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Relatos de trabalho de campo

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Published by robsonverissimo1, 2017-09-15 23:28:17

Conexões

Relatos de trabalho de campo

CONEX ES

UMA PRODUÇÃO GEO-HISTÓRICA

ORGANIZAÇÃO: Professores Robson Veríssimo e Fernando Herculiani.

INTRODUÇÃO

Nas próximas páginas você verá os nossos relatos sobre o
trabalho de campo realizado no dia 24 de abril de 2017, que
teve como destino a Baixada Santista, localizada no estado de
São Paulo.

O trabalho de campo é uma das etapas do estudo do meio:
uma série de atividades que tem como objetivo investigar
diversos aspectos de uma área para ampliar os conhecimentos
sobre o assunto, tanto ao descobrir novas informações quanto
ao comparar nosso conhecimento anterior com as novas
situações.

Nosso estudo do meio foi composto por três etapas:

PRÉ-CAMPO: atividades de pesquisa em sala de aula,
onde tivemos contato com a área que pesquisaríamos e com os
objetivos desse estudo;

TRABALHO DE CAMPO: atividades realizadas durante a
visita à baixada Santista, na qual realizamos registros escritos
(anotações), visuais (fotos) e orais (entrevistas e gravações);

PÓS-CAMPO: atividades de análise e ampliação das
informações que coletamos no trabalho de campo.

Nosso estudo do meio foi desenvolvido a partir do Projeto
Criança Ação, que buscava investigar as condições de
saneamento básico e moradia de crianças e jovens em
diferentes lugares. Para isso, tivemos de estar atentos a
algumas questões norteadoras, que serviram para deixar claros
os objetivos dessa atividade:

Por que lugares próximos podem apresentar paisagens
radicalmente diferentes?

Em que aspectos a condição atual de diferentes biomas
influencia o modo de vida da população que vive em sua área
de ocorrência?

De que maneira os aspectos físicos ou naturais podem
influenciar aspectos da paisagem e da vida das pessoas?

De que maneira os impactos ambientais interferem na qualidade
de vida dos cidadãos?

Quais são as motivações para os sujeitos históricos ocuparem
determinados espaços?

Que tipo de atuação política e social é desenvolvida por sujeitos
históricos na busca de melhores condições de vida e moradia?

Os Relatos de Trabalho de Campo são um trabalho
colaborativo, com textos, fotos e entrevistas de alunos de todos
os sextos anos, a partir de trechos selecionados dos trabalhos
de todas as salas. Assim, você lerá a seguir um único trabalho
construído a muitas mãos. Esperamos que aproveite a leitura!

Alunos do sexto ano do Colégio Santa Maria.

SUMÁRIO

1. NO COLÉGIO SANTA MARIA
2. O ESPAÇO URBANO: TRAJETO NA GRANDE SÃO PAULO
3. A TRANSFORMAÇÃO DA PAISAGEM
4. CHEGADA À BAIXADA SANTISTA
5. A CRECHE TIA NILDA E O CENTRO CULTURAL
6. A ONG ARTE NO DIQUE
7. O BAIRRO DE PALAFITAS
8. OS MORADORES DOS CORTIÇOS NO CENTRO
9. O BAIRRO MONTE SERRAT
9. O BAIRRO POMPEIA
11. O AQUÁRIO MUNICIPAL DE SANTOS
12. SÍNTESES: RELAÇÕES ENTRE OO ESTUDO DO MEIO E A ANTIGUIDADE

NO COLÉGIO
SANTA MARIA

Quando nós chegamos ao colégio às 5h45min da
manhã, fomos direto para a nossa sala de aula do 6ºC e
pegamos nossos cadernos de campo para o Estudo do
Meio.

Lá dentro, escrevemos algumas coisas sobre a Porta da Sala de Aula do
paisagem do Colégio Santa Maria, que é um colégio com Colégio Santa Maria. Foto:
muitas árvores, plantas e que tem muitas construções e Vivian Guedes (6ºC).
prédios. Como era muito cedo, vimos alguns funcionários

que estavam se preparando para o trabalho e muitos pais
que estavam trazendo seus filhos. Logo depois,
esperamos um tempo para o resto do pessoal chegar e
então fizemos a chamada.

Juntamente com todos os grupos, aguardamos
então as orientações do professor Robson para
embarcarmos no ônibus, sentido litoral, para darmos
início ao estudo.

Entre 6h e 6h15min, fomos para o ônibus. Antes de
partirmos, os professores fizeram uma segunda chamada
e, logo depois, saímos da escola a caminho de Santos.

Orientações em sala de No caminho, os
aula. Foto: Giovanna Herrera monitores se apresentaram
Biondo (6ºE). e, chegando ao pátio

redondo às 6h8min, entramos no ônibus, nos

organizamos e saímos do colégio às 6h17min.

A saída da escola era bem arborizada, já que o Orientações em sala de aula.
colégio ainda possui reservas de Mata Atlântica original, Foto: Giovanna Herrera
e o relevo era mais ou menos plano, já que a cidade de Biondo (6ºE).
São Paulo está localizada em um planalto.

ESPAÇO URBANO:

O TRAJETO NA GRANDE
SÃO PAULO

Quando saímos da
escola, passamos pelo Jardim
Marajoara e percebemos uma
pequena mudança na paisagem
e no relevo: havia menos
vegetação e a presença de
alguns morros, com muito
comercio e muitos prédios.
Percebemos que a função do
espaço no bairro da escola é
tanto residencial como
comercial.

“Olhando pela janela

conseguimos ver várias Jardim Marajoara. Foto: Beatriz Mercante, Carolina Honk,
construções diferentes. Vemos Felipe Delgado, João Victor e Luis Fellipe Razuck. (6ºG).
prédios, postos de gasolina,
drogaria...” (Lígia, aluna do 6° ano C, no Jardim Marajoara).

Quando passamos pelo bairro, às
6h20min, não pegamos nenhum trânsito.
Esse bairro tem muitas casas, comércios e
condomínios e a paisagem predominante é
urbana. Vimos também que não está bem
cuidado, pois tinham muitos buracos nas
ruas e calçadas. Saímos do jardim
Marajoara às 6h34min.

Aeroporto de Congonhas. Foto: Beatriz Ao sair do bairro do colégio,
Mercante, Carolina Honk, Felipe Delgado, passamos pelas avenidas Interlagos,
João Victor e Luis Fellipe Razuck. (6ºG). Washington Luís e Bandeirantes, onde fica o
Aeroporto de Congonhas.

Nós passamos pela Avenida Bandeirantes
às 6h46min e vimos que ainda havia bastantes
árvores pelo caminho, o que é diferente da
maioria das avenidas de São Paulo, que são
pouco arborizadas. Havia muitas construções e
não tinha tantas pessoas andando a pé, pois não
havia tantos comércios populares.

