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Published by carlosfreitaskk, 2018-07-05 18:23:46

Repertório das Essências Florais

Repertório das Essências Florais

Repertório das Essências Florais

deves trilhar suas páginas com teus pés”.

Antes de interpretar as qualidades anímicas das plantas, é importante cultivar a
disciplina de verdadeiramente perceber a planta, observar sua cor, forma, hábitat,
padrões de crescimento e ciclos sazonais. Todos esses detalhes físicos oferecem um
alicerce sobre o qual construiremos insights bem fundados das qualidades sutis da
planta. Após termos, com sensibilidade, nos aproximado da planta como um ser
físico, registrando nossas diversas observações num diário e caderno de esboços,
podemos gradualmente criar uma imagem interior da planta e começar a entender sua
natureza essencial.

Este processo é semelhante à observação atenta que fazemos da postura, das
expressões faciais e dos movimentos de uma pessoa quando queremos compreender
algo do seu caráter interior. Precisamos primeiro discernir nas formas e movimentos
físicos das plantas aquilo que Paracelso chamou de assinatura e Goethe, de gesto,
antes de podermos conhecer as qualidades de alma que elas representam.

Adquirir tais insights profundos envolve uma observação paciente e contínua, e um
profundo amor e senso de maravilhamento pelo mundo das plantas. Assim como não
podemos dizer que conhecemos realmente bem uma pessoa após um ou dois breves
encontros, também é necessário desenvolvermos um relacionamento ao longo do
tempo com qualquer planta que desejemos conhecer. Além disso, assim como neces-
sitamos saber algo sobre as ligações de uma pessoa com sua família e sua comunidade
a fim de formarmos um quadro mais completo de quem ela é, também deveríamos
considerar a relação da planta com seu hábitat, com as outras plantas, o mundo
animal, os ciclos sazonais da Natureza e as mudanças ambientais.

É importante lembrar que a planta é um ser no tempo. Não conhecemos uma
planta vendo-a apenas em floração. A flor é o auge de um processo que começa com
uma semente, desenvolve-se em raiz e brotos, abre-se em folhas, cresce através de
estágios de novos ramos e folhas, concentra suas energias nos botões e finalmente
irrompe em floração. O processo continua com a fertilização e queda das flores e com
o amadurecimento dos frutos e sementes, através das quais o ciclo recomeça.

Conseqüentemente, para preparar essências florais precisamos conhecer mais do
que apenas a flor no momento da floração. O nosso estudo abrange a planta toda à
medida que ela se estende no tempo e no espaço. Pois a essência floral não é simples-
mente um extrato da substância da flor; é uma destilação de todo o ser da planta. É no
momento da floração que a mais elevada expressão anímico-espiritual da planta se
manifesta; mas, somente se estivermos dispostos a seguir a planta em sua jornada
completa, é que poderemos realmente apreciar o mistério da flor.

Esse profundo conhecimento da essência das plantas é muito importante, não só
para que elas possam ser usadas com sabedoria, mas também porque as plantas são
seres vivos, pedindo que nós apresentemos sua essência ao mundo com todo o res-
peito, precisão e fidelidade possíveis. Assim como é fácil interpretarmos mal uma
pessoa porque projetamos sobre ela nossas conjeturas subjetivas ou porque não dedi-
camos o tempo suficiente para realmente aprender com ela e escutar sua história de
vida, também é muito fácil distorcermos nossa relação com as plantas. Se não estamos
familiarizados com a observação das plantas, podemos ter dificuldade em estabelecer
a diferença entre o que é realmente significativo a respeito de uma determinada planta
e o que é uma propriedade comum a muitas plantas. É fácil simplificar em demasia o
processo de descoberta dos gestos das plantas. Precisamos estar preparados para

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O que é a Terapia Floral?

observar e experimentar muitas plantas, durante anos e anos, até sermos capazes de
realmente compreender o gesto arquetípico e a correspondente essência anímica de
uma determinada planta.

Conhecendo a planta: um estudo de campo do Yarrow/milefólio

Primeiramente travamos conhecimento com uma planta como um ser que tem sua
forma particular, suas cores e aromas específicos, e um relacionamento com seu hábitat.
Estamos interessados em compreender como cada parte dessa planta se relaciona
com o todo, e como ela é em comparação com as outras plantas. Ao longo do tempo,
observamos a relação que existe entre os ciclos da Natureza e a planta e seus padrões
de crescimento.

Para dar uma dimensão prática ao esboço da nossa pesquisa sobre as plantas,
oferecemos algumas indicações gerais para o estudo da Achillea millefolium, o milefólio
ou Yarrow, em inglês. A partir dessa conhecida erva silvestre é preparada uma das
mais proeminentes e eficazes essências florais incluídas neste Repertório.

Encontramos o milefólio florescendo em áreas abertas e ensolaradas, e particular-
mente magnífico no hábitat das campinas de montanhas. No início da primavera,
vemos apenas um tapete de folhas verde-escuras e cobertas de lanugem, bem junto ao
chão. Esfregando as folhas entre
os dedos, deparamo-nos com um
aroma forte e penetrante. Se es-
cavarmos um pouco, veremos as
raízes rizo-matosas espalhando-se
sob a terra. Quando a primavera
está mais adiantada, um forte cau-
le central ergue-se da matriz
enfolhada, alcançando uma altura
de 30 cm a um metro. Arranjadas
alternadamente ao longo do cau-
le, coberto de pêlos finos, surgem
mais folhas penugentas, de até 13
cm de comprimento.

No calor e na luz presentes por Yarrow Achillea millefolium
volta da época do solstício de ve-
rão, o milefólio desabrocha suas O milefólio se distingue por suas folhas penugentas, pelo
flores num brilhante dossel bran- caule forte e reto, e pela umbela de radiantes flores brancas
co sobre a folhagem verde, pare- compostas.
cendo reluzir com sua radiância
quase incandescente. Olhando
mais de perto, vemos que o caule
ramificou-se muitas vezes para for-
mar a umbela, a inflorescência em
forma de guarda-chuva. A copa da
umbela é um agrupamento extre-
mamente compacto de muitas flo-
res (cada uma delas com cinco rai-
os brancos semelhantes a pétalas)
e de florinhas centrais com peque-

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Repertório das Essências Florais

nos pontos amarelos, onde as anteras vão primeiramente surgir nos estames. O admi-
rável é que à medida que o verão vai se transformando em outono, o milefólio perma-
nece em plena floração, só gradualmente secando conforme se aproxima o inverno,
porém ainda retendo sua forma característica.

O milefólio é encontrado em todas as zonas temperadas dos Hemisférios Norte e
Sul. É uma erva perene, com um robusto caule lenhoso e um forte sistema de raízes
espalhando-se vigorosamente a partir de estolhos subterrâneos. O nome “milefólio” e
o nome da espécie, millefolium, significam “mil folhas”, referindo-se às folhas
finamente divididas e altamente definidas. Ao contrário de muitas plantas que têm
largas folhas carnudas, ou daquelas plantas com folhas estreitas ou divididas somente
na sua parte superior, mesmo as folhas mais baixas do milefólio são cobertas por uma
lanugem. A planta toda é altamente aromática, enchendo o ar com um perfume muito
pungente, especialmente quando ao calor do sol.

Além do milefólio-branco, duas outras variedades foram incluídas neste Repertó-
rio. O Pink Yarrow/milefólio-cor-de-rosa é, em aparência, quase idêntico ao milefólio-
branco comum, exceto pelas flores que vão do rosa-escuro ao rosa-avermelhado. É
freqüentemente cultivado como variedade hortícola, mas muitos deles, em tons mais
claros de rosa, ocorrem naturalmente. O Golden Yarrow/milefólio-dourado é uma
planta maior e mais robusta, nativa da Ásia Menor. Suas flores amarelo-douradas
perdem os raios em forma de pétala, mantendo apenas os centros amarelos firme-
mente agrupados. Suas folhas são maiores, e mais semelhantes às da samambaia do
que penugentas.

As forças elementais e alquímicas presentes na planta

À medida que vamos refinando a nossa observação da planta, somos capazes de, a
partir da estrutura física, chegar a uma percepção de como as forças vitais agem atra-
vés da planta. Uma das maneiras mais básicas de ver a planta é através dos quatro
elementos: terra, água, ar e fogo; um sistema proeminente na tradição alquímica e
que pode ser rastreado até Aristóteles. Não devemos confundir esses quatro elemen-
tos com os cerca de 100 elementos químicos da tabela periódica da ciência moderna.
Os quatro elementos alquímicos representam processos e qualidades da Natureza,
não “blocos de construção” físicos. A terra representa a qualidade de solidez e vigor;
a água, a qualidade de liquidez e vida; o ar, a qualidade de expansão e receptividade à
luz; e o fogo é o princípio da radiância, do calor e da transformação. Na alma huma-
na, cada elemento expressa um dos quatro temperamentos humanos, tais como
eram conhecidos no pensamento clássico. A pessoa presa à terra é melancólica; a
pessoa da água, fleumática; a pessoa aérea, sanguínea; e a pessoa ígnea, colérica.

Cada planta contém em si a ação de todos os quatro processos elementais. No
entanto, podemos observar que alguns dos elementos são mais pronunciados que os
outros. No milefólio, vemos uma forte relação com o ar nas folhas penugentas e nas
flores, uma qualidade ígnea nos óleos aromáticos, uma qualidade aquática nas raízes
rizomatosas que se espalham rapidamente, e uma qualidade terrena na forte estrutura
do seu caule lenhoso. Em comparação com outras plantas, as forças elementais são
excepcionalmente bem equilibradas no milefólio, sendo talvez a qualidade aquática
um pouco menos desenvolvida.

As forças que agem através do mundo vegetal englobam mais coisas do que essas qua-
tro qualidades elementais. Cada um dos constituintes químicos ou nutritivos de uma planta
pode ser entendido como um processo vivo, e também como uma substância química.

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O que é a Terapia Floral?

Por exemplo, a presença de uma alta porcentagem de sais de potássio (potassa)
nas cinzas do milefólio expressa aquilo que os alquimistas chamam de sal, um processo
salino terreno e criador da forma, que fica evidenciado no caule e raízes fortemente
estruturados. Sabemos, pela agricultura química, que o potássio físico é usado para
fortalecer os caules e prolongar a vida das folhas. A extraordinária capacidade do
milefólio de construir uma estrutura bem ordenada, e mantê-la após ter atingido o
estágio de floração, é testemunha dos poderes formativos do potássio. Ele cria uma
espécie de “fronteira” para as forças ígneas, mais cósmicas, que operam na planta, tal
como expresso nos óleos aromáticos, nas folhas penugentas e na inflorescência bri-
lhante e cheia de luz. Assim, o milefólio é capaz de equilibrar a polaridade existente
entre os processos cósmico e terreno, florescendo no calor e na luz do sol de verão,
enquanto mantém fortemente intacta sua forma terrena.

Essa compreensão das forças que atuam através da planta tem sido aplicada de
modo bastante prático na agricultura biodinâmica, uma forma de agricultura orgânica
iniciada por Rudolf Steiner em 1924. O milefólio é um dos elementos dos preparados
biodinâmicos empregados no composto que vai dar vida ao solo. De acordo com
Steiner, o milefólio incorpora um equilíbrio tão admirável de forças terrenas e cósmi-
cas que é capaz de tornar a terra sensível ao recebimento das influências vivificadoras
do cosmos e de chamar as influências astrais à Terra de uma maneira harmoniosa.
Este é um reflexo do efeito do milefólio sobre o ser humano, que utiliza a essência
floral Yarrow para trazer vigor às fraquezas de seu corpo astral.

Nosso objetivo na pesquisa das essências florais é nos conscientizarmos dessas
forças dinâmicas que agem através da planta, de modo a podermos entender melhor
como essas forças se relacionam com as propriedades sutis da alma humana.

A tradição fitoterápica e o uso medicinal das plantas

Além do estudo direto da própria planta, podemos aprender muito com o conheci-
mento que o ser humano acumulou sobre as plantas, o modo como elas eram usadas
na alimentação e na medicina, e as qualidades que lhes eram atribuídas. Da rica heran-
ça sobre o uso das plantas que existe em todas as culturas tradicionais ligadas à terra,
apenas uma pequena parte sobreviveu em textos e relatos de povos primitivos acerca
das ervas. Essa sabedoria não representa só uma longa história de experiências práti-
cas, mas também o que resta das percepções de uma época anterior da história, quan-
do a humanidade, através de sua unidade inconsciente com a alma da Natureza, tinha
uma experiência clarividente das plantas. Grande parte desse conhecimento oral se
perdeu ou nunca foi registrado na forma escrita. Entretanto, por ser produto de uma
percepção consciente pré-científica, há muita projeção e inexatidão misturadas com o
verdadeiro insight. Desse modo, embora a tradição fitoterápica nos ofereça muitas
pistas, ela nunca poderá substituir a investigação científico-espiritual meticulosa e origi-
nal sobre as essências florais.

Algumas tradições fitoterápicas sobre as propriedades físicas das plantas têm sido
cientificamente verificadas; na verdade, a farmacopéia médica do início deste século
incluía muitos remédios feitos à base de ervas. Essas propriedades medicinais das
plantas são pistas importantes para a compreensão das essências florais. Como des-
crevemos anteriormente, as qualidades de uma essência floral expressam a “oitava”
superior das propriedades físicas; são uma expressão paralela, no corpo astral ou
etérico, daquilo que a erva física está fazendo no corpo físico.

O milefólio é um exemplo de erva com uma extensa história de usos e tradições

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Repertório das Essências Florais

medicinais. Um dos nomes folclóricos do milefólio era sobrancelha-de-vênus, e essa
erva foi tradicionalmente associada ao planeta Vênus, tal como relatado por antigos
herboristas, entre eles Culpeper. As qualidades de alma associadas às ervas “venusianas”
incluem a sensibilidade, a intuição e a compaixão.

Todavia, muitas plantas mantêm relações bipolares e isso certamente é verdadeiro
quanto ao milefólio. Além de sua natureza venusiana, também discernimos nele as
qualidades “marcianas” da força e da proteção. O planeta Marte está associado às artes
marciais e o milefólio era levado pelos soldados ao campo de batalha como um talismã
protetor. O milefólio foi conhecido por nomes tais como “erva-para-ferimento-de-solda-
do”, “milefólio-do-cavaleiro” e “erva-militar”. Diz-se que seu gênero botânico, Achillea,
refere-se ao guerreiro grego Aquiles, que usava essa erva para curar os ferimentos de
seus soldados, embora ele próprio padecesse com seu vulnerável calcanhar.

A erva milefólio possui a propriedade física de tratar os ferimentos estancando o
sangue, seja em lesões externas, hemorragia interna ou fluxo menstrual excessivo.
Acreditava-se também que proporcionava proteção espiritual contra os inimigos pes-
soais. O chá de milefólio, preparado com toda a planta florescida exceto as raízes, é
tradicionalmente usado para induzir a sudação durante resfriados ou febres, para ca-
sos de indigestão e inflamação gástrica, como expectorante e para reduzir o
sangramento interno.

A moderna análise química também produz informações sobre as propriedades do
milefólio que confirmam muitos dos seus usos tradicionais. A erva contém uma subs-
tância amarga, a aquineína, que ajuda a estimular a digestão, além de taninos e
resinas com o poder de curar feridas. Seu óleo essencial — encontrado na planta
toda, mas particularmente nas flores — é verde-azulado e, como o óleo de camomila,
contém azuleno (um princípio amargo e adstringente) e cineol (com atributos anti-
sépticos, expectorantes e estomacais).

À medida que revemos as tradições e os usos fitoterápicos do milefólio, surgem
diversos temas. Embora suas propriedades expectorantes e diaforéticas (indutoras da
sudação) tenham qualidades de liberação, a ação mais forte do milefólio parece ser sua
capacidade de criar e sustentar a forma. Isso é expresso no seu poder de curar feridas
e estancar hemorragias, nas suas qualidades adstringentes e em sua ação
antiinflamatória. Ele também revigora os processos metabólicos da digestão, ligados
ao elemento fogo, demonstrando que seu poder formativo não é estático, mas sim
capaz de entrar numa relação dinâmica com as sempre mutáveis forças ígneas da vida.
Mais uma vez vemos o milefólio como uma planta excepcionalmente equilibrada,
com uma notável capacidade de integrar as forças terrenas e as cósmicas; ele harmo-
niza a sensibilidade de Vênus com o vigor e a proteção de Marte.

Relações botânicas

Também podemos aprender muito sobre uma planta examinando sua classificação
botânica e sua relação botânica com outras plantas. A tradição alquímica nos ensina a
abordar a Natureza como um livro escrito numa linguagem cujo significado somos
capazes de aprender a decifrar. Com esse pano de fundo, podemos então usar a
disciplina científica da classificação botânica como um guia enciclopédico para as
formas vivas que desejamos compreender.

Desenvolvido há mais de dois séculos por Lineu, nosso moderno sistema botânico
estabeleceu uma nomenclatura universalmente aceita para a miríade de espécies de
vida na Terra. Contudo, há mais coisas nas famílias, gêneros e espécies do sistema de

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O que é a Terapia Floral?

Lineu do que um método conveniente de Mariposa Lily Calochortus leichtlinii
manter a ordem, tal como o arranjo de
livros numa biblioteca. A classificação Esta delicada flor silvestre branca e malva é encon-
botânica representa milhares de observa- trada nas montanhas do oeste norte-americano. Seu
ções meticulosas das formas de vida da minúsculo bulbo cresce em fendas rochosas, mal e
Natureza, registrando quais característi- mal preso à terra. Membro da família das liliáceas,
cas são similares e quais diferenciam uma possui três pétalas em forma de concha, separadas
planta de outra. Embora poucos botâni- por três sépalas menores.
cos estejam cientes da tradição alquímica
ou mesmo das pesquisas de Goethe, as
estruturas e formas que eles tão cuidado-
samente estudam expressam os proces-
sos vivos que atuam nas plantas e ofere-
cem pistas para o entendimento de suas
qualidades essenciais. A pesquisa de es-
sências florais pode assim fazer uso de
sistemas científicos existentes (tais como
a classificação botânica) e então impregná-
los com uma compreensão sensível das
mensagens da alma que falam através das
formas e processos da vida física.

Em nossa pesquisa, descobrimos que
as plantas que estão relacionadas botani-
camente em geral exibem afinidades nas
qualidades de suas essências florais. As
famílias vegetais, em particular, expres-
sam amplas propriedades arquetípicas,
com os membros de cada família repre-
sentando variações sobre um mesmo
tema.

Por exemplo, as plantas da família das

liliáceas, tais como os lírios, possuem bul-

bos aquosos e minimamente enraizados.

Por isso, estão apenas frouxamente

conectadas à terra, sustentando suas for-

ças a partir de um útero de água vital. Por

outro lado, suas típicas flores hexagonais

em forma de estrela refletem a pura har-

monia das esferas celestiais. As essências

florais preparadas de plantas da família

das liliáceas, tais como Star Tulip, Mari- Star of Bethlehem

posa Lily, Easter Lily e Alpine Lily, ge- Ornithogalum umbellatum

ralmente trabalham os aspectos femini- Nativa da Europa e norte da África, é uma das cinco
flores da fórmula de emergência do Dr. Bach. Seu
nos e receptivos da alma humana, que

têm mais afinidade com a harmonia do bulbo redondo e sua flor, que forma uma perfeita

mundo espiritual. Porém, com essas es- estrela de seis pontas, são típicos das plantas da fa-
mília das liliáceas, as quais estão relacionadas com a
sências a pessoa também aprende a en- cebola (às vezes classificada separadamente como

frentar os desafios da vida terrena. sendo da família das amarilidáceas).

