Fraternidade e Educação
“Fala com sabedoria,
ensina com amor”
(cf. Pr 31,26)
Campanha da fraternidade 2022
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Movimento Boa Nova
Fraternidade
e Educação:
estudo dirigido
“Fala com sabedoria, ensina com amor”
(cf. Pr 31,26)
Campanha da Fraternidade 2022
Dom Cavati - 2021
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Ficha Técnica:
Texto: Denilson Mariano e João Resende
Diagramação: Denilson Mariano
Revisão: Denilson Mariano
Imagens: Reprodução / CNBB e Jesuítas do Ecuador
Capa: CFE 2022 / CNBB
Impressão: Gráfica AGEP
ISBN: 978-65-00-36575-7
MOBON
Rua Santa Maria, 346 - Serapião II
Dom Cavati - MG
Fone: (33) 3357-1348
WhatsApp (31) 99310-7930
Visite nossso site: www.mobon.org.br
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Apresentação
Irmãs e Irmãos em Cristo Jesus!
A Graça e a Paz de Nosso Senhor Jesus Cristo
estejam com todos vocês!
O Movimento da Boa Nova (MOBON), mais
uma vez, vem ajudar nossos líderes a se prepararem
para viverem e passarem para suas comunidades,
durante esta Quaresma, estas reflexões sobre o tema
“Fraternidade e Educação”, sugerido pela Campanha
da Fraternidade 2022; com o lema, tirado do Livro
dos Provérbios (31, 36): “Fala com sabedoria, ensina
com amor”.
Vivemos ainda os reflexos da pandemia do
coronavírus, a Covid-19, que atingiu o mundo inteiro
e, apesar das vacinações, vem ainda fazendo muitas
vítimas, com as variantes ‘delta’ e ‘ômicron’.
É neste contexto, que o Santo Padre, o Papa
Francisco, nos propõe vivenciarmos o “Pacto Educa-
tivo Global”, lançado no Brasil, desde 31 de janeiro
deste ano de 2021. É um convite dirigido, não só aos
católicos, mas a todos os homens e mulheres do mun-
do inteiro, para cuidarmos das fragilidades do Povo e
da Sociedade em que vivemos.
Usando o método ESCUTAR, DISCERNIR e AGIR,
o Santo Padre nos propõe um esforço conjunto, da
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Família, da Escola e da Sociedade, com o objetivo de
fazermos da educação um processo de construção da
cidadania, através do “Pacto Educativo Global”.
Este subsídio deseja, como se explicita na “In-
trodução”, à luz da Palavra de Deus, incentivar-nos a
todos, homens e mulheres, seguidores de Jesus Cristo,
a vivermos um Compromisso Comunitário, com uma
Economia Solidária e a Ecologia Integral, através do
Diálogo e da Paz.
Com muita alegria, não só abençoo a Equipe do
MOBON, através do irmão Denílson Mariano, SDN,
por este seu trabalho pastoral e evangelizador, mas
também a todos os líderes, homens e mulheres, que,
após a devida preparação, irão levá-lo às comunidades
rurais e urbanas, a fim de que todos nós nos com-
prometamos a vivenciar essa conversão quaresmal,
para celebrarmos com alegria a Páscoa do Senhor
Ressuscitado.
É o que peço a Deus, por intercessão da Virgem
Santíssima, abençoando a todos vocês e a seus fami-
liares, em nome do † Pai, e do † Filho e do † Espírito
Santo. Amém.
Caratinga, 15 de dezembro de 2021.
+ Dom Emanuel Messias de Oliveira
Bispo Diocesano de Caratinga
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Introdução:
Com o avanço da vacinação, aos poucos vamos
podendo retornar certas atividades que foram suspen-
sas por causa da pandemia do coronavírus. No entanto,
a realidade que nos rodeia, já não é a mesma de antes.
Muitas situações sociais, econômicas, políticas, climáticas
e religiosas foram agravadas com a pandemia. Isso leva a
certo sentimento de impotência e medo do futuro.
Neste ano de 2022, os bispos do Brasil nos convi-
dam para, à luz da fé, refletir sobre a educação em nosso
país, certos de que ela é indispensável para a construção
de um mundo mais justo e fraterno. Somos convidados
a não ser indiferentes à nova e desafiante realidade que
se descortina diante de nós. O objetivo principal desta CF
2022 é: Promover diálogos a partir da realidade educativa
do Brasil, à luz da fé cristã, propondo caminhos em favor
do humanismo integral e solidário.
A questão da educação nos interpela e exige profun-
da conversão, mudança de mentalidade e reorientação da
vida. É urgente rever atitudes e buscar um caminho que
promova o desenvolvimento pessoal integral, a formação
para a vida fraterna em comunidade e para o exercício
pleno da cidadania. A Igreja do Brasil nos aponta que re-
fletir e atuar a favor da educação é uma forma de viver a
nossa penitência quaresmal. Olhando para Jesus, mestre
e educador, que se doa na cruz para a vida do mundo, re-
conhecemos que algo pode e deve mudar em nosso país.
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O tema desta campanha é: Fraternidade e Edu-
cação. O lema que a ilumina e guia é tirada do livro dos
provérbios: “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf.
Pr 31,26). O Texto Base (TB) preparado pela Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) tem como pano de
fundo a realidade atual agravada pela pandemia e a pro-
posta do Papa Francisco do Pacto Educativo Global que
foi lançado no dia 14 de maio de 2020, em Roma e no dia
31 de janeiro de 2021, no Brasil.
O Papa convida a cuidar das fragilidades do povo e
do mundo em que vivemos, um convite dirigido aos cris-
tãos e a todos os homens e mulheres da terra. Para isso,
a educação e a formação tornam-se prioritárias, pois nos
ajudam a nos converter em verdadeiros sujeitos na Igreja
e na sociedade, construtores do bem comum e da paz.
