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Published by carlosfreitaskk, 2018-07-05 18:23:46

Repertório das Essências Florais

Repertório das Essências Florais

Repertório das
Essências Florais

Um Guia Abrangente das Essências Florais
Norte-Americanas e Inglesas, para o
Bem-estar Emocional e Espiritual

Patricia Kaminski e Richard Katz

Repertório das
Essências Florais

Repertório das
Essências Florais

Um Guia Abrangente das
Essências Florais Norte-Americanas

e Inglesas, para o Bem-estar
Emocional e Espiritual

Patricia Kaminski e Richard Katz

tradução de
Melania Scoss e Merle Scoss

3.a edição
São Paulo - 2003

Título original
Flower Essence Repertory

Flower Essence Society © 1986, 1987, 1992, 1994, 1996
Primeira publicação desta edição revista e ampliada em 1994.

Direitos para a língua portuguesa reservados a
TRIOM - Centro de Estudos Marina e Martin Harvey

Editorial e Comercial Ltda.
Rua Araçari, 208

01453-020 - São Paulo - SP - Brasil
Tel/fax: 11 3168-8380

Tradução: Melania Scoss e Merle Scoss
Revisão técnica: Ruth Toledo

Revisão gráfica: Adriana C. L. da Cunha Cintra
Foto da capa da Califórnia Poppy e fotos da contra-capa da Indian Paintbrush

e das flores da primavera nas encostas: Wayne Green
Outras fotos: Richard Katz

Diagramação e fotolitos: Casa de Tipos Bureau e Editora Ltda.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, São Paulo, SP)

Kaminski, Patrícia
Repertório das essências florais: um guia abrangente das essências

florais norte-americanas e inglesas para o bem-estar emocional e
espiritual / Patrícia Kaminski e Richard Katz; tradução de Melania Scoss
e Merle Scoss. — Ed. rev. e ampl. — São Paulo: TRIOM, 1997.

Título original: Flower essence repertory.
ISBN 85-85464-15-1

1. Essências e óleos essenciais - Catálogos
2. Essências e óleos essenciais - Uso terapêutico
3. Flores 4. Sistemas terapêuticos I. Katz, Richard.
II. Título.

97-5082 CDD-615.850216

Índices para catálogo sistemático:

1. Essências florais: Terapias alternativas: Repertórios 615.850216
2. Repertórios: Essências florais: Terapias alternativas 615.850216

Agradecimentos

Ao Dr. Edward Bach, por suas indicações originais sobre os
39 remédios ingleses que estão incluídos neste Repertório; e
pelos insights de muitos terapeutas, especialmente os inspira-
dos escritos de Julian e Martine Barnard (The Healing Herbs
of Edward Bach), Mech-thild Scheffer (Bach Flower Therapy)
e Phillip M. Chancellor (Handbook of the Bach Flower
Remedies).

A Matthew Wood, companheiro de longa data e membro
da Flower Essence Society, por seus insights sobre as proprie-
dades de sete importantes remédios florais contidos neste Re-
pertório (Seven Herbs, Plants as Teachers).

Aos incontáveis terapeutas de todo o mundo, cujos nomes
seriam por demais numerosos para listá-los aqui, mas que ge-
nerosamente apoiaram os esforços de pesquisa da Flower
Essence Society. Através de seus inúmeros relatos de casos,
cartas, conversas, entre-vistas telefônicas e comentários de
casos, tornou-se possível para nós continuamente aprofundar
e refinar nossa compreensão das flores e de seus benefícios
terapêuticos.

Finalmente, nossa gratidão às próprias flores, pois elas são
as preciosas expressões da alma Daquela que é chamada de
Natureza ou Gaia. Somos gratos às muitas hierarquias da Cri-
ação que protegem e guiam a generosidade da Terra, e espe-
cialmente a Cristo, o Espírito Solar que uniu Sua mais íntima
essência com o ser Terra. Possam a mente e o coração huma-
nos buscarem sempre estar conscientes da identidade da Na-
tureza como alma e espírito, e possa Sua essência curadora
sempre nos renovar e inspirar.

Saint John’s Wort

Shasta Daisy Chrysanthemum maximum

... Quando não sabes mais como ir adiante, deixa
que as plantas te digam, as plantas que deixas de-
sabrochar, crescer, florescer e frutificar dentro de
ti. Aprende a linguagem das flores.

Todos os habitantes da Terra são capazes de en-
tender a linguagem das flores, pois seu mestre é o
Espírito Solar que fala a cada coração humano. As
plantas apontam o caminho do túmulo à ressurrei-
ção, através de todas as fendas e abismos, sobre
todas as pastagens e todos os cumes a que o cami-
nho possa levar: baga do sabugueiro, rosa-canina,
crisântemo, áster — são os degraus da transforma-
ção, da purificação e da cura dos erros e infelicida-
des do mundo.

Albert Steffen, Journeys Here and Yonder



Índice

Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0V
Prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . X I

Parte I

Visão Geral da Teoria e Prática das Essências Florais . . . 01

Introdução: O que são as Essências Florais? . . . . . . . . . . . . . . . . . 03

Capítulo 1: O que é a Terapia Floral? . . . . . . . . . . . . . . 05

A Natureza da Saúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05
Os Paradigmas Médicos da Cura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06
O Relacionamento Corpo-Mente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08
A Contribuição do Dr. Edward Bach . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
A Visão Holística do Ser Humano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
A Terapia Floral como Cura da Alma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
O Papel Singular da Terapia Floral nos Cuidados com a Saúde . 23

Capítulo 2: Podemos verificar as propriedades das
essências florais? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .030

A Necessidade de Pesquisas sobre as Essências Florais . . . . . . . 30
Rumo a uma Ciência Viva da Natureza . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
O Estudo das Plantas usadas nas Essências Florais . . . . . . . . . . 39
Estudos Clínicos das Essências Florais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
A Pesquisa sobre os Fenômenos da Energia Sutil . . . . . . . . . . . 54
Programa de Pesquisas da Flower Essence Society . . . . . . . . . . 58

Capítulo 3: Como são selecionadas as essências florais? . 59

Identificando as Questões Principais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
Selecionando as Essências Apropriadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
Combinando as Essências Florais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
Trabalhando com as Essências em Diferentes Níveis . . . . . . . . . 64
Situações Especiais de Seleção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Uso Doméstico e Profissional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
Seleção através de Técnicas Vibracionais . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
Como Usar o Repertório das Essências Florais . . . . . . . . . . . . . 70

IX

Capítulo 4: Como são usadas as essências florais? . . . . . . 76

Orientações Práticas para a Administração das Essências Florais 77
Acentuando o Efeito das Essências Florais . . . . . . . . . . . . . . . . 80
A Terapia Floral e outras Modalidades de Tratamento de Saúde 81
Os Resultados da Terapia Floral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
Referências Bibliográficas e Sugestões de Leituras . . . . . . . . . . 92
Flower Essence Society . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100

Parte II
Questões da Alma: Categorias e Temas . . . . . . . . . . . . . . 102

Lista das Categorias e Temas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
Descrição das Essências, organizadas por Categorias e Temas 108

Parte III
Qualidades e Perfis das Essências Florais . . . . . . . . . . . . . . 275

Índice das Essências Florais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 277
Qualidades e Perfis das Essências Florais. . . . . . . . . . . . . . . . . 279
Origem das Essências Florais do Repertório . . . . . . . . . . . . . . 367

X

Prefácio

O Repertório das Essências Florais é um guia de seleção
para o uso profissional e doméstico das essências florais. Foi
escrito com a compreensão de que uma apreciação plena desta
modalidade terapêutica requer um estudo cuidadoso bem como
uma abertura do coração; e com o reconhecimento de que aqui-
lo que foi escrito neste livro é apenas um passo no processo
contínuo de pesquisas e descobertas neste assunto multifacetado.

Este Repertório é publicado pela “Flower Essence Society”
(FES), uma organização de âmbito mundial composta por pro-
fissionais de saúde e leigos interessados no assunto, que se de-
dicam ao desenvolvimento da terapia floral. Embora tenha sido
escrito por Patricia Kaminski e Richard Katz, co-diretores da
FES, este trabalho reflete a pesquisa e os insights de inúmeros
praticantes da terapia floral em todo o mundo, que, ao longo
dos últimos dezesseis anos, contribuíram com seus estudos de
caso e outros dados clínicos.

As indicações apresentadas no Repertório não pretendem
substituir os cuidados profissionais, médico ou psicoterapêutico,
quando estes são apropriados. Ao contrário, o uso das essênci-
as florais descrito aqui tem a intenção de complementar e am-
pliar os programas de saúde bem-equilibrados, tanto na prática
clínica como nos cuidados no lar.

O Repertório é composto de três grandes seções. A Parte I
oferece uma visão geral da teoria e prática da terapia floral.
Cada um dos temas tratados merece uma maior elaboração, e
é nossa intenção desenvolvê-los em futuras publicações. Nosso
objetivo, nestes textos, é apresentar aos iniciantes bem como
aos praticantes experientes um contexto filosófico, cultural e
prático para a terapia floral. A Parte II contém uma relação
abrangente das indicações das essências, organizadas por cate-
gorias. A Parte III compõe-se de um perfil profundo e detalha-
do de cada essência, uma apresentação resumida de suas qua-

XI

lidades positivas e seus padrões de desequilíbrio, e referências
cruzadas para as categorias da Parte II.

O Repertório das Essências Florais foi elaborado com a
intenção de ser facilmente acessado por aqueles que desejam traba-
lhar com ele de variadas maneiras. Embora, ao longo do Repertó-
rio, sejam feitas referências a vários conceitos filosóficos e metafísicos,
não é uma precondição que o leitor acredite num determinado
ensinamento cultural ou espiritual para obter benefício das essências
florais. O mais importante é que cada pessoa considere os méritos
desta modalidade terapêutica e aplique as crenças ou conceitos que
vivem dentro de seu coração e sua mente. Independentemente da
visão filosófica de uma pessoa, o Repertório pode sempre ser
usado de um modo muito básico e direto, se ela simplesmente
tornar-se sensível à vida dos sentimentos da alma humana e apren-
der as qualidades das flores que refletem as condições da alma.
Esperamos sinceramente que o Repertório venha a ser uma
ferramenta para a verdadeira cura da alma e para buscas e desco-
bertas adicionais por parte do leitor.

Apesar dos nossos constantes esforços ao longo dos últimos
dezesseis anos para expandir e aprofundar nossa pesquisa,
estamos claramente conscientes de sua natureza pioneira. Será
muito bem recebida a participação ativa dos nossos leitores no
desenvolvimento dos conhecimentos sobre a terapia floral, atra-
vés de suas contribuições ao programa de pesquisa da Flower
Essence Society. Também serão muito bem recebidos os seus
comentários sobre as formas de aprimorar o Repertório em
futuras edições. Acima de tudo, oramos para que as flores pos-
sam ser sempre uma fonte de inspiração e de cura. Se este
Repertório ajudar, mesmo que em pequena escala, a alcançar
esse objetivo, nossos esforços não terão sido em vão.

Patricia Kaminski e Richard Katz
Nevada City, Califórnia
Maio de 1994

XII

Parte I

Visão Geral
da Teoria e
Prática das
Essências Florais

Repertório das Essências Florais

2

O que é a Terapia Floral?

Introdução:

O que são as Essências Florais?

As essências florais são extratos líquidos sutis, geralmente ingeridos por via oral,
usados para tratar profundas questões do bem-estar emocional, do desenvolvimento
da alma e da saúde do corpo-mente. Embora o uso de flores para a cura tenha muitos
precedentes desde a antigüidade, a aplicação precisa das essências florais em emo-
ções e atitudes específicas foi desenvolvida pela primeira vez por um médico inglês, o
Dr. Edward Bach, na década de 1930. Hoje, as essências florais estão ganhando
reconhecimento profissional no mundo todo por sua significativa contribuição para a
saúde holística e para os programas de bem-estar.

Em geral, as essências florais são preparadas a partir de uma infusão solar de flores
silvestres ou flores intatas de jardim em um recipiente com água, que é posteriormen-
te diluída, potencializada e conservada em conhaque. A preparação com qualidade
requer uma cuidadosa atenção à pureza do ambiente, à vibração e potência das flores,
às condições celestes e meteorológicas, e um estudo sensível das propriedades físicas
e energéticas da planta ao longo dos seus ciclos de crescimento.

Embora as essências florais se assemelhem a outros medicamentos apresentados
em frascos com conta-gotas, elas não agem devido à composição química do líquido
e sim por causa das energias vitais provenientes da planta e contidas na matriz à base
de água. Como os remédios homeopáticos, as essências florais têm uma natureza
vibracional. Elas são altamente diluídas, sob um ponto de vista físico, porém contêm
um poder sutil enquanto substâncias potencializadas, pois incorporam os padrões
energéticos específicos de cada flor. Seu impacto não é o resultado de alguma interação
bioquímica direta na fisiologia do corpo. Pelo contrário, as essências florais atuam
através dos vários campos de energia humanos, os quais por sua vez influenciam o
bem-estar mental, emocional e físico.

A ação das essências florais pode ser comparada aos efeitos que experimentamos
ao ouvir uma peça musical particularmente emocionante ou ao contemplar uma inspi-
rada obra de arte. As ondas luminosas ou sonoras que chegam aos nossos sentidos
podem evocar sentimentos profundos em nossa alma, os quais indiretamente afetam
nossa respiração, ritmo da pulsação e outros estados físicos. Esses padrões não nos
causam impacto pela intervenção física ou química direta em nosso corpo. Ao contrá-
rio, é o contorno e o arranjo da luz ou do som que despertam em nossa alma uma
experiência semelhante àquela que nasceu dentro da alma do criador da forma musi-
cal ou artística. Esse é o fenômeno da ressonância, tal como acontece quando uma
corda de guitarra soa ao ser entoada uma nota correspondente. De modo similar, a
estrutura e a forma específicas das forças vitais transmitidas por cada essência floral
fazem ressoar, e despertam, qualidades particulares na alma humana.

Outro exemplo que pode ser útil para entendermos a ressonância vibracional das
essências florais provém da holografia. Uma fotografia holográfica consiste em pa-
drões de interferência de ondas luminosas, e qualquer parte deles contém informa-
ções sobre o todo e pode ser usada para recriar a imagem tridimensional original.

3

Repertório das Essências Florais

Assim, podemos descrever a água que contém as flores como sendo a receptora de
uma espécie de impressão holográfica das qualidades essenciais da planta. Cada gota
dessa água contém a configuração completa do arquétipo da planta. Ao diluirmos a
essência floral, atenuamos a substância física da infusão de modo que ela deixa de ser
bioquimicamente significativa. Entretanto, toda a “mensagem” etérica da essência da
planta permanece nas poucas gotas, altamente diluídas, que introduzimos em nosso
corpo.

O trabalho com as essências florais requer que estendamos nosso pensamento
para além da premissa materialista de que “quanto mais, melhor”. As essências flo-
rais, como outros remédios vibracionais, ilustram o princípio de que “o pequeno é
belo”. Elas são parte de um campo emergente de terapias sutis, não invasoras e
estimulantes da vida, o qual promete dar uma importante contribuição aos cuidados
com a saúde nos anos vindouros.

4

O que é a Terapia Floral?

Um

O que é a Terapia Floral?

A terapia floral envolve a aplicação de essências florais no contexto de um programa
global de estimulação da saúde, seja na prática profissional ou nos cuidados no lar.
Embora a palavra “terapia” seja tipicamente usada para indicar o tratamento e a cura
da doença, a raiz grega therapeía tem o sentido mais amplo e anímico-espiritual de
“serviço” e está relacionada ao verbo therapeuein, “cuidar de”. É nesse sentido de
serviço e cuidado que falamos da terapia floral; ela é uma maneira de nutrirmos e
sustentarmos a saúde com as forças benéficas da Natureza, no contexto de uma sábia
e amorosa atenção humana.

Para entender os usos terapêuticos das essências florais, é importante fazer algumas
perguntas básicas sobre a natureza da saúde e da doença. Qual o objetivo do cuidado
com a saúde? O que causa a doença? Qual a relação entre a mente e o corpo? Quais
são nossas premissas sobre a natureza humana? Nossas respostas a essas perguntas
genéricas irão determinar se temos ou não a compreensão e o discernimento para
usar as essências florais em sua plena capacidade de catalisadores da saúde do corpo-
mente.

