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Published by Alcir Moriyasu, 2016-04-12 04:05:03

Pequenas Empresas & Grandes Negocios Brasil - Ed. 327 (04-2016)

Pequenas Empresas & Grandes Negocios Brasil - Ed. 327

CAPA

O NOVO MERCADO DE

Thomaz Gomes e Rafael Tonon Gabriel Rinaldi

Conheça os empreendedores e os modelos

de negócios que estão reinventando a relação

dos brasileiros com o ato de comer e beber —

e ganham um bom dinheiro com isso

ABRIL, 2016 pequenas empresas & grandes negócios 5 1

C A PA O NOVO MERCADO DE ALIMENTAÇÃO

N o final dos anos 1980, o vinho ale- perior de Propaganda e Marketing). “Não se trata
mão Liebfraumilch reinava abso- de uma moda passageira, mas de uma tendência
luto nas prateleiras de mercearias que já afeta todas as pontas do mercado.”
de luxo e empórios brasileiros. Co-
nhecida pela garrafa azul e pelo gosto adocicado, Ao mesmo tempo em que despontam negócios
a bebida enfrentava pouca resistência em um mer- de alimentação fora do lar — bares, food trucks e
cado restrito a produtos nacionais de baixa quali- restaurantes —, as novas referências de consumo
dade e a meia dúzia de itens importados a preços também favorecem empreendedores com soluções
exorbitantes. A hegemonia, no entanto, não dura- ligadas ao preparo de refeições caseiras. Em am-
ria muito tempo. Com a abertura econômica dos bos os casos, conveniência e custo-benefício sur-
anos seguintes, o mercado seria invadido por be- gem como outros dois fatores fundamentais para
bidas, queijos, carnes e massas do mundo inteiro. quem pensa em apostar no setor. “As pessoas tor-
Bom para os amantes de gastronomia. Ruim para naram-se mais criteriosas sobre a percepção de va-
o Liebfraumilch, que rapidamente virou motivo lor de produtos e serviços. Essa característica está
de piada entre críticos e apreciadores de vinho. presente em diversas faixas de renda e tende a fi-
Passados mais de 20 anos, a história é uma pe- car ainda mais acentuada em períodos de crise”,
ça fundamental para se entender as origens de diz Leonardo Teixeira, da NaMesa Consultoria, es-
uma nova indústria de alimentação que começa a pecializada no setor de alimentação.
emergir em diversas partes do país. Tendo como
base a sofisticação dos hábitos e a elevação da A demanda por opções saudáveis e funcionais
renda dos brasileiros, o movimento pode ser con- também passou a fazer parte da dieta desse co-
firmado tanto na ascensão de microcervejarias de mensal emergente. Na sua cesta entram desde pro-
cidades do interior como na multiplicação de food dutos orgânicos e sem glúten ou lactose, passan-
parks pelas grandes cidades. “O que alguns cha- do pelos suplementos alimentares, chegando até
mam de ‘gourmetização’ é, na verdade, uma im- territórios tradicionalmente antagônicos, como
portante evolução no comportamento do consu- bebidas alcoólicas e redes de fast food. “O aumen-
midor. O acesso à informação e a produtos de qua- to da expectativa de vida dos brasileiros pressio-
lidade fez com que as pessoas se tornassem mais nou a demanda por soluções que resultem em me-
exigentes”, afirma Fabio Mariano, professor de ci- lhoria de qualidade de vida. A resposta da indús-
ências do consumo aplicadas da ESPM (Escola Su- tria pode ser constatada em exemplos que vão dos
iogurtes sem lactose aos cardápios adaptados de
franquias de lanchonetes”, diz Teixeira.

MESA BRASILEIRA

Os hábitos e as preferências dos consumidores do mercado nacional de alimentação

DENTRO 25 % COZINHA E DIVERSÃO
DECASA
DOS BRASILEIROS AFIRMAM TER GRANDE Frequência com que os consumidores cozinham por lazer (em %)
CONHECIMENTO E EXPERIÊNCIA EM CULINÁRIA
Todos os dias 25
38 % 30
Pelo menos uma
SE DECLARAM APAIXONADOS PELO ASSUNTO vez por semana 15
Pelo menos uma 18
5,2 horas
vez por mês 12
É O TEMPO MÉDIO SEMANAL DEDICADO Menos de uma
AO ATO DE COZINHAR FONTE: GfK – Cozinhar: Atitudes e Tempo Dedicado à Tarefa — 2015
vez por mês

Nunca

5 2 pequenas empresas & grandes negócios ABRIL, 2016

www.revistapegn.com.br

As novas oportunidades “O que alguns chamam
que se apresentam para os de ‘gourmetização’ é, na
empreendedores do setor
são o tema desta reportagem verdade, uma importante
de Pequenas Empresas & evolução no comportamento
Grandes Negócios. Nas
próximas páginas, estão as
últimas tendências do mer- do consumidor. As pessoas
cado de alimentação e as es- ficaram mais exigentes”,
tratégias de negócios que en- afirma Fabio Mariano,
contraram a própria receita
de rentabilidade em meio a
um cenário marcado por mu- professor da ESPM
danças constantes. A repor-
tagem apresenta trajetórias
como a de Priscila Sabará, 31 anos, fundadora do tor de alimentação não está mais ligada ao concei-
Foodpass, startup que faturou R$ 1,5 milhão no to de exclusividade de um produto ou espaço. “Exis-
ano passado com a venda de experiências como te uma grande oportunidade para projetos com uma
jantares e piqueniques em lugares inusitados. “Os proposta baseada em preços justos e comida de
brasileiros estão mais informados e abertos a no- qualidade, em espaços que promovem a integração
vos formatos e sabores. Disso nasceu um merca- de agentes locais da economia”, diz Menke.
do com grande potencial que pode ser trabalhado Com propostas inovadoras para segmentos di-
de diversas formas”, diz Patrícia. ferentes, Priscila e Menke são dois exemplos de
A combinação entre o fenômeno cultural da gas- uma nova geração de empreendedores que ganha-
tronomia e os novos formatos de gestão também ram projeção ao criar soluções que vão de encon-
está presente no conceito do House of Food, tro à evolução de um dos hábitos mais antigos da
coworking que conecta chefs-empreendedores ao humanidade: o ato de se reunir para compartilhar
público interessado em descobrir comidas diferen- uma refeição. Nas páginas a seguir, veja uma sele-
tes. Segundo Wolfgang Menke, 34 anos, fundador ção dos negócios e dos nichos de alimentação mais
do House of Food, a percepção de valor no novo se- promissores que têm surgido no Brasil.

DIA ADIA FISGADOSPELO ESTÔMAGO JÁ PROVOU?

Os locais preferidos para fazer refeições Qualidades mais valorizadas Aspectos mais importantes para incentivar
fora de casa (em %) pelos consumidores do mercado a experimentação de novos produtos (em%)
de alimentação (em %)
Restaurante 27 Marca 54
por quilo 19 Conveniência conhecida
18 e praticidade 34
NARUA Lanchonete Sabor 52
e fast food
Restaurante Confiabilidade 23 Valores 28
e qualidade nutricionais
à la carte

Padaria 18 Sensorialidade 23 Qualidade 27
e prazer
Bares 11 Preço 27
Ausência de 22
Ambulantes 6 Benefícios 21 conservantes
para a saúde

ABRIL, 2016 FONTE: Fiesp/Ibope – Brazil Food Trends 2020

pequenas empresas & grandes negócios 5 3

C A PA O NOVO MERCADO DE ALIMENTAÇÃO

O negócio que não é nem bar, nem restaurante, mas uma

FAZER DA GASTRONOMIA ONDE — E COMO —
UM EVENTO, SEJA QUAL FOR VAMOS JANTAR HOJE?
O LUGAR, É UMA NOVA FORMA
DE GANHAR DINHEIRO Imagine um jantar completo —
entrada, prato principal, sobre-
Antes restritas aos foodies, como são chamados os aficionados mesa, vinho — inspirado nos fil-
por gastronomia, as experiências alternativas têm conquistado mes do cineasta espanhol Pedro
consumidores de diversos perfis sociais e econômicos. Distan- Almodóvar. Detalhe: tudo servi-
ciando-se do dia a dia de bares, lanchonetes e restaurantes — es- do durante uma sessão de cine-
tabelecimentos, digamos, convencionais —, a proposta aqui é se ma. Ou, então, um piquenique
apropriar de espaços até então não ocupados pela gastronomia. em algum lugar inusitado, como
Um jantar na casa de um jovem chef, um brunch em um evento o jardim suspenso do Centro
corporativo ou uma degustação na cozinha de um restaurante Cultural São Paulo. Experiências
são alguns exemplos. “É a combinação entre o desejo de explo- como essas são oferecidas pelo
rar as cidades e a valorização do prazer nas refeições”, diz Fábio Foodpass, empresa de curadoria,
Mariano, professor de ciência do consumo aplicadas da ESPM desenvolvimento e divulgação
(Escola Superior de Propaganda e Marketing). de projetos gastronômicos. O ne-
gócio foi fundado em 2013 pela
DESTAQUES NO CARDÁPIO DO FOODPASS paulistana Priscila Sabará, 31
anos. No ano passado, obteve
JANTARES SECRETOS CINEMA NA MESA FARM TO TABLE um faturamento de R$ 1,5 milhão.

Organizados pelo serviço Sessões de cinema Expedição a fazendas Resultado de um investimento
de catering Chef à Porter, seguidas de debates e de produtores inicial de R$ 20 mil, o Foodpass
têm a localização e o acompanhadas de drinques orgânicos. O passeio atua em três frentes. A primeira
cardápio divulgados e petiscos. Os comes e inclui a colheita é o marketplace de eventos, on-
no dia do evento. Seus bebes são preparados dos alimentos e um de divulga cursos, degustações
participantes se sentam à por equipes de diferentes brunch preparado com e jantares em lugares revelados
mesa com desconhecidos. bares de São Paulo. ingredientes locais. de última hora (chamados no
meio de “secretos”), entre outras
atrações. “Por meio do nosso si-
te, promovemos encontros entre
empreendedores do setor e inte-
ressados em experiências gas-
tronômicas”, afirma Priscila.
“Todos os eventos anunciados na
nossa página passam por um
processo de curadoria. Foi a ma-
neira que encontramos de au-
mentar a escala sem perder o
conceito.” Dessa área vêm cerca
de 70% das receitas do Foodpass.

A segunda frente são os proje-
tos autorais e patrocinados, tais

5 4 pequenas empresas & grandes negócios ABRIL, 2016 FOTOS: Divulgação; Pedro Kirilos / Agência O Globo

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como o jantar no cinema e o pi- Para ampliar a base de usuá- vídeos que reúne canais de EM REDE
quenique no jardim. Por fim, há rios e anunciantes sem grandes receita e reality shows culi- Priscila, do
o desenvolvimento de projetos investimentos em comunicação, nários do mundo inteiro. Foodpass: ela criou
customizados para empresas. Aí a Foodpass aposta na produção “Ferramentas audiovisuais uma empresa
que fomenta os
negócios da cadeia
de alimentação

entram desde brunchs para pro- de conteúdo para redes sociais. têm forte apelo entre aman-
mover relacionamento até har- Sua estratégia está centrada no tes de gastronomia”, diz
monizações com cervejas e cho- Instagram, onde mais de 35 mil Priscila. “O meu objetivo é
colates belgas. Os interessados seguidores acompanham, cur- oferecer mais uma platafor-
por essa solução geralmente são tem e compartilham as experi- ma onde empreendedores e
grandes corporações como IBM, ências divulgadas e produzidas cozinheiros possam desen-
Mastercard, Heineken, Microsoft pela empresa. Outro meio de di- volver experiências. Assim,
e Ernest & Young (EY). “A ali- vulgação, lançado em março, é o poderão atrair mais recur-
mentação tem se tornado uma Foodpass TV, um agregador de sos para os seus projetos.”
ferramenta cada vez
mais importante para
reunir as pessoas. O Entre os eventos oferecidos pelo
mercado corporativo já Foodpass, há jantares em cinemas,
entendeu isso e come-
çou a buscar formas de piqueniques em jardins suspensos
aproveitar essa oportu- e brunchs para promover networking
nidade”, afirma Priscila.