”Aqui já começa a ter mais poluição...” (Beatriz,
aluna do 6° C, olhando pela janela caminho).

Nós passamos por vários bairros no Avenida dos Bandeirantes. Foto:
caminho, e a maioria era residencial, cheio de Beatriz Mercante, Carolina Honk,
prédios e casas, às vezes maiores, às vezes mais Felipe Delgado, João Victor e Luis
humildes. Aos poucos, o trânsito foi aumentando. Fellipe Razuck. (6ºG).

A TRANSFORMAÇÃO DA
PAISAGEM

Ás 6h49min, nós Rodovia dos Imigrantes vista do ônibus. Foto: Giovanna
saímos da Avenida Herrera Biondo (6ºE).
Bandeirantes e chegamos à
entrada para a Rodovia dos
Imigrantes, que estava
praticamente só com
vegetação na paisagem, pois
conseguimos perceber que
não havia mais tantas casas.
Havia principalmente muita
vegetação baixa e diferentes
formas de relevo, como áreas
planas e morros. Havia
também rios e lagos, e as
árvores eram de altura
média. Como já havíamos
saído da parte mais populosa
da cidade, não havia mais
trânsito no caminho. Dessa

forma, pudemos perceber que a paisagem tinha mudado bastante, bem diferente da
cidade grande. Nos bairros cortados pela Rodovia dos Imigrantes só haviam casas.

“Olhem, aqui tem tuneis! Também tem pedágios e o número de arvores começa a
aumentar!” (Lígia, aluna do 6° ano C, na Rodovia dos Imigrantes).

Às 6:57h da manhã, passamos por São Bernardo do Campo, em uma região da
cidade que possuía casas mais humildes, a maioria, sem acabamento. A maioria
destas casas ficava em morros e pequenas montanhas. Essa região ficava perto de
uma área com bastante vegetação e também havia um rio e lagos. Percebemos que as
áreas com mais morros e que tem menos estrutura possuem casas mais simples. Isso
significa que a renda das pessoas é uma das coisas que pode criar paisagens
diferentes nos lugares. Observamos o altímetro e vimos que a altitude ali era de 810
metros.

“Aqui tem várias casas pequenas, árvores e algumas comunidades”. (Pietro, aluno do
6° ano C, no trecho da Rodovia dos Imigrantes em São Bernardo do Campo).

No caminho

pela rodovia dos

Imigrantes, depois de

passarmos pela

entrada das cidades de

Diadema, e São

Bernardo, passamos

pela Represa Billings,

de responsabilidade da

SABESP, às 7h7min.

Às 7h09min, a altitude

mudou para 754

metros. Vendo da

estrada, a represa que

era muito bonita e

parecia ser limpa, mas

só parecia. Logo

depois, às 7h10min,

estávamos passando Nascer do Sol com a Represa Billings no fundo. Foto: Felipe Gomes
pela Rodovia Anchieta (6ºE).
que era um lindo lugar:

tirando a estrada só tinha vegetação, como árvores. Na Rodovia Anchieta, observamos que

havia uma grande ponte com vários caminhões que carregavam produtos de importação e

exportação entre São Paulo e o porto de Santos.

“A Anchieta é uma estrada mais antiga que a Imigrantes, então ela tem muito mais
curva que a Imigrantes. As Imigrantes hoje têm duas: a Imigrantes nova que é uma que é

cheia de túnel, que quando você entra na Imigrantes nova, você passa por uns três túneis e
já chegou no litoral”.

(Fala dos monitores no ônibus).

A paisagem começou a mudar de
novo por volta das 7h20min. A quantidade
de vegetação começou a aumentar depois
da Represa Billings. Não se via mais casas,
nem prédios e nem comércios. A paisagem
era, finalmente, natural, pois os elementos
naturais predominavam.

Chegamos então à unidade de

Conservação da Serra do Mar. Isso ocorreu

às 07h25. O objetivo de sua criação é a

proteção da Serra do Mar, sendo umas das

áreas mais preservadas do estado de São

Paulo. Era um local bem verde, com muita

vegetação, rico em arvores e outro tipos de

plantas . O relevo parecia ser formado por

Rodovia vista de cima da Serra do Mar. Foto: montanhas, mas depois descobrimos que,
Giovanna Russo na verdade, estávamos passando por uma
(6ºE). escarpa, que é o desnível entre um planalto

e uma planície. Também pudemos ver rios, lagos, e até o mar.

Às 7h26min estávamos passando por uma área com muita Mata Atlântica, e a
altitude continuava baixando. Chegamos a 474 metros acima do mar. Na serra do mar,
já viamos uma deslumbrante vista, com relevo, altitude e paisagens distintas.

“Levanta a mão quem mora em prédio?(a maioria levanta a mão) Nossa! Agora quem
mora em casa?(sete pessoas levantam a mão). Porque será que tem poucas pessoas
que moram em casas? Por conta do trabalho, falta de espaço, localização melhor!
Então quero que vocês façam essa reflexão sobre o tipo de moradia que vocês tem em
São Paulo e chegando lá vocês observem os tipos de construções que nós temos e
como é que as pessoas vivem naquele lugar.”

(Fala dos monitores no ônibus).

Agora passávamos exatamente pela Mata, nossa altitude continuava baixando,
eram 99 metros. Tinham se passado exatamente 13 minutos, desde que conseguimos
avistar a floresta. A paisagem ali era composta por montanhas, casas e diversas
indústrias. Nesse momento, estávamos passando pelos bairros Cota: os
trabalhadores fizeram suas casas na Serra do Mar para a construção da estrada.
Após o término da obra, eles permaneceram por lá. As construções das casas eram
irregulares e eram divididas através da altitude. Como elas tinham de 100 a 300
metros em relação ao nível do mar, ficaram conhecidas como os bairros Cotas.

