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"Alegrai-vos comigo, encontrei o que tinha perdido!" (cf, Lc 15).
O Evangelho de Lucas, é um caminho de conversão que ajuda a recuperar o sentido do discipulado missionário na alegria de acolher a Boa Nova de Jesus para os homens e mulheres de nosso tempo. A autoria deste Evangelho é atribuída a Lucas, médico e companheiro de Paulo, foi escrito fora da Palestina, provavelmente em Roma, entre os anos 80 e 90. Ele dedica o seu trabalho a Teófilo (amigo de Deus) possivelmente com a intenção de que o Evangelho atingisse os pagãos. Lucas apresenta a obra da Salvação em duas partes: o Evangelho mostra o caminho de Jesus; o Atos dos Apóstolos revela o caminho da Igreja.

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Published by MOBON, 2022-03-25 13:11:19

Mês da Bíblia 2013 - Discípulos Missionários a partir do Evangelho de Lucas

"Alegrai-vos comigo, encontrei o que tinha perdido!" (cf, Lc 15).
O Evangelho de Lucas, é um caminho de conversão que ajuda a recuperar o sentido do discipulado missionário na alegria de acolher a Boa Nova de Jesus para os homens e mulheres de nosso tempo. A autoria deste Evangelho é atribuída a Lucas, médico e companheiro de Paulo, foi escrito fora da Palestina, provavelmente em Roma, entre os anos 80 e 90. Ele dedica o seu trabalho a Teófilo (amigo de Deus) possivelmente com a intenção de que o Evangelho atingisse os pagãos. Lucas apresenta a obra da Salvação em duas partes: o Evangelho mostra o caminho de Jesus; o Atos dos Apóstolos revela o caminho da Igreja.

Keywords: Evangelho de Lucas,ABP,Animação Bíblica,Leitura popular,Diocese de Caratinga

DISCÍPULOS
MISSIONÁRIOS
A PARTIR DO

EVANGELHO
DE LUCAS

Movimento Boa Nova



Equipe Missionária, SDN

Discípulos Missionários a
partir do

Evangelho de Lucas

“Alegrai-vos comigo,
encontrei o tinha perdido!”

(cf. Lc 15)

Mês da Bíblia 2013

www.mobon.org.br

1

Organização do Evangelho de Lucas

Diagramação e Impressão:
Gráfica O Lutador - Manhumirim
E-mail: olutador@sacramentinos.org.br
Fone: (33) 3341-1900

2

Apresentação

Com o tema proposto pela CNBB: “Discípulos missionários a partir
do Evangelho de Lucas” e o lema: “Alegrai-vos comigo, encontrei o que tinha
perdido”, nosso querido e experiente Ir. Denilson Mariano da Silva nos traz
uma síntese muito bem feita e proveitosa do Evangelho de Lucas, sob o prisma
da alegria, dando prioridade a sete temas para os nossos encontros. Além do
tema de cada encontro, ele faz um apanhado de outras partes importantes
do evangelho até o próximo tema de tal modo a dar-nos uma visão mais com-
pleta do evangelho. Após o texto bíblico, deixa algumas perguntinhas para
adentrarmos o sentido do texto e tirarmos a mensagem para nós. E no final
de cada encontro, outra pergunta para a nossa vida pessoal e comunitária.

Primeiro encontro: “Alegrem-se, não estamos sozinhos”. Apresenta
Maria como “mulher contemplativa que canta, com alegria, os feitos de Deus
em sua vida e na vida de seu povo”. Em seguida, focaliza a alegria da visita
de Maria a Isabel como também a alegria do velho Simeão, por ocasião da
apresentação do Menino Jesus no Templo. Depois, Deus visitando o seu povo,
através de Jesus, que traz alegria para todo o povo com sua palavra e seus
milagres. A conclusão é que não estamos sozinhos, mas Deus está conosco
transformando nossas vidas.

Segundo encontro: “Alegrem-se, de hoje em diante, pescarão homens”.
É o texto da pesca milagrosa em Lucas como chamada dos primeiros discípu-
los. A palavra chave é a colocação de Pedro: “Em atenção à tua Palavra, vou
lançar as redes”. O que possibilita o milagre é a obediência à Palavra. Se a
obediência à Palavra traz para nós muita alegria, não é menos verdade que
o compromisso com a Palavra implica sofrimento e o caminho da cruz. Foi
bem lembrada, o que é expressivo em Lucas, a presença contínua e forte do
Espírito Santo, razão da nossa alegria, em diversas pessoas, sobretudo, em
Maria e em toda a vida e obra de Jesus.

Terceiro encontro: “Alegrem-se, a cruz não é o fim”. O relato propos-
to é o episódio da transfiguração, por sinal, muito bem comentado. Dois
pontos se sobressaem: primeiro, a Palavra autorizada agora não é mais a
de Moisés e Elias, mas a de Jesus, ou Jesus como Palavra reveladora do
Pai. O segundo é a conversa dos três (Moisés, Elias e Jesus), cujo assunto
é o êxodo, ou a morte de Jesus na cruz, mas sabendo que a cruz não tem a
última palavra; a última palavra é a vitória de Jesus sobre a dor, o sofrimento
e a morte, através da ressurreição. Esta notícia deve ser dirigida a todos os
povos, não apenas aos judeus. Depois da transfiguração, Jesus inicia uma
longa caminhada até Jerusalém e nesta caminhada acontece a formação
dos discípulos missionários de Jesus. Fica claro que Jesus subirá para o Pai,
mas precisa antes subir para Jerusalém, subir para o calvário, subir para

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o alto da cruz e, só depois, subir para o Pai. É este também o caminho do
discípulo missionário.

Quarto encontro: “Alegrem-se, a vida é o dom maior”. O texto
bíblico é o encontro de Jesus com um doutor da Lei e em seguida a Parábola
do Bom Samaritano, bem conhecida de todos nós. No fundo, Jesus mostra
quem é o seu autêntico discípulo: é aquele que ama o próximo e próximo não
é quem vem a nós, mas aquele de quem eu me aproximo com compaixão e
misericórdia. Vemos em seguida as implicações do fazer-se próximo e depois
o episódio de Marta e Maria, sendo Maria o modelo do discipulado, porque
ela “obedece, ama , contempla e crê”.

Quinto encontro: “Alegrem-se encontramos o que estava perdido”.
É a parábola do Pai Misericordioso que o povo conhece como parábola do
filho pródigo. Temos aqui o verdadeiro rosto do Pai que acolhe, perdoa e faz
festa, quando o filho retorna. Além de salientar a dimensão missionária do
texto, apresenta também textos posteriores do Evangelho de Lucas onde,
expõe o que Jesus propõe ao discípulo missionário.