A Natureza da Saúde

A liberdade para experimentar a vida

Saúde é a capacidade de participar plenamente dos ritmos da vida, sentindo a
glória do raiar do dia, celebrando o ciclo anual das estações e percebendo a pulsação
vital da Natureza bater dentro de nós. A verdadeira saúde é mais do que apenas “ir
levando”. Significa mergulhar por inteiro na vida, significa o envolvimento pleno do
corpo e da mente em tudo o que fazemos — no trabalho, na vida familiar e social, na
expressão criativa e na contemplação interior.

Não existe nenhum modelo fixo do que significa ser uma pessoa saudável. Sermos
saudáveis é sermos completamente nós mesmos — não a identidade definida pelo
condicionamento social, nem a persona que adotamos para atender as expectativas
dos outros. Pelo contrário, é o Eu que expressa singularmente tudo o que podemos
ser. Ele será diferente para cada pessoa e, portanto, pressupõe o desenvolvimento do
autoconhecimento e da compreensão de si mesmo.

Saúde é a aceitação da vida, com todas as suas imperfeições e contradições. É uma
expansibilidade do ser, o qual se fortalece ao abraçar todas as experiências, ao invés
de tentar suprimir a limitação, a dor ou o sofrimento. Na verdade, o sofrimento tem o
potencial de nos levar a uma apreciação mais profunda da vida e a um despertar para
o nosso próprio potencial maior. A doença pode ser vista não como um tormento a
ser erradicado, mas sim como um mestre que nos mostra as fontes de desequilíbrio

5

Repertório das Essências Florais

em nossa vida ou os aspectos do nosso ser que temos ignorado. Os desafios com que
nos defrontamos podem evocar virtudes interiores e nos motivar a fazer as mudanças
necessárias. Em seu nível mais profundo, a doença pode ser uma experiência iniciática,
sentida não como uma simples perda, mas também como uma oportunidade para um
novo começo.

A saúde pressupõe liberdade interior. A responsabilidade é o processo que leva à
verdadeira liberdade, a capacidade de responder. Quando somos um simples recipi-
ente passivo da doença ou do tratamento médico, meramente reagindo ou nos sentin-
do influenciados, tornamo-nos um objeto a ser manipulado em vez de um participante
ativo no cuidado com nossa saúde. A verdadeira saúde requer uma ativa autopercepção
consciente, na qual cada um de nós assume a responsabilidade pelos desafios e pelas
lições da vida.

Os Paradigmas Médicos da Cura

A saúde é comumente definida na nossa cultura como a ausência de sintomas, ou a
eliminação ou controle da doença. Já que falta a essa definição uma imagem positiva
do que é bem-estar, o nosso sistema médico está preocupado em tratar a doença e não
em criar a saúde. Compreender os limites dessa abordagem sintomática da saúde é
fundamental para todos os que usam as essências florais. Sem essa percepção consci-
ente, é fácil abordar as essências florais como meros remédios para solucionar os
sintomas emocionais, em vez de catalisadores da percepção consciente e da transfor-
mação.

O modelo mecanicista do ser humano

A abordagem sintomática da saúde está baseada no paradigma da prática médica
que tem uma visão mecanicista do ser humano. Suas raízes filosóficas remontam à
cosmovisão do século 17, exemplificada por René Descartes, que postulava a dualidade
de mente e corpo, e por Isaac Newton, cujas teorias levaram a um modelo mecânico,
semelhante a um relógio, do Universo. À medida que esse paradigma científico se
desenvolvia nos séculos seguintes, a Revolução Industrial abastecia nosso mundo com
máquinas cada vez mais sofisticadas e o corpo humano passava a ser visto como a
mais admiravelmente complexa de todas as máquinas. Esse modelo mecanicista con-
sidera a cura como uma questão de consertar o maquinário quebrado, similar à
regulagem de um motor ou à substituição de uma peça defeituosa.

Com a proliferação dos computadores nas décadas mais recentes, o paradigma
mecanicista tem se propagado como um modelo cibernético de vida. Os seres huma-
nos, e os seres vivos em geral, são atualmente considerados como sendo
supercomputadores, feitos de “chips” biológicos e genéticos. Através da engenharia
genética, a moderna tecnologia médica está agora tentando redesenhar a própria
estrutura dos organismos vivos.

Ao mesmo tempo em que o reducionismo mecanicista interpreta a vida como
sendo composta por “blocos de construção” físicos (tais como células, moléculas,
átomos e partículas subatômicas), a cibernética reduz toda inteligência a informações

6

O que é a Terapia Floral?

digitais, isto é, à sucessão de bits binários ligados/desligados que forma a base do
computador moderno. A “inteligência artificial” de um computador é um poderoso
instrumento, mas será a mesma coisa que a vida? Consideremos a imagem de uma
rosa, impressa em meio-tom. As séries de pontos coloridos e espaços brancos na
página impressa pode assemelhar-se à imagem de uma rosa, mas nós sabemos que
uma rosa viva é infinitamente mais complexa e está preenchida de sentido e significa-
do muito mais profundos.

A medicina contemporânea, admite-se, desenvolveu um extraordinário conheci-
mento sobre o funcionamento dos vários sistemas e estruturas do corpo físico. Isso
gerou uma tecnologia sofisticada para, através de cirurgias, restaurar o corpo das
devastações causadas por doenças e acidentes e, através da medicina química, alterar
as funções fisiológicas do corpo.

Embora essa complexa tecnologia médica proporcione alguns benefícios admirá-
veis, ela é exorbitantemente cara. Além disso, há também outros custos, menos tan-
gíveis. Hoje em dia poucos médicos visitam os pacientes em casa ou dedicam, na
consulta, o tempo suficiente para obter um quadro completo da vida do paciente,
incluindo o ambiente doméstico, a dinâmica familiar ou a vivência do trabalho. A
ascensão do especialista, que é um conhecedor de uma parte da “máquina” humana,
significa que atualmente dedica-se menos atenção à pessoa como um todo do que nos
tempos do médico da família.

Além disso, quando somos tratados como simples máquinas a serem manipuladas
ou computadores a serem programados, nossas imensas capacidades inatas de cura
são ignoradas, fazendo-nos cada vez mais dependentes das custosas intervenções
médicas. A crise contemporânea em relação aos cuidados com a saúde é mais do que
um problema financeiro ou político; é um sintoma cultural da nossa falta de conexão
com as fontes profundas de onde brota a saúde.

A teoria do germe

A premissa que norteia a medicina convencional é a de que a cura resulta do lutar
contra a doença, em vez do promover a saúde. Com efeito, é impressionante o
quanto de sua linguagem é tomado de empréstimo às imagens da guerra. Tentamos
“derrotar a doença”, “combater a infecção” com “cápsulas mágicas” e travar uma
“batalha contra o câncer”.

O ímpeto desse retrato da medicina como uma campanha militar tem sua origem
na teoria do germe da doença, que culminou no século 19 com o trabalho de Louis
Pasteur, o fundador da microbiologia. Pasteur estabeleceu não só as bases científicas
como também as bases filosóficas para as modernas técnicas de combate às doenças,
tais como a imunização e os antibióticos. Do ponto de vista da teoria do germe, a
doença é causada por agentes externos invasores, como bactérias ou vírus, contra os
quais precisamos lutar. A medicina moderna reuniu um poderoso arsenal de armas
que têm vencido muitas batalhas contra as doenças infecciosas que antes devastavam
a humanidade.

Os modelos mecanicista-cibernéticos do ser humano e a teoria do germe da doen-
ça contêm algumas verdades e levaram a uma melhora da saúde humana. Contudo, a
incapacidade da medicina contemporânea de reduzir significativamente muitos males
crônicos como o câncer, a artrite ou a doença cardiovascular, aponta para a necessi-
dade de uma visão mais ampla da saúde e da cura.

7

Repertório das Essências Florais

A resistência à doença

Foi um contemporâneo de Pasteur, outro cientista e médico francês chamado Claude
Bernard, quem discordou da idéia de que os microorganismos invasores eram a causa
da doença. Bernard enfatizava a importância do “ambiente interior” da pessoa e seu
grau de receptividade à doença, em vez de enfatizar o “germe”, que seria apenas o
mecanismo pelo qual a doença ocorria. Falava do “solo” onde o bem-estar humano
podia crescer. Ele sabia, como o saberia qualquer jardineiro, que sem um solo saudável
não conseguimos fazer crescer plantas robustas e resistentes a doenças, por mais que
combatamos as pragas invasoras.

Os insights de Bernard introduziram o conceito de resistência à doença, o qual
reconhece que microorganismos patogênicos estão disseminados por toda a popula-
ção, mas apenas certas pessoas em momentos específicos sucumbem de fato às doen-
ças “causadas” por esses germes. Essa compreensão é a base do cuidado verdadeira-
mente preventivo com a saúde; cuidado este que enfatiza que a dieta, os exercícios, o
controle do stress, o bem-estar emocional e os fatores ambientais são componentes
importantes de um estilo de vida vibrante e resistente à doença. Embora esses fatores
que promovem um estilo de vida saudável já tivessem sido articulados há muito tempo,
no século 5 a.C. pelo médico grego Hipócrates, eles estão cada vez mais sendo reco-
nhecidos como meios que permitem ao indivíduo assumir a responsabilidade e influ-
enciar seu estado de saúde.

É verdade que nem todas as doenças podem ser prevenidas e muitos fatores cau-
sadores de doença podem até estar além do controle individual. No entanto, podemos
influenciar a maneira como respondemos aos desafios que a vida nos apresenta. A
moderna compreensão do sistema imunológico, seu papel na prevenção da doença
e na recuperação, e sua íntima ligação com nossas emoções e hábitos diários, ensina-
nos que o modo como vivemos — nossos hábitos físicos, emocionais e mentais —
exerce uma influência profunda sobre a nossa capacidade de resistir às doenças e criar
mais saúde e bem-estar.

É nesse contexto de uma estimulação geral da saúde que podemos entender a
admirável contribuição das essências florais. Elas não são substitutas das drogas
miraculosas ou dos milagres altamente tecnológicos da medicina moderna. Pelo con-
trário, seu propósito é preparar a terra onde cresce a boa saúde, enriquecer o solo
profundo da nossa vida, para que os hábitos e as atitudes afirmadores da vida, que
nutrem o nosso bem-estar, possam criar raízes e florescer.

O Relacionamento Corpo-Mente

Medicina psicossomática, stress e personalidade

Embora a corrente dominante da medicina tenha sido progressivamente influencia-
da no século passado pelos modelos de cura mecanicistas e bélicos, um forte
contramovimento, que reconhece o papel da mente e das emoções, também fez avan-
ços significativos.

A medicina homeopática, desenvolvida pelo médico alemão Samuel Hahnemann
há mais de duzentos anos, tornou-se uma importante força na prática médica do

8

O que é a Terapia Floral?

século 19. Ela enfatiza o tratamento da pessoa, e não o da doença, e seus praticantes
levam em consideração os fatores mentais e emocionais juntamente com os sintomas
físicos. Embora tenha sido amplamente rejeitada pela medicina convencional como
“não-científica”, alguns aspectos da filosofia homeopática penetraram a corrente do-
minante da medicina. Por exemplo, no final do século 19, o famoso médico canaden-
se Sir William Osler descreveu a importância que as emoções e atitudes de seus paci-
entes tinham na doença e na recuperação. Diz-se que foi Osler quem afirmou: “É
melhor conhecer o paciente que tem a doença do que a doença que o paciente tem.”

A ascensão da psiquiatria e o uso clínico do hipnotismo trouxeram o reconheci-
mento da extraordinária influência dos processos mentais inconscientes sobre o fun-
cionamento do corpo. Essa compreensão foi reforçada pela ocorrência da Primeira
Guerra Mundial, quando muitos soldados voltaram das trincheiras sofrendo de “neu-
rose de guerra” devido ao extremo stress dos combates. Foi nessa mesma época que
o Dr. Edward Bach desenvolveu seus insights quanto ao papel das emoções e atitudes
na doença, o que o conduziria ao seu sistema das essências florais nos anos 30.

A década de 30 desencadeou os terríveis traumas sociais da Grande Depressão e
os primórdios da Segunda Guerra Mundial. Com tais desafios diante da psique huma-
na, não causa surpresa que essa década também trouxesse uma maior investigação
das relações corpo-mente. O conceito de “medicina psicossomática” foi desenvolvido
nessa época pelo psiquiatra Dr. Franz Alexander e outros. Reconheceu-se que inúme-
ras doenças — tais como verrugas e outras afecções cutâneas, asma, úlceras estoma-
cais e colite — tinham causas emocionais ao invés de físicas, embora seus efeitos
fossem decididamente físicos. Foi também nos anos 30 que o Dr. Hans Seyle iniciou
seu trabalho pioneiro sobre o stress, um conceito que atualmente já se firmou na
cultura popular. Seyle mostrou que as reações de “fuga ou luta” do sistema nervoso
simpático, que são apropriadas para situações de emergência e perigo físico imediato,
podem tornar-se debilitantes quando repetidamente acionadas por atitudes emocio-
nais habituais ou por reações do stress crônico.

Após a Segunda Guerra Mundial, a pesquisa do corpo-mente começou a identifi-
car traços específicos de personalidade que têm correspondência com a suscetibilidade
a certas doenças. (Essa idéia tem raízes muito antigas; já no século 2, o ilustre médico
grego Galeno opinava que a pessoa melancólica era mais suscetível ao câncer.) Um
dos mais famosos estudos modernos a associar personalidade e doença foi conduzido
nos anos 50 pelos Drs. Meyer Friedman e Raymond Rosenman. Eles cunharam o
termo Comportamento Tipo A para designar a atitude impaciente e hostil que pare-
cia ligada a um maior risco de doença cardíaca, em comparação com o mais despre-
ocupado Comportamento Tipo B.

O Dr. Dean Ornish, que vem recebendo crescente reconhecimento por seu pro-
grama de reversão da doença cardíaca através de mudanças na dieta, estilo de vida e
psicologia do paciente, conduz uma das mais significativas pesquisas contemporâneas
sobre as condições cardíacas. Ele descobriu que por trás da tendência compulsiva de
muitos pacientes cardíacos está o esforço de criar um falso eu que seja capaz de
ganhar a aprovação e o amor dos outros, preenchendo assim o “vácuo” sentido no
fundo do coração. Para essas pessoas, Ornish prescreve uma “cirurgia do coração a
nível emocional” para ajudar a derrubar suas defesas. Sua pesquisa mostra que o enri-
quecimento da vida dos sentimentos, junto com mudanças relacionadas ao estilo de
vida, contribui para uma taxa muito maior de cura a longo prazo do que a cirurgia
convencional do coração.

9

Repertório das Essências Florais

Uma pesquisa recente da psicóloga Lydia Temoshok sugere aquilo que ela chama
de Personalidade Tipo C, caracterizada pela não-expressão da raiva, desesperança e
depressão, e que parece ter correspondência com uma maior suscetibilidade ao cân-
cer. Num marcante estudo controlado que durou dez anos, o Dr. David Spiegel, psi-
quiatra da Universidade de Stanford, descobriu que mulheres com câncer de mama
que recebiam psicoterapia de grupo viviam duas vezes mais do que mulheres com a
mesma condição e mesmo tratamento físico, porém sem receber a psicoterapia.

Uma pesquisa adicional em Stanford, com pacientes artríticos num programa de
auto-ajuda, mostrou a importância do desenvolvimento de um senso de auto-respon-
sabilidade e proficiência, descrito pelo psicólogo Albert Bandura como “auto-eficá-
cia”. Os pacientes desse programa que superaram os sentimentos de desamparo e
opressão experimentaram uma redução da dor e uma mobilidade crescente.

Embora muitos estudos ainda restem por ser feitos para que seja estabelecida a
relação precisa entre traços de personalidade e doenças específicas, as pesquisas em
curso demonstram claramente que as emoções e atitudes são os principais fatores que
contribuem para nossa capacidade de resistir à doença e criar a saúde.

O efeito placebo

Ironicamente, alguns dos argumentos mais convincentes para o papel das atitudes
e das crenças na saúde humana provêm de dados que costumam ser descartados nas
pesquisas. Quando se fazem estudos controlados, o grupo de controle recebe um
placebo, algo que parece um medicamento ou tratamento, mas é fisicamente inerte.
A idéia é a de que o tratamento ou o medicamento é eficaz se as pessoas que recebem
o tratamento “verdadeiro” obtêm resultados significativamente melhores do que aque-
las que recebem o placebo.