A proposta do Papa é de que se alinhem, num
esforço conjunto, família-escola-sociedade em um único
objetivo de educar para além dos pensamentos simplistas
e reducionistas de uma educação voltada apenas para
aprender conteúdos. Trata-se de compreender e fazer da
educação um processo de construção da cidadania global.
Este estudo contém cinco pequenos encontros,
que, a partir da palavra de Deus, seguem os passos do
método ver-julgar-agir em nova roupagem, explicitada
pelo Papa Francisco como escutar, discernir, agir. Procura
tratar os principais eixos desta CF em sintonia com o Pacto
Educativo Global: uma educação que coloque a pessoa no
centro, que gere compromisso comunitário, seja compro-
metida com o Diálogo e a Paz, promova uma Economia
Solidária e seja comprometida com a Ecologia Integral.
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1º EnAconntteros: de ensinar, aprender lições
Chave de Leitura: João 8, 1-11
1. Qual a atitude dos doutores da Lei?
2. Quais as atitudes de Jesus diante dos doutores?
3. Como Jesus trata a mulher acusada de adultério?
4. O que temos a aprender com as atitudes de Jesus?
Interessante perceber que depois de ter ido ao
monte das Oliveiras, provavelmente para rezar e es-
cutar o Pai, Jesus desce para o Templo de Jerusalém,
lugar de peregrinações, de estudo Palavra e de culto
a Deus. Jesus, antes de ensinar, escuta o Pai, aprende
com Ele, por isso tem outro olhar sobre os fatos e
acontecimentos. Escutar é mais que ouvir, é o ponto
de partida para acolher, compreender e transformar a
realidade (TB n. 26).
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Os doutores da Lei trouxeram uma mulher “pega em
adultério” e, com as mãos cheias de pedras, colocaram
Jesus à prova. Segundo a Lei de Moisés, ambos os en-
volvidos no adultério, o homem e a mulher, deviam ser
punidos (cf. Dt 22,22). Se Jesus fosse favorável à mulher,
seria acusado de violar a Lei. Se fosse favorável à Lei,
confirmaria as atitudes dos doutores que não enxerga-
vam a dignidade da vida. A Lei era uma pedagoga, uma
educadora, mas estava sendo desviada do seu sentido
maior, a escuta de Deus. Os doutores desejavam que
Jesus esquecesse seu ensinamento de amor e carida-
de, que os incomodava, e que condenasse a mulher à
morte, conforme prescrito na Lei (TB n. 11).
Diante do acontecimento, Jesus se abaixa, à seme-
lhança dos escribas que curvavam diante dos textos
sagrados (TB 13) e começa a escrever no chão, como
que perguntando: “O que de fato está escrito na Lei?”
e, ao mesmo tempo escreve um ensinamento novo que
coloca a vida acima da Lei. E como que aprendendo
com aquela situação exclama: “Quem não tiver pecado,
atire a primeira pedra.” (Jo 8,7b). Ou seja, quem de fato
estiver cumprindo a Lei siga adiante. Mas eles foram se
retirando um a um...
Depois Jesus abre um diálogo educativo com a
mulher: “ninguém te condenou?”. Com isso dá a ela o
direito de se expressar em público: “ninguém Senhor”.
Depois vem o perdão que permite a reparação do erro
“Eu também não te condeno” e enfim a misericórdia
cria condições para um novo começo: “Vai e não peques
mais” (Jo 8,11). O ato educativo está primeiramente no
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aprender e não tanto no ensinar. Educação não é adestra-
mento ou simples transmissão de conteúdos, é ajudar a
pessoa a tomar a própria vida em suas mãos, ser sujeito
de seus pensamentos, sentimentos e ações (TB n. 22).
Escutar a realidade significa o esforço de compreen-
der seus gritos e silêncios, seus excessos e ausências. A
escuta, na esteira da pedagogia de Jesus, não orienta
os ouvidos somente para os sons que nos interessam. É
uma escuta integral, com o ouvido e com o coração (TB
n. 29). A pandemia agravou muitas situações em nosso
país. Seus reflexos são visíveis nas relações sociais, na
situação econômica, na dura realidade do aumento
da pobreza, da fome, da carestia, dos subempregos. A
indiferença se apossou de muitas pessoas, a necessi-
dade de fechar-se nas casas, fechou também mentes
e corações.
Muitos se encheram de seu pequeno mundo pes-
soal, familiar e se desconectaram da realidade social
mais ampla em que tudo está interligado. A Campanha
da Fraternidade quer nos ajudar a compreender duas
lições sobre o ato de educar: a primeira diz respeito ao
valor da pessoa como princípio da educação. A segunda
se refere ao ato de correção, que é conduzir ao caminho
reto (TB n. 25). O que podemos aprender com tudo o
que vivenciamos nesta pandemia? Escutar a realidade
é uma condição para construir e reconstruir o projeto
de humanidade a partir dos sinais de Deus na nossa
história (TB n. 32).
Este é o anseio do Pacto Educativo Global, proposto
pelo Papa Francisco. Ele nos aponta que a mudança de
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época que estamos atravessando, requer um caminho
educativo, que vá além das aulas e cursos, implica uma
rede de relações humanas e abertas. Uma “vila de
educação”, envolvendo a família, as igrejas e grupos
sociais, capaz de colocar no centro a pessoa, favorecer a
criatividade, a responsabilidade por um projeto a longo
prazo e formar pessoas disponíveis para se colocar a
serviço da comunidade.