Sexto encontro: “Alegrem-se, a salvação entrou na nossa casa”. É
o encontro de Jesus com Zaqueu. Depois da habitual chave de leitura com
perguntas, entrando no texto e na nossa vida, ele vai focar a misericórdia
em diversos episódios evangélicos, sobretudo, o de Zaqueu, ressaltando, de
modo especial, o “hoje da salvação”, para que nós tenhamos em vista que
a salvação de Jesus chega ao hoje da nossa vida.

Sétimo encontro: “Alegrem-se, o Ressuscitado caminho conosco”. O
texto apresentado é o conhecido episódio dos discípulos de Emaús, que es-
clarece de forma bem pedagógica. Na perguntinha final de aprofundamento,
que aparece em todos os encontros, vem o questionamento sobre a Palavra
e a Eucaristia: “A escuta da Palavra e a Eucaristia tem reavivado a esperança
das pessoas em nossa comunidade? Dê exemplos.

Creio que o livrinho mexerá muito com a nossa postura de discípulo
missionário e deixo aqui registrado mais uma vez os meus sinceros parabéns
pela dedicação do Irmão Mariano. Parabéns, estes sete encontros vão nos
contagiar com a alegria que Jesus nos revela no encontro com o seu povo e
com cada um de nós.

+ Dom Emanuel Messias de Oliveira

Bispo Diocesano de Caratinga - 17/05/2013

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Introdução

Em nossos dias, o cristianismo, ao invés de suscitar
seguidores de Jesus, está fazendo surgir “adeptos de
uma religião”, não está gerando discípulos missionários,
pessoas identificadas com Jesus e com o projeto de Deus.
Nossa Igreja deve caminhar na direção de tornar-se uma
comunidade de discípulos missionários, seguidores de
Jesus. Para isso é preciso conversão.

O Evangelho de Lucas, é um caminho de conversão
que ajuda a recuperar o sentido do discipulado missio-
nário na alegria de acolher a Boa Nova de Jesus para os
homens e mulheres de nosso tempo. A autoria deste
Evangelho é atribuída a Lucas, médico e companheiro
de Paulo, foi escrito fora da Palestina, provavelmente em
Roma, entre os anos 80 e 90. Ele dedica o seu trabalho a
Teófilo (amigo de Deus) possivelmente com a intenção
de que o Evangelho atingisse os pagãos. Lucas apresenta
a obra da Salvação em duas partes: o Evangelho mos-
tra o caminho de Jesus; o Atos dos Apóstolos revela o
caminho da Igreja.

Literariamente a obra do Evangelho de Lucas se divide
em dois grandes blocos: o Ministério de Jesus na Galiléia
(Lc 3,21 a 9,20) e o Ministério de Jesus em Jerusalém
(Lc 19,29 a 24,49). Entre estes dois blocos há uma longa
caminhada para Jerusalém (Lc 9,51 a 19,28) que é, na
ver-dade, uma escola de discipulado e de evangelização.
(cf. pág. 02)

Lucas é o Evangelho da alegria. Jesus passa pelo
mundo irradiando alegria, Ele torna presente a salvação
de Deus. Jesus nos revela o rosto misericordioso de Deus,

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nele estão estampados a bondade, o amor, o perdão e
a graça de Deus.

Lucas é o Evangelho do Espírito. Jesus é o portador
do Espírito de Deus. Em Jesus, se torna presente no
mundo o Espírito Santo, doador da vida. O Evangelho é
um convite a sermos dóceis ao Espírito.

Lucas é o Evangelho dos pobres. Anuncia um novo
tempo e uma nova ordem social. Jesus é profeta pobre
que critica a falta de compaixão, que chama à conversão
e à solidariedade.

Lucas é o Evangelho da oração. Nos momentos mais
importantes e decisivos da vida, Jesus sempre está em
oração. Toda a sua vida é sustentada pela oração.

Lucas revela um Jesus de rosto alegre e próximo das
pessoas, ele procura animar e fortalecer a fé das comu-
nidades nascentes. Neste mês da Bíblia 2013, vamos
estudar o Evangelho de Lucas na perspectiva da alegria.

A Igreja do Brasil quer que este Estudo nos ajude a
recuperar a alegria de sermos discípulos missionários,
buscando construir uma verdadeira “rede de comunida-
des” como foi refletido na última Assembléia dos Bispos
em Aparecida-SP.

Também a carta do Papa Francisco por ocasião desta
Assembléia dos Bispos no Brasil nos indica uma chave
para o estudo deste Evangelho: “Uma Igreja que não sai
de si mesma adoece, cedo ou tarde, em meio à atmosfera
pesada do seu próprio fechamento. É verdade, também,
que uma Igreja que sai às ruas pode sofrer o que qualquer
pessoa na rua pode sofrer: um acidente. Diante desta
alternativa, quero lhes dizer francamente que prefiro
mil vezes uma Igreja acidentada a uma Igreja doente.”

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1º Encontro:

Alegrem-se, não estamos sozinhos

Chave de Leitura: Lucas 1,26-38
1. O que o anjo anuncia a Maria?
2. Quais as atitudes de Maria diante do anjo?
3. Que alegrias Deus tem nos anunciado nos dias de

hoje?
O Evangelho de Lucas, através do anúncio do anjo a
Maria, nos mostra as atitudes que devemos cultivar em
nossa maneira de viver a fé. “Alegra-te!” Esta é a primeira
palavra de Deus a toda criatura. Deus nos criou para a
alegria, uma vida sem alegria se torna difícil, dura e sem
sentido. Maria é modelo de discípula missionária que
reponde Sim a Deus de modo alegre e generoso. Ela é
a serva alegre (Lc 1,38) que escuta atenta a Palavra de
Deus e a põe em prática. Ela é a Arca da nova Aliança

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(Lc 1,39-45) que contém a Palavra viva de Deus. Como
serva do Senhor, Maria oferece seu próprio corpo e se
deixa fecundar pelo Espírito de Deus.

Maria, “cheia de graça” torna possível o nascimento
do Messias e a nova criação (Lc 1,28). Ela é bem-aventu-
rada porque acreditou (Lc 1,45) e deixou a Palavra fazer
nela sua morada. Maria faz a sua peregrinação na fé
como discípula missionária. Nem sempre compreende
os acontecimentos, mas medita sobre eles em seu cora-
ção, também faz pergunta e, de muitos modos procura
compreender a ação de Deus na história (Lc 2,19.50-51).
Mulher contemplativa que canta, com alegria, os feitos
de Deus em sua vida e na vida de seu povo (Lc 1,46-55).