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Repertório das Essências Florais

As plantas da família das rosáceas, em Blackberry Rubus ursinus
contraste, são fortemente enraizadas e
possuem flores e frutos com uma geome-
tria pentagonal, representando a perfei-
ção da forma humana (como no desenho
de Leonardo de Vinci que mostra um
homem com a cabeça, braços e pernas
formando uma estrela de cinco pontas).
O Blackberry, o Quince/marmeleiro e a
Rose/roseira, em particular, têm longas
raízes profundamente ancoradas no solo,
troncos cobertos de espinhos e ramos que
crescem vigorosamente. As essências pre-
paradas com essas plantas trabalham os
temas associados à encarnação, ajudan-
do a pessoa a prender-se fortemente à
vida na Terra e trazer as forças do amor,
da compaixão e do compromisso.

O milefólio é um membro da família O blackberry silvestre tem flores de cinco pétalas
das compostas, das flores semelhantes a com numerosos estames, características das plantas
Daisies/margaridas, entre elas o Sun- da família das rosáceas. Seus ramos prolíficos e co-
flower/girassol, cujas essências geralmen- bertos de espinhos, seus frutos negros e suas raízes
te lidam com os princípios de síntese ou tenazes estão entre as mais fortes expressões dessa
integração do Eu. Cada flor composta é família vegetal.
como um campo de flores, pois contém
muitas florinhas no disco central, bem
como florinhas semelhantes a pétalas no
raio que circunda o disco. A flor
do milefólio leva esse princípio de
integração um passo além — a
copa da flor é um feixe compacta-
mente organizado de muitas flo-
res compostas, cada uma das quais
se compõem de florinhas no raio
e no disco.

Embora as plantas da família California Wild Rose Rosa californica
das compostas compartilhem uma
estrutura floral característica, as As delicadas e docemente perfumadas flores cor-de-rosa desta
espécies vegetais individuais exi- rosa silvestre são encontradas sobre um vigoroso arbusto
bem uma ampla gama de formas com espinhos aguçados e um sistema de raízes forte e pro-
e gestos. Realmente, cada família fundo. Ao contrário da maior elaboração encontrada nas
vegetal representa um amplo es- rosas cultivadas, esta rosa mantém a simplicidade da forma
pectro de qualidades ou variações de cinco pétalas.
sobre um mesmo tema. Temos o
Sunflower/girassol — com suas
folhas largas e redondas, e sua alta
e radiante cabeça — em contraste
com o Star Thistle — com suas
folhas estreitas grudadas ao cau-

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O que é a Terapia Floral?

le, espinhos muito pontiagudos
e pequenos agrupamentos de
florinhas tubulares. Também den-
tro dessa família vegetal temos
as contraídas flores do Tansy/
tanaceto, às vezes chamadas de
“botões” porque contêm somen-
te as florinhas do disco (como se
fosse o centro amarelo da mar-
garida), contrastando com o
Dandelion/dente-de-leão e a
Chicory/chicória, que contêm
somente as florinhas do raio.

O milefólio é um membro Tansy Tanacetum vulgare
particularmente notável da famí-
lia das compostas, pois também Esta flor composta tem somente as florinhas do disco central
se assemelha de muitas manei- e por isso se assemelha ao centro de uma margarida, sem qual-
ras às plantas da família das quer florinha do raio. A copa da flor, densamente estruturada,
umbelíferas, entre as quais está dá uma impressão de compactação e contenção.
a salsa. Com sua umbela, a
inflorescência em forma de guar- Dandelion Taraxacum officinale
da-chuva, e suas folhas finamente
divididas e aromáticas, atravessa- Irrompendo em florações amarelo-brilhantes no início da pri-
das pela luz e pelo ar, o milefólio mavera, esta flor composta tem somente florinhas do raio. Os
compartilha as qualidades de estames formam a estrutura central; não há florinhas do dis-
abertura e sensibilidade de co. A qualidade expansiva do dente-de-leão é vista não só nas
umbelíferas tais como a Angeli- flores do raio, mas também na cabeça de sementes que se dis-
ca/angélica, o Dill/aneto e a persa facilmente ao vento.
Queen Anne’s Lace/cenoura.
Eles têm qualidades similares de
ramificações múltiplas nas folhas
finamente divididas e nas copas
da flor, de caules centrais forte-
mente estruturados, e de quali-
dades aromáticas que penetram
nas folhas e nos caules. Contu-
do, embora essas plantas tenham
complexas umbelas como o
milefólio, as flores individuais são
bastante simples, ao contrário
das flores compostas do
milefólio. Assim, vemos que con-
quanto a classificação botânica
seja um guia importante para
compreendermos os gestos e
assinaturas das plantas, também
precisamos considerar aquelas
relações entre as formas que cru-
zam as fronteiras botânicas.

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Repertório das Essências Florais

Queen Anne’s Lace Daucus carota

Este membro da família das umbelíferas possui um dossel de flores brancas, e suas folhas são rendilhadas,
tal como o milefólio. Porém, as flores individuais são simples e com cinco pétalas, o que o distingue do
milefólio, com suas florinhas compostas tanto no disco como no raio.

Dentro do vasto tema da família botânica, as plantas que compartilham o mesmo
gênero têm, em sua forma, uma relação ainda mais íntima. Por exemplo, o Yarrow/
milefólio-branco (Achillea millefolium), o Pink Yarrow/milefólio-cor-de-rosa (Achillea
millefolium var. rubra) e o Golden Yarrow/milefólio-dourado (Achillea filipendulina)
são, todos três, membros do gênero Achillea. Neste Repertório, algumas essências
florais preparadas a partir de outros grupos de plantas que compartilham o mesmo
gênero são: Aesculus (Chestnut Bud, Red Chestnut, White Chestnut); Artemisia
(Mugwort, Sagebrush); Calochortus (Fairy Lantern, Mariposa Lily, Star Tulip, Yellow
Star Tulip); Dicentra (Bleeding Heart, Golden Ear Drops); Lilium (Alpine Lily,
Easter Lily, Tiger Lily); Mimulus (Mimulus, Pink Monkeyflower, Purple
Monkeyflower, Scarlet Monkeyflower, Sticky Monkeyflower); Penstemon (Mountain
Pride, Penstemon); e Rosa (California Wild Rose, Wild Rose). Convidamos o leitor
a examinar as descrições dessas essências na Parte III do Repertório, estudando como
as relações botânicas das plantas são expressas nas qualidades das essências florais.

Dentro da família das compostas, que é grande o suficiente para englobar 10% de
todas as plantas que florescem, existem também agrupamentos intermediários de
plantas, conhecidos como “tribos”. Por exemplo, os gêneros Cichorium (Chicory/
chicória) e Taraxacum (Dandelion/dente-de-leão), com somente flores de raio, per-
tencem à tribo das Cichorieae. O gênero Achillea (Yarrow/milefólio) pertence à tribo
das Anthemideae, que também inclui os gêneros Artemisia (Mugwort e Sagebrush/
artemísias), Anthemis e Matricaria (Chamomile/camomila), Tanacetum (Tancy/aneto)
e Chrysanthemum (Chrysanthemum/crisântemo, Shasta Daisy/margarida). Pode-

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O que é a Terapia Floral?

mos ver a relação do milefólio com as plantas de sua tribo. Ele tem folhas finamente
divididas como as da camomila e possui fortes óleos aromáticos como as artemísias
Mugwort e Sagebrush. O milefólio-dourado, em particular, assemelha-se fortemente
ao Tansy/aneto, com suas flores compactas, amarelas e somente de disco, e as folhas
largas e parecidas com as da samambaia.

Ao colher todas essas relações e formas vegetais a partir de nossos estudos botâ-
nicos, o que fizemos na verdade foi agrupar as várias letras do alfabeto das plantas e
começar a arranjá-las em palavras. O nosso próximo passo é descobrir as relações
dinâmicas entre essas palavras, de modo a poder construir frases significativas que
irão formar uma “linguagem das flores”.

A sintonia com a planta

Todas as observações e estudos que fazemos das plantas são importantes contri-
buições para a nossa compreensão das propriedades de uma planta, porém o todo é
ainda maior do que a soma de suas partes. À medida que começamos a vivenciar a
planta nos muitos e diferentes níveis que discutimos, desenvolve-se entre ela e nós
uma relação mais elevada, construída a partir da nossa compreensão sensorial e men-
tal; e gradualmente essa compreensão se refina, tornando-se uma percepção consci-
ente extra-sensorial e meditativa. Desse modo, podemos começar a perceber os
campos de energia sutil da planta, ouvir sua mensagem interior ou essência, e final-
mente vivenciar a planta ao nível profundo do seu ser. Tal caminho envolve mais do
que uma breve transmissão mística ou psíquica; é, em vez disso, uma relação ancora-
da e muito prática com a planta, que começa na dimensão física e só gradualmente se
torna metafísica.

Por ser esse processo de sintonia com a planta o resultado de uma longa e pacien-
te jornada de descobrimento, só nos é possível aqui, na verdade, oferecer algumas
indicações, em vez de uma descrição completa ou “receita”. Para ser precisa e exata,
a sintonia com a planta tem de ser construída sobre o alicerce da observação física,
junto com a contemplação e estudo atentos que já esboçamos acima. A seguir, vem o
estágio da imaginação, no qual é formada uma imagem interior daquilo que é obser-
vado, mas permitindo-se que essa imagem se metamorfoseie à medida que a planta se
desenvolve no tempo (p.ex., o movimento de semente a rebento, raiz, folha, botão,
flor e fruto) ou em suas relações com outras formas vegetais. O estágio seguinte é o da
inspiração, no qual há uma escuta interior das qualidades que se expressaram no
processo anterior. E por fim vem o estágio da verdadeira intuição, que é uma fusão
direta com a planta, no qual as qualidades dessa planta são experimentadas como
uma realidade interior.

Essa sintonia tem de ser repetida muitas e muitas vezes, até que a pessoa desenvol-
va a sensibilidade e clareza para compreender a mensagem da alma da planta. E tal
estudo deve tornar-se tão flexível e fluido como o próprio processo de crescimento da
planta. É somente através de uma atividade metamórfica interior desse tipo que po-
deremos compreender as relações dinâmicas entre forma e significado que estão
subjacentes aos fenômenos da vida.

Para ilustrar esse processo, vamos retomar o Yarrow/milefólio, no qual observa-
mos a qualidade sensível das folhas e flores finamente divididas, o caule e raízes forte-
mente estruturados, os óleos aromáticos e a umbela de radiantes flores compostas
brancas. Lembremos o seu forte princípio construtor da forma, seu caule robusto, a
bem estruturada copa da flor e a capacidade de conservar sua forma durante a luz e

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Repertório das Essências Florais

calor do verão. Também podemos pensar no uso do milefólio como talismã protetor
e erva para os ferimentos, bem como em outras qualidades que nosso estudo nos
levou a considerar. À medida que vamos recriando o milefólio em nossa imaginação,
talvez vejamos asas cobertas de lanugem flutuando sensivelmente no ar, com um forte
eixo central de apoio, enquanto um dossel de luz branca nos envolve com as qualida-
des da clareza, da força interior e da abertura.

Quando liberamos essa imagem e nos aquietamos internamente, talvez venhamos a
ouvir ou sentir a compaixão e a vulnerabilidade, equilibradas por sentimentos de força e
proteção. Conforme encontramos o milefólio interiormente, as polaridades sensibilida-
de/força vão buscando integrar-se dentro de nossa alma. Começa então a surgir dentro
de nossa mente uma imagem de como o milefólio poderia atuar na alma humana.

Essas impressões construídas através do estudo do milefólio têm sido desenvolvi-
das e refinadas ao longo dos anos, e checadas com os resultados empíricos fornecidos
pelas pessoas que tomaram a essência floral Yarrow. Dessa pesquisa, evoluiu um claro
perfil da essência Yarrow. (Uma descrição da pesquisa empírica é apresentada na
próxima seção.)

A essência floral Yarrow ajuda aqueles que se sentem “vulneráveis” (literalmente:
“capazes de ser feridos”) às influências dos outros e do ambiente. Ela “recostura” a
aura demasiado porosa — a aura é o envoltório de energia vital que cerca e protege o
corpo. A essência floral Yarrow promove o equilíbrio entre as qualidades venusianas
do corpo astral, que são demasiado sensíveis, e os bem ancorados vigor e estabilidade
marcianos das forças físicas e etéricas. Encoraja um saudável senso do Eu, conceden-
do o vigor, a integridade e a clareza de consciência que são típicos dos membros da
família das compostas.

A essência Yarrow é particularmente útil para terapeutas, curadores e aconselha-
dores cuja compreensão e compaixão naturais podem fazê-los “absorver” as tensões
e problemas de seus clientes. Essa essência também é largamente indicada para pes-
soas afligidas por variadas formas de sofrimento psíquico, hipersensibilidade, reações
alérgicas pronunciadas e persistentes distúrbios do sistema imunológico. Yarrow faci-
lita a integridade e o vigor próprios de uma saudável estrutura do ego, ao mesmo
tempo em que capacita a alma a conservar sua sensibilidade e receptividade inatas. É
uma essência extremamente importante para a nossa épo-
ca, devido ao ritmo veloz da abertura espiritual e psíquica
que ocorre ao mesmo tempo em que as forças
ambientais e sociais ameaçam sobrecarregar,
endurecer ou aniquilar as capacidades sensí-
veis da alma humana.

Uma questão que surge com freqüên-
cia é se a assinatura de uma planta ex-
pressa o “problema” ao qual ela se diri-
ge, ou a qualidade que é a “solução” do
problema. Isso nos faz recordar nossa discussão
anterior acerca dos semelhantes, dos contrários
e da União dos Opostos. Relembrando que as essên-
cias florais incorporam uma polaridade de opostos, tor-
na-se compreensível que a forma física da planta possa
expressar um lado ou o outro — ou ambos — da polarida-

50

O que é a Terapia Floral?

de. No milefólio, experimentamos a sensibilidade de alma na abertura da planta à luz e
ao ar através de suas folhas finamente divididas e de seus óleos voláteis; mas também
sentimos a força e estabilidade de sua forma, a sensação de proteção de sua umbela
branca e a integridade do Eu que caracteriza a família das compostas. Assim, o milefólio
integra em sua forma ambos os lados dessa polaridade.

Nossos testes com as essências Pink Yarrow e Golden Yarrow, em comparação
com a Yarrow, também confirmaram que as variações na cor e na forma se exprimem
nas qualidades das essências florais dessas plantas botanicamente aparentadas. O
Pink Yarrow/milefólio-cor-de-rosa é a Achillea millefolium var. rubra, uma varieda-
de do Yarrow/milefólio comum, a Achillea millefolium. Relembramos que ele é
semelhante na forma ao milefólio-branco, mas suas características flores de um pro-
fundo rosa-magenta sugerem uma qualidade mais emocional do que o branco puro
das flores do milefólio comum. A essência Pink Yarrow é usada em situações de
sensibilidade emocional excessiva, quando absorvemos as emoções dos outros ou
permitimos que a astralidade de nossa alma “sangre” e se funda com os outros.

Já o Golden Yarrow/milefólio-dourado é uma espécie diferente dentro do gênero
Achillea, a Achillea filipendulina. Em comparação com os outros milefólios, ele é
maior, com folhas mais fortes e semelhantes às da samambaia. Sua copa de flores
douradas é mais firmemente unida, e as flores enfatizam as florinhas do disco central,
parecendo o Tansy/tanaceto. Contudo, ao contrário do tanaceto que cai por terra
logo após florescer, o milefólio-dourado tem a característica qualidade dos milefólios
de sustentar a forma, e é menos pungente.

Podemos agora desenvolver uma imagem das polaridades com as quais trabalha o
milefólio-dourado. A compacta estrutura floral e a estabilidade da forma expressam
um gesto para dentro; enquanto a estrutura aberta das folhas e a brilhante cor amare-
lo-ouro das flores sugerem uma qualidade que se irradia para fora. A essência floral
Golden Yarrow integra as polaridades de introversão e extroversão, bem como as da
sensibilidade e força protetora. É freqüentemente indicada para atores e artistas
performáticos cuja sensibilidade criativa torna-os demasiado vulneráveis em suas re-
presentações públicas.

Há ainda uma outra essência de milefólio no Repertório, a Yarrow Special For-
mula, que se distingue não pela espécie da planta usada mas pelo método de prepa-
ração. Essa fórmula foi especialmente desenvolvida a pedido de terapeutas europeus
após o desastre na usina nuclear de Chernobyl em 1986, para neutralizar os efeitos
da radiação no corpo etérico humano. A radioatividade, que é a destruição da estrutu-
ra física da matéria a nível dos átomos, representa a própria antítese das forças
formativas etéricas, que são as forças construtoras das estruturas vivas. O milefólio
contém sais de potássio que o ajudam a manter a integridade de sua própria estrutura.
Para aumentar esse forte processo salino de intensificação da forma, a Yarrow Special
Formula é especialmente dinamizada por flores da Achillea millefolium numa base
de água salgada do mar. Desse modo, a Yarrow Special Formula fortalece e mantém
as forças formativas etéricas que dão vigor e integridade à aura humana. Embora não
substitua os cuidados médicos, ela é capaz de neutralizar os efeitos desintegradores da
radiação sobre os campos energéticos humanos, quer essa radiação venha por preci-
pitação radioativa, raios x, televisores, monitores de computadores, campos eletro-
magnéticos ou outros perigos ambientais da vida contemporânea.

Não nos é possível, nesta visão geral do assunto, apresentar perfis completos de

51

Repertório das Essências Florais

todas as plantas usadas no preparo das essências do Repertório; oferecemos, porém,
esses poucos exemplos dos métodos que utilizamos em nossos estudos das plantas.
Nós o fazemos não só para abrir ao leitor uma pequena janela sobre o nosso trabalho
de campo com as plantas, mas também com a esperança de que mais pessoas sejam
inspiradas a unir-se ao trabalho, ainda embrionário, de desenvolvimento de uma ciên-
cia viva que possa compreender as formas e processos da Natureza como uma lingua-
gem que fala à alma humana.

Tal pesquisa das essências florais requer uma investigação realmente interdisciplinar.
Ela envolve elementos de inúmeros campos de estudo, incluindo agricultura, astrolo-
gia, astronomia, biologia, botânica, ecologia, filosofia, física, fitoterapia, geologia,
geomancia, matemática (especialmente a geometria), medicina, meteorologia, nutri-
ção, psicologia, química, sociologia, e expressões artísticas tais como a poesia, a
pintura e a música. Além desses estudos “externos”, o autoconhecimento e o desen-
volvimento interior são necessários para o estudo das essências florais. Só um amplo
esforço cooperativo que transponha as fronteiras tradicionais entre os vários ramos
especializados do conhecimento será capaz de abranger o pleno significado da pesqui-
sa sobre as essências florais.