“É muito fácil saber se a gente já entrou na serra do mar. Alguém sabe como?
Por que tem muitas curvas. O que a gente vai reparar aqui na janela? A gente vai
repara em duas coisas. Primeiro a gente vai passar por muitos caminhões. Por que
tem muito caminhão descendo a Serra? Para exportação e importação, o porto serve
para os dois. Então o que acontece? Se o produto precisa sair ou chegar pro estado
de São Paulo e ele vai ir de navio ele vai para o porto certo? Santos tem um porto
quando chegarmos ao Aquário eu mostro pra vocês. De um lado é o porto de Santos
e do outro lado é o porto do Guarujá. Então toda mercadoria que chega de navio vai
desembarcar em Santos ou quando for embarcar vai embarcar em Santos, e aí pra
poder sair de São Paulo, ela sai de caminhão ou de trem. A gente também passa por
perto de um trem, que não aquele trem normal que a gente conhece é aquele trem de
carga, então ele é cheio de “containersinhos”. Contêiner é aquele de metal. Tem uns
trens que são de cheios de carga então ele é cheio de contêiner. Eles também fazem
esse tipo de transporte. E aí o que acontece aqui Anchieta os caminhões só podem
vir por essa, eles não podem, por exemplo, vir pela Imigrantes pra descer pra Santos,
por que? Por que eles têm um projeto que todos os caminhões que querem ir a algum
lugar, vem por aqui, por que assim eles conseguem organizar melhor o transito. Então
normalmente quando a gente pega a Anchieta tem muito mais transito do que quando
a gente pega a Imigrantes. Se você descer a serra de carro provavelmente você vai ir
pela Imigrantes. Então o que acontece com o contêiner ele sai do caminhão e já vai
para o navio. Então não precisa tirar nada de dentro. Outra coisa que a gente vai
reparar durante o nosso percurso são os bairros Cotas. Então o que é um bairro
Cota? O bairro Cota são esses bairros que foram se formando na serra, então as
pessoas vieram e começaram a construir suas casas. Alguém sabe por que o nome
bairro Cota? O que é uma Cota? Cota é o que a gente usa para denominar altitude.
Então cada casa construída na serra se denomina pela sua altitude. Antigamente
tinha muito bairro Cota. Pode ter desmoronamento certo? Por que esses não foram
retirados? Por que eles eram tão grandes que não se tinha condição. O governo fez
um projeto de reurbanização, que leva energia elétrica, esgoto, agua, caminhão de
coleta de lixo. às vezes não é tão organizado. O bairro tem uma escolinha, eles têm
um pequeno posto de saúde.”

(Fala dos monitores no ônibus)

Às 7h34min começaram a
aparecer mais construções e a ter
menos vegetação, até que entramos em
Cubatão às 7h37min. Ela era uma
cidadezinha que tinha muita vegetação
ainda, mas com construções como
prédios e casas, porém eram mais
pobres. E lá tinha muitas caixas de água
e botijões de gás.

Paisagem em Cubatão. Foto: Vivian Guedes.
(6°C).

Às 7h43min, a altitude estava em 9 metros acima do mar e às 7h50min, nós
estávamos a 3 metros acima do mar. Nesse momento, já era possível ver novamente
comércios, prédios e casas, além disso muitas fabricas acompanhavam o caminho e
o trânsito voltava a se formar.

Percebemos que já

estávamos em uma

planície, e conseguimos

perceber uma grande

mudança na paisagem:

mais construções,

indústrias, petroquímica e

refinarias. Descobrimos

que Cubatão já foi

considerada a cidade

mais poluída do Brasil,

por causa das chaminés

de gás. Hoje, existem

várias legislações que

controlam essa emissão

de gás e de poluentes.

Além disso, houve um

projeto de reflorestamento

da Serra do Mar, por

causa do desmatamento,

para diminuir a poluição e

voltar a ter a sua antiga

vegetação.

Paisagem em Cubatão. Foto: Vivian Guedes. (6°C).

Paisagem em Cubatão. Foto: Fabricio Azevedo Guima Araújo. Conseguimos
perceber que o homem
modificou a natureza,
construiu a estrada, suas
casas e fez vários túneis no
meio das montanhas.
Sendo assim, vimos uma
mistura de paisagem

cultural e natural.

CHEGADA À
BAIXADA SANTISTA

Chegamos a Santos às 07h41. Observando o altímetro, percebemos que a
altitude havia caído para 0m. Ainda era possível ver indústrias e havia muitos
caminhões na estrada. O local de Santos onde estávamos, depois de chegar à parte
mais habitada da cidade, parecia ser muito pobre, pois havia casas muito simples,
construções mal feitassem acabamento e em áreas de risco.

Quando entramos na

cidade, conseguimos

perceber muita urbanização

e notamos como a

paisagem mudou em

relação à estrada, pois a

urbanização trouxe a

presença e casas,

comércios e muitas outras

coisas. Entre os elementos

que observamos,

destacamos várias

indústrias, muitas casas,

um posto policial, diversos

postos de combustível, Ruas de Santos. Foto: Vivian Guedes. (6°C).

prédios, muitas

construções, hospitais,

vários bairros pobres e também um parque aberto ao público com uma quadra e

futebol pouco conservado com muito lixo no chão.

Mais ou menos às

8h da manhã, estávamos

no Centro Histórico de

Santos, que fica perto do

porto e tem construções

muito antigas. As

construções são

parecidas com as da

Europa, como a da Bolsa

Centro Histórico de Santos. Foto: Pietro Pannella Brasil de Café, que também fica

no centro antigo.

O professor Robson pediu que tentássemos explicar a frase: “o espaço
geográfico é o acúmulo de tempos desiguais”. Nós estávamos perto do porto, e como
havia principalmente construções antigas, mas também existiam algumas mais novas
do que as outras, alguns alunos disseram que as coisas antigas e as coisas mais
novas existem ao mesmo tempo na paisagem dos lugares. As ruas ali eram de
paralelepípedos, e como a maior parte dos centros das cidades, havia pouca
vegetação. Como estávamos em uma planície, o relevo mais plano.

A CRECHE TIA NILDA E
O CENTRO CULTURAL

Às 8h15min fomos conhecer a creche Tia Nilda. É um lugar bem humilde, mas

que recebe muito bem as crianças que lá estavam. Lá existe um espaço para um

parquinho pequeno, uma sala com trabalhos realizados pelas crianças e fotos, um

local apropriado para as

crianças dormirem, banheiros,

uma varanda e um local para

as crianças lancharem.

Passamos por uma enorme

trilha de pedras para chegar

ao jardim, com poucas

gramíneas e algumas árvores

baixas e uma casinha que

funcionava como berçário. Lá

tinha uns balanços e alguns Creche de bebês e crianças se preparando para comer,
Foto: Giovanna Herrera Biondo.
cavalinhos que balançam.

As crianças estavam em horário de lanche e Parquinho da Creche da Tia
brincando ao ar livre, então nós também brincamos Nina. Foto: Vivian Guedes.
com várias crianças. Tia Nilda explicou sobre o
projeto que veio da Alemanha e mostrou muitas
fotos. Tia Nilda foi a fundadora, e lá vimos crianças
do berçário e maternal cujas mães foram trabalhar.
Toda a arrecadação dos eventos realizados é
dividida entre as instituições da tia Nilda e tia Ângela,
que são casas de acolhimento onde as crianças
passam o dia com os auxiliares, educadores e
professores. Esse trabalho veio de São Paulo, onde
tia Nilda fez um estágio e gostou de lugares abertos.

