The words you are searching are inside this book. To get more targeted content, please make full-text search by clicking here.
Discover the best professional documents and content resources in AnyFlip Document Base.
Search
Published by Andrey Lucas Coura Candian, 2023-03-14 20:59:01

Livro

Os Cantigueiro das Idades Médias


Era uma época distante na Europa ocidental, o sistema feudalista dividia todo o território como uma forma de organização social e econômica baseada nas grandes propriedades de terra, localizado no interior do reino Franco um feudo comandado pelo Senhor Robinson Tarcísio Terceiro enfrentava dificuldades econômicas pois seus vassalos sonegavam seus impostos, os heróis de nossa história são conhecidos, Davidson o vendedor de galinhas d'angola, Carlitos Candian o último do cavaleiro do feudo, Hector o padre da igreja de Santo expedito, Batista a filha bastarda do nobre Edilson e Vitor um trovador alcoólatra perdido naquelas terras. Davidson enfrentava tempos difíceis pois o seu comércio de galinhas d'angola não estava lhe rendendo muita prata para pagar ao seu Senhor portanto ele procurava um rico pretendente para a sua filha Jasmim que já atingia a maioridade, Carlitos Candian um honorável cavalheiro porém desprovido de poder aquisitivo era apaixonado por ela conhecida como a mais bela burguesa daquele feudo, porém tal relacionamento não era aprovado por Davidson que reprimia qualquer demonstração de amor que vinha de Carlitos. Carlitos buscava ajuda do único trovador presente no feudo durante aquela linda primavera para uma última tentativa de declaração de amor á jasmim, o homem já conhecia aquilo que o separava da linda burguesa, não possuía dinheiro nem para beber uma cachaça as sextas a noite e dormia abaixo da ponte do feudo, porém como sabemos o amor é uma força inexplicável e com a ajuda de Vitor o trovador, Carlitos escrevia uma cantiga de amor para a filha de Davidson, então em alguma linda noite (eles não tinham muita noção de tempo nessa época) ele se posicionou abaixo da sacada da casa de jasmim para recitar os seus sentimentos:


Mesura sería, senhor, de vós amercear de mí, que vós en grave día vi, e én mui grave voss'amor é; tan grave, que non hei poder daquesta coita máis sofrer de que, muit'ha, fui sofredor. Pero sabe Nostro Senhor que nunca vo-l'eu merecí, mais sabe ben que vós serví, des que vos vi, sempr'o melhor que nunca eu pudi fazer; por én querede-vos doer de min, coitado pecador. Mais Deus que de tod'é senhor, me queira poer conselh'i, ca se meu feito vai assí e m'el non for ajudador contra vós, que el fez valer máis de quantas fezo nacer, moir'eu, mais non merecedor. Pero se eu hei de morrer sen vo-lo nunca merecer, non vos vej'i prez nen loor. Aquelas lindas palavras tocaram o coração da filha de Davidson que apesar de ter sentimentos pelo cavaleiro sabia que os dois nunca poderiam acabar juntos, Davidson então ao ouvir a balbúrdia que estava a fora de sua residência sai armado com um machado e expulsa o cavaleiro para sempre de perto de sua filha.


Meses se passam e davidson ainda passa por dificuldades econômicas e segue sonegando o imposto do senhor feudal, indignado sobre o fato de seu negócio de galinhas d'angolas não estar vendendo tanto como há alguns meses atrás, Davidson culpa o Tibério Romanov um nobre que decidiu entrar no comércio se tornou seu rival na venda de galinhas d'angola que dominava o mercado naqueles meses, incapaz de descontar sua raiva fisicamente por conta das leis do feudo, Davidson decide espalhar publicamente algo que envergonhe Tibério e convença o povo a parar de comprar em seu estabelecimento. Novamente a ajuda do trovador Vitor e requisitada que sempre era encontrado nas vielas dos bares do feudo para o ajudar a escrever uma cantiga de escárnio. E assim foi feito: Abra-te os olhos que não querem enchergar, condutas de maldizer que nos perseguem sem saber. Abra-te os olhos que não querem enchergar, as palavras vencidas que nos afundam em mentiras. Pobre homem! Abra-te logo os olhos que se fecham para a vida. Abra-te logo os olhos que não enchergam a maldade se aproximar. Pobre homem! Abra-te os olhos; que cegos te enganam. Abra-te os olhos; que há pessoas chegando! Vamos homem, abra-te os olhos! Estão chegando, cuidado! Te farão mal, homem! Anda, abra-te os olhos! Não, não os abriu. Adeus, homem! Após soltar ao público e intrigar o povo tão curioso a saber a quem a cantiga se destinava, Davidson se deu por satisfeito porém tal método não foi eficaz e suas vendas ainda continuam baixas.