ABRIL, 2016 pequenas empresas & grandes negócios 5 5

C A PA O NOVO MERCADO DE ALIMENTAÇÃO

Novas receitas para ganhar dinheiro a partir do prazer de

O SERVIÇO QUE LEVA A BOA CULINÁRIA
PARA A COZINHA DOS SEUS CLIENTES

Não há dúvidas de que comer fora de casa ficou o custo do estacionamento nas grandes cidades
mais caro. O aumento da inflação, a variação cam- têm levado muitas pessoas a pensarem muitas
bial e a alta carga de impostos de alimentos e be- vezes antes de sair de casa para comer. Desse ce-
bidas (principalmente importados) têm tornado nário, surgiu um novo mercado: o das empresas
a conta dos restaurantes cada dia mais indigesta. que oferecem aulas, degustações e jantares — no
Somando-se a isso, o tempo gasto no trânsito e nível de bons restaurantes — na casa dos clientes.

GASTRONOMIA COM SABOR CASEIRO

Patrícia Abbondanza, 35 anos, A Dedo de Moça surgiu com fo- NA MEDIDA gastronomia voltada ao merca-
criou sua empresa com um ob- co no atendimento de pessoas do doméstico. “Além do fato de
jetivo que estava muito ligado à físicas. Com o passar do tempo, O serviço já existir um interesse maior pe-
sua paixão pessoal, conquista- Patrícia passou a ser procurada americano lo ato de cozinhar em casa, com
da pelas horas que cozinhou por empresas que também esta- HomeChef uma preocupação crescente
com sua avó ainda na infância: vam de olho no público que co- entrega em com a saúde, o custo de comer
aproximar as pessoas do fogão. zinha em casa. Os clientes cor- domicílio fora também tem sido um fator
A Dedo de Moça , negócio funda- porativos buscam ajuda para alimentos relevante”, afirma. Por fim,
do em 2008, funciona como uma elaboração de receitas, testes de já lavados, existe também o lado social e
consultoria que ensina as pes- eletrodomésticos e criação de cortados e agregador da cozinha. “Tem
soas a cozinharem em casa. cardápios e tutoriais, entre ou- porcionados. coisa melhor que reunir amigos
“Oferecemos profissionais em tros assuntos. “Durante os dois O valor de para um jantar?”.
domicílio para fazer jantares, primeiros anos, nossa receita vi- cada kit de
cursos para cozinheiros que tra- nha 100% de pessoas físicas. De- ingredientes Como desdobramento do ne-
balham em casas de família, au- pois que criamos o site, começa- é de cerca gócio principal da Dedo de Mo-
las-jantares (um tipo de aula que mos a ser procurados por mui- de US$ 9. ça, Patrícia teve a ideia de um
depois vira uma refeição entre tas empresas”, diz Patrícia. aplicativo pelo qual fosse possí-
amigos), além de workshops de Atualmente, 80% do faturamen- vel unir pessoas que queriam
culinária feitos na nossa cozi- to parte de pessoas físicas e 20% aprender a cozinhar com chefs
nha”, diz ela, que mantém o es- de clientes corporativos. dispostos a ensinar. Uma espé-
critório no Jardim Paulista, em cie de AirBnB da gastronomia.
São Paulo. Em caso de dúvida, o Com uma receita média de “Eu quis ampliar a interação das
slogan do negócio diz tudo: “Fei- R$ 40 mil mensais, Patrícia acre- pessoas por meio do ato de co-
to em casa é melhor”. dita que 2016 tende a ser um ano zinhar”, diz Patrícia. Com a aju-
bom para quem trabalha com da de dois sócios, ela criou o

5 6 pequenas empresas & grandes negócios ABRIL, 2016 FOTO: Reprodução

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ENTRE AMIGOS aplicativo CookMood, que fun- nologia. “A ideia inicial foi mu- tas com os interessados”, diz
Na foto maior, ciona em versão beta. Depois de dando e acabou virando um apli- Patrícia. “O objetivo é ser uma
Patrícia (de ser selecionado ao lado de ou- cativo de aulas de culinária via plataforma global, democráti-
avental) e Alice tras nove ideias num grupo de streaming. Por meio dele, qual- ca e, principalmente, agrega-
Neves, sócias 600 projetos, o app passou por quer um, em qualquer lugar do dora. Algo que a cozinha sem-
na Dedo de um período de aceleração na mundo, pode dividir suas recei- pre significou pra mim.”
Moça; nas fotos FOOD-X, empresa espe-
seguintes, as cializada em gastrono-
duas trabalham
com a equipe
em sua cozinha
experimental

mia em Nova York. Fundada com foco no consumidor
Segundo Patrícia, a final, a Dedo de Moça passou a ser

mentoria na cidade
americana trouxe um procurada por empresas que estão
novo olhar sobre as for- de olho nos cozinheiros amadores
mas de empregar a tec-

ABRIL, 2016 pequenas empresas & grandes negócios 5 7

C A PA O NOVO MERCADO DE ALIMENTAÇÃO

A mudança nos hábitos de consumo e as novas soluções de

SERVIÇOS E TECNOLOGIAS QUE PROMOVEM
O DELIVERY DE COMIDA INVADEM O SETOR

Diversos relatórios de tendências indicam que 2016 saram uma revolução ao permitir localizar restau-
será um ano muito promissor para os negócios fo- rantes, fazer pedidos, pagar e acumular pontos sem
cados em delivery. Nos Estados Unidos, isso ficou a necessidade de interagir com outra pessoa”, diz
mais que evidente com a entrada dos gigantes Ama- um relatório da consultoria americana especializa-
zon e Uber no mercado de entrega de alimentos. Um da em negócios de alimentação Baum+Witheman.
dos fatores mais importantes por trás desse fenô- No Brasil, a entrega em casa torna-se cada dia mais
meno foi o surgimento de aplicativos que conectam popular, cobrindo uma gama de produtos que inclui
restaurantes e comensais. “Os smartphones cau- itens como vinhos, cápsulas de café e receitas fit.

O GUIA GASTRONÔMICO QUE CABE NO CELULAR

A rápida ascensão do iFood, por- leira de Bares e Restaurantes, no UBEREATS atual) e 20 mil restaurantes ca-
tal de serviços de delivery de co- ano passado, o setor de delivery dastrados em 200 cidades. Com
mida, é um dos casos mais elo- movimentou R$ 9 bilhões, dos Em 2015, a isso, deve gerar R$ 2 bilhões em
quentes da revolução em curso quais 10% (R$ 900 milhões) fo- Uber lançou negócios para seus parceiros.
no setor de alimentação. O servi- ram originados via aplicativos. É o piloto do
ço foi lançado em 2011 como uma muito dinheiro, considerando-se seu serviço Um dos desafios de Fioravante
plataforma virtual que permite que até poucos anos atrás não de delivery desde a fundação da empresa é
localizar restaurantes por região, existiam apps desse tipo. Como de refeições. atrair restaurantes para a plata-
consultar o cardápio e efetuar a o iFood é um dos serviços pionei- A proposta forma. Seu principal argumento
compra. O atendimento ocorre ros, a startup tem abocanhado inicial é para isso é o aumento, em média,
via site ou aplicativo, dispensan- uma boa parte desse segmento. entregar de 30% a 50% nas receitas do de-
do o contato por telefone com No ano passado, a empresa mo- pratos de livery após a adesão ao sistema
atendentes confusos ou mal-hu- vimentou R$ 750 milhões. O va- restaurantes iFood. “Alguns restaurantes so-
morados. “A demora no atendi- lor foi resultado de pedidos feitos próximos frem com a queda da clientela
mento fazia com que muitas pes- por 1 milhão de usuários a 7 mil aos usuários nos salões por causa da crise,
soas não gostassem dessa forma restaurantes em cem cidades. As em até dez mas conseguem se recuperar
de pedido”, afirma Felipe Fiora- metas da empresa para este ano minutos. com os pedidos via aplicativo”,
vante, 32 anos, CEO do iFood. dão uma ideia do potencial des- diz Fioravante. Os resultados ob-
tidos pela empresa acabaram
Ao apostar numa interação mais se mercado, mesmo em tempos atraindo as atenções dos inves-
dinâmica, o iFood assumiu a lide- de crise. O iFood estima chegar tidores. No ano passado, a iFood
rança em um mercado em ebuli- ao final de 2016 com 3 milhões de recebeu um aporte de R$ 150 mi-
ção. Segundo a Associação Brasi- usuários (três vezes mais que o lhões capitaneado pela Movile.

5 8 pequenas empresas & grandes negócios ABRIL, 2016 FOTO: Reprodução

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CONECTADOS
Fioravante, da
iFood: fundada
em 2011, a startup
deve encerrar o
ano com 3 milhões
de usuários

ABRIL, 2016 pequenas empresas & grandes negócios 5 9

C A PA O NOVO MERCADO DE ALIMENTAÇÃO

Um lugar ao sol (e nas prateleiras) para as

COBIÇADAS POR GRANDES ESTILO AMERICANO,
EMPRESAS COMO A AMBEV, INGREDIENTES
AS MICROCERVEJARIAS BRASILEIROS
CONQUISTARAM UM LUGAR
DE DESTAQUE NO SETOR No mesmo caminho percorrido
pela maioria das microcerveja-
Anunciada em julho do ano passado, a compra da cervejaria Co- rias, os primeiros rótulos da
lorado, de Ribeirão Preto (SP), pela gigante Ambev consolidou a Way Beer saíram de um labora-
popularização da jovem indústria de bebidas artesanais no país. tório improvisado na cozinha
Além de gerar visibilidade para a categoria, a presença de grandes dos fundadores. Conhecida por
corporações incentivou pequenos e médios empreendedores do suas linhas maturadas em bar-
setor a criar novos produtos e estratégias para ganhar espaço em ris de madeira, elaboradas pe-
pontos de venda. “Trata-se de um movimento que ainda não atin- los sócios Alejandro Winocur, 32
giu todo o seu potencial. O segmento deverá ficar ainda mais for- anos, e Alessandro Oliveira, 42,
te quando destacar fatores como a produção local e a procedên- a fabricante curitibana lançou
cia dos ingredientes”, diz Naira Sato, da consultoria britânica Min- o seu lote de estreia no final de
tel. “Existe muito espaço para negócios com essa propostas.” 2010, durante a primeira edição
do Festival Brasileiro da Cerve-
CLUBE DA CERVEJA ja, em Blumenau (SC). “Chega-
mos ao mercado na fase em que
CORUJA URBANA BODE BROWN as bebidas artesanais ainda es-
tavam começando a ganhar pro-
Fundada em 2004, a Ao fechar contratos A marca paranaense jeção”, afirma Winocur, hoje à
cervejaria do Rio Grande do de distribuição com também oferece insumos frente de um negócio que esti-
Sul tem uma capacidade supermercados e empórios e cursos para aspirantes a ma um faturamento de cerca de
de produção de 90 mil (como Eataly e St Marche), mestre-cervejeiro. A frente R$ 6 milhões para 2016.
litros por mês. Atualmente, a produtora paulistana alternativa de negócio
está presente em cerca de faturou R$ 1 milhão em seu responde por cerca de 40% Seis anos após o início da ope-
1,2 mil pontos de venda. primeiro ano de operação. do seu faturamento. ração, suas garrafas com rótu-
los de cores vibrantes estão em
cerca de 1,5 mil pontos de venda.
A produção é concentrada em
uma fábrica de 800 m2, em Pi-
nhais, na região metropolitana
de Curitiba. Resultado de um in-
vestimento de R$ 600 mil, a cer-
vejaria produz uma média de 35
mil litros por mês. A produção
é dividida em quatro famílias:
tradicionais, sour ale (com no-
tas azedas), maturadas em bar-
ris e sazonais. “Adotamos os
princípios da escola americana,
que prioriza a liberdade de es-

6 0 pequenas empresas & grandes negócios ABRIL, 2016 FOTOS: Reprodução

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BONS DE COPO colha dos ingredientes. Isso nos dos consumidores apresentan- “Criamos uma linha compos-
Winocur (à esq.) permite criar variações que agra- do um conceito diferente do ta por ingredientes tipica-
e Oliveira: a dem a públicos diferentes.” proposto pelas marcas indus- mente brasileiros, como ace-
venda de cerveja A estratégia de divulgação das triais”, diz Winocur, que iniciou rola, graviola e caju. Já expor-
artesanal deve
render R$ 6
milhões em 2016

cervejas, por sua vez, é baseada um processo de internacionali- tamos 7 mil litros para os
em ações de degustação em zação no fim do ano passado. Estados Unidos.”
pontos de venda, como
supermercados, empó-
rios, bares, padarias e Fundada em 2010 com investimentos
eventos gastronômi- de R$ 600 mil, a paranaense Way
cos. “O foco está na ex-
perimentação da bebi- Beer deve faturar R$ 6 milhões este
da. A ideia é aproveitar ano e planeja expandir a exportação
a evolução do paladar

ABRIL, 2016 pequenas empresas & grandes negócios 6 1

C A PA O NOVO MERCADO DE ALIMENTAÇÃO

A onda inovadora — e lucrativa — da cozinha

DIVIDIR O ALUGUEL, O FOGÃO E OS LUCROS ESTÁ
EM ALTA. A RAZÃO É SIMPLES: OS CUSTOS SÃO
DILUÍDOS E AS CONEXÕES, MULTIPLICADAS

A exemplo do que tem ocorrido em diversos se- do segmento. “A diluição de custos e o potencial
tores da economia, os serviços e espaços com- do modelo permitem oferecer comida de quali-
partilhados vêm ganhando força no mercado de dade a preços mais acessíveis”, afirma Leonardo
alimentação. Negócios como os marketplaces de Teixeira, sócio do NaMesa Consultoria. “Trata-se
experiências gastronômicas e as cozinhas com- de uma boa maneira de estabelecer uma relação
partilhadas se multiplicam rapidamente, abrindo de custo-benefício atraente sem comprometer a
novas oportunidades para os empreendedores rentabilidade da operação.”