Estudos Clínicos das Essências Florais

Estudos de casos

Como podemos ter certeza de que nossos estudos das plantas produzem descri-
ções precisas das qualidades das essências florais? Não importa quão sinceramente
nos esforcemos por obter clareza e deixar de lado as idéias preconcebidas e as pro-
pensões, permanece o fato de que os seres humanos são falíveis. As possibilidades de
erro ou distorção são grandes, particularmente numa disciplina tão pioneira quanto a
pesquisa das mensagens anímicas das flores. Se queremos aplicar o espírito da ciência
em nosso trabalho, precisamos desenvolver um processo de verificação sistemática
dos insights que recebemos a partir dos nossos estudos das plantas.

O meio mais básico para a verificação das qualidades das essências florais é a
compilação dos relatos de casos fornecidos pelos terapeutas e usuários de essências
florais que documentam suas experiências. Embora possam ser descartadas pela ciên-
cia rigorosa, tais “evidências biográficas” servem como valiosas fontes de informa-
ções. Na verdade, essa abordagem empírica (ou seja, baseada na experiência) não
somente é a forma mais comum de pesquisa das essências florais, como também é a
única base pela qual a medicina homeopática tem sido verificada ao longo dos dois
últimos séculos.

Assim como o preparador de essências florais necessita tornar-se um cientista de
campo (fazendo uma cuidadosa observação das plantas usadas nas essências florais e
vendo como as partes individuais da planta formam uma expressão do todo), também
o praticante de terapia floral precisa aprimorar suas habilidades enquanto observador
científico, começando com as observações básicas das características físicas do clien-
te, tais como entonação de voz, linguagem corporal, expressão facial e sintomas
físicos. Um quadro vivo da pessoa em evolução pode ser então criado, incluindo sua
história de vida, suas aspirações e desafios, bem como seus pensamentos e sentimen-

52

O que é a Terapia Floral?

tos. Tal como a planta, que é constantemente observada nos seus vários estágios de
crescimento, a alma também caminha através do tempo e seu progresso precisa de
revisão periódica. Desse modo, os estudos de caso mais bem-sucedidos são os longi-
tudinais, que se estendem por numerosos meses e incorporam diversas combinações
de essências florais e diversos ciclos de crescimento da alma.

Todos os terapeutas podem observar e documentar os efeitos das essências florais
em seus clientes, cultivando gradualmente a disciplina da observação científica. Esta é
uma habilidade fundamental e necessária para a pessoa se tornar perita na seleção de
essências florais e na avaliação dos resultados de suas escolhas. É indispensável que o
terapeuta perceba e registre os efeitos das essências a fim de apoiar e orientar o
desenvolvimento do cliente. Com freqüência, entre uma visita e outra os clientes es-
quecem uma questão perturbadora ou uma situação dolorosa que deixou de pressioná-
los. Boas anotações de caso permitem ao terapeuta lembrar ao cliente o progresso
que tem sido alcançado, ou reexaminar questões que ainda constituem desafios.

A hábil observação e a manutenção de registros também são fundamentais para a
coleta dos dados empíricos, os quais constroem o corpo estabelecido da pesquisa
floral e reportam ou verificam os novos insights sobre as qualidades e efeitos das
essências. Se tomarmos um caso isolado, ele pode parecer insignificante ou não con-
clusivo, já que os relatos de caso são necessariamente filtrados através das capacida-
des perceptivas tanto do terapeuta como do cliente. Porém, com muito cuidado e um
conjunto de dados suficientemente grande, podemos gradualmente discernir um pa-
drão sob o qual uma essência específica age.

A pesquisa empírica é extraordinariamente amplificada quando se pode comparti-
lhar os casos e se fazer referências cruzadas a partir de muitas fontes. Para esse
propósito, a Flower Essence Society desenvolveu formulários de estudo de caso que
cobrem os aspectos mais significativos da terapia floral. Esses estudos de caso são
organizados e inseridos em nosso banco de dados computadorizado, passando depois
por indexações cruzadas dentro de uma ampla variedade de fenômenos terapêuticos.
Alguns dos mais significativos estudos de caso têm sido submetidos ao FES Practitioner
Certification Program (Programa de Certificação de Terapeutas), que se segue ao
FES Practitioner Training Program (Programa de Treinamento de Terapeutas). Os
candidatos ao certificado, qualificados através do programa de treinamento, precisam
completar pelo menos três casos profundos e detalhados e um ensaio correlato, que
demonstrem sua manutenção de registros e suas habilidades de observação. O peso
cumulativo desses casos e de outros casos que nos foram submetidos por inúmeros
terapeutas do mundo todo, juntamente com entrevistas profundas e detalhadas e
outros levantamentos, formam a espinha dorsal da nossa compreensão empírica das
qualidades das essências florais. Esses dados também podem vir a ser a base para se
projetar outros estudos que satisfaçam os parâmetros profissionais do rigor científico.

Estudos clínicos controlados

O parâmetro convencional para a verificação científica da eficácia dos remédios
envolve estudos com placebos e procedimentos de duplo-cego. Como descrevemos
antes, em tais estudos dois ou mais grupos são testados, um deles pelo menos com
um placebo inerte e um ou mais com as substâncias a serem testadas. O procedimen-
to é “duplo cego” porque nem as pessoas testadas nem aquelas que administram os
testes sabem qual grupo usa o placebo e qual grupo usa o remédio em teste.

Rigorosos estudos duplos-cegos com as essências florais ainda estão por ser reali-

53

Repertório das Essências Florais

zados, em parte devido à falta de verbas e interesse na comunidade científica, mas
também devido a certos problemas que surgem quanto aos procedimentos. Na maio-
ria dos testes controlados é administrado um remédio padrão ou uma combinação
padrão de remédios a cada pessoa do grupo de teste. Essas pessoas são geralmente
selecionadas porque sofrem de uma mesma doença ou conjunto de sintomas. No
entanto, é da natureza da terapia floral que as essências sejam selecionadas especifica-
mente para cada indivíduo, como resultado de uma entrevista com o terapeuta. Pesso-
as com os mesmos sintomas físicos ou emocionais podem precisar de essências muito
diferentes; por exemplo, há várias essências para os diversos tipos de depressão.
Assim, uma combinação floral específica talvez não seja benéfica para a maioria dos
indivíduos do grupo de teste, não porque as essências em si sejam ineficazes, mas
porque aquela combinação não continha as essências mais apropriadas e eficazes
para cada pessoa. Por isso, permanece o desafio de provar a validade das essências
florais para um grupo aleatório, como geralmente é exigido para os testes duplos-
cegos.

Um outro dilema é o desenvolvimento de procedimentos e questionários para
testes e avaliações que satisfaçam os parâmetros profissionais e, ainda assim, sejam
também apropriados às mudanças emocionais e psico-espirituais típicas do uso das
essências florais. Muitos testes psicológicos são elaborados tendo em vista as altera-
ções sintomáticas, e talvez não detectem um crescimento anímico mais sutil e de
longo prazo. Existe uma tensão inerente entre a exigência da metodologia científica
convencional por resultados que sejam quantitativamente mensuráveis, e a necessi-
dade de uma hábil avaliação das experiências qualitativas que caracterizam o uso das
essências florais. A Flower Essence Society está pronta para auxiliar todos os poten-
ciais pesquisadores e organizações a projetar rigorosos estudos científicos que ve-
nham a atender com sucesso os critérios necessários para a aceitação profissional,
mas que ao mesmo tempo permaneçam apropriados à natureza dos fenômenos rela-
cionados às essências florais.

Os estudos controlados podem ser importantes para difundir o valor e a validade
das essências florais aos profissionais e às autoridades reguladoras, e podem dar uma
real contribuição para o conhecimento dos fenômenos ligados às essências florais.
Contudo, tais métodos de verificação talvez sejam limitados quanto a sua capacidade
de realmente acessar e mensurar as mudanças profundas nos sentimentos e na cons-
ciência humana. Portanto, o caminho da pesquisa científico-espiritual no que se refe-
re à terapia floral pode e deve sempre depender das habilidades treinadas de percep-
ção do terapeuta que trabalha ativamente com os seres humanos ou outros seres vivos
num ambiente terapêutico.

A Pesquisa sobre os Fenômenos da Energia Sutil

O desafio de estudar os remédios vibracionais

Além dos estudos controlados, o outro método convencional para validar os remé-
dios naturais é estudar seus constituintes e seu modo de operação no organismo
humano. Este é o grande desafio no caso das essências florais, pois elas têm uma
natureza vibracional. Se a pessoa realiza um estudo das substâncias reais das essên-

54

O que é a Terapia Floral?

cias florais, verá que a análise bioquímica não produz resultados significativos. Os in-
gredientes físicos das essências — água, álcool e uma infusão extremamente diluída de
flores — não conseguem explicar seus efeitos benéficos. Sua ação reside em forças
sutis não diretamente perceptíveis aos sentidos físicos e, portanto, não mensuráveis
por qualquer aparelhagem física.

Em conseqüência, a autenticidade dos remédios sutis não pode ser determinada
pelos estudos científicos típicos, baseados em paradigmas mecanicistas que ignoram a
existência de campos de força além da dimensão física. Essa limitação tem implica-
ções filosóficas e médicas, e conseqüências legais e sociais bastante concretas. Os
remédios vibracionais, tais como essências florais e remédios homeopáticos, talvez
sejam rejeitados pelos órgãos profissionais e reguladores não por lhes faltar eficácia,
mas porque é impossível testar essas substâncias através de metodologias que foram
criadas para testar os remédios baseados na bioquímica. Assim, para que a terapia
floral ganhe maior aceitação e os terapeutas tenham sólidos conhecimentos dos re-
médios sutis preparados a partir de plantas, é fundamental desenvolver novos méto-
dos de perceber e testar as qualidades dessas plantas.

Precisamos descobrir métodos que possam transpor o abismo existente entre a
experimentação científica convencional, cujas premissas materialistas excluem os fe-
nômenos da energia sutil, e os métodos de pesquisa puramente espirituais, que de-
pendem tão-somente da consciência do investigador. Tais métodos intermediários
não irão substituir o aprimoramento das nossas habilidades de observação e percep-
ção do mundo físico e das outras dimensões. Contudo, essas técnicas de pesquisa são
potencialmente importantes não só como uma forma de demonstração para aqueles
que questionam a realidade das essências florais, como também um meio de verificar
e clarificar os insights provenientes da pesquisa espiritual direta.

Detectando as energias sutis

Um trabalho preliminar vem sendo feito com várias técnicas de pesquisa que inves-
tigam diversos fenômenos físicos quantificáveis, indicando a presença de campos
energéticos sutis. Tal como rastrear uma pessoa invisível através da neve seguindo as
suas pegadas, esses métodos são um meio de perceber os efeitos de forças invisíveis
sobre fenômenos perceptíveis aos sentidos. Esses efeitos podem ser então observa-
dos, mensurados e interpretados de acordo com os parâmetros científicos convencio-
nais. Estudar os efeitos físicos do invisível é exatamente o procedimento usado na
física subatômica para estudar os fenômenos que estão ocultos tanto aos sentidos
humanos como aos instrumentos científicos.

Cristalizações sensíveis

A cristalização sensível é um método de testar a energia sutil, no qual várias subs-
tâncias orgânicas são adicionadas a uma solução de cloreto de cobre com a finalidade
de produzir padrões distintos de cristalização, de acordo com a natureza da substân-
cia. Esse método teve como pioneiro o cientista Dr. Ehrenfried Pfeiffer, já falecido,
aluno de Rudolf Steiner e um dos que desenvolveram a agricultura biodinâmica na
América do Norte. Pfeiffer conseguiu usar o método de cristalizações sensíveis para
investigar a seiva e os sucos vegetais, como uma indicação da vitalidade da planta.
Também trabalhou com amostras de fluidos humanos tais como o sangue, e foi capaz
de utilizar as cristalizações sensíveis na detecção precoce de várias doenças. Isso tor-
nou-se possível porque os padrões de cristalização foram aparentemente influencia-
dos não só pela estrutura física da substância adicionada à solução, mas também por

55

Repertório das Essências Florais

suas forças etéricas, o campo de energia vital que indica um estado de saúde ou
doença antes que este se manifeste no corpo físico.

A capacidade de Pfeiffer de interpretar o significado dos padrões de cristalização do
cloreto de cobre estava baseada em muitos anos de pesquisas exatas, nas quais ele
examinou centenas de testes de extratos vegetais e sangue humano. Foi então capaz
de desenvolver uma linguagem da forma que podia indicar com confiabilidade algo
sobre a substância em teste. Infelizmente, o método de Pfeiffer não parece ser sensí-
vel o suficiente para registrar os remédios vibracionais.

Porém, um pesquisador na Europa está desenvolvendo, um novo método, mais
sensível, que parece ser capaz de diferenciar os vários remédios homeopáticos e as
essências florais. Mas, em comparação com o trabalho de Pfeiffer, essa pesquisa está
ainda num estágio muito preliminar. Até este momento, ainda não se completaram
testes suficientes para confirmar se as variações nos padrões de cristalização se devem
às propriedades dos próprios remédios ou a uma infinidade de outras variáveis, tais
como influências ambientais ou procedimentos laboratoriais.

Se futuros testes puderem estabelecer que cada essência floral produz um padrão
distinto e reconhecível, talvez tenhamos então importantes evidências de que cada
essência floral carrega em si um padrão energético específico, fato este que não pode
ser demonstrado pela análise química convencional. Mas, mesmo que isso seja feito,
ainda teremos muitas pesquisas pela frente até sermos capazes de usar as cristaliza-
ções sensíveis para produzir alguma informação significativa sobre as propriedades
das essências florais. Precisaremos antes criar uma quantidade suficiente de dados a
fim de que os padrões de cristalização possam ser correlacionados com as qualidades
das essências florais. Até que esse trabalho paciente e metódico seja feito, não tere-
mos nenhuma base para interpretar a “linguagem” dos padrões de cristalização.

Fotografia kirlian

Um outro método de demonstrar os campos de energia é o da fotografia kirlian,
assim chamada por causa de seus criadores, os pesquisadores russos Semyon e Valentina
Kirlian. Eles usaram cargas elétricas de alta voltagem para tornar visíveis em imagens
fotográficas os campos energéticos de plantas e seres humanos. Embora as forças
etéricas não sejam iguais às forças elétricas ou magnéticas, as energias etéricas pare-
cem realmente ser capazes de influenciar os campos eletromagnéticos. Esta é uma
outra situação em que as energias sutis deixam suas “pegadas” no mundo físico.

A fotografia kirlian foi popularizada na década de 1970 por dois livros: Psychic
Discoveries Behind the Iron Curtain (Descobertas Psíquicas por trás da Cortina de Ferro),
de Sheila Ostrander e Lynn Schroeder, e The Kirlian Aura (A Aura Kirlian), organizado
por Stanley Krippner e Daniel Rubin, que apresentava na capa o famoso “fantasma” de
uma folha cortada. Devido às dificuldades em obter resultados verificáveis e repetíveis, o
interesse por essa metodologia declinou nos anos recentes. De todo modo, alguns promis-
sores resultados preliminares têm sido obtidos por pesquisadores que tiraram fotos kirlian
de frascos de essências florais, bem como das pontas dos dedos de pessoas que tomaram
diferentes essências. Embora esses experimentos aparentemente revelem padrões fotográ-
ficos distintos para cada essência, alertamos que muitos testes ainda serão necessários para
confirmar essas descobertas e tornar possível uma interpretação daquilo que os padrões
indicam acerca das propriedades das essências florais.

Assim como Pfeiffer precisou repetir seus experimentos muitas vezes a fim de esta-

56

O que é a Terapia Floral?

belecer as correlações exatas entre os padrões de cristalização e suas indicações, tam-
bém a pesquisa de essências florais, usando técnicas tais como as mencionadas acima,
irá requerer resultados que possam ser duplicados de modo independente por diferen-
tes laboratórios e correlacionados definitivamente com essências específicas. A Flower
Essence Society encoraja os pesquisadores a continuarem a desenvolver as cristaliza-
ções sensíveis e a fotografia kirlian como ferramentas para a pesquisa de essências
florais.

Há também muitas outras técnicas que utilizam mensurações físicas dos efeitos das
energias sutis e se mostram promissoras para a pesquisa de essências florais. Algumas
delas estão sucintamente descritas abaixo, com a esperança de que pesquisadores em
potencial se sintam inspirados a investigar essas áreas.

Geometria das plantas e padrões celestes

Lawrence Edwards, matemático escocês, estudou a relação geométrica das formas
das plantas com as forças que moldam o crescimento delas. As pesquisas iniciais nesta
área indicaram a correlação dessas forças com os movimentos orbitais da Lua e dos
planetas. Uma maior documentação dessas correspondências talvez ajude a verificar
as associações folclóricas das plantas com as influências planetárias e com suas pro-
priedades correlatas.

Efeitos no crescimento das plantas

Alguns remédios homeopáticos foram testados através da mensuração de seus efei-
tos no crescimento das plantas. Este método poderia ser aplicado às essências florais,
mas sabendo-se de antemão que tal estudo estaria limitado a demonstrar apenas os
efeitos das essências florais sobre a vitalidade física e etérica. Pois tais testes não abor-
dam o impacto das essências florais sobre a vida mental e emocional do ser humano.

Aparelhos de testes

Alguns terapeutas usam aparelhos de diagnóstico que mensuram o distúrbio relati-
vo dos diversos meridianos e sistemas orgânicos. Outros terapeutas usam métodos
diretos, tais como o diagnóstico de pulso. A experiência clínica demonstra que as
essências florais irão equilibrar certos distúrbios. As pesquisas talvez sejam capazes de
estabelecer padrões consistentes, tal como verificado por esses procedimentos de
diagnóstico. Embora tais mensurações possam não indicar as plenas dimensões da
transformação anímica a longo prazo, a qual é possível com a terapia floral, poderão
ao menos confirmar que alguma mudança real de curto prazo ocorreu nos campos
energéticos da pessoa.

Dinamólise capilar

O método da dinamólise capilar, também conhecido como cromatografia, foi ins-
pirado por Rudolf Steiner e desenvolvido por Lilly e Eugen Kolisko no início deste
século. O método Kolisko consiste em combinar um extrato vegetal com um sal metá-
lico, tal como o nitrato de prata, e deixá-lo subir verticalmente num cilindro de papel-
filtro. Forma-se um padrão ou imagem, que é uma indicação das forças em ação no
extrato. Extratos vegetais têm sido testados para verificar a vitalidade de plantas medi-
cinais e alimentares; fluidos humanos têm sido testados para detectar estados de do-
ença. É possível que esta técnica, até agora usada com extratos físicos, possa ser
adaptada de modo a indicar algumas propriedades de remédios potencializados, tais
como as essências florais.

57

Repertório das Essências Florais

A técnica da gota d’água

A técnica da gota d’água, desenvolvida por Theodor Schwenk, é outra maneira de
tornar visíveis as forças etéricas. Ela tem sido usada para testar a vitalidade da água
potável, ou de outros líquidos, através da observação dos padrões ondulatórios que se
produzem à medida que uma série de gotas de água cai na superfície de um líquido.
Talvez pudesse ser desenvolvido um método similar, que indicasse as mudanças
vibracionais que ocorrem na água como resultado de ela ter sido potencializada com
uma essência floral.