No Pacto Educativo Global, o primeiro dos sete
passos é colocar a pessoa no centro de cada processo
educativo, realçar a sua especificidade e capacidade
de estar relacionado com os outros, contra a cultura
do descartável para fazer amadurecer uma nova soli-
dariedade universal e dar vida a uma sociedade mais
acolhedora. Trata-se de trabalhar um novo humanismo
para o qual é necessário superar os desvios e a violên-
cia incutida na sociedade de hoje. Os valores a serem
cultivados são: 1. Respeito e valorização da identidade
de cada pessoa, sem discriminação de sexo, idade,
raça, religião, ideologia, condição social etc.; 2. Edu-
cação para uma formação integral que valorize todas
as dimensões do ser humano; 3. Defesa dos direitos
universais e inalienáveis de cada pessoa.
Mais que ensinar, o segundo passo do Pacto Edu-
cativo é “ouvir as gerações mais novas, para juntos
construir um futuro de justiça e de paz, uma vida digna
para cada pessoa. Sempre começar do ouvir a pessoa,
acolher suas perguntas, as suas necessidades, as suas
feridas, a sua pobreza, descobrindo os seus talentos,
conhecendo os seus sonhos, os seus ideais etc. Os va-
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lores que guiam esta iniciativa são: 1. Ouvir as crianças,
os adolescentes e os jovens para colocá-los no centro
da ação educativa, com especial atenção a quem há
necessidades educativas especiais. “Não são os alunos
que devem adaptar-se à escola, mas a escola que deve
adaptar-se aos alunos”(isso vale para nossa cateque-
se, para nossos cursos, para nossa realidade eclesial).
2. Cada criança, adolescente e jovem tem direito ao
máximo respeito e a uma educação de qualidade. 3.
Construção de um ambiente educativo participativo
envolvendo mente, mãos e coração. Como recorda
o Papa: “para educar uma criança, é necessária uma
aldeia inteira”.
APROFUNDAMENTO: Escutar é mais que ouvir. Te-
mos, de fato, escutado as gerações mais novas? Quais
as consequências desta nossa atitude?
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2º EEndcuocnatrro:é humanizar
Chave de Leitura: Provérbios 31,10-31
1. No texto, que ligação há entre mulher e educação?
2. Como a mulher se coloca diante dos desafios do
futuro?
3. O que acontece quando nos deixamos guiar pela
sabedoria de Deus?
No texto bíblico, a sabedoria é apresentada como a
esposa ideal, aquela que leva para o caminho da justiça,
da honra, da prosperidade de vida. A sabedoria conduz
para um projeto de vida que supera as desigualdades
sociais, abrindo a mão para o pobre e o indigente;
vence as discriminações, como o machismo; aposta na
dignidade do trabalho e, com esperança, sorri para o
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futuro. Trata-se de um caminho educativo, um projeto
de vida e de sociedade. Um apelo de conversão para
que possamos construir um futuro mais humano, fra-
terno e solidário.
É importante recordar que os projetos pessoais, de
cunho individualista, tendem a fortalecer a competição,
a rivalidade e terminam por justificar os resultados
desiguais como normais ou legítimos. Como no ditado
popular: “quem pode mais, chora menos”. O projeto
pessoal de vida deve ser articulado com um projeto
de sociedade. “Se tudo está interligado, é difícil pensar
que este desastre mundial não tenha a ver com a nossa
maneira de encarar a realidade” (Fratelli Tutti, 34).
O Papa Francisco recorda que “cuidar do mundo que
nos rodeia e sustenta significa cuidar de nós mesmos.
Mas precisamos nos construir como um ‘nós’ que
habita a casa comum” (Fratelli Tutti, 16-17). Eu sou
um com os outros e não apesar dos outros. Francisco
aponta que “O individualismo não nos torna mais livres,
mais iguais, mais irmãos. A mera soma dos interesses
individuais não é capaz de gerar um mundo melhor
para toda a humanidade. Nem pode preservar-nos dos
tantos males, que se tornam cada vez mais globais. Mas
o individualismo radical é o vírus mais difícil de vencer”
(Fratelli Tutti, 105).
Com a pandemia experimentamos também um
excesso de informação, uma enxurrada de notícias
falsas, amplamente compartilhadas nas redes sociais
(fakenews). Sem dúvida, “a democratização dos meios
de comunicação é um ganho para a sociedade, porém
[...] as informações não cumprem seu papel quando
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são usadas como um casulo no qual nos escondemos
para proteger o que já sabemos” (TB 48).
“Tudo começa pelo aprender” (Rubem Alves). So-
mos desafiados a um aprendizado contínuo, chamados
à cultura do encontro que nos motiva a romper as
fronteiras do preconceito, do ódio e da indiferença
indo ao encontro do outro e de suas realidades (TB
52). Como nos motiva o Papa Francisco “trabalhar pela
cultura do encontro de modo simples, como fez Jesus:
não só vendo, mas olhando, não apenas ouvindo, mas
escutando, não só cruzando-se com as pessoas, mas
detendo-se com elas...” (Meditações Capela Santa
Marta, 24/06/2021).
“Segundo a UNESCO, com o fechamento das insti-
tuições de ensino, cerca de 1,5 bilhão de estudantes
e jovens em todo planeta estão sofrendo ou já foram
afetados pelo impacto do fechamento de escolas e uni-
versidades devido à pandemia (TB 61). Nessas condições,
os pais enfrentaram o estresse das múltiplas tarefas, as
crianças ficaram mais irritadiças pelo necessário isola-
mento e ausência de colegas, aumentou fortemente o
tempo de convivência familiar e às mulheres restou a
sobrecarga de trabalho e a falta de um suporte social,
particularmente o escolar. A tudo isso se somaram o
clima de instabilidade social, a carência de redes de pro-
teção social, a instabilidade econômica e a insegurança
com o risco de contágio, doença e morte, a insuficiência
de estruturas de serviço à saúde pública (TB 62).