ENTRE, QUE A COZINHA É SUA

Instalado em um sobrado do bair- Um ano e meio após a inaugu- 20 % Paralelamente à programação
ro de Pinheiros, zona oeste de São ração, o House of Food já rece- oficial, a estratégia comercial de
Paulo, o House of Food combina beu cerca de 140 chefs, que se re- é a estimativa Menke é reforçada pela realiza-
a prática culinária com princípios vezam diariamente com o obje- de crescimen- ção de eventos corporativos e
da economia colaborativa. Em tivo de divulgar ou testar suas to do House patrocínios de marcas como Hei-
uma área de cerca de 60 m2, o es- receitas — o número de pedidos of Food neken e Diageo (grupo de bebi-
paço abriga um salão de visitas e varia de 100 a 400 pratos servi- em 2016. A das que reúne marcas como
uma cozinha profissional comple- dos por dia. O serviço de atendi- projeção tem
tamente equipada. Seus clientes mento e a comercialização de be- como base Johnnie Walker e Smirnoff ).
são chefs autônomos, empresas bidas ficam por conta do espaço. a inaugura- Com isso, em 2015, o faturamen-
de alimentação ou qualquer outra Em troca, os cozinheiros pagam ção de duas to da House of Food foi de cerca
pessoa que queira viver a experi- aluguéis (negociados caso a ca- franquias e a de R$ 1 milhão. Depois de conso-
ência de comandar um restauran- so) ou participações (de 30%, em consolidação lidar a operação na capital pau-
te por um dia. Por trás do projeto, média) sobre o volume das ven- da unidade
está o empresário Wolfgang das. “Recebemos profissionais
Menke, 34 anos, também conhe- conhecidos, chefs independen- paulistana lista, Menke pretende lançar um
cido pela criação do escritório tes e donos de estabelecimentos sistema de franquias para levar
compartilhado House of Work, lo- que desejam testar novas recei- a marca a outras regiões do país.
calizado a duas casas vizinhas da- tas. O local está aberto a qual- A primeira unidade foi inaugu-
li. “O projeto foi inspirado pela quer pessoa que ofereça comida rada em dezembro, no Rio de Ja-
evolução dos modelos tradicio- de qualidade dentro de uma pro- neiro, no bairro de Botafogo.
nais de coworking”, afirma Menke. posta informal”, diz Menke. “Além de dividir espaço de traba-
lho, o objetivo é fazer com que
diversos agentes do setor atuem
coletivamente”, diz Menke.

6 2 pequenas empresas & grandes negócios ABRIL, 2016

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CASA DOS CHEFS
Mencke, da House
of Food, com
uma assistente:
em um ano e
meio, o espaço
recebeu 140 chefs

ABRIL, 2016 pequenas empresas & grandes negócios 6 3

C A PA O NOVO MERCADO DE ALIMENTAÇÃO

Proposta simples, ingrediente de qualidade e

EM TEMPOS DE CRISE, QUANDO O VALOR
CRESCE A POPULARIDADE É MAIS IMPORTANTE
DOS COMES E BEBES QUE QUE O PREÇO
NÃO AGRIDEM O BOLSO
Em 2013, ao concluir um mes-
Os estabelecimentos com produtos de qualidade, estilo casual e trado de Inovação Social na
preços baixos despontaram em diversos endereços das grandes UFRJ (Universidade Federal do
cidades há pouco mais de um ano. Suas receitas são caprichadas, Rio de Janeiro), a mineira Laura
mas não há os talheres de prata, as toalhas de linho e a decora- Cotta, 33 anos, teve uma ideia
ção esmerada. Seu objetivo é oferecer comida boa barateando os do que gostaria de fazer no fu-
custos de operação. O chef americano Daniel Petterson, por exem- turo. Após mapear o caminho
plo, largou as panelas do premiado Coi, em San Francisco, para se percorrido pelos alimentos — da
aventurar numa rede inovadora de comida rápida e de qualidade lavoura ao consumidor final —,
por preços muito baixos (hambúrgueres a US$ 4) em bairros na- ela concluiu que, quase sempre,
da badalados. “Eles têm olhar de chef, mas buscam receitas mais os pequenos produtores eram a
simples e acessíveis”, diz Annika Stensson, diretora de pesquisas parte mais fraca da cadeia. Para
da Associação Nacional de Restaurantes dos Estados Unidos. equilibrar essa relação, ela pen-
sou em criar um negócio social
FATURA CERTA com foco nessa ponta.

TEMPERO LATINO FEIO QUE VALE A PENA SAUDÁVEL E BARATO Assim surgiu a De Lá , empre-
sa que vende alimentos (queijos,
A Comedoria Gonzales, A varejista francesa Dono do Minibar, um dos doces, temperos e cachaças) de
que funciona no Intermarché vende restaurantes americanos pequenos produtores garimpa-
Mercado de Pinheiros, legumes e vegetais mais caros, o espanhol dos por Laura. “Pagamos mais
em São Paulo (SP), serve considerados “feios” José Andrés criou a rede aos produtores e buscamos mar-
carnes e ceviches com com descontos de até de fast food vegetariano gens menores que o mercado
um toque latino. O preço 30%. É uma forma de Beefsteak, onde nada custa tradicional”, diz Laura. Ao ex-
não passa dos R$ 20. reduzir o desperdício. mais caro do que US$ 10. cluir a figura do intermediário,
ela também diminuiu o preço ao
cliente — Laura diz cobrar entre
10% e 20% menos que a concor-
rência na maioria dos itens.

Seus produtos podem ser en-
contrados em três lojas em Mi-
nas Gerais —duas lojas próprias
(em Belo Horizonte e Nova Lima,
na sede da Fundação Dom Ca-
bral) e um estande dentro de um
café (também em BH). No último
ano, a empresa registrou um fa-
turamento mensal de cerca de
R$ 65 mil. Apesar do mau mo-
mento da economia, Laura diz

6 4 pequenas empresas & grandes negócios ABRIL, 2016 FOTOS: Reprodução

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NEGÓCIO SOCIAL estar otimista. “Dobramos as re- damos uma oportunidade para dos produtos. “Há muita
Laura, da De ceitas com a abertura da segun- novos produtores”, diz. Ao le- gente cansada do modelo
Lá: o modelo da loja”, diz a empreendedora. vantar essas bandeiras, a em- econômico desigual e que
de negócios da Atualmente, a De Lá trabalha preendedora atrai sobretudo o acredita em uma mudança
empresa elevou
a remuneração
aos produtores

com cem pequenos produtores consumidor mais consciente, a partir de pequenas ações”,
capazes de fornecer uma varie- que tem interesse na origem diz a empreendedora.
dade de 180 produtos.
Às vezes, por causa de
um problema pessoal Ao excluir a figura do intermediário,
de um produtor, uma a loja de alimentos De Lá oferece
mercadoria some da
prateleira. Laura não um preço entre 10% e 20% menor
vê problema nisso. que o cobrado pela concorrência
“Quando isso acontece,

ABRIL, 2016 pequenas empresas & grandes negócios 6 5

C A PA O NOVO MERCADO DE ALIMENTAÇÃO

O despertar brasileiro para o movimento da

O NEGÓCIO QUE UNE SABOR DE PRIMEIRA
COM A BUSCA POR QUALIDADE DE VIDA

Nos últimos anos, o setor de alimentos foi invadi- ções que tragam menos danos aos consumidores”,
do por uma infinidade de produtos com baixo teor diz Naira Saito, analista da consultoria Mintel. Se-
de gordura e de receitas para pessoas com restri- gundo Naira, a utilização de matéria-prima cujo sa-
ções alimentares. “Trata-se de uma tendência bor seja tão bom quanto o de outros produtos re-
mundial que tem como pilar a busca por qualida- novou o interesse pelas opções saudáveis. “A ques-
de de vida. Até mesmo categorias tradicionalmen- tão do paladar é muito valorizada no país. Há um
te menos ligadas a isso, como os fabricantes de grande espaço para se trabalhar o que há de mar-
doces e os refrigerantes, passaram a oferecer op- cante no sabor de alimentos naturais e orgânicos.”

PRAZER SEM CULPA — E SEM GLÚTEN

No cardápio do Le Manjue Or- Inicialmente instalado no Motivados por uma demanda CERVEJA SEM
ganique , as siglas “VG”, “SG” e bairro da Vila Madalena, zona identificada entre a própria BRIGA COM
“SL” indicam quais são as recei- oeste da cidade, o Le Manjue clientela do Le Manjue — majo- A BALANÇA
tas veganas ou preparadas sem migrou para a Vila Nova Con- ritariamente, mulheres acima
glúten ou lactose. Fundado em ceição, área nobre próxima ao dos 30 anos —, os sócios inau- Lançada em
2008, em São Paulo, pelo empre- Parque do Ibirapuera (o mais guraram uma pequena fábrica março, a Skol Ultra
sário Bruno Fattori, 37 anos, e popular da cidade). A mudan- de doces caseiros no final de é uma cerveja com
pelo chef Renato Caleffi, 41, o ça ocorreu em 2011, após um 2014. Seu principal produto é índices reduzidos
restaurante foi concebido a par- grupo de investidores aportar um ganache de cacau feito de de carboidratos
tir de princípios da gastronomia R$ 3 milhões no projeto. A de- biomassa de banana e sem adi- e calorias.
funcional, tendência de alimen- cisão foi acertada: ao atingir ção de açúcar e lactose. Mensal- O objetivo é atrair
tação orientada pelo equilíbrio uma circulação mensal de 8 mil mente, 2,3 mil unidades dos po- o público fitness.
entre o sabor e as propriedades clientes, a casa obteve R$ 8 mi- tinhos (cada um contém 175 gra-
nutricionais dos ingredientes. lhões de receita em 2015. “Além mas da sobremesa) são vendidos IOGURTE
“As pessoas hoje estão mais pre- de apresentar um tíquete mé- no site do estabelecimento e em PARA TODOS
ocupadas com a qualidade e a dio alto, o público da região é 60 empórios gastronômicos es-
origem do que consomem à me- mais inclinado a praticar espor- palhados por 12 estados brasi- O segmento de
sa. A abertura da casa foi a ma- tes e, portanto, mais conscien- leiros. “A operação já correspon- iogurtes também
neira que encontramos de unir te sobre hábitos alimentares”, de a 10% do nosso faturamento. tem apostado em
uma causa pessoal a uma opor- afirma Fattori. “A escolha do O próximo passo é dar início a produtos mais
tunidade com alto potencial de ponto certo é crucial para o su- um processo de internacionali- saudáveis. Um dos
retorno financeiro”, diz Fattori. cesso desse tipo de negócio.” zação, afirma o empreendedor. exemplos é a Activia
Zero Lactose, linha
da Danone voltada
para pessoas alérgi-
cas ou que preferem
evitar o consumo de
derivados de leite.