As técnicas descritas acima talvez precisem de um maior aperfeiçoamento e orga-
nização, de modo a detectarem toda a amplitude dos efeitos produzidos pelas essên-
cias florais. A Flower Essence Society está altamente interessada em promover e
encorajar pesquisas com métodos de verificação que detectem a presença de campos
energéticos sutis nas essências florais. Já demos alguns passos iniciais em tais pesqui-
sas, e acolhemos entusiasticamente a participação de outros praticantes e pesquisado-
res ou suas sugestões.

Programa de Pesquisas

da Flower Essence Society

Está claro que, na nossa cultura, a investigação científica é ainda a forma predomi-
nante de verificar a verdade e, portanto, é um pré-requisito para a aceitação da realida-
de das essências florais pelo público em geral bem como pelos profissionais e autorida-
des governamentais. Mas, mesmo entre aqueles que estão convencidos da eficácia das
essências florais através de sua própria experiência, a pesquisa científica das essências
é igualmente importante para clarificar seus conhecimentos sobre as qualidades das
essências e princípios pelos quais elas atuam.

Embora muito tenha sido feito, consideramos que nossos dezesseis anos de esfor-
ços na pesquisa de essências florais são apenas um modesto começo. Estimulamos os
leitores a considerarem a possibilidade de participar do Programa de Pesquisas da FES
através de qualquer uma dentre as várias opções, incluindo:

1. Ampla e detalhada documentação do uso das essências florais com clientes ou
no lar. Este é o alicerce de todo o conhecimento sobre as essências florais; encoraja-
mos todos os terapeutas e usuários de essências florais a envolver-se neste nível de
pesquisa. A pedido, a FES fornecerá formulários para estudos de caso.

2. Compartilhar os insights e observações sobre as diversas essências que você
tenha usado ou indicado para os outros. Isso pressupõe manter anotações gerais e
buscar as tendências e padrões gerais em seu uso das essências florais.

3. Desenvolver estudos clínicos controlados das essências florais.

4. Estudos das propriedades sutis das plantas, com base nos princípios da ciência
espiritual.

5. Desenvolver pesquisas para detectar, analisar e interpretar a presença de forças
sutis nas essências florais.

Para ajudá-lo a participar do Programa de Pesquisas da FES, nós o convidamos a
preencher e enviar-nos o formulário de relato encontrado junto à terceira-capa. Se seu
exemplar do Repertório não tiver o formulário, teremos o maior prazer em lhe forne-
cer cópias.

58

O que é a Terapia Floral?

Três

Como são selecionadas
as essências florais?

Quando começamos a nos relacionar com as essências florais, é comum nos sentir-
mos assoberbados pelo fato de haver tantas possibilidades. Como podemos escolher
as essências mais apropriadas para nós mesmos, nossos amigos ou clientes? Seja nos
cuidados com a saúde em casa ou na clínica, os elementos-chave são os mesmos.
Precisamos conhecer a nós mesmos ou aqueles a quem estamos ajudando, e precisa-
mos conhecer a linguagem de alma das essências florais.

Identificando as Questões Principais

Criar um diálogo

O primeiro passo num processo de seleção é identificar as questões-chave da alma.
O melhor meio de fazê-lo é através do diálogo — uma conversa com o outro ou um
exame interior que nos ajuda a entrar em contato com nossos sentimentos mais
profundos. Em ambos os casos, o sucesso na escolha das essências florais apropria-
das depende da nossa capacidade de sermos honestos e abertos a respeito de nós
mesmos.

Às vezes, as questões da alma com as quais precisamos lidar são facilmente visí-
veis. Contudo, o mais freqüente é que a identificação dessas questões exija uma certa
investigação. É possível que percebamos de início uma sensação geral de mal-estar,
mas sem sermos capazes de distinguir problemas específicos. Ou talvez estejamos
mais conscientes do mal físico e precisemos perceber a mensagem interior dos nossos
sintomas. Ou podemos sentir frustração ou sobrecarga, mas nos faltar insight nas
causas subjacentes.

O desenvolvimento da percepção consciente dentro do processo de auto-reflexão
ou aconselhamento pode ser auxiliado por um processo de interrogação. Algumas
boas perguntas iniciais são: “Qual é meu propósito na vida, e como esse propósito se
reflete no meu trabalho diário? Qual é meu próximo passo na vida? Como eu me sinto
a respeito do meu relacionamento com os outros? Quais lições eu estou aprendendo
neste exato momento?” O próprio processo de interrogação contribui para uma atitu-
de interior meditativa, de modo que a pessoa pode começar a observar mais eficaz-
mente a vida de sua alma e escolher prioridades de desenvolvimento.

A importância de fazer perguntas é ilustrada pela história de Percival e sua busca
do Santo Graal. Quando chega ao castelo de um rei enfermo, Percival esquece de
perguntar-lhe, “Irmão, o que te aflige?”, e assim perde a oportunidade de ser um
agente de cura. Aquele rei possuía o Graal, mas não poderia usufruir de seu poder até

59

Repertório das Essências Florais

que a pergunta fosse feita. A capacidade de ouvir, observar e interrogar é fundamental
em todo processo de seleção de essências florais.

Questões da alma — passado, presente e futuro

É útil que o desenvolvimento das questões da alma seja considerado à luz das expe-
riências passadas, em relação às circunstâncias atuais e em termos de sua influência
sobre o futuro. As experiências emocionais da infância ou qualquer episódio significa-
tivo ocorrido em fases passadas da vida podem ser chaves para a compreensão dos
nossos sentimentos e reações atuais. Ao trazer para a luz da consciência essas partes
freqüentemente reprimidas da nossa história pessoal, é possível identificar as atitudes e
padrões emocionais que estão por trás dos desafios da vida presente. Tais questões
podem envolver experiências de abandono, negligência ou abuso; podem incluir nossa
resposta às expectativas dos pais ou da sociedade, ou profundos sentimentos de raiva,
desespero ou pesar que a alma carrega desde os primeiros momentos de sua encarnação.

É igualmente importante rever a vida da alma no momento presente, particular-
mente para examinar as áreas cruciais do trabalho e dos relacionamentos pessoais. Se
fizermos um inventário honesto dessas duas áreas-chave da nossa vida, é muito pro-
vável que venhamos a descobrir uma grande quantidade de questões anímicas que
merecem atenção.

Além de avaliar os problemas e desafios do passado e do presente, é vital conside-
rarmos os objetivos futuros. Podemos fazer perguntas tais como, “Como eu gostaria
que fosse minha vida daqui a cinco (ou dez) anos? Quais potenciais interiores eu
gostaria de trazer à tona e desenvolver na minha vida? Quais obstáculos se interpõem
no caminho da realização dos meus objetivos?” Tais perguntas nos permitem identifi-
car aquelas questões que podem levar avante o desenvolvimento da alma, rumo ao
seu destino maior.

A biografia de cada pessoa narra uma jornada singular da alma. Através da escuta
sensível podemos discernir não só as enfermidades ou problemas específicos do mo-
mento mas também intuir toda a correnteza do nosso destino, à medida que ele vai
jorrando do passado, fluindo através do momento presente e correndo em direção às
suas possibilidades futuras.

Selecionando as Essências Apropriadas

Aprender sobre as essências florais

Uma vez determinadas as principais questões da alma, o próximo passo é selecio-
nar as essências florais que melhor se aplicam àquelas questões. Embora a quantidade
de essências florais possa parecer desencorajadora, é possível nos familiarizarmos
gradualmente com suas qualidades, começando com aquelas essências que mais nos
atraem. Podemos ler os perfis psicológicos associados às essências florais e meditar
sobre essas descrições em função daquilo que sabemos a respeito de nós mesmos e
dos outros.

Além disso, pode ser bastante útil aprendermos algo sobre as próprias plantas,
pois elas são a fonte das essências florais. Contemplar uma foto da flor, cultivá-la no

60

O que é a Terapia Floral?

jardim ou procurá-la na natureza, são coisas que podem aprofundar imensamente nos-
sa relação com a mensagem anímica de uma planta. Como ajuda ao processo de
seleção, também é muito benéfico usar imagens das plantas que deram origem às
essências. Com freqüência, as plantas que nos atraem têm um significado especial.
Além de um conhecimento das plantas específicas, a nossa vontade genérica de vivenciar
o mundo natural, e especialmente a maravilha e o mistério da vida vegetal, pode criar
em nossa alma um receptáculo para receber as mensagens curadoras das flores.

A natureza bipolar das essências florais

À medida que nos familiarizamos com as propriedades das várias essências florais,
descobrimos que elas abarcam uma ampla gama de qualidades humanas, muitas das
quais parecem contraditórias. Por exemplo, existem essências tais como Manzanita
ou California Wild Rose que nos ajudam a alcançar um relacionamento mais íntimo
com o mundo físico; contudo, essências tais como Angel’s Trumpet ou
Chrysanthemum auxiliam a alma a se desprender de sua conexão terrena. Goldenrod
ajuda-nos a nos distinguir de uma identidade grupal, enquanto Quaking Grass har-
moniza a vontade individual dentro do propósito comum do grupo. Com essas indica-
ções aparentemente paradoxais, como saber em que direção devemos seguir?

A solução para esse dilema é que não há nenhuma resposta preestabelecida. Cada
indivíduo precisa procurar o equilíbrio, fortalecendo aquelas qualidades que estão fra-
cas ou bloqueadas e moderando as que estão em excesso. Desse modo, uma pessoa
demasiado espiritualizada, com pouca conexão com o corpo, talvez precise de essên-
cias que ancorem, como Manzanita ou Clematis; enquanto a pessoa excessivamente
enredada no mundo material talvez precise de essências que elevam ou sensibilizam,
como Hound’s Tongue ou Star Tulip. O objetivo é liberar o potencial singular que
existe dentro de cada um de nós, em vez de tentar seguir um modelo externo de como
deveríamos ser.

Conforme procuramos a equanimidade de alma, aprendemos também que o equi-
líbrio não é estático. É um caminho espiral de evolução, sempre ascendendo. Cada
questão tratada com sucesso leva-nos a um novo desafio. Assim, embora num dado
momento essências tais como Centaury ou Buttercup possam ser necessárias para
uma certa pessoa desenvolver um forte senso de identidade, num outro momento
Chicory ou Heather seriam indicadas para essa mesma pessoa superar uma tendên-
cia ao egoísmo ou a preocupação excessiva com seus problemas pessoais.

As polaridades da alma também podem ser encontradas nos atributos de uma
essência individual. Por exemplo, Sunflower auxilia a pessoa que tem um ego
dominador; e também ajuda a pessoa auto-anuladora a encontrar uma identidade
mais forte do ego. Sticky Monkeyflower ajuda aqueles que são sexualmente hiperativos,
bem como aqueles que temem a intimidade sexual; em ambos os casos, ajuda a trazer
integração e equilíbrio sexuais.

Além disso, a natureza bipolar de uma essência se expressa em seu trabalho tanto
com o “problema” quanto com a “solução” de uma questão. Podemos escolher Morning
Glory para superar hábitos viciosos, ou devido a um desejo de aumentar nossa sensa-
ção de vitalidade. Sweet Pea pode ser sugerida para nossa falta de enraizamento, ou
porque estamos conscientes de um desejo de encontrar uma comunidade. Os aspec-
tos “negativo” e “positivo” dessas questões são como os dois lados de uma moeda. Na
escolha de essências, é útil nos deslocarmos de uma perspectiva para a outra, a fim de
obtermos um quadro mais completo de como as qualidades das essências florais po-

61

Repertório das Essências Florais

dem falar conosco. Nessa constante mudança de perspectiva, estamos estimulando o
processo alquímico da União dos Opostos dentro da nossa psique.

Combinando as Essências Florais

É possível, e muitas vezes desejável, combinar diversas essências florais numa fór-
mula pessoal. O efeito de uma combinação de essências pode ser maior do que o
efeito de uma essência individual, se elas se equilibrarem e se realçarem mutuamente.

Quantas essências podem ser combinadas?

Quantas essências podem ser usadas numa única combinação? Na verdade, pare-
ce que às vezes precisamos de todas elas! Entretanto, é importante lembrar que o
crescimento da alma ocorre de maneira gradual e progressiva. É melhor focalizar as
questões-chave, tendo em mente que as flores atuam como catalisadores, estimulando
todo um processo de mudança; quando as questões importantes mudam, outros pro-
blemas menores ou associados a elas também podem ser transformados.

Portanto, o melhor é não combinar demasiadas essências ao mesmo tempo, uma
vez que isso talvez confunda ou sobrecarregue desnecessariamente a psique. Embora
não se possam dar números absolutos, os praticantes relatam que as situações mais
comuns são de três a seis essências por vez. Praticantes experientes podem ser capa-
zes de habilmente combinar e estruturar fórmulas de essências florais com uma quan-
tidade grande de essências que trabalham sinergicamente. Porém, para as questões
realmente fundamentais, talvez seja melhor usar apenas uma única essência central
que possa falar de um modo mais arquetípico com o cerne da personalidade.

Podemos imaginar o repertório das essências florais como a paleta de cores de um
artista. A combinação de diversas essências pode produzir matizes belíssimos. A mis-
tura inábil de demasiadas cores cria um resultado “turvo”, sem nenhuma clareza. A
alma é a tela do artista. É preciso paciência e prática para usar com sabedoria as
“cores” das essências. Embora linhas gerais possam ser oferecidas, não há atalhos no
caminho do desenvolvimento da arte de combinar essências florais.

Os princípios da combinação de essências florais

Formular essências florais requer prática a fim de que a aptidão seja desenvolvida.
Contudo, há alguns princípios básicos que podem oferecer um ponto de partida. O
meio mais fácil de combinar essências é escolher aquelas que têm íntima afinidade
com uma questão específica, criando unidade e foco na fórmula. (Isso é particular-
mente importante quando predominam o caos e a confusão emocional.) Por exem-
plo, Wild Oat, Larch e Blackberry poderiam ser escolhidas para ajudar no tratamen-
to de questões relacionadas à realização profissional. Uma mistura de Golden Ear
Drops, Pink Monkeyflower e Mariposa Lily poderia ser usada para tratar sentimen-
tos de vulnerabilidade e abandono originados na infância.

Outro princípio mais desafiador é trabalhar com a polaridade, escolhendo essên-
cias indicadas para aspectos contrastantes do trabalho da alma. Por exemplo, Sunflower
e Star Tulip juntas numa fórmula iriam tratar o equilíbrio do masculino e feminino
interiores. Uma combinação de Yellow Star Tulip e Pink Yarrow ajudariam a pessoa
que precisa tratar as questões da sensibilidade e da compaixão, ao mesmo tempo em

62

O que é a Terapia Floral?

que esclareceria uma inadequada fusão emocional com os outros. A ação das fórmu-
las que trabalham a polaridade é trazer à luz as tensões inerentes da alma, ajudando a
esclarecer as oposições e a conduzi-las a uma resolução mais elevada. Essas fórmulas
são geralmente mais dinâmicas e exigem maior perícia na seleção e no trabalho de
acompanhamento.

Também é possível acrescentar essências a uma combinação para regular a velo-
cidade e o ritmo com que atuam as demais essências, ou para equilibrar e tonificar
os efeitos delas. Por exemplo, essências tais como Black-Eyed Susan ou Cayenne
podem ser usadas para estimular a percepção consciente ou a ação numa pessoa que
está num estado de negação ou estagnação. Essências tais como Self-Heal ou Yerba
Santa podem oferecer força e conforto à pessoa que está trabalhando com questões
particularmente desafiadoras.

Outra maneira de ajustar os efeitos de uma combinação é variar a freqüência da
dosagem. Tomar as essências em intervalos curtos, como por exemplo de hora em
hora, irá intensificar os seus efeitos; enquanto que diminuir as dosagens para uma ou
duas vezes ao dia geralmente torna os efeitos mais suaves e graduais.

À medida que nos tornamos mais aptos na seleção de essências florais podemos
aplicar os princípios básicos da afinidade ou da polaridade para incluir outros elemen-
tos que atuem como fatores integrantes na fórmula floral. Esses elementos podem
incluir cor, relações botânicas, estruturas temáticas tais como passado, presente e
futuro, ou configurações geométricas básicas. A arte de combinar e estruturar com
sucesso as fórmulas florais é uma arte que pode ser desenvolvida progressivamente,
conforme vamos adquirindo insights das qualidades e da dinâmica das essências.

Algumas vezes não é possível desenvolver uma única fórmula para tratar todas as
principais questões da alma, sem sobrecarregar a combinação. Nesses casos, o me-
lhor é trabalhar seqüencialmente, começando com uma combinação que se aplique a
uma constelação de questões, e desenvolvendo outras fórmulas conforme necessário.
Para aqueles que já estão bastante aptos no uso das essências florais, é possível usar
uma ou mais fórmulas para diferentes situações. Por exemplo, poderíamos ter uma
combinação que tomamos de manhã e durante o dia de trabalho, para tratar nosso
modo de agir no mundo; e outra que tomamos quando estamos em casa à noite, para
nos sensibilizar aos nossos sentimentos e relacionamentos.

Ajustar a combinação

A combinação de essências precisa ser avaliada e ajustada conforme ocorrem as
transformações cíclicas; muito freqüentemente as essências originais continuam a ser
necessárias, mas talvez com o acréscimo de uma nova essência e a retirada de uma
outra. Noutros momentos, toda uma nova série de essências pode ser indicada. Con-
tudo, o melhor é evitar mudanças constantes na fórmula, pois isso cria confusão e
falta de continuidade no processo de cura da alma. É importante que se obtenha uma
imagem vívida de como as essências estão agindo e como as mudanças podem ser
gradual e sutilmente estimuladas através da habilidosa metamorfose de uma combina-
ção de essências florais.

Combinações já prontas

Muitos terapeutas relatam o uso de combinações-chave de essências para a abertu-
ra inicial ou trabalho a nível de acesso à terapia floral. Se tais fórmulas forem habil-
mente combinadas e estruturadas, elas terão a capacidade de tratar temas abrangentes

63

Repertório das Essências Florais

ou miasmas emocionais que talvez precisem ser clarificados antes que o trabalho espe-
cífico de desenvolvimento seja empreendido.

Contudo, devemos ter em mente que a terapia floral trata basicamente os aspectos
singulares da situação de cada pessoa. Falando de modo geral, a seleção de essências
florais precisa levar em conta a história de cada indivíduo — seus objetivos, seus
pontos fortes e seus pontos fracos, seus relacionamentos, seu trabalho e suas experi-
ências de vida — para facilitar o processo inteiro de transformação.

Trabalhando com as Essências
em Diferentes Níveis

As essências-tipo dirigidas à lição de vida e ao propósito na vida

Uma das metas mais importantes no trabalho com as essências florais é discernir a
principal questão arquetípica na vida da pessoa, e então encontrar uma única essência
floral, o remédio-tipo, que possa tratar essa questão. Pode-se fazer uma analogia com
o remédio constitucional da prática homeopática, embora seja possível a pessoa ter
mais de uma essência floral como remédio-tipo no decorrer de sua vida.

O remédio-tipo é usado para tratar tanto nossa lição de vida como nosso propó-
sito na vida. A lição de vida é uma profunda questão anímica que surge como um
tema recorrente na nossa vida. Geralmente está ligada à vivência de uma ferida emo-
cional na infância ou a um desafio que trazemos conosco nesta vida; isso irá colorir
nossa experiência em cada estágio de desenvolvimento. Se a lição de vida é aquilo
que trazemos do passado, então nosso propósito na vida é aquilo que nos orienta em
direção ao futuro. Ele é o nosso destino, o chamado interior ouvido por nossa alma
para que manifeste seu pleno potencial no mundo e preste serviço aos outros.