O Evangelho de Lucas mostra como o próprio Deus
visita seu povo. Logo depois do anúncio do anjo, Maria
se põe a caminho subindo, à pressas, as montanhas
rumo à casa de Isabel. Quem se encontra com Deus tem
alegria e pressa para servir. Até a criança pulou de ale-
gria no ventre de Isabel, sua mãe. Não foi o discurso de
Maria que encantou Izabel, mas a sua presença gratuita
e amorosa. Maria tinha dentro de si a Palavra de Deus.
Ela é a Nova Arca da Aliança, leva em seu seio o próprio
Messias, alegria para todo o povo de Deus (Lc 2,11); o
velho Simeão se alegra com a presença do Menino; dian-
te das curas que Jesus realiza o povo se alegra. Jesus é a
presença viva de Deus “visitando o seu povo” (Lc 7,16)

A missão é fruto desse encontro amoroso que faze-
mos com Jesus Cristo. A exemplo de Maria, quem experi-
menta o amor de Deus não consegue ficar parado. Uma
visita gratuita e amorosa leva as pessoas a experimenta-

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rem a visita do próprio Deus que cuida com carinho de
cada um de nós e jamais abandona o seu povo.

Para bem desempenharmos a nossa missão de dis-
cípulos missionários, precisamos ter a certeza de que
não estamos sozinhos. Deus nos acompanha em nossa
jornada pela vida. Ele vai sempre à nossa frente, Ele nos
defende e busca sempre o nosso bem. Ele habita o mais
profundo de cada um de nós, e mesmo quando nos senti-
mos só, é Ele quem nos carrega em seus braços. Por isso:
“Não temas!” Deus vem nos encorajar a superar nossos
medos, nossas fragilidades, nossas inconsistências na
vida. O medo sufoca, paralisa, impede de superar nossas
limitações, o medo tem de ser vencido pela confiança e
segurança que nos vêm de Deus.

O Evangelho de Lucas quer mostrar que Deus vem ao
encontro do ser humano e vem com amor, com alegria,
vem como Boa Nova para todos. Não estamos sozinhos,
a humanidade não está abandonada. Esta certeza da
presença de Deus tem o poder de mudar tudo em nossa
vida. Somos chamados a ser discípulos missionários com
rosto e vida alegres. Pessoas que, a exemplo de Maria,
oferecemos nossa vida, a fim de que Palavra de Deus
se cumpra no mundo. Assim nos lembram as últimas
Diretrizes: “Jesus Cristo é nossa razão de ser, origem de
nosso agir, motivo de nosso pensar e sentir. Nele, com ele
e a partir dele mergulhamos no mistério trinitário, cons-
truindo nossa vida pessoal e comunitária.” (DGAE n. 4)

Pergunta para o aprofundamento: Nosso modo de
viver em comunidade demonstra a alegria de sermos
discípulos missionários, visitados por Deus? Por quê?

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2º Encontro:

Alegrem-se, de hoje em diante,
pescarão homens

Chave de Leitura: Lucas 5,1-11
1. Logo depois de ensinar à multidão, o que Jesus

pede a Pedro?
2. Qual a reação de Pedro diante do pedido de Jesus?
3. Qual a reação deles diante do resultado da pesca?
4. O que este texto tem a dizer para nós hoje?
No Capítulo 4, Lucas apresenta Jesus que prega e
ensina nas Sinagogas e em toda a Judéia (LC 4,1-44). No
texto acima, as pessoas se apertam para escutar Jesus.
Não buscam tanto milagres, buscam o pão da Palavra.
Encontram em Jesus a alegria de ouvir a Palavra do Deus
vivo como nunca o experimentaram antes. Há uma cena
surpreendente. Os pescadores, cansados de uma noite
de trabalho sem resultados, se alegram com a Palavra
de Deus. Mais ainda, Pedro é desafiado a acreditar mais
na Palavra de Deus que em sua experiência de pescador.
“Em atenção à tua Palavra, vou lançar as redes” (Lc 5,5).
A obediência à Palavra é que possibilita o milagre.

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Diante do resultado da pesca, Pedro, homem simples
e de fé, com um coração sincero, se reconhece pecador.
Jesus confia na sinceridade dele. Se Pedro se reconhece
pecador, poderá levar a boa nova do Reino a outros que
se sentem na mesma situação. Por isso, “não temas”. Eis
a alegria de partilhar a presença de Jesus que nos ama
incondicionalmente. Por fim, Jesus encoraja a Pedro e a
outros a ser tornarem seus seguidores, agora com uma
nova missão: “pescar homens”.

Em Lucas a vocação dos primeiros discípulos aparece
depois de vários relatos de milagres (Lc 4,31-44). Mas é
no capítulo 6 que Jesus escolhe um grupo de doze para
segui-lo de perto, (Lc 6,13). Este será o nascimento do
Novo Israel, o novo Povo de Deus. Na medida em que
cresce a rejeição de Jesus por parte dos grandes em
Israel, Jesus faz uma prolongada catequese com seus
discípulos a fim de que continuem a sua missão. Mas não
esconde deles que aquele que se coloca neste caminho
poderá ser perseguido e sofrer a mesma sorte do Mestre.

Para melhor compreendermos isto precisamos de
um olhar mais amplo sobre a realidade narrada neste
Evangelho. Segundo Lucas, a história da salvação abran-
ge três épocas: o tempo da promessa (Antigo Testamen-
to), o tempo da realização da promessa (Jesus Cristo) e
o tempo do anúncio da salvação pela igreja (Atos dos
Apóstolos). Em Jesus de Nazaré se inicia, portanto, um
tempo novo, o tempo definitivo anunciado e preparado
pela “Lei e pelos Profetas”. Em todos estes momentos o
Espírito Santo atua: na inspiração dos antigos Profetas,
na força que impele Jesus e na vida que inspira à Igreja

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nascente. O Espírito Santo é a pedra de toque no con-
junto da obra de Lucas. O Espírito prepara, acompanha
e leva a termo a obra de Jesus. Confira:

Na cena da concepção, Maria “concebe pela ação do
Espírito Santo” (Lc 1,35); na visitação, “Izabel fica repleta
do Espírito Santo” (Lc 1, 41); no Batismo do Senhor o Es-
pírito desce sobre Jesus para confirmar a sua missão (Lc
3, 21-22); é o Espírito Santo que marca a diferença entre
o batismo de conversão de João Batista e o batismo de
Jesus “com fogo” (Lc 3,16); depois de ser batizado Jesus,
cheio do Espírito Santo, foi conduzido pelo deserto (Lc
4, 1); enfim, o próprio Jesus se auto-compreende como
“ungido pelo Espírito do Senhor” para realizar uma
missão profética no mundo (Lc 4,18);

E ainda, na hora da morte, Jesus não se desespera,
mas “entrega nas mãos do Pai o seu espírito” (Lc 23, 46).
Jesus é ressuscitado pelo Pai no Espírito e, é este mesmo
Espírito que conduz a Igreja nascente em sua missão de
ser testemunha de Jesus Cristo em Jerusalém, e em toda
Judeia e Samaria, e até os confins da terra (At 1,8). É Ele
quem encoraja os apóstolos a confessarem que o cru-
cificado é o ressuscitado (At 2, 36) e abre a inteligência
dos seus ouvintes para compreenderem o anúncio da
Boa Notícia (At 2, 1-12). Numa palavra, Jesus age movido
pelo ESPIRITO e o Espírito leva a cabo a obra de JESUS.