6 6 pequenas empresas & grandes negócios ABRIL, 2016

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FOCO NO NICHO
Caleffi (à esq.) e
Fattori: aposta na
gastronomia que
faz bem para a
saúde rendeu R$ 8
milhões em 2015

ABRIL, 2016 pequenas empresas & grandes negócios 6 7

C A PA O NOVO MERCADO DE ALIMENTAÇÃO

Ocupação dos espaços públicos, informalidade e a nova

OS FOOD TRUCKS GANHAM AS RUAS E
FIRMAM UM NOVO MODELO DE NEGÓCIO

Nos últimos anos, os movimentos de ocupação de e trailers recheados de coxinhas gourmet, está um
espaços públicos abriram caminho para a forma- modelo de negócios que exige baixo investimento
ção de um novo mercado de alimentação de rua. inicial e oferece alto potencial de rentabilidade. Pa-
Antes restrito aos carrinhos de pipoca e às minivans ra quem pensa em ingressar no segmento, o desa-
de cachorro-quente, o segmento foi invadido por fio é encontrar um equilíbrio entre informalidade e
food trucks dos mais variados gêneros gastronômi- a qualidade da experiência. Essa relação custo-be-
cos. Por trás da proliferação de kombis que vendem nefício (e o fator novidade) são decisivos na com-
massas artesanais, caminhonetes lotadas de tacos paração com a lanchonete ao lado.

MEIO LANCHONETE, MEIO FOOD TRUCK

Com uma lanchonete instalada empreendedor Rodrigo Arjo- 1986 ciação ao trazer novos clientes
dentro de um ônibus escolar, o nas, 38 anos, que lançou o food e rentabilizar uma área ociosa
Busger atingiu uma média de truck em junho de 2015, com o foi o ano do espaço”, diz Arjonas.
7 mil sanduíches vendidos por sócio Luciano Oberle, 40. da criação Quase um ano após o início da
mês. Estacionado no bairro do do primeiro operação, o faturamento men-
Ipiranga, zona sul de São Pau- Resultado de um investimen- food truck sal está na casa dos R$ 170 mil.
lo, o veículo foi adaptado para to de R$ 450 mil, o food truck do mundo. O lançamento da segunda uni-
atender fãs de hambúrgueres e abriga uma cozinha completa- O crédito dade — um ônibus de dois an-
outros clássicos da culinária mente equipada, incluindo fre- é do texa- dares de formato londrino —
americana. Entre suas especia- ezers, armários, fritadeiras e no Charles está previsto para este mês. O
lidades, estão os mussarela sti- uma chopeira. Para oferecer Goodnight, novo projeto tem como objeti-
cks (palitos de queijo empana- mais conforto aos clientes, fo- que adaptou vo equilibrar a informalidade
dos) e as buffalo wings (tulipas ram instalados banheiros, tol- uma cami- dos serviços de comida de rua
de frango fritas com molho bar- dos, mesas e um deque de ma- nhonete com a eficiência de atendimen-
becue). “A ideia inicial era en- deira ao redor do veículo. O pi- do exército to das lanchonetes. “O veículo
trar no circuito de feiras gas- co de circulação ocorre aos americano terá mesas instaladas no se-
tronômicas da capital e do in- sábados, quando o Busger re- para cozinhar gundo andar e serviço de gar-
terior paulista. Mas, quando o cebe um público de até 800 pes- para tocado- çom. Queremos montar mais
ônibus quebrou durante alguns soas. “Optamos por instalar o res de gado. seis ônibus até 2019”, afirma o
finais de semana, descobrimos truck em um estacionamento e empreendedor.
que as vendas seriam maiores pagamos aluguel diretamente FONTE: Sebrae
em um ponto fixo”, afirma o para o proprietário. Consegui- Colaborou Mariana Iwakura
mos uma boa margem de nego-

6 8 pequenas empresas & grandes negócios ABRIL, 2016

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CHAPA QUENTE
Na foto acima,
Arjonas (à esq.) e
Oberle na unidade
do Busger em
São Paulo; à dir.,
equipe prepara
hambúrgueres e
outros clássicos
da culinária
americana

FOTOS: PAULO PAMPOLIM / Editora Globo ABRIL, 2016 pequenas empresas & grandes negócios 6 9

N E G Ó C I O S S U S T E N TÁV E I S ENERGIA SOLAR

O SOL É
PARA TODOS

ATÉ 2040, O SETOR DE ENERGIA SOLAR
NO BRASIL DEVERÁ RECEBER ATÉ

US$ 125 BILHÕES EM INVESTIMENTOS,
GERANDO OPORTUNIDADES PARA

EMPRESAS DE TODOS OS TAMANHOS

Bruno Vieira Feijó

7 0 pequenas empresas & grandes negócios ABRIL, 2016

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NOS ÚLTIMOS ANOS, A SUSTENTABILIDADE ganhou senso Geração solar
de urgência. Questões como aquecimento global, escassez
de água e esgotamento das fontes tradicionais de energia pas- A capacidade de geração de
saram a exigir respostas rápidas da sociedade e das empre- energia solar vem aumentando
sas. Formou-se um consenso: é preciso ter lucro, sim, mas em diversos países, mas só agora
sem prejudicar a natureza. Companhias que causam danos começa a ganhar escala no
ao meio ambiente — como a Samarco, envolvida na tragédia Brasil, por conta da queda nos
que matou 19 pessoas em Mariana (MG) no ano passado — preços de instalação e geração
têm sua reputação manchada, enquanto negócios compro-
metidos com a preservação do planeta ganham a preferência Capacidade instalada no mundo 179
do público. O momento é propício para empreendedores (em gigawatts)
em busca de oportunidades ligadas à sustentabilidade.
139
100
70
39

O setor de energia elétrica é um deve ficar pronto em 2017 e terá 2010 2011 2012 2013 2014
dos mais promissores para capacidade instalada de 254
quem quer criar um empre- megawatts, o suficiente pa- 0,8% da matriz energética
endimento amigo da natu- ra abastecer 270 mil residên- mundial é proveniente
reza. Segundo estudo recen- cias. O investimento ultrapas- de fontes solares
te da consultoria Bloomberg sa US$ 400 milhões. “Um par-
New Energy Finance, até 2040 o Países com a maior Em dias ensolarados,
Brasil deverá atrair quase US$ 300 bi- que solar demanda dezenas de capacidade instalada 50% da demanda
lhões em investimentos para geração pequenos e médios fornecedores, co- em 2014 (em GW) diária do país é suprida
de energia elétrica. 70% serão desti- mo escritórios de engenharia e de ins- pela energia solar
nados a fontes renováveis, capazes de peção de obras, instaladoras de equi-
substituir os combustíveis fósseis, co- pamentos solares e consultorias em Alemanha 1º 38,2
mo a energia solar, eólica e provenien- licenciamento ambiental”, diz Tho- China 2º
te da biomassa. Só para a energia so- mas Kraus, diretor da Enerray do Bra- Japão 3º 28,1
lar deverão ser destinados US$ 125 bi- sil, empresa escolhida pela Enel para Itália 4º 23,3
lhões. “Nos próximos dez anos, vamos administrar a construção. A Absolar EUA 5º 18,5
pular de meros 0,01% para 4% da gera- estima que, para cada 1 megawatt ins- ... 18,3
ção elétrica total do país”, afirma Ro- talado no país, sejam criados 20 pos- Brasil 20º 0,01
drigo Sauaia, presidente da Absolar tos de trabalho diretos e indiretos ao
(Associação Brasileira de Energia So- longo da cadeia produtiva. Custo de geração de energia
lar Fotovoltaica). “A hora de empreen- (em US$/kWh, média mundial)
der é agora, enquanto ainda há um no- A segunda frente de atividades liga-
vo e imenso mercado para conquistar.” das à energia solar está na chamada mi- De 0,23 a 0,50
nigeração domiciliar, que cresceu 300% De 0,11 a 0,28
O setor, que tem passado imune à cri- em 2015, na comparação com o ano an-
se, divide-se em duas frentes principais. terior. Em 2012, uma resolução da Agên- 2010 2014
Uma delas é a construção e operação de cia Nacional de Energia Elétrica (Aneel)
usinas solares de grande escala. Hoje, mudou de forma decisiva a regulamen- Oferta de energia elétrica no Brasil
há 34 parques em atividade no país. Até tação da micro e minigeração de ener- por tipo de fonte, em 2014 (em %)
2018, devem entrar em funcionamento gia solar no país. Com a nova lei, quem
mais 40 empreendimentos — a maio- se dispusesse a instalar em casa um sis- Hidráulica 65
ria capitaneada por multinacionais que tema fotovoltaico poderia converter a Gás natural 13
venceram os três primeiros leilões des- energia excedente em créditos, que ge- Biomassa 7
se tipo já promovidos pelo governo fe- rariam descontos na conta de luz cobra- Petróleo e derivados 6,8
deral e um leilão estadual, em Pernam- da pelas distribuidoras oficiais. Novas Carvão mineral 3
buco. A maior obra em andamento está regras adicionadas em 2016 tornaram Nuclear 2,4
em Tabocas do Brejo Velho, na Bahia. possível gastar essa energia extra em Eólica 2
O projeto da italiana Enel Green Power outro local, como uma casa de campo Outras 0,8
— desde que as propriedades esti- Energia solar
corresponde 0,003%

FONTES: Aneel (Agência Nacional de Energia
Elétrica), Ministério de Minas e Energia, ABSOLAR
(Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), EPE
(Empresa de Pesquisa Energética), Blue Sol e CanalEnergia

ABRIL, 2016 pequenas empresas & grandes negócios 7 1

N E G Ó C I O S S U S T E N TÁV E I S ENERGIA SOLAR

vessem numa mesma rede distribuidora. Foi li- CONHECIMENTO
berada ainda a geração compartilhada: hoje, um MULTIPLICADO
grupo de pessoas pode unir-se em um consór-
cio ou cooperativa, instalar uma minigerado- A prestação de serviços é uma Colaferro, 27 anos, fundador da
ra particular e utilizar a energia para reduzir a das mais importantes portas Blue Sol, que hoje conta com 60
conta de luz dos associados. de entrada para pequenas e funcionários. O lado educacional
médias empresas interessadas da empresa deslanchou em
Desde que as medidas foram anunciadas, há em participar do setor. Entre as 2013, com a criação de um curso
quatro anos, pequenas e médias empresas es- muitas necessidades, a mais de empreendedorismo em
pecializadas na instalação de placas fotovoltai- urgente é prover mão de obra energia solar — um dos módulos
cas relataram um aumento de até oito vezes na especializada. É preciso formar é ministrado presencialmente
procura por seus serviços. A tendência é que, gente para elaborar projetos em escolas do Senai. Hoje,
com as últimas regulamentações, esse número de instalação de placas solares 40% do faturamento da Blue
cresça ainda mais. “Este será um ano espetacu- e executar a operação. Os Sol vem das aulas. Em quatro
lar para o setor”, diz Sauaia, da Absolar. “Mas a cursos relacionados à energia anos, a empresa formou 5 mil
concorrência deve aumentar daqui para a fren- solar são uma das principais profissionais. Cerca de 20%
te, com a entrada massiva de novos competido- fontes de receita da Blue Sol, deles se transformaram em
res.” Quem investir agora nesse mercado terá empresa de Ribeirão Preto parceiros comerciais. “Tínhamos
grandes chances de ganhar escala. A Aneel pre- (SP) fundada em 2008. dificuldades em atender a
vê que, até 2024, cerca de 1 milhão de casas e pe- Especializada na instalação de projetos fora de São Paulo, pois
quenos comércios irão produzir a própria ener- equipamentos fotovoltaicos, as despesas com deslocamentos
gia — o que representaria cerca de 12% do con- a companhia decidiu criar um encareciam demais o custo final”,
sumo total de eletricidade no país. braço educacional em 2011. diz Colaferro. “O curso resolveu
Como duplicava o número esse problema.” Entre 2014 e
Dois aspectos cruciais ajudam a pavimentar o de contratações por ano, era 2015, a empresa quadruplicou
caminho da energia solar no Brasil. Aqui faz sol o difícil preencher o quadro o número de micro e mini-
ano todo, do Oiapoque ao Chuí. Mesmo o Rio Gran- de funcionários. “A solução geradoras instaladas. No
de do Sul, o pior estado brasileiro em termos de ra- foi montar nosso próprio ano passado, o faturamento
diação, ainda é 40% mais potente do que a Bavária, treinamento”, diz Luis Otávio foi de R$ 12 milhões.
a melhor região da Alemanha, país que mais usa
energia solar no mundo. Também somos benefi-
ciados pela queda no custo da tecnologia. Embo-
ra não existam produtores nacionais de painéis
e inversores — os aparelhos que transformam
a irradiação em watts —, os sistemas ficaram
mais baratos nos últimos anos, com o aumento
da produção chinesa. A natureza e a tecnologia,
portanto, já fizeram a sua parte. Agora serão ne-
cessários braços, corações e mentes empreende-
doras para levar adiante a tarefa de elevar o país
à maior potência em energia limpa do planeta.