A lição de vida e o propósito na vida estão intimamente entrelaçados, pois muitas
vezes é conhecendo a fundo nossa lição de vida que nos tornamos capazes de cumprir
nosso propósito na vida. Nossa capacidade de curar ou servir os outros geralmente
cresce quando vivenciamos nossas próprias feridas (o arquétipo do curador ferido).
Assim, surge com freqüência uma essência que trabalha tanto a lição de vida quanto o
propósito na vida. Em alguns casos, porém, pode ser necessário usar uma essência
diferente para cada um desses aspectos, pelo menos até que se torne claro como eles
funcionam juntos.

Embora possa levar algum tempo até se alcançar a clareza para definir uma única
essência arquetípica, é benéfico, no entanto, considerar a questão da lição de vida e
propósito na vida e algumas possíveis essências como remédios-tipo. Essas essências
servem como “âncoras” nas fórmulas florais, e a elas podemos retornar periodica-
mente enquanto tratamos outras questões. Através de tal abordagem, lançamos nos-
so olhar no desenvolvimento a longo prazo da alma, em vez de nos preocuparmos
com os humores e perturbações transitórios que podem irromper de um dia para o
outro.

Quais essências florais podem ser remédios-tipo? Na verdade, qualquer essência
floral pode ser um remédio-tipo, se for usada para padrões que estão fortemente

64

O que é a Terapia Floral?

arraigados há longo tempo. A cura profunda da alma, que é possível através de um
sábio uso do remédio-tipo, requer uma disponibilidade para examinar fundamente as
questões centrais, uma aptidão para selecionar a essência apropriada e um compro-
misso com o uso a longo prazo.

Uso das essências florais a curto prazo

Embora seja importante manter o uso arquetípico das essências florais como um
objetivo máximo, é útil e geralmente necessário usar essências a curto prazo e em
situações imediatas. As descrições das lições de vida associadas a cada essência, redigidas
a partir de um nível mais arquetípico e contidas na Parte III do Repertório, precisam
ser interpretadas de modo flexível quando temos em vista o uso a curto prazo.

Por exemplo, Echinacea poderia ser escolhida como essência-tipo pelo indivíduo
cujo senso de identidade tenha sido totalmente devastado por toda uma vida de abuso
violento. Porém, essa mesma essência poderia ser usada em situações bem menos
dramáticas, tais como sustentar a auto-estima após uma demissão no emprego. En-
quanto essência-tipo, Manzanita corrige uma profunda aversão da alma pelo corpo e
pela matéria física, muitas vezes resultante de um sistema de crenças, cultural ou
religioso, excessivamente rigoroso. Porém, essa mesma essência também pode ser
usada durante a gravidez, para proporcionar à mulher uma maior aceitação das mu-
danças em seu corpo físico e para ela acolher a nova vida que está encarnando através
de si. Embora Lavender, enquanto essência-tipo, ajude a personalidade nervosa e
excitável, ela poderia ser adicionada à água do banho — junto com o óleo de alfazema
(lavender) — para nos ajudar a relaxar e preparar para dormir após um dia particular-
mente estressante.

Desse modo, as essências florais podem ser empregadas num amplo espectro de
situações, desde os desafios que nos acompanham por toda a vida até às lutas do dia-
a-dia. Contudo, seria inadequado usar as essências para “dar um jeito” em todo e
qualquer sentimento ou humor que experimentamos ao longo do dia ou da semana.
Esses sentimentos superficiais são bastante mutáveis e efêmeros, e podem afastar-nos
da oportunidade de trabalhar mais profundamente a alma. Em geral, é melhor prestar
menos atenção às ondas agitadas da superfície e assentar nosso foco sobre as corren-
tes que fluem nas profundezas da vida emocional.

Situações Especiais de Seleção

Compartilhar as essências com os outros

Quando descobrimos as essências florais, muitas vezes nosso entusiasmo faz nas-
cer em nós uma forte tentação de experimentá-las nas pessoas que conhecemos e por
quem nos interessamos, quer estas queiram ou não. Devemos lembrar que, no adulto,
é necessário alguma participação consciente na jornada de cura para que ele obtenha
um real benefício das essências. Por certo que é apropriado compartilharmos nosso
entusiasmo e nossas experiências com os outros e encorajá-los a descobrir as essênci-
as florais. Mas precisamos esperar pela resposta do outro: ele pode escolher participar
ou não; caso sua resposta seja negativa, precisamos aceitá-la. É intrusão e falta de
ética dar essências florais a uma pessoa sem seu conhecimento. Isso é uma violação

65

Repertório das Essências Florais

de seu livre-arbítrio e pode levá-la a um sofrimento emocional, para o qual não está
preparada, se sentimentos inconscientes forem trazidos à tona sem ela compreender o
que está acontecendo. Também é ineficaz dar essências a uma pessoa que concordou
de má vontade em tomá-las, só para nos agradar ou agradar um membro de sua
família. A menos que haja uma abertura interior às essências florais, não temos o
direito de esperar que uma pessoa se disponha a examinar sentimentos dolorosos ou
fazer mudanças difíceis.

Crianças

Uma vez que as crianças ainda não desenvolveram a estrutura do ego ou a
autopercepção consciente do adulto, é apropriado que seus pais ou outros responsá-
veis escolham as essências para elas. De todo modo, é útil envolver as crianças, tanto
quanto possível, na seleção e no uso das essências. Em geral elas querem muito tomar
suas “flores em gotas” e freqüentemente irão lembrar os pais na hora da próxima
dose. Como as capacidades conceituais das crianças pequenas ainda não estão desen-
volvidas, não é necessário explicar-lhes em detalhe as questões emocionais relaciona-
das a cada essência. É mais adequado dizer-lhes algo como, “Os florais vão ajudar
você a se sentir melhor” ou “Nós estamos lhe dando os florais para ajudar você a
relaxar e dormir de noite”.

Quando selecionamos essências para crianças, precisamos de uma variedade de
métodos para discernir as questões com as quais elas estão se debatendo. Um método
que dá bons resultados é pedir à criança que faça um desenho e depois conte a
história associada a ele. Inúmeros terapeutas infantis usam a terapia junguiana do
“jogo de areia” como um meio de envolver a criança numa atividade que expresse as
camadas mais profundas da psique. Naturalmente, é útil conversar direto com a crian-
ça, bem como com seus pais, outros membros da família e professores, para se obter
uma compreensão mais completa da sua situação. Porém, essas conversas não devem
substituir a hábil observação daquilo que a criança revela diretamente através da arte,
dos jogos, da linguagem corporal, do tom de voz e do comportamento.

Freqüentemente os conflitos que a criança vivencia são reflexos de uma tensão e
uma luta mais profundas no sistema familiar. É importante considerar se há conflito
conjugal ou uma família desfeita, violência ou abuso de drogas ou álcool, um padrão
de repressão e desonestidade emocionais, ou expectativas por parte dos pais de que a
criança satisfaça suas necessidades ou carências não preenchidas. A situação ideal
seria que toda a família examinasse suas questões por intermédio da terapia floral. Se
a família não está receptiva às essências, um esforço deve ser feito para, no mínimo,
envolver os membros da família no aconselhamento ou exame dos conflitos que pos-
sam estar afetando a criança.

Animais

As essências florais são usadas com muito sucesso nos animais, tanto nos cuidados
em casa como na clínica veterinária. Nesses casos, o processo de seleção deve ser
modificado. A pessoa que seleciona as essências precisa conhecer o animal suficiente-
mente bem para ser capaz de identificar seus humores e atitudes emocionais. Nos
animais, a alma se expressa por meio dos comportamentos, de modo que o coice do
cavalo, o arranhão do gato e o rosnado do cachorro são demonstrações de sentimen-
tos específicos. É importante, por certo, distinguir aquilo que é natural e instintivo
num animal e aquilo que é excessivo e fora de equilíbrio. A arte de selecionar essênci-
as consiste em interpretar as qualidades da essência em função das vivências do ani-

66

O que é a Terapia Floral?

mal e de seus estados de alma. Podemos ser bem-sucedidos na medida em que formos
capazes de sentir empatia por um animal enquanto ser vivo, em vez de meramente vê-
lo como um objeto que atende as necessidades humanas. Algumas sugestões úteis
podem ser encontradas na Parte II do Repertório, na categoria “Animais e trato com
animais”.

Os animais, e particularmente os animais domésticos de estimação, respondem
fortemente à influência das pessoas que cuidam deles. Portanto, quando se receita
essências para um animal, é muito útil selecionar essências também para a pessoa
responsável, se ela estiver disposta a examinar o modo como suas próprias atitudes e
sentimentos podem estar causando efeito sobre o animal.

Uso Doméstico e Profissional

Uso doméstico, automedicação e uso informal

A intenção do Dr. Bach era a de que as essências florais fossem um método sim-
ples e seguro de tratamento doméstico, e, em muitos sentidos, isso é verdade. As
essências podem tornar-se uma parte integrante do programa caseiro de tratamento
de saúde de uma família, junto com uma boa nutrição e os remédios caseiros à base de
ervas. A fim de selecionarmos habilmente as essências florais e outros remédios para
nós mesmos, para membros da família e para amigos, devemos nos familiarizar com
os princípios gerais que regem a saúde e compreender as propriedades específicas dos
remédios que usamos no tratamento caseiro.

Na terapia floral, também é necessário desenvolvermos suficiente autopercepção
consciente ou insight dos outros a fim de identificarmos as questões-chave emocio-
nais. Embora seja possível desenvolver a capacidade de auto-reflexão e insight, em
geral é difícil enxergarmos claramente a nós mesmos ou aqueles que estão muito
próximos. É freqüente não percebermos ou negarmos aquelas questões que talvez
sejam extremamente significativas para o desenvolvimento futuro. Portanto, é essen-
cial obtermos insights sobre a outra pessoa através de conversa ou aconselhamento
informal. Trabalhar com o outro dessa maneira proporciona-nos um “espelho” que
ativa nossa própria autopercepção consciente e nos ajuda a identificar as questões
que formam a base da nossa seleção de essências florais.

Uma possibilidade é desenvolver uma relação de co-aconselhamento com um ami-
go ou colega, na qual um poderia proporcionar ao outro essa função de espelho. Uma
extensão desse conceito é formar um grupo de apoio e estudo de essências florais, no
qual cada participante acolhe as observações dos outros membros do grupo e (tam-
bém) ajuda a selecionar as essências. Se na comunidade local ainda não houver sufici-
ente interesse pelas essências florais, é possível que haja outros tipos de grupos de
apoio disponíveis, que podem proporcionar uma perspectiva sobre as questões da
alma e um apoio para as mudanças que as essências estimulam.

Trabalhando com um terapeuta

O nível no qual as essências florais podem ser usadas depende da nossa habilidade
e experiência. Embora haja muitas situações em que o autotratamento é apropriado,
seria importante saber quando se torna necessária a assistência adicional de um

67

Repertório das Essências Florais

terapeuta treinado. (A Flower Essence Society está desenvolvendo a Flower Essence
Practitioner Referral Network — Rede de Referência de Terapeutas Florais. Favor
contatar-nos para maiores detalhes.)

Sempre que houver um sério distúrbio físico ou psicológico é muito importante
procurar-se ajuda profissional. A situação ideal é buscar um terapeuta ou aconselha-
dor que seja também treinado na terapia floral. Se isso não for possível, talvez seja
necessário usar os serviços de um profissional de saúde para monitorar ou tratar a
condição séria, e usar outro terapeuta para ajudar na seleção das essências florais.

Mesmo sem problemas extremos, pode ser bastante benéfico trabalhar com um
terapeuta na seleção de essências florais. Aqueles que estão começando a conhecer as
essências, ou os que estão lutando com problemas difíceis, podem beneficiar-se ao
trabalhar com um terapeuta; pois o terapeuta possui um conhecimento das qualidades
das essências e uma habilidade de aconselhar e entrevistar que ajudam nossa percep-
ção consciente a ver quais as questões subjacentes da alma. Um terapeuta experiente
pode fornecer apoio e insights quando as essências florais evocam sentimentos dolo-
rosos ou nos põem frente a frente com escolhas duras.

Seleção através de Técnicas Vibracionais

Muitas pessoas empregam técnicas vibracionais para selecionar essências florais
para si mesmas ou para os outros. Tais técnicas incluem: vários aparelhos eletrônicos,
sensibilidade direta através das mãos ou da ponta dos dedos, radiestesia (teste do
pêndulo) e cinesiologia (teste muscular). As pessoas que desenvolveram suficiente ha-
bilidade com tais métodos podem verificar que eles têm valor real na seleção de essên-
cias florais. Através do contato com um nível profundo e não verbal de consciência, os
métodos vibracionais podem sugerir questões e essências que estão ocultas da percep-
ção consciente racional; ou talvez eles ajudem a refinar a escolha das essências após a
entrevista inicial ou sessão de aconselhamento.

Essas técnicas de seleção também são benéficas enquanto processo não verbal de
comunicação e descoberta. Quando usadas sabiamente, tais técnicas podem levar a
uma compreensão mais profunda — tanto por parte do terapeuta quanto do cliente
— das essências e das questões emocionais indicadas. Por exemplo, muitos
quiropráticos, massagistas e outros profissionais que trabalham terapeuticamente o
corpo consideram a cinesiologia uma extensão natural de suas práticas, pois já estabe-
leceram um vínculo empático com seus clientes a um nível físico e etérico. Todos os
envolvidos são então capazes de examinar as várias questões emocionais indicadas
pelas essências selecionadas; cria-se assim, para o cliente, a oportunidade de uma
nova reflexão e, para o terapeuta, uma compreensão intensificada das qualidades das
essências.

Porém, por mais valiosos que sejam esses métodos vibracionais, eles podem ser
problemáticos quando baseados em premissas errôneas. Por exemplo, alguns terapeutas
escolhem técnicas como a radiestesia ou a cinesiologia porque acreditam serem elas
menos “intelectuais” e mais “intuitivas” do que os métodos que envolvem o aprendiza-
do das indicações das essências. Todavia, está claro que tanto o intelecto quanto a
intuição são fundamentais em toda técnica de seleção. Compreender as qualidades

68

O que é a Terapia Floral?

das essências florais e as questões da alma humana não é meramente uma árida ativi-
dade intelectual. Requer uma percepção consciente e uma sintonia de coração e men-
te, que seja profundamente refletida, usando nossos poderes de observação,
discernimento e julgamento.

Nos relatos de casos fornecidos por terapeutas, que colecionamos e analisamos
durante os últimos dezessete anos, observamos as dificuldades que surgem quando a
intuição e o entendimento cognitivo não estão integrados. Esses casos freqüentemente
contêm combinações de essências nas quais falta continuidade ou coesão. Uma fór-
mula floral parece não estar relacionada com a outra, e as essências dentro de cada
fórmula não formam um todo integrado. Em conseqüência, muitas reações ou sinto-
mas caóticos podem ocorrer. Sem desenvolver um insight sensível das questões mais
profundas que estão por trás das experiências anímicas do cliente, ou sem familiarida-
de com as próprias essências, há pouca compreensão de como cada essência está
realmente agindo na fórmula floral ou como o cliente está de fato progredindo através
da terapia.

Além disso, muitos terapeutas acreditam que as técnicas vibracionais de seleção
permitem um processo mais imparcial, já que a mente consciente é posta de lado.
Assumem que tais métodos produzem informações objetivas, independentes de qual-
quer predisposição pessoal ou outra limitação da pessoa que aplica o teste. Isso é de
uma imensa ironia, pois esse modelo, o do observador não envolvido e imparcial, é
precisamente o paradigma da ciência mecanicista que tantos praticantes das artes da
“Nova Era” querem evitar. Na verdade, o pesquisador científico, tanto quanto o
cinesiologista ou o radiestesista, são todos eles verdadeiros participantes de seus res-
pectivos processos de testes.

Nossa própria evidência empírica — através de estudos de casos e vários testes —
verificou que as técnicas vibracionais de seleção são métodos subjetivos, cuja precisão
reflete muitíssimo o conhecimento, a habilidade, a experiência, a clareza interior e a
sintonia empática que o terapeuta transmite ao processo de seleção.

Com muitos grupos diferentes, repetimos um experimento no qual vários terapeutas
escolhem essências florais para uma mesma pessoa, independentemente uns dos ou-
tros e usando diversos métodos vibracionais. Como resultado invariável, temos que
cada terapeuta escolhe um conjunto totalmente diferente de essências, quer ele e os
demais usem os mesmos ou diferentes métodos de seleção vibracional.

Em outro teste, alguns terapeutas usam técnicas vibracionais de seleção no contex-
to de entrevista e aconselhamento, consultando as descrições das qualidades das es-
sências; enquanto isso outros terapeutas usam as mesmas técnicas vibracionais “às
escuras”, sem ter tido nenhuma interação prévia com o cliente. Os resultados de-
monstram que há uma escolha de essências mais sábia, mais perceptiva e eficaz quan-
do o terapeuta usa as técnicas vibracionais de seleção no contexto de um relaciona-
mento terapêutico com o cliente.

Mesmo se fosse possível eliminar toda projeção inconsciente ou predisposição
pessoal, ainda assim não haveria uma escolha única e definitiva de essências para uma
determinada pessoa e situação. Quer sejam ou não empregadas técnicas vibracionais,
as essências escolhidas sempre expressam a percepção do terapeuta quanto às ques-
tões do cliente, sua familiaridade com as essências e os objetivos terapêuticos que
foram estabelecidos com o cliente. Do mesmo modo, as técnicas vibracionais usadas
para a auto-seleção não são mais precisas ou objetivas do que a seleção por outros

69

Repertório das Essências Florais

meios e, por isso, não são substitutos para o insight e a perspectiva que uma pessoa
ganha ao trabalhar com um terapeuta, um amigo ou um colega.

Em todo trabalho terapêutico, é muito importante reconhecermos e assumirmos a
responsabilidade pelas escolhas que fazemos. Precisamos formular perguntas funda-
mentais: “Qual é a fonte de informação que eu uso para fazer minha seleção? Ela
pode produzir resultados confiáveis e coerentes? Eu já a testei? Se os resultados vari-
am com diferentes terapeutas, o que isso significa? Já que o processo está intimamen-
te relacionado com o meu próprio estado de consciência, então de que maneira eu
assumo a responsabilidade por minha percepção consciente e conhecimento? Qual o
meu nível de conhecimento das essências? A que grau estou pronto para perceber as
necessidades daqueles a quem quero ajudar?”

Quando usados de modo apropriado, os métodos vibracionais podem suplemen-
tar nossa compreensão consciente das essências e das questões às quais elas se diri-
gem, porém eles não substituem o processo da escuta atenta aos nossos clientes ou o
desenvolvimento da nossa própria percepção e conhecimento. Quaisquer que sejam
as escolhas sugeridas por esses procedimentos, elas têm de ser conscientemente tes-
tadas à luz daquilo que sabemos sobre as essências florais e da relevância da seleção
enquanto próximo passo no desenvolvimento da alma.

Uma advertência similar aplica-se ao uso de mecanismos de testes eletrônicos,
radiônicos e outros correlatos, bem como aos programas de seleção por computador.
A acurácia de tais aparelhos e sistema provém em grande parte das aptidões do
operador. De todo modo, eles são um suplemento, e não um substituto, para o diálo-
go pessoal com os clientes ou para o desenvolvimento de uma relação consciente com
a linguagem curadora das flores.