A CF 2022 nos aponta que “Os pais são os primei-
ros, mas não os únicos, educadores de seus filhos”.
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Além dos pais e da família, uma aldeia inteira tem a
capacidade de educar. Entretanto, no século XXI, essa
aldeia é formada por uma imensa rede social, que tem
abrangência global e plasma um novo jeito de ser e de
viver (TB 60). “Uma educação pública inclusiva e de qua-
lidade é condição da justiça social que ainda carecemos
no Brasil. Quando não priorizamos a educação pública,
construímos uma dupla defasagem: não enfrentamos
uma dívida social histórica e prolongamos essa situação
de injustiça para as próximas gerações” (TB 74).
E ainda, o analfabetismo é um desafio. Em 2018 havia
11,3 milhões de pessoas analfabetas com 15 anos ou
mais de idade, concentrados, sobretudo, nas Regiões
Norte (7,6%) e Nordeste (13,9%) (TB 84). Em 2019, mais
de 10 milhões de adolescentes e jovens não completa-
ram alguma etapa do Ensino fundamental ou médio (TB
86). O analfabetismo é causa de pobreza e de acentuação
da vulnerabilidade social (TB 87).
Somos chamados a aprender com as situações
que vivemos. A pandemia revelou que estamos todos
no mesmo mar bravio, embora sejam gigantescas as
desigualdades sociais, necessitamos buscar a salvação
para todos ou pereceremos juntos. O sorrir para o
futuro (Pr 31,25) depende da nossa capacidade de co-
operação para um desenvolvimento humano integral,
em harmonia com a Criação de Deus. É preciso educar
para viver em comunhão (TB 57). Educar é “aprender
a fazer”, “aprender a conviver”, “aprender a aprender”
e o “aprender a ser”, estes são os quatro pilares da
educação que nos acompanham vida afora (TB 112).
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Se no livro de provérbios a sabedoria é comparada
a uma mulher, esposa ideal, o Pacto Educativo Global
nos aponta a necessidade de Promover a mulher. Favo-
recer a participação plena das meninas e das jovens na
educação. As mulheres sofrem situações de exclusão,
maus tratos e violência. São elas as que têm menos
oportunidades de defender seus direitos. Os valores
que guiam esta iniciativa são: 1. Reconhecimento dos
mesmos direitos, dignidade e igualdade entre homens
e mulheres; 2. Maior participação das meninas e das
jovens na educação, através de políticas concretas de
inclusão; 3. Inclusão equitativa das mulheres nos órgãos
colegiais de decisão.
Outra necessidade é Responsabilizar a família ver
na família o primeiro e indispensável sujeito educador.
A família é “a primeira escola de virtudes sociais, que
todas as sociedades precisam. [...] Especialmente na
família cristã... os filhos desde cedo devem ser educados
para perceber o sentido de Deus e venerá-lo e amar os
outros”. Guiando-se pelos seguintes valores: 1. Priorida-
de da família na educação dos filhos; 2. Participação de
representantes dos pais em órgãos colegiais de decisão;
3. Aumento de políticas a favor das famílias, em especial
dos socioeconomicamente mais desfavorecidos.
APROFUNDAMENTO: O que aprendemos sobre
nós mesmos com a pandemia da Covid-19? Estamos
saindo dela mais humanizados, com um projeto
de sociedade para todos? Dê exemplos:
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3º EncJoensturos:, mestre e educador
Chave de Leitura: Lucas 4,14-30
1. Onde Jesus ensinava e como era acolhido?
2. Qual é a fonte do ensinamento de Jesus e como
ele a utiliza?
3. Qual a reação do povo no início e no final do
ensinamento?
4. O que este texto diz para nós diante desta CF?
No tempo de Jesus, a sinagoga era o lugar de escuta
e de estudo das Escrituras Sagradas e o lugar de debater
os problemas e desafios da comunidade judaica. Vemos
no texto que Jesus ensinava nas sinagogas e era elogia-
do por todos (cf Lc 4,15). No conjunto dos evangelhos
vemos como Jesus aproxima as Escrituras da realidade
da vida e o povo percebeu que suas palavras não eram
17
vazias (retórica), mas ensinava com autoridade e não
como os doutores da lei (Mt 7,29). Uma autoridade que
lhe vinha do testemunho e não pela força do discurso;
uma autoridade que lhe vinha da força e presença do
Espírito que o guiava.
O conteúdo de seu ensinamento é profundamente
comprometido com a vida e o futuro de seu povo. Ele
escolhe no livro de Isaías o texto em que o profeta
assume a missão de libertar os pobres, os presos,
os oprimidos; a missão de abrir os olhos dos cegos e
anunciar o ano da remissão, em que as dívidas eram
perdoadas e a todos era dada uma nova oportunidade
de refazer a vida com dignidade. Jesus assume esta
missão e a atualiza em sua vida: “Hoje se cumpriu essa
passagem da Escritura” (Lc 4,21). Jesus coloca a palavra
em ação, traduz a Escritura em atos e atitudes, daí vem
sua autoridade (TB 149).
Jesus se mostra um mestre que se coloca a serviço
da vida do povo, um educador que abre os olhos, que
leva a pensar de maneira crítica, relendo os aconteci-
mentos, com novos olhos, sempre com misericórdia
(TB 151). É o que ele deixa claro ao retomar a ação de
Deus a favor da viúva estrangeira no tempo de Elias
e a favor da cura do leproso, também estrangeiro, no
tempo de Eliseu. Com visão clara, Jesus denuncia a
falta de fé do povo da sinagoga de Nazaré. E mesmo
com um ensinamento correto, fiel às Escrituras e de
olhos abertos aos acontecimentos da história, Jesus
foi rejeitado, expulso da cidade e ameaçado de morte,
pelos seus irmãos de fé.