Crie seu próprio sistema Número de Configuração dos sistemas
instalações em 2015 (por categoria)
Segundo a Agência em residências
Nacional de Energia e empresas
Elétrica (Aneel), até 2030
3 milhões de residências 2,7 milhões* 70% residenciais
e empresas no Brasil 1,5 milhão*
vão contar com energia
produzida pelo sistema de 430 2.000 18.000* 30% Se todos os telhados fossem
geração distribuída, em revestidos com células fotovoltaicas,
que o próprio consumidor 2014 2015 2016 2024 2030 * estimativa indústrias
instala geradores de e comércios a energia resultante seria igual a
fontes renováveis 2,5 vezes o necessário para abastecer

100% dos domicílios do país

7 2 pequenas empresas & grandes negócios ABRIL, 2016

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INOVAÇÃO
FOTOVOLTAICA

As placas de silício necessárias

para captar a energia do Sol

por meio de painéis tradicionais

são pesadas e não servem para

qualquer tipo de cobertura. Foi

com esse problema em mente

que Orestes Gonçalves, 53 anos,

decidiu empreender depois de

duas décadas como executivo

de companhias como Bertin

Energia. “Eu sabia que o mercado

de energia solar no Brasil iria

bombar, então saí pelo mundo à

procura de tecnologias que ainda

não haviam chegado por aqui”,

diz Gonçalves. Depois de fundar

a Sunlution, em 2013, fez uma

parceria de distribuição com a

americana Xunglight, que fabrica

painéis solares flexíveis feitos a

partir de películas finas de silício.

Parecido com uma lona preta, o

produto pode ser instalado em

EQUILÍBRIO cobertura leves, como abrigos
PERFEITO de ônibus e tetos de veículos. A
Orestes Gonçalves, maior parte das vendas foi para

53 anos, da Sunlution: food trucks e carretas que servem
estruturas plásticas como camarim de eventos. No
possibilitam painéis ano passado, a empresa trouxe
solares flutuantes

outra inovação para o país —

flutuadores solares fabricados

em parceria com a francesa

4,5 Custo de painéis solares 77% a6nao8s 12% Ciel et Terre. São estruturas
3,5 (em US$ por watts, plásticas capazes de suportar
média mundial) o peso dos painéis solares,
fazendo-os flutuar sobre a água.
O primeiro projeto foi vendido

2,4 2,2 foi a queda é o tempo médio da eletricidade para as estatais Eletronorte
1,1 total no custo para recuperar utilizada em lares e Chesf, que vão implantar
0,8 dos painéis o investimento, brasileiros deve painéis fotovoltaicos no lago
solares entre considerando ser proveniente das hidrelétricas de Sobradinho
2008 e 2013 a economia na de fontes solares
conta de luz até 2024 (Bahia) e Balbina (Amazonas).
2008 2009 2010 2011 2012 2013 “É a primeira vez no mundo que

FONTES: Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Ministério de Minas e Energia, Absolar (Associação Brasileira se colocam placas solares em
de Energia Solar Fotovoltaica), EPE (Empresa de Pesquisa Energética), Blue Sol e CanalEnergia hidrelétricas”, diz Gonçalves.

Em 2015, a Sunlution faturou

em torno de R$ 40 milhões.

FOTOS: FABIANO ACCORSI/Editora Globo; DIVULGAÇÃO ABRIL, 2016 pequenas empresas & grandes negócios 7 3

N E G Ó C I O S S U S T E N TÁV E I S ENERGIA SOLAR

USINAS EM MINIATURA

Nos primeiros tempos da energia, o primeiro passo dos SOLUÇÕES
Neosolar, empresa fundada técnicos da Neosolar é fazer LUCRATIVAS
em 2010 em São Paulo, os um estudo de viabilidade: Raphael Pintão, sócio
irmãos Raphael Pintão, 34 a eficiência das soluções da Neosolar: micro
anos, e Pedro, 37, passavam depende de um conjunto e mini geradores em
dias visitando fazendas, para de fatores, entre eles a domicílio renderam
tentar vender seus kits de localização exata dos painéis R$ 8 milhões em 2015
energia solar. A ideia era atingir solares. Os preços começam
um público que não tinha em R$ 5 mil. “Dependendo
acesso a energia elétrica: os do tamanho, concluímos a
sistemas fotovoltaicos seriam instalação em menos de uma
usados para substituir os semana”, diz Raphael.
geradores a diesel. “A solução O empreendedor acredita
mais barata custava R$ 20 que simular uma usina
mil e só interessava a quem dentro de casa deve se
não tinha outra opção”, diz tornar uma tendência
Raphael. Em 2012, com a mundial. “Se muita gente
mudança da legislação, os tivesse uma minigeração,
sócios passaram a focar uma concessionária do
na instalação de micro e Sudeste não teria que
minigeradoras em domicílio buscar energia no Pará, por
— esse mercado corresponde exemplo”, afirma. “Projetos
hoje a cerca de 80% do menores significam mais
faturamento, que foi de R$ 8 economia e sustentabilidade
milhões em 2015. Para quem para o sistema energético
se interessa em gerar a própria de um país.”

No dia 10 de abril, SUPORTE Montar uma geradora de energia solar
PARA em casas e estabelecimentos comerciais
às 7h30, o programa GERAR é uma tarefa rápida, porém complexa.
Pequenas Empresas & ENERGIA Além dos painéis fotovoltaicos, é
Grandes Negócios, da necessário instalar inversores (o
TV GLOBO, exibe uma equipamento que faz a conversão de
energia solar em elétrica), estruturas
reportagem com uma de fixação, cabos e conectores. A Solar
Group, fundada em 2016 pelo engenheiro
startup que desenvolveu Ronaldo Koloszuk, 38 anos, é fornecedora
de uma parte muito específica da cadeia.
um aparelho para A empresa vende kits compostos por 8
a 12 itens metálicos que, juntos, formam
reduzir o desperdício de a estrutura de apoio e de fixação dos

energia elétrica. Haverá FOTOS: FABIANO ACCORSI/Editora Globo; DIVULGAÇÃO

reapresentações às 8h30,
na GLOBONEWS;

e no CANAL FUTURA, no
dia 11, às 16h30, no dia 12,

às 5h, e no dia 16, às 15h

7 4 pequenas empresas & grandes negócios ABRIL, 2016

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Novos empreendimentos

O que o futuro reserva para
a energia solar no país

34 éonúmerodeusinas
solares atualmente
em operação no
Brasil. Até 2018,
estão programados
para entrar em
funcionamento mais
40 empreendimentos

Investimentos contratados
para grandes usinas
(em bilhões
de reais)* 8

7

4

2014 2015 2016**

* O valor considera os projetos vencedores de
leilões promovidos pelo governo e estimativas
de gastos ao longo de quatro anos
** estimativa

60 pequenas, médias
e grandes empresas
por mês iniciam
suas atividades no
setor de energia
solar no Brasil

100.000

novas vagas de trabalho devem ser
criadas com o desenvolvimento do
mercado brasileiro até 2018

painéis. “Até há pouco tempo, essas Alclean adaptou sua linha de produção e Potencial de geração de
peças eram todas importadas”, diz montou um departamento para atender energia no país (capacidade
Koloszuk. A Solar Group nasceu de uma ao setor de energia solar. Em 2015, 10% máxima estimada por
cisão de outra empresa da qual ele das receitas vieram dessa área. No mês especialistas, em gigawatts)
era sócio, ao lado do pai — a Alclean, passado, as empresas se separaram.
tradicional fabricante de acabamentos “A forma de abordar e vender para esse 10.000
de alumínio para a indústria do vidro. mercado é totalmente diferente”, diz 280 300
Há dois anos, Koloszuk e o pai foram Koloszuk. “Também era importante criar
procurados por um antigo fornecedor que uma identidade visual apropriada para Hidrelétrica Eólica Solar
passara a trabalhar com placas solares. feiras e convenções na área.” Ele prevê
“Ele queria substituir os fixadores de que a Solar Group fature R$ 8 milhões FONTES: Aneel (Agência Nacional de Energia
alumínio importados por nacionais”, diz em 2016 e triplique esse valor em 2017 Elétrica), Ministério de Minas e Energia,
Koloszuk. “Percebemos que estávamos — atingindo uma receita que a Alclean Absolar (Associação Brasileira de Energia
diante de uma oportunidade única. ” A demorou duas décadas para alcançar. Solar Fotovoltaica), EPE (Empresa de Pesquisa
Energética), Blue Sol e CanalEnergia

ABRIL, 2016 pequenas empresas & grandes negócios 7 5

M E U S N E G Ó C I O S N O M U N D O EVENTOS

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FESTA GLOBAL

Depois de realizar dezenas de produções de peso no Brasil e no exterior, a SRCOM
venceu a concorrência para organizar as cerimônias de abertura e encerramento dos Jogos
Olímpicos de 2016. Agora, prepara-se para montar sua primeira filial fora do país

Flávia G. Pinho Marcelo Correa/Editora Globo

ALEMANHA CHINA ESTADOS UNIDOS MÉXICO REINO UNIDO

Onde está Como funcionária do departa- João Paulo II no Rio, diante de 2 cução — erguida no Paseo de la
A SRCOM tem mento de promoções do jornal milhões de pessoas. Mais tarde, Reforma, na Cidade do México,
sede no Rio de O Globo, a carioca Sheila Roza, em 2003, seria a responsável pelo a árvore de 110 metros de altu-
Janeiro e uma filial 68 anos, tinha como atribuição Tim Festival, evento que reuniu ra e 330 toneladas entrou para o
em São Paulo, organizar os eventos patrocina- artistas nacionais e internacio- Guiness como a maior do mundo.
aberta em 2012 dos pela empresa. Foi essa expe- nais no Rio e em São Paulo.
riência que a inspirou a empre- A experiência acumulada com
Para onde vai ender. Em 1987, Sheila deixou o Foi em 2008 que a equipe pôs megaeventos no Brasil e no ex-
Alemanha, emprego no jornal e abriu a pro- os pés fora do Brasil pela primei- terior contou pontos para que
China, Dinamarca, dutora SRCOM em sociedade ra vez: a SRCOM foi contratada a SRCOM vencesse sua primei-
Estados Unidos, com o marido, o cenógrafo Abel pelo Comitê Olímpico Brasileiro ra concorrência internacional:
México, Reino Gomes, 66 anos. A boa rede de para montar a Casa Brasil, um em 2011, a produtora foi esco-
Unido e Suíça contatos do casal ajudou a con- espaço dedicado à cultura bra- lhida pelo Comitê Olímpico In-
quistar clientes de porte, que de- sileira nos Jogos de Pequim. No ternacional para organizar as ce-
ram visibilidade à empresa. Em ano seguinte, conquistou seu pri- rimônias de abertura e encerra-
junho de 1989, a SRCOM realizou meiro cliente estrangeiro: a Pepsi mento dos Jogos Olímpicos de
a festa Vive La France, comemo- mexicana. “Os executivos visita- 2016, no Rio de Janeiro. Para su-
ração pelos 200 anos da Revolu- ram a árvore de Natal da Lagoa perar as 19 concorrentes, Ma-
ção Francesa e pelos 100 anos da Rodrigo de Freitas, no Rio, e se chado associou-se à holding ita-
Torre Eiffel realizada no Aterro encantaram pelo projeto criado liana Filmmaster Group — o COI
do Flamengo, no Rio de Janeiro. pelo Abel”, afirma Flavio Macha- exigia que as empresas tivessem
A patrocinadora foi a extinta rede do, 40 anos, filho da fundadora comprovada experiência olímpi-
de lojas de departamento Mesbla, e vice-presidente executivo da ca — e mobilizou quase todo o ti-
do grupo francês Mestre & Blatgé. empresa. “Daí surgiu a propos- me de 80 funcionários. “Contra-
Em 1997, participou da organiza- ta de levar a equipe da SRCOM tamos temporários, tradutores
ção da missa celebrada pelo papa para o México.” Foram quatro e um coach, que nos preparou
meses de planejamento e exe- para as apresentações.”

