, o direito à tomada de decisão e o respeito que estes direitos merecem no seio da nossa organização e na sociedade em geral. Reunimos na primeira semana de cada mês para debater variados temas relacionados com o universo da deficiência. Construímos uma opinião sobre os temas em debate, sempre em prol da melhoria da qualidade de vida das pessoas com deficiência, dentro e fora da nossa organização. Decidimos sair da zona de conforto e fomos sensibilizar os nossos decisores políticos locais para as nossas necessidades, porque é possível juntos construirmos mais e melhor. Assim, no dia dezasseis de dezembro de dois mil e vinte e dois deslocámo-nos à Assembleia Municipal de Mira, onde a Líder do Grupo fez uma intervenção, a fim de expressar aos membros Cidadania sem Barreiras deste órgão de decisão e representação local, as dificuldades que sentimos no dia a dia, no concelho de Mira. Enumerámos questões de acessibilidades aos edifícios públicos, a ausência de passadeiras no areal até à zona de banhos e a necessidade de melhoramentos na piscina municipal. Mais que assinalar os pontos anteriores, apresentámos a nossa total disponibilidade e vontade, para a criação de um grupo de trabalho, onde possamos, em conjunto com a autarquia de Mira, construir um município mais inclusivo. No final da intervenção da nossa Líder, fomos muito elogiados, pela nossa iniciativa, pelo Exmo. Sr. Presidente da Mesa da Assembleia e do Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal de Mira. Os representantes dos diferentes partidos políticos também pediram a palavra e não só apoiaram, como manifestaram interesse em fazer parte desse grupo de trabalho. Ficámos muito satisfeitos e felizes com a recetividade de todos e acima de tudo, pelo facto de termos praticado um ato de cidadania! Prometemos que vamos continuar a nossa caminhada e derrubar tantas barreiras quantas aquelas que nos forem colocadas. l ―Grupo de autorrepresentantes da CERCIMIRA―


NOVEMBRO 2023 | 79 H á alguns anos as Cerci´s participavam em algumas atividades do desporto escolar. Tinham crianças e jovens que faziam também a competição com os alunos das escolas. Como a CERCIPENICHE também fazia canoagem, surgiu a possibilidade dos seus clientes também se integrarem com os alunos. Recebemos um convite de uma escola de Peniche e fomos experimentar fazer os treinos de canoagem com eles. A experiência resultou tão bem que descobrimos que as pessoas com deficiência intelectual poderiam colaborar dando apoio nas provas. Esta parceria com o desporto escolar tem mudado a minha vida para melhor. Tem-me ajudado a sentir que posso atingir os meus sonhos e melhorar a cada dia. Nas provas de canoagem fazemos várias coisas. Ajudamos as crianças mais pequenas a colocarem de forma correta os coletes pois a segurança é fundamental. Damos apoio dentro de água para o caso de ser necessário ajudar algum aluno com menos experiência. Fazemos o registo fotográfico. Damos as partidas com a buzina ou com o apito. Ajudamos os alunos na entrada nas canoas e nas saídas. Se for preciso também apoiamos na chamada dos diferentes escalões. Os professores das várias escolas do Oeste são espetaculares connosco. Toda a gente nos acolhe muito bem. Eu acho muito importante estar a ajudar os alunos porque sinto que todos me aceitam, respeitam e reconhecem as minhas capacidades. É uma forma de me sentir incluído e me conseguir superar. Sou muito feliz nesta atividade! l Canoagem Inclusiva: Sou Muito Feliz nesta Atividade! ―Igor Neto― Cliente da CERCIPENICHE