Pergunta para o aprofundamento: No dia-a-dia de
comunidade, temos verdadeira alegria em anunciar o
Evangelho? Dê exemplos.

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3º Encontro:

Alegrem-se, a cruz não é o fim

Chave de Leitura: Lucas 9,28-36
1. Com quem Jesus se encontra e o que eles fazem?
2. O que disse a voz que saía da nuvem?
3. O que este texto tem a dizer para nossa liderança
hoje?
No relato da transfiguração, só Jesus irradia luz. Moi-
sés, o grande legislador e Elias, o profeta do fogo, têm o
rosto apagado. Estes não vêm anunciar, vêm para con-
versar com Jesus. Só Jesus tem a Palavra, Ele é a chave,
a luz para ler e entender qualquer outra mensagem. Ele
é Palavra viva do Pai. Pedro, ainda não entendeu o que
está acontecendo, coloca os três no mesmo plano e quer
fazer uma tenda para cada um deles. Porém, uma voz do
alto lança luz e esperança no coração deles.
A voz que vem da nuvem esclarece o acontecimento.
Ela revela a verdadeira identidade de Jesus e o sentido

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daquele ato: mais que ouvir Moisés e os Profetas, deve-
se ouvir a Jesus, Ele é o “Filho amado”. Sua Palavra é a
única Palavra decisiva. Na transfiguração os discípulos
experimentam o mistério da revelação de Deus. Pre-
cisamos aprender a viver diante do mistério de Deus,
aprender a ler a revelação de Deus que se comunica
através das pessoas, das coisas e dos acontecimentos.

Na transfiguração, Lucas apresenta o “êxodo de Je-
sus” (9,31), isto é a saída dolorosa dessa vida - pela morte
violenta - para a ressurreição e exaltação à direita do Pai.
Aqui se antecipa a vitória de Jesus sobre a morte e sobre
o sofrimento. A cruz não tem a última palavra. A última
Palavra é a vitoria de Jesus sobre a dor, o sofrimento e
a morte. Pela ressurreição, Jesus realiza, de uma vez por
todas, a libertação do povo de Israel. Ele leva à plenitude
a Lei (Moisés) e os Profetas (Elias).

Lucas não se prende no particularismo judaico, ou
seja, a salvação não é privilégio do povo de Israel. Lucas
faz uma “teologia da história”, Israel é o povo escolhido,
nele tem início o tempo da promessa, que prepara a vin-
da do Messias; mas, é em Jesus de Nazaré que o tempo
se cumpriu: Deus visitou o seu povo e o libertou (Jesus
é o centro da história); Esta salvação de Deus revelada
em Jesus Cristo é para todos, o anúncio da Boa Notícia
ultrapassa as fronteiras de Israel. Por isso a história em
Lucas tem um final aberto, como possibilidade e a es-
perança do novo. É um impulso para os seguidores de
Jesus continuarem sua missão. Lucas não busca apenas
narrar um fato passado, mas sim, anunciar uma ação
missionária que deverá ser continuada pelos ouvintes

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e pelos leitores de sua mensagem, que devem se tornar
verdadeiros “discípulos missionários”.

Logo depois da cena da transfiguração, acontece a
libertação de um jovem que sempre era atacado por um
espírito mau. A partir daí começa a longa caminhada de
Jesus para Jerusalém (Lc 9,51 - 19,28) que é a parte mais
original do Evangelho de Lucas. É nesta caminhada que
acontece a formação para o discípulado missionário de
Jesus. No começo do relato, “Jesus tomou a firme deci-
são de partir para Jerusalém” (Lc 9,51) e no final: “Jesus
caminhava à frente de seus discípulos, subindo para
Jerusalém (Lc 19,28). É de Jerusalém que se espalhará
a Boa Nova de Deus para toda a humanidade. A viagem
para Jerusalém pode ser dividida em três etapas: 1ª
etapa 9,51 - 13,21, sentido do discipulado e envio para a
missão; 2ª etapa 13,22 - 17,10, um Deus misericordioso
com pobres e perdidos; 3ª etapa 17,11 - 19,28, ensina-
mentos sobre a Salvação, a chegada do Reino.

Jesus assume o caminho que o Pai lhe preparou. Jesus
vai em direção à direita do Pai, mas este caminho passa
pela cruz e pela morte. Seguir Jesus é estar sempre a
caminho é “ir, vir, subir”. É aprender com o Mestre no
caminho. É procurar interiorizar o jeito de ser d´Ele. Não
é fugir para um passado morto, mas procurar viver hoje
com o Espírito que animou Jesus. É recriar, no hoje de
nossa história, as atitudes e as opções de Jesus.

Pergunta para o aprofundamento: Nosso modo de
seguir Jesus testemunha o Reino diante dos desafios e
questionamentos do mundo de hoje? Por quê?

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4º Encontro:

Alegrem-se, a vida é o dom maior

Chave de Leitura: Lucas 10,25-37
1. O que o Doutor da Lei pergunta e qual a sua in-

tensão?
2. Como Jesus responde ao Doutor da Lei?
3. O que significa hoje: “vai e faze tu a mesma coisa!”?
A longa subida para Jerusalém é um caminho de for-
mação para o discipulado missionário. Logo na primeira
etapa (Lc 9,51 - 13,21), o relato de Lucas gira em torno
de uma pergunta implícita: quem é o autêntico discípulo
de Jesus? A resposta vai aparecendo através de relatos
de pessoas que se apresentam para o seguimento de
Jesus. Três pequenas cenas revelam a radicalidade que
Jesus exige para o seguimento: a) ter Jesus como a úni-
ca fonte de verdade (9,57-58) exige desapego familiar
e espírito de pobreza, tornar-se nômade do Reino e
entregar os bens para os pobres (Lc 18,18-30); b) não
prejudicar a missão por causa de interesses familiares
(9,59-60), honrar primeiro o Pai celestial e Seus assuntos,
por isso “deixe que os mortos enterrem seus mortos”;

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c) Ruptura com a família (9,61-62), reconhecer-se parte
de uma nova família. De agora em diante, Jesus será
sua nova família.