Há dois anos Batista havia se casado com um nobre chamado Maximus Pereira que á alguns meses havia saído pra caçar com outros nobres e não havia retornado, seu relacionamento era forte e verdadeiro e Batista era uma mulher de valores muito fortes e com um grande interesse na literatura, porém estremecia de medo de ser mandada a fogueira pelo padre hector pois mulheres que sabiam ler eram consideradas bruxas, então todas as noites ela entregava seus textos ao trovador Vitor e suplicava que ele os recitasse pelo feudo simplismente para expressar seus sentimentos, e o trovador preguiçoso aproveitava as cantigas para render algumas moedas nas tavernas do feudo. - Ai flores, ai flores do verde pino, se sabedes novas do meu amigo! ai Deus, e u é? Ai flores, ai flores do verde ramo, se sabedes novas do meu amado! ai Deus, e u é? Se sabedes novas do meu amigo, aquel que mentiu do que pôs comigo! ai Deus, e u é? Se sabedes novas do meu amado, aquel que mentiu do que mi há jurado! ai Deus, e u é? -Vós me preguntades polo voss'amigo, e eu ben vos digo que é san'e vivo. Ai Deus, e u é? Vós me preguntades polo voss'amado, e eu ben vos digo que é viv'e sano. Ai Deus, e u é? E eu ben vos digo que é san'e vivo e seerá vosc'ant'o prazo saído. Ai Deus, e u é? E eu ben vos digo que é viv'e sano e seerá vosc'ant'o prazo passado. Ai Deus, e u é?


Vitor era um trovador indolente e desleixado e na maior parte do seu tempo estava com a pinga na mão vendo o dia passar pelas vielas do feudo, porém naquela primavera ele estava fazendo de abrigo o pátio da igreja, oque irritava profundamente o padre Hector que planejava um almoço comunitário com churrasco de trovador Hector não havia nascido pra ser padre, possuía uma mania incontrolável de pronunciar xingamentos e como havia aprendido durante o seminário ele redigia algumas cantigas quando tinha vontade, a raiva que ele sentia de Vitor o motivou a escrever a cantiga de maldizer sobre o trovador e soltar o texto ao povo do feudo: Trovas não fazeis como provençal mas como Bernaldo o de Bonaval. O vosso trovar não é natural. Ai de vós, como ele e o demo aprendestes. Em trovardes mal vejo eu o sinal das loucas ideias em que empreendestes. A repercussão que se deu ao povo fizeram com que Vitor voltasse a repousar em outras vielas.


Está foi a resposta de Vitor, e também sua última cantiga, já que após isso foi morto com 15 machadadas na cabeça: Meu Nosso Senhor, ando eu molestado com todos os vícios que me foste dar. Sou dos putanheiros o mais porfiado; não menos me apraz os dados jogar; e é grande o prazer que sinto em errar por estas vielas, do mundo apartado Se de melhor vida fora venturoso, lograra mais preço e mais honras ter. Mas deste viver mais me apraz o desgosto; e o destas tabernas, e o deste beber. Já que outra virtude não posso valer, valhe me viver contente e viçoso. Se não valho nada e não alimento esperança de alguma virtude alcançar, não quero perder este arreitamento, tão pouco estas putas e este disputar. Por outras fronteiras não quero eu andar, trocando o meu viço por agastamento. E muitos mais vícios acrescentaria, que cúmplices são do meu desmerecer. Nunca frequentei a tafularia, sem ali desordens, distúrbios fazer; e, covardemente, ponho-me a mexer buscando agasalho entre a putaria.


Click to View FlipBook Version