“É um trabalho simples, um trabalho

natural, a gente trabalha com janelas

abertas, portas abertas, tem as plantas

para ter contato com a natureza. Esse

espaço aqui a gente faz de tudo, faz

aniversário, faz festa. Inventa mil utilidades

para a gente fazer aqui, aqui a gente faz

todas as atividades. É muito simples, mas a

gente trabalha com a realidade. A gente

tem o maior amor, o maior carinho por

Manuella brincando com Júlia. Foto: aquelas crianças, que as vezes não tem
Giovanna Herrera Biondo. carinho em casa, aqui eles tem. Esse

projeto veio de São Paulo, de Monte Azul. É um trabalho muito bonito em parceria

com a Alemanha. Aqui a gente tem bingo, bazar e agora a gente vai ter o show

daquele cantor do Rappa e o dinheiro vem todo pra cá. Então foi dividido para duas

instituições carentes: Tia Nilda e Tia Ângela. As mães vão trabalhar, os pais e não

tem com quem deixar a criança, não pode

deixar as crianças na rua, então tem que ter

casa de acolhimento, eles ficam o dia todo e a

tarde a mãe busca pra ir pra casa, por que não

pode ficar por que são palafitas, casas de

madeira, tem um rio em baixo, então as

crianças podem cair da ponte, pode acontecer

alguma coisa e estando aqui eles estão bem

cuidados. Agora estamos correndo atrás de

patrocínio, empresas privadas. A gente cuida Fachada da Creche. Foto: Vivian
muito bem dessas crianças com muito amor, Guedes.
por que é preciso, os bebes que ainda não

falam, da muito trabalho mas a gente vai lutando. Eu fico bem feliz de vocês terem

vindo pra cá. E a gente tem aquele lado carente, mas com muito amor. Já estou há 33

anos nesse projeto. Eu só bem simples, a tia Nilda gosta de trabalhar com mãos na
massa, fazer o trabalho e ajudar os que mais necessitam”.

(Entrevista com a tia Nilda)

Às 9h, saímos da creche e começou a chover. Fomos
então para o Morro São Bento, onde observamos muitas
gramíneas e árvores, um local muito humilde com casas
bem simples, com muitas comunidades e uma igreja.

Ás 09h52min, chegamos ao Centro Cultural e umas
das professoras que estava nos acompanhando explicou
varias coisas. É um local bem interessante com vários
andares, divididos em salas, e com uma pintura legal.

Vista do Morro de São
Bento. Foto: Vivian
Guedes.

Neste local fomos recebidos por uma
orientadora que nos explicou o funcionamento do
local e comentou que ali as pessoas podem fazer
atividades físicas, ler livros, realizar reuniões,
bordados e pinturas. Pudemos observar desenhos
de algumas pessoas, e ainda foi possível assistir
uma apresentação de aula de ballet de uma turma
de crianças.

Pintura no Centro Cultural. Foto:
Vivian Guedes.

O Centro Cultural do Morro São Fachada do Centro Cultural. Foto: Vivian
Bento é um prédio onde se podem Guedes.
observar diversos tipos de cultura como
teatro, shows de dança e diversas
manifestações culturais. Todas as
atividades são gratuitas e atendem
principalmente a comunidade do Morro
São Bento.

Ali conhecemos ainda

uma biblioteca que continha

uma infinidade de livros, a

sala de informática e a quadra

de esportes, onde as pessoas

praticam judô, futebol,

basquete. Vimos também a

sala de ballet e assistimos até

uma aula de dança. Chegou a

hora de nós, entrevistarmos

as pessoas que estavam por

lá, e fizemos muitas

perguntas. Por meio das Aula de dança no Centro Cultural. Foto: Vivian Guedes.
respostas, pudemos conhecer

um pouco mais sobre a vida dos moradores daquele bairro.

„‟Ele atende principalmente a comunidade do morro São Bento. Imagina você ter que
subir e descer esse morro todo o dia para poder uma atividade cultural, então eles
criaram esse centro cultural. Ele é da prefeitura, ao contrario da creche que a mulher
consegue os recursos, não, isso daqui e da prefeitura, então todos os recursos vem da
prefeitura, igual a qualquer escola da prefeitura ou outro centro cultural.‟‟

(Entrevista com uma monitora do Centro Cultural)

Pudemos ainda entrevistar moradores e frequentadores do Centro Cultural:

Como você se sente em relação a esse projeto? Você traz o seu filho aqui?
Eu trago, gosto muito.

Como você acha que ele se sente?
Eu acho que bem, ele joga futebol no time daqui ele treina aqui. Ela faz ballet lá em
cima, a minha filha. Eu acho bom por que incentiva a criança a gostar do esporte
também.

Você faz algum esporte aqui?
Faço ginastica localizada há 4 anos, adoro o professor. A gente faz um curso de
confraternização todo mês: festa junina, Pascoa. Eu sempre vivi em harmonia com
essa gente diferente.

O que te levou a vir morar aqui? Você tem algum parente que mora aqui?
A minha família praticamente toda. Avós, tios, primos. Eu gosto daqui por que sou feliz
morando aqui.

Faz quanto tempo que você mora aqui?
35 anos, desde que eu nasci.

Você pretende ficar aqui?
Sim, o meu marido comprou em outro bairro, mas a gente quer morar aqui, por que é
muito bom. Meus filhos fazem as atividades deles praticamente todas aqui: bale,
futebol, eu faço ginastica localizada.

Você se sente bem em relação as ações realizadas do governo em relação ao
bairro?
Algumas coisas não. Algumas coisas faltam. As vezes não pode dar continuidade ao
professor por causa de salário. Mas em outras coisas, eu acho que está bom.

Você já participou de alguma manifestação?
Não, nunca participei de nada disso, mas pretendo participar em breve.

Se você fosse prefeito, o que você mudaria no bairro?
Com certeza na educação das crianças, com certeza a prioridade pra eles mais
atividade física, se investissem nos esportes, as coisas não estariam tão perdidas
como estão hoje.

Você já participou de algum projeto social?
Eu faço parte da associação do futebol, que é para as crianças não ficarem na rua. Eu
faço o que eu posso. A gente faz festa pra eles‟‟

A ONG ARTE NO DIQUE

Às 12h47min chegamos no
local onde fica a Arte do Dique e
fomos muito bem recebidos pelas
pessoas que ali trabalham e
frequentam. É um local bem
agradável para crianças e adultos
que aprendem a dançar, atuar,
tocar instrumento musical, fazer
artesanato, entre muitas outras
coisas.

Conhecemos todo o local

acompanhados por uma funcionária Entrada da Arte no Dique. Foto: Vivian Guedes.
e ajudante de lá. Ela nos mostrou

os espaços que eles têm, a vista de um restaurante ao lado em construção, e as

crianças. Algumas estavam tendo aula de dança, outras estavam tendo aula de

música, Educação Física e taekwondo.