Em última análise, a terapia floral é um íntimo relacionamento anímico entre
terapeuta e essência, entre terapeuta e cliente, e entre cliente e essência. Para que
esses relacionamentos sejam eficazes, precisamos estar prontos para empregar o co-
ração e a mente, e para desenvolver uma presença empática e uma sintonia sensível.
Não seria aconselhável ter regras fixas sobre quais técnicas de seleção usar, nem como
e quando usá-las, ou mesmo se vamos usá-las ou não. Contudo, encorajamos aqueles
que usam as essências florais na prática profissional e nos cuidados em casa a desen-
volverem os mais profundos conhecimentos, amor e respeito pelas essências e pelos
seres aos quais buscam ajudar. As técnicas de seleção utilizadas deveriam ser objetiva-
mente testadas e avaliadas quanto à capacidade do terapeuta de usá-las de modo
eficaz, para que ele possa desempenhar plena e responsavelmente sua função no
processo terapêutico.

Como Usar o Repertório das Essências Florais

Parte II — Questões da Alma: Categorias e Temas

A Parte II do Repertório das Essências Florais contém mais de 3.200 entradas,
agrupadas de acordo com as questões e situações básicas da alma, e os grupos etários
ou populacionais que compartilham temas comuns. Essa seção inclui uma ampla gama
de tópicos, mas não deve ser vista como um compêndio completo. Seria praticamente
impossível captar os incontáveis estados sutis de consciência associados às essências

70

O que é a Terapia Floral?

florais sem acabar produzindo um livro do vulto de um dicionário ou enciclopédia. Em
vez disso, este Repertório pretende examinar, de modo prático porém criativo, cate-
gorias gerais que são consideradas de ajuda para a seleção de essências florais.

O primeiro passo para o uso do Repertório é identificar as principais questões da
alma através da consulta e da auto-reflexão, conforme descrito antes. Durante a en-
trevista, pode ser útil o terapeuta ir anotando palavras-chave ou frases usadas pelo
cliente e impressões quanto às qualidades dos gestos e da voz, pois fornecerão pistas
para importantes questões emocionais.

O passo seguinte é pesquisar cada listagem apropriada na Parte II, procurando as
descrições das questões de alma específicas e as essências florais correspondentes
dentro da categoria. Isso deveria ser feito com uma atitude de investigação e diálogo.
“Este é um medo de coisas conhecidas (Mimulus) ou de coisas desconhecidas (Aspen)?
É um medo da hostilidade dos outros (Oregon Grape) ou um medo de que as próprias
emoções poderosas venham a irromper (Scarlet Monkeyflower)?” Tais perguntas
podem fazer parte do processo de interrogação usado para selecionar essências para
uma outra pessoa, e talvez ajudem a evocar conversas e insights adicionais. Quando a
escolha das essências estiver delimitada, tais perguntas podem ajudar a confirmar a
precisão da seleção.

Observe que algumas entradas se aplicam aos estados mentais negativos, outras
ao estado transformado (que é o objetivo da terapia) e outras ainda incluem ambas as
polaridades. É importante que nos familiarizemos com a natureza bipolar das essênci-
as florais: tanto o estado de desequilíbrio quanto o potencial positivo ou transformativo.
Na seleção das essências apropriadas, podemos iniciar pelo objetivo positivo e só
depois desvendar o padrão emocional ou mental que bloqueia esse propósito. Ou
podemos começar com o padrão de desequilíbrio ou sofrimento do cliente, e depois
determinar a qualidade positiva que precisa ser desenvolvida. Portanto, as listagens da
Parte II são uma mescla de indicações positivas e negativas para as essências.

Considere cada declaração e avalie se ela é apropriada. Se uma descrição parece
fiel mas não totalmente aplicável à situação, anote-a mesmo assim. Talvez você en-
contre outra interpretação das qualidades da essência que lhe pareça mais adequada.
À medida que você examina as várias categorias associadas às principais questões da
alma, anote as essências que se repetirem diversas vezes. Elas podem ser essências
importantes a levar-se em consideração.

Estude também as categorias relacionadas àquelas que você já checou, indicadas
no “Ver também...”. Talvez você encontre outras essências apropriadas ou novas pers-
pectivas sobre as essências que está considerando. Observe os vários tipos de catego-
rias: estados emocionais e mentais (Raiva, Clareza), situações (Emergências, Estudos),
condições (Alcoolismo, Distúrbios alimentares), temas (Materialismo, Relacionamentos
Pessoais), práticas (Massagem, Meditação), populações (Animais, Crianças) e estágios
da vida (Adolescência, Envelhecimento). A listagem no início da Parte II pode ser útil
para você localizar as categorias apropriadas.

Parte III — Qualidades e Perfis das Essências Florais

Após selecionar algumas essências para consideração, consulte a Parte III do Re-
pertório a fim de obter uma descrição profunda e detalhada de suas qualidades. Cada
descrição inicia com um resumo das qualidades positivas e dos padrões de desequilíbrio

71

Repertório das Essências Florais

da essência. Esse resumo é particularmente útil quando a entrada que acabamos de ler
na Parte II indicar somente o lado positivo ou o lado negativo da polaridade. A seguir,
há uma relação de todas as categorias da Parte II nas quais a essência aparece. Essas
referências cruzadas podem ser úteis para se conhecer aplicações adicionais da essên-
cia, ou para sugerir questões correlatas a serem levadas em consideração. Isso talvez
nos conduza a um estudo de novas categorias na Parte II, com a possibilidade de
revelar essências que iriam complementar a seleção. Desse modo, a Parte II e a Parte
III podem ser usadas reciprocamente para criar uma seleção mais acurada.

A Parte III contém perfis ampliados de cada essência floral. Note, por favor, que
essas descrições são feitas a partir de um nível arquetípico — do ponto de vista da
alma em si —, caracterizando a principal lição de vida e a jornada transformativa
tratada por cada flor. Se pudermos perceber as largas pinceladas contidas nesses
quadros arquetípicos, então será mais fácil compreendermos os sintomas detalhados
e as distinções mais sutis que estão contidas na Parte II. É possível que nem sempre
precisemos de uma essência ao nível arquetípico de cura da alma; ainda assim, deve-
ríamos estar sempre atentos para sua profundidade e potencial espirituais. As essên-
cias florais têm a capacidade de despertar a profunda metamorfose da alma, e tal cura
deveria ser nosso objetivo último.

Quando estamos usando uma essência num papel coadjuvante, ou numa situação
menos intensa, talvez seja necessário interpretar criativamente ou “abrandar” a descri-
ção dessa essência, para que ela se aplique à situação específica. De todo modo, não
deveríamos nos deixar limitar pelas palavras exatas usadas para descrever as essênci-
as. As mensagens das flores têm sua origem num reino além da linguagem humana.
Em nossas descrições, captamos apenas um vago reflexo da plenitude de seu ser, algo
mais ou menos como tentar capturar em palavras a beleza de uma grande pintura ou
de uma obra-prima musical. Com este entendimento, tente usar as descrições conti-
das no Repertório para contatar o arquétipo que está por trás da essência e então
traduza-o em palavras que falem à experiência humana específica à qual ele se aplica.

As essências incluídas no Repertório das Essências Florais

O Repertório das Essências Florais é um reflexo do Programa de Pesquisa da
FES. Portanto, é um trabalho em contínuo crescimento e evolução. Todas as essênci-
as relacionadas neste Repertório têm sido selecionadas com base nos relatos extensi-
vos de praticantes ao longo dos anos, legitimando a acurácia das qualidades das es-
sências. Como nosso conhecimento das qualidades das plantas vem aumentando,
juntamente com nossa capacidade de verificar as propriedades das plantas através de
documentação empírica, temos podido expandir o conteúdo do Repertório.

As essências florais inglesas

Durante a década de 1930, na Inglaterra, o Dr. Edward Bach desenvolveu uma
série de 38 essências florais e uma fórmula combinada para emergências. Desde a
morte do Dr. Bach em 1936, suas indicações originais para as essências florais ingle-
sas têm sido constatadas por seis décadas de uso nos cuidados de saúde domésticos e
profissionais. Nosso conhecimento de seus benefícios terapêuticos continua a crescer,
e o leitor encontrará novos temas e insights quanto ao uso desses clássicos remédios
ingleses. Hoje em dia, diversas empresas oferecem, sob diferentes marcas, a série de
essências florais inglesas formulada pelo Dr. Bach. Contudo, as indicações para seu
uso são aplicáveis independentemente de qual linha de essências inglesas é usada.

72

O que é a Terapia Floral?

As essências florais norte-americanas

Essas essências têm sido pesquisadas pela FES desde 1978, com base num alicerce
dual composto pelo estudo da planta e pelos relatos de praticantes. Foram primeira-
mente divulgadas em três grupos seqüenciais de 24 essências. Após terem recebido
documentação convincente em diversos ambientes clínicos e terapêuticos de muitos
países do mundo, foram reunidas num único kit de 72 essências. Embora as qualida-
des dessas 72 essências sejam amplamente conhecidas e verificadas, temos consegui-
do continuamente refinar e expandir nossa compreensão delas através da pesquisa
direta das plantas e dos estudos empíricos de casos. Esses insights adicionais estão
retratados nesta presente edição do Repertório.

O primeiro grupo das 72 essências norte-americanas básicas foi descrito na edição
do Repertório de 1986, junto com as essências inglesas descobertas pelo Dr. Bach. A
edição de 1987 acrescentou onze remédios de pesquisa sobre os quais tínhamos
recebido relatos promissores por parte de praticantes. Esses onze remédios eram
Angelica, Calla Lily, Canyon Dudleya, Fairy Lantern, Forget-Me-Not, Hibiscus,
Pink Monkeyflower, Poison Oak, Rosemary, Sage e Yarrow Special Formula. A
edição de 1992 descrevia 17 outras essências, incluindo três essências pesquisadas
por Matthew Wood (ver As Sete Ervas, a seguir) e outras 14 promissoras essências de
pesquisa: Alpine Lily, Angel’s Trumpet, Baby Blue Eyes, Chrysanthemum, Cos-
mos, Echinacea, Evening Primrose, Fawn Lily, Golden Yarrow, Milkweed, Pretty
Face, Queen Anne’s Lace, Snapdragon e Yellow Star Tulip. No Repertório de
1994, três outras importantes essências de pesquisa foram acrescentadas: Love-Lies-
Bleeding, Nicotiana e Purple Monkeyflower.

As essências adicionadas ao Repertório têm sido selecionadas a partir de um gru-
po maior de quase 200 essências de pesquisa que estão em vários estágios de inves-
tigação e revisão. Algumas dessas essências têm permanecido nesse status de pesqui-
sa preliminar por mais de uma década, esperando suficiente confirmação de suas
qualidades por parte dos praticantes. A Flower Essence Society intencionalmente re-
tém a publicação de descobertas preliminares a respeito de essências, até que sejam
coletados suficientes dados empíricos e de pesquisa que corroborem suas descrições.

Desde a publicação original desta edição do Repertório em 1994, as qualidades
dessas essências mais novas receberam corroboração por parte de extensivas expe-
riências clínicas e de profundos e detalhados estudos das plantas; e nós agora conside-
ramos que elas “se graduaram”, saindo da condição de “remédios de pesquisa”. Por-
tanto, doravante as relacionamos como parte de um kit completo de 103 essências
norte-americanas. De todo modo, achamos que é importante alertar os praticantes
para o status mais recente dessas essências, a fim de que eles possam participar dos
nossos esforços contínuos na coleta de estudos de casos e observações sobre suas
qualidades e efeitos.

As Sete Ervas

Uma pesquisa sobre sete essências florais é descrita no livro Seven Herbs, Plants
as Healers, (Sete Ervas, Plantas como Curadores) de Matthew Wood, velho amigo e
colega da FES. Quatro desses remédios já foram incluídos no Kit Profissional: Sagebrush,
Iris, Star Tulip (ou Cat’s Ears) e Yerba Santa. Matthew Wood usa em sua pesquisa a
Blue Flag Iris; Iris versicolor enquanto a FES utiliza a Iris silvestre da Costa do Pacífico,
Iris douglasiana. Ambas essas íris exibem propriedades similares e são citadas junto.

73

Repertório das Essências Florais

As três essências remanescentes — Black Cohosh, Easter Lily e Lady’s Slipper —
foram incluídas no Repertório. Matthew Wood recentemente relatou bons resultados
no uso de Showy Lady’s Slipper (Cypripedium reginae) em vez de Yellow Lady’s
Slipper (Cypripedium parviflorum). Portanto, ambas as espécies estão citadas em
Lady’s Slipper.

Outras mudanças

A Yarrow Special Formula foi primeiramente desenvolvida em resposta ao desas-
tre nuclear de Chernobyl em 1986, como uma adaptação da essência floral Yarrow
para a proteção contra influências ambientais nocivas. Recentemente, as essências
Echinacea e Arnica foram acrescentadas à fórmula, junto com as tinturas dessas três
plantas. Note também que os nomes botânicos das plantas das essências Chamomile,
Poison Oak e Saguaro foram alterados para ficar em conformidade com a mais
recente nomenclatura botânica.

A criação de novas essências florais

Existem centenas de milhares de espécies vegetais. De quais delas deveríamos
preparar essências florais? Por outro lado, qual a razão para se criar novas essências?
Algumas pessoas acreditam que o Dr. Bach considerava seus 38 remédios como um
sistema completo, dirigindo-se a todos os possíveis estados mentais.

A única razão genuína para se oferecer novas essências florais é a de elas poderem
atender necessidades humanas autênticas e proporcionar cura ao sofrimento da alma
humana. Foi por isso que Bach, durante os oito anos que passou pesquisando suas
essências, constantemente revisou e expandiu seu repertório de essências florais.
Conforme observava atitudes e estados emocionais que não eram adequadamente
tratados pelos seus remédios já existentes, ele buscava novas plantas que oferecessem
as qualidades necessárias. À semelhança da experiência do Dr. Bach, novas essências
florais têm sido desenvolvidas pela FES em resposta a profundas indagações sobre a
natureza do sofrimento humano. Essas indagações podem surgir a partir das necessi-
dades de um cliente específico ou de um tema mais amplo tratado por muitos terapeutas.
Em outros momentos, encontramos uma planta com qualidades especialmente poten-
tes e, à medida que sua mensagem vai se tornando clara através do estudo e da
sintonia, somos levados a reconhecer seu dom específico de cura da alma.

Sessenta anos se passaram desde o trabalho pioneiro do Dr. Bach. Durante esse
período, abriram-se muitos portais para a apreciação e a compreensão da vida da
alma. Ao mesmo tempo, graves conflitos e desafios cercam nosso mundo e exigem
nossa máxima força psíquica, saúde física e serviço espiritual. Neste momento, ao nos
aproximarmos do limiar do milênio, a humanidade está em luta com profundos pro-
blemas de patologia social, sexual e psicológica que têm como origem o vício e abuso
de álcool, drogas ou medicamentos, súbitas aberturas psíquicas e espirituais, mudan-
ças nos papéis sexuais, abuso de crianças e disfunção familiar, crescente violência
física e psíquica, injustiças econômicas e sociais, conflitos étnicos, raciais, religiosos e
geopolíticos, e a destruição ecológica da Terra. As essências florais que desenvolve-
mos, e que são descritas neste Repertório, são uma resposta a esses desafios do
nosso tempo, ajudando a alma individual a encontrar sua correta conexão com a alma
mundial.

Embora reconhecendo que há outros remédios vibracionais significativos além dos
relacionados neste Repertório, estamos confiantes, com base em nossas pesquisas,

74

O que é a Terapia Floral?
de que cada uma das essências aqui incluídas tem uma importante contribuição a dar
no alívio do sofrimento e na evolução anímica da humanidade. Os autores corroboram
plenamente todas as pesquisas apresentadas neste Repertório e assumem a responsa-
bilidade por qualquer possível erro ou omissão. Num espírito de investigação científica,
continuamos nos empenhando para clarificar nossa pesquisa através de edições
atualizadas do Repertório. Uma vez que a pesquisa é um processo e não um conjunto
estático de informações, encorajamos os terapeutas e outras pessoas a se unirem a
este esforço, de modo que a terapia floral possa tornar-se uma modalidade verdadeira-
mente profissional e respeitada de tratamento de saúde.

75

Repertório das Essências Florais

Quatro

Como são usadas
as essências florais?

O mais comum é tomar as essências florais por via oral, a partir de um frasco com
conta-gotas, diretamente sob a língua, ou então num copo com um pouco de água.
Além do uso oral, as essências florais também são muito eficazes quando absorvidas
pela pele em banhos ou aplicações tópicas. Os métodos de preparação de dosagem
descritos abaixo são instruções para o uso das essências florais, baseadas em várias
décadas de experiência. Tenha em mente, contudo, que há muitas maneiras criativas
e eficazes de usar as essências florais.

Há vários níveis de diluição na preparação das essências florais. A essência-mãe
provém de flores frescas numa vasilha com água, posta em infusão ao sol matinal (ou
aquecida no fogo, no caso de algumas das essências inglesas). A essência-mãe é
geralmente conservada em conhaque. Posteriormente, essa infusão é diluída mais
ainda, até o nível concentrado (stock), e às vezes além, até um nível dosagem (solu-
ção de uso). Geralmente é o nível concentrado de diluição que está disponível comer-
cialmente nas empresas de essências florais, embora haja algumas combinações pre-
paradas previamente que são vendidas ao nível dosagem de diluição.

O preparo de uma essência-mãe: infusão solar das flores de Sweet Pea
76

O que é a Terapia Floral?

Orientações Práticas para a
Administração das Essências Florais

Usando diretamente do concentrado
1. As essências florais podem ser tomadas diretamente do frasco do concen-

trado (a forma na qual a maioria das essências é vendida).
2. Ponha quatro gotas sob a língua ou num pouco com água. Esta dosagem é

mais comumente tomada quatro vezes ao dia.
Misturando as essências num copo de água

1. Adicione quatro gotas do concentrado de cada essência selecionada a uma
xícara ou copo grande com 3/4 de água fresca.

2. Mexa a água por cerca de um minuto em sentido horário e anti-horário.
3. A combinação de essências pode ser bebida aos goles, várias vezes ao longo
do dia. Cubra o copo para protegê-lo.
4. Essa mistura pode ser preparada novamente depois de um a três dias. De
todo modo, ela deve ser mexida todo dia.
Preparo do frasco de dosagem
1. Coloque água de fonte ou outra água fresca num frasco de vidro de 30 ml,
dotado de conta-gotas.
2. Adicione uma pequena quantidade de conhaque (de 1/4 a 1/3 do frasco),
como conservante. Pode-se adicionar mais conhaque se o frasco de dosagem for
usado durante vários meses ou se for ficar exposto a altas temperaturas.
3. À mistura de água e conhaque, adicione de duas a quatro gotas, a partir do
frasco de concentrado, de cada essência selecionada.
4. Depois que as gotas do concentrado tiverem sido adicionadas, e antes de
cada uso subseqüente, seria interessante agitar ritmicamente ou dar leves
pancadinhas no frasco a fim de deixar as essências num estado mais potente ou
mais energizado.
5. Pingue quatro gotas sob a língua ou num pouco de água. Esta dosagem é
mais comumente ingerida quatro vezes ao dia. Um frasco de dosagem de 30 ml
usado desta maneira durará aproximadamente de três semanas a um mês.
6. O conteúdo do frasco de dosagem pode ser diluído ainda mais através da
adição de quatro gotas em meio copo de água. Mexa essa mistura tanto no sentido

77

Repertório das Essências Florais

horário como no anti-horário, e beba aos goles vagarosamente. Esta é uma manei-
ra de atenuar o gosto do conhaque conservante.