Contudo, muitas das pessoas que recebem o placebo se recuperam de fato, muitas
vezes em taxas bem maiores do que seria de esperar em quem não está recebendo
tratamento algum. Esse “efeito placebo” tornou-se bastante constatado nas pesquisas
e é explicado como o efeito da crença do paciente de estar recebendo algum tipo de
tratamento útil, crença esta reforçada pela atenção cuidadosa do médico ou pesquisa-
dor.

Os pesquisadores geralmente são pagos para medir o efeito físico do remédio ou
do procedimento nos pacientes que recebem “a coisa autêntica”. Porém, parece igual-
mente significativo estudar as respostas dos grupos placebo, que não recebem ne-
nhum tratamento médico, mas muitas vezes experimentam mudanças
demonstráveis baseadas simplesmente na crença de que estão recebendo trata-
mento.

O efeito placebo é uma evidência convincente de que as atitudes e crenças causam
impacto no corpo humano de maneiras tão observáveis e reais como as dos agentes
físicos ativos. Ao invés de descartar essa parte do método experimental, deveríamos
examiná-la com mais atenção. Essa demonstração da influência corpo-mente nos
desafia a desenvolver terapias que se dirijam diretamente às atitudes e às crenças. A
terapia floral é uma dessas modalidades.

A psiconeuroimunologia

Nos anos 80, a ciência médica começou a levar a sério a conexão corpo-mente, à
medida que as pesquisas começaram a mapear alguns dos mecanismos bioquímicos

10

O que é a Terapia Floral?

envolvidos. Com a publicação do livro de Robert Ader, Psychoneuroimmunology, em
1981, esse termo entrou no vocabulário médico e popular. A psiconeuroimunologia
(PNI) refere-se à capacidade da mente de, agindo através do sistema nervoso, alterar
a fisiologia do sistema imunológico humano, que é responsável pela resistência à doen-
ça. Estudos mostram as conexões diretas do sistema nervoso com a glândula timo, a
produtora das células T, as quais são básicas para a função imunológica. Inúmeros
“mensageiros bioquímicos” têm sido estudados, incluindo os hormônios que transmi-
tem as respostas emocionais das glândulas para o corpo e vice-versa, e vários
neuropeptídios tais como as endorfinas, que têm efeitos analgésicos e euforizantes.

É de extrema importância que compreendamos acuradamente o significado da PNI
e de outras pesquisas do corpo-mente. Elas não explicam a mente como um fenôme-
no puramente fisiológico, nem provam que a mente pode ser controlada por meios
químicos. Tal interpretação estaria confundindo o cérebro, que é uma parte do corpo
físico, com a mente ou a alma, que são aspectos do Eu situados além do corpo físico.
A mente age através do cérebro e de outras partes do corpo, e desse modo afeta seus
funcionamentos. Da mesma maneira, a atividade da mente é obstruída ou intensificada
pela condição do cérebro e do corpo. Essa é uma relação recíproca, bem mais comple-
xa e dinâmica do que a afirmação simplista de que a mente nada mais é que mecanis-
mos bioquímicos.

Se a pesquisa da PNI for interpretada de uma maneira reducionista, ela se torna
apenas mais uma elaboração do ser humano como máquina complexa ou
biocomputador. A verdadeira significância da pesquisa da PNI é que podemos medir
os efeitos físicos das nossas crenças, atitudes e sentimentos, que, de outro modo, não
são diretamente mensuráveis. É uma situação análoga à dos físicos, que estudam as
invisíveis partículas subatômicas olhando seus rastros nas câmaras de bolhas. Os ca-
minhos bioquímicos mapeados pela pesquisa da PNI são evidências da existência de
qualidades anímicas mais elevadas que têm suas origens num plano além do corpo
físico. Assim entendida, essa pesquisa dá apoio a uma compreensão mais ampla do
ser humano, a de que o corpo físico é diretamente afetado por aquilo que pensamos
e sentimos.

Em suma, podemos ver que a moderna terapia floral é parte de uma busca maior,
dentro das profissões voltadas aos cuidados com a saúde, por uma visão mais holística
do ser humano e especialmente pela importância dos sentimentos, atitudes e crenças
sobre a nossa saúde geral e sobre a nossa capacidade de resistir à doença.

A Contribuição do Dr. Edward Bach

É nesse contexto histórico da medicina do corpo-mente que podemos apreciar o
gênio do Dr. Edward Bach, criador da terapia floral, e compreender porque seu traba-
lho fala tão fortemente aos nossos tempos.

O Dr. Bach foi um pioneiro na compreensão do relacionamento das emoções com
a saúde do corpo e da psique. Ele percebeu que, para a saúde ser gerada, os nossos
aspectos emocionais e espirituais precisam ser tratados. A má saúde ocorre quando
nos falta uma percepção consciente da nossa identidade como alma-espírito, e quan-
do nos alienamos dos outros ou perdemos a conexão com nosso propósito na vida.

11

Repertório das Essências Florais

Como Bach explicou em sua marcante obra Heal Thyself (Cura-te a ti mesmo), a
doença é uma mensagem para mudarmos, uma oportunidade para tomarmos consci-
ência das nossas imperfeições e para aprendermos as lições da vida, de modo a
podermos cumprir melhor nosso verdadeiro destino.

Bach recebeu treinamento médico convencional em Londres e praticou durante
muitos anos como bacteriologista. Sua abordagem, contudo, era pouco convencional,
na medida em que ele baseava seu tratamento mais nas emoções e atitudes de seus
pacientes do que num diagnóstico puramente físico. Mais tarde, ele se voltou para a
medicina homeopática, pois apreciou essa abordagem da saúde da pessoa como um
todo e a aplicação de remédios que energizavam os poderes de cura do corpo. Na
realidade, uma série de nosódios intestinais desenvolvidos por Bach ainda são usados
pelos homeopatas hoje em dia.

Em 1930, o Dr. Bach deixou sua clínica homeopática em Londres e se transferiu
para a zona rural a fim de desenvolver um novo sistema de remédios naturais, feitos
com flores silvestres. Através de sua sensível observação tanto da Natureza como do
sofrimento humano, ele foi capaz de correlacionar cada remédio floral com um espe-
cífico estado mental humano.

Antes de sua morte em 1936, aos 50 anos, Bach desenvolveu uma série de essên-
cias florais que demonstravam um admirável insight na natureza humana. Numa épo-
ca em que o mundo estava preocupado com o sofrimento físico, a convulsão política,
a devastação econômica e a ascensão do nazismo e do fascismo, Bach percebeu a
escuridão interior da alma humana. Reconheceu a importância de emoções destrutivas
tais como a depressão, o ódio e o medo. Junto com outros pioneiros da medicina
psicossomática, ele percebeu o tributo devastador que as emoções e atitudes desequi-
libradas cobram do corpo humano. Bach foi mais longe, contudo, no sentido de saber
que a verdadeira saúde está baseada na conexão de nossa vida e destino com um
propósito maior. Além disso, ele compreendeu que poderíamos encontrar na própria
Natureza as substâncias capazes de trazer profunda mudança à alma e ao corpo hu-
manos.

A Visão Holística do Ser Humano

Energia vital e saúde

Se partirmos do princípio de que o ser humano é algo mais que uma máquina a ser
consertada quando se quebra ou um complexo biocomputador que precisa ser
reprogramado, podemos então desenvolver uma visão expandida da natureza huma-
na, uma perspectiva mais “holística”. O primeiro passo é reconhecer o ser humano
como um sistema de forças energéticas assim como de estruturas físicas e atividade
bioquímica. Os antigos conceitos orientais de chi e prana, ou o da força vital na
tradição ocidental, descrevem uma energia vital que anima a matéria física no interior
dos seres vivos. Uma deficiência ou distúrbio nessas energias vitais podem levar ao
stress no corpo físico, reduzindo desse modo a resistência à doença.

Ao olhar apenas para os sistemas físicos do ser humano, a medicina convencional
ignora a influência dos campos transfísicos de energia. É mais ou menos como tentar

12

O que é a Terapia Floral?

entender as imagens da televisão analisando as partes do aparelho de TV, sem reco-
nhecer o campo de energia eletromagnética circundante que transporta o sinal trans-
mitido. A estrutura física é fundamental, mas a premissa reducionista de que não
existe nada mais além dessa estrutura ignora as forças que animam as formas físicas.

O corpo etérico

Os campos eletromagnéticos, com os quais estamos tão familiarizados nesta nossa
era eletrônica, proporcionam uma analogia muito útil para compreendermos os cam-
pos de energia dos seres vivos. No entanto, seria um erro tentar explicar a vida em
função das energias físicas da eletricidade e do magnetismo. As energias vitais, co-
nhecidas como as forças etéricas formativas, têm suas próprias e distintas qualidades
e características, e mesmo sua própria geometria. Por exemplo, as forças físicas se
irradiam de um ponto de origem para a periferia, enquanto as forças etéricas se
concentram a partir da periferia para um centro vital. George Adams e Olive Whicher,
em seu livro The Plant Between Sun and Earth (A Planta entre o Sol e a Terra),
descrevem como o estudo da geometria projetiva fornece uma base matemática para
compreendermos a polaridade das forças físicas e etéricas em organismos vivos, tais
como as plantas.

Essas forças vitais etéricas envolvem o corpo físico e pode-se dizer que constituem
o corpo etérico. Uma surpreendente demonstração da existência desse corpo é o
“efeito da dor fantasma”, no qual a pessoa conserva a sensação dolorosa de um
membro amputado. O membro físico foi perdido, mas o membro etérico permanece.
Esse fenômeno também é ilustrado pelo “efeito da folha fantasma”, visível na fotogra-
fia kirlian de uma folha cortada que mostra claramente a imagem do campo de ener-
gia da folha completa, sem o corte. Pesquisadores russos chamaram esse campo da
aura de “bioplasma” de um ser vivo, que podemos considerar como um outro nome
para o corpo etérico. (Ver pág. 56 para maiores informações sobre a fotografia
kirlian).

O corpo etérico também engendra hábitos vitais construtivos e padrões rítmicos de
comportamento. Um conceito similar tem sido proposto por Rupert Sheldrake, um
pioneiro biólogo inglês e autor de A New Science of Life (Uma Nova Ciência da Vida).
A teoria da causação formativa de Sheldrake descreve os campos morfogênicos, os
quais dão forma e direção aos organismos vivos e são moldados pelos padrões da
experiência passada. Essas são as forças etéricas formativas, comuns a todos os orga-
nismos vivos e responsáveis pelo crescimento e desenvolvimento das formas orgânicas.

É o corpo etérico que diferencia o vivo do não-vivo. Sua presença estabelece a
diferença entre um organismo vital, florescente e uma porção de matéria sem vida.
Quando o corpo etérico se retira do corpo físico, ocorre a morte e a dissolução.
Quando o corpo etérico é forte e vitalizado, o organismo físico é cheio de vida.

A homeopatia e a acupuntura como medicinas de energia

Duas modalidades de tratamento de saúde que estão bem estabelecidas no mundo
de hoje — a homeopatia e a acupuntura — reconhecem e tratam os campos da
energia etérica humana. A diferença entre os remédios homeopáticos e os medica-
mentos convencionais é que os primeiros são tão diluídos fisicamente que qualquer
influência bioquímica é atenuada ou eliminada, ao mesmo tempo em que suas forças
energéticas são amplificadas através de um processo de dinamização ou
potencialização, produzido pela sucussão rítmica que acompanha cada estágio de

13

Repertório das Essências Florais

diluição. Esses remédios produzem então um efeito nos campos energéticos humanos
através da Lei dos Semelhantes. Esse princípio sustenta que uma substância causado-
ra de um conjunto específico de sintomas quando ministrada em grandes doses, irá,
em doses homeopáticas, estimular o corpo a curar esse mesmo conjunto de sintomas.
Assim, a homeopatia age como um catalisador, reunificando as forças vitais do ser
humano para que elas se envolvam no processo de cura.

A acupuntura é uma antiga ciência médica oriental na qual minúsculas agulhas são
inseridas ao longo dos meridianos, que são os caminhos da energia vital humana.
Usados para tudo, desde o alívio da dor até a cura de doenças crônicas, os tratamen-
tos com acupuntura agem sobre os sistemas fisiológicos ao regular e tonificar o corpo
energético humano.

A homeopatia é uma profissão amplamente praticada e altamente respeitada na
Europa, Índia, América do Sul e Austrália. Após um século de repressão, ela está
passando por um renascimento na América do Norte. A acupuntura, praticada há
milhares de anos na China e no Japão, tornou-se cada vez mais difundida no Ociden-
te nas últimas décadas. Essas duas modalidades de tratamento de saúde podem com-
provar milhares de casos em que clientes obtiveram uma cura para a qual a ciência
médica convencional não tem explicação. Receitar doses infinitesimais de substâncias
ou inserir agulhas em meridianos de energia não faz sentido se o ser humano for
apenas um mecanismo bioquímico. O sucesso dessas terapias etéricas é uma podero-
sa evidência de que o ser humano é mais do que uma máquina e de que os campos
energéticos humanos são reais.

O sistema dos campos energéticos humanos

Reconhecer a existência do corpo etérico como um campo de energia vital é o
primeiro passo para se alcançar uma compreensão da anatomia sutil humana, ou
seja, a estrutura e funcionamento dos “corpos superiores” ou campos de energia que
se estendem além da dimensão física. Embora haja muitos sistemas de anatomia sutil,
neste Repertório referimo-nos a uma fundamental divisão quádrupla do ser humano,
que tem origem em várias tradições da sabedoria e da cura metafísicas, e que é resu-
mida sucintamente nos escritos do moderno cientista espiritual, Dr. Rudolf Steiner.

Essa classificação quádrupla refere-se a: 1) o corpo físico — a estrutura bioquímica
e mecânica do corpo; 2) o corpo etérico — o envoltório vital que circunda imediata-
mente o corpo físico e que está intimamente conectado com as forças vitais da Natu-
reza; 3) o corpo astral — a sede da alma e o repositório dos desejos, emoções e
sentimentos humanos, especialmente correlacionado com o mundo dos astros e ou-
tras influências cósmicas; e 4) o Self ou Eu Espiritual — a essência ou identidade
espiritual verdadeira de cada ser humano. Esses quatro corpos também podem ser
vistos como se estivessem contidos em duas polaridades fundamentais do ser huma-
no: o pólo da vida (o físico-etérico) e o pólo da consciência (o anímico-espiritual). Já
analisamos os corpos físico e etérico; passamos agora ao pólo da consciência do ser
humano.

O corpo astral

A consciência nasce no corpo astral, criando um espaço interior no qual o mundo
exterior pode ser vivenciado. Se compararmos a qualidade bidimensional e espalhada
da folha de uma planta com o fechado espaço interior de um órgão humano ou
animal, teremos uma imagem da diferença que existe entre os corpos etérico e astral.

14

O que é a Terapia Floral?

A presença do corpo astral nos animais é evidenciada pelos seus movimentos e sons
característicos, que são as expressões exteriorizadas de suas experiências interiores.
Nos seres humanos, o corpo astral é a morada da alma e dos nossos sentimentos,
desejos e sensibilidade aos outros e ao ambiente. Ele contém tanto a nossa experiên-
cia do mundo que nos rodeia quanto do nosso mundo interior. O corpo astral é, sem
dúvida, um lugar de polaridades, onde somos lacerados entre o gostar e não gostar,
atração e repulsão, extroversão e introversão. Embora seja o corpo etérico que conce-
de vitalidade, é o corpo astral que dá cor e profundidade à nossa vida.

Embora, em seu crescimento e desenvolvimento, a planta seja basicamente uma
expressão das forças etéricas, percebemos a influência de qualidades astrais no apare-
cimento da flor, com suas cores, formas e fragrâncias ímpares. O formato de taça de
muitas flores sugere um espaço interior, embora de um modo mais parcial que os
órgãos humanos e animais. Podemos, por esse motivo, compreender porque as es-
sências florais são preparadas especificamente da parte florida da planta. Quando a
planta verde brota em floração, uma forma puríssima e extraordinária de astralidade
toca brevemente sua dimensão etérica. Os remédios que são preparados nesse mo-
mento do florescimento são singularmente capazes de tratar as experiências emocio-
nais do corpo astral humano, harmonizando-as com o corpo etérico.

