51AGOSTO DE 2021
HOMENAGEM BODAS DE PRATA DO BH
ENTREVISTA
Pedro Lourenço em GÔNDOLA: Em algum momento você Pedro: Eu acho o seguinte: o mercado
momento de oração pensou que o negócio poderia não dar certo? mineiro é muito grande. Nos estamos em cerca
durante inauguração Pensou em desistir? de 80 cidades, e são 853 municípios. Estamos em
de loja da rede menos de 10%. Acho que a gente tem que fazer
Supermercados BH Pedro: No início, tem dificuldades, porque o dever de casa primeiro para ir para outros lu-
você é pequeno. Mas para desistir, não. Você ouve gares. E o dever de casa nosso é fazer o estado
falar em crise sempre, e nós nunca falamos essa primeiro. Não tenho pretensão nenhuma de sair
palavra aqui dentro do BH; nós sempre entende- de Minas Gerais.
mos as dificuldades lá fora, a realidade que o Brasil
vive, mas crise aqui no BH nós nunca tivemos. GÔNDOLA: Já surgiram oportunidades,
já teve propostas para investir fora de Minas
GÔNDOLA: Nesses 25 anos, o que te Gerais?
chamou mais a atenção na empresa?
Pedro: Propostas, temos muitas; mas, por
Pedro: A primeira vez que vi uma sacolinha exemplo, não estamos nem no Triângulo Minei-
do BH com as pessoas na rua, achei a coisa mais ro ainda, uma região com alto poder aquisitivo. A
interessante do mundo. Gosto também dos cami- meta é ir primeiro para essas regiões, para o Alto
nhões rodando nas ruas, com a marca BH, ver a Paranaíba, de onde já estamos bem perto, e ir “fe-
empresa nessa evolução, crescendo. É muito gra- chando” essas cidades. No ano que vem quero ir
tificante para mim. para Cataguases (Zona da Mata), para Nova Ser-
rana (Centro-Oeste), onde não tenho lojas; essa é
GÔNDOLA: Como você vê o empreen- a minha ideia. Sair de Minas, só se for uma coisa
dedorismo jovem no setor? excepcional.
Pedro: Eu sempre falo com todos eles, gosto GÔNDOLA: O que a pandemia ensi-
muito de ver os jovens crescerem. Quando chega nou ao BH, ao mundo corporativo, na sua
aqui, sou o primeiro a abrir as portas a eles, a quem avaliação?
está começando, porque eu não tive a oportunidade
de ter o meu negócio quando era jovem. Então, acho Pedro: A pandemia nos ensinou muita
muito bacana o trabalho deles e procuro ajudar. coisa. Além de a gente se tornar um ser humano
melhor, compartilhar mais a vida com a família,
GÔNDOLA: Minas Gerais continua sen- com todos. O BH doou nessa pandemia mais de
do o foco de atuação da empresa, ou em bre- 600 toneladas de alimentos. A obrigação nossa
ve o BH estará em outros estados? é ser mais humano, é participar mais da vida, ver
a vida de outra forma. A pandemia ensinou a
indústria na criação de novos produtos, de não
ter tanta gente na rua para uma coisa só… Acho
que o principal é o ser humano ser melhor do
que é. A lição está dada e acho que cabe a cada
um de nós ver isso com carinho e tentar diminuir
alguma diferença que às vezes tenha. Tem muita
coisa que é feita até mesmo no nosso setor que
não vale a pena.
GÔNDOLA: O que você pensa das lojas
autônomas, sem funcionários?
Pedro: Acho meio estranho; eu não coloca-
ria; mas tem cliente para todos os segmentos. Mas
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AO
SUPER
MERCADOS
BH,
SO NUOSSPO ER
PARABÉNS!
TEMOS MUITO ORGULHO
DESSA PARCERIA
A Itambé se orgulha de fazer parte da história de 25 anos da
rede Supermercados BH. Como parceiros, pudemos crescer
lado a lado, deixando nosso marco na vida de muitas famílias
da capital mineira.
53AGOSTO DE 2021
HOMENAGEM BODAS DE PRATA DO BH
ENTREVISTA
Consumidoras fazendo o meu posicionamento é fazer grandes vendas, muito a favor desse tipo de compra sem ir ao
suas compras em loja de não vender para certa faixa de cliente que só quer estabelecimento. Prova em qualquer pesquisa
atacado e varejo da rede aquilo ali, poucos produtos, e não quer outra coi- que se faça que a compra (a distância) existe,
Supermercados BH sa. Meu negócio é atender todo mundo e vender mas ela não sustenta a empresa. Nós, no BH, não
para muitas pessoas. Eu gosto de mais gente, de temos nenhum e-commerce e vivemos muito
mexer com o povo. O bom é fazer uma loja nova, bem, crescemos. Nada contra quem tem, mas
reformar, ter uma loja bonita e levar o cliente lá se o cliente quer comprar um produto, legal; ele
para dentro. É isso que nos dá muita satisfação. pode comprar um produto; mas o supermerca-
do não vende um item; ele vende 10 mil, 15
GÔNDOLA: Daí, estou concluindo que mil itens. E quando você vai ao supermercado,
as lojas express, ou de proximidade, es- sempre vai encontrar outra coisa de que está
sas pequenas, também não chamam a sua precisando.
atenção...
GÔNDOLA: Para finalizar, o que mais
Pedro: Nós fechamos, há algum tempo, dizer?
umas quatro ou cinco lojas desse padrão. Eu não
trabalho com elas. Tenho umas três lojas ainda nes- Pedro: Quero aqui dizer a todos os super-
se formato que eu tenho ideia de desativá-las. Nes- mercadistas que sejamos mais humanos. Vamos
se canal, eu não pretendo entrar, porque não tenho procurar ajudar da melhor forma possível. O nos-
estrutura para abastecimento. É muito trabalho. so setor é aquecido, tem inaugurado lojas, então
o dever nosso é ajudar o País a gerar emprego e
GÔNDOLA: Até hoje o BH também não trabalhar corretamente, respeitando todo mundo.
entrou no e-commerce... E deixo um abraço a todos os nossos colaborado-
res, clientes e fornecedores.
Pedro: Eu sou do pensamento de que o
cliente tem que ir ao supermercado. Eu não sou
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5anos
A Kazjel parabeniza os Supermercados BH pelos seus 25 anos de história e
agradece por fazer parte dessa trajetória. Desejamos muita prosperidade e
esperamos continuar construindo nossa parceria de sucesso!
(31) 3393-1440 @kazjel_distribuidora 55www.kazAGjeOSTlO.cDEo20m21 .br
HOMENAGEM BODAS DE PRATA DO BH
A homenagem dos fornecedores parceiros
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aos 25 anos da rede Supermercados BH
57AGOSTO DE 2021
SÉRIE AMIS JOVEM GERAÇÕES E CONSUMO
O seu supermercado é
CRINGE?
O QUÊ? COMO? A PERGUNTA É SE MEU SUPERMERCADO É CRINGE? SIM. ESTA É A PERGUNTA
QUE DEVE SER FEITA HOJE E SEMPRE. SAIBA O PORQUÊ.