NÓS POR NÓS PRÓPRIOS 80 | REVISTA FENACERCI A tualmente não existe igualdade para todos, como por exemplo no trabalho e nos projetos de vida. Muitos lutam para ter uma vida estável, na qual se enquadra ter uma família. É importante que as pessoas com ou sem deficiência, sejam livres de escolher qual o desafio que querem alcançar no seu projeto de vida. É certo que hoje em dia as pessoas deparam-se com muitas dificuldades para realizar os seus sonhos, porém, tal não justifica atitudes de preconceito para com as pessoas com deficiência. O preconceito impede que as pessoas com deficiência arranjem emprego, e este demonstra-se essencial para todos nós. Associado ao preconceito, vem a discriminação que as pessoas com deficiência sentem no seu dia-a-dia. A discriminação provoca raiva, revolta e, em boa verdade, quando se está absorvido destes sentimentos, perde-se a vontade de lutar por aquilo que nos faz pulsar para vencer. Afinal, se duas pessoas conseguirem trabalhar da mesma forma, não devem ser discriminadas por serem diferentes, certo? Sinceramente, sinto que o povo pensa que a pessoa com deficiência é inferior às outras, que é ser um “coitadinho” ou age por pena, mas não deveria existir esse preconceito, porque acredito que seja uma forma de bullying às pessoas com deficiência. Imaginem que percorriam milhares de quilômetros por uma estrada rodeada sempre da mesma vegetação, com a mesma tonalidade de cor, com a mesma forma e com o mesmo aroma. Ao fim de uma centena de quilômetros percorridos estaríamos desmotivados de ver a mesma vista. Porque se houvesse uma espécie, uma só espécie, era aborrecido. Nós precisamos de ver árvores de diferentes espécies, animais que voam, correm ou nadam, flores coloridas, etc. Isto é diversidade! A diversidade é boa para a humanidade, e todos devemos respeitar-nos uns aos outros. Afinal, somos todos diferentes mas todos iguais. Sou uma pessoa que só pretende viver com sentido de ser feliz. Esta felicidade talvez só alcançarei quando me sentir estável a nível fisiológico, emocional e social. Manifesto à Igualdade Sim, porque apesar de ter uma deficiência, tenho consciência que com o apoio certo sou capaz de aprender a ter uma vida autónoma e feliz. Só preciso de oportunidades para vencer na vida. Porque a vida são dois dias. l José Ricardo Gomes da Silva é um homem de 39 anos com uma deficiência intelectual leve-moderada, integrado na resposta das residências de autonomização e inclusão. Tem demonstrado que os sonhos não têm limites. É um sonhador e sempre se esforçou por alcançar os seus objetivos, encontrando na escrita uma forma de expressar as suas ideias e pensamentos. Recentemente, o José Ricardo escreveu um livro de poesia intitulado "Gaivota Mãe", com 36 poemas, no qual se pode apreciar a sua sensibilidade e a sua capacidade de transmitir emoções através das palavras, apelando à igualdade num texto intitulado "Manifesto a igualdade". José Ricardo é um exemplo de que as pessoas com deficiência intelectual têm talentos e capacidades únicas que devem ser valorizadas e respeitadas. A sua paixão pela escrita e o seu compromisso com a causa da igualdade são uma inspiração para todos aqueles que lutam por um mundo mais justo e equitativo. O seu trabalho é um apelo à igualdade e à inclusão, que deve ser lido e apreciado por todos. O seu exemplo mostra que os sonhos podem tornar-se realidade, se houver esforço e trabalho árduo, acreditando sempre em si próprio. ―Cliente da RAI |CERCIVAR―


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ABRAÇO VENHA DE LÁ ESSE Os abraços são um gesto enorme dos amigos que trazemos ao peito e que nos ajudam a fazer o caminho da inclusão. São braços que nos acolhem! São motivo de celebração e gratidão! Muito obrigado.


84 | REVISTA FENACERCI "Não somos apenas um lugar no mundo. Somos um mundo em cada um de nós." VENHA DE LÁ ESSE ABRAÇO