No texto acima, Jesus é colocado à prova por um
rabino, um mestre da Lei. Jesus aceita o desafio. No
desenrolar do relato, aparece outra nota distintiva do
discípulo missionário: ser compassivo e misericordioso.
Um homem foi assaltado e deixado quase morto à beira
do caminho. Um sacerdote e um levita cumprindo a lei
da santidade (Lv 21,1-3.11; Ez 44,25), não querendo
ofender a Deus (Lv 22,9), passam adiante pelo outro
lado. Depois vem um samaritano, considerado pelos
judeus como estrangeiro e endemoniado (Jo 8,48) tal-
vez um comerciante, ofício também desprezado pelos
judeus, pois não permitia cumprir devidamente a Lei. O
samaritano que tem compaixão diante do ferido, tem um
carinho profundo que lhe brota das próprias entranhas.

A diferença está em que o sacerdote e o levita amam
profundamente a Lei de Deus, o que nem sempre permite
reconhecer Deus no próximo. Esta é uma grande tentação
que persegue os que se dedicam ao mundo do sagrado:
viver longe do mundo real onde as pessoas lutam trabalham
e sofrem. Assim, quando a religião não está centrada num
Deus Pai dos pobres, próximo dos que sofrem, pode trans-
formar-se numa experiência que afasta da vida, que aliena.

Jesus revela que o importante é amar profundamen-
te o Deus da Lei, paciente e rico em misericórdia (Nm
14,18-19). Este Deus nos leva a reconhecê-los nos pobres
e sofredores, à beira do caminho e da sociedade. Não
basta ser discípulo da Lei, importa ser discípulo de Jesus.

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Assim, próximo não é aquele que vem a nós, próximo
é aquele de quem eu me aproximo com compaixão e
misericórdia. Isto distingue o discípulo missionário. “Só
a compaixão pode hoje tornar a Igreja de Jesus mais
humana e mais digna de crédito” (José A. Pagola).

Fazer-se próximo implica: a) libertar-se de precon-
ceitos. “fazer o bem, sem olhar a quem”. A vida é bem
maior. Ter sensibilidade diante da dor e do sofrimento
do outro; b) Colocar os dons a serviço da vida, “o pouco
com Deus é muito”; c) Acompanhar o processo de cura.
Gastar tempo com o outro, aí se revela a proximidade, o
carinho de Deus através de nós. Também a nossa Igreja
é chamada a ter entranhas de misericórdia, nisto se
identifica o discipulado missionário.

Merece um destaque a passagem de Marta e Maria
(Lc 10,38-42). Elas representam dois tipos de cristãos:
os que se submetem às coisas deste mundo (Marta) e
os que se submetem à vontade de Deus (Maria). “Sen-
tar-se” é pôr-se aos pés de um mestre para receber
instrução, formação. Maria é modelo de discipulado:
obedece, ama, contempla, crê. Além disso, não há dis-
cipulado sem vida de oração. O Pai nosso é um projeto
de vida, uma oração que resume todo o Evangelho, é a
oração do discípulo de Jesus (Lc 11,2-4). Temos um só
Pai, somos todos irmãos, por isso o discípulo missioná-
rio deve lutar para que o pão seja de todos e que todos
tenham vida em abundância.

Pergunta para o aprofundamento: Somos mais pare-
cidos com o sacerdote e o levita ou com o Samaritano?
Por quê? O que fazer para melhorar?

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5º Encontro:

Alegrem-se, encpoenrtdriadmoos o que estava

Chave de Leitura: Lucas 15,11-32
1. Quais as atitudes do filho mais novo?
2. Quais as atitudes do pai?
3. Quais as atitudes do filho mais velho?
4. O que este texto tem a dizer para nós hoje?
Na segunda etapa do caminho para Jerusalém Lucas
destaca a misericórdia do Pai de Jesus. O capítulo 15
de Lucas traz as parábolas da misericórdia: a ovelha
perdida, a moeda perdida, o filho perdido. Elas tentam
responder à crítica dos doutores da Lei e fariseus sobre
o motivo de Jesus andar com os pecadores. A parábola
do Pai misericordioso é uma catequese sobre o perdão
de Deus. Há uma imensa e contagiante alegria de Deus
quando encontra aquele que se perdeu. Isto justifica a
alegria da festa. O que estava morto, agora voltou à vida.
Lucas apresenta Jesus como o salvador enviado por Deus
para buscar e salvar o que estava perdido.

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Em Jesus, Deus visitou o seu povo, por isso, é fácil
compreender a mensagem de Jesus como Boa Notícia
de um Deus compassivo, defensor dos pobres, curador
dos doentes e amigo dos pecadores. A parábola do Pai
misericordioso resume, de certa forma, a “imagem que
Jesus tinha de Deus”. Ele não queria que as pessoas
imaginassem Deus como um Juiz, um rei ou senhor, mas
como um Pai bom, que não guarda a sua herança para
si, que respeita as decisões dos filhos e que fica sempre
à espera do retorno do filho “perdido” à sua Casa.

Toda a parábola se reveste de um profundo sim-
bolismo para explicitar o discipulado missionário. Nas
atitudes do filho mais novo pode-se ver o modelo de
discipulado missionário e no filho mais velho o anti-
modelo desse discipulado.

A exemplo do filho mais novo, discípulo missionário
é aquele que a) cai em si mesmo para assumir as ver-
dades mais profundas; aquele dá conta das próprias
fragilidades e que assume seus erros, suas limitações; b)
procura voltar à casa do Pai, (cf. Sl 91,1-2), que põem-se
a caminho ainda que seja para ser tratado como simples
empregado; c) se deixa amar pelo Pai, acolhe seu abraço,
seu perdão e sua festa.

O filho mais velho indica a direção contrária ao dis-
cipulado missionário: a) quer a retribuição pelo tempo
investido no cumprimento da lei e do serviço ao Senhor,
quer colocar Deus a serviço de suas vontades. A busca
desenfreada pelo cumprimento do dever o leva a esque-
cer a gratuidade; b) nunca saiu de casa, mas seu coração
esteve sempre longe, por isso, não consegue perdoar o

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irmão, não entende o sentido da festa, fecha o coração
para os pecadores; c) não se deixa amar pelo Pai, não
consegue acolher a sua misericórdia, não entra na festa.

O Pai, retrato do Deus misericordioso, aguarda a
chegada do filho mais novo, abraça, coloca roupa nova,
anel no dedo e faz festa. Mas sai também ao encontro
do filho mais velho e lhe revela o desejo mais profundo
de seu coração: ver seus filhos sentados à mesma mesa,
compartilhando o mesmo banquete, para além dos
confrontos, ódios e condenações.