Giovanni Peres
Mulheres de diferentes D e fato, é uma pergunta que causa emba- A razão do conflito é que os recém-chega-
gerações em compras. raço em um primeiro momento, e a me- dos à idade adulta – jovens entre 20 e 26 anos, que
À direita na foto, lhor resposta deve ser: não sei, deixe-me integram a chamada Geração Z – passaram a cha-
mãe (geração X) é avaliar um pouco e já respondo. Nesse mar de cringe alguns hábitos e atitudes da gera-
acompanhada da filha meio tempo vale a pena dar uma busca na inter- ção Millennial, ou Y, que um dia foi estreante como
Millenial. À esquerda, net e conferir o que seria cringe. A pesquisa será adulta, mas hoje já está entre os 27 e 35 anos, ou
jovem da geração Z mais rápida do que se imagina. Sobra material a quase veterana – para desespero de muitos –,
respeito, uma vez que no final do primeiro semes- beirando os 40. Na tradução mais agressiva, crin-
tre este assunto foi um dos mais comentados nas ge que dizer algo ou alguém que causa vergonha
redes sociais e no mundo on-line como um todo alheia. Na versão light é sinônimo de ultrapassado.
no planeta Terra e ainda continua rendendo con-
flito, no bom sentido, por assim dizer. Um dos hábitos cringe da geração Millen-
nial é usar ainda o mesmo tipo de roupa que fazia
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sucesso quando um dia tinham a idade dos atuais GERAÇÕES DE CONSUMIDORES
jovens Z, o que inclui calças do tipo skinny. Outro
é ficar assistindo com entusiasmo reprises da série GERAÇÃO NASCIDOS ENTRE
“Friends” e da trilogia “Harry Porter” ou de shows
dos “Backstreet Boys”. Os Millennials não aceitaram Baby Boomers 1944 e 1964
fácil as críticas e o território das redes sociais virou
palco para uma saudável “guerra geracional”. Geração X 1965 a 1979
Millennials (Y) 1980 a 1994
Geração Z 1995 e 2015
FIQUE ATENTO 25 anos, o que lhe dá o direito de apresentar-se Membros da Comissão
Saudável porque não é a primeira nem será como Geração Z. Porém, perguntada se usa calças AMIS Jovem e
tipo skinny, respondeu sem pensar duas vezes:“Uso
a última vez que uma geração entrante se refere cri- sempre e não acho nada cringe”. E explica porque sucessores em suas
ticamente à sua antecessora. A crítica é construtiva, é uma “Z” que não tem nada contra as skinny dos empresas: Thays Cristina
não destrutiva. Hoje está nos dicionários, mas a pa- Millennials: “Sou de 1996 e até mesmo por conviver
lavra “cafona” chegou ao dia a dia da vida brasileira mais com pessoas mais velhas do que eu me iden- Lopes, do Grupo
quando os jovens dos anos 70 passaram a utilizá-la tifico como Millennial, mas é claro que em alguns Bahamas e Carlindo
para se referir criticamente a certos hábitos de seus hábitos, principalmente na presença digital, acredi- Pfister Garcia, da rede
antecessores. Ou seja, diferentes gerações, diferen- to estar mais próxima da Geração Z”. Supermercados Pio XII
tes jeitos de interpretar o mundo e de se relacionar
com ele é algo natural, e isso, sem dúvida, impacta Ela concorda com o pesquisador Olegário
no comportamento de consumo de cada uma delas. Araújo sobre a importância de as empresas de
varejo estarem sempre atentas ao perfil geracio-
De acordo com o especialista em varejo nal de seus consumidores. “Considero essencial o
Olegário Araújo, cofundador da Inteligência360 estudo de todas a gerações, principalmente as no-
e pesquisador do FGVcev, é fundamental o su- vas, pois irão crescer cada vez mais em sua partici-
permercadista identificar os perfis geracionais de pação no nosso faturamento. É muito importante
seus clientes frequentes e também dos poten- para a empresa se manter atualizada nas mudan-
ciais. “É extremamente importante. É um passo ças e perfil de clientes de cada geração; desta for-
vital para conhecer os seus consumidores/sho- ma, estaremos preparados para atender a todos
ppers, entender seus valores, prioridades, hábitos da melhor maneira possível”, assinala.
de consumo, forma de interação com o PDV, for-
ma de acesso”, argumenta.
“A empresa precisa saber quem são os seus
clientes para refletir a representatividade de cada
grupo e, assim, ter o sortimento adequado para as
diferentes gerações e também se comunicar ade-
quadamente. Só assim se permanecerá relevante.
É fundamental fazer este estudo com regularidade
para entender que perfil de shoppers a loja atrai e
qual não se identifica com ela. E fundamental tam-
bém para se posicionar enquanto marca, desen-
volver o propósito, visão, missão e valores”, ressalta.
MULTIGERACIONAL
Thays Cristina Lopes é membro da Comissão
AMIS Jovem e sucessora no Grupo Bahamas. Tem
59AGOSTO DE 2021
SÉRIE AMIS JOVEM GERAÇÕES E CONSUMO
lojas e também estamos buscando aprimorar os
meios de pagamento, no caso do Bahamas, com
o Cred (cartão próprio), por exemplo, efetuamos
melhorias voltadas para o digital”, relata.
Jovem representante Por ter uma característica forte omnichan- PRIMEIRAS AÇÕES
da geração Millenial nel, o Grupo Bahamas possui diferentes formatos Ele tem 30 anos, o que significa a idade
em compras de de loja e de canais de venda, o que facilita atender
reposição, que todos os tipos de clientes. “É possível identificar padrão de um Millennial, mas está livre da crítica
incluíram também nas lojas a presença de todas as gerações. Os Baby da Geração Z, pois não gosta de usar as calças
itens para o inverno Boomers e a Geração X, com certeza, compõem skinny, as preferidas da maioria dos membros
parte significativa do público do supermercado, de sua geração. Quem atendeu a reportagem
apesar da participação das novas gerações ser GÔNDOLA e não corre o risco de ser chamado
crescente”, relata Thays. “Identificamos nas nossas de cringe é Carlindo Pfister, membro da Comissão
pesquisas mais recentes todo tipo de público nas AMIS Jovem e sucessor e diretor na rede Super-
lojas, mas alguns se destacam, como os Baby Boo- mercados Pio XII, com três lojas, sendo duas em
mers, Geração X e Y”, complementa. Iguatama e uma em Japaraíba, ambas cidades do
Centro-Oeste mineiro.
MARKETING E MIX
Segundo Thays, nos últimos anos o Grupo Carlindo é outro que concorda com o pes-
quisador Olegário Araújo quanto à importância
revisou e aprimorou toda a sua estratégia de mar- de se entender o perfil geracional dos clientes.
keting e muitas ações foram traçadas, principal- “Esse é um aspecto importante a se considerar
mente, visando melhorar e ampliar a presença nos na avaliação do público-alvo, mas que há pouco
principais canais digitais.“Isso contribuiu principal- tempo passou a ser estudado a fundo por mim
mente para atingir as gerações mais jovens e mais dentro do negócio”. Como esse enfoque é recen-
presentes nas redes. De toda forma, não deixamos te, os dados ainda são preliminares mas já reve-
de marcar presença nos veículos de comunicação lam que os Millenials são a geração de maior pre-
tradicionais, como rádio e televisão”, conta. sença nas lojas do Pio XII, seguidos da Geração X.
Ela destaca ainda a permanente atenção O jovem sucessor lamenta que ainda sejam
do Grupo às tendências e mudanças de consumo poucas as ações específicas voltadas para gera-
das gerações, como por exemplo o crescimento ções de consumidores, porém algumas adotadas
da demanda por produtos saudáveis, veganos e recentemente conseguem atingir determinadas
de refeições práticas para o dia a dia.“A partir disso, faixas de idade, mesmo que não tenham sido cria-
realizamos revisões periódicas no sortimento das das com o objetivo específico de atendimento de
demanda geracional.