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Porém, animado pelo Espírito, Jesus não perdeu o
rumo e a direção de seu projeto educativo-libertador:
“passando no meio deles, continuou o seu caminho”
(Lc 4,30). O conjunto dos Evangelhos nos revela que
a pedagogia de Jesus liberta as diversas categorias de
cativos: os pecadores (Lc 15,7-10), cobradores de im-
postos (Lc 15,1-2; 19,7), os que são economicamente
oprimidos (Lc 16,19-31), os possuídos pelos demônios
(Lc 11,14), os doentes (Lc 13,10-17), os samaritanos (Lc
17,11-19) e os gentios (Lc 13,28-20).
A Campanha da Fraternidade nos aponta a ne-
cessidade de um “modelo de educação que priorize
o encorajamento ao aprendizado e a construção de
conhecimentos significativos, que permitam a todos os
atores do processo educativo abrirem-se à aprendiza-
gem como tarefa que nos acompanha pela vida afora”
(TB 112). Uma educação que não apenas garanta o
acesso à escola, à faculdade, mas que esteja alinhada
com a garantia de melhores condições de vida, pois sem
a devida preparação para o exercício de uma profissão,
cresce ainda mais o muro de separação entre ricos
e pobres (TB 113). É preciso que o processo ensino-
-aprendizagem não seja apenas eficiente, mas que seja
eficaz, de olhos abertos para a realidade unindo teoria
e prática (TB 116).
A pandemia também escancarou uma realidade
de exclusão social quanto ao acesso de ferramentas
digitais. As aulas podiam ser acompanhadas por meio
de computadores, tablets e celulares, porém muitos
não tinham acesso a essas ferramentas e outros,
19
mesmo tendo os aparelhos, não tinham acesso à rede
de internet com capacidade para participar das aulas.
“As tecnologias podem muito, mas não podem tudo.”
Quando ofertadas de maneira desigual, reforçam a
exclusão que se espera superar (TB 118).
A valorização dos trabalhadores na educação é outro
desafio a ser levado a sério. A polarização de opiniões
se acirrou, aumentou a intolerância e desinibiu os vio-
lentos. Como resultado, há casos de agressões, abusos
e violência dentro e fora da escola (TB 120). Somos
chamados a trabalhar por uma educação que promova
a vida em primeiro lugar, que resgate a dignidade da
pessoa humana e eduque para a fraternidade e solida-
riedade. Onde também a escola se converta em uma
comunidade sempre aberta a aprender.
Ao contemplar o jeito educador de Jesus, nos vol-
tamos para o Pacto Educativo global. Ele nos propõe:
Abrir-se à acolhida. Educar e educar-nos à acolhida,
abrindo-nos aos mais vulneráveis e marginalizados.
Num mundo globalizado, a igualdade geral não foi
alcançada, mas se acentuaram muitas formas de de-
sequilíbrios sociais, econômicos e culturais. Ao lado
dos cidadãos que obtêm os meios apropriados para o
desenvolvimento pessoal e familiar, muitos são “não
cidadãos”, “semi-cidadãos” ou “sobras urbanas”, os
excluídos (cf. Evangelii Gaudium, n. 74).
Uma sociedade é saudável quando é capaz de
acolher os mais vulneráveis na atenção especial às
periferias sociais e existenciais para curar as feridas
mais profundas da pessoa humana e da sociedade.
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Para isso, eis os valores a serem cultivados: 1. Educação
na abertura e no encontro do outro; 2. Acolhimento e
integração das pessoas vulneráveis e marginalizadas
através de políticas de inclusão; 3. Superação da cultura
do descartável através de projetos de inclusão.
Renovar a economia e a política. Estudar novas
formas de compreender a economia, a política, o cres-
cimento e o progresso, a serviço do homem e de toda
a família humana na perspectiva de uma ecologia inte-
gral. Isso implica educar à capacidade de reconhecer o
direito do outro de ser ele mesmo e de ser diferente.
Dentro desse estilo de vida cultural e de valores deve
estar presente e ativo um “pacto social”, graças ao
qual, todos estão dispostos a fazer algo para o bem
comum. A educação deve, portanto, ajudar a viver o
valor do respeito, deve ensinar “o amor capaz de acei-
tar todas as diferenças, a prioridade da dignidade de
cada ser humano em relação a qualquer uma de suas
ideias, sentimentos, práticas” (FT 191). Eis os valores
para renovar a economia e a política. 1. Renovação da
ideia de economia, política, crescimento e progresso
com vista à inclusão; 2. Desenvolvimento sustentável e
compromisso com a construção do bem comum através
de um “pacto social”; 3. Investimento das melhores
energias para uma educação a serviço da comunidade.
APROFUNDAMENTO: Nosso modo de ser, de agir e
educar estão, cada vez, mais próximos ou distantes do
jeito de Jesus? Por quê? Em que precisamos melhorar?
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4º Encontro:
Discípulos missionários educadores
Chave de Leitura: Mateus 28,16-20
1. Para onde os discípulos foram conduzidos e por
quê?
2. Qual a reação dos discípulos diante de Jesus
ressuscitado?
3. Qual a missão que Jesus confia a seus discípulos?
4. O que significa ser “discípulos missionários edu-
cadores”?