Logo às 12h55min a professora da instituição nos levou ao saguão para dar
explicações sobre o funcionamento do local:

“Bem vindos, sou assistente social deste instituto já faz 9 anos, então eu acho que eu
conheço um pouco da história daqui. Vou começar falando do nosso cenário atual.
Como vocês viram tem muitas crianças, pré-adolescentes da idade de vocês. É que a
gente faz parceria com a prefeitura Municipal, então a gente atende uma escola do
município que fica aqui próximo, então crianças de 6 a 11 anos vem pra cá no
contraturno escolar. Aqui eles têm oficinas de educação física, percussão, dança, tai
condo e vivencia pedagógica, depois das 4h a gente atende o pessoal da comunidade
aí nós temos percussão, dança, violão, teatro, customização, crochê, taekwondo,
capoeira, então assim são essas atividades que a gente tem hoje em dia. A ONG
existe há 15 anos, mas ela nem sempre foi aqui, nós estamos aqui desde 2012. Então
assim o Zé Virgiro que é o indenizador do instituto, já trabalhava com produção
cultural, e há 15 anos atrás ele tava fazendo trabalho lá em Santo André, e aí um
político dessa região queria ter algum projeto cultural, porque muitas crianças, muitos
jovens sem ter o que fazer, sem esporte, sem nada, estavam nas ruas mesmo. Aí a
partir desse convite que o Zé Virgiro veio pra cá e pensou nesse projeto que começou
na rua. Teve um apoio de uma empresa bem bacana daqui do porto de Santos, e daí
o Arte no dique ficou no site de melhoramentos do bairro, depois ficou num terreno
cedido da prefeitura e o Gilberto Gil, vocês conhecem: na época que ele foi ministro
da cultura ele falou que apoiava construções na periferia que dessem oportunidades
aos jovens até que chegamos aqui e essa construção ela foi viável pelas linguagens
artísticas. Em cima disso o Arte No dique escreveu um projeto e foi contemplado, só
que o prédio só foi sair mesmo em 2012, pelo Ministério da Cultura. Na manutenção,
a gente tem um convênio com a prefeitura municipal, então hoje em dia a gente tem
um convênio com a secretaria de cultura e com a secretaria de educação do

município. Todos os professores aqui são remunerados, nós não temos voluntários. O
Zé Virgiro tem uma opinião que segue, isso no trabalho assim, não é porque estamos
na periferia que nós vamos oferecer qualquer coisa. Então assim, todos os
profissionais são capacitados, reconhecidos de nome ás vezes no município,
nacionalmente, porque a gente faz alguns projetos pontuais então assim, não é
porque a gente está aqui que a gente vai oferecer qualquer coisa. Eu gostaria que
quando vocês saírem daqui levassem que a desigualdade ela é grande no nosso
país, mas que o mais importante é que a cultura e arte ela une, então nós não vemos
diferença nenhuma. O que vocês vão encontrar é a diferença financeira só isso, mas
vocês vão perceber que aqui as pessoas são iguais, todos iguais. É sempre
importante a gente se colocar no lugar do outro.”

Em torno das 12h57min, entramos na sala
destinada a informática com patrocínio da
empresa de telefonia Nextel, que possuía alguns
computadores onde s alunos atendidos na
instituição têm aulas de informática.

Sala de Informática do Arte no Dique. Às 13h02min a professora nos mostrou a
Foto: Vivian Guedes. varanda onde notamos uma construção enorme,
e assim ás 13:11h observamos e tivemos o
privilégio de participar da aula de dança.

Nós pudemos dançar

e tocar alguns instrumentos,

com a ajuda dos instrutores

de dança e música, foi muito

divertido: o instrutor de

músicas de lá nos mostrou

que eles não tinham

instrumentos originais, mas

conseguiam trabalhar muito

bem com o que tinham.

Demonstrou uma atividade Oficina de dança na Arte do Dique. Foto: Giovanna Herrera
que faziam com crianças Biondo

que frequentavam o espaço. Era uma atividade que o professor passava a batida e o

aluno tinha que continuar (usando os instrumentos, claro!). Ao final, ficava uma

música maravilhosa. O instrutor chamou alguns alunos que se voluntariaram e os

mostrou o que fazer no exercício Às vezes você não precisa de uma bateria e um

teclado pra fazer a música rolar. A outra atividade que fizemos lá com as crianças da

ONG, foi de dança. O professor de lá disse que na atividade, você tinha que copiá-lo

enquanto dançava. Por volta das 11h05, voltamos ao ônibus.

Antes de sairmos de lá, conversamos um pouco com as crianças e jovens que
estavam fazendo as atividades:

“Eu gosto muito dessa escola! Não gostaria de mudar de escola. Mas gostaria
de mudar de casa. Queria ter uma casa melhor”.

O BAIRRO DE PALAFITAS

Perto de Arte no Dique existem as casas de palafitas, que são casas que ficam
em cima da água onde é jogado o esgoto e onde tomam banho. Além dos problemas
de higiene, há grande risco da casa desabar. Apesar de todos esses problemas,
todos que ali moram são muito amigos, convivem uns com os outros e dependem
também uns dos outros.

Fomos visitar as palafitas e
vimos que no local onde elas
estão, há muita sujeira e muito
cheiro de esgoto. Naquele local,
conseguimos ver algumas árvores
que eram adaptadas ao solo do
lugar, que era muito barrento, pois
se tratava do mangue, um
ecossistema que se desenvolve no
Bioma Costeiro.

Paramos para observar o Detalhe de uma moradia de palafitas. Foto: autor não
bairro e conversamos com alguns identificado.
dos moradores:

 Entrevista com o morador 1:

Como é a manutenção das madeiras que sustentam as palafitas?
“A madeira tem que ser restaurada de tempos em tempos. Dependendo do tipo da
madeira, ela pode ser trocada semanalmente, mensalmente, anualmente... moradia
dele. A gente troca, a gente se une. A gente aproveita pra fazer uma confraternização.
Vai todo mundo pra ajudar. E quando acaba essa tarefa esse trabalho, obviamente eu
o dono da casa dá churrasquinho, faz uma vaquinha, faz um samba. Tudo é motivo
pra alegria!”

 Entrevista com o morador 2:

“Ali lado que você está vendo são casas mais acima. Tem casas, mais pra dentro até
onde a maré enche, pode entrar água dentro das casas.
Através da marinha a gente tem a previsão do tempo e da Internet. Já alertam a
gente.”