É o caso da crescente presença do Pio XII
no mundo digital. “Estamos presentes em diversos
canais on-line e nas redes sociais. Utilizamos Face-
book, Instagram, Whatsapp e disponibilizamos
compras por site e aplicativo”, relata Carlindo. Com
relação a estas duas últimas – compras por site e
aplicativo – Carlindo já arrisca a dizer que podem
ser incluídas como geracionais. “Acredito que a
adoção do e-commerce já veio a ser tomada sob a
influência das gerações X e Y”, enfatiza.
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61AGOSTO DE 2021
SÉRIE AMIS JOVEM GERAÇÕES E CONSUMO
ENTREVISTA OLEGÁRIO ARAÚJO*
“É IMPORTANTE SEPARAR O RUÍDO E O SINAL”
Olegário Araújo, GÔNDOLA – Considerando uma popu- GÔNDOLA – Há muitas diferenças de
cofundador da lação de 0 a 90 anos de idade, quantas gera- comportamento geracional, considerando
inteligência360 e ções estão contempladas hoje no Brasil, além todas, não só Y e Z, quanto a gênero, idade e
pesquisador do dos Y (Millennials) e dos Z, duas que recente- classe de consumo?
FGVcev mente trocaram “farpas geracionais” com a
polêmica do cringe? Olegário – Há diferenças importantes de
hábitos de consumo, missões de compra e jor-
Olegário Araújo – Uma geração é um nada de compra. Por exemplo: há os flexitarianos,
conjunto de pessoas que nasceram no mesmo vegetarianos e veganos, que valorizam aspectos
período histórico. Sendo assim, compartilharam relacionados com alimentos menos processados,
valores, estímulos e desafios sociais, tecnológi- mais sustentáveis em relação ao meio ambiente, à
cos, econômicos, ambientais, políticos e legais proteção dos animais. Esses aspectos são associa-
com nuances relacionadas ao seu contexto social, dos às gerações Millennial e Z. Entretanto, precisa-
cultural e econômico. Estudar as gerações é um mos tomar cuidado pela existência de diferentes
esforço para compreender a sociedade e seus mo- Brasis ou “Minas Gerais”. Minas Gerais não é Belo
vimentos. Hoje existem seis tipos diferentes de ge- Horizonte, que não é Juiz de Fora e também não
rações, mas predominantes são quatro: Baby Boo- é Vale do Jequitinhonha e nem Sul de Minas, na
mer, X, Y (Millennial) e Z. Não há precisão absoluta divisa com São Paulo ou com Goiás. Ficar atento às
sobre quando começa ou termina uma geração, particularidades é essencial. É preciso conhecer o
mas o mais importante é um referencial. consumidor/shopper local. A tendência é adequar
o sortimento a cada loja, o que inclui a comunica-
ção. Personalizar é a palavra-chave.
GÔNDOLA – Qual ou quais gerações
representam a principal força de compra no
supermercado brasileiro hoje?
Olegário – As gerações Millennial e X são
as mais expressivas na perspectiva econômica,
mas o varejo precisa considerar que a geração Z
já está no mercado de trabalho... É o shopper do
futuro...
GÔNDOLA - Considerando o perfil des-
sa ou dessas gerações de maior relevância
de compra hoje, que adequações não podem
faltar aos supermercados?
Olegário – Para atender as novas gerações
é fundamental estabelecer um propósito maior
para o varejo, que se conecte principalmente com
elas. Da perspectiva do sortimento, é importante
revê-lo, e também o espaço que se dá no PDV fí-
sico e no on-line. A comunicação precisa consi-
derar diferentes canais, e não apenas o tabloide
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63AGOSTO DE 2021
SÉRIE AMIS JOVEM GERAÇÕES E CONSUMO
ENTREVISTA OLEGÁRIO ARAÚJO*
Representante da impresso ou a presença na TV. As novas gerações GÔNDOLA – Voltando a falar das “far-
geração Baby Boomer utilizam outras mídias com maior intensidade. O pas geracionais” trocadas entre Y e Z recente-
confere as opções de varejo precisa fazer a gestão de sua marca para mente. É algo natural uma geração se referir
néctar de fruta contemplar atributos tangíveis do produto/PDV à anterior de forma crítica?
que estão relacionados aos aspectos racionais da
decisão de compra, mas também aos intangíveis, Olegário – A diferença de gerações é algo
que são aspectos emocionais. O varejo físico pre- que sempre aconteceu, mas agora isso é potencia-
cisa dar razões, além do preço, para o cliente ir até lizado pelas mídias sociais. É importante os execu-
a sua loja, que passará pela experiência/economia. tivos do varejo separarem o ruído do sinal. O ruído
é a moda, questões passageiras. O sinal é o vare-
GÔNDOLA – Existe alguma característi- jista ficar atento: para atrair a geração Z terá que
ca geracional marcante? também se comunicar com eles utilizando um
novo vocabulário e as mídias que eles acessam.
Olegário – Há várias, mas destacaria a É essencial o varejista incorporar a diversidade na
preocupação com o meio ambiente e a proteção contratação de pessoas, porque a empresa precisa
dos animais, que é mais intensa nas novas ser um microcosmo da sociedade para que essa
gerações. Embora a pandemia tenha forçado pluralidade de experiências, expectativas, sejam
muitas pessoas a se tornarem digitais, as pessoas refletidas nas decisões e ações da empresa. Ter a
nascidas a partir de 1995 são consideradas nati- diversidade não é apenas bom para sociedade,
vas digitais e interagem com marcas e lojas de mas é essencial para o negócio.
forma distinta da Geração X ou baby boomer. Esta
diferença também se aplica a uma boa parte dos * É cofundador da Inteligência360 e pesquisador do FGVcev
Millennials.
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65AGOSTO DE 2021
SÉRIE ESPECIAL AMIS 50 ANOS UM OFERECIMENTO
ALEXANDRE PONI,
um obstinado defensor do setor
MAIS REPRESENTATIVIDADE, RELACIONAMENTO INSTITUCIONAL, RECONHECIMENTO DA IMPORTÂNCIA DO SETOR
E DE VALORIZAÇÃO DOS PEQUENOS NEGÓCIOS SÃO ASSUNTOS SEMPRE PRESENTES NA PAUTA DO PRESIDENTE.
OUTRAS GRANDES CONQUISTAS TAMBÉM ESTÃO SENDO ALCANÇADAS NO SEU MANDATO
Adenilson Fonseca
A lexandre Poni assumiu a presidência da nova geração de supermercadista à presidência
Associação Mineira de Supermercados da entidade. Significou também a ascensão de
(AMIS) em 1° de janeiro de 2014. A ce- uma liderança que cresceu junto com a AMIS.
rimônia de posse ocorreu no teatro do
A empresa de Alexandre Poni, o Verdemar
Minas Tênis Clube, na região Centro-Sul de Belo Supermercado e Padaria, rede com 16 lojas, tem
28 anos de mercado e, desde que iniciou no
Horizonte, com convidados de todo o setor, im- ramo supermercadista, o empresário sempre se
interessou pelo relacionamento com a entidade.
prensa, lideranças institucionais e governamentais.
A eleição de Poni representou a chegada de uma
O presidente da AMIS, Alexandre Poni, saúda os homenageados na abertura da cerimônia do Troféu Gente Nossa Supermercadista 2019
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“Eu comecei a frequentar a Associação por ser sentatividade da Associação está na grandeza do Descerramento da
pequeno, atrás de informação, de aprendizado. segmento supermercadista. “Esses 50 anos repre- fita simbólica de
Não é aprendizado só com cursos, é de relacio- sentam isso. Representam a evolução da Associa- inauguração da
namento com o segmento. Eu acho que isso é ção junto com o segmento. Não dá para andar se- Superminas 2019
importante, a Associação tem que ter esse papel, parado. O segmento se modernizou, cresceu. Veja
de promover encontros. A minha necessidade a quantidade de lojas que temos em Minas Gerais,
mostrou que eu precisava participar dos encon- a quantidade de inaugurações. E por que isso? É
tros, das feiras”, explica. porque todo mundo quer ficar mais próximo do
seu cliente”, avalia.