NOVEMBRO 2023 | 85 C ataloga-se a diferença com conceitos redutores de disfunção. Rotula-se de incapacidade e limitação tudo e todos fora da norma e do padrão. Mas... O que é ser-se igual? O que é ser-se diferente? Quais os parâmetros? As linhas que nos cosem? E as que nos descosem? A verdade é que apenas a Arte se dedica à diferença, e dela corre atrás. Na Arte, grande maioria dos artistas querem, procuram, a diferença. Há artistas que se esgadanham por olhares diferentes, para serem catalogados de diferença. Na vida, o oposto acontece. Os iguais querem ser diferentes. Os diferentes querem ser iguais. Somos todos dotados de incapacidade no encontro do equilíbrio saudável em lados A's e lados B's. Encontrar e aceitar a magia de tudo o que somos no seu mais amplo espetro é dos maiores desafios da humanidade. Os olhos do mundo padronizam-se. Formatam- -se. Atiram para caixas a dita ‘normalidade’ e o que delas sai fora, cai na dita ‘anormalidade’. Porque não pode a humanidade largar-se das caixas? Compreende-se que as tais ‘caixas’ nos enquadram e balizam numa sociedade que necessita legislar e agrupar genericamente. Porém, tal como a Arte enaltece a diferença, porque não enaltecemos todos a beleza da diferença na vida sempre? Porquê umas vezes abraçar a diferença, porquê tantas outras vezes dotarmo-nos da incapacidade de a enquadrar, de a abraçar e até de a compreender. Porque não admirar? Admiro a diferença na vida, e atrás dela não corro na arte. Defendo-a na vida. Enquadro-a na Arte. Ao questionar, a inocência de uma criança de 9 anos, perguntei o que era ser-se diferente e o que era ser-se igual, segundo ela e para ela. A ingenuidade da resposta mostra um enquadramento e um olhar ‘desformatado’ que me interessa. Não sendo brilhante nem deixando de ser, a resposta fascina. Para ela e segundo ela: ‘Ser igual é ser a pessoa que eu sou. Ser diferente é mudar, sei lá eu! É mudar da pessoa que eu sou.’ Fascina-me a resposta porque se centra em si apenas. E não nos outros, não na comparação com outros. Não na inclusão nem na exclusão de caixas, de normas, de balizas nem das dos outros, nem da sociedade. Mas sim as suas próprias e únicas caixas. Sermos, é e deve ser sempre apenas isso: esse lugar único no mundo de comparação connosco mesmos. Na magia da diferença ou semelhança do que somos. Na comparação simples e ímpar de nós para connosco mesmos. Lembrar e sublinhar que diferenças nos cabem a todos, e é precisamente aí que existe e tem lugar a luz e o brilho que nos atende. Recordando que na igualdade existe sim uma luta a travar, mas no que aos direitos diz respeito. A igualdade, não aquela de nos catalogarmos como iguais, mas a igualdade onde não se faz uma ode a múltiplos da mesma forma. A igualdade não a de sermos todos iguais, mas sim a igualdade no direito à diferença e a diferença abraçada e incluída na caixa do respeito igual. Somos todos um lugar no mundo. Um lugar de diferença. Que tem e que deve ser respeitado de forma igual. Somos também um lugar tantas vezes de semelhança. Um lugar que é tão específico quanto ímpar, quanto semelhante e diferente. Que tem e que deve ser sempre enquadrado e incluído na paisagem de um olhar enaltecido, no mínimo, respeitado. Não somos apenas um lugar no mundo. Somos um mundo em cada um de nós. Temos por isso, direito puro à diferença absoluta e à luz da igualdade no direito. Aprendamos com os pequenos não formatados por gavetas da sociedade. É que ser-se igual pode mesmo ser apenas só isso: ser-se quem se é. E sem que isso nunca inclua outros na equação, nem nenhuma comparação. Somos todos um lugar no mundo. l ―Ana Rocha Sousa― ATRIZ E DIRETORA DE CINEMA DR


86 | REVISTA FENACERCI T endo sido convidada para a criação da capa da revista deste ano, foquei-me no traço azul como a linha que une tudo. Esta é a minha ideia da visão do mundo das pessoas com deficiência intelectual, ainda que cheia de desafios e obstáculos, elas não deixam de dar cor ao mundo e de nos lembrar que juntos vamos mais longe. No mundo caótico de hoje é fácil perdermos o foco. Temos de esboçar ideias, estratégias e planos de ação para que consigamos ver uma evolução positiva. Nem sempre as coisas correm como planeado, mas é ao estarmos seguros que mesmo com obstáculos pela frente, juntos, o resultado enche-nos o coração. l Vanessa Teodoro ―Artista Visual― Conheça mais sobre o trabalho desta artista em: https:// vanessateodoro.com/ DR VENHA DE LÁ ESSE ABRAÇO