Na seqüência do Evangelho há uma grande insis-
tência no desapego dos bens materiais em função do
seguimento de Jesus. Na parábola do administrador
sagaz (Lc 16,1-13), Jesus propõe ao discípulo missionário
o desafio de conquistar as pessoas e os bens do mundo
para o Reino sem se deixar corromper pelo dinheiro. O
homem rico, sem nome e o pobre Lázaro (Lc 16,19-31),
o discípulo missionário é convidado a aprender a abrir
a porta, o coração e as mãos para o pobre necessitado.
Este é o caminho para abrir as portas do Reino. Nas reco-
mendações finais (Lc 17,1-10), Jesus anima os discípulos
a empenhar o melhor de si tendo em vista adquirir o
que é precioso aos olhos de Deus: o bem, o perdão, a fé.

Pergunta para o aprofundamento: Como nos com-
portamos diante das pessoas que se afastaram da nossa
comunidade: como o Pai misericodioso ou como o
irmão mais velho? Por quê? O que fazer para melhorar?

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6º Encontro:

Alegrem-se, a Salvcaaçsãao entrou na nossa

Chave de Leitura: Lucas 19,1-10 (Zaqueu)
1. O que Zaqueu faz para ver Jesus?
2. O que Jesus disse depois da decisão de Zaqueu?
3. O que precisamos fazer, hoje, para que a Salvação
entre na nossa casa?
Lucas insiste em dizer que em Jesus se cumpre toda
a Promessa feita aos antepassados. Por isso ele repete
várias vezes o “hoje da salvação”. Ao entrar na casa de
Zaqueu Jesus diz: “Hoje chegou a salvação a esta casa”
(Lc 19, 9), na cruz ele promete ao ladrão arrependido:
“hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23, 43). Jesus não
está preocupado com o nosso passado, mas nos convida a
assumir a boa nova do Reino no “hoje” de nossa história.
Neste sentido, o evangelho de Lucas se destaca pelo rosto
compassivo de Deus que acolhe e perdoa na gratuidade.
Lucas desta que o perdão aos pecadores, mostra que
Deus não apenas perdoa na gratuidade, mas também se

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alegra, faz festa com a conveersão de seus filhos. Este
Deus misericordioso se revela também nos gestos e pala-
vras de Jesus, quando ele acolhe a mulher prostituta (Lc
7, 36-50), visita Zaqueu, o pecador público (Lc 19, 1-10),
pede perdão a Deus para os que o estão crucificando
(Lc 23,34), etc. Jesus não está preocupado com o nosso
passado, com a “herança que desperdiçamos”. O seu
foco é o “hoje”, é o retorno à casa do Pai, ao convívio
com a comunidade de fé.

Zaqueu é pequeno na estatura, mas poderoso chefe
dos cobradores de impostos. Ele quer ver Jesus. Ele sobe
numa árvore (Lc 19,3-4). Quem queria ver Jesus, foi visto
primeiro por Ele. Jesus, elevando olhar, enxerga o chefe
dos publicanos, considerado impuro pelos judeus. Não
é homem querido, vive explorando os outros. O nome
Zaqueu, significa “puro”, no entanto, ele vive o contrário
disso e não é visto como “Filho de Abraão”.

No encontro de Jesus com Zaqueu acontece a con-
versão e a chegada da salvação na vida dele. “Desce
depressa” (19,5). essa é a atitude correta. Somente
após a descida é que acontece a transformação de Za-
queu. “Hoje devo ficar em sua casa” (19, 5). Jesus é que
se convida e entra em sua casa; A presença de Jesus,
sem pregação e sem sermão, desperta a conversão em
Zaqueu. Ele decide entregar metade de seus bens aos
pobres (compaixão) e devolver quatro vezes mais o que
tinha roubado (justiça).

Jesus é criticado por entrar na casa de um pecador.
Mas Ele veio procurar e salvar o que estava perdido. A
vida dos que são escravos do dinheiro é perdida. Zaqueu

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deu o passo que o rico sem nome da passagem com o
pobre Lázaro, não conseguiu dar (Lc 16,19-31). Zaqueu
abriu sua casa para Jesus e para os pobres. A salvação
entra em sua casa pela prática da justiça e da compaixão
com os pobres. Isto faz dele um bem-aventurado (Lc 6,20).
Para o rico, não há outro caminho de salvação fora deste.

No caminho para Jerusalém, através do qual Jesus faz
uma catequese para o discipulado missionáario, Zaqueu
aparece como modelo de discípulo. Ele soube escolher a
riqueza verdadeira. Agora ele pode viver de acordo com
o significado de seu nome “puro”, “justo”. Pureza que
vem não por atos externos como acreditavam os judeus,
mas por verdadeiras transformações interiores. Zaqueu
venceu a idolatria do dinheiro.

“Hoje acontece a salvação nesta casa”, não apenas
na vida de Zaqueu, mas na comunidade de fé, “Casa-I-
greja”, que deve renunciar ao mau uso do dinheiro e
colocá-lo sempre ao serviço da evangelização e do bem
comum. A atitude de Zaqueu é uma baliza também
para a comunidade eclesial. A Igreja, casa e escola da
comunhão, é chamada a ser expressão viva da caridade,
da partilha e da solidariedade, sobretudo para com os
pobres, nos quais, há uma especial presença de Cristo.
É preciso vigiar e penitenciar-se para que o dinheiro seja
administrado com justiça e eqüidade, de forma a criar
comunhão.

Pergunta para o aprofundamento: Como podemos
anunciar Jesus Cristo se muitas vezes o dinheiro, no
seio da Igreja é motivo de escândalos? Acreditamos
verdadeiramente no dízimo?

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7º Encontro:

Alegrem-se, o Resnsoussccoitado caminha co-

Chave de Leitura: Lucas 24,13-35
1. Durante o caminho, quais as atitudes dos discípulos?
2. Quais as atitudes de Jesus?
3. Em que este texto reanima e fortalece nossa fé em

Jesus?
Mesmo depois de uma longa catequese, os discípulos
encontram-se decepcionados, tristes, desmotivados.
Eles tinham tudo para acreditar em Jesus: Conheciam as
Escrituras, acompanharam os passos de Jesus, recebe-
ram o testemunho de ressurreição através das mulheres:
“Ele está vivo”. Apesar de tudo isso, estava morrendo a
esperança. Para superar essa situação Lucas aponta o
caminho da Escuta da Palavra e da Eucaristia. A Palavra
esquenta o coração, a Eucaristia abre os olhos e dá co-
ragem para abraçar a missão em Jerusalém.
Alguns pontos que podem ajudar no aprofundamento
deste texto:
Jesus caminha com os discípulos, faz-se próximo, es-
cuta suas angustias: o evangelizador precisa está ligado

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ao povo; a comunidade é o chão de onde nascem as
inquietações, reflexões, dúvidas e possíveis respostas.
Quem não escuta o povo, corre risco de responder
a perguntas que não foram feitas e deixar de lado as
grandes questões.