7 6 pequenas empresas & grandes negócios ABRIL, 2016 ILUSTRAÇÕES: BRUNO ALGARVE

www.revistapegn.com.br

CONTATOS
VALIOSOS
Flavio Machado,
da SRCOM:
parceria com
empresa italiana
para entrar nos
Jogos Olímpicos

Em 2012, a SRCOM se dividiu do 2015; e o Réveillon de Copaca- maneira, pretende ampliar ain-
para otimizar os processos: en- bana, promovido pela prefeitura da mais o portfólio de clientes,
quanto parte da equipe trabalha- carioca, pelo qual a SRCOM é res- que hoje inclui nomes como Mo-
va para executar o contrato olím- ponsável há nove anos. torola, Google, Coca-Cola, Nike e
pico, os outros colaboradores se O Boticário. Machado faz segre-
dedicavam a outros projetos: a Assim que encerrar a presta- do quanto ao país escolhido para
Jornada Mundial da Juventude, ção de contas dos eventos rela- receber o escritório, mas aposta
que aconteceu durante a visita do cionados aos Jogos Olímpicos, no sucesso da empreitada. “Com
papa Francisco, em 2013; o Fifa o que deve ocorrer em meados a expertise que adquirimos nos
Fan Fest Rio, que fez parte do ca- de 2017, a SRCOM dará um pas- últimos anos, sinto que estamos
lendário oficial da Copa do Mun- so ambicioso — vai abrir sua pri- prontos para operar fora do país.”
meira filial no exterior. Dessa

ABRIL, 2016 pequenas empresas & grandes negócios 7 7

CONHECIMENTO EM
TODAS AS TELAS

O MOVIMENTO EMPREENDA TEM UM ACERVO PERMANENTE DE VÍDEOS
PARA INSPIRAR OS EMPREENDEDORES

Com o comprometimento de

Parceiro educacional

Parceiros institucionais Que tal aprender com a traje- duração cada. Neles, empreen- anos. Há apresentações de
tória de sucesso de mais de 50 dedores como Alberto Saraiva, Uri Levine, fundador do Waze,
Confederação Nacional empreendedores e aplicar os do Habib’s, e Lindolfo Martin, Muhammad Yunus, ganhador
dos Jovens Empresários ensinamentos nos negócios? da Multicoisas, abordam temas do Prêmio Nobel da Paz e pre-
O Movimento Empreenda tem como finanças, produtividade, cursor dos negócios de impacto
uma rica biblioteca multimídia estratégia, gestão de pessoas, social, Luiza Trajano, do Maga-
voltada ao dia a dia das empre- vendas, preço e atendimento zine Luiza, e muitos outros. Por
sas. São mais de cem vídeos, di- a clientes, entre outros. Além fim, sete vídeos para inspirar
vididos em três categorias, ultra- dos educacionais, o conjunto amarram todo esse conteúdo
passando 20 horas de conteúdo. tem ainda os vídeos com a ínte- multimídia, que pode ser aces-
São 40 conteúdos educativos, gra de 32 palestras dos eventos sado gratuitamente em www.
com cerca de cinco minutos de realizados em quase quatro movimentoempreenda.com.br.

ILUSTRAÇÃO: ThinkstockPhoto

LEIS IDEIAS, ESTRATÉGIAS
E BOAS PRÁTICAS
Saiba quando a sua empresa PARA SUA EMPRESA
precisa de um advogado
ABRIL, 2016 pequenas empresas & grandes negócios 7 9
80

TECNOLOGIA

As melhores ferramentas para
vender pelo Instagram

84

COMO ELES FAZEM

Como a crise afeta a confiança dos
micro e pequenos empreendedores

86

COMO EU FIZ

Neoprospecta desenvolve kit
para identificar o vírus da zika

88

FOTO: CAIO CEZAR/Editora Globo

OS ASSUNTOS 1 2 3 4
MAIS DEMANDADOS DIREITO DIREITO DIREITO DO DIREITO
NO PODER JUDICIÁRIO DO TRABALHO CIVIL CONSUMIDOR TRIBUTÁRIO

LEGISLAÇÃO LITÍGIOS

QUANDO O ADVOGADO É FUNDAMENTAL

Contar com uma assessoria jurídica 1. BRIGAS ENTRE SÓCIOS COMO RESOLVER
ajuda a minimizar riscos e garantir a “As brigas são comuns quando o
saúde financeira do negócio. Saiba COMO EVITAR O CONFLITO contrato social foi feito a toque de
em que situações não dá para ficar Cabe ao advogado apontar para os caixa, sem prever situações de crise
sem um profissional da área empreendedores as circunstâncias ou discutir as responsabilidades e
que merecem cláusulas no contrato. os interesses das partes envolvidas”,
Lara Silbiger Por exemplo: o que fazer caso um afirma Vasconcellos. No caso de
dos sócios queira sair da empresa disputa, recorra a um especialista em
Guilherme Henrique ou se um deles falecer; quem Direito Empresarial para formular um
gozará de pró-labore; e quais serão acordo ou um processo judicial.
Uma boaideiaeestratégiasefica- os critérios para a distribuição,
zes de gestão não são suficien- proporcional ou não, dos lucros.
tes para desenvolver uma em-
presa sólida. O empreendedor precisa 2. DÍVIDAS NO MERCADO
também garantir a segurança jurídica
do negócio e diminuir o risco de confli- COMO EVITAR O CONFLITO
tos com sócios, empregados, clientes Antes que suas dívidas sejam levadas
e credores. Por isso, é preciso contar, à Justiça pelos credores, invista na
desde o início, com uma boa assessoria. composição amigável. Trata-se de uma
“É na formatação do negócio que o ad- proposta de pagamento com base nos
vogado antevê o que pode gerar proble- valores devidos e no faturamento da
mas”, diz Roberto Vasconcellos, pro- empresa. “O advogado pode estruturar os
fessor de Direito Tributário na pós-gra- termos de parcelamento”, diz Neves.
duação da FGV Direito SP. Se a cartilha
é seguida, não é preciso fazer um gran- COMO RESOLVER
de investimento em serviços jurídicos. O acúmulo de dívidas pode levar à
“Com o passar do tempo, os problemas recuperação judicial ou à falência. No
passama ser pontuais, fruto, por exem- primeiro caso, o advogado negocia valores
plo, da entrada de um sócio ou de um e prazos com os credores. No segundo, ele
erro detectado numa fiscalização tri- acompanha as exigências processuais, a
butária”, afirma Vasconcellos. gestão do patrimônio da empresa falida e
o pagamento do que é devido.
A contratação preventiva de advoga-
dos, no entanto, ainda não faz parte da
cultura empreendedora. “Parte das em-
presas demora para consultar um advo-
gado ou tomar medidas judiciais”, afir-
ma Emerson Neves, consultor jurídico
do Sebrae-SP. “Como consequência, os
sócios só recorrem a um profissional
quando o negócio está na UTI, imerso
em litígios e indenizações que compro-
metem sua sobrevivência”, diz Neves.

Para fugir do risco de ter a reputa-
ção manchada e o caixa impactado por
decisões judiciais, conheça algumas
situações em que contratar uma asses-
soria jurídica é imprescindível.

8 0 pequenas empresas & grandes negócios ABRIL, 2016

www.revistapegn.com.br

5 67 8 DIREITO 9 10
DIREITO CIVIL DIREITO CIVIL DIREITO CIVIL PROCESSUAL CIVIL DIREITO ADMINISTRATIVO DIREITO CIVIL
(responsabilidade civil/ (família/alimentos) (obrigações/espécies E DO TRABALHO E OUTRAS MATÉRIAS DE (obrigações/
indenização por dano moral) de títulos de crédito) DIREITO PÚBLICO inadimplemento)

FONTE: Justiça em números 2015: ano-base 2014/Conselho Nacional de Justiça

3. DÍVIDA BANCÁRIA E CREDITÍCIA 4. RECUPERAÇÃO DE CRÉDITO Uma nova
ordem
COMO EVITAR O CONFLITO COMO EVITAR O CONFLITO jurídica
Antes de tomar empréstimos — cujos acordos A abordagem de clientes devedores pode ser
são por adesão —, consulte um advogado feita pelo próprio empreendedor, mas sempre Desde 2015,
que faça uma análise do risco legal da assistido por um advogado. “Sem orientação a empresa
operação. No caso de inadimplência, tente legal, corre-se o risco de comprometer a operação paulistana de
adequar o pagamento da dívida à receita da com erros básicos, como formalizar um acordo moda esportiva
empresa. Caso não obtenha sucesso, recorra sem atualização monetária”, diz Neves. Garotafit vive
à mediação, acompanhado de um advogado. COMO RESOLVER uma repaginação
COMO RESOLVER Na via judicial, o advogado conduz os legal. O primeiro
Na esfera judicial, a empresa pode pleitear procedimentos de recuperação de crédito. alvo foi a área
uma ação revisional do contrato, com Ele pode propor uma ação de cobrança (que trabalhista,
o objetivo de reduzir o saldo devedor, transforma o valor em aberto num título principal
modificar valores de parcelas e prazos ou judicial), uma ação de execução (no caso preocupação
até reaver valores. Caso o processo já tenha de cheques e contratos não honrados) e da fundadora,
sido instaurado pela entidade financeira ação de busca e apreensão, entre outras. Juliana
contra a empresa, cabe ao advogado Fernandes,
acompanhar a ação de execução. 5. CONCORRÊNCIA DESLEAL E PIRATARIA 37 anos, após
enfrentar
COMO EVITAR O CONFLITO litígios com
Proteja sua empresa. As patentes de invenção e ex-funcionários.
de modelo de utilidade e os registros de marca Os serviços
e desenho industrial são concedidos pelo INPI do advogado
(Instituto Nacional da Propriedade Industrial). passaram de
A solicitação não exige um advogado. Ideias e pontuais para um
métodos podem ser preservados por cláusulas contrato mensal.
de confidencialidade e não concorrência. A iniciativa
COMO RESOLVER já rendeu
O advogado pode ingressar com uma liminar aprendizados.
que suspenda a atividade do infrator. “Apresente “O advogado
provas robustas, como o contrato de proteção, me fez ver que
descrição do produto copiado e testemunhos de a marca não
clientes”, diz Neves. A legislação prevê reparação cresceria sem
material à vítima de concorrência desleal. a formalização
de todos os
funcionários,
pois havia risco
de multas e
indenizações”,
diz. Agora, a área
jurídica vai alterar
o pós-venda da
empresa, que
faturou R$ 1,9
milhão em 2015
com vendas no
site e no atacado.
“Estamos
estruturando
um serviço de
atendimento
ao consumidor
menos reativo e
mais embasado
legalmente.”

ABRIL, 2016 pequenas empresas & grandes negócios 8 1

MUNDO OFERTA PROFISSIONAL BRIGA COM FUNCIONÁRIOS
LEGAL
955.413 1.947.216

é o número de processos foram recebidos pelas Varas do Trabalho de
advogados inscritos no janeiro a setembro de 2015. Havia 1.379.885 processos
Conselho Federal da OAB pendentes de julgamento em 30 de setembro de 2015

FONTE: TST (Superior Tribunal do Trabalho)

LEGISLAÇÃO LITÍGIOS

6. PASSIVO TRABALHISTA 8. ROMPIMENTO COM INVESTIDORES

COMO EVITAR O CONFLITO COMO EVITAR O CONFLITO
Conte com um assessor jurídico para fazer o planeja- O advogado vai criar um acordo específico para reger essa
mento trabalhista da empresa. “É fundamental analisar relação. “Uma boa alternativa é o contrato de Sociedade
as quatro opções de contrato da CLT (Consolidação em Conta de Participação, que não demanda alteração no
das Leis do Trabalho) — por prazo determinado, in- contrato social”, diz Neves. O documento determina como
determinado, temporário e tempo parcial — para será a escolha da diretoria, a função do empreendedor
otimizar as contratações e evitar litígios”, diz Neves. após o investimento e a distribuição dos lucros.
Verifique também a convenção coletiva da categoria. COMO RESOLVER
COMO RESOLVER Nem todos os conflitos precisam ser resolvidos no Poder
O passivo — quando a empresa deixa de cumprir um Judiciário. As câmaras de arbitragem, por exemplo, orientam
direito trabalhista ou recolher encargos — é executado as partes para solucionar o conflito. Independentemente da
se há um processo instaurado por um empregado na esfera, o assessoramento jurídico é indispensável para elucidar
Justiça do Trabalho, fiscalização do Ministério do Tra- sócios e investidores quanto às obrigações de cada um.
balho e Emprego ou do INSS, ou autuação do Ministério
Público Federal do Trabalho. O débito é apurado na
presença do juiz e de advogados das partes envolvidas.