Logo após a ressurreição, Jesus se encontra com os
discípulos na Galileia, lugar em que tinha iniciado sua
caminhada educativa com os discípulos. Agora, com
a força do Ressuscitado, os discípulos deveriam dar
continuidade à missão de Jesus. No entanto, mesmo
na presença de Jesus, alguns duvidam, têm medo...
Mesmo assim, Jesus aposta nos discípulos. Ele lhes
confia a missão de fazer novos discípulos, por meio
22
do batismo, ou seja, do ser e viver em comunidade e
do colocar em prática, viver, o que Ele ensinou. E lhes
garante que eles não estariam sozinhos nesta missão.
A Igreja nasce de um envio missionário, se ela dei-
xar de ser missionária, deixa de ser a Igreja de Jesus.
Quando somos motivados a ser uma Igreja “em saída
missionária”, não se trata propriamente de uma novi-
dade de nossos dias, mas de uma volta às origens pri-
meiras do sentido de ser Igreja, tal como se manifesta
nos escritos do Novo Testamento.
Os discípulos tiveram de se decidir missionariamen-
te. Seguir Jesus, não é apenas aprender algo bonito
sobre Ele, seguimento implica recriar seu jeito de ser
e de agir e decidir-se a formar novos missionários. A
Campanha da Fraternidade nos convida a discernir os
desafios da realidade educativa para encontrarmos
propostas capazes de superar as dificuldades que
enfraquecem a qualidade da educação em todos os
âmbitos (TB 141). Somos convocados pela Igreja a dis-
cernir o caminho para uma educação que nos conduza
ao humanismo solidário. Recuperar o melhor do ser
humano na busca da de viver a solidariedade em todos
os campos de nossa vida (TB 142).
Jesus Cristo é o nosso modelo maior de mestre e
educador e nossa missão é ser discípulos missionários
educadores (TB 155). A educação é um caminho para
o exercício da caridade cristã, a serviço de uma socie-
dade mais fraterna e justa (TB 156). E, é na vivência
comunitária, na construção de relações fraternas, que
vamos nos educando, nos humanizando, na medida
em que procuramos colocar em prática o que Jesus
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viveu e ensinou. Somos chamados a formar a pessoa
humana em todas as suas dimensões, criados à ima-
gem e semelhança de Deus (Gn 1,27), nossa missão é
colaborar para que as pessoas sejam um retrato vivo
de Deus na atualidade. E isto devemos começar a partir
de nós mesmos e das pessoas que convivem conosco.
A família é o primeiro espaço para a formação de
discípulos missionários. É o primeiro lugar da edu-
cação para a fé e da iniciação à vida cristã, na Igreja
doméstica (LG, n. 11). O espaço familiar se estende
para a comunidade eclesial que é “família de famílias”.
“Assim, a convivência familiar se torna o lugar do maior
aprendizado que toca o profundo do nosso ser: expe-
rimentamos a cruz de Cristo nas crises mais profundas
em nossos lares, mas também a graça da sua redenção
quando o amor de Cristo renova uma família através da
reconciliação, do perdão e da vida eclesial” (TB 181).
Mas isso não dispensa a presença nas escolas: “Os
pais necessitam também da escola para assegurar uma
instrução de base aos seus filhos, mas a formação moral
deles nunca a podem delegar totalmente. O desen-
volvimento afetivo e ético de uma pessoa requer uma
experiência fundamental: crer que os próprios pais são
dignos de confiança” (Amoris Laetitia, 24; TB 182). É na
família que se projeta a virtude de perseverar nos bons
propósitos em vista do cuidado das futuras gerações:
“A promoção de uma autêntica e madura comunhão de
pessoas na família torna-se a primeira e insubstituível
escola de sociabilidade, exemplo e estímulo para as
mais amplas relações comunitárias na mira do respeito,
da justiça, do diálogo, do amor” (TB 185).
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Não podemos esquecer que a educação é o caminho
que nos permite amadurecer de forma integral, que
nos humaniza e nos abre caminhos para a fraternidade
universal. A Igreja compreende a educação como um
direito universal, seja na infância, na juventude ou na
vida adulta, afim de que a pessoa humana possa de-
senvolver suas capacidades e possa melhor colaborar
para o bem da sociedade: “Ao direito inalienável a uma
educação digna, corresponde, da parte da sociedade,
uma obrigação, também fundamental, de propiciar os
meios necessários para que tal direito democrático seja
concretizado para todos”. Nesse sentido, “o Estado,
administrador dos recursos que recebe da sociedade,
deve providenciar, de modo equitativo, a distribuição
dos meios que possam garantir o maior rendimento
para a efetivação do direito de todos ao acesso à edu-
cação” (TB 187).
A família é a primeira responsável no processo
educativo, mas não é a única “Uma educação para
todos requer que todos – família, escola, sociedade –
estejam pactuados para oferecer os melhores esforços
para formar pessoas maduras e com responsabilidade
na construção do bem comum.” (TB 190). E ainda, “as
famílias constituem-se como sujeito fundamental da
ação missionária da Igreja, lugar da iniciação à vida
cristã” (TB 201).
O Papa Francisco atualiza os critérios para uma
educação autenticamente cristã por meio dos com-
promissos indicados no Pacto Educativo Global: 1º
colocar no centro de cada processo educativo – formal
e informal – a pessoa; 2º ouvir a voz das crianças, dos
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adolescentes e jovens; 3º favorecer a plena participa-
ção das meninas e dos jovens na instrução; 4º ver na
família o primeiro e indispensável sujeito educador;
5º educar e educarmo-nos para o acolhimento; 6º
empenhar-nos no estudo para encontrar outras formas
de compreender a economia, a política, o crescimento e
o progresso, na perspectiva de uma ecologia integral; 7
º guardar e cultivar a nossa casa comum protegendo-a
da exploração de seus recursos.