NOVEMBRO 2023 | 87 A s diferenças são compreendidas como distância, barreiras que nos separam uns dos outros, vivemos em sociedades regidas por filtros sociais e superficiais que nos afastam do verdadeiro sentido do que é a existência, a existência não é o ter ou o fazer, mas sim o ser. Cada um de nós é um complexo nano cosmos com caraterísticas únicas a acrescentar neste espaço partilhado, o que nos diferencia uns dos outros é a forma de entender o mundo, não há uma fórmula certa para este entendimento, o que existe são diferentes observações e interações que resultam na evolução humana. Somos a chave de nós próprios. l Rita Ravasco ―Artista PLÁSTICA― DR


88 | REVISTA FENACERCI A s palavras pouco dizem. Nós não sentimos com palavras. Quando nascemos, sentimos sem elas. São somente tentativas de justificar o insondável mistério que corre dentro de nós. Uma dor de cabeça não é uma dor de cabeça, mas apenas a forma que encontrámos de o dizer. Um parentesco não é pela definição que se valida, assim como não o será uma intenção. O amor tão pouco são quatro letras alinhadas como supomos que o amor possa ser. Nem tampouco seremos isto ou aquilo que as palavras dizem que somos. O que certamente somos e nos torna a cada um especiais é o que sentimos, o que pensamos, o que amamos. A essência é invisível aos olhos. Tal como o essencial. l Daniel Oliveira ―Diretor de Programas da SIC, apresentador de televisão e escritor― DR VENHA DE LÁ ESSE ABRAÇO


NOVEMBRO 2023 | 89 A Garota Não U m dia convidaram-me para coordenar o grupo de tambores da APPACDM de Setúbal. Eu adorava tocar e tinha muita vontade de aceitar o desafio, mas não tinha experiência … e havia ainda outro problema: ser muito envergonhada! Mas fui! E os amigos que lá fiz ensinaram-me que a vergonha é uma coisa muito inútil. Ali estava toda a gente para o mesmo: ocupar a vida com momentos bonitos e olhar de frente para as nossas limitações. O que ensinei ao grupo sobre percussão foi metade do que aprendi no que toca a esforço e determinação. Há mesmo pessoas que se desafiam todos os dias. Não éramos os melhores tocadores de tambor do mundo, mas ali estávamos a ensaiar, a fazer arruadas, a subir a palcos muito altos, a fazer valer a pena cada minuto desta vida tão encantadora e frágil. Faço por me lembrar disto de cada vez que saio da cama, e por tratar bem as pessoas com quem me cruzo, porque as palavras boas, são mesmo boas de usar. Só que disso já vocês sabem muito bem. :) Abraços! l ― Cátia Mazari Oliveira― cantautora Conheça mais sobre o trabalho desta artista em: www.agarotanao.pt DR


90 | REVISTA FENACERCI S omos todos mais do que aquilo que, por vezes, nos pretendem fazer crer que somos. E que acabamos por acreditar que somos. Mas há todo um mundo para lá das limitações que nos impõem, uma realidade que tem início com o nosso nascimento e termina com a nossa morte, e cabe a cada um de nós tentar tirar o máximo partido possível das circunstâncias em que esta realidade, que é a vida, nos impôs e nos impõe. Ninguém sabe o que é estar no lugar do outro, mas podemos imaginar esse lugar: e assim vos digo que, de onde se encontram, há muito a ver, a ouvir, a aprender e a fazer. Nunca desistam. l João Reis ― escritor― Ana Neto VENHA DE LÁ ESSE ABRAÇO


NOVEMBRO 2023 | 91 Kas Arte ―ARTISTA― U m dos momentos mais gratificantes da minha vida pessoal não foi ficar entre os três melhores murais do mundo em 2022, estar na lista dos cem melhores em 2023 ou ainda ter participado em mais de 20 festivais internacionais ao redor do mundo, embora tudo isso seja muito importante para mim e para minha carreira. Mas, sim, ver sorrir e transbordar a alegria de uma criança incapacitada após visualizar uma pintura mural que realizei em uma escola em Amares (Braga), ali tive certeza de que a arte acalenta a alma. Jamais esquecerei este momento, pois acredito que tal como eu, todos vocês terão de certa forma a capacidade de acrescentar algo melhor à vida dos mais necessitados, seja usando a arte, uma palavra de conforto, um abraço ou até mesmo monetariamente. Com esta pequena história pessoal acredito que é possível nos relembrar que a alegria dos outros nos contagia e esta passa a fazer parte das nossas vidas, deixando um pouco de si e levando um pouco de nós". l Conheça mais sobre o trabalho deste artista em: kasartofficial.com DR