Um dos antigos ensinamentos sobre o corpo astral é o de que ele contém sete
importantes centros de energia, ou “chakras”. Há muita literatura disponível sobre o
sistema dos chakras, sua relação com as emoções e suas correspondências com o
sistema endócrino dos corpos físico e etérico. As essências florais produzem clara-
mente um forte efeito sobre os chakras humanos. Entretanto, achamos que uma
compreensão do sistema dos chakras e sua relação com as essências florais deveria
basear-se na evidência empírica bem como na filosofia metafísica. Neste Repertório,
somente algumas das principais relações com os chakras são mencionadas naquelas
essências em que tais relações são particularmente significativas. É nossa intenção
providenciar um exame mais completo do relacionamento entre as essências florais e
os chakras, em futuros seminários e publicações, à medida que se desenvolverem
nossas pesquisas.

O Eu Espiritual

O aspecto supremo do ser humano no sistema quádruplo é o ego espiritual ou
Self, também conhecido como a presença do Eu ou a centelha de divindade que
habita no indivíduo. É essa percepção consciente interior do ego espiritual, essa pos-
sibilidade de individuação, que leva o ser humano à liberdade de dar forma ao seu
destino e desenvolver as forças morais da consciência assim como a consciência de
si. Esse Eu, ou presença auto-reflexiva, distingue os seres humanos dos três outros
reinos da Natureza — os animais, as plantas e os minerais.

O Eu Espiritual é aquele aspecto divino do nosso ser que age através da matriz do
corpo e da alma, buscando a encarnação na matéria a fim de evoluir. Ele representa
uma identidade individual que não pode ser plenamente definida por fatores
demográficos ou hereditários, mas que se manifesta em nosso caráter e destino pes-
soal. Assim como é única a estrutura cristalina de cada floco de neve que cai do céu
sobre a Terra, também a diamantina divindade que pertence a cada alma humana é
uma expressão sublime de espiritualidade individual.

É também o Eu Espiritual que proporciona um foco central para a integração dos
diversos elementos do nosso ser. O egotismo ou o egoísmo ocorrem quando nos

15

Repertório das Essências Florais

identificamos com papéis, auto-imagens, emoções ou anseios limitadores em vez de
nos identificarmos com a plenitude do Eu Espiritual. Às vezes essas expressões do “eu
inferior” estão ocultas da plena visão da nossa consciência, mas mesmo assim exer-
cem poderosas influências enquanto “sombra” ou “duplo” psicológico. Se soubermos
transferir a nossa identidade para o Eu Espiritual, desenvolveremos uma capacidade
de observador, um centro sereno para a prática da autopercepção consciente e do
honesto exame de nossos atos e pensamentos.

Não nos é possível superar o egoísmo através da negação do eu. A repressão não-
saudável da individualidade não traz uma verdadeira realização do ego espiritual. Sem
um forte senso do eu e de propósito na vida, ficamos sujeitos às influências aleatórias
das circunstâncias mutáveis ou ao controle e orientações dos outros; somos arrasta-
dos pela vida como um barco sem leme no mar. O genuíno não-eu nasce da liberdade
e da força, quando servir e entregar-se a um propósito mais elevado são a escolha
consciente de um Eu forte e radiante.

A expressão física do Eu é o sistema imunológico. Sua função é estabelecer a
diferença entre aquilo que serve à totalidade do nosso ser e aqueles processos doenti-
os que egoisticamente servem seus próprios propósitos às custas do todo. Não é
coincidência que numa época em que a verdadeira identidade espiritual está perturba-
da ou distorcida de mil maneiras, a nossa cultura como um todo também experimente
um rápido aumento das doenças relacionadas com a função imunológica. A mensa-
gem mais profunda dessas doenças físicas é a de que precisamos desenvolver um
relacionamento integral com o Eu Espiritual.

Assim, um senso forte, porém equilibrado, do Eu é vital para a saúde tanto do
corpo como da alma. Quando despertamos nossa percepção consciente para o fato
de que o Eu é a parte sagrada e mais íntima do nosso ser, sua radiância solar pode
iluminar nosso caminho através da vida.

Em suma, é através da compreensão da natureza multidimensional do ser humano
que podemos perceber o pleno potencial da terapia floral como agente facilitador da
saúde e do bem-estar. É um processo que envolve todos os quatro níveis do nosso
ser; o Eu Espiritual, as nossas experiências interiores, as nossas forças vitais e também
a nossa natureza física. Somos desafiados a fazer a escolha consciente de mudar, de
assumir a responsabilidade pela nossa saúde e destino na vida, utilizando a força plena
do nosso Eu espiritual. Precisamos tratar as emoções e atitudes que constituem o
corpo astral, desenvolvendo equilíbrio e clareza interiores. Além disso, precisamos
nutrir o corpo etérico, despertando as forças vitais que, por sua vez, irão energizar e
fortalecer o corpo físico. Assim entendida, a terapia floral torna-se verdadeiramente
holística, relacionando-se com cada dimensão da vida.

A Terapia Floral como Cura da Alma

A alma humana

Embora as essências florais sejam capazes de tocar todos os aspectos da experiên-
cia humana, elas o fazem por meio da alma humana. Mas, o quê exatamente se
entende por alma? Essa é uma questão que tem preocupado os pensadores ao longo

16

O que é a Terapia Floral?

dos séculos, e assim é pouco provável que possamos oferecer aqui uma descrição
definitiva. Como disse o filósofo norte-americano Ralph Waldo Emerson, “A filosofia
de seis mil anos não inspecionou as câmaras e depósitos da alma.” De todo modo,
esperamos nesta rápida visão geral compartilhar uma percepção do que é a vida
anímica e como as essências florais enriquecem a alma.

Nas discussões teológicas dos filósofos, bem como em muitos ensinamentos religi-
osos e metafísicos contemporâneos, a “alma” é o aspecto imortal do ser humano,
destinada à condenação eterna ou à redenção, ou a encarnar uma vida após a outra.
Nas palavras do poeta inglês William Wordsworth, “A alma que conosco se ergue,
nossa Estrela da Vida / teve alhures seu ocaso / e de muito longe vem.” A partir dessa
perspectiva, a alma é uma entidade espiritual.

Do ponto de vista da moderna ciência materialista, aquilo a que chamamos alma é
uma entidade totalmente física, nada além de um subproduto das reações químicas no
cérebro. Podemos seguir a pista desse conceito até o filósofo francês do século 17,
René Descartes, que localizou a alma na glândula pineal.

Já a visão clássica era a de que a alma não seria nem puro espírito nem puro
corpo, mas sim uma qualidade viva do corpo. O filósofo grego Aristóteles definia a
alma como “a realidade inicial de um corpo natural imbuído com a capacidade para a
vida”. O romano Plotino declarou: “É a alma que empresta movimento a todas as
coisas”, fazendo eco ao que Cícero dissera vários séculos antes, “Pois tudo que é
posto em movimento por forças externas é sem vida, mas tudo aquilo que possui vida
é movido por um impulso interior e inerente. E esse impulso é a própria essência e
poder da alma.” A religiosa medieval Hildegard de Bingen descrevia a alma como “um
sopro do espírito vivo que, com sublime sensibilidade, permeia todo o corpo para dar-
lhe vida.”

A partir dessas descrições temos a impressão de que a alma é aquilo que move, ou
anima, um corpo vivo. Com efeito, anima e animus são as palavras latinas que
designam os aspectos feminino e masculino da alma. Enquanto humanos, comparti-
lhamos essa qualidade animada da alma com aquelas criaturas que são nossas compa-
nheiras na Terra, os animais, dos quais cada espécie expressa uma qualidade anímica
única em seus sons e movimentos.

A alma é aquilo que nos move; é paixão, desejo, luta por algo que está além do
nosso alcance. A alma é também as profundezas da experiência. É a incursão na dor,
na vulnerabilidade, na mortalidade, na entrega. Como a flor na planta, a alma huma-
na expressa a riqueza da experiência; ela dá cor, textura e sentimento. É um cálice
para receber a vida, um espaço interior no qual vivenciar o mundo exterior. A alma
vive através do contato com a pulsação da vida. Experimentamos tal alma na soul
music ou na poesia que eleva a alma.

A alma está assim fortemente conectada ao corpo astral, morada das nossas emo-
ções, do nosso gostar e não gostar, das nossas experiências. Contudo, seria uma
simplificação exagerada dizer que a alma é o corpo astral, pois ela também busca um
relacionamento com o mundo físico, com a Natureza e com a sociedade humana.

Como pode a alma nascer do mundo espiritual e, ainda assim, expressar-se através
do corpo físico? Qual o mistério contido nesse paradoxo? Onde exatamente podemos
achar a alma? O poeta alemão Novalis disse, “A sede da alma é ali onde o mundo
interior e o mundo exterior se encontram. Onde eles se sobrepõem; a alma está em

17

Repertório das Essências Florais

cada um dos pontos da sobreposição.” A palavra grega psyche significa tanto “alma”
como “borboleta”. Essa imagem sugere que a alma é capaz de transmutação, ou
metamorfose, desde a lagarta presa à terra, passando pela crisálida encasulada, até
chegar finalmente às asas celestiais libertas. A alma é assim um intermediário entre o
interior e o exterior; entre o corpo (encarnação na matéria) e o espírito (expansão
ilimitada do Eu); entre a vida e a consciência.

Essa natureza dinâmica e fluida da alma é essencial. Se confundimos alma e espí-
rito, como fizeram muitos teólogos do passado, então a alma torna-se uma abstração
desincorporada, separada da pulsação da vida. Se reduzimos a alma a um mecanismo
físico, como faz a ciência materialista moderna, então negamos seus atributos trans-
cendentes e misteriosos e promovemos a macabra visão de um mundo sem cor habi-
tado apenas por criaturas mecânicas.

Há muitas descrições e perspectivas relacionadas à alma. Tal como na famosa
parábola indiana dos cegos e do elefante, cada percepção é um vislumbre de uma
totalidade maior que está além da nossa visão. No entanto, com cada novo ponto de
vista, chegamos mais perto da verdade. Agora que a “alma” escapou da obscuridade
das dissertações teológicas e cruzou as fronteiras dos idiomas étnicos para ocupar seu
lugar nos grandes êxitos de livraria, temos a oportunidade de nos unir à cultura como
um todo para pesquisar o significado da alma. Podemos hoje falar das essências flo-
rais como uma terapia da alma, com uma certa expectativa de que estaremos fazendo
vibrar um acorde já conhecido.

Psicologia, psicoterapia e cura da alma

Psicologia, em suas raízes etimológicas, é o “conhecimento da alma” (o logos da
psique). Isso pode ser difícil de reconhecer numa cultura em que alguns psicólogos
fazem pesquisas em ratos para entender o comportamento humano ou usam a inse-
gurança sexual e outras emoções para vender bens de consumo ou manipular a opi-
nião pública. Essas práticas ilustram uma abordagem que trata a alma como um mero
mecanismo que pode ser previsivelmente programado. Na medida em que as pessoas
agem de modo mecânico e impensado, tais métodos behavioristas tornam-se pressu-
posições que acabam por se realizar.

Algumas escolas de psicologia e psiquiatria têm se voltado cada vez mais para a
psicofarmacologia, envolvendo o uso de tranqüilizantes, antidepressivos ou drogas
psicotrópicas para tratar as lutas da alma. Embora seja verdade que a manipulação
química do cérebro pode alterar dramaticamente o comportamento e a experiência, a
alma é mais do que a química do cérebro.

Apesar de várias tentativas para reduzir a psicologia a uma programação mecanicista,
a psicoterapia (“tratamento da alma”) está basicamente interessada na estimulação da
autopercepção consciente e na qualidade da vida da alma. No desenvolvimento inicial
da psicoterapia, foi a psicanálise de Sigmund Freud que reconheceu que a psique
tinha dimensões ocultas ou inconscientes, as quais, contudo, exerciam poderosas
influências sobre nossos pensamentos, sentimentos e ações. No entanto, a psicologia
e a psicoterapia não ganharam sua merecida fama até que os traumas sociais da
primeira metade do século 20 — as duas Guerras Mundiais, a Depressão, o Holocausto
— deram um forte impulso para que fossem acesas as luzes da compreensão nos
escuros recessos da psique humana. À medida que amadurecia a geração nascida
após a Segunda Guerra Mundial, a psicoterapia foi se tornando parte integrante da
nossa vida cultural.

18

O que é a Terapia Floral?

Carl Jung e sua terapia da alma

O psiquiatra suíço Dr. Carl Jung desenvolveu, em especial, a dimensão anímica da
psicoterapia. Jung foi originalmente discípulo de Freud, mas discordou de sua estreita
ênfase na sexualidade como causa da neurose e como base principal das aspirações
anímico-espirituais da humanidade. Jung reconheceu que nas profundezas da experi-
ência do indivíduo — contatadas através de sonhos, meditação, terapia profunda, e
presentes nas imagens mitológicas de culturas tradicionais — há certos arquétipos
transpessoais. Esses temas recorrentes são expressos com muitas variações, de acor-
do com as circunstâncias individuais. No entanto, emanam de uma fonte comum, a
que Jung deu o nome de inconsciente coletivo, ou o que também poderia ser chama-
do de base do ser ou mente universal, um conceito articulado pelo filósofo grego
Platão. Jung afirmava que o trabalho interior consciente poderia ajudar a pessoa a
compreender como esses arquétipos desempenham um papel no desenrolar do desti-
no individual. Ele ensinava que, através de um processo de individuação, a alma
humana pode harmonizar seus vários aspectos e encontrar sua expressão singular na
vida. Particularmente importante é o encontro com a sombra, ou seja, as emoções e
atitudes não reconhecidas que com freqüência opõem-se às nossas intenções consci-
entes. Uma vez que esses elementos rejeitados da psique sejam reconhecidos, eles
poderão ser gradualmente resgatados e integrados ao Eu consciente. Jung chamava
esse processo de União dos Opostos, pedindo emprestado uma imagem da tradição
alquímica.

Na verdade, uma das principais contribuições de Jung foi reviver o interesse mo-
derno pela alquimia como uma linguagem da alma. Jung contestava a visão convenci-
onal de que a alquimia era uma tentativa de magicamente converter metais comuns
em ouro. Em vez disso, ele via a alquimia como uma série de processos simbólicos
direcionados para o trabalho interior e a transmutação da alma. Jung encontrou cor-
relações entre as imagens transformativas que surgiam espontaneamente nos sonhos
de seus pacientes e as formas arquetípicas usadas na alquimia. Isso o levou a concluir
que os processos alquímicos que envolviam as substâncias da Natureza eram basica-
mente projeções da psique humana, uma espécie de sonho desperto repleto de sím-
bolos da vida interior, mas sem qualquer realidade independente.

Infelizmente, Jung estava certo apenas pela metade em sua avaliação da alquimia.
Seus insights levaram a uma nova sabedoria sobre a vida da alma humana, mas sem
uma conexão direta com a alma da Natureza. O mundo natural está cheio de arquéti-
pos vivos, tão reais quanto aqueles que habitam a psique humana. Como trataremos
a seguir, a sabedoria alquímica não é simplesmente a projeção de um mundo interior
sobre uma tela em branco; ela trabalha com as correspondências entre a alma huma-
na e a alma da Natureza. É exatamente essa compreensão que forma o alicerce da
terapia floral.

Desenvolvimentos recentes na psicoterapia

No período que se seguiu à Segunda Guerra Mundial, um dos mais significativos
pioneiros da psicologia foi Abraham Maslow, fundador da psicologia humanista.
Maslow discordou da ênfase mal colocada pela psiquiatria e pela psicologia behaviorista,
que era a de ajudar um indivíduo disfuncional a tornar-se “bem ajustado” em seus
papéis profissionais e familiares. Maslow postulou uma hierarquia de necessidades,
que incluía a capacidade básica de funcionar no mundo e atender as necessidades da
vida. Contudo, além dessas necessidades da sobrevivência física, está o empenho pela

19

Repertório das Essências Florais

auto-realização, ou pleno desenvolvimento do potencial humano, para que sejam
encontrados o significado e a realização mais profundos na vida. Esse reconhecimen-
to tornou-se a base da psicologia humanista e daquilo que é chamado de movimento
do potencial humano, o qual gerou uma grande variedade de terapias destinadas a
ajudar a alma a encontrar a realização na vida.