Jesus, abriu-lhes, em todas as Escrituras, as passagens
que se referiam a ele: a Bíblia precisa ser lida em seu
conjunto, pois a verdade relativa à nossa salvação só se
desvela plenamente no conjunto das Escrituras. A nossa
fé é histórica, ou seja, o testemunho do Povo de Israel
e dos Cristãos narrado nas Escrituras não é história de
outro povo, mas é a nossa história. Jesus de Nazaré, o
crucificado-ressuscitado é a chave para a compreensão
de toda a Bíblia.

Jesus faz a leitura a partir da realidade dos discípu-
los: não são duas histórias, mas uma única história da
salvação na qual Deus se nos revela, se autocomunica.
Os Grupos de Reflexão também precisam estar ligados
à realidade da nossa comunidade, cidade, país, mundo.
É a Bíblia iluminando a vida e ao mesmo tempo, a vida
tornando a Palavra de Deus viva e eficaz.

A Palavra faz o coração queimar: quando a palavra
faz sentido para nós, nosso coração não consegue ficar
insensível. Daí a importância da palavra certa, na hora
certa, do jeito certo... Os nossos Grupos de Reflexão
precisam fazer queimar os corações, para tanto, as
reflexões, partilhas, meditações precisam fazer sentido
para quem as escutam.

Jesus não se mostra todo de uma vez, não podemos
obrigar ninguém a compreender, nem tampouco a pen-

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sar como nós. A nossa missão é provocar para que eles
mesmos sintam-se envolvidos na conversa, tomem gosto
pela nossa reflexão e nos convidem para ficar com eles.

Jesus não abre mão dos gestos, símbolos, sinais...
Não somos uma “religião do livro”, mas da Palavra. Esta
Palavra não é apenas audível, não possui somente uma
voz; em Cristo, a Palavra tem um rosto, que podemos
contemplar (VD, n 12). Esta palavra encarnada se fez
pessoa e se fez alimento. Daí a importância da vida de
comunidade. A participação nos sacramentos e, sobre-
tudo, na celebração eucarística.

“O homem contemporâneo escuta com maior boa
vontade as testemunhas do que os mestres” (Papa Paulo
VI). Palavra e Eucaristia impulsionam-nos para a missão.
Sem a vivência da palavra refletida e rezada, tudo perde
o sentido. Os Grupos de Reflexão vivem do testemunho
da Palavra. Daí a importância de propor sugestões de
gestos concretos (tarefa da semana).

Jesus desapareceu da vista deles: para que as novas
lideranças possam surgir na comunidade é preciso que os
“mestres” deem espaço. Não podemos criar lideranças
dependentes de nós, pois não formamos discípulos para
nós, e sim para Cristo. Nós temos a responsabilidade de
abrir a compreensão da Palavra de Deus “como é que
vou entender se ninguém me explica?” (At 8, 31).

Pergunta para o aprofundamento: A escuta da
Palavra e a Eucaristia tem reavivado a esperança das
pessoas em nossa comunidade? Dê exemplos?

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Comunidadade de Comunidades, uma
nova Paróquia

Breve apanhado das Sete Proposições da Assembléia
dos Bispos (Aparecida SP - abril de 2013)

1. Pequenas comunidades (nº 211 a 214) Para supe-
rar a massificação e o anonimato, a comunidade menor
favorece os valores do relacionamento interpessoal,
também os afastados podem ser atraídos e melhor
acompanhados. É importante formar e fortalecer gru-
pos de reflexão e oração, especialmente com a Leitura
Orante da Bíblia.

2. Formação permanente (nº 215 a 216) É necessário
reforçar uma clara e decidida opção pela formação de
todos os membros das comunidades: os padres precisam
atualizar seus conhecimentos diante das novas situações
e os leigos e consagrados precisam estar preparados para
novas urgências. O processo formativo precisa privilegiar
a leitura e a escuta da Palavra.

3. Iniciação cristã (nº 217 a 218) O cristão atual ne-
cessita de um tipo de catequese que, além de uma forte
fundamentação da fé, seja capaz de ajudá-lo a conver-
ter-se e a comprometer-se com a comunidade cristã. A
catequese, como iniciação cristã, ainda é desconhecida
por muitos. Requer um novo olhar que integre cateque-
se, liturgia e caridade. É indispensável seguir o processo
catecumenal com crianças e com adultos.

4. Animação litúrgica (nº 219 a 223) Cuidar da be-
leza da liturgia significa ficar atento aos cânticos, aos
símbolos e aos ritos dos sacramentos. Especial impor-
tância adquire a homilia, centrada nas leituras da Bíblia
e proclamadas na celebração e comprometida com a
realidade. Ela precisa ser breve e capaz de falar com a

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linguagem dos homens e das mulheres da cultura atual.
“A celebração da Palavra de Deus é vivamente recomen-
dada nas comunidades onde não é possível, celebrar o
Sacrifício Eucarístico nos dias festivos de preceito.”

5. Cuidar da vida (nº 224 a 227) Cada comunidade da
paróquia é chamada a ser sacramento de amor, solidarie-
dade e justiça. Tudo o que tenha relação com Cristo tem
relação com os pobres, e tudo o que está relacionado
com os pobres clama por Jesus Cristo. As comunidades
necessitam dar atenção especial aos jovens, na educação
para combater a droga, promovendo a cultura da paz e
enfrentando a violência.

6. Reconciliação e acolhida (nº 228 a 232) A ne-
cessidade de oferecer, com maior frequência, o Sacra-
mento da Reconciliação aos fiéis. Assim, as conversões
e mudanças de vida serão acompanhadas pela graça
sacramental. O atendimento individualizado também
oportunizará um acompanhamento espiritual e uma
orientação para a vida em comunidade. Daí a neces-
sidade de ampliar os espaços e tempos do padre para
atender mais às pessoas que buscam a comunidade. As
pessoas querem ser acolhidas fraternalmente e porque
querem se sentir valorizadas e incluídas na Igreja.

7. Ministérios leigos (nº 233 a 235) A Igreja, Povo de
Deus em comunhão, vive numa variedade de carismas,
serviços e ministérios. “Para uma Igreja comunidade de
comunidades, é imprescindível o empenho por uma efe-
tiva participação de todos nos destinos da comunidade.”
Abrir espaços para a participação dos leigos, confiando-
lhes ministérios e responsabilidades na comunidade
eclesial. A paróquia precisa ter abertura para a presença
e a atuação dos jovens na vida das comunidades.