O cuidar da Casa Comum implica proteger os seus
recursos, adotando estilos de vida mais sóbrios e
visando energias renováveis e respeitosas do meio
ambiente. Não se trata apenas de uma crise ambiental,
financeira, política, social: é uma crise interna, que se
projeta externamente em todas as dimensões do ser
humano, na relação com os outros, com a sociedade,
com as coisas, com o meio ambiente. A resposta está
na necessidade de investir os talentos de todos, pois
toda mudança precisa de um caminho educativo para
amadurecer uma nova solidariedade universal e uma
sociedade mais acolhedora.
Para isso, nos propõe os seguintes valores a se-
rem cultivados em nossas famílias e comunidades:
1. Educação no respeito e cuidado da casa comum e
estilos de vida mais sóbrios e amigos do ambiente; 2.
Investimento em energias renováveis; 3. Proteção e
multiplicação de espaços verdes no seu território e nos
seus centros educativos.
APROFUNDAMENTO: O que temos feito na linha da
educação para a preservação e cuidado com a nossa
Casa Comum? Dê exemplos.
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5º EInniccoinatrr,op: romover processos
Chave de Leitura: Provérbios 8,1-11
1. Onde a sabedoria chama por nós?
2. O que a sabedoria deseja?
3. Qual o conselho que a sabedoria nos dá?
4. O que esse texto diz para nossa realidade hoje?
Neste texto, a sabedoria é personificada: ela tem voz,
chama, revela seus desejos, aconselha... Ela é como um
profeta ou profetiza que eleva sua voz para apontar o
projeto de Deus para a humanidade. Sempre na busca,
na defesa e no anúncio da verdade, a sabedoria convida
o povo e a nós, hoje, a sermos construtores de uma socie-
dade justa, verdadeira, humanizada. Por isso, a sabedoria
vale mais que ouro e pedras preciosas. Ela é que permite
o verdadeiro discernimento, mostra que “tudo está interli-
gado” e clareia por onde devemos ir e como caminhar. Ela
não é tanto a resposta pronta, mas a pergunta constante
que leva a novos processos, a novas iniciativas diante de
novas realidades.
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“Quando a gente acha que tem todas as respostas,
vem a vida e muda todas as perguntas” (Luis Fernando
Veríssimo). Daí a necessidade de cultivar a sabedoria de
Deus, para estarmos sempre abertos a novas possibilida-
des... Novos desafios exigem novas respostas. O Papa nos
aponta a urgência de procurar uma cultura integral, parti-
cipativa e inclusiva. Ter a coragem de gerar processos que
recriem o tecido de relações a favor de uma humanidade
que seja capaz de falar a linguagem da fraternidade. Um
mundo diferente é possível, mas é preciso aprendamos
a construí-lo, e isto envolve toda a nossa humanidade,
tanto a nível pessoal, como comunitário e social. Isto só
é possível pelo diálogo.
A CF 2022 nos recorda que nenhuma pedagogia, que
se diga cristã, poderá deixar de buscar o diálogo em todos
os níveis e com todos os sujeitos. Desde a educação no
âmbito familiar, nas instituições formais de ensino, nas
organizações civis e do Estado, os cristãos hão de primar
pelo testemunho do diálogo. Deverão ser reconhecidos
como homens e mulheres que “falam com sabedoria e
ensinam com amor” (Pr 31,26) (TB 208). Neste sentido o
agir desta CF assinala que a “missão da escola é desenvol-
ver o sentido do verdadeiro, do bom e do belo”, conforme
diz o Papa Francisco que eles são inseparáveis entre si:
“Se uma coisa é verdadeira, é boa e bela; se é bela, é boa
e é verdadeira; e se é boa, é verdadeira e bela” (TB 213).
Trata-se de buscar um novo aprendizado.
Um novo aprendizado passa pelo testemunho de vida,
pela alegria de ser missionário também a serviço de uma
educação integral, promotores da fraternidade compro-
metidos com os mais pobres. Um novo aprendizado nada
mais é do que promover uma educação humanizada. Para
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humanizar a educação é preciso renovar o pacto educativo
entre as gerações (TB 224-225). Trata-se de uma educação,
ao mesmo tempo sólida e aberta, que derruba os muros
da exclusividade, promovendo a riqueza e a diversidade
dos talentos individuais e expandindo o espaço da própria
sala de aula a cada âmbito da experiência social em que
a educação pode gerar solidariedade, partilha e comu-
nhão (TB 226). Para educar para o Humanismo Solidário
e construir a Civilização do Amor é necessário: promover
a cultura do diálogo, globalizar a esperança, buscar uma
verdadeira inclusão, criar redes de cooperação (TB 240).
Dentre as várias iniciativas apontadas pela CF 2022,
destacamos aquelas que tratam da Ação pastoral no in-
terior das comunidades eclesiais missionárias:
a. Promover ações da educação na fé nas atividades
de iniciação cristã e formação continuada;
b. Enfatizar a responsabilidade educativa da família nas
experiências pastorais de preparação dos noivos;
c. Promover espaços de partilha, estudo e aprofunda-
mentos sobre a missão educativa da família envolvendo
as comunidades, os movimentos eclesiais e as pastorais;
d. Estabelecer e intensificar a ação da Pastoral da
Educação e da Pastoral Universitária como serviço evange-
lizador da Igreja junto aos educadores e às comunidades;
e. Promover estudo com educadores e agentes de
pastoral a partir dos Estudos 110 e 112 da CNBB;
f. Promover momentos de partilha e formação para os
educadores católicos a partir da pedagogia de Jesus e dos
ensinamentos do magistério da Igreja;
g. Oferecer um itinerário formativo que reúna os ele-
mentos constitutivos na formação do educador católico,
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como instrumento de uma formação sólida dos agentes
de pastoral no âmbito educativo;
h. Promover espaços de escuta, partilha e orientação
para educadores e famílias sobre os impactos da pandemia;
i. Buscar articulação com Pastorais especialmente liga-
das à educação, tais como Pastoral Juvenil, da Família, da
Criança, do Menor, Escolar, da Comunicação, Universitária,
do Ensino Religioso etc.;
j. Incentivar as comunidades e os grupos de jovens para
que se tornem espaços de convivência e reflexão (TB 261).