LISTA DE ASSOCIADAS 92 | REVISTA FENACERCI ACIP Rua da Ribeira, Ed. Fonte, Loja C, E e F 4770-207 Joane – Vila Nova de Famalicão Tel: 252928610 [email protected] www.acip.com.pt www.facebook.com/acip.cooperativa ACOMPANHA Rua Marquês de Pombal, 15 2520-476 Peniche Tel: 262781706 [email protected] www.facebook.com/acompanha CECD Av. 25 de Abril, 190 Mira Sintra 2735-631 Agualva Cacém Tel: 219188560 [email protected] www.cecd.pt www.facebook.com/cecdmirasintra CEERDL Rua Dinant, s/n Cidade Nova 2500-325 Caldas da Rainha Tel: 262840050 [email protected] www.ceerdl.org CERCIAG Raso de Paredes 3750-316 Águeda Tel: 234612020 [email protected] www.cerciag.pt www.facebook.com/cerciag.pt CERCIAMA Rua Mestre Roque Gameiro, 12 2700-578 Amadora TM: 962025172 [email protected] www.cerciama.pt www.facebook.com/cerciama.pt CERCIAV Rua da CERCIAV Casal 2A Colónia Agrícola da Gafanha da Nazaré 3830-025 Ílhavo Tel: 234390980 [email protected] www.cerciav.pt CERCIBEJA Quinta dos Britos, Apartado 6115 7801-908 Beja Tel: 284311390 [email protected] www.cercibeja.org.pt www.facebook.com/cerceibeja.crl CERCIBRAGA Avenida Dr. Domingos Soares, Nº25 4710 - 670 Braga TM: 934443997 [email protected] www.cercibraga.pt www.facebook.com/CERCIBraga.pt CERCICA Rua Principal, 320 Livramento 2765 - 383 Estoril Tel: 214658590 [email protected] www.cercica.pt www.facebook.com/Cercicafacebook2019 CERCICAPER Variante do Troviscal - Dordio 3280-050 Castanheira de Pera Tel: 236434227 [email protected] www.cercicaper.pt www.facebook.com/@cercicaper.ipss CERCICHAVES Rua Luís Chaves, n.º 57 5400-351 Chaves TM: 939403474 [email protected] www.cercichaves.wixsite.com/cercichaves2016 www.facebook.com/cercichaves/ CERCICOA Estrada de S. Barnabé n.º 28 7700-015 Almodôvar Tel: 286660040 [email protected] www.cercicoa.pt www.facebook.com/cercicoa CERCIDIANA Quinta do Feijão Apartado 92 7006-802 Évora Tel: 266759530 TM: 925010300 [email protected] cercidiana.pt CERCIESPINHO Rua do Louredo, n.º 90, Idanha, Anta, 4500-071 Espinho Tel: 227319061 [email protected] www.cerciespinho.org.pt www.facebook.com/cerci.espinho CERCIESTA Rua da Escola do Agro, nº 5 3860-358 Estarreja Tel: 234843093 [email protected] cerciesta.wixsite.com/2020 www.facebook.com/cerciesta/?locale=pt_ PT CERCIESTREMOZ Quinta santo antão, apartado 108 7104-909 Estremoz Tel: 268105258 [email protected] www.cerciestremoz.com www.facebook.com/cerciestremoz CERCIFAF Rua 9 de Dezembro n..º 99 4820-161 Fafe Tel: 253490830 [email protected] www.cercifaf.pt www.facebook.com/cercifaf CERCIFEIRA Rua Dr. Santos Carneiro, 4 4520 - 221 Santa Maria da Feira Tel: 256374472 [email protected] www.cercifeira.pt CERCIFEL Rua do Padre João, Nº 5 4650-747 Felgueiras Tel: 255336417 [email protected] www.cercifel.org.pt www.facebook.com/profile. php?id=100064740064781 CERCIFLOR VIDA Rua da Quinta da Mina, N.º 11A 2050-273 Azambuja Tel: 263409320 [email protected] www.cerciflordavida.pt www.facebook.com/cerciflordavida CERCIFOZ Rua Visconde Sousa Prego, 14 R/C Esqº 3080-110 Figueira da Foz Tel: 233429595 [email protected] www. cercifoz.org CERCIG Parque da Saúde 6300-749 Guarda Tel: 271212739 [email protected] www.cercig.com www.facebook.com/cerciguarda CERCIGAIA Rua Escola S. Paio, 211, Canidelo 4400-442 Vila Nova de Gaia Tel: 227819268 [email protected] www.cercigaia.org.pt www.facebook.com/cercigaia.org CERCIGRANDOLA Rua Vitor Manuel Ribeiro da Rocha 7570-256 Grândola Tel: 269451552 [email protected] www.cercigrandola.org www.facebook.com/cercigrândola CERCIGUI Rua Raul Brandão, 195 4810-282 Guimarães Tel: 253423370 [email protected] www.cercigui.pt www.facebook.com/Cercigui CERCILAMAS Rua do Auditório, Nº 125 4535-576 Santa Maria de Lamas Tel: 227442478 TM: 939862956 [email protected] www.cerci-lamas.org.pt www.facebook.com/cercilamas CERCILEI Estrada das Moitas Altas, 279, Pinheiros, Leiria, Apt 571 2401-976 Leiria Tel: 244850970