Recomenda-se o uso de frascos e conta-gotas de vidro, uma vez que o plástico
pode afetar negativamente as qualidades sutis desses remédios naturais. É melhor
usar frascos novos para novas combinações de essências, assegurando a limpeza e
clareza dos padrões vibracionais.
Usando um frasco de vidro com spray ou um nebulizador

1. Prepare as essências tal como indicado para o frasco de dosagem.
2. Em vez de ingerir as gotas, vaporize a mistura em volta do corpo e no
ambiente.
3. Agite o frasco antes de cada aplicação para manter a potência.
O uso em banhos
1. Adicione cerca de 20 gotas do concentrado de cada essência a uma banhei-
ra de tamanho médio contendo água quente.
2. Mexa a água num movimento lemniscático (o 8 deitado) durante pelo me-
nos um minuto, para ajudar a potencializar os remédios na água.
3. Fique imerso nessa solução por aproximadamente 20 minutos. Seque a
pele com suaves palmadas e depois repouse tranqüilamente ou vá dormir, para
continuar a absorver as qualidades sutis das essências.
Uso tópico
1. Adicione 6-10 gotas do concentrado de cada essência selecionada para
cada 30 g de creme, óleo ou loção.
2. Use todo dia, exclusivamente no uso tópico ou suplementando o uso oral.
3. Gotas de essências também podem ser aplicadas diretamente sobre o corpo
em conjunto com massagem, acupressão ou acupuntura, ou tratamentos
quiropráticos.
Freqüência e ajuste da dosagem
O uso rítmico e regular dos remédios florais constrói a força de sua ação
catalisadora. Portanto, a potência é aumentada não pela ingestão de mais gotas
de uma vez, e sim pelo seu uso numa base freqüente e uniforme. Na maioria dos
casos, as essências deveriam ser tomadas quatro vezes ao dia, embora esta dosa-
gem possa ser aumentada, em casos de emergências ou situações agudas, para
uma vez a cada hora ou até mais freqüente. Por outro lado, as crianças ou outras
pessoas altamente sensíveis talvez precisem diminuir a freqüência de uso para
uma ou duas doses por dia.
As essências dirigem-se ao relacionamento entre o corpo e a alma, e, portan-
to, são mais eficazes nos limiares do despertar e do adormecer, já que esses são

78

O que é a Terapia Floral?

momentos em que mudam as fronteiras entre corpo e alma. Outros momentos de
transição do dia são também importantes, tais como logo antes do almoço e do
jantar. Mesmo quando as essências são usadas em meio a uma programação
febril, é benéfico planejar um momento sereno de receptividade para que as men-
sagens das flores possam ser recebidas a um nível sutil. Muitas pessoas acham útil,
para lembrarem de tomar as essências, manter um frasco de sua fórmula floral
bem visível na mesa de cabeceira e outro frasco da mesma combinação na bolsa,
na pasta ou na cozinha.

Embora as essências florais possam ser usadas a curto prazo para situações
agudas, seu uso ideal é a longo prazo ou para a mudança de uma situação mental-
emocional profundamente arraigada. Neste nível, o ciclo de uso mais comum das
essências é o de quatro semanas ou um mês, um intervalo de tempo que está
fortemente relacionado com o corpo emocional ou astral. Ciclos de sete ou quatorze
dias também podem ser significativos no processo de crescimento. Para mudan-
ças particularmente profundas, toda uma série de ciclos mensais talvez precise ser
levada em conta. Contudo, na maioria dos casos as mudanças serão observadas
em cerca de um mês. Nesse intervalo, costuma haver a necessidade de reformular
ou reavaliar a combinação de essências florais. Recomendamos que a fórmula, ou
pelo menos uma ou duas de suas essências-chave, continue a ser usada por um
certo período de tempo, mesmo depois de alguma mudança ter sido notada. Isso
abre a possibilidade de as essências “ancorarem” nos níveis mais profundos da
consciência.

O uso por pessoas sensíveis ao álcool

Muitos alcoólicos em recuperação e outras pessoas sensíveis ao álcool têm se
beneficiado grandemente do uso das essências florais. Embora os remédios florais
sejam conservados em conhaque no nível concentrado, as pessoas têm tido muito
sucesso diluindo as essências até o nível dosagem sem usar álcool. Os métodos de
diluição asseguram que qualquer álcool ingerido torne-se quimica e fisiologica-
mente insignificante: cerca de uma parte em 600 quando diluído num frasco de
dosagem de 30 ml ou cerca de uma parte em 4.800 quando diluído num copo de
água de 250 ml. Todos os quatros métodos descritos a seguir têm sido relatados
como eficazes:

1. Use duas a quatro gotas do concentrado num copo grande com água ou
suco de fruta, mexa e beba aos goles lentamente.

2. Prepare as essências num frasco de dosagem, mas coloque 1/4 a 1/3 de
vinagre de maçã como conservante, em vez do conhaque.

3. Prepare as essências num frasco de dosagem, colocando 1/3 a 1/2 de
glicerina vegetal. A glicerina vegetal é um derivado do óleo de coco; tem um sabor
doce e é extensivamente usada para conservar preparações fitoterápicas.

4. O frasco de dosagem também pode ser preparado sem qualquer conservante
se for refrigerado ou usado por um período de tempo mais curto (de alguns dias a
uma semana).

79

Repertório das Essências Florais

Acentuando o Efeito das Essências Florais

Técnicas de amplificação

Uma vez que as essências florais possuem uma natureza vibracional, tem sido suge-
rido que seus efeitos podem ser ainda mais acentuados através de técnicas tais como a
dinamização homeopática ou pelo uso de pirâmides e cristais. Tais métodos criariam
novos campos de energias nas essências ou em volta delas. Contudo, devemos nos
perguntar se eles realmente acentuam o processo de desenvolvimento da alma, que
é o objetivo último do trabalho com as essências florais.

O desejo de “amplificar” as essências florais freqüentemente reflete a tendência
materialista da nossa cultura de que “quanto mais, melhor”. A ação suave e gradual
das essências florais é geralmente o modo mais apropriado para trabalharmos o de-
senvolvimento da alma, pois nos permite a liberdade de escolher e de mudar. Ao
preparar as essências-mãe e os concentrados das essências florais da FES, nós
implementamos certos procedimentos rítmicos para estabilizar suas propriedades su-
tis. Observamos, porém, que se as essências florais são submetidas às repetidas dilui-
ções e sucussões do método homeopático clássico, elas podem adquirir algumas das
qualidades coercivas dos remédios homeopáticos de alta potência e incorrer no perigo
de provocar reações, se usadas incorretamente. Ao invés de tentar obter resultados
mais rápidos magnificando a fórmula de essências, a terapia floral visa aprofundar a
vida interior. É dessa maneira que a ressonância sutil entre o florescimento da planta
e o desenvolvimento da alma humana pode ser melhor acentuada.

A importância das práticas voltadas à autopercepção consciente

Nos estudos de caso coletados pela Flower Essence Society, verificamos que as
mais profundas transformações da alma ocorrem quando o trabalho com as essências
florais é acompanhado por práticas que cultivam a percepção consciente dos pensa-
mentos e sentimentos interiores. A terapia floral é uma jornada de autodescoberta.
Seja através de uma conscienciosa auto-observação, de um diálogo com um grupo de
apoio ou amigos, ou de um relacionamento terapêutico com um conselheiro ou pra-
ticante profissional, é importante ter um meio de tratar conscientemente as questões
representadas pelas essências florais.

Se os resultados que obtemos com as essências florais parecerem insignificantes e
quisermos fortalecer os efeitos delas, deveríamos olhar para todo o processo terapêutico
e não só para as essências em si. As práticas de apoio apresentadas a seguir podem
intensificar a autopercepção consciente e a abertura à mudança interior, trazidas à
tona pelas essências.

Manutenção de um diário

Por causa da tendência materialista da nossa cultura, é freqüente estarmos desa-
tentos às mudanças profundas geradas pelas essências florais em nossa vida anímica.
A fim de perceber as transformações na consciência, precisamos estar preparados
para conduzir, a nós mesmos e aos nossos clientes, a um relacionamento bem mais
íntimo com a vida da alma.

A manutenção de um diário durante o uso das essências é uma maneira eficaz de
observar as mudanças interiores. Essa atenção plena é particularmente importante,

80

O que é a Terapia Floral?

pois em geral estamos muito menos conscientes da dinâmica da nossa vida anímica
do que estamos da dor e das sensações físicas. É especialmente útil manter um diário
dos sonhos, já que o movimento interior costuma expressar-se na vida onírica antes
de aflorar à plena percepção consciente.

Afirmações

Outra maneira de reforçar a mensagem sutil das flores é através do uso de pensa-
mentos meditativos, afirmações ou prece reflexiva. Reservando uns poucos minutos
por dia para fazer um trabalho interior e consciente com as mudanças positivas ou
“afirmativas” que nos são apontadas pelas essências florais, podemos aumentar
grandemente o efeito delas. A Flower Essence Society publicou o livro Affirmations:
The Messages of the Flowers in Transformative Words for the Soul (Afirmações: As
mensagens das flores em palavras transformadoras para a alma), que pode oferecer
orientação e sugestões para esse trabalho. Afirmações escritas e verbais também po-
dem ser combinadas com imagens interiores, visualização ou trabalho artístico.

Deveríamos estabelecer a distinção entre o uso transformativo das afirmações e a
idéia popular de pensamento positivo, que com freqüência faz parte da filosofia “Nova
Era”. Se usamos os pensamentos positivos como um meio de negar a dor e o sofri-
mento, ou como uma recusa de enfrentar nossa sombra interior, criamos distorção,
desequilíbrio ou doença, em vez de bem-estar. O uso sábio das afirmações junto com
as essências florais nos permite reconhecer a dor e o conflito, e trabalhar resoluta-
mente tendo em vista a transformação.

A expressão artística

A arte é uma expressão por excelência da alma. Ela pode desempenhar um papel
especial na terapia floral, tanto como um meio de autodescoberta quanto como uma
ferramenta transformacional agindo em sinergia com as essências florais. Uma pintura
pode valer mais do que mil palavras sobre a alma, pois a linguagem sutil da alma costu-
ma se expressar com mais clareza através da forma e da cor do que através das palavras.
Muitos terapeutas bem-sucedidos usam alguma forma de arte com seus clientes, para
ajudá-los a acessar suas questões subjacentes. Isso é particularmente importante quanto
às crianças, que não possuem as capacidades verbais e cognitivas do adulto.

Além do mais, a arte pode ser um meio verdadeiramente satisfatório para a alma
expressar o crescimento experimentado através da terapia floral. É possível que a vida
dos sentimentos recém-desperta seja mais capaz de revelar-se através de uma pintura,
uma canção, um poema, da dança ou movimento, do que através das prosaicas pala-
vras. A meta não é necessariamente produzir arte profissional, mas sim encorajar a
expressão da riqueza e diversidade da vida anímica evocadas pelas essências florais.

A Terapia Floral e outras Modalidades
de Tratamento de Saúde

O movimento holístico de saúde

A terapia floral pode ser considerada parte do movimento holístico de saúde, uma
ampla gama de modalidades, tanto tradicionais quanto modernas, que apóiam o bem-

81

Repertório das Essências Florais

estar do corpo-mente. Nesse movimento estão incluídas práticas tais como fitoterapia,
homeopatia, acupuntura, naturopatia, quiroprática, terapia nutricional, massagem
terapêutica, aconselhamento psicológico e espiritual, ioga, meditação, prece,
visualização, afirmações, várias terapias do movimento, terapia da arte e da música,
essências florais e muitas outras. Além disso, médicos e enfermeiras progressistas es-
tão expandindo suas práticas para incluir uma orientação mais holística.

Apesar do fato de os cientistas e praticantes médicos convencionais no geral per-
manecerem céticos quanto às práticas holísticas de saúde, estas estão recebendo cres-
cente reconhecimento por parte do público. Nos Estados Unidos, um estudo recente
do Dr. David Eisenberg publicado no prestigioso New England Journal of Medicine
mostrou que 37% da população adulta daquele país tinham feito uso de uma ou mais
práticas holísticas, embora cerca de 70% nada tivesse dito aos seus médicos. Em
1992, o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos criou um Departamento de
Medicina Alternativa para financiar pesquisas em várias modalidades alternativas de
saúde.

Embora restem muitos desafios políticos e científicos, está claro que, de um modo
ou outro, a perspectiva holística terá um importante papel a desempenhar no desen-
volvimento dos cuidados com a saúde na nossa sociedade. É dentro desse contexto
que a terapia floral receberá crescente reconhecimento.

As essências florais no espectro dos cuidados com a saúde

A alma ocupa um plano intermediário entre o corpo e o espírito. A terapia floral é
fundamentalmente uma terapia da alma; assim, ela precisa sempre levar em conta
como a mudança é ancorada e estabilizada no corpo, e como a alma é libertada e
iluminada através do espírito. Como a alma é a mediadora entre o corpo e o espírito,
as essências florais combinam muito eficazmente com outras modalidades de cura que
se dirigem aos vários aspectos do corpo, da alma e do espírito.

Os terapeutas que trabalham basicamente com problemas físicos, por exemplo,
usam as essências florais para tratar algumas das causas emocionais subjacentes des-
ses problemas. Os praticantes de massagem terapêutica a nível profundo dos tecidos
estão principalmente preocupados com a estrutura dos músculos e tecidos conectivos.
Porém, a tensão muscular é freqüentemente o resultado de trauma e stress emocio-
nais guardados no corpo. As essências florais trazem tais questões à percepção cons-
ciente e levam em conta a liberação mútua da tensão física e da tensão emocional.
Muitos quiropráticos relatam que os alinhamentos de coluna conservam-se por mais
tempo quando as essências florais são usadas para ajudar seus pacientes a lidar com
as emoções estressantes. Os conselheiros nutricionais utilizam as essências florais
para habilitar seus clientes a superar as causas emocionais dos distúrbios alimentares.
Os médicos progressistas usam as essências florais para tratar as questões emocionais
associadas às doenças físicas, bem como as atitudes de seus pacientes em relação ao
processo de cura em si.

Quando utilizadas junto com outras modalidades orientadas para a alma, as essên-
cias florais trabalham de modo complementar. Por exemplo, a psicoterapia profunda
é um contexto excepcional para o uso das essências florais, no qual elas podem
estimular reais avanços no processo de desenvolvimento. Outros trabalhos com a
alma que combinam sinergicamente com as essências florais são a terapia da arte e da
música, a poesia, a arte dramática e o trabalho com os sonhos.

82

O que é a Terapia Floral?

As essências florais também têm uma contribuição importante a dar à prática espi-
ritual. Muitas pessoas que seguem um caminho espiritual têm dificuldade em chegar a
um acordo com o “lado da sombra” da vida emocional e tentam suprimir esses aspec-
tos de seu ser, em vez de reconhecê-los e transformá-los. As essências florais são um
veículo para o desenvolvimento de uma honesta autopercepção consciente, bem como
para a liberação das forças vitais, muitas vezes aprisionadas pela repressão emocional.
Desse modo, práticas espirituais tais como a meditação podem tornar-se verdadeira-
mente integradas com o desenvolvimento moral e emocional.

As essências florais em perspectiva

Embora as essências florais tenham aplicação quase universal numa ampla gama de
circunstâncias, elas não são um remédio para todos os males nem uma resposta para
todos os problemas. A saúde e a doença são experiências multifacetadas que envolvem
muitos fatores diversos. Mesmo sendo verdade que o estado da alma se reflete na
saúde do corpo, também é verdade que um corpo fora de equilíbrio pode causar um
impacto negativo sobre a alma. Por exemplo, a hipoglicemia (baixa taxa de açúcar no
sangue) pode contribuir para a depressão e a ansiedade, ao privar o cérebro da nutri-
ção adequada. Essas emoções serão difíceis de ser superadas, a menos que haja uma
mudança na dieta a fim de reduzir ou eliminar os doces. Ao mesmo tempo, mudar os
hábitos alimentares pode ser difícil a menos que as fontes emocionais dos desejos
alimentares insaciáveis sejam tratadas. Em tais situações, um programa que combine
aconselhamento nutricional e terapia floral será muito mais eficaz do que qualquer uma
dessas modalidades por si só.

Aqueles que usam as essências florais em si mesmos ou nos outros precisam saber
quando consultar outros profissionais em busca de assistência. As essências florais
funcionam melhor quando fazem parte de um programa geral de estimulação da saú-
de, que inclua boa nutrição, exercício apropriado, relacionamentos saudáveis,
envolvimento com o trabalho e a comunidade, expressão artística e consulta a uma
variedade de práticas e modalidades terapêuticas, incluindo o cuidado médico quando
necessário.

Os Resultados da Terapia Floral

Efeitos sutis e a longo prazo

Há um amplo espectro de respostas às essências florais. Algumas pessoas relatam
resultados imediatos, perceptíveis e muito dramáticos. Outras parecem não notar ne-
nhuma diferença e talvez só percebam leves mudanças no bem-estar e nos estados
mentais-emocionais após um considerável período de tempo. A maioria das pessoas
tipicamente responde às essências em algum grau no meio dessa escala de respostas.

Os efeitos das essências florais são sutis e cumulativos. Em outras palavras, é raro
que alguém venha a experimentar de imediato uma catarse ou transformação total. As
essências agem dia após dia, gradualmente de dentro para fora, despertando as forças
da saúde e da transformação interior. A paciência, portanto, apoiada pela firmeza e
regularidade, é decisiva para que as essências florais sejam eficazes.

Uma vez que as essências são usadas para a transformação da vida interior, é possí-

83

Repertório das Essências Florais

vel que não as sintamos de um modo muito direto. Somos mais propensos a observar
seu efeito ao longo de um certo tempo, à medida que notamos mudanças sutis em
nosso modo de agir, em nosso modo de ver a nós mesmos e aos outros, ou mesmo
diferenças muito reais em nossa sensação de bem-estar físico. É freqüente serem os
outros — amigos, família ou colegas de trabalho — os primeiros a notar e chamar a
atenção para as mudanças nas nossas atitudes e padrões de comportamento.

Expectativas não realísticas sobre as essências florais

Vivemos numa cultura que promove as respostas rápidas e a evitação da dor. A
propaganda nos engoda com promessas de um alívio instantâneo dos sintomas, o que
nos possibilitaria lidar melhor com a vida cotidiana. Já que as essências florais são
líquidos apresentados em frascos com conta-gotas, seria fácil vê-las como apenas mais
um remédio que “resolve tudo”. Isso pode levar a expectativas não realistas e impedir
nossa capacidade de experimentar seus plenos benefícios.

As essências florais são tonificantes das nossas forças anímicas, permitindo-nos
aprender e crescer com os desafios da vida. Elas nos convidam a uma jornada de
cura, e podem ser nossas aliadas e guias ao longo do caminho. As essências não
pretendem eliminar sem dor os nossos problemas, nem oferecer gratificação instantâ-
nea. Tal expectativa leva inevitavelmente à impaciência, desilusão, passividade ou
desapontamento. E, o que é mais importante, resulta na falta de disponibilidade da
pessoa em se tornar um participante ativo no processo de cura.