7. CLIENTES INSATISFEITOS

COMO EVITAR O CONFLITO
Informe características do produto, riscos de uso
e tributos incidentes no preço. Faça a abertura de
cadastro apenas com a permissão do consumidor
e redija contratos claros de prestação de serviço.
No pós-venda, conheça os direitos quanto a
trocas de produtos, garantias e serviços.
COMO RESOLVER
O caso pode ser levado ao Procon, que marcará
uma reunião de negociação. No Judiciário, o caso
pode ir para o Juizado Especial Cível ou para a
Justiça comum. O advogado é dispensado somente
em ações de menos de 20 salários mínimos.

8 2 pequenas empresas & grandes negócios ABRIL, 2016

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best-seller em adaptação para o cinema
por Michael Apted, diretor de Masters of Sex

O amor além da fronteira

Eleito um dos melhores livros
pelo The New York Times e The
Guardian, Euforia é inspirado
na história real da antropóloga
Margaret Mead, que, em 1933,
durante uma viagem para
estudar os diferentes povos da
Nova Guiné, embarca em um
surpreendente triângulo amoroso.
A saga de uma revolucionária
defensora do amor sem fronteiras
que, a frente do seu tempo,
vivenciou uma grande descoberta
em meio à natureza selvagem.

Nas livrarias e em e-book

www.globolivros.com.br

IMAGEM 10 por semana foi a frequência média de
EVIDENTE posts feitos por empresas no Instagram
em 2015, segundo a consultoria L2. No
MARKETING Facebook, a média é de um por dia

TECNOLOGIA

COMO VENDER PELO INSTAGRAM

Frequentada por mais de 400 milhões de usuários, a rede social pode ser usada
como uma vitrine gigante para a exposição de produtos, um local privilegiado para
estreitar o relacionamento com clientes e até mesmo um espaço para fechar vendas

Maria Isabel Moreira

TRÊS MANEIRAS DE GERAR
NEGÓCIOS COM A REDE SOCIAL

POST PATROCINADO: Qualquer empresa pode publicar
anúncios e levar clientes para a loja virtual por meio de
um link na biografia. “Mas, para que a publicidade dê
resultados, é preciso ter um site móvel eficiente”, diz
Fernando Souza, consultor de marketing da Mirago.

QUEM ESTÁ FAZENDO: A Ticket360 usa os anúncios para
vender ingressos para shows. “A publicidade funciona como
um spot de rádio”, afirma Fabio Salvá, sócio da empresa.

SHOPLINK: Aproveite bem o link da biografia. Uma boa
maneira de fazer isso é direcioná-lo para uma página
que reproduza a galeria do perfil e estabeleça uma
ligação entre as publicações e os itens na loja.

QUEM ESTÁ FAZENDO: A Nina Bruni Joalheria usa o Instaby
para fazer a ponte entre o perfil e e-commerce. “Cliente
da web é imediatista. Quanto menos cliques ele der,
maiores são as chances de que compre”, diz Nina Bruni.

ENGAJAMENTO: Divulgar produtos, interagir com os
usuários e fazer atendimento antes e depois da venda são
práticas que aproximam os clientes das marcas. Essas
ações podem aumentar o faturamento com o tempo.

QUEM ESTÁ FAZENDO: A maioria das fotos no perfil da PopDog
são enviadas pelos próprios clientes. “O Instagram foi a
plataforma que impulsionou a loja. Cerca de 70% das nossas
vendas vêm dessa rede”, afirma a fundadora, Liliane Turolla.

10 DICAS PARA MARCAR PRESENÇA

1 Explore hashtags 2 Posicione-se 3 Use os emojis 4 Seja constante 5 Cliente-propaganda
sempre
Estude as hashtags Pesquisa da Publique diariamente, Publicar imagens
da rede social e inclua A geolocalização das Interbrand mas adapte o número de usuários com
as mais usadas em publicações aumenta constatou que de atualizações às seus produtos
suas postagens, para as chances de que emojis ampliam o demandas do seu ajuda a criar
garantir que novos novos seguidores engajamento — o público. Excesso vínculos e
usuários cheguem ao entrem em contato de coração é o mais de posts pode ser atrair novos
perfil da marca. com seu negócio. eficiente. <3 prejudicial. compradores.

8 4 pequenas empresas & grandes negócios ABRIL, 2016 FOTO: THINKSTOCK

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19,97%

US$2,81 BILHÕES deverásera receita 75% dos usuários da rede social estão fora 7,65% 6,55% 4,9% 3,92%
mundial de anúncios do dos Estados Unidos: o Brasil tem uma
Instagram em 2017, segundo das comunidades mais representativas ESTADOS RUSSIA BRASIL TURQUIA REINO
estimativa da eMarketer na rede, segundo o Instagram UNIDOS UNIDO

FONTE: SimilarWeb (dados referentes aos últimos três meses; somente desktop)

CAIXA DE Instaby Shopgram
FERRAMENTAS
Seis soluções para INSTABY.COM.BR SHOPGRAM.COM.BR
transformar o
Instagram em uma A ferramenta transforma Com essa plataforma,
máquina de vendas o feed do Instagram em fica mais fácil criar uma
uma galeria de produtos loja virtual, inserir os
disponíveis para compras, produtos e compartilhar
que pode ser acessada os links no Instagram e no
por meio do link disponível WhatsApp. O consumidor
na biografia. A plataforma pode entrar na loja pelo
oferece ainda ferramentas link da bio. No momento
para medição de tráfego, em que curtir os posts
aumento de leads e com produtos, os itens
análise do desempenho serão enviados para uma
na rede social. lista de desejos.

Likestore Like2Buy

LIKESTORE.COM.BR WWW.CURALATE.COM/PRODUCT/LIKE2BUY

A solução possibilita a Usada por grandes
criação de lojas para a marcas internacionais,
venda de produtos pelas a Like2Buy integra um
fan pages do Facebook conjunto de soluções
ou em contas do de comércio visual da
Instagram. A plataforma Curalate. A proposta
oferece ainda relatórios, é gerar uma galeria
ferramentas para com os produtos
controle de estoque disponíveis no feed da
e informações dos rede, para simplificar a
clientes que possam compra e a venda dos
ajudar a fechar negócios. produtos expostos.

Photoslurp Have2Have.it

HI.PHOTOSLURP.COM HAVE2HAVE.IT

Com base no feed, cria Como outras soluções,
uma galeria que conecta a plataforma gera uma
os produtos postados página com a aparência
aos itens da loja do feed do Instagram. Os
virtual, possibilitando interessados podem clicar
a acompanhamento em cada um dos itens para
do comportamento conhecê-los melhor, sendo
dos clientes. Oferece enviados diretamente
também ferramentas ao e-commerce. O
de marketing para painel da ferramenta
aprimorar o uso das traz recursos para o
redes sociais no negócio. gerenciamento da galeria.

6 Seja natural 7 Não force a venda 8 Crie sua identidade 9 Una forças 10 Fale com o cliente

Sempre que possível, Combine postagens Adote uma Faça parcerias e Responda sempre
poste imagens de dos produtos com linguagem visual promoções com para seus seguidores:
pessoas com seus outros conteúdos única, para que empresas similares, a interação humaniza
artigos em situações de interesse do os seguidores para que elas as empresas, e
do dia a dia — nem seu público: o reconheçam seus mencionem seu perfil e o Instagram é a
que os personagens perfil não deve posts mesmo sem vice-versa. Isso aumenta plataforma perfeita
sejam seus amigos. virar um catálogo. olhar o nome do perfil. o alcance de ambas. para isso.

ABRIL, 2016 pequenas empresas & grandes negócios 8 5

NAS As taxas de 62,33% 63,08% 64,22% 65,16%
ALTURAS juros médias nas ao ano
operações de crédito 4,16% 4,22% 4,27%
à pessoa jurídica 4,12%
ao mês Outubro/2015 Novembro/2015 Dezembro/2015

Setembro/2015

COMO ELES FAZEM ECONOMIA

EM BUSCA DA LEGENDA Indicador Acima de 50 pontos
CONFIANÇA PERDIDA vai de = há confiança
0 a 100 50 pontos = estabilidade
Abaixo de 50 pontos
= falta confiança

A alta do desemprego e a OS EMPREENDEDORES, 78,1%
pressão inflacionária, que OS NEGÓCIOS E A ECONOMIA
minam a capacidade de dos empresários avaliam que a economia
consumo das famílias, também A DESCONFIANÇA AINDA REINA*... piorou nos últimos seis meses. Para
afetam em cheio a confiança apenas 7,7%, houve melhora
dos micro e dos pequenos *Indicador de Confiança, formado pela média do Indicador
empreendedores. Para 78,1% de Condições Gerais e do Indicador de Expectativas
dos donos de empresas de
varejo e serviços, a economia 36,65 36,38 37,06 36,70 37,62 38,72 38,27 40,03 42,03 42,99
piorou entre setembro de 2015 e
fevereiro de 2016; 56% notaram 56%
declínio em seus negócios nesse
mesmo período. Por conta Maio/2015
disso, são poucos os que Junho/2015
pretendem levantar recursos Julho/2015
no mercado para ampliar seus Agosto/2015
negócios. Há, ao menos, um Setembro/2015
alento: 81% acreditam que Outubro/2015
podem manter o faturamento Novembro/2015
— ou até mesmo crescer — no Dezembro/2015
curto prazo. Os dados foram Janeiro/2016
levantados em duas pesquisas Fevereiro/2016
com 800 empreendedores de
varejo e serviços, pelo Serviço de ...ASSIM COMO A PERCEPÇÃO NEGATIVA dos empresários notaram uma
Proteção ao Crédito (SPC Brasil) DA ECONOMIA E DOS NEGÓCIOS piora em seus negócios nos
e pela Confederação Nacional últimos seis meses
de Dirigentes Lojistas (CNDL). 23,39 20,69 21,32 20,17 22,82 23,34 21,53 26,34 26,60 27,71
“ A confiança do empresário
Felipe Datt
ainda é muito baixa por conta
Estúdio Siamo da pior recessão econômica dos
últimos 25 anos. A sensação
Maio/2015 do que passou é muito
Junho/2015 ruim. A volta da confiança,
Julho/2015 neste momento, passa pela
Agosto/2015 resolução do imbróglio político
Setembro/2015 que enfrentamos. Da forma
Outubro/2015 atual, sem saber para onde
Novembro/2015 vamos, os empresários se
Dezembro/2015 sentem à deriva. Resolver
Janeiro/2016 esse problema é importante
Fevereiro/2016 para a retomada da confiança
e, consequentemente, do
crescimento econômico”

— Marcela Kawauti, economista-
chefe do Serviço de Proteção ao
Crédito (SPC Brasil)

8 6 pequenas empresas & grandes negócios ABRIL, 2016

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66,31% 62,33% 4,43% ao mês, registrada em fevereiro: 14,25% é a previsão dos analistas que compõem
ao ano essa é a maior taxa de juros o Boletim Focus para a taxa Selic em 2016.
4,33% desde janeiro de 2009 Para 2017, a previsão é de 12,75%
4,43% FONTE: Pesquisa de Juros da Anefac - fevereiro de 2016
Janeiro/2016 ao mês

Fevereiro/2016

PERSPECTIVAS INVESTIMENTOS REPRESADOS
PARA O FUTURO Com a confiança em baixa, os empreendedores não têm a intenção
de fazer empréstimos nem realizar investimentos nos próximos três meses
ELES PREVEEM MELHORAS
NO CENÁRIO ECONÔMICO*... ELES NÃO PRETENDEM BUSCAR RECURSOS... 87% dizem não querer
empréstimos nos
* Indicador de Expectativas 16,36 11,65 10,75 13,85 11,11 13,15 13,47 13,14 12,15 11,98 próximos três meses.
Apenas 6,6%
46,59 48,15 48,87 49,10 48,71 50,25 50,82 50,29 53,60 54,45 manifestam esse
desejo