NOVEMBRO 2023 | 93 [email protected] www.cercilei.pt www.facebook.com/cercilei.ipss.leiria CERCILISBOA Av Avelino Teixeira da Mota, Lote E 1950-035 Lisboa Tel: 218391700 [email protected] www.cercilisboa.org.pt www.facebook.com/cercidelisboa CERCIMA Rua D. Nuno Álvares Pereira, Nº 141 2870-097 Montijo Tel: 212308510 [email protected] www.cercima.pt www.facebook.com/cercimamontijo.alcochete CERCIMAC Rua Dr. José Henrique Gonçalves, Nº21 5340-532 Macedo de Cavaleiros Tel: 278421769 [email protected] www.cercimac.pt www.facebook.com/cercimac.macedodecavaleiros CERCIMARANTE Rua de Guimarães, N.º 869 4810-282 Guimarães Tel: 255410930 [email protected] www.cercimarante.pt www.facebook.com/Cercimarante.pt CERCIMB Rua Grão Vasco, Nº 25 2835-440 Lavradio Tel: 212048340 [email protected] www.cercimb.pt www.facebook.com/cercimb CERCIMIRA Rua dos Claros 3070-504 Cabeças Verdes Tel: 231489560 TM: 968771565 [email protected] www.cercimira.pt www.facebook.com/cercimira CERCIMONT Avenida Nuno Álvares Pereira, Nº 553 5470-203 Montalegre TM: 938371717 [email protected] www.cercimont.wordpress.com www.facebook.com/cercimont CERCIMOR Crespa da Figueira, Apartado 82, Estrada Nacional 114 7050-321 Montemor-o-Novo Tel: 266899410 TM: 969783428 [email protected] www.cercimor.pt www.facebook.com/cercimor CERCINA Alto Romão - R. Caminho Real, Nº8 2450-016 Pederneira – Nazaré Tel: 262562595 [email protected] www.cercina.pt www.facebook.com/cercinazare/ CERCIOEIRAS Rua 7 de Junho, Nº57 2730-174 Barcarena Tel: 214239680 [email protected] www.cercioeiras.pt www.facebook.com/cercioeiras CERCIPENELA Av. Infante D. Pedro, 3 3230-268 Penela Tel: 239560140 [email protected] www.cercipenela.org.pt www. facebook.com/cerci.penela CERCIPENICHE Rua Dr. João de Matos Bilhau, Nº 2/4 2520-253 Peniche TM: 932428396 [email protected] www.cercipeniche.pt www.facebook.com/cercipeniche CERCIPOM Avenida Heróis do Ultramar, Nº 108 3100-462 Pombal Tel: 236209240 [email protected] www.cercipom.org.pt CERCIPORTALEGRE Rua D. Olinda Sardinha, Quinta da Lage, Covões 7300-050 Portalegre Tel: 245300730 [email protected] www.cerciptg.pt www.facebook.com/profile. php?id=100064724977586 CERCIPÓVOA Rua do Morgado da Póvoa, Nº 1 2625-229 Póvoa de Santa Iria Tel: 219533080 TM: 935012209 [email protected] www.cercipovoa.pt www.facebook.com/people/Cercipovoa/100075785391217 CERCISA Rua Eça de Queirós, Miratejo 2855-236 Corroios Tel: 212535660 [email protected] www.cercisa.pt www.facebook.com/cercisa CERCISIAGO Rua das Nogueiras, S/N 7540-162 Santiago do Cacém TM: 962244398 [email protected] www.cercisiago.org.pt www.facebook.com/cercisiago CERCITEJO Rua da Esperança, Nº 6, Bom Sucesso 2615-305 Alverca do Ribatejo Tel: 219582286 TM: 961354573 [email protected] www.cercitejo.org.pt www.facebook.com/cercitejocrl CERCITOP Estrada de São Romão, Nº 7 2710-390 Sintra Tel: 219100690 [email protected] www.cercitop.org www.facebook.com/cercitop.oficial CERCIVAR Rua da Cercivar 3880-161 Ovar Tel: 962879542 [email protected] www.cercivar.pt www.facebook.com/profile. php?id=100057081804665 CERCIZIMBRA Rua dos Casais Ricos, Nº1 2970-577, Sampaio – Sesimbra Tel: 212681335 TM: 910501980 [email protected] www.cercizimbra.org.pt www.facebook.com/cercizimbra.sesimbra CIRE Travessa Jacome Ratton 2300-612 Tomar Tel: 249310330 [email protected] www.cire-tomar.org www.facebook.com/cire.tomar/?locale=pt_PT CRACEP Rua Coronel Armando da Silva Maçanita 8500-383 Portimão Tel: 282420820 [email protected] www.cracep.pt www.facebook.com/cracep CREACIL Rua Adão Manuel Ramos Barata, 6 1885-100 Moscavice Tel: 212468340 TM: 926249804 [email protected] www.creacil.pt www.facebook.com/loures.creacil CRINABEL Rua da Quinta dos Frades, 1 1600-674 Lisboa Tel: 213943350 [email protected] www.crinabel.pt www.facebook.com/crinabelcoop RUMO Parque Empresarial Baía do Tejo Rua 19, Nº13 2831-904 Barreiro Tel: 212064920 [email protected] www.rumo.org.pt www.facebook.com/Cooperativa.Rumo