A psicologia transpessoal é um desenvolvimento ulterior; há nela o reconheci-
mento de uma dimensão transcendente ou espiritual da vida, que daria um contexto
mais amplo ao desenvolvimento individual da nossa alma. Um dos pioneiros desse
trabalho foi Roberto Assagioli, promovedor da psicossíntese. Através de tal processo,
um senso essencial do Eu Espiritual é desenvolvido, tornando-se um centro em volta
do qual constelam os vários sub-eus, ou subpersonalidades.

À medida que nos aproximamos do final do século 20, erguem-se vozes que ques-
tionam se a psicoterapia, tal como é praticada, não estaria frustrando a vida da alma
ao invés de estimulá-la. James Hillman, psicólogo de arquétipos, criticou o narcisismo
daqueles que, pela própria abordagem do autodesenvolvimento, são levados à
introversão e ao não-envolvimento social e político. Ele nos exorta a ver a conexão
entre a neurose individual e as doenças sociais, e a nos envolver nas questões do
nosso tempo. Theodore Roszak sugere que grande parte da angústia da alma contem-
porânea tem suas origens na desconexão da sociedade em relação à Terra. Perceben-
do que a auto-realização do movimento do potencial humano é inadequada, ele pede
uma nova ecopsicologia, na qual a cura de nós mesmos é inseparável da cura da
Terra. Robert Sardello exorta-nos a trazer sentido e beleza às nossas vidas não só
como uma realidade interior, mas como uma experiência ativa e dinâmica no mundo
social e natural. Thomas Moore escreve sobre a necessidade dos “cuidados da alma”
como uma atividade diária, em vez de apenas uma experiência levada a efeito na sala
do terapeuta. Ele sugere que abandonemos nossa obsessão em nos fixar nos proble-
mas psicológicos e, em vez disso, prestemos atenção à sabedoria da vivência singular
da nossa alma.

Em seus questionamentos, por vezes polêmicos, mas sempre incisivos, da
psicoterapia contemporânea, essas vozes nos desafiam a desenvolver um novo
paradigma psicológico. A psique não deveria ser vista como um objeto isolado para
reflexão interior, mas como um participante plenamente envolvido com a Terra e com
a cultura humana. A alma humana individual é um membro da alma do mundo (anima
mundi). Está intimamente relacionada com Gaia, o ser vivo Terra, e com todos os
seres que nela existem. Assim imaginada, a psicoterapia torna-se uma genuína cura
da alma, fiel à definição de Novalis, “ali onde o mundo interior e o mundo exterior se
encontram.”

As essências florais e a alma do mundo

A terapia floral incorpora essa visão mais ampla dos cuidados com a alma. Seu
princípio fundamental é o de que nosso bem-estar pessoal e nosso sentido de inteireza
dependem muitíssimo do bem-estar geral do mundo em que vivemos. Todavia, este
não é simplesmente um conceito abstrato ou um ideal teórico. O processo mais pro-
fundo — o próprio cerne do significado da terapia floral – é que um diálogo ou
relacionamento é gerado entre a alma humana e a alma da Natureza.

Basicamente, podemos enxergar a terapia floral como uma forma extraordinária
de comunhão, na qual recebemos não só a nutrição física das substâncias da Terra,
mas também permitimos a nós mesmos absorver conscientemente as qualidades

20

O que é a Terapia Floral?

anímicas do ser vivo Terra. Tal terapia nos concede a oportunidade não apenas de
sermos “curados” num sentido pessoal, mas de podermos realmente vivenciar e apren-
der com a Natureza, unir a percepção consciente microcósmica e macrocósmica.

Compreendendo a partir dessa perspectiva, podemos apreciar o valor mais profun-
do dos dois remédios policrestos (multiuso) do sistema de Bach. As essências Wild Oat
e Holly sintetizam a combinação do interno e do externo na terapia floral. O Dr. Bach
pretendia que eles fossem amplamente usados, para ajudar a orientar a alma do modo
mais básico ao longo de sua jornada de cura. Wild Oat dirige-se à nossa capacidade de
encontrar significado no mundo e desenvolver compromisso e foco interiores, que irão
fortalecer e direcionar a alma na descoberta de sua vocação ou chamado para servir os
outros e contribuir na cultura mundial. Por outro lado, Holly dirige-se àqueles senti-
mentos mais íntimos da alma que nos separam dos outros, tais como a hostilidade, o
ciúme e a inveja. Com efeito, o próprio nome dessa planta admirável remete à idéia de
inteireza ou santidade; (1) Holly conduz a alma para um sentimento de unidade, inclu-
são e confiança nos relacionamentos com os outros.

À medida que consideramos cada uma das essências listadas no Repertório, vemos
que elas sempre se dirigem para o perfeito equilíbrio da alma: buscar a força e o
significado interiores, mas também construir uma sensibilidade compassiva pelos ou-
tros; ampliar a consciência, mas também focá-la na atividade prática e enraizada; estar
consciente dos mundos mais elevados e mais sutis, mas também estar presente no
mundo físico e no corpo físico. Embora ainda seja um esforço pioneiro, a terapia floral
tem o potencial de trazer uma contribuição real e significativa ao nosso entendimento
da cura da alma. Ela promove um relacionamento verdadeiramente dinâmico entre o
interior e o exterior, o pessoal e o social, o mundo humano e o mundo natural, a
percepção consciente pessoal e a consciência transcendente.

A dividida tradição alquímica

O processo de relacionar a alma individual com a alma mundial e a alma da Natu-
reza tem antigas raízes na tradição alquímica. Embora a cultura contemporânea a
considere uma mera precursora primitiva da química moderna e Jung acredite que ela
tem um caráter estritamente psíquico ou simbólico, a alquimia é na verdade um siste-
ma profundo de atividade filosófica e científica que reconhece a interconexão entre
Humanidade, Natureza e Cosmos. O grande mestre egípcio Thot (conhecido pelos
gregos como Hermes Trismegisto) é visto como o fundador da tradição alquímica e
considerado o criador do axioma, “Assim na Terra como no Cosmos”.

A sabedoria alquímica afirmava que a ordem do Universo se expressa no mundo
da Natureza e também no ser humano, que pode ser considerado um microcosmo do
cosmos maior. Um dos mais notáveis representantes desse ensinamento foi Paracelso,
alquimista suíço da Idade Média. Paracelso retratou a Natureza como se ela fosse um
livro narrado numa escrita cósmica, cujas formas e processos revelavam o funciona-
mento de leis mais elevadas. Sua Doutrina das Assinaturas descrevia como as corres-
pondências entre as formas vegetais e as humanas indicavam a ação curativa específi-
ca dos remédios à base de plantas. Isso se fundamentava na compreensão de que as
estruturas e processos físicos das plantas expressam os mesmos princípios universais
que se manifestam nas formas e processos do ser humano. Paracelso relacionou as

1 Wholeness (inteireza, totalidade) e holiness (santidade), palavras com a mesma raiz semântica, numa
alusão fonética a holly (azevinho) (N.T.)

21

Repertório das Essências Florais

influências dos planetas e estrelas sobre as plantas e os metais, uma compreensão que
também podemos encontrar nos compêndios de grandes herboristas como Hildegard
de Bingen, Gerard e Culpeper.

De acordo com Paracelso, o trabalho do alquimista era extrair as substâncias da
Natureza e torná-las mais refinadas e sutis, aumentando assim seus poderes de trans-
formar o ser humano. Ele escreveu, “A quinta essentia consiste naquilo que é extra-
ído de uma substância — de todas as plantas e de tudo que tenha vida... a inerência de
uma coisa, sua natureza, poder, virtude e eficácia curativa.” Desse modo, para Paracelso,
um remédio curador era a refinada quintessência de uma substância natural.

A escola esotérica rosa-cruz foi uma parte importante da tradição alquímica, devo-
tada à percepção do mundo natural como uma rica biblioteca de arquétipos espirituais
e processos transformativos. Suas práticas espirituais não se destinavam a deixar para
trás o corpo físico, nem abandonar o corpo maior da Natureza ou as necessidades da
comunidade humana na qual viviam. Pelo contrário, cada conquista ao longo do cami-
nho rosa-cruz exigia uma maior maestria nos mundos físico e social, e uma consciên-
cia cada vez mais profunda das leis espirituais que moldam esses mundos. Ativos
durante o final da Idade Média e no início da Renascença, os alquimistas rosa-cruzes
viviam de uma maneira prática no mundo, dando contribuições substantivas às profis-
sões médicas, acadêmicas e científicas de seu tempo.

Como sabemos, a ciência abandonou suas raízes metafísicas e desenvolveu um
paradigma mecanicista no qual a matéria deixou de ter qualquer conexão com o ser
ou com as forças etéricas da Natureza. A alquimia se transformou na química, que,
junto com a biologia reducionista, forma a base da atual ciência médica materialista.
Os ensinamentos alquímicos foram descartados como mera superstição primitiva ou
charlatanismo. Certamente muitos erros e distorções se infiltraram nos ensinamentos
alquímicos ao longo dos tempos, mas esses ensinamentos estão permeados por uma
sabedoria muito profunda que uma época materialista não consegue compreender.

Assim, a tradição da alquimia, baseada no relacionamento entre o mundo exterior
das substâncias da Natureza e o mundo interior da alma humana, tornou-se dividida
em nosso tempo. Por um lado, temos um estudo sem alma de um mundo mecânico;
por outro, temos um desincorporado sistema de símbolos que existe apenas no mun-
do interior da psique. A psicologia contemporânea reflete essa cisão alquímica. Os
psiquiatras que seguem o modelo médico utilizam substâncias e processos físicos, mas
não cuidam da vida interior da alma humana. Os psicólogos da tradição junguiana são
mestres na vida interior da alma, mas (com poucas e notáveis exceções, como o Dr.
Edward Whitmont) geralmente carecem de um relacionamento com a alma da Nature-
za e não trabalham com um conhecimento preciso das substâncias reais da Natureza.

A terapia floral como uma nova alquimia da alma

Como a terapia floral se dirige ao relacionamento entre a alma humana e a alma
da Natureza, ela reúne as duas polaridades da tradição alquímica. É a mensageira de
uma nova alquimia da alma, que incorpora a antiga sabedoria com uma moderna
percepção consciente da psique humana e da Natureza.

A essência proveniente de uma planta em floração cria uma quinta essentia
alquímica, facilitando um diálogo anímico entre os arquétipos da Natureza e os arqué-
tipos no interior da alma humana. Isso não está baseado numa projeção sentimental
e romântica, nem na nostalgia por uma mítica idade de ouro. Ao contrário, é uma

22

O que é a Terapia Floral?

compreensão muito precisa de que os pensamentos, os sentimentos e as vivências da
psique humana são reflexos das mesmas leis cósmicas inerentes aos padrões de cres-
cimento, formas, cores, fragrâncias e energias vitais da Natureza, que se expressam
na planta florida. Esse é o significado do ensinamento alquímico, “Assim na Terra
como no Cosmos.” A vida anímica que alcançamos à medida que fazemos nossa jorna-
da interior corresponde à própria anima mundi da Natureza.

O Papel Singular da

Terapia Floral nos Cuidados com a Saúde

As essências florais não são drogas

Como as essências florais são substâncias que introduzimos no corpo, é fácil con-
fundi-las com as drogas usadas para tratar as doenças físicas e emocionais. As essên-
cias florais não são drogas. Antes de mais nada, as essências florais, por causa de sua
natureza vibracional, não causam impacto direto sobre a bioquímica do corpo, tal
como as drogas farmacêuticas e psicoativas. Tranqüilizantes, antidepressivos, analgé-
sicos, euforizantes e drogas que “expandem a mente” afetam os estados emocionais,
mas o fazem mudando a química do cérebro e, desse modo, alteram o veículo bioló-
gico através do qual a alma humana se expressa.

Essa manipulação bioquímica pode ser importante em casos de doenças graves,
tais como tendências suicidas extremas. Mas, além do perigo dos efeitos colaterais,
precisamos também levantar questões profundas sobre o uso de drogas que alteram o
ânimo com a finalidade de controlar ou eliminar emoções tão tipicamente humanas
como a depressão, o medo, a ansiedade e a timidez. Qual o efeito que exercem sobre
a alma esses transformadores da personalidade quimicamente induzidos? Será que
algo não se perde quando a alma escapa à necessidade de lidar arduamente com a dor
do abuso na infância ou com a raiva diante das injustiças do mundo? Como poderá a
alma aprender as lições da vida se não tiver a liberdade de vivenciar a dor e a transfor-
mação? A sociedade seria melhor se os grandes poetas tivessem tratado sua introversão
com estimulantes do ânimo ou se os críticos sociais tivessem curado sua alienação
com antidepressivos?

As essências florais, ao contrário, deixam a alma em liberdade. Elas encorajam a
mudança ao invés de forçá-la, agindo através da ressonância vibracional e não da
intervenção bioquímica. Seu efeito é evocativo, muito semelhante ao efeito de uma
conversa com um amigo sensato e prestativo. As essências estimulam um diálogo
interior com os aspectos ocultos do nosso Eu, despertando profundos arquétipos
psicológicos e dando-nos acesso às suas mensagens. Como resultado dessa “conver-
sa” com nossa alma, ocorrem profundas mudanças emocionais e mentais que pode-
rão produzir também alterações fisiológicas. Mas essas mudanças não são impostas
do exterior; elas ocorrem dentro de nós mesmos, através da nossa própria experiên-
cia e esforço.

As essências florais são catalisadores que estimulam e energizam o processo de
transformação interior, ao mesmo tempo em que nos deixam livres para desenvolver-

23

Repertório das Essências Florais

mos as nossas capacidades inatas. O melhor uso das essências é dentro de um contex-
to de desenvolvimento interior, através da auto-observação, do diálogo e do
aconselhamento. Por essa razão, elas não são utilizadas para tratar doenças específi-
cas. Mais exatamente, as essências florais nos ajudam a aprender as lições de toda
enfermidade, enfrentar os desafios apresentados à nossa alma pela dor e sofrimento
emocionais e físicos, e, dessa maneira, transformar nossa vida. Essa metamorfose
incentiva a saúde e pode eliminar diversos sintomas físicos dolorosos, porém o objeti-
vo supremo continua a ser a evolução da alma. Ao contrário das drogas analgésicas
ou supressoras de sintomas, que podem criar dependência a longo prazo quando
usadas para controlar condições crônicas, as essências florais estimulam mudanças
duradouras na consciência, que continuarão a fazer parte da nossa vida mesmo de-
pois que pararmos de tomar essas essências.

As essências florais não são remédios fitoterápicos convencionais

As essências florais têm muito em comum com os remédios fitoterápicos. Eles
compartilham a tradição de usar ingredientes puros diretamente da Natureza e a filo-
sofia de trabalhar junto com o processo de cura, em vez de reprimi-lo. Com efeito,
depois que o Dr. Bach deixou sua clínica homeopática e descobriu as essências florais,
ele se referia a si mesmo como herborista e caracterizava suas essências como remé-
dios à base de ervas.

No entanto, as essências florais são uma forma muito especializada de preparação
fitoterápica, que deveria ser distinguida dos remédios fitoterápicos convencionais. Os
produtos fitoterápicos são preparados a partir de diversas partes da planta, incluindo
raiz, caule, folhas, frutos, sementes, bem como flores; são preparados através de uma
variedade de métodos, incluindo infusão, decocção e tintura.

As essências florais diferem quanto ao método de preparação, pois geralmente são
preparadas por infusão, utilizando apenas as flores frescas da planta e no contexto de
uma matriz ambiental específica. Ao descrever a preparação da essência floral, o Dr.
Bach comentou: “Observemos que os quatro elementos estão envolvidos: a terra para
nutrir a planta; o ar do qual ela se alimenta; o sol ou fogo para permitir-lhe comunicar
seu poder; e a água... para ser enriquecida com sua benéfica cura magnética.” Acres-
centaríamos ainda a existência do quinto elemento alquímico, o elemento
quintessencial, que é o estado de consciência sensível do preparador da essência
floral. Desse modo, as essências florais são mais do que simples extratos fitoterápicos;
são quintessências alquímicas que levam em si os arquétipos vivos da planta inteira,
capturados no momento supremo do desabrochar das flores.