Maio/2015 “ O fator principal que afeta a
Junho/2015
Julho/2015 busca por recursos é a confiança
Agosto/2015 baixa. Por que comprar muito
Setembro/2015 estoque ou investir, se eu não
Outubro/2015 conseguirei vender? A dica é
Novembro/2015 buscar crédito apenas para o que
Dezembro/2015 for essencial e em valores mais
Janeiro/2016 baixos, para evitar se enrolar
Fevereiro/2016 nesses momentos mais difíceis”
Maio/2015
Junho/2015 — Marcela Kawauti, economista-
Julho/2015
Agosto/2015 chefe do Serviço de Proteção
Setembro/2015
Outubro/2015 ao Crédito (SPC Brasil)
Novembro/2015
Dezembro/2015 dos empreendedores
Janeiro/2016 dizem que
Fevereiro/2016 pretendem investir
na empresa nos
...MAS A MAIORIA NÃO ACREDITA EM CRESCIMENTO ...E NÃO DEVEM FAZER NOVOS próximos 3 meses,
INVESTIMENTOS NOS NEGÓCIOS contra 76% que não
NOS PRÓXIMOS SEIS MESES 16,4% devem fazer nenhum
32,06 25,98 22,54 29,60 26,61 29,89 27,18 25,16 24,68 21,52 investimento
33% 48%

Haverá Não haverá
crescimento alteração no
faturamento

PARA ONDE VÃO OS RECURSOS

34,4% 29,8% 29%
Reforma Ampliação Mídia/
da sede de estoques propaganda

15% 4% 24,4% 13,7% 7,6%
Compra de Ampliação/ Qualificação
Haverá Não sei/ equipamen- de pessoal
decréscimo prefiro não tos/maqui- abertura
responder de novas
Maio/2015 nário unidades
“ Em um momento como este, em que o Junho/2015
Julho/2015
PIB cai 4%, manter o faturamento é uma boa Agosto/2015
notícia. A pesquisa mostra certo otimismo do Setembro/2015
empresariado. Mesmo que não tenham controle Outubro/2015
sobre os problemas políticos e a inflação, Novembro/2015
sabem que podem alterar o estoque e oferecer Dezembro/2015
um produto que se adequa a um consumidor Janeiro/2016
com orçamento mais restrito. Isso é positivo Fevereiro/2016
e importante para que a economia rode”
PRINCIPAIS DIFICULDADES “ Se o empreendedor deixa
— Marcela Kawauti, economista-chefe
34,3% 40,1% 36,5% 15% de investir, a empresa passa
do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) Excesso de Juros Exigência de a valer menos. As máquinas
consideram ser difícil burocracia altos faturamento sofrem depreciação e a loja
contratar empréstimos e fica sem pintura. É necessário
mínimo ter eficiência e escolher bem
financiamentos o destino do investimento”

— Marcela Kawauti, economista-

chefe do SPC Brasil

FONTE: SPC Brasil e CNDL ABRIL, 2016 pequenas empresas & grandes negócios 8 7

OS APORTES DA 2013 2014 2016
NEOPROSPECTA
R$ 500 mil R$ 4 milhões R$ 25 milhões*
SAÚDE
* Em negociação

COMO EU FIZ

CRESCIMENTO VIRAL

Em 2010, Luiz Felipe Valter de Oliveira, 31 anos, criou um projeto para aplicar
a análise de micro-organismos em diferentes setores da economia. Com aportes
de investidores-anjo, o modelo decolou. Agora, a Neoprospecta se prepara para
lançar um teste que detecta os vírus de zika, dengue e chikungunya

Edson Valente Caio Cezar / Editora Globo

IDEIA PREMIADA juntei-me a Marcos Oliveira de Carva-
“Foi em 2010 que surgiu a ideia de levar lho, 37 anos, que começava um doutora-
para o mercado a tecnologia de análi- do na mesma área, também na UFRGS,
se de micro-organismos, até então res- e ao meu irmão, Luiz Fernando Valter
trita ao meio acadêmico. Na época, eu de Oliveira, 28, que estudava economia
cursava o mestrado em genética e bio- na UFSM (Universidade Federal de San-
logia molecular da UFRGS (Universida- ta Maria). No início das pesquisas, usa-
de Federal do Rio Grande do Sul), em mos um sequenciamento de DNA para
Porto Alegre. Para realizar o projeto, prospectar enzimas que poderiam ser

8 8 pequenas empresas & grandes negócios ABRIL, 2016

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AS FASES 2010 A 2013 2014 A 2015 2016
DO NEGÓCIO
Criam o protótipo do modelo de Os aportes permitem que a empresa Desenvolvem testes para identificação
identificação de micro-organismos entre no mercado e negocie os primeiros dos vírus de dengue, chikungunya e zika.
por sequência de DNA em larga escala contratos com indústrias e hospitais Vendas devem começar até final de 2016

APOSTA NA aplicadas na indústria — é o caso da pa- 2015 que desenvolvemos um sistema pa-
TECNOLOGIA paína, que é extraída do mamão e fun- ra transmitir essas informações de uma
Luiz Felipe Valter ciona como amaciante de carnes. A ideia maneira didática, capaz de deixar o clien-
de Oliveira era construir um banco de dados des- te mais confiante. Passamos a usar estra-
(em primeiro sas biomoléculas e vender sua patente tégias de venda comuns entre startups
plano) e seu para empresas, ou então cobrar royal- americanas: uma equipe de pré-vendas
irmão e sócio, ties. Com essa proposta, ganhamos o entra em contato com o comprador para
Luiz Fernando: Prêmio Santander de Empreendedoris- entender sua demanda e alimentá-lo com
análises que mo em 2010 e o Prêmio Ibero-America- informações. Assim, ele chega ao vende-
permitem no de Inovação e Empreendedorismo dor com mais conhecimento.”
identificar vírus e em 2011. O primeiro pagou R$ 50 mil, e GANHO DE ESCALA
superbactérias o segundo, 30 mil euros. O capital via- “Os primeiros contratos da Neopros-
bilizou a fundação oficial da Neopros- pecta foram assinados no final de 2014.
pecta, em janeiro de 2011.” A empresa passou a prestar um servi-
ESCOLHA DO MODELO ço de identificação de superbactérias
“Dentro dos nossos estudos, havia dois em indústrias e ambientes hospitala-
possíveis caminhos, usando a mesma res — o Hospital do Coração e o Hospi-
tecnologia: a prospecção de biomolécu- tal Alemão Oswaldo Cruz, em São Pau-
las ou a análise de micro-organismos. lo, tornaram-se clientes. Os técnicos de
Logo percebemos que o modelo de aná- nossa equipe vão até o hospital para co-
lise poderia virar um negócio mais rapi- letar amostras nas superfícies, nos lei-
damente. Tínhamos condições de iden- tos, nos coletes e nos aparelhos usados
tificar focos de bactérias em ambientes pelos médicos. Em uma única análise,
hospitalares e em linhas de produção identificamos todas as bactérias pre-
de alimentos. Aumentamos a precisão sentes em cada amostra — um avanço
dos testes e diminuímos seus custos. No em relação aos métodos que requerem
início de 2013, instalamos a empresa no uma cultura para cada um desses micro-
Sapiens Parque, um parque tecnológico -organismos. Assim, temos ganhos de
de Florianópolis (SC), onde estamos até escala. Os resultados das análises são
hoje. Também nessa época, captamos liberados em até cinco dias úteis. Cria-
um aporte de R$ 500 mil do fundo IDEE. mos ainda um software que mostra, na
Em meados de 2014, recebemos R$ 4 mi- planta do hospital ou da indústria, on-
lhões do fundo CVentures Primus, braço de estão os diferentes tipos de micro-
da Fundação Certi (Centros de Referên- -organismos, identificando os pontos de
cia em Tecnologias Inovadoras), ligada maior risco de contaminação. Em uma
à UFSC (Universidade Federal de Santa linha de produção de alimentos, a iden-
Catarina). Com esse dinheiro, montamos tificação precoce de uma contaminação
um laboratório profissional.” bacteriana pode evitar a perda de um lo-
CHEGADA AO MERCADO te inteiro do produto. Nossos testes aju-
“Era hora de deixar para trás o meio aca- dam também na prevenção de um surto
dêmico e entrar com força total no mer- bacteriano. O preço de um desses testes
cado. Foi preciso contratar profissionais fica entre R$ 79 e R$ 200.”
e negociar contratos. O maior desafio foi PACOTE ANTIBACTÉRIA
explicar uma tecnologia de ponta para “A partir de uma demanda do próprio
clientes com formação em outras áreas, mercado, decidimos criar um novo bra-
como medicina, farmácia e nutrição. Ti- ço para o negócio. E se fosse possível
vemos que aprender na prática. Foi só em vender kits prontos, para que hospitais

ABRIL, 2016 pequenas empresas & grandes negócios 8 9

ZIKA 10 mil
NO ALVO
kits de identificação dos vírus de zika, dengue e
chikungunya deverão ser comercializados em 2017:
os testes podem ser responsáveis por uma parcela
de 20% a 25% do faturamento da empresa

COMO EU FIZ SAÚDE

e empresas fossem capazes de identi-
ficar as superbactérias, sem a presen-
ça da Neoprospecta? Com o aumento
dos surtos, havia um grande mercado
em potencial para esse tipo de produ-
to. Para desenvolver o projeto, inciado
em 2014, recrutamos pesquisadores do
CNPq (Conselho Nacional de Desenvol-
vimento Científico e Tecnológico). Nes-
te momento, estamos na fase de regis-
tro na Anvisa (Agência Nacional de Vi-
gilância Sanitária), o que pode levar até
seis meses. Depois poderemos comer-
cializar os kits. O preço será bastan-
te competitivo — de R$ 100 a R$ 150.”

OPORTUNIDADE RESPONSÁVEL em São Paulo. Queremos ainda atu- EQUIPE TÉCNICA
“Em 2016, os surtos de dengue, chikun- ar fora do país, montando um escri- Funcionários da
gunya e zika fizeram com que nos vol- tório nos Estados Unidos e outro na Neoprospecta no
tássemos para outra área do mercado. Holanda. Para viabilizar a expansão, laboratório: time deve
Percebemos que poderíamos aproveitar estamos negociando uma rodada de crescer 50% até 2017
a mesma base tecnológica usada na lo- aportes: o objetivo é captar R$ 25 mi-
calização das superbactérias para criar lhões. Hoje não temos um concorren- SALTO NA RECEITA
um teste capaz de identificar os vírus te direto, mas diversos competidores
em uma amostra de sangue. Dessa ma- indiretos — são laboratórios que fa- (EM R$)
neira, a Neoprospecta agiria com res- zem análise microbiológica conven-
ponsabilidade social, já que se trata de cional, usando cultura de bactérias. 3 milhões
um problema crítico para o país. Além Trabalhamos para posicionar a Neo-
disso, poderia explorar um setor com prospecta não só como referência na 1 milhão
grande potencial de escala. Agora, es- área de análise microbiológica por
tamos na fase de validação laboratorial DNA, mas também como referência em 2015 2016*
do exame. Em três meses, pretendemos biologia molecular, genômica e bioin-
iniciar o processo de registro na Anvi- formática (área que transforma dados *Estimativa
sa. Esperamos começar as vendas até biológicos em algoritmos computacio-
o final de 2016. A meta é comercializar nais). Além disso, mantemos o nosso
10 mil unidades apenas em 2017. Acre- pé acadêmico, dando prosseguimen-
ditamos que o próprio governo possa to a projetos de pesquisa vinculados
se tornar nosso cliente.” às atividades de bioprospecção e de-
MOMENTO DE EXPANSÃO senvolvimento de enzimas. Em 2015,
“Nos próximos anos, as vendas dos nosso primeiro ano de operação efeti-
kits de identificação de superbacté- va, a empresa faturou R$ 1 milhão. Nos
rias e dos vírus transmitidos pelo Ae- três primeiros meses deste ano, já su-
des aegypti devem corresponder a 40% peramos esse valor. A previsão é che-
ou 50% do faturamento da empresa. gar a R$ 3 milhões até o final de 2016.”
Para trabalhar com os novos produ-
tos, teremos que contratar pelo me-
nos mais dez funcionários — atual-
mente são 22 profissionais. Também
devemos ampliar os laboratórios em
Santa Catarina e estabelecer uma base

9 0 pequenas empresas & grandes negócios ABRIL, 2016

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OS QUE ESTAMOS VIVENDO
NÃO PODEM SER IGNORADOS.
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POR TRÁS DOS FATOS
SEM FUGIR DA POLÊMICA.
















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