Daí em diante, Alexandre começou a par-
ticipar cada vez mais de reuniões, de cursos, bus- PRIMEIROS PASSOS
cando, cada vez mais, aprendizado e, principal- Na primeira mensagem dirigida aos asso-
mente, relacionamento, que destaca como tão
relevante. “Então acabei participando bastante ciados e ao mercado, depois da posse, por meio
e foi aí que veio o convite do ‘Seu’ Zé Nogueira, da revista GÔNDOLA (número 217, de março de
para eu ser o sucessor dele. Tive boa aceitação 2014, ele, que já participava da entidade como
no segmento pelo relacionamento que construí membro do Conselho Diretor, prometeu dar con-
nesse tempo. E nesses anos como presidente, tinuidade ao trabalho que vinha sendo desenvol-
eu nada mais fiz do que cuidar dos interesses do vido em várias áreas, como de capacitação. Outro
segmento, de criar uma posição importante para aspecto no qual afirmou que iria manter em foco
o setor”, afirma. é o fortalecimento dos laços com os fornecedo-
res, aumentando cada vez mais o relacionamen-
Com grande notoriedade na atuação tan- to entre as grandes empresas e os supermerca-
to nas relações institucionais, quanto perante o distas mineiros, observando as particularidades
mercado, com posições firmes na defesa do setor, do segmento.
Alexandre, porém, sempre enfatiza que a repre-
67AGOSTO DE 2021
SÉRIE ESPECIAL AMIS 50 ANOS UM OFERECIMENTO
O presidente da O campo de relações institucionais foi apon- são os responsáveis por esses aumentos. Ao mes-
AMIS, Alexandre tado na época como um dos prioritários da nova mo tempo, mantém um relacionamento de reci-
Poni, tem recebido gestão. “Não pouparemos esforços na construção procidade e confiança com o fornecedor, sem se
várias homenagens e manutenção de laços de relacionamento com descuidar do consumidor.
durante sua gestão os principais órgãos fiscalizadores municipais,
na entidade, como o estaduais e federais”. Essa atuação que defende com veemência
Prêmio Bom Exemplo, os direitos do setor, que busca o melhor para o
da Rede Globo Minas, Na sua primeira “Palavra do Presidente”, da consumidor, mas não se exime das responsabilida-
em 2017 e a Medalha GÔNDOLA, Alexandre afirmou que “a Associação des como ambiental e social rendeu ao presidente
da Inconfidência, do precisa estar em permanente apoio e defesa de da AMIS prêmios e homenagens em reconheci-
Governo de Minas, seus associados e construir progressivamente mento à sua liderança tanto na Associação, quanto
em 2018 um relacionamento próximo da entidade com como empresário diretor da rede Verdemar.
os diversos órgãos legisladores. Somam-se ainda
os nossos demais compromissos com a socieda- No campo do relacionamento institucional,
de, tais como o apoio ao controle da inflação e a o presidente aumentou a aproximação com ou-
responsabilidade social e ambiental, entre outros”, tras entidades do comércio (é também presidente
ressaltou, naquela oportunidade. do Conselho de Defesa do Empresário – CEDE),
com órgãos de fiscalização e entidades governa-
CONFIANÇA mentais. Tudo isso visando a aumentar a represen-
Desde então, tem sido assim o trabalho de tatividade, o reconhecimento do setor e o estabe-
lecimento de parcerias.
Alexandre Poni à frente da entidade. Uma atuação
marcada por forte defesa do setor, como ocorreu APROXIMAÇÃO
recentemente com a elevação dos preços das Uma delas, aliás, foi a criação, em 2016, do
commodities no mercado internacional e o au-
mento das exportações fatores que ocasionaram Circuito Mineiro de Compras Sociais (CMCS), um
pressão nos preços dos produtos no mercado in- projeto junto ao governo mineiro que promove o
terno desde o início da pandemia. desenvolvimento de pequenos fornecedores e sua
aproximação com o varejo supermercadista. Poste-
Alexandre tem sido uma voz forte nesse riormente, o programa passou a se chamar Circuito
sentido para mostrar que os supermercados não Mineiro de Oportunidades e Negócios (CMON) e
foi ampliado, passando a fazer parte também dos
eventos no interior, o Sevar e a Superinter.
Para Alexandre, o papel da AMIS, e, con-
sequentemente, do seu presidente é político, de
relacionamento. O segmento, disse, precisa muito
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69AGOSTO DE 2021
SÉRIE ESPECIAL AMIS 50 ANOS UM OFERECIMENTO
O presidente da temos uma situação financeira equilibrada, pela
AMIS, Alexandre Poni, nossa importância”.
tendo a seu lado Ele observa que o setor também no inte-
supermercadistas rior tem crescido muito e as pequenas empresas
integrantes da Comissão vem sendo cada vez mais importantes. Alexan-
dre cita o seu exemplo, de como uma empresa
AMIS Jovem pequena veio se fortalecendo, se expandindo e
aprendendo continuamente. “Eu enxergo numa
desse relacionamento com as entidades fiscaliza- entidade de classe como a AMIS um apoio de
doras, na própria parte judiciária, com os órgãos aprendizado, de informação ao associado, ao
governamentais e tudo isso faz parte da atividade supermercadista”, detalha. “Hoje, por mais que se
do presidente e da Associação.“É de mostrar a esses tenha a internet, o volume de informações é mui-
órgãos, as dificuldades, o que a gente passa”, afirma. to grande e a gente precisa de um filtro da en-
tidade para se informar de maneira mais rápida.
Fachada da nova sede OS 50 ANOS DA AMIS São tantas legislações, modificações, e a própria
da AMIS, localizada Para o presidente, uma entidade de classe modernização do setor”, analisa.
na avenida Barão
Homem de Melo, 2.200, chegar aos 50 anos é uma marca relevante prin- Alexandre cita também uma das grandes
bairro Estoril, em Belo cipalmente pela importância do segmento de criações da AMIS para exemplificar como a entida-
Horizonte supermercados e a forma como a entidade foi se de se desenvolveu e cresceu, atendendo o associa-
estruturando com e pelos seus propósitos no de- do e ampliando parcerias com fornecedores e com
correr dos anos. “Sempre foi forte, mas a AMIS veio o mercado em geral. Para ele, não se pode falar da
se fortalecendo”. Com 50 anos, detalha, começou AMIS sem falar da Superminas. Veja, disse ele, o ta-
pequena, depois foi para a Ceasa; foi para Rua Pla- manho que ela é hoje, a procura dos fornecedores
tina, até chegar à sede atual. “Hoje estamos bem de fora de Minas Gerais, o que mostra a importância
localizados, a gente se posiciona bem até diante que a Superminas tem no cenário nacional.
de outras associações, temos uma sede própria,
O presidente da AMIS ressalta que nesses 50
anos, além das lojas do setor o fornecedor evoluiu
muito e que os produtos estão cada vez mais inova-
dores. “São categorias novas de consumo, e nós so-
mos o vetor de apresentar isso para o consumidor”
disse ele ressaltando tanto as lojas, como os eventos
promovidos pela AMIS. “A Associação tem o papel
de fazer isso com a Superminas, com o Sevar, que
se fortaleceu muito, veja a importância que ele tem
hoje… O Sevar de Uberlândia virou a Superinter,
então tudo isso é um conjunto, é o fortalecimento
da Associação, a força do segmento”.