Os remédios fitoterápicos geralmente são selecionados com base nos sintomas
físicos e são usados devido a seus constituintes físicos de ocorrência natural. As essên-
cias florais, por outro lado, têm uma natureza vibracional e são selecionadas de acor-
do com seus efeitos sobre as qualidades da alma. Entretanto, nas tradições fitoterápicas
e xamânicas de muitas culturas existe o reconhecimento de que as plantas têm signi-
ficados mais profundos e estão associadas às forças e processos espirituais. Esse lega-
do de uma fitoterapia mais sutil pode ser visto como uma das fontes para a compreen-
são das qualidades das essências florais.

As propriedades fitoterápicas das plantas mantêm uma relação com seus usos
como essências florais, mas não são idênticas a estes. Muitas vezes, o efeito da essên-
cia floral sobre a alma é como uma “oitava superior” dos efeitos físicos da planta,
embora isso deva ser considerado no contexto de um estudo completo da planta,

24

O que é a Terapia Floral?

conforme o exame que se inicia à página 43. Por exemplo, o aneto Dill é usado como
erva culinária para estimular a digestão e neutralizar a flatulência causada pelo comer
excessivo ou demasiado rápido. Já a essência floral Dill dirige-se à “indigestão psíqui-
ca”, que ocorre quando a alma é sobrecarregada por impressões sensoriais excessivas
ou muito rápidas; Dill atua refinando e clarificando nossa experiência do mundo sen-
sorial. Muitos herboristas modernos usam as essências florais juntamente com os me-
dicamentos fitoterápicos tradicionais. Eles relatam, contudo, que as essências tratam
as questões da psique de modo muito mais direto e preciso do que os remédios
fitoterápicos convencionais.

As essências florais diferem das fragrâncias e óleos essenciais

As essências florais não devem ser confundidas com as fragrâncias nem com os
óleos essenciais puros usados na aromaterapia, embora o termo “essências florais”
seja algumas vezes equivocadamente aplicado a esses óleos. As essências florais não
têm qualquer aroma específico, exceto pelo conhaque que é usado como conservante
natural. Isso ocorre porque a substância física da flor contida na essência está alta-
mente atenuada, para que suas qualidades vibracionais possam ser acentuadas.

As fragrâncias geralmente são preparações sintéticas elaboradas em vista de seu
aroma e usadas em perfumaria. Os óleos essenciais puros são o produto, altamente
concentrado, da destilação natural dos óleos aromáticos de substâncias vegetais e
constituem, portanto, um tipo especializado de remédio fitoterápico. Os óleos essen-
ciais podem ter forte efeito sobre o corpo e a alma, mas seu caminho é através dos
sentidos e do corpo físico, em vez dos campos vibracionais usados pelas essências
florais. A aromaterapia e as essências florais funcionam bem em parceria, mas não
devem ser confundidas. Elas são terapias complementares — do corpo para a alma, e
da alma para o corpo.

Uma comparação entre as essências florais e a homeopatia

As essências florais também diferem dos remédios homeopáticos, embora essas
duas modalidades de cura tenham muito em comum em termos históricos, filosóficos
e práticos. Ambos os tipos de remédios têm uma natureza vibracional e, portanto, são
fisicamente diluídos. Cada um deles age como um catalisador do processo de cura da
pessoa, em vez de suprimir ou controlar os sintomas. Ambas as modalidades tratam a
pessoa e não a doença, e procuram aliar o remédio à situação específica do indivíduo.
O Dr. Bach trabalhou como médico homeopata antes de desenvolver suas essências
florais e hoje os homeopatas estão entre os que mais prontamente reconhecem a
eficácia da terapia floral.

Há, contudo, significativas diferenças entre as essências florais e os remédios ho-
meopáticos. Bach descreveu claramente o desenvolvimento das essências florais como
um rompimento com a homeopatia, afirmando que as essências não seguem a Lei
dos Semelhantes, a qual é a própria definição da medicina homeopática.

De acordo com o princípio dos semelhantes, os remédios homeopáticos são de-
senvolvidos por experimentos, em que grandes doses de uma substância são dadas a
um grupo de indivíduos saudáveis e os sintomas por eles desenvolvidos tornam-se as
indicações para a condição à qual se dirige o remédio. Se Bach tivesse usado o méto-
do homeopático, ele teria dado a um grupo-teste de pessoas grandes doses de Holly
e descoberto que elas se tornaram ciumentas, invejosas e cheias de ódio, ou então
descobriria que Clematis, em grandes doses, produzia um estado sonhador e desfocado

25

Repertório das Essências Florais

no seu grupo-teste.

É um fato histórico que Bach jamais usou experimentos ao desenvolver seus remé-
dios florais, nem que experimentos homeopáticos tenham sido usados para testar
outras essências florais. Ao contrário, Bach descobriu que a essência floral Holly
produzia um sentimento de união e amor na alma perturbada pela inveja, ciúme ou
ódio, e que a essência Clematis intensificava a qualidade da presença em pessoas
sonhadoras e desincorporadas.

Se as essências florais não seguem a Lei dos Semelhantes da homeopatia, pode-
ríamos então dizer que elas são uma expressão da Lei dos Contrários, que é a base
da medicina alopática e supressora de sintomas? Bach aparentemente acreditava que
os remédios florais agiam através dos contrários no interior da alma, dizendo que eles
“inundam nossa natureza com a virtude particular de que necessitamos, e lavam de
nós a falha que está causando o dano.” Contudo, nossas próprias pesquisas ao longo
dos últimos 16 anos indicam que isso seria uma simplificação excessiva. Ao invés de
agir por semelhantes ou por contrários, a ação transformativa das essências florais é
uma expressão da integração das polaridades no interior da nossa psique, tal como
entendido pela alquimia e pela psicologia junguiana.

Por exemplo, a essência floral Mimulus dirige-se aos medos da vida cotidiana; ela
não cria o medo quando dada em grandes doses a um indivíduo saudável que não tem
esses medos, como seria de esperar se ela seguisse a Lei dos Semelhantes da
homeopatia. E Mimulus tampouco elimina o medo, como faria uma droga tranqüili-
zante que operasse pela Lei dos Contrários da alopatia. Uma pessoa que toma a
essência floral Mimulus pode tornar-se mais agudamente consciente da existência de
um estado de medo, talvez antes oculto de sua percepção consciente. Ao mesmo
tempo, Mimulus encoraja tal pessoa a enfrentar esses medos, despertando nela a
força anímica necessária para ir ao encontro de tais desafios. Portanto, podemos
dizer que Mimulus trabalha com a polaridade medo e coragem, habilitando a alma a
alcançar um nível mais elevado de integração. Ao invés de eliminar o medo, Mimulus
nos ajuda a ter a coragem de enfrentar o medo. Entendida deste modo, a terapia
floral aplica a lei alquímica da União dos Opostos, pela qual os pólos opostos são
integrados numa síntese mais elevada.

Além disso, as essências florais e os remédios homeopáticos são preparados de
maneira diferente. Enquanto os remédios homeopáticos têm sido feitos de quase
todas as substâncias e de qualquer parte da planta, as essências florais são feitas
exclusivamente com a flor. Por essa razão, as essências florais também devem ser
distinguidas dos diversos remédios vibracionais preparados com outras partes da plan-
ta ou com substâncias animais ou minerais, tais como as essências marinhas e os
elixires minerais. É a flor, especificamente, que se utiliza no preparo das essências
florais, pois é no processo de floração que as qualidades anímicas da Natureza juntam-
se à forma e substância da planta. Assim, a essência floral torna-se um veículo de
comunicação entre a alma da Natureza e a alma humana.

Mesmo quando os remédios homeopáticos são feitos de flores, sua preparação é
diferente daquela das essências florais. A substância-mãe homeopática consiste numa
tintura ou extração alcoólica da planta macerada, que é então diluída e dinamizada,
em geral inúmeras vezes, para produzir o remédio. As essências florais são prepara-
das através da infusão da flor inteira em água, processo no qual o preparador trabalha
em conjunto com as condições ambientais e meteorológicas circundantes de modo

26

O que é a Terapia Floral?

muito consciente. Por essa razão, dizemos que as essências florais são feitas no “labo-
ratório da Natureza”, no hábitat natural da flor silvestre ou num jardim onde as flores
podem florescer sob condições ideais.

As essências florais são usadas somente em primeira ou segunda diluições, e no
entanto atingem diretamente a mente e as emoções. Elas causam efeito na psique de
uma maneira suave, deixando, no geral, a consciência escolher livremente como res-
ponder à sua influência. Os remédios homeopáticos usualmente precisam ser eleva-
dos até uma potência muito mais alta para afetarem os estados mentais e emocionais.
Muitos terapeutas acreditam que tais potências atuam sobre a psique de uma maneira
mais persuasiva do que o fazem as essências florais. Desse modo, os remédios home-
opáticos de alta potência têm algumas similaridades com as drogas farmacêuticas,
devendo sempre ser usados com extrema cautela e por terapeutas muito habilidosos.
Os remédios homeopáticos de baixa potência, por outro lado, trabalham mais direta-
mente com o aspecto físico-etérico do ser humano e são, portanto, mais similares aos
remédios fitoterápicos. As essências florais combinam a segurança dos remédios ho-
meopáticos de baixa potência com a capacidade de estimular a consciência dos remé-
dios de potência mais alta. As essências florais criam um diálogo com a alma, em vez
de lhe ditar ordens.

Também no modo de uso as essências florais diferem dos remédios homeopáticos.
Um caso homeopático envolve extensa catalogação de sintomas, geralmente com
grande ênfase nas condições e hábitos físicos, que formam um quadro do corpo
etérico ou vital da pessoa. O terapeuta procura então encontrar a melhor combinação
entre a lista de sintomas apresentados pelo paciente e a lista de indicações dos remé-
dios.

Por outro lado, a terapia floral correlaciona um “arquétipo” ou “mensagem” de
uma planta com uma qualidade específica da alma ou psique humana. Embora os
sintomas físicos e outros sintomas ofereçam pistas quanto aos problemas interiores,
escolher uma essência floral é mais do que comparar uma lista de sintomas com uma
lista de indicações. Mais exatamente, a ênfase é dada na identificação dos problemas
e lições subjacentes, como meio de pintar um “retrato da alma” do indivíduo. Esse
retrato é então correlacionado com uma ou mais essências florais cujas configurações
vibracionais incorporam aquelas qualidades e processos.

Desse modo, fica claro que as essências florais não são remédios homeopáticos,
embora ambos pertençam à categoria mais ampla de remédios energéticos ou
vibracionais. Pode haver confusão neste ponto porque algumas marcas de essências
florais são rotuladas como drogas homeopáticas para fins de regulamentação ou im-
portação. Tal rotulagem é infeliz e incorreta, mas de modo algum invalida as diferen-
ças filosóficas e práticas entre essas duas modalidades de cura.

O trabalho com aparelhos vibracionais

A terapia floral também difere dos sistemas de testes vibracionais e das práticas
que empregam máquinas ou aparelhos para medir ou ajustar os campos energéticos
humanos de acordo com diversas escalas quantitativas. Essas modalidades são
freqüentemente empregadas para auxiliar na seleção de remédios homeopáticos,
nutricionais e fitoterápicos, bem como para “sintonizar” os sistemas fisiológicos atra-
vés da ação dos “equivalentes” vibracionais dos remédios. Até o ponto em que traba-
lham com uma mensuração quantitativa, tais aparelhos podem dar informações úteis,
particularmente quanto à força relativa ou ao grau de vitalidade dos sistemas fisiológi-

27

Repertório das Essências Florais

cos e energéticos humanos, e como estes são afetados pelas várias substâncias. Con-
tudo, essas mensurações não são um substituto para o trabalho com as qualidades
das essências florais e as questões anímicas por elas tratadas. A terapia floral nos
envolve numa série de relacionamentos conscientes; ela ocasiona um diálogo interior
e uma reflexão sobre os sentimentos e as atitudes, uma conversa sensível com um
amigo ou terapeuta, e uma escuta receptiva da linguagem curadora da Natureza.

Além disso, o uso de aparelhos vibracionais ou eletrônicos como substitutos das essên-
cias florais verdadeiras cria um campo sutil sem uma âncora físico-etérica. O indivíduo
materialista ignora a alma da Natureza ao reduzir a substância à mera química e mecânica;
porém, existem sérios problemas com o impulso oposto, que utiliza mecanismos pura-
mente vibracionais que dissociam nossa alma das substâncias físicas da Natureza.

Assim, no melhor dos casos, os aparelhos vibracionais podem desempenhar um
papel suplementar na terapia floral. Todavia, não há o que substitua o desenvolvimen-
to de uma relação consciente com a alma humana e com a alma da Natureza, se é que
realmente desejamos participar dos dons que as essências nos oferecem.

As essências florais e a busca da cura

No início desta seção, definimos saúde como a capacidade de vivenciarmos a vida
de maneira completa, de nos tornarmos plenamente nós mesmos. Ao despertarem as
capacidades inatas da nossa alma, as essências florais estimulam a saúde em todos os
níveis: físico, emocional e espiritual. Elas não o fazem suprimindo sintomas nem alte-
rando nossa bioquímica, mas sim agindo como catalisadores que fortalecem nossa
jornada consciente de cura.

Essa jornada é uma busca de totalidade, de inteireza, baseada no reconhecimento
de que a doença é um sinal de alerta da nossa alma, pedindo para descobrirmos a nós
mesmos e sermos sensíveis para com os outros e o mundo à nossa volta. Acima de
tudo, ela requer que mudemos nossas atitudes interiores, nossas crenças e percep-
ções. É neste ponto que as essências florais podem oferecer sua contribuição ímpar,
não importa quais outras terapias estejamos usando.

É típico do ser humano temer e resistir à mudança, especialmente quando não está
consciente do propósito ou da necessidade dessa mudança. Ao despertar nossa per-
cepção consciente, mesmo que às vezes isso seja doloroso, as essências proporcio-
nam um estímulo adicional e nos ajudam a deixar para trás nossa negação e resistên-
cia. Nas palavras do poeta alemão Goethe, “A menos que estejas constantemente
morrendo e te transformando, nada mais és que um hóspede sombrio numa Terra
obscurecida.” Isso é verdadeiro para todos nós, mas a doença torna essa verdade mais
urgente.

Vemos assim que, embora as essências florais combinem com muitas outras moda-
lidades de cura e lhes dêem apoio, elas têm sua própria e singular mensagem para
compartilhar conosco. Como verdadeiras amigas, elas nos estimulam rumo à
autopercepção consciente e à mudança, mas basicamente deixam para nós mesmos a
escolha de aproveitar a oportunidade e prestar atenção ao chamado para a metamor-
fose da alma.

28

O que é a Terapia Floral?
California Wild Rose Rosa Canina

Je älter ich werde, je mehr vertrau
ich auf das Gesetz, wonach die Rose

und die Lilie blüht.
Quanto mais envelheço,
mais acredito na lei pela qual
florescem o lírio e a rosa.

Johann Wolfgang von Goethe

Tiger Lily Lilium Humboldtii
29

Repertório das Essências Florais

Dois

Podemos verificar as propriedades

das essências florais?

A Necessidade de Pesquisas

sobre as Essências Florais

Como podemos saber se as essências florais causam os efeitos que lhes são atribu-
ídos neste Repertório ou em outras obras especializadas?

Diante das recentes evidências científicas, parece indiscutível que as emoções e as
atitudes exercem um profundo efeito sobre a saúde. Contudo, é um desafio ao nosso
modo vigente de pensar dizer que uma infusão altamente diluída de flores, sem qual-
quer mecanismo bioquímico discernível, possa afetar a maneira como pensamos e
sentimos. Além do mais, mesmo aceitando-se que as essências florais possam afetar
os estados de espírito do ser humano, como podemos estar certos de que a essência
de uma planta terá aquele efeito específico que é mencionado? Estas são perguntas
cruciais para todos os que procuram compreender e empregar as essências florais nos
cuidados com a saúde. É por essa razão que a Flower Essence Society dedica-se a um
multifacetado programa de pesquisas.