Em situações de stress agudo, combinações florais de emergência tais como a
Five-Flower Formula podem oferecer alívio e calma imediatos, proporcionando uma
introdução à “realidade” dos remédios vibracionais. Contudo, este é apenas um pri-
meiro passo. A autêntica terapia floral é uma oportunidade da pessoa examinar a
longo prazo suas questões emocionais básicas, que não podem ser eficazmente trata-
das com fórmulas gerais de emergência.

Consideremos, por exemplo, uma pessoa que leva uma vida frenética e sente
fadiga constante, a ponto de criar problemas de saúde. Para se sentir mais energizada,
essa pessoa pode ser tentada a tomar uma combinação floral contendo essências tais
como Olive e Nasturtium, sem contudo tratar as causas subjacentes do stress e da
fadiga. Uma abordagem mais sábia seria escolher essências que lidam com a capaci-
dade de liberar a tensão, e também analisar as escolhas fundamentais relacionadas ao
estilo de vida e examinar as atitudes subjacentes que levam à competitividade, insegu-
rança, vício em trabalho e outras síndromes correlatas.

Talvez ao ler as descrições das essências florais neste Repertório e em outras
publicações, venhamos a sentir o desejo de projetar uma nova personalidade para nós
mesmos. É fácil imaginar que, se adquirirmos a lista correta de traços desejáveis, nos
tornaremos alguém que causará boa impressão nos amigos, na família ou nos colegas
de trabalho. Tal atitude é uma perspectiva totalmente exteriorizada de nós mesmos,
pois busca moldar a persona da alma — a máscara que a alma usa para enfrentar o
mundo — conforme as expectativas e valores dos outros.

As essências florais podem, com efeito, estimular surpreendentes mudanças de
personalidade ao desenvolverem capacidades inatas que têm estado bloqueadas ou
frustradas. Segundo o princípio da ressonância, as essências evocam apenas o poten-
cial já existente dentro de nós. Elas não impõem algo de fora para dentro (tal como o
fazem as drogas bioquímicas), mas catalisam aquilo que é uma possibilidade irrealizada

84

O que é a Terapia Floral?

e nos ajudam a fazer escolhas livremente a fim de cumprirmos nosso propósito na
vida. Precisamos selecionar essências que ajudem a tratar as atitudes e emoções que
estão bloqueando a percepção desse propósito, bem como essências que ativem aquelas
qualidades que poderão nos ajudar a cumprir nosso destino maior.

As essências florais e o desenvolvimento interior

O uso das essências florais pode intensificar práticas de autopercepção consciente
tais como a meditação e, inversamente, essas práticas aprofundam os efeitos das
essências. As essências não são substitutos para a autopercepção consciente e o
desenvolvimento interior, nem são uma instantânea “consciência em frascos”. As
capacidades espirituais e psíquicas surgem de modo gradual quando fazemos um ho-
nesto inventário moral das nossas imperfeições, lutamos para corrigir essas falhas e
trabalhamos para cumprir o destino da nossa alma. Como catalisadores internos, as
essências florais estimulam nossa capacidade de responder, ou de assumir a responsa-
bilidade pelo nosso crescimento, pois aprofundam a percepção consciente de nossos
sentimentos, de nossas atitudes subjacentes e de nosso Eu espiritual.

Essa atitude de auto-responsabilidade é especialmente importante na nossa época
atual, quando muitas pessoas que seguem um caminho de desenvolvimento interior o
fazem sem a orientação da autoridade ou discipulado religioso tradicional. Tal busca
traz uma liberdade crescente, mas falta a ela a proteção que a comunidade espiritual
proporcionava aos buscadores no passado. Este caminho espiritual moderno nos de-
safia a enfrentar a violência e a confusão do mundo, mas sem bloquear a sensibilidade
e abertura proporcionadas pelo desabrochar espiritual. Além disso, como o buscador
moderno vive no mundo e não sob a proteção de ashrams e mosteiros, ele tem uma
oportunidade sem precedentes de aplicar os princípios espirituais aos desafios munda-
nos relacionados à responsabilidade familiar, dinheiro, desejo, poder e relacionamen-
tos.

As essências florais nos ajudam a chegar a um acordo com esses desafios que se
colocam à alma moderna. Elas nos auxiliam a manter nossa sensibilidade espiritual e
concedem-nos força para enfrentarmos a adversidade no mundo. Elas asseguram que
nossa percepção consciente espiritual esteja física e emocionalmente incorporada. Desse
modo, a busca espiritual não será um vôo da alma, mas sim um meio de realçar a
capacidade de nossa alma como ponte entre o mundo terreno e o mundo espiritual.

As essências florais e as condições físicas

As condições físicas podem ser importantes indicadores das questões com que se
defronta a alma. Por exemplo, um resfriado talvez indique uma desconexão com as
forças vitais; neste caso a essência Nasturtium poderia ajudar. Uma dor de garganta
talvez revele constrição na auto-expressão; aí uma essência tal como Larch poderia
ser a escolhida. Problemas digestivos talvez revelem tensão emocional no plexo solar;
já neste caso Chamomile poderia dar assistência.

Uma vez que são remédios para a alma, as essências florais não devem ser usadas
para tratar diretamente doenças ou sintomas físicos específicos, tal como são usadas
as drogas ou mesmo os remédios fitoterápicos. Nasturtium não é a essência floral
indicada para resfriados, nem Larch para a dor de garganta, nem Chamomile para
todos os problemas digestivos. As essências são escolhidas de acordo com as questões
e experiências singulares do indivíduo; pessoas que apresentam os mesmos sintomas
físicos podem ter padrões emocionais e questões de vida totalmente diferentes. As

85

Repertório das Essências Florais

indicações físicas incluídas neste Repertório são apenas auxiliares para a identificação
da configuração geral do corpo-mente, que é a base para a seleção de uma essência.

Embora as essências florais não sejam remédios para enfermidades físicas específi-
cas, as transformações produzidas por elas nas emoções e nas atitudes podem vir a
facilitar mudanças admiráveis na saúde física. Médicos qualificados têm relatado muitos
casos em que as essências florais desempenham um papel-chave nos programas de
tratamento de várias doenças.

Contudo, existem considerações legais e éticas quanto ao uso de essências florais
no tratamento de condições físicas por pessoas que não sejam médicos. Primeiro, há
o problema prático de não violar as leis locais que determinam quais licenças e quali-
ficações são necessárias para tratar condições específicas. Também há importantes
questões éticas, que mereceriam atenção mesmo se não existirem restrições legais.

Particularmente ao trabalhar com condições graves, os praticantes de saúde e
usuários domésticos das essências precisam conhecer os limites de seu conhecimento
e habilidade. Usar as essências florais não deve ser uma desculpa para negligenciar a
ajuda médica de um terapeuta com o apropriado treinamento e experiência. As essên-
cias florais podem ser bastante benéficas em tais circunstâncias, mas é preciso que
haja também um médico qualificado que possa monitorar qualquer condição clínica
grave e, se necessário, proporcionar tratamento. A mesma prudência aplica-se aos
casos de extrema disfunção psicológica, que podem necessitar da intervenção de um
psicólogo ou psiquiatra.

Possíveis efeitos colaterais

O que acontece se as essências florais erradas forem selecionadas? Há perigos ou
efeitos colaterais associados ao uso das essências? Em geral, as essências florais estão
entre os mais seguros e auto-reguladores de todos os remédios disponíveis. Se tomar-
mos essências que são totalmente inapropriadas e têm pouca relação com as nossas
verdadeiras questões, nesse caso sentiremos pouco efeito.

As essências florais atuam por ressonância; assim, essências erradas não farão
vibrar nenhuma “nota” em nossa alma. Se tomamos um número excessivo de essên-
cias ou essências que só tratam questões menores, então elas podem ser ineficazes;
não conseguiremos mudanças substantivas ou estas demorarão muito mais tempo
para ocorrer. Às vezes, seleções inadequadas ou caóticas de essências estimulam a
confusão ou uma sensação de desconforto. É possível que demasiadas questões sejam
“revolvidas” ou que a mudança aconteça mais rápido do que a pessoa pode tolerar.
Há ocasiões em que a rápida transformação psicológica — ou nossa resistência a ela
— pode produzir sensações físicas desagradáveis, como fadiga, erupções cutâneas ou
dor de cabeça. Tais reações geralmente duram pouco e podem ser uma indicação para
que se reformule a combinação floral ou se trabalhe com aconselhamento e outras
práticas a fim de remover quaisquer impedimentos psicológicos ao processo terapêutico.

A crise de conscientização

Uma experiência comum relatada por pessoas que usam as essências florais é a
intensificação de certas características antes de a transformação ser vivenciada. Por
exemplo, uma pessoa que está tomando a essência Willow devido ao ressentimento
talvez tenha uma aguda percepção consciente desse ressentimento, antes de ser ca-
paz de largá-lo e perdoar. Essa piora aparente de uma característica emocional é
semelhante à “agravação” produzida por um remédio homeopático ou a “crise de

86

O que é a Terapia Floral?

cura” estimulada por práticas de purificação tais como o jejum.

Podemos chamar esse fenômeno de crise de conscientização, ou crise de percep-
ção consciente, pois ele é causado pela vinda, à superfície da percepção consciente,
das emoções e atitudes inconscientes. Já que antes estavam ocultas ou eram desco-
nhecidas, essas qualidades parecem mais intensas quando trazidas à consciência. Tais
experiências nos oferecem uma clara oportunidade de testemunhar e reconhecer os
aspectos negativos ou disfuncionais de nós mesmos.

O apoio de um aconselhador, a auto-reflexão, a manutenção de um diário e outros
meios de fortalecimento do aspecto “observador” da consciência podem ajudar a criar
uma jornada mais suave através das águas às vezes agitadas dessa experiência. Se a
crise de percepção consciente tornar-se incomumente intensa (além de um nível sau-
dável de desconforto), nesse caso a pessoa pode reduzir a freqüência da dosagem ou
mudar a seleção de essências florais para facilitar o processo.

Junto com a percepção consciente vem a capacidade de compreender e de mudar.
É difícil deixar ir o ressentimento e perdoar, se a pessoa não tem consciência dele ou
nega ter qualquer ressentimento. Se a autopercepção consciente já está sendo cultiva-
da, com freqüência a crise de percepção consciente não se faz necessária; é mais
provável que a pessoa passe diretamente para o estágio transformativo do processo
floral.

Mudanças de longo prazo que são possíveis com a terapia floral

Embora as essências florais sejam tipicamente escolhidas para tratar questões emo-
cionais específicas, pode ocorrer um profundo crescimento da alma que vai além da
resolução da situação particular para a qual as essências foram selecionadas. Estudos
de caso e entrevistas profundas e detalhadas com praticantes ao longo de um período
de 16 anos proporcionaram-nos um quadro abrangente das sete principais áreas de
desenvolvimento da alma que são possíveis através da terapia floral de longo prazo.

Esses metaníveis do desenvolvimento da alma geralmente não são divisados no
início da jornada com as essências florais, mas surgem à medida que a alma se abre
com o uso regular e continuado das essências e de práticas de apoio. Em conjunto,
essas qualidades proporcionam uma bela imagem da alma em plena floração.

1. A percepção consciente e a vitalidade emocionais são estimuladas.

Para os milhares de pessoas que experimentaram a terapia floral, a contribuição
mais básica foi a de beneficiar a vida emocional da alma. Aqueles que se sentiam
emocionalmente amortecidos ou inibidos desenvolveram uma nova percepção consci-
ente de seus problemas, bem como a capacidade de vivenciar e expressar uma gama
mais ampla de sentimentos. Aqueles que se sentiam sobrecarregados ou drenados por
emoções caóticas adquiriram a capacidade da auto-observação imparcial e da atenção
plena, assim mantendo um forte centro de equilíbrio dentro das experiências emocio-
nais.

O principal efeito das essências tem sido o de estimular a flexibilidade e a capacida-
de de recuperação emocionais, em vez de simplesmente tornar a pessoa mais — ou
menos — emocional. O repertório anímico da maioria das pessoas é seriamente limi-
tado, muitas vezes ficando preso à raiva, depressão, medo ou outras respostas habitu-
ais à vida; outras pessoas acreditam que devem controlar ou reprimir por completo as
suas emoções. Através da terapia floral, a alma torna-se capaz de vivenciar todo o

87

Repertório das Essências Florais

espectro da expressão emocional humana, incluindo a alegria, o pesar, o temor, a
raiva, a compaixão, a reverência e assim por diante.

2. A percepção consciente do corpo é encorajada, com uma sensação de
maior bem-estar físico.

Muitas pessoas começam sua jornada de cura com uma percepção de desconforto
ou doença no corpo físico. Os praticantes relatam que as essências florais dão apoio
aos programas de saúde física, pois elas ativam as forças vitalizadoras do corpo etérico,
proporcionam um relacionamento mais íntimo das forças espirituais e anímicas com o
corpo físico, e no geral mobilizam os poderes interiores de cura.

Além disso, a terapia floral com freqüência leva o indivíduo a um relacionamento
fundamentalmente novo com seu corpo físico, a uma percepção consciente de como
o corpo está falando através dos sintomas físicos. Ao invés de se sentirem vitimadas
pela doença, as pessoas começam a assumir a responsabilidade pelos cuidados com
seu corpo, eliminando hábitos que são destrutivos à sua saúde e cultivando práticas
que nutrem e fortalecem o corpo. E mais, elas chegam a reconhecer que a alma se
expressa através do corpo físico, e que as dores e tensões físicas costumam ser
indicações de raiva, medo, sobrecarga, depressão e outras emoções que precisam ser
tratadas. É comum a experiência de que, uma vez resolvidas as questões subjacentes,
muitos sintomas físicos são liberados.

Para aqueles que sofrem de doenças ou lesões, ou que lutam contra os efeitos do
envelhecimento, a terapia floral traz uma maior aceitação da condição do corpo e a
capacidade de acatar os ensinamentos da dor ou da limitação. Ao mesmo tempo,
muitas pessoas no geral saudáveis relatam o despertar para novas possibilidades de
uma vida gratificante e vitalizada, sem necessidade de comparar-se às imagens ideali-
zadas de juventude, força e beleza promovidas pela nossa cultura através dos meios de
comunicação de massa.

Para muitas almas sensíveis, é inerentemente problemática a jornada desde os
vastos reinos do espírito até as limitadas dimensões temporais e espaciais de um
corpo físico. Um resultado freqüente é o desejo de não tomar posse ou negar o corpo.
Esse desejo em geral se manifesta sob a forma de distúrbios alimentares e outros
hábitos destrutivos, ou como uma hesitação em se tornar plenamente envolvido com
a vida. A terapia floral ajuda tais pessoas a superarem sua ambivalência fundamental
quanto ao corpo, ancorando a alma no mundo físico. Elas se tornam mais encarnadas
fisica e emocionalmente, e se sentem habilitadas a assumir um papel ativo na comuni-
dade e na sociedade. Desse modo, a alma é capaz de aceitar de coração aberto sua
encarnação na matéria física, e viver a vida com entusiasmo.

3. A sintonia com a Natureza é desenvolvida.

Uma das mais admiráveis experiências que os praticantes relatam regularmente é
o despertar de um profundo relacionamento com a Natureza, mesmo por parte da-
quelas pessoas que tiveram pouco interesse ou ligação com o mundo natural. Quem
mora em apartamento talvez obtenha uma planta ou comece a formar uma jardineira
no peitoril da janela. Aqueles que residem nas cidades caminharão no parque ou
viajarão para o campo. Talvez essas pessoas lembrem de uma flor favorita ou de um
retiro natural que tinham na infância e se sintam motivadas a fazer passeios ao ar livre
com mais freqüência, buscar lazer orientado para a natureza ou plantar um jardim.

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O que é a Terapia Floral?

Poderá haver um interesse mais profundo pelas questões ecológicas e pela proteção da
Terra. Às vezes as pessoas que estão usando as essências florais chegam mesmo a ter
um ativo interesse pelo aprendizado da botânica e do hábitat das flores utilizadas em
sua cura.

Além de nos conectar com específicas energias curadoras de determinadas flores,
as essências evocam o manto curador de Natura, da Natureza como um ser vivo.
Vivenciaremos então como a Natureza pode nos nutrir e proteger, e como nossa
própria cura é inseparável do respeito e cuidado que temos pelo ser Terra. Desse
modo, a alma individual encontra uma conexão com a alma mundial da Natureza.

4. A percepção consciente da vocação, relacionada ao propósito na vida e
ao serviço no mundo, é clarificada.

Uma questão básica da alma que é tratada na terapia floral diz respeito ao modo
como as pessoas se expressam através de seu trabalho. Muitas pessoas estão insatis-
feitas com seu emprego ou com a falta de uma ocupação. A primeira conseqüência de
se tratar esta questão talvez seja simplesmente fazer aflorar perguntas mais profundas
à percepção consciente: “Estou trabalhando neste emprego só por necessidade de
sobrevivência ou para atender outras expectativas minhas? O meu trabalho é verda-
deiramente uma vocação, algo que me sinto interiormente chamado a fazer como
uma expressão do meu propósito de vida e do servir aos outros? Será que eu sei
mesmo o que quero fazer da minha vida?”

Com freqüência esse questionamento é reprimido devido à dor das prováveis res-
postas. A terapia floral pode nos levar a um honesto auto-exame, tratando de maneira
realista as nossas capacidades e recursos interiores inexplorados, bem como as pai-
xões e ideais que nos impelem. Aprendemos a fazer a distinção entre as expectativas
dos outros e as exigências da personalidade por sucesso material, por um lado, e, por
outro, o verdadeiro anseio da nossa alma por uma vocação que seja autenticamente
nossa, que seja uma expressão dos nossos mais profundos desejos. Nas palavras de
David Whyte, poeta contemporâneo, “A alma prefere fracassar em sua própria vida
que ser bem-sucedida na vida de outrem.”

Pode ser um desafio desencorajador traduzir em ação essa nova autopercepção
consciente num mundo onde as coerções econômicas tornam difícil a escolha de um
trabalho que seja significativo. De todo modo, é extraordinário ver quantas oportuni-
dades se abrem à pessoa que assumiu o compromisso de agir a partir de seu sentido
interior de propósito. Quer transformando seu emprego atual através de uma atitude
renovada e de um ímpeto de energia criativa, quer descobrindo uma situação total-
mente nova, mudanças profundas no trabalho e na carreira são com freqüência um
extraordinário resultado da terapia floral. À medida que alcançam um maior alinha-
mento com seu propósito na vida, as pessoas também percebem como seu próprio
desenvolvimento e destino pessoal são inseparáveis do destino do mundo. Elas tor-
nam-se então capazes de reconhecer que a correta subsistência envolve necessaria-
mente o serviço ao mundo, facilitando o desenvolvimento da alma individual dentro
da alma mundial maior.

5. Há um despertar para a linguagem da alma.

À medida que a vida anímica é despertada e a vida emocional harmonizada, uma
sensibilidade mais elevada torna-se possível. A terapia floral facilita uma maior percep-
ção da dimensão sagrada e sutil da vida. Muitas pessoas são inspiradas a criar beleza

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