Com o excelente trabalho no mandato
2014/2015, Alexandre foi reeleito para mais dois
mandatos: 2016/2017 e 2018/2019. Posterior-
mente, o Conselho Diretor da AMIS o conduziria
a mais um período de reeleição, que se estende
até dezembro de 2022.
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71AGOSTO DE 2021
SÉRIE ESPECIAL AMIS 50 ANOS UM OFERECIMENTO
ENTREVISTA
NA ENTREVISTA A SEGUIR, ALEXANDRE PONI, QUE É O SEGUNDO MAIS LONGEVO PRESIDENTE
DA AMIS, FALA MAIS SOBRE A ATUAÇÃO DA AMIS E DE SUA VISÃO DO SETOR E DO PAÍS.
O presidente da AMIS, GÔNDOLA – Você vai ficar marcado na histó- mas foi de muito medo, ficamos acuados, sem sa-
Alexandre Poni, durante ria da AMIS como o presidente que esteve à ber se íamos ter que fechar lojas, o que íamos fazer,
a assembleia de frente da entidade durante um dos períodos o que faríamos com nossos funcionários, foi muito
fundação do Sindicato mais difíceis da nossa história, a pandemia do incerto, está ainda incerto, é assustador porque ain-
dos Supermercados novo coronavírus. Para um pesquisador que da estamos vivendo a contaminação. Também foi
de Minas Gerais vai ler essa matéria daqui a 50 anos, como fo- um momento de crescimento, em que apareceu o
(Sindsuper), em ram os desafios, o que foi mais difícil para um meio digital, de os supermercados entrarem nesse
novembro de 2019 setor tão essencial durante a pandemia? segmento. Minha empresa é um exemplo disso,
Alexandre Poni – Nós temos que dividir isso em porque não imaginávamos estar no e-commerce e
três fatores. O fator pessoal, o empresarial e o País, tivemos que entrar porque o cliente queria isso.
ou de todo o mundo. Não era uma coisa nova só GÔNDOLA – Incerteza seria a palavra que re-
para o segmento, era de todo o mundo, uma coi- sume esse período?
sa inacreditável que enfrentamos de os governan- Alexandre – Incerteza também. Incerteza, insegu-
tes estarem perdidos, sem saber o que fazer e a rança… medo. Enfim, a pandemia foi assustadora,
gente, como atividade essencial, no meio desse foi um momento de não só eu como presidente
bombardeio. Essa história da pandemia é assus- da Associação tomar medidas drásticas, como não
tadora, aprendemos a conviver, mas aprendemos realizar nossos eventos, mas foi um período de
com medo. Para o segmento, viver essa pandemia, trabalhar com o momento, com relacionamento
como atividade essencial, foi muito importante, com os governantes para defender o setor. Foram
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brigas, prefeituras fechando lojas e a gente tendo de impostos e tributos no País. O que a refor-
que entrar na justiça para abrir, porque tínhamos ma tributária pode representar para o setor
que atender o público. Foi um período de medo supermercadista? Você acredita que vá me-
de nossos colaboradores se contaminarem, de lhorar alguma coisa?
nós nos contaminarmos, foi muito triste. Alexandre – Tomara, né! A grande expectativa de
GÔNDOLA – Você assumiu a linha de frente todos no setor de supermercados é simplificação. Se
na luta pelo reconhecimento do segmento a gente não precisar pagar menos, mas pagar simpli-
como “categoria econômica” junto ao minis- ficado, pagar mais fácil, só o custo que vamos reduzir
tério do Trabalho. Qual a importância desse já traz sossego. O setor de supermercados é muito
reconhecimento para o setor supermercadis- complexo na questão tributária. É uma lei atrás da
ta, que já tinha sido reconhecido como ativi- outra, cada hora é uma coisa nova. O meu sonho é
dade essencial em 2017? pagar um imposto único. É uma expectativa, a gente
Alexandre – É porque nós somos mesmo. Na não sabe se essa complexidade vai ser possível de
verdade, é colocar o supermercado no lugar dele. resolver, mas eu torço muito para essa reforma tribu-
Nós temos que ter nossa própria vida no que tan- tária passar no que tange a isso: a simplificação.
ge aos nossos interesses. A questão de reconhe-
cer como categoria econômica é porque eu sei da "A AMIS Jovem é uma
relevância do segmento. O setor supermercadista incubadora, vamos dizer
é muito importante na economia, nós estamos
entre os primeiros empregadores do País. assim, de sucessores
GÔNDOLA – A AMIS vem trabalhando para de supermercados"
concluir a criação do SINDSUPER, que você
preside, já aprovado pelos associados. Por GÔNDOLA – Você começou no setor muito
que é importante para o setor ter um sindi- jovem, foi eleito presidente da AMIS também
cado próprio? muito novo. Como tem visto a atuação da
Alexandre – Nós temos que ter esse valor. Você AMIS Jovem, um projeto idealizado por você
imagina: um trabalhador de supermercado não é e criado na sua gestão?
um trabalhador de supermercado, é do comércio. Alexandre – A ideia é que todos que estão no
Por que não ser um trabalhador de supermerca- segmento precisam criar sucessores. A AMIS Jo-
do? Temos que pensar nisso também. Não é nada vem é uma incubadora, vamos dizer assim, de
de inventar não, é só colocar no lugar mesmo, no sucessores de supermercados. É para os jovens
que transformou a força do setor. É isso que venho aprenderem também, trazê-los para dentro do
tentando fazer, em defesa do nosso interesse, ten- negócio. Eu acho que tem um significado di-
tando lá em Brasília a criação do nosso sindicato. É ferente, tem uma forma de inserir os jovens no
mostrar a nossa força, mostrar a nossa importân- negócio. O maior papel da AMIS Jovem é reunir
cia. Vimos isso na pandemia, a importância que é o gente, é o futuro, é de aprendizado, relaciona-
setor de supermercados, como nós alimentamos mento, crescimento.
as pessoas. Somos um celeiro do primeiro empre-
go, formadores de mão de obra. Dentro dos su-
permercados os funcionários se qualificam. Esse é
o setor de supermercados.
GÔNDOLA – Seja como empresário ou presi-
dente da AMIS, você sempre pleiteou, pelo
menos, mais simplificação no recolhimento
73AGOSTO DE 2021
SÉRIE ESPECIAL AMIS 50 ANOS UM OFERECIMENTO
ENTREVISTA
GÔNDOLA – Você comandou uma “virada de ros, gostamos de conversar, de nos relacionar, de
chave” na história da AMIS na aquisição de afago, gostamos de chegar ao supermercado,
uma sede ampla, que atenderá praticamen- cumprimentar a operadora de caixa, chegar e ter
te todas as demandas de espaço da entida- uma atendente que já nos conhece pelo nome.
de. Diga ao associado o que representa essa Nós temos esse hábito e ir ao supermercado, é
nova casa, quando tudo estiver pronto… um momento de prazer, um momento gostoso.