k. Promover Escolas de Fé e Cidadania que, à luz da
Doutrina Social da Igreja, capacitem para a participação
nos conselhos paritários de direito;
h. Desenvolver o chamado da 6ª Semana Social Bra-
sileira da CNBB [...] promovida com as Pastorais Sociais e
Movimentos Populares (TB 268).
Por sua vez, o Pacto Educativo Global abraça a visão
de uma educação que vai além da escola: trata-se de
acompanhar a sociedade na descoberta de sua vocação
educativa. A aldeia educacional se tornará uma realidade
se todos nós nos reconhecemos como cidadãos da mesma
aldeia e assumimos a responsabilidade pela educação das
gerações mais jovens. (Documento para o Discernimento
comunitário – I Assembleia Eclesial Latino-americana, n.
81). Esta CF vem em boa hora, aponta muitas pistas, pede
a colaboração e o empenho de cada um de nós, há muito
a ser feito, mãos à obra, com sabedoria e amor.
APROFUNDAMENTO: Qual o gesto concreto que vamos
assumir a partir desta CF 2022?
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Cântico da Campanha da Fraternidade
L.: Eurivaldo Ferreira; M.: Miguel Philippi
1. É tarefa e missão da Igreja / Boa Nova no amor proclamar, /
no diálogo com a cultura, / para a vida florir, fecundar./ O
que em redes se vai construir / e a pessoa humana formar.
/ Quando o anseio do conhecimento / ultrapassa barreiras,
fronteiras. / Se destaca o ensinamento, / oriundo da fé
verdadeira, / que nos faz, nesta ação, solidários, / para o
bem, condição que é certeira.
E quem fala com sabedoria / é aquele que ensina com
amor. / Sua vida em total maestria / é pra nós luz,
caminho, vigor.
2. Educar é atitude sublime, / que prepara a vida futura. / Com-
preendendo o presente, pensamos: / ensinar é proposta
segura, / para, enfim, destacar-se a atitude / dos que em
Cristo são nova criatura. / O convívio em níveis fraternos, /
traz em nós o sentido discreto. / Na harmonia com os seres
viventes / e, no agir, o equilíbrio completo, / consigamos
também aprender / e educar para o amor e o afeto.
3. O caminho nos quer convertidos, / mergulhar no mistério
profundo, / para que, em sua Páscoa, busquemos / com-
paixão no cuidado com o mundo. / Conformados em Cristo
seremos / aprendizes do dom tão fecundo. / Quando a
plena mudança atingir / relações tão humanas, libertas,
/ novos rumos em redes seremos, / gerações solidárias e
abertas, / na esperança de rostos surgirem ,/ assumindo
missões bem concretas.
4. E na Casa Comum que sonhamos, / onde habitam cuidado
e respeito, / educar é o verbo preciso, / a cumprir neste
chão grandes feitos. / Para o mundo poder imitar, / quem
na vida é o mestre perfeito. / Pedagogicamente é preciso
/ Escutar, Meditar, Compreender. / Para que aprendamos
com Cristo / o caminho da cruz percorrer / e, na escola
da sua existência, / o Evangelho seguir e viver.
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Oração à Nossa Senhora Educadora
Virgem Maria, Mãe Educadora,
sinal de vida e sabedoria,
pelo amor do teu filho Jesus,
intercede por nós a fim de que façamos
o discernimento necessário
na busca do conhecimento.
Faz-nos compreender
que somos transformados naquele que amamos,
aumentando assim
as dimensões do nosso coração.
Dá-nos a ousadia de educar,
de falar com sabedoria
e ensinar com amor,
sobretudo com o testemunho de nossas vidas,
deixando a tua marca de esperança
na vida de quem encontramos ao longo da vida.
Maria, tu que tão bem educaste Jesus,
auxilia-nos nesta longa caminhada,
revestindo-nos da coragem
de experimentar, dia a dia,
a verdadeira felicidade,
a verdadeira sabedoria.
Amém (TB 281).
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Oração da Campanha da
Fraternidade 2022
Pai Santo, neste tempo favorável de conversão
e compromisso, / dai-nos a graça de sermos
educados pela Palavra que liberta e salva. /
Livrai-nos da influência negativa / de uma
cultura em que a educação / não é assumida
como ato de amor aos irmãos / e de esperança
no ser humano. / Renovai-nos com a vossa
graça /para vencermos o medo, o desânimo
e o cansaço, / e ajudai-nos a promover uma
educação integral, / fraterna e solidária.
Fortalecei-nos, / para que sejamos corajosos
na missão de educar / para a vida plena
em família, / em comunidades eclesiais
missionárias, / nas escolas, nas universidades
e em todos os ambientes. / Ensinai-nos a falar
com sabedoria e educar com amor! / Permiti
que a Virgem Maria, Mãe educadora, / com a
sabedoria dos pequenos e pobres, / nos ajude
a educar e servir / com a pedagogia do diálogo,
da solidariedade e da paz. / Por Jesus, vosso
Filho amado, / no Espírito, Senhor que dá a
vida. Amém. (TB 25)
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