LISTA DE ASSOCIADAS 94 | REVISTA FENACERCI INSTITUIÇÃO AD CACI CRI CRQE EE EP FP IP LR RA RSI SIT OUTRAS ACIP ACOMPANHA CECD CEERDL CERCIAG CERCIAMA CERCIAV CERCIBEJA CERCIBRAGA CERCICA CERCICAPER CERCICHAVES CERCICOA CERCIDIANA CERCIESPINHO CERCIESTA CERCIESTREMOZ CERCIFAF CERCIFEIRA CERCIFEL CERCI FLOR DA VIDA CERCIFOZ CERCIG CERCIGAIA CERCIGRÂNDOLA CERCIGUI CERCILAMAS CERCILEI CERCI Lisboa CERCIMA CERCIMAC CERCIMARANTE CERCIMB CERCIMIRA CERCIMONT CERCIMOR CERCINA CERCIOEIRAS CERCIPENELA CERCIPENICHE CERCIPOM CERCIPORTALEGRE CERCIPÓVOA CERCISA CERCISIAGO CERCITEJO CERCITOP CERCIVAR CERCIZIMBRA CIRE CRACEP CREACIL CRINABEL RUMO AD - Apoio Domiciliário; CACI - Centro de Atividades e Capacitação para a Inclusão; CRI - Centro de Recursos para a Inclusão; CRQE - Centro de Recursos para a Qualificação e Emprego; EE - Educação Especial; EP - Emprego Protegido; FP - Formação Profissional; IP - Intervenção Precoce; LR - Lar Residencial; RA - Residência Autónoma; RSI - Rendomento Social de Inserção; SIT - Serviços de Intervenção Terapêutica