Alexandre – Aí tem um papel essencial do José Por isso que o segmento cresceu muito e as lojas
Nogueira, na gestão anterior, de ter capital, de a se modernizaram tanto. Eu sou muito a favor de
gente poder vender a sede anterior, com a gentile- o cliente estar na loja, o varejo de supermercado
za do Estevam Duarte de Assis, um ex-presidente, tem que cada vez mais fazer lojas melhores, lo-
em recomprar aquela sede (que estava em cons- jas aconchegantes, ser atrativas. Porque o cliente
trução no Barro Preto) e eu, lógico, juntamente gosta, nós consumidores gostamos de ir ao su-
com a equipe, nós compramos a sede atual. Con- permercado. É prazer, ir ao supermercado. Hoje as
lojas não são só supermercados, são restaurantes,
"Eu sou muito a favor tem lazer, tem outras formas de atrair o cliente. E
de o cliente estar na loja, o varejo é aquela história: o que os olhos veem, o coração
de supermercado tem que fazer sente. Isso que é importante, ir ao supermercado,
sentir o cheiro. Numa loja de supermercado você
cada vez mais lojas melhores" explora todos os seus sentidos. A tecnologia vai
acontecer, mas não acho que seja uma ameaça.
seguimos fazer isso e a sede ficou a cara da Asso- Talvez surjam modelos diferentes, mas essas lojas
ciação. É claro que precisamos terminar, mas isso autônomas são para conveniência mesmo, para
é questão de tempo. Nós vamos ter um auditório horários específicos. Além disso, são pequenas,
próprio, um lugar para evento próprio, tudo den- não têm muita opção de produtos.
tro da Associação. Conseguimos reunir tudo ali e GÔNDOLA – Sob sua gestão, a AMIS ampliou
acho que vai ser maravilhoso. muito o relacionamento institucional com
GÔNDOLA – Sempre que é convidado a falar outras entidades de classe, com os governos,
do setor, ou da sua empresa, você faz questão com órgãos de defesa do consumidor e com
de ressaltar a importância do colaborador. todos os seus públicos de interesse. E agora,
Como você vê iniciativas de lojas autônomas, o que fazer para continuar crescendo?
sem funcionários? Por outro lado, com tantas Alexandre – É manter o que foi feito. É claro que
mudanças no setor, como você avalia o papel após a pandemia a gente espera retomar tudo, o
da loja física tradicional? mais rápido possível. Tem que continuar o papel
Alexandre – Isso para mim é inovador, só. Mos- da Associação, que não é só crescimento, é servir
tra a capacidade da tecnologia, mas nós brasilei- ao associado, incrementar o que puder para ele
crescer. Quem tem que crescer não é a Associação,
são os supermercados. A AMIS tem que ser um
dos vetores de propulsão disso, trazendo conhe-
cimento, principalmente para os pequenos, divul-
gando o poder do setor, da sua importância como
Associação. Todo mundo sabe que se procurar a
AMIS, vai ser atendido. Todas as solicitações que
74
Da esq. p/ dir. na foto:
o vice-presidente
regional da AMIS
de Patos de Minas,
Rogério Oliveira; o
presidente da AMIS,
Alexandre Poni; o vice-
presidente da AMIS
em Uberlândia, Milson
Borges e o sócio-
proprietário da Start
Química, Fábio Pergher
em imagem feita
durante a Superinter
2019, realizada em
Uberlândia.
chegam do estado todo são atendidas. A gente lho à frente da AMIS e do Verdemar. O que
tem isso claramente dentro da Associação. Esse é isso significa para o empresário e para o pre-
o papel. Nós temos que pensar no crescimento do sidente Alexandre Poni?
setor, aí, é natural que a entidade vá se fortalecer. Alexandre – É a pujança, a importância do setor
GÔNDOLA – Como você avalia a crescente que faz isso. Talvez não fosse só eu, mas também
preocupação do setor em relação às causas outro presidente que estivesse diante de uma
socioambientais, algo que você sempre de- Associação fortalecida em que a AMIS se transfor-
fendeu? mou. Acho que é muito isso. A modernização, o
Alexandre – É um dia após o outro. Essa posicionamento do setor de supermercados. Es-
consciência vai crescendo cada vez mais. A sas premiações foram naturais pela necessidade
sociedade vai se formando e vai exigindo. Eu vejo de mudanças e também coisas que pautei quan-
que isso faz parte da educação, do crescimento, do assumi a Associação, que foram de dar valor ao
da evolução da população. Isso é natural da mu- pequeno e de valorizar muito o relacionamento
dança de valores da sociedade. Vamos ter que com as entidades, com as autoridades, porque
nos adequar e estamos adequando cada vez mais, isso é bom para o setor. Eu foquei não foi na mi-
mas essa mudança é um degrau após o outro. nha pessoa, no meu negócio, mas foi pensar que
GÔNDOLA – Você recebeu vários prêmios e o setor precisa disso, de relacionamento em geral
homenagens em reconhecimento ao traba- e com as autoridades governamentais.
Start: uma marca de sucesso
A Start pode enumerar vários momentos marcantes em todos os anos de parceria com a AMIS e Revista Gôndola.
Juntas, elas já superaram muitos desafios. Entre eles, a pandemia ocasionada pela Covid-19.
“Ter parceiros que acreditam em nosso potencial, é muito importante. Graças à parceria com a AMIS e o setor
supermercadista, nos tornamos a maior indústria produtora de álcool em gel, com a marca Asseptgel, e passamos a ser
referência para outras indústrias”, conta Marcos Pergher, vice-presidente da Start.
Ainda segundo Pergher, muito desse sucesso se deve aos mandatos do atual presidente, Alexandre Poni, que
sempre acreditou na marca Start.
75AGOSTO DE 2021
REPORTAGEM DE CAPA ENVIRONMENTAL, SOCIAL AND GOVERNANCE ESG
ESG,
MUDANÇA DE MENTALIDADE
ATENÇÃO ÀS PRÁTICAS DE BOA GOVERNANÇA, PREOCUPAÇÃO SOCIAL
E ATENÇÃO AO MEIO AMBIENTE NÃO PODEM MAIS SER ADIADAS. EMPRESAS
SUPERMERCADISTAS JÁ SE ATENTARAM PARA ISSO
Adenilson Fonseca
N ão. Não se trata de mais um modismo tidores de governança corporativa para traduzir
que volta e meia toma conta do meio a confiança nas empresas comprovam a necessi-
corporativo. Não é também mais um ter- dade de investimento em práticas ESG (Environ-
mo da língua inglesa para fazer bonito mental, Social and Governance), do inglês, ou ASG
nas conversas dentro das empresas. As catástrofes – Ambiental, Social e Governança, em português.
e os passivos ambientais, a atuação social tão real-
çada com a pandemia e as exigências de inves- A verdade é que as três letras, que surgiram
em 2004 em uma publicação do Pacto Global em
76
parceria com o Banco Mundial, representam te- Já o Atacadão, que iniciou o trabalho no
mas que não podem mais ficar de fora do deba- Programa Rama em 2015 – um ano após o Car-
te e, mais do que isso, da prática no dia a dia das refour – chegou a 100% de adesão das lojas em
empresas. São agendas que norteiam as Compa- 2019. O índice de rastreabilidade de fornecedores,
nhias para um pensamento de longo prazo. Temas que era de 75% em 2020, atingiu a marca de 89%
como preservação ambiental, uso consciente dos já no primeiro trimestre de 2021.
recursos naturais, valorização do colaborador e da
comunidade e ética nas relações empresariais pre- Na área de inclusão social, com o propósi-
cisam fazer parte do balanço das Companhias. to de lutar pelo combate ao racismo estrutural no
E engana-se quem ainda avalia que investir País e promover ações afirmativas para a inclusão Acima, sacolas
em ESG significa tempo e investimento perdidos. social e econômica de negros e negras na socieda- retornáveis à venda
É exatamente o contrário. Para especialistas, uma de, a empresa anunciou, no final de 2020, a criação
nova geração de consumidores dá preferência a de um fundo de R$ 25 milhões, além da destina- na rede Verdemar;
produtos de empresas comprometidas com sus- ção dos resultados das vendas realizadas em todos na página ao lado,
tentabilidade, atuação social e ética corporati- os hipermercados da rede no País no dia 20 de no- consumidora faz a
va. Na mesma proporção, já não compram mais vembro para ações de igualdade racial, depois do desinfecção de carrinho
de Companhias ligadas a danos ambientais, por episódio negativo envolvendo a morte de um ci- de compras ao adentrar
exemplo. É crescente também o comportamento dadão negro por seguranças da empresa em uma loja da mesma rede
de dar preferência a produtos de empresas preo- das lojas Carrefour no Rio Grande do Sul.
cupadas com temas sociais.