 Entrevista com o morador 3:
„‟Dependendo da pele da pessoa, ela pode pegar uma micose, não é nada mais grave
do que isso. Tipo assim, se a pessoa engolir uma pouca dessa agua ela pode passar
mal, mas nada de grave acontece. Você vai descendo o rio, é que nem na praia, você
vai descendo e de repente já foi, já afunda. A profundidade é de mais ou menos 8
metros. Nadando dá pra atravessar. Às vezes tem correnteza. Onde eu morava minha
casa desabou, no meu canto tinha um lixão. Era uma montanha enorme. O pessoal
de São Vicente, levava todos os seus resíduos pra lá. E ai só não caía com a gente
dentro por que eu descia, eu pregava umas tábuas e aí ele aguentava. Só que teve
uma época, que pra pregar as tabuas tinha vez que eu escutava o barraco balançar.
Eu a minha ex-mulher e os meus filhos, tinha vez que o barraco balançava. À noite, o
vento era forte e só não caía por que eu pregava as tábuas. Em 2010, teve uma
situação que a gente teve que sair, e uma semana depois o barraco caiu. Na época
perdi roupa, moveis... eu me separei e agora eu estou construindo o meu barraco.
Dependo da situação financeira demora para construir. O meu barraco daqui uns dois,
três meses, ele já tá pronto. Eu não pretendo me mudar, esse bairro é maravilhoso‟‟

Às 9h40min, tivemos a oportunidade de ver de perto algumas palafitas. Uma
das coisas que marcava muito o lugar era que o cheiro de esgoto e a sujeira eram
muito fortes. Era muito perigoso em cima das madeiras que sustentavam o lugar, pois
algumas estavam podres ou quebradas. Algumas das palafitas eram muito bonitas e
organizadas por dentro.

Ao analisar esse tipo de moradia, vimos que a capacidade da sociedade se
adaptar às dificuldades do meio é muito grande, e que as pessoas podem transformar
os espaços para sobreviver com um mínimo de conforto e garantir as coisas que
precisam, mesmo que suas oportunidades sejam muito diferentes das de outras
pessoas.

Zona das palafitas em Santos. Foto: Júlia Feitosa.

OS MORADORES DOS

CORTIÇOS NO CENTRO

Durante o percurso em direção ao Centro Novo de Santos, conseguimos notar
que as casas, por alguma razão, começaram a ter um estilo mais antigo. Exatamente
às 13h, chegamos ao bairro Paquetá, onde ficava a casa de Samara, uma moradora
antiga que nos apresentaria a ideia do que é um cortiço e de como é viver nele.

O bairro fica no Centro de Santos, e é formado por muitos prédios pequenos e
casarões antigos, que servem de moradia para muitas famílias que vivem em um
mesmo lugar. Havia muitos comércios, bares, padarias etc.

Primeiro visitamos uma padaria comunitária, que vende bolos e outros produtos
feitos pelos membros da Associação de Moradores de Cortiço de Santos. Em cima da
loja, ficava a sede da associação, onde havia uma biblioteca comunitária, onde nos
sentamos para conversar.

Samara nos explicou o que eles fazem para ajudar o bairro e as pessoas que lá
vivem, o que era cortiço, e a sua história até conhecê-lo. Samara passava por uma
situação financeira em que precisava de algo para aumentar a sua renda. Descobriu
então uma associação de pessoas na mesma situação e foi aí que ela descobriu essa
forma de moradia:

“A evolução humana muda a situação, ela muda a localidade, ela muda tudo. Mas
tudo começa com o impossível para se tornar possível. Nós vivemos assim,
trabalhando duro. Nós não queremos viver nesse local. Tem pais que não querem
que seus filhos vivam assim. Mas eles nos cobram por essas moradias. Essas
pessoas se aproveitam do sofrimento dos outros. São várias emoções aqui! Temos
que lidar com essas emoções! Ninguém é ruim aqui. Todos se respeitam aqui.
Fizemos uma pesquisa e 14 mil famílias moram nesses locais. A realidade é crua lá.
Eu também não estou aqui por que eu quero!”

“Na Associação, 90% são mulheres. Elas que tomam conta da casa. Os homens, vão
embora e largam família. O nosso projeto a maioria são mulheres. No dia da votação
do capacete, as mulheres pediram tudo rosa e alguns homens teriam que usar rosa,
mas nós ficamos com dó. Vamos deixa eles usa um verdinho, né? As mulheres que
comandam. A prefeitura não faz evento, é nós que fazemos. Todo mundo junto faz
uma festa legal, organizada e segura pra todo mundo.”

Samara contou também que os projetos de melhoria do bairro e da vida dos
moradores que a Associação fez já ganharam até prêmios internacionais, e ela e a

filha dela tinham muito orgulho de fazer parte deles, mesmo com todas as dificuldades
e falta de apoio da prefeitura e do governo.

Em seguida, visitamos um dos cortiços de Santos: eram quartinhos muito
pequenos, grudados uns nos outros e, às vezes, separados por cortinas. Viviam ali
umas 20 famílias, que usavam o mesmo banheiro e pagavam um aluguel caro para
morar ali, porque era o melhor que podiam encontrar perto do Centro e dos lugares
em que trabalhavam e precisavam ir.

Depois de termos visto o cortiço, ela nos levou a um condomínio que ela e sua
associação estavam construindo para eles há muito tempo, em sistema de mutirão,
mas que estava com as obras paralisadas por falta de dinheiro. Lá, havia muitos
prédios com muitos tipos de apartamento (com varanda, sem varanda, três quarto
para filhos e outro para casal, etc).

O BAIRRO MONTE SERRAT

Ás 12h45min voltamos do almoço em São Vicente e visitamos o bairro Monte
Serrat. Depois de termos descido do ônibus, subimos o monte de bondinho para
encontrar nossa guia que se chamava
Simone. Ela nos apresentou o local e
disse as regras que deveríamos
respeitar enquanto ela nos levava nos
lugares específicos. O bondinho era
muito antigo e ficava em uma área
muito bonita, de onde dava para ver
todo o porto e o morro.

Simone explicou um pouco
sobre o lugar em que estávamos:

Vista parcial de Santos dentro do bonde. Foto:
Felipe Gomes.

“Como vocês podem ver, tem navio para os dois lados, a ilha de lá é particular e tem
materiais específicos que desembarcam lá. Ela foi construída já faz quatro anos,
porque jogaram terra, antes era mar. Já aqui na ilha Barnabé existe sempre. Gente
olha que coisa linda do outro lado! Nosso morro se junta com o Morro Fantana, com o
morro Pacheco e o morro São Bento. O Monte Serrat e Morro Pacheco são os únicos
que não sobem carro dos nove que nós temos em Santos.”

Ela nos mostrou a igreja Nossa
Senhora do Monte Serrat, e disse que ela era muito
importante para a existência da comunidade que
morava ali, por isso esse era o nome do morro.

Simone apresentou todos os espaços
de vista superior. Também nos explicou o porquê
do nome do bairro ser Monte Serrat, que era,
dizendo o lado religioso, porque saqueadores
vieram matar as pessoas que moravam no monte,
mas a Nossa Senhora do Monte Serrat os impediu,
fazendo com que caísse uma enxurrada que os
incapacitou.

Ela disse que na comunidade moram 3700

Igreja no topo do Monte Serrat. pessoas e que a água que estava dentro da caixa
d’água subia no sistema de bombeamento da
Foto: Mariana Paulani.