O legado do Dr. Bach

O trabalho pioneiro do Dr. Bach nos anos 30 é um ponto de partida para as
nossas indagações, mas mesmo assim restam muitas perguntas sem resposta. Embo-
ra Bach tenha passado apenas oito dos seus 50 anos de vida pesquisando os remédios
florais, ele realizou um notável estudo dos tipos psicológicos humanos durante os
anos em que trabalhou como bacteriologista e homeopata. Ele depois desenvolveu
esses insights em precisas tipologias da alma que correspondiam aos seus remédios
florais, primeiramente como um sistema de 12 tipos, depois 19 e por fim 38. Através
dos raros escritos e palestras de Bach, e da biografia escrita por sua assistente, Nora
Weeks, temos alguns vislumbres de quão extraordinariamente perceptivo era ele em
relação à vida anímica de seus pacientes. Observando cuidadosamente o modo como
os pacientes entravam no consultório, Bach com freqüência intuía de quais remédios
eles necessitavam.

Embora ele fosse altamente crítico em relação à ciência médica, fica bastante claro
que o treinamento médico profissional auxiliou-o em sua pesquisa das essências flo-
rais, pois o habilitou a aplicar a disciplina científica da observação acurada e do estudo
sistemático na compreensão da alma humana. Podemos assumir que Bach emprega-
va uma abordagem semelhante em seus estudos da Natureza. Ele parece ter tido
alguma ligação com a tradição alquímica, e refere-se aos ensinamentos de Paracelso
em seus escritos. Sabemos também que Bach originalmente preparava as essências
florais colhendo nas pétalas das flores as gotas de orvalho dinamizadas pelo sol, um
método apreciado pelos alquimistas.

30

O que é a Terapia Floral?

Mas não temos informações sobre as percepções de Bach a respeito das plantas
que utilizou em suas essências florais. Nora Weeks relata, na biografia The Medical
Discoveries of Edward Bach (As descobertas Médicas de Edward Bach), que ele viaja-
va extensamente por toda a zona rural procurando plantas para uso em remédios
florais ou fitoterápicos, e passava muito tempo observando a forma, os padrões de
crescimento e o hábitat dessas plantas. Mas, à parte o relato de Weeks sobre a extra-
ordinária sensibilidade dele às energias das plantas, o método exato usado por Bach
para pesquisar as plantas permanece envolto em mistério.

O próprio Bach é um pouco responsável por essa situação, já que deliberadamente
destruiu suas notas de pesquisa e muitos de seus escritos. Na introdução a The Twelve
Healers and Other Remedies (Os Doze Curadores e Outros Remédios), Bach escre-
veu: “Nenhuma ciência, nenhum conhecimento é necessário, além dos métodos sim-
ples aqui descritos; e quem obterá o maior benefício desta Dádiva enviada por Deus
serão aqueles que a mantiverem pura tal como ela é; livre de ciência, livre de teorias,
pois tudo na Natureza é simples.” Reagindo, evidentemente, contra os excessos de
uma ciência por demais materialista e reducionista, que pouco espaço dava à alma
humana ou à alma da Natureza, Bach privou as gerações futuras de seus insights
quanto aos processos dinâmicos que permitem que as energias das plantas participem
da metamorfose da consciência humana. Podemos também especular que sua atitude
talvez fosse devida à tradição do segredo, própria do conhecimento esotérico da Loja
Maçônica, da qual Bach era membro; ou talvez o próprio Bach não estivesse plena-
mente consciente de como alcançava sua compreensão intuitiva das plantas.

Julian Barnard, notável pesquisador e professor, que escreveu sobre a vida e a obra
do Dr. Bach, faz os seguintes comentários em seu livro Patterns of Life Force (Pa-
drões de Energia Vital):

“... Num certo momento, a pesquisa de Bach deu um salto e é difícil para
nós ver onde e como. Em 1928, ele está caminhando em uma das mar-
gem de um rio, ainda trabalhando como bacteriologista, mas já procu-
rando os equivalentes vegetais para suas vacinas, e então... ele surge na
outra margem, com uma ‘delicada vasilha de vidro’, dinamizando certas
flores que conterão um novo poder de cura.

“Bem, temos duas opções. Podemos decidir deixá-lo de lado e dizer que
ele teve insights e inspirações que estão além do nosso alcance, ou pode-
mos optar por construir uma ponte que nos conduzirá a uma compreen-
são mais profunda do como e do por quê de seu trabalho. Quem preferir
a primeira alternativa, terá nas mãos o seu sistema de cura e poderá
exultar com os frutos de seu trabalho. A explicação seria a de que ele foi
um homem extraordinariamente sensível, que vagueou e foi conduzido,
que encontrou seus remédios através do sofrimento e da aflição pessoal:
uma descoberta cega e dolorosa. Mas o trabalho de Bach, seus escritos e
seus remédios florais convidam-nos a uma outra visão, que, embora mais
exigente, é mais gratificante.”

É exatamente essa procura de uma ponte para a compreensão — descobrir como
a linguagem arquetípica das flores corresponde à linguagem da alma humana — que
levou à fundação da Flower Essence Society e à sua ênfase na pesquisa de plantas e
no estudo de casos da terapia floral.

31

Repertório das Essências Florais

A alma e a ciência como pólos opostos

Precisamos da pesquisa sobre as essências florais não só para satisfazer nossa sede
de compreensão filosófica. Há também uma necessidade prática e moral de encontrar
normas e princípios para a compreensão das essências florais, necessidade esta que
se tornou mais urgente nas seis décadas que se passaram desde a época do Dr. Bach.
Em particular nos últimos dez anos, centenas de novas essências florais estão sendo
rapidamente postas à disposição do público por dezenas de grupos em todo o mundo.
Muitas vezes, diferentes pessoas em diferentes lugares preparando essências de uma
mesma flor irão atribuir-lhe qualidades bastante diversas. São divulgadas, com fre-
qüência, essências que passaram por poucas, ou mesmo nenhuma norma de pesqui-
sa. Quais critérios podemos usar para saber qual interpretação das propriedades de
uma essência está correta, se é que alguma o está? Será que podemos aprender a
diferenciar o verdadeiro insight dos sentimentos subjetivos momentâneos e das proje-
ções psíquicas ou sentimentais? Será que podemos desenvolver uma metodologia
para investigar a exatidão das nossas percepções intuitivas?

À medida que buscamos as respostas para essas perguntas, defrontamo-nos com
um dilema. Na nossa cultura atual, é a ciência que proporciona as normas objetivas
através das quais verificamos a validade das nossas premissas e convicções. Contudo,
a ciência mostra-se fria, insensível, desumanizadora e sem relação com aquilo que é
mais sagrado à alma. Além disso, a pesquisa científica geralmente ignora a destruição
ecológica e cultural para parece acompanhar seu progresso.

Embora o pensamento científico domine nossa cultura, uma importante
contracorrente se desenvolveu, reagindo contra o materialismo da ciência convencio-
nal. Esse conflito representa uma profunda fenda em nossa cultura, que já vimos
anteriormente ao discutir a cisão da alquimia em trabalho anímico e em ciência exata.
Essa divisão pode ser descrita de várias maneiras — como uma divisão entre humani-
dades e ciência, entre alma e tecnologia, entre psique e substância, entre interior e
exterior. Também a encontramos em nosso sistema educacional (particularmente na
América do Norte), no qual a maioria dos cientistas, engenheiros e técnicos têm
pouco treinamento em história, psicologia, filosofia ou artes, e por isso costumam ser
cegos às conseqüências humanas e morais do desenvolvimento científico. Por outro
lado, há uma imensa parcela da população que não está familiarizada com os concei-
tos básicos da ciência. Isso resulta não apenas em uma ignorância da complexa
tecnologia atual como também mutila a aptidão para o pensamento rigoroso. Sem um
conhecimento do método científico, fica difícil para uma pessoa observar e investigar
sistematicamente o mundo natural, ou pensar e avaliar de maneira independente as
evidências que surgem em sua busca da verdade. Assim, a separação dos nossos
mundos interior e exterior em pólos opostos levou a desequilíbrios tanto em nossa
vida anímica como em nossa compreensão da Natureza.

Os problemas do conhecimento subjetivo

No passado, nossa vida espiritual e anímica era mais intensamente regulada pelas
estruturas culturais e religiosas. Hoje, experimentamos uma liberdade maior, mas tam-
bém uma crescente confusão. Algumas pessoas gravitam em torno de convicções
fundamentalistas a fim de se sentirem seguras. Outras, rejeitando a necessidade da
investigação científica e do pensamento intelectual sistemático, preferem confiar nos
sentimentos, na intuição vaga e na experiência mística para guiá-las até a verdade.

Percebe-se fortemente esta última tendência dentro do movimento “Nova Era” e

32

O que é a Terapia Floral?

entre muitas pessoas que utilizam as essências florais, resultando numa rápida expan-
são de experiências intuitivas e psíquicas. Por exemplo, muitas qualidades de essênci-
as florais têm sido deduzidas a partir de impressões psíquicas e canalizações, mensa-
gens interiores e orientações espirituais, leituras de energias sutis, ou variados siste-
mas de teste vibracional tais como a cinesiologia (teste muscular) e a radiestesia (pên-
dulo). Muitas vezes essas experiências não estão de modo algum ancoradas na obser-
vação sistemática dos efeitos reais das essências sobre as pessoas ou num cuidadoso
estudo das plantas que dão origem às essências.

Confiar apenas nos sentimentos pessoais, na intuição ou numa efêmera experiên-
cia psíquica está no extremo da parte interior da polaridade que descrevemos na
seção acima, um local de total subjetividade. É uma posição desequilibrada, pois cor-
remos o risco de viver apenas na nossa própria realidade, sem relação com os outros
ou com o mundo no qual vivemos. A alma individual torna-se isolada do alma mundial
e da alma da Natureza.

Imaginemos, por exemplo, a situação difícil que seria gerada se cada praticante
tivesse uma definição totalmente diferente para cada essência floral ou remédio ho-
meopático. Nessas circunstâncias, criaríamos uma verdadeira “Torre de Babel”, onde
seria impossível o trabalho conjunto porque não conseguiríamos compartilhar um
linguagem comum ou uma mesma percepção da realidade.

Em seu cerne, a ciência é uma busca da verdade, a busca de uma realidade que
possa ser compartilhada coletivamente, pois ela reflete uma compreensão acurada da
Natureza e não uma projeção egoística da experiência pessoal. A ciência é um corre-
tivo para a confusão que pode resultar da subjetividade excessiva. Apesar do escopo
limitado sob o qual a ciência convencional é praticada, é o método científico que nos
oferece um meio de perceber acuradamente o mundo e definir seus princípios
subjacentes. Através da investigação científica, encontramos o mundo natural e os
outros seres humanos e nos ligamos a uma realidade maior. Portanto, apesar de tudo
aquilo que a ciência atual tem de alienante, precisamos desesperadamente do espírito
da ciência — a procura das normas da verdade no estudo da Natureza — nas nossas
pesquisas sobre as essências florais e em campos de investigação a elas relacionados.

Os desequilíbrios existentes no método científico

Embora precisemos da objetividade que a ciência oferece, enfrentamos problemas
bastante reais com o método científico atual.

A palavra “ciência” provém do latim scire, que significa “conhecer”, mas também
“discernir”, no sentido de separar ou seccionar. Essa capacidade da mente analítica de
dividir os fenômenos em suas partes componentes, bem como a de separar o obser-
vador do objeto observado, habilitou a humanidade a aprender muito sobre o mundo
natural. Como afirmou Aristóteles há muitos séculos, precisamos de alguma distância
para poder ver claramente as coisas. A humanidade precisava retroceder um passo
em relação à Natureza a fim de observá-la e meditar sobre seu significado. Além de
nos dar o conhecimento, nosso intelecto concedeu-nos um poderoso sentido de liber-
dade e individualidade que era impossível quando a realidade estava ainda oculta sob
dogmas sociais ou religiosos.

Contudo, esse mesmo desenvolvimento da objetividade distanciada — ou consci-
ência do observador — também nos alienou da Natureza, do mundo espiritual e, por
fim, de nós mesmos. A completa objetividade só pode ser alcançada ao reduzirmos o

33

Repertório das Essências Florais

mundo a uma coleção de objetos a serem observados. No entanto, existe aqui um
paradoxo. Se os seres humanos nada mais são que uma das muitas classes de objetos,
então quem está observando esse mundo de objetos? Se a mente é apenas um produ-
to bioquímico do mecanismo do cérebro, então onde está a consciência que chegou a
essa conclusão? O físico alemão Max Planck, o primeiro a desenvolver a teoria quântica,
assim se expressou a esse respeito: “A ciência não pode resolver o derradeiro mistério
da Natureza. Porque, em última análise, somos parte do mistério que tentamos resol-
ver.” Apesar das desconcertantes perguntas levantadas pela física quântica e pela
teoria da relatividade no início deste século, e por novas perspectivas de agora, tais
como a teoria do caos, a ciência convencional tem praticamente ignorado essas ques-
tões epistemológicas fundamentais.

O estudo científico surgiu a partir de um impulso do ser humano de abandonar os
claustros da Idade Média e aventurar-se com independência no reino da Natureza, a
fim de observá-la e conhecer suas leis. Entretanto, ao contar com instrumentos com-
plexos como meio de mensurar a realidade, o pesquisador científico de hoje está
muitas vezes desligado da experiência direta dos fenômenos da Natureza, daquela
experiência feita através da percepção dos sentidos humanos. É irônico ver até que
ponto o cientista criou seu laboratório à semelhança de um claustro moderno, um
ambiente artificial distanciado da Natureza e da sociedade.

A ciência moderna tornou-se, assim, cada vez mais divorciada da plena
dimensionalidade do processo da vida. Em seu empenho por objetividade racional, o
método científico estreitou seu campo de visão para aquilo que é fisicamente mensurável
e quantificável, desconsiderando a experiência qualitativa das dimensões etéricas e
anímicas da vida. Por não perceber a inteireza das formas vivas nem reconhecer os
seres vivos que habitam essas formas, a ciência moderna desconectou-se da Natureza
e da alma humana e, por isso, tornou-se incapaz de compreender as forças sutis ou as
qualidades de alma associadas à terapia floral e a outros paradigmas holísticos.

Precisamos encontrar novas formas de pesquisa científica que sejam apropriadas
ao plano sutil das essências florais, mas que, ainda assim, conservem o rigor e a busca
objetiva da verdade que fizeram da indagação científica um degrau tão importante na
evolução da cultura humana. Desse modo, somos desafiados por dois lados. Nossas
pesquisas sobre os remédios vibracionais necessitam da busca disciplinada da verdade,
que é a essência da ciência. Mas nossa abordagem da ciência deve também englobar
a profunda e multidimensional relação da humanidade com o mundo da Natureza,
relação essa que tanta falta faz na pesquisa científica contemporânea. A terapia floral
requer o desenvolvimento de uma nova e viva ciência da Natureza.

Rumo a uma Ciência Viva da Natureza

Que tipo de ciência é capaz de compreender o mistério das essências florais? Tal
ciência requer a observação disciplinada do pensamento sistemático que caracteriza o
método científico, mas precisa ser ampla o suficiente para englobar a realidade da
alma humana e da alma do mundo. Ela percebe a Natureza não como uma coleção de
objetos mecânicos, mas como uma comunidade de seres. É uma ciência holística
(em vez de uma ciência reducionista) que não apenas separa a realidade física em suas

34

O que é a Terapia Floral?

partes componentes, mas reconhece que cada parte é uma expressão de um todo
maior. Essa ciência também reconhece que, embora sejamos os observadores da vida,
somos também participantes ativos da vida e que a polaridade objetividade/subjetivi-
dade precisa encontrar uma nova síntese.

A ciência goethiana

A abordagem científica que postulamos tem suas fontes na vertente alquimia/rosa-
cruz, antes de sua cisão final entre o simbolismo psíquico da psicologia contemporâ-
nea e a substância sem alma da medicina química. A alquimia reconhecia a correspon-
dência entre o macrocosmo da Natureza e o microcosmo da experiência humana. Os
alquimistas rosa-cruzes compreendiam que o caminho do desenvolvimento espiritual
humano precisava unir-se com o mundo, para que fosse encontrado o funcionamento
das leis espirituais nas formas e processos da Natureza.

Esse caminho da ciência natural com alma seria mais tarde desenvolvido pelo po-
eta e cientista natural alemão Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832). Durante
sua vida, Goethe testemunhou o rápido desenvolvimento do materialismo científico,
que logo levaria à Revolução Industrial. Mas, tal como os alquimistas rosa-cruzes, ele
acreditava que “... o perceptível aos sentidos corresponde inteiramente ao espiritual,
e não só é uma evidência dele, como na verdade é sua representação.” Enquanto
poeta, o destino de Goethe foi o de dar início a uma ciência que reconhecia a alma da
Natureza, mas permanecendo fiel à objetividade do método científico.