NOVEMBRO 2023 | 95 INSTITUIÇÃO OUTRAS ACIP Atendimento e Acompanhamento Social; Creche; Gabinete de Inserção Profissional ACOMPANHA Equipa de Rua-Programa Troca de seringas-Metadona; Centro de Rastreio Comunitário; Centro de Dia para Idosos; Unidade Móvel de Saúde CECD Atendimento e Acompanhamento Social; Negócios Sociais: Lavandaria/Engomadoria, Manutenção e Construção de Espaços Verdes, Viveiros de plantas CEERDL Centro de Atendimento, Acompanhamento e Reabilitação Social CERCIAG Casa de Abrigo para Mulheres Vitimas de Violência com Deficiência e/ou Incapacidade CERCIAMA – CERCIAV – CERCIBEJA Programa Incorpora CERCIBRAGA – CERCICA Gabinete de Inserção Profissional; Editora; Cerplant; Cerjardins; Cermov; Emprego Apoiado CERCICAPER Casa de Acolhimento Residencial; Apartamento de Autonomização; Apartamento Partilhado CERCICHAVES – CERCICOA Residências de Autonomização e Inclusão; Centro de Apoio á Vida Independente; Centro de Recursos Local; Programa Operacional de Apoio a Pessoas Mais Carenciadas; Sistema de Atribuição de Produtos de Apoio; Programa Incorpora CERCIDIANA – CERCIESPINHO Atendimento e Acompanhamento Social; Centro Comunitário; Centro de Apoio à Vida Independente; Banco de Alimentos e Recursos; Sistema de Atribuição de Produtos de Apoio CERCIESTA – CERCIESTREMOZ – CERCIFAF Atendimento e Acompanhamento Social; Centro de Apoio à Vida Independente; Gabinete de Inserção Profissional CERCIFEIRA Centro de Atividades de Tempos Livres; Creche; Jardim de Infância CERCIFEL – CERCI FLOR DA VIDA – CERCIFOZ – CERCIG Centro de Atividades de Tempos Livres; Centro de Dia; Quinta Pedagógica; Centro de Produção de Plantas; Programa Operacional de Apoio a Pessoas Mais Carenciadas CERCIGAIA Creche CERCIGRÂNDOLA – CERCIGUI – CERCILAMAS – CERCILEI Prestação de serviços em jardinagem e lavandaria CERCI LISBOA Centro de Atendimento, Acompanhamento e Animação da Pessoa com Deficiência CERCIMA – CERCIMAC Centro de Apoio à Vida Independente; Programa Incorpora CERCIMARANTE Centro de Apoio Familiar e Aconselhamento Parental; Estrutura Residencial Para Idosos; Centro de Recursos Local; Centro de Reabilitação Multiterapias; Transporte Público Flexível CERCIMB – CERCIMIRA – CERCIMONT – CERCIMOR Centro de Apoio Familiar e Aconselhamento Parental CERCINA Gabinete de Inserção Profissional; Centro Qualifica; Rádio Nazaré CERCIOEIRAS Atividades de Animação e Apoio à Família; Banco de Equipamentos e Tecnologias de Apoio; Atividades de Enriquecimento Curricular CERCIPENELA Centro de Recursos para o IEFP CERCIPENICHE – CERCIPOM – CERCIPORTALEGRE Centro de Recursos que integra: Informação, avaliação e orientação para a qualificação e emprego; Apoio à colocação e Acompanhamento Pós-colocação CERCIPÓVOA Pprograma Operacional de Apoio a Pessoas Mais Carenciadas; Cantinas Sociais; Centro de Atividades de Tempos Livres; Componente de Apoio à Família CERCISA – CERCISIAGO – CERCITEJO – CERCITOP Unidade de Cuidados Continuados Integrados; Refeitório/cantina Social; Clínica de Reabilitação; Serviço de Transportes CERCIVAR – CERCIZIMBRA Centro de Atividades de Tempos Livres; Creche; Empresas Sustentáveis; Centro de Animação para a Infância; Pré-Escolar CIRE Creche; Centro de Recursos CRACEP Cantina Social CREACIL – CRINABEL – RUMO Atendimento e Acompanhamento Social; Creche


PONTO FINAL 96 | REVISTA FENACERCI Um ponto final é isso mesmo. Dita o fim de mais uma edição que regista muito do trabalho que fizemos ao longo do ano de 2023. Foram muitas as pessoas que, de forma solidária, se mobilizaram para nos apoiar. Esperamos que o resultado seja do vosso agrado. Até para o ano e muito obrigado a todos os que colaboraram e tornaram possível a continuidade desta publicação.


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