SABESP e depois descia levando água aos

moradores de lá. Quando a monitora Juliana perguntou se faltava água ali, Simone

respondeu que sim, porque a população aumentou muito.

Simone falou também que no morro são 416 degraus até chegar ao fim. Em
cada final de lance de escada teria um nicho falando sobre Jesus de bronze.

Depois de algum tempo encontramos um tipo de bebedouro da água da mina
que tem lá e nos refrescamos.

O BAIRRO POMPEIA

Quando chegamos no bairro Pompeia às
8h10min, descemos do ônibus em frente de uma
igreja. Percebemos que, diferente dos outros bairros
que visitamos, a Pompeia tinha casas com melhor
estrutura e que a população não possuía renda baixa,
pois estava localizado bem perto da praia, na área
turística.

Igreja no bairro Pompeia. Foto: Aproveitamos a parada e entrevistamos
autor não identificado. algumas pessoas, depois discutimos com o professor e
os monitores sobre as nossas descobertas.

Seguimos a pé para a Primeira Escola Pública de Surf da cidade e chegamos
lá às 9h25min. Fomos recebidos pelo criador da escola, que nos mostrou as pranchas
e contou a história da escola e o trabalho que faz com as pessoas.

Foi a primeira
escola do Brasil
gratuita para todos os
tipos de idades e
atende jovens e
crianças especiais.

Em 1992, época
em que a escola foi

Fachada da Escola de Surf. Foto: autor não identificado. inaugurada, foi uma

grande conquista para

os surfistas, pois era proibido surfar e a polícia militar por apreendia as pranchas e as

quebrava. Por isso surfavam em um lugar onde era permitido. Muitos alunos antigos,

hoje trabalham como professores. Mesmo não tendo muito dinheiro, fazem alguns

esforços para conseguir comprar as pranchas adaptadas às deficiências, que custam

em torno de 2000 reais.

Algo bem interessante é que além de atenderem pessoas de todos os lugares
do Brasil, 70% são mulheres. Durante todo esse tempo já passaram cerca de 30 mil
pessoas. Havia também um problema com tráfico de drogas mas, quando a escola
surgiu, as pessoas se sentiam tão bem lá que esse problema diminuiu até não existir
mais.

Achamos interessante perceber que algumas atitudes das pessoas podem
mudar os comportamentos que acontecem nos lugares, o que significa que a própria
sociedade pode ser responsável pelas transformações tanto do meio natural quanto
do meio cultural.

Aproveitamos para entrevistar duas pessoas na escola:

A primeira foi a senhora Solange, nasceu em Curitiba, Paraná, no dia 29 de
Abril. É contadora de empresa e disse que adora o bairro, é muito calmo e o acesso
com o governo é fácil, mas infelizmente, como toda cidade, o prefeito não atende a
necessidade da população.

Depois entrevistamos a Cleuda, que nasceu em Pato Branco no Paraná. Ela
gosta desse bairro pois é tudo muito próximo e não é preciso usar carro nem nenhum
outro transporte. Mas acha que falta policiamento e segurança.

Saímos de lá às 10h e 15 min e ficamos na praia, em mesas, fazendo as
anotações em nossos cadernos de campo.

O AQUÁRIO MUNICIPAL DE
SANTOS

Depois de comermos, fomos às 14:04h para o Aquário de Santos, onde vimos

diversos peixes, aves como o pinguim, e répteis. O lugar era dividido em espaços

temáticos, e havia os

tanques amazônico,

oceânico, das tartarugas,

dos pinguins, recinto do

leão marinho e o tanque

de toque, onde as

pessoas podiam tocar

nas estrela do mar e

outros animais. Ali

conhecemos diversas

espécies marinhas,

como: Tubarão, Raia,

Pinguim, Leão Marinho,

Tartaruga, Estrela do Mar

e etc. Quadros de peixes e tartarugas do Aquário de Santos. Foto:
Giovanna Herrera Biondo.

Muitos bichos machucados encontrados em seu habitat que não tem como voltar
são levados para o aquário e retirados para viver ali. O aquário de Santos é municipal,
diferente do de São Paulo.

Nessa visita, tivemos a oportunidade de ver
diversas espécies de peixes e animais de diversos
biomas, pois uma das atividades do Caderno de
Campo era determinar quais espécies eram nativas
de cada um dos biomas do Brasil e do mundo. Entre
eles vamos citar os seguintes:

 Costão Rochoso: Corcoroca e Sargentinho; Raia de espécie não identificada
 Acará; no aquário. Foto: Júlia Feitosa.
 Praia Arenosa: Marimba, Barriga Branca;
 Mato Grosso: Tetra;
 Amazônia: Pacu e Pirarucu;
 Cavalo Marinho;
 Tubarão Bambu;
 Baiacus;
 Peixe Papagaio;

 Tartaruga Mordedora; Tartaruga de espécie não identificada no aquário.
 Caranguejo Santola; Foto: Júlia Feitosa.
 Beijador Bárbaro e Tricogáster;
 Tubarão Bisca;
 Bagre, Carapeta Listrada,

Xaréu, Sargode-Beiço, Pambo,
Ticonha;
 Oceânico: Peixe Pampo, Bagre;
 Tartarugas Tracajá e Tigre de
Água;
 Pinguim de Magalhães;

 Leão Marinho;

Pinguins de espécie não identificada no aquário. Foto: Júlia Feitosa.

SÍNTESES: RELAÇÕES ENTRE O ESTUDO
DO MEIO E A ANTIGUIDADE

6º A
Assim como as primeiras civilizações, os bairros da Zona Noroeste de Santos em que
as pessoas vivem em palafitas margeiam um rio. Mas não são os mesmos motivos, afinal,
na Antiguidade, os humanos usavam o rio para pescar, nadar, beber a água e dar ao gado, e
para plantar, porém, nas palafitas as utilidades do rio se perderam, pois, ele é muito
poluído.
Assim como o Rio Amarelo, que foi fundamental na antiguidade chinesa, mas que
hoje ao passar pela cidade de Lanzhou na China se torna muito poluído, em uma das
cidades mais poluídas do mundo. Aliás, esse “posto” já foi ocupado por Cubatão, cidade das
redondezas de Santos.
Também podemos perceber certa mudança das principais atividades econômicas,
enquanto na Antiguidade, eram agricultura, comércio e artesanato, em Santos vimos a
indústria e o comércio de exportação e importação. Com isso concluímos que o papel de
certas coisas mudou muito desde a Antiguidade.