Na época, o então CEO do Grupo Carrefour
Grandes fornecedores do setor supermer- Brasil, Noël Prioux, afirmou que a criação do fun-
cadista e os próprios supermercados moveram do seria o primeiro passo da empresa para que o
vultosos montantes para apoiar entidades que combate ao preconceito e ao racismo estrutural
cuidam da população carente, especialmente ganhasse ainda mais força e apoio da sociedade.
durante os períodos mais agudos da pandemia. “Acreditamos que poderemos evoluir e contribuir
Grandes indústrias alimentícias vêm se preocu- para a construção de uma sociedade mais inclusi-
pando cada vez mais com temas de bem-estar va e igualitária”, disse, na época.
animal e rastreabilidade, para conhecer a proce-
dência dos produtos, redução da emissão de de-
jetos e efluentes na natureza e redução do uso de
embalagens recicláveis ou não recicláveis.
NA PRÁTICA
Na prática, são ações como a que o Grupo
Carrefour Brasil anunciou no final de julho, de dis-
ponibilizar o primeiro lote de carne 100% livre de
desmatamento, rastreada do nascimento do be-
zerro até a prateleira do supermercado. Em 2020,
o Carrefour rastreou 100% dos itens da sua marca
própria, que inclui também os produtos que re-
cebem o selo Sabor & Qualidade. Em relação aos
demais produtos comercializados pela rede, que
não incluem a marca Carrefour, a adesão dos for-
necedores chegou a 96%.
77AGOSTO DE 2021
REPORTAGEM DE CAPA ENVIRONMENTAL, SOCIAL AND GOVERNANCE ESG
Acima, cenas de orientação, treinamento e de participação em palestra: investimento BEM ESTAR ANIMAL
na capacitação dos funcionários está entre as muitas ações desenvolvidas na adoção do O GPA, em 2017, firmou um compromisso
conceito ESG
pelo bem-estar animal na cadeia de ovos, quando
foi estipulado que viabilizaria, até 2025, a comer-
cialização de 100% de ovos de marcas exclusivas
provenientes de criação de galinhas sem gaiolas.
No final de 2020, a meta foi expandida para todas
as demais marcas comercializadas no Extra e no
Pão de Açúcar. Desta forma, 100% dos ovos vendi-
dos nas duas redes serão provenientes da criação
de galinhas livres de gaiolas até 2028.
Na área de carnes, nos cortes de frango a
meta é que até 2028 100% dos produtos das mar-
cas exclusivas atendam as tendências globais na
política de bem-estar animal. Na linha de suínos,
no mesmo prazo, o compromisso é comercializar
exclusivamente carne proveniente de produção
que contempla o bem-estar animal. Compromis-
so semelhante está mantido também na área de
carne bovina: 100% das marcas exclusivas comer-
cializadas no Extra e no Pão de Açúcar já contam
com rastreabilidade desde a origem e com acom-
panhamento socioambiental. A meta é que, até
2025, o total dos fornecedores das demais marcas
assumam publicamente compromissos sobre o
bem-estar animal.
BONS EXEMPLOS EM MG
Nos supermercados mineiros são inúmeras
as ações de incentivo à reciclagem, como o reco-
lhimento de embalagens de vidro, por exemplo;
de redução do uso de sacola plástica e atenção
com colaboradores com necessidades especiais.
As práticas de compliance, de melhor gestão, tam-
bém são crescentes, mesmo que não exatamente
assumindo o termo “ESG”. É também crescente a
abertura de espaço nas gôndolas para produtos
orgânicos, produção familiar, bem como o
incentivo à diversidade de colaboradores e apoio
a causas sociais.
Para o diretor de Recursos Humanos (RH) e
Jurídico do Grupo Bahamas, Rodrigo Fenelon, as
práticas ESG são “de vital importância” para a pere-
nidade e valorização das empresas, principalmen-
78
79AGOSTO DE 2021
REPORTAGEM DE CAPA ENVIRONMENTAL, SOCIAL AND GOVERNANCE ESG
estação de tratamento de água e de esgoto, fon-
tes alternativas de água e ecopontos para coleta
de óleos vegetais, tudo com acompanhamento e
fiscalização pela empresa.
A implantação de te do setor supermercadista,“até mesmo em razão GOVERNANÇA
processos de apoio da grande proximidade e relação direta com clien- Em relação à Governança, o Grupo Baha-
à governança e de tes e fornecedores”, diz ele. “Atualmente, os clien-
ações de preservação tes se importam com o cuidado que as empresas mas mantém órgãos de gestão estratégica, como
do meio ambiente têm com questões sociais, ambientais, de respeito conselhos de administração, consultivo e de
também fazem parte às leis e de sustentabilidade e preferem se relacio- família; adoção de diretorias profissionais, criação
do conceito ESG nar, frequentar e consumir produtos de empresas de controladoria e setor de compliance, além de
comprometidas com esses valores”, observa. cuidado especial com a Lei Geral de Proteção de
Dados (LGPD), com adoção de programa de im-
O Bahamas, aliás, tem ampla atuação nes- plantação de normas rígidas e DPO (Data Protec-
se sentido, como as várias ações sociais, entre tion Officer – ou encarregado de proteção de da-
elas contratação de pessoas de primeiro empre- dos) externo e profissional. “Possuímos Código de
go; oferta de empregos para inclusão de pessoas Cultura e, dentre nossos valores, estão a responsa-
com deficiência, com sofrimento mental e jovens bilidade socioambiental, respeito às diversidades,
recuperados do sistema sócio educativo, além de transparência, ética e respeito às leis”, completa
ajuda a entidades sociais e troco solidário. Na área Fenelon.
ambiental, estão relevantes atuações como ma-
nutenção e cuidado com Áreas de Preservação “Uma empresa que procura impactar posi-
Permanente e Reserva Legal, usina fotovoltaica, tivamente a sociedade em que está inserida, está
praticando os conceitos do ‘ESG’”, afirma o diretor-
-presidente do Supermercado Rena, Alexandre
Maromba. “Ter uma gestão transparente e em
conformidade com as leis, colaborar com a socie-
dade e com o meio ambiente são atitudes que ex-
trapolam os muros da empresa e alcançam a vida
das pessoas”, ilustra. “Qualquer empresa pode ter
este ideal, independentemente do tamanho”.
A empresa, com sede em Itaúna, no Cen-
tro-Oeste mineiro, e que está completando 55
anos de mercado (veja reportagem específica na
página 22), desde a fundação, segundo Maromba,
sempre teve vocação para ajudar no desenvolvi-
mento sustentável da sociedade. Começando pe-
los colaboradores, o Rena possui uma escola do
varejo, um braço do RH que ministra treinamen-
tos em todas as áreas profissionais do segmento
supermercadista, conferindo aos colaboradores
crescimento humano, pessoal e profissional e
oportunidades dentro da empresa.