O temperamento artístico de Goethe permitiu-lhe ver a relação da parte com o
todo, perceber uma unidade subjacente dentro da diversidade dos fenômenos natu-
rais. Seus primeiros trabalhos científicos foram devotados à geologia. Ele se conven-
ceu de que, ocultas nos estratos geológicos das montanhas que estudava, estavam as
histórias profundas que a Natureza tinha para contar. Goethe escreveu em Wilhelm
Meister “... eu usava aquelas figuras e fendas como as letras de um alfabeto, eu tinha
de decifrá-las, transformá-las em palavras e aprender a lê-las...”

Todo o gênio científico de Goethe se revela em seus estudos da Natureza viva,
particularmente das plantas. Era um perspicaz observador da miríade de detalhes da
vida vegetal, não tanto com o objetivo de descrever e classificar, e sim com o de
descobrir os princípios unificadores. Comentando o clássico sistema botânico de Lineu
(Carl von Linné), Goethe escreveu “... sinto-me, portanto, justificado em concluir que
Linné e seus sucessores procederam como legisladores, menos preocupados com o
que era do que com o que deveria ser... mas sem dúvida decididos a resolver o difícil
problema de saber como tantos seres inerentemente independentes uns dos outros
puderam vir a existir, lado a lado, com algum grau de harmonia.”

Ao invés de apenas considerar suas partes, Goethe olhava para a totalidade da
planta, seu desenvolvimento ao longo do tempo e suas relações dinâmicas com as
outras formas e processos vegetais. Goethe concebia as múltiplas expressões da vida
vegetal como variações de um tema universal, ao qual chamou de Urpflanze (planta
arquetípica). Goethe via as plantas não como formas estáticas, mas como uma expres-
são dos processos dinâmicos de mudança contínua, existindo tanto no tempo quanto
no espaço. Ele foi capaz de perceber a fluidez das formas dos seres vivos como uma
expressão de padrões etéricos e leis cósmicas subjacentes. Referia-se a essas formas e
processos como os gestos das plantas ou animais. Essa concepção é similar à Doutrina
das Assinaturas de Paracelso, uma compreensão de que há uma correspondência en-
tre as formas físicas externas e as qualidades interiores que elas expressam.

35

Repertório das Essências Florais

O trabalho pioneiro de Goethe oferece uma base para uma compreensão viva da
linguagem da Natureza. É uma ciência qualitativa da Natureza, que contrasta com a
abordagem estritamente quantitativa da predominante visão reducionista e mecanicista
da Natureza. Em vez de simplesmente mensurar os constituintes químicos de uma
planta, Goethe estudava como a forma da folha evoluía da planta jovem à madura,
surgia sob nova forma nas pétalas da flor e novamente nos estames e pistilos. Em vez
de ver o florescimento e a frutificação de uma planta como mero mecanismo de
propagação, Goethe os via como o apogeu de uma dança de expansão e contração,
expressa de uma nova maneira em cada estágio do crescimento da planta. A partir
desse entendimento, ele desenvolveu seu conhecido conceito da metamorfose das
plantas.

Na abordagem goethiana da ciência, a consciência humana torna-se na verdade
um instrumento de pesquisa. O próprio pensamento torna-se metamórfico, desenvol-
vendo a mesma mobilidade e flexibilidade dos fenômenos que encontra. Isso envolve
a recriação de uma imagem interior daquilo que percebemos no mundo exterior atra-
vés dos nossos sentidos. Essa capacidade é uma extensão da imaginação artística;
mas difere daquilo que geralmente entendemos por imaginação, na medida em que é
uma resposta precisa aos fenômenos reais da Natureza.

Através desse processo que Goethe chamou de “imaginação exata”, começamos a
experimentar não só os fenômenos da Natureza, mas também seu efeito sobre nosso
próprio ser à medida que os experimentamos interiormente. Desse modo podemos
perceber não só os objetos e eventos da Natureza, mas também as forças e qualidades
que os permeiam. Somos, assim, capazes de apreender os arquétipos que vivem na
Natureza não como abstrações intelectuais e sim como percepções diretas do nosso
pensamento vivo.

A observação está casada com o pensamento, permitindo que a percepção cresça
e se torne um conceito vivo. O método científico goethiano, desse modo, traz ao
processo de pesquisa uma reconciliação da dicotomia interior e exterior, participante
e observador, objetividade e subjetividade.

Na ciência goethiana, o observador se torna um participante consciente do pro-
cesso de pesquisa. Isso é diferente da “consciência do observador” convencional, em
que o pesquisador finge ser um espectador distanciado, sem conjeturas nem
envolvimentos. No método científico convencional, qualquer participação subjetiva no
projeto de pesquisa é vista como uma interferência a ser evitada. Já que está na
natureza da observação científica o fato de que o observador afeta aquilo que é obser-
vado (o “Princípio da Incerteza” de Heisenberg), essa participação não reconhecida se
torna inconsciente, freqüentemente levando a premissas e conjeturas ocultas. Por
outro lado, o cientista goethiano cultiva ativamente a clareza de sua própria consciên-
cia e assume a responsabilidade por ela enquanto instrumento científico.

Contudo, o método goethiano também é diferente da abordagem totalmente sub-
jetiva, na qual nosso mundo interior é ingenuamente projetado sobre o mundo exte-
rior, de um modo autocentrado que nega a diversidade daquilo que está fora de nós.
E tampouco é como a jornada psíquica ou induzida por drogas, que nos tira do corpo
físico e leva-nos a outras realidades, ou nos põe em contato astral com seres
desencarnados.

O método goethiano é um encontro com um mundo natural bastante tangível e
que tem suas próprias leis e verdades. Nossa compreensão desse mundo precisa base-

36

O que é a Terapia Floral?

ar-se naquilo que realmente existe nele, descobrindo a correspondência entre a expe-
riência interior e os fenômenos externos. É uma aptidão que exige tempo e paciência
até se desenvolver numa verdadeira técnica de pesquisa científica que possa discernir
entre a verdade e o erro.

A ciência espiritual

Os estudos científicos de Goethe tornaram-se uma pequena contracorrente subter-
rânea dentro da corrente dominante do pensamento científico. Ele ficou muito mais
conhecido por sua obra literária, em especial por sua obra-prima dramática, o Fausto.
Há cerca de cem anos, o filósofo e mentor espiritual austríaco Rudolf Steiner (1861-
1925) publicou os trabalhos científicos de Goethe, chamando para eles a atenção do
mundo moderno e expondo pela primeira vez a real significância da epistemologia
científica de Goethe. Steiner reconhecia em Goethe um rigoroso fenomenismo, no
qual o pensamento permanece fiel às percepções diretas da Natureza. Não é que
Goethe se esquivasse de pensar, mas sim que seu pensamento era moldado por sua
percepção. Desse modo, ele evitou o erro da ciência convencional, que aplica ao
mundo metamórfico dos seres vivos as leis mecanicistas apropriadas aos objetos ina-
nimados.

Steiner não era contrário à ciência natural moderna. Ele reconhecia que a humani-
dade, na tentativa de explicar o mundo natural, desenvolvera a importante faculdade
do pensamento independente. Em vez de descartar o método científico, ele queria
ampliá-lo, desenvolver uma ciência espiritual, à qual deu o nome de antroposofia,
que significa “sabedoria da humanidade”. Em sua série de palestras, The Boundaries
of Natural Science (As Fronteiras da Ciência Natural), Steiner disse, “Precisamos co-
meçar adquirindo a disciplina que a ciência moderna pode nos ensinar (...) e transcendê-
la, para que possamos usar a mesma abordagem rigorosa (...) e assim estender essa
metodologia também para a investigação de reinos inteiramente diferentes (...) Não
consegue alcançar o verdadeiro conhecimento do espírito quem não adquiriu disciplina
científica, quem não aprendeu nos laboratórios a investigar e pensar de acordo com o
moderno método científico.”

A ciência espiritual de Steiner está construída sobre a ciência goethiana, mas ado-
tou uma abordagem complementar. Enquanto Goethe começava com o objeto perce-
bido e se dirigia para o conceito, Steiner partia do pensamento puro e então desenvol-
via a percepção. A ciência goethiana é um estudo da Natureza, mas Steiner desejava
utilizar a disciplina científica na investigação da própria consciência.

Em seu livro The Philosophy of Freedom (A Filosofia da Liberdade), também co-
nhecido como The Philosophy of Spiritual Activity (A Filosofia da Atividade Espiritu-
al), Steiner sustentava que a faculdade do pensamento humano pode ser elevada a um
nível em que se torna atividade espiritual. Enquanto tal, ela tem mais afinidade com a
meditação consciente do que com uma experiência mística de fusão com o divino. Em
sua essência, essa atividade espiritual do pensamento é totalmente “livre dos sentidos”
e, contudo, pode ser experimentada diretamente e sua verdade validada. Steiner ofere-
cia a matemática pura como um exemplo de pensamento livre-dos-sentidos, devido à
sua rigorosa coerência lógica e sua capacidade de ser verificável. É através do desen-
volvimento do pensamento superior, afirmava Steiner, que temos a possibilidade de
conquistar a verdadeira liberdade, de crescer até a maturidade espiritual assumindo a
responsabilidade pela aptidão do nosso Eu Espiritual de apreender as verdades mais
elevadas.

37

Repertório das Essências Florais

A ciência goethiana e o pensamento livre-dos-sentidos, explicava Steiner, formam
os dois lados de uma polaridade, matéria e consciência; ambas precisam ser encontra-
das e harmonizadas para que seja desenvolvida a verdadeira ciência espiritual. Ele
comparava esse processo à antiga ioga da respiração praticada no Oriente, a qual
trabalhava com o ciclo de inalação e exalação. Nessa nova ioga da era moderna, nós
“inspiramos” nossas percepções sensoriais do mundo e “expiramos” nossos pensa-
mentos. Como Steiner descreveu em Boundaries of Natural Science (As Fronteiras
da Ciência Natural), “inalação e exalação são experiências físicas: quando elas estão
harmonizadas, a pessoa experimenta conscientemente o eterno. Na vida cotidiana,
experimentamos o pensamento e a percepção. Ao trazermos mobilidade à vida da
alma, experimentamos o pêndulo, o ritmo, a contínua vibração da percepção e do
pensamento interpenetrando-se”.

Ao unir percepção e pensamento dentro da nossa experiência anímica, temperados
com a disciplina científica, a ciência espiritual é capaz de evitar os problemas do conhe-
cimento subjetivo bem como os desequilíbrios, já discutidos antes, dos métodos científi-
cos convencionais. A pesquisa científico-espiritual exige que nos libertemos da projeção
psíquica, da propensão emocional e da auto-ilusão, a fim de nos tornarmos precisos
instrumentos de percepção e insight. Contudo, para alcançar a objetividade, nem nos
tornaremos um observador independente apartado da Natureza e divorciado de qual-
quer experiência interior, nem dependeremos de abstratos instrumentos técnicos de
mensuração. Ao contrário, a verdadeira objetividade consiste em uma capacidade disci-
plinada e sistemática de observar e compreender aquilo que está sendo observado. A
essência do método científico — observação objetiva e documentação dos fenômenos
— precisa ser integrada com a essência da abordagem espiritual — o reverente reco-
nhecimento dos estados transpessoais e transfísicos da realidade e do ser.

Através da ciência espiritual, a alma humana pode encontrar o reino arquetípico da
Natureza e os reinos mais elevados do espírito, com a mesma clareza e disciplina
interior que são postas em prática nas ciências físicas. Assim como o cientista botâni-
co, por exemplo, pode desenvolver a capacidade perceptiva de distinguir claramente a
estrutura de uma flor, também o cientista espiritual pode aprender a empregar a visão
interior para “ver” as forças que formam a flor e a “idéia” viva ou arquétipo dos reinos
mais elevados que trazem a planta à vida.

Essa nova ciência da Natureza requer uma intensificada elevação das capacidades
da alma humana voltadas à imaginação (clara vidência), à inspiração (clara audiência)
e à intuição (clara senciência ou clareza de sentimentos e sensações). Todos esses
métodos de trabalhar com os fenômenos da Natureza precisam ser fortalecidos e
amplificados por uma comunidade de pesquisadores que estejam trabalhando de mo-
dos similares, a fim de que os insights individuais possam ser corroborados e refinados
através de um pool de conhecimentos coletivos.

As abordagens científico-espirituais de Goethe e Steiner têm sido retomadas e
elaboradas por muitos pesquisadores contemporâneos que trabalham nos campos da
botânica, biologia animal, agricultura biodinâmica, medicina antroposófica, física,
química e matemática. Nas nossas pesquisas de essências florais, enfrentamos um
desafio semelhante. Será que podemos aplicar o espírito da ciência às qualidades
interiores encontradas na planta, integrando a clareza do método científico com sufi-
ciente sensibilidade de alma?

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O que é a Terapia Floral?

O Estudo das Plantas

usadas nas Essências Florais

A pesquisa das essências florais é basicamente um processo dual: envolve o estudo
das plantas usadas no preparo das essências, e o estudo das experiências das pessoas
que utilizam as essências. Ambas as áreas são de vital importância, mas o estudo das
plantas representa talvez o maior desafio, exigindo a abertura de um novo terreno.

Tanto o desenvolvimento dos remédios florais pelo Dr. Bach como a tradição
homeopática de Hahnemann, da qual surgiu o trabalho de Bach, enfatizam o uso
clínico dos remédios e oferecem poucas diretrizes para o estudo, diretamente na Na-
tureza, das fontes desses remédios. Até certo ponto, os nossos estudos das plantas
usadas nas essências florais podem recorrer às tradições fitoterápicas de muitas cultu-
ras, ricas em informações e conhecimentos sobre as plantas úteis. Contudo, grande
parte do conhecimento fitoterápico é vago ou fragmentário, geralmente representan-
do remanescentes incompletos de culturas do passado. A fitoterapia de hoje, muito à
semelhança da medicina convencional, com freqüência enfatiza as propriedades e
efeitos físicos das plantas, sem relacioná-los com suas qualidades anímicas ou influên-
cias sutis. Nos ensinamentos alquímicos de Paracelso e outros, encontramos uma
abordagem rudimentar ao estudo das plantas que integra os mundos interior e exteri-
or. Porém, quando olhamos para o moderno desenvolvimento dos estudos alquímicos,
predomina a abordagem puramente simbólica da psicologia junguiana, a qual não
está relacionada com as substâncias reais da Natureza.

Nossa tarefa, portanto, é criar uma alquimia moderna, uma nova ciência da Natu-
reza que possa nos ajudar a compreender as plantas que usamos nas essências florais.
Ao longo desse caminho, os estudos naturais de Goethe e a filosofia científico-espiri-
tual de Steiner podem ser um farol orientador. Mas Goethe e Steiner nunca aplicaram
seus métodos ao estudo da linguagem anímica das essências florais, e as descobertas
de Bach sobre as essências florais nunca se desenvolveram em direção a uma ciência
sistemática das plantas. Assim, embora tenhamos muito a aprender com aqueles que
vieram antes de nós — personalidades como Paracelso, Hahnemann, Goethe, Steiner,
Jung, Bach, e tradições como a fitoterapia, o xamanismo e a medicina popular —
precisamos fazer novas perguntas e buscar novas respostas. Encontrar nosso cami-
nho rumo a uma ciência espiritual da terapia floral é uma jornada verdadeiramente
pioneira, da qual mal demos os primeiros passos.

A importância da observação física das plantas

As pessoas que preparam essências florais (e outros remédios naturais) para o
público têm como responsabilidade fundamental compreender as plantas que usam.
Para os terapeutas e para aqueles que usam as essências florais no lar, os métodos de
pesquisa descritos abaixo constituem uma importante base de conhecimentos que
lhes permite apreciar o complexo esforço exigido na descoberta e na meticulosa pes-
quisa das propriedades das essências. Mesmo para aqueles que não estão diretamente
envolvidos na pesquisa das plantas, é importante compreender as muitas considera-
ções da pesquisa que envolve o estudo de campo das essências florais.

No programa de pesquisas da Flower Essence Society, iniciamos o estudo das
qualidades de uma essência floral com a observação da própria planta e sua relação
com o ambiente. Nas palavras de Paracelso, “se queres conhecer o Livro da Natureza,

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