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Cânticos para animar o estudo

01 - Um Certo Galileu (Padre Zezinho)
1. Um certo dia, a beira mar / Apareceu um jovem Galileu

/ Ninguém podia imaginar / Que alguém pudesse amar
do jeito que ele amava / Seu jeito simples de conversar
/ Tocava o coração de quem o escutava
E seu nome era Jesus de Nazaré / Sua fama se espalhou
e todos vinham ver / O fenômeno do jovem pregador
/ Que tinha tanto amor
2. Naquelas praias, naquele mar / Naquele rio, em casa
de Zaqueu / Naquela estrada, naquele sol / E o povo
a escutar histórias tão bonitas / Seu jeito amigo de se
expressar / Enchia o coração de paz tão infinita
3. Em plena rua, naquele chão / Naquele poço e em casa
de Simão / Naquela relva, no entardecer / O mundo
viu nascer a paz de uma esperança / Seu jeito puro de
perdoar / Fazia o coração voltar a ser criança
4. Um certo dia, ao tribunal / Alguém levou o jovem Gali-
leu / Ninguém sabia qual foi o mal / E o crime que ele
fez; quais foram seus pecados / Seu jeito honesto de
denunciar / Mexeu na posição de alguns privilegiados
E mataram a Jesus de Nazaré / E no meio de ladrões
puseram sua cruz / Mas o mundo ainda não ama este
Jesus / Que tinha tanto amor
5. Vitorioso, ressuscitou / Após três dias à vida Ele voltou /
Ressuscitado, não morre mais, / Está junto do Pai / Pois
Ele é o filho eterno. / Mas Ele vive em cada lar / E onde
se encontrar um coração fraterno.
Proclamamos que Jesus de Nazaré / Glorioso e triunfante
Deus conosco está / Ele é o Cristo e a razão da nossa
Fé / E um dia voltará!

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02 - Alguém do povo exclama (aclamação)
Aleluia, Aleluia, Aleluia, Aleluia (bis)
1. Alguém do povo exclama: “Como é grande, oh Senhor!

Quem Te gerou e alimentou” . / Jesus reponde: “Ó
mulher, pra mim é feliz, / quem soube ouvir a voz de
Deus e tudo guardou”.
2. Nem todo que diz: “Senhor, Senhor” chega ao céu, /
Mas só quem obedece ao Pai. / Jesus se a igreja louva
Tua mãe, louva a Ti. E espera que a conduzas pela
estrada onde vais.
03 - Seu nome é Jesus Cristo (Pe. André Luna)
1. Seu nome é Jesus Cristo e passa fome / E grita pela boca
dos famintos / E a gente quando vê passa adiante /
Às vezes pra chegar depressa a igreja. // Seu nome é
Jesus Cristo e está sem casa / E dorme pelas beiras das
calçadas / E a gente quando vê aperta o passo / E diz
que ele dormiu embriagado.
Entre nós está e não O conhecemos / Entre nós está e nós
O desprezamos. (bis)
2. Seu nome é Jesus Cristo e é analfabeto / E vive mendi-
gando um subemprego / E a gente quando vê, diz: é um
à toa / Melhor que trabalhasse e não pedisse. // Seu
nome é Jesus Cristo e está banido / Das rodas sociais
e das igrejas / Porque d’Ele fizeram um Rei potente /
Enquanto Ele vive como um pobre.
3. Seu nome é Jesus Cristo e está doente / E vive atrás das
grades da cadeia / E nós tão raramente vamos vê-lo /
Sabemos que ele é um marginal. // Seu nome é Jesus
Cristo e anda sedento / Por um mundo de Amor e de
Justiça / Mas logo que contesta pela Paz / A ordem o
obriga a ser de guerra

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4. Seu nome é Jesus Cristo e é difamado / E vive nos imun-
dos meretrícios / Mas muitos o expulsam da cidade /
Com medo de estender a mão a ele. // Seu nome é
Jesus Cristo e é todo homem / E vive neste mundo ou
quer viver / Pois pra Ele não existem mais fronteiras /
Só quer fazer de todos nós irmãos

03 - Vejam, Eu andei pelas vilas (Frei Fabretti)
1. Vejam: Eu andei pelas vilas, / apontei as saídas como

o Pai me pediu / Portas eu cheguei para abri-las, / eu
curei as feridas como nunca se viu.
Por onde formos também nós que brilhe a tua luz / Fala,
Senhor, na nossa voz, em nossa vida / Nosso caminho
então conduz, queremos ser assim / Que o pão da vida
nos revigore em nosso “sim”
2. Vejam: Fiz de novo a leitura / das raízes da vida que meu
Pai vê melhor / Luzes acendi com brandura, / para a
ovelha perdida não medi meu suor
3. Vejam: Procurei bem aqueles / que ninguém procurava
e falei de meu Pai / Pobres, a esperança que é deles /
eu não quis ver escrava de um poder que retrai
4. Vejam: Semeei consciência / nos caminhos do povo, pois
o Pai quer assim / Tramas, enfrentei prepotência / dos
que temem o novo, qual perigo sem fim
5. Vejam: Eu quebrei as algemas, / levantei os caídos, do
meu Pai fui as mãos / Laços, recusei os esquemas, / Eu
não quero oprimidos, quero um povo de irmãos
6. Vejam: Do meu Pai a vontade/ eu cumpri passo a passo,
foi pra isso que eu vim / Dores, enfrentei a maldade, /
mesmo frente ao fracasso eu mantive meu “sim”
7. Vejam, fui além das fronteiras,/ espalhei boa-nova: Todos
filhos de Deus / Vida, não se deixe nas beiras, / quem
quiser maior prova venha ser um dos meus.

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Oração para antes da Leitura da Bíblia Capa CNBB / Oração Fabiana Oliveira

Deus onipotente e misericordioso, / desejo
ler a Bíblia e entender vossa Palavra, / que é luz e
segurança para meus passos.

Que o Espírito Santo me ilumine / a fim de
que compreenda o que dizem as Escrituras.

Que eu possa sentir durante esta leitura / o
coração ardente,/ como os discípulos no caminho
de Emaús.

Que eu possa encontrar sentido coragem, /
esperança e rumo para minha vida, / para a vida de
minha família / e para a vida de minha comunidade.

Mas, sobretudo, / que eu e todos os
cristãos / possamos aprender a ter fé, / amar e viver
mais intensamente a vossa Palavra / no serviço aos
irmãos mais pobres e necessitados. Amém

Vinde Espírito Santo...

Pedidos:

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Fone: (33) 3341-1900
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