Amanda Viterbo Marques Costa

SÍNTESES: RELAÇÕES ENTRE O ESTUDO
DO MEIO E A ANTIGUIDADE

6º B
Podemos relacionar os eixos trabalhados no curso de História com o estudo do meio,
porque percebemos que as primeiras cidades foram construídas as margens de rios através
do processo de sedentarização. Esse processo se iniciou pela agricultura e pecuária, e no
estudo do meio em Santos conhecemos pessoas que moravam as margens de rio.
Nas entrevistas como os moradores, eles falaram que o rio estava poluído, o que
prejudicava a economia daquela região. As atividades econômicas da Antiguidades estavam
baseadas na agricultura e comércio. Em algumas entrevistas também vimos que a
economia dessas pessoas era baseada na pesca, também utilizando a água dos rios.
Outros entrevistados falaram que era muito difícil viver nas palafitas, por conta dos
desabamentos e da falta de saneamento básico que essas moradias apresentam.

Arthur Henrique Pereira Gobbo

SÍNTESES: RELAÇÕES ENTRE O ESTUDO
DO MEIO E A ANTIGUIDADE

6º C
Chegando em Santos fomos à Zona Noroeste onde vimos várias casas de palafitas as
margens de um rio. Os moradores da região eram bem humildes e reclamaram do
atendimento e das condições de saúde. Isso é parecido com o Egito Antigo e a
Mesopotâmia, pois além de viverem ao lado do rio, as camadas mais vulneráveis da
sociedade vivem nos “cantos” das cidades, na situação mais precária.
O rio que vimos em Santos era bem poluído, como o rio Amarelo na cidade Lanzhou
na China, que já foi uma das cidades mais poluídas do mundo. No centro cultural do bairro
podia se praticar algumas atividades físicas e ser realizadas reuniões. Os egípcios realizavam
as suas reuniões importantes nos templos onde eram as “casas” dos Deuses.
Vimos também várias áreas de comércio como mercados, bares e lojas diversas,
semelhante ao comércio praticado pelo povo mesopotâmico que realizava trocas de
alimentos, minérios e armamento.
Não era possível realizar agricultura nem pecuária as margens do rio por causa da
poluição. Diferente dos egípcios e mesopotâmicos que realizavam estas duas atividades as
margens dos rios: Nilo, Tigre e Eufrates.
Com isso, concluo que temos que cuidar da natureza e todas as pessoas precisam ter
seus direitos respeitados e precisamos acabar com a desigualdade social.

Nicholas Bourdot Rangel Cattani

SÍNTESES: RELAÇÕES ENTRE O ESTUDO
DO MEIO E A ANTIGUIDADE

6º D
No Egito Antigo e na Mesopotâmia as cidades eram desenvolvidas as margens de
grandes rios, como o Nilo e o Eufrates. Isso acontecia porque as populações precisavam de
água para se banhar, plantar e transportar os produtos agrícolas. A agricultura foi a
principal responsável pelo sedentarismo, e partir desse processo surgiram as cidades.
As cidades ainda são formadas as margens de rios como podemos ver no exemplo
histórico de São Paulo, ou vimos no estudo do meio na cidade de Santos. No bairro da ONG
Arte no Dique vimos populações vivendo as margens dos rios em palafitas.
Em Santos ocorre isso porque os moradores muitas vezes são pescadores, ou porque
não possuem dinheiro para pagar um aluguel, então optam pela vida nas palafitas.
Apesar de motivos um pouco diferentes, os povos da antiguidade e esses moradores
de Santos construíram suas moradias as margens de rios, mesmo com muitos anos de
distância no tempo.

Maria Clara Jeronimo de Souza Ramos

SÍNTESES: RELAÇÕES ENTRE O ESTUDO
DO MEIO E A ANTIGUIDADE

6º E
Nos eixos do curso de História e no Estudo do Meio observamos coisas muito
semelhantes e em alguns momentos iguais. Enquanto no curso vimos que a cidade de
Lanzhou as margens do o rio Amarelo é uma das cidades mais poluídas do mundo, e no
Estudo do Meio passamos por Cubatão, que também já foi considerada uma das mais
poluída cidades do mundo.
Estudamos muito sobre o processo de sedentarização as margens dos rios na
Antiguidade e em Santos vimos as pessoas morando ao lado de rios, nas chamadas
palafitas, nesse caso, o rio é bem poluído.
Nesse bairro há problemas sociais, como a falta de hospital, escolas e transporte,
problemas que vimos que são enfrentados pelas populações do Iraque e da Síria, local do
surgimento das primeiras cidades e que hoje sofrem com constantes guerras.
A conclusão que cheguei foi que tudo que o que aprendemos no curso de História se
relacionou muito com as observações do Estudo do Meio.

Gustavo Glashan Gaspe

SÍNTESES: RELAÇÕES ENTRE O ESTUDO
DO MEIO E A ANTIGUIDADE

6º F
Alguns povos da antiguidade, como os egípcios, construíram e desenvolveram suas
cidades às margens de rios, devido à proximidade da água para abastecimento, irrigação e
etc. Santos não passa longe disso, pois no bairro da ONG Arte no Dique passa um rio e
muitas pessoas moram as suas margens, nas palafitas.
Outro povo com semelhança a esse fato são os chineses, um exemplo é a cidade de
Lanzhou, uma das cidades mais poluídas do mundo tanto no ar quanto no rio Amarelo.
Cubatão, cidade da região de Santos, já foi considerada a cidade mais poluída do mundo. O
mar de Santos não é limpo, e é usado sobretudo para transporte de mercadorias, assim
como o rio do que é extremamente sujo, porém, alguns moradores nadam nele.
Como vimos, em ambos os momentos históricos estão presentes os problemas
sociais, que podem ser as guerras, a falta de saneamento básico, a moradia ou a
desigualdade social.

Maria Clara Gradin Soligo

SÍNTESES: RELAÇÕES ENTRE O ESTUDO
DO MEIO E A ANTIGUIDADE

6º G
Muitas coisas que aprendemos em aula conseguimos entender e visualizar
pessoalmente no Estudo do Meio em Santos. Por exemplo, vimos que as primeiras cidades
surgiram às margens de rios onde conseguiam plantar e se locomover, e visitamos em
Santos a ONG Arte no Dique, e naquele bairro existiam as palafitas., assim, conseguiam
plantar e se locomover mais facilmente.
Percebemos que quanto mais a cidade cresce, mais poluição e desigualdade social
existe, podemos ver isso comparando a região da Zona Noroeste de Santos e o bairro da
Pompéia.
Vimos em sala que muitas pessoas escolhem o lugar para morar de acordo com as
condições financeiras e a proximidades dos lugares em que trabalham, e percebemos isso
ao conversar com os moradores do bairro Pompéia. As atividades econômicas que vimos
em Santos foram a indústria na região próxima da Serra do mar e o comércio no bairro da
Pompéia.
Depois do estudo em Santos pude perceber o porquê de vários temas estudados e
como se relacionavam coma ida à Santos.

Carolina Ronchi Bete


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