Na área social e ambiental, a empresa tam-
bém tem trabalho de apoio às entidades filantró-
80
picas das cidades onde atua. As sacolas de emba- Abras debate o tema
lagem são de plástico biodegradável e na sua arte
há a indicação de “lixo seco” e “lixo molhado”, de Em junho, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras)
forma que o cliente possa reutilizá-las como saco realizou o Fórum da Cadeia Nacional de Abastecimento ABRAS-ESG,
para lixo, com o armazenamento correto para faci- evento que reuniu autoridades, lideranças setoriais e especialistas
litar a reciclagem. “O Rena possui uma forte estru- em torno da agenda de governança social, ambiental e corpora-
tura de governança, com Conselho de Administra- tiva multisetorial que elegeu desafios a serem enfrentados. Na
ção, auditoria externa e compliance, estrutura esta oportunidade, o presidente da entidade, João Galassi, ressaltou
que contribui para a harmonia da família empresá- a importância de reunir “expoentes de altíssimo nível” das áreas
ria, proprietária da rede”, explica Maromba. governamental, econômica e financeira, de mercados de capitais,
de governança e especialistas em impacto social e ambiental
Para ele, tudo começa com a consciência dos para ajudar o setor a compreender melhor os desafios e eleger
proprietários e líderes das Organizações. “Quando aqueles que merecem maior atenção para o desenvolvimento da
as pessoas que administram a empresa acreditam cadeia nacional de abastecimento. “Foi por esta razão que elege-
que aquele negócio pode colaborar com o desen- mos como tema central da primeira edição do fórum a agenda
volvimento humano de todos ao seu redor, isto, na- ESG”, disse no discurso de abertura.
turalmente, reflete na maneira de ser da empresa,
na sua postura e condução dos negócios”. Durante o Fórum, grandes lideranças do setor produtivo
de elos que integram a cadeia de abastecimento definiram cinco
SUSTENTÁVEL grandes desafios para focar esforços conjuntos para obter avan-
A principal responsabilidade social de uma ços nestas pautas. Os cinco temas eleitos foram: 1- Redução de
custos; 2- Fomentar o consumo consciente; 3 - Reduzir o desper-
empresa que quer ser “sustentável”, segundo Ma- dício de alimentos; 4 - Lutar contra a fome; e 5 - Ampliar o nível de
romba, tem que ser com seus colaboradores. “Res- conhecimento dos profissionais das cadeias em torno dos pilares
peitar, incluir, cuidar e educar os funcionários é a da sustentabilidade.
tarefa mais importante de uma empresa humani-
zada”, enfatiza. “Tratar bem as pessoas que fazem a COMITÊ
empresa existir é o pano de fundo para qualquer A entidade já criou também o Comitê ESG da ABRAS, que
ação social; do contrário, é hipocrisia”, detalha o
executivo. “Uma empresa pode existir e ter lucro tem o presidente da AMIS, Alexandre Poni, como membro. Inte-
sem nunca ter sequer falado ou discutido os con- gram o Comitê o presidente, Paulo Pompílio, do Grupo GPA; os
ceitos e boas práticas do ESG. Porém, não fará di- executivos Carlos Ely, do Big; Stephane Engelhard, do Carrefour;
ferença na vida das pessoas que estão envolvidas Maurício Ungari, do Cencosud; Pedro Lopes, do Lopes Supermer-
diretamente, nem nas que estão ao seu redor”. cados; Alexandre Poni, do Verdemar; João Augusto Rodrigues, do
Líder; Severino Ramalho, do Super Mercadinho São Luiz; Jeralci
Rodrigo Fenelon, do Bahamas, avalia que a Barcellos, do Grupo Koch; além de Marcelo Machado de Paiva,
temática social, ambiental e a obediência às Leis do Grupo Muffato, e Márcio Milan, ambos vice-presidentes da
são exigências da sociedade moderna e ajudam a ABRAS.
integrar a empresa com a comunidade, especial-
mente com seus clientes. A preocupação ambien- O Comitê ESG da ABRAS terá a missão de discutir boas prá-
tal – afirma – é fundamental não só para a pere- ticas no campo da governança social, ambiental e corporativa e
nidade da empresa, mas também para o próprio disseminar informação e conhecimento junto aos supermerca-
futuro da humanidade. “O compliance garante à dos e demais elos da cadeia de abastecimento.
sociedade, colaboradores, autoridades e investi-
dores que a empresa respeita e cumpre normas 81AGOSTO DE 2021
legais e éticas, além de respeitar o meio ambiente
e a sociedade”, pondera.
REPORTAGEM DE CAPA ENVIRONMENTAL, SOCIAL AND GOVERNANCE ESG
O apoio a ações
ecológicas como o
reuso de sacolinhas
com indicação
para lixo seco ou
molhado e também
a campanhas
comunitárias é bem-
vindo nos planos de
ESG
Segundo Fenelon, no Bahamas existe uma dos entrevistados responderam que o tema é re-
área própria de compliance e outra de meio am- levante. Para 62% dos CEOs e 80% dos brasileiros,
biente, além de comitê de governança. “Mas en- fatores como desigualdade social e mudanças cli-
tendemos que a responsabilidade por implantar máticas constituem ameaça real ao crescimento
e manter as práticas ESG é de todos os colabora- de suas Companhias e que podem afetar o valor
dores. Afinal, estão descritas inclusive em nossos das Organizações no longo prazo.
próprios valores”, afirma.
Em outra pesquisa da KPMG, em março des-
Ele afirma que ESG não é modismo, mas te ano, sobre ESG, com 500 CEOs, 96% deles afir-
uma exigência irreversível da sociedade moderna maram que procuram aumentar o foco em ações
que se preocupa não somente com o desenvol- sociais e programas de ESG e manter avanços obti-
vimento socioeconômico mas, principalmente, dos durante a pandemia nas questões relacionadas
com sua perenidade e sustentabilidade. “Inclusive à sustentabilidade; 92% desejam garantir os ganhos
para que as conquistas do presente alcancem as de sustentabilidade e mudanças climáticas que
gerações futuras e que valores como ética, trans- obtiveram no ano passado e 98%, supostamente,
parência, cuidado com o meio ambiente e respei- estão começando a mudar o foco principal para o
to às leis e às diversidades sejam cada vez mais componente social do programa de ESG.
respeitados”, afirma.
A importância do tema é tamanha que pro-
Para ele, assim as empresas passam a buscar vocou mudanças no Índice de Sustentabilidade
também esses valores da mesma forma como re- Empresarial da B3 (ISE B3), a bolsa de valores do Bra-
sultados financeiros, lucratividade e crescimento. sil, para onde empresas supermercadistas come-
“Atualmente, o sucesso e perenidade das empre- çam a olhar mais fixamente. No dia 20 de julho, a B3
sas dependem diretamente da sua capacidade de anunciou que o índice acabara de passar por uma
adaptação aos anseios da sociedade e às exigên- revisão em sua metodologia, que o tornará mais
cias das leis”, completa. simples e transparente para os investidores, permi-
tindo a elaboração de rankings com as empresas de
ESG CHEGA À B3 capital aberto mais avançadas na agenda ESG.
No início de julho, a KPMG realizou o “1º
“O ISE B3 é um indicador importante para
workshop ESG para jornalista”. Entre as informa- os investidores que estão ávidos por ativos sus-
ções de especialistas no assunto, houve a apre- tentáveis, mas também tem o papel de estimular
sentação de resultados de uma pesquisa global as empresas a avançarem em suas práticas ESG”,
feita com 1,3 mil presidentes de empresas globais, afirma a diretora-executiva de Pessoas, Marke-
dos quais 270 na América Latina, em 2020, sobre ting, Comunicação e Sustentabilidade da B3, Ana
a importância da agenda ESG. Na pesquisa, 80% Buchaim.
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83AGOSTO DE 2021
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