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A-Geografia-das-lutas-do-campo. concluido

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Published by icaro.s.silva, 2020-03-02 07:54:12

A-Geografia-das-lutas-do-campo. concluido

A-Geografia-das-lutas-do-campo. concluido

' I..'
4

4 /k t f

REPENSANDO A GEOGRAFIA

DAS LUTAS
NO CAMPO

ARIOVALDO U. DE OLIVEIRA

Copyright O 1988 Ariovaido Umbelino de Oliveira
Coleçâo: REPENSANPO A WOGRAFIA
Coordenador: Ariovaido Umbelino de Oliveira
Projeto Gráfico e de Capa: Sylvio de Ulhoa Cmtra Filho
i$ecuçãp de capa: C&ar Landucci
Revliáo: Rosa Maria Cwy Cardoso e ~ a n d i d a V~. ~Pi.reira
Co~nposiCàoV: eredas Editorial

1111l)rc~vn1í.oAcohrrnrc~r~Gorhflcu Círculo

Meu senhor, minha senhora...

Me pediram pra deixar de lado toda tristeza

FICHA CATALOGR&ICA ELABORADA PELA Pra s6 trazer alegrias e não falar de pobreza

BIBLTOTECA CENTRAL - UNICAW E mais,

Prometeramse eu cantasse feliz

Oliveira, Ariovaldo Umbelino de Agradava com certeza.

OL4g A geografia das lutas no campo / Ariovaido Umbelino de Oliveira - Eu que não posso enganar,

6! ed.- São Paulo: Contexto, 1994. Misturotudo que vi

(Coleção Repensando a Geografia) Canto sem competidor

ISBN 85-85 134-13-5 Partindo da Natureza
1. Conflitos sociais. I.Titulo.
Do lugar onde nasci

Faço versos com clareza

fndices para catllogo sistemltico: Arrima, pelo e tristeza

Não separo dor de amor

1. C~nflitosociais 305.56 Deixo claro que a firmeza do meu canto

: 'dU.Abf* Vem da certeza que tenho

De que o poder que cresce sobre a pobreza 1

E faz dos fracos riqueza

Foi que me fez cantador. 3& 8riti.Wvjrr

M A R CXIRAW(!q $c

(Geraldo Vandré- Terra Plana)

l ? edição: abril de 1988
6! edição: setembro de 1994

1994
Proibida a reprodução total ou parcial.
Os infratores serão processados na forma
Todos os direitos reservados à

RFEouDnaIeTA:Oc(0oR1pA1ia)Cr8aO3,2N-159T89E3-8XT-OOS~O(aE8x+d:li"ltOo@raf-1P')i%Snãs3ok2y-P3a5u6lo -

A memória do companheiro O Autor no Contexto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .ll
JOSÉ EDUARDO RADUAM 1. A Geografia de uma História de Lutas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
(último presidente do INCRA) 2. Conflitos Sociais no Campo: Um Histórico . . . . . . . . . . . . . . . . 19
que morreu trabalhandollutando 3. Geografia da Violência pós-64 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31
4. Situação Atual dos Movimentos no Campo . . . . . . . . . . . . . . .55
pela REFORMA AGRÁRIA... 5. Questão Agrária: Militarizaçáo e "Nova República" . . . . . . . . . . 83
Sugestões Bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .97
e O Leitor no Contexto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .99

para MALU, sua companheira,
que datilografava os originais
deste livro quando Raduam
"desapareceu" na Serra dos
Carajds, no sangrento sudeste
do Pará.

i.' i O AUTOR NO CONTEXTO

#.I, ,i l+lt+t7Ps- 1-

*, ,a $-v 8 "r ?*<*c. Ir J 'V V
. .r . * ; I , -,\&$<, , ;y
\# , 1 , -,, -, .; 7 % * ,

7 r.ArWaltjb IdmLseiIino-de OiiveiranQSWndáI$anJml~de3%ntaRi-

-Wd&Wsst4 . W & ~inJtierMr/d@SiaPacrb, $ cremtxm em PortoFerrei-

L$ 18ãoPiaderi+xixms~i~glrndso1rio Mogi:Guaçu. Ele lá, nuna esque
w u e hoje;~smrpmque4pbfle;foge ,paraas baffmoas do &.para pes

'Wr %-~desm~aBfoista de futebol e é aidoroso tomdor dga' W w

'&iam& ,time qw$&ois de mais de vinte aws de espera e g o ~ @ % s

:I& ,#qmoEjdnPiii:&alegriade urna vitória de carnpmato. . .% .
b,(i~h -f $ db- , Vabalhadorwf rAriovaldo sempre dis@t( ,~wm,o p@i

Curriculares para o Ensino de Geografia de primeiro e segundo 2. O campo está em guerra?
graus. R. Um dia, em Cuiabá, num encontro de estudantes, um aluno levan-
tou, maliciosamente, esta questão. Respondi:Há duas respostas a esta
Publicou vários artigos em revistas científicas (Boletim Paulista pergunta. A primeira procura revelar o quadro de violência existente no
de Geografia, Terra Livre, Revista do Departamento de Geografia da campo,onde trabalhadores vão sendo assassinados sem que os jagun-
Universidade de São Paulq.- USP, Orientação, Caderno Prudentino de ços e mandantes sejam sequer indiciados em inquéritos. As lutas dos
Geografia, Boletim Goiano de Geografia, etc.) e é autor dos livros Mo- jrabalhadores, como todos sabemos, têm ganho em organização, em
do Capitalista de Produção e Agricultura, Amazônia: monopólio, expro- decorrência deste estado de "ausência" de justiça. A geografia das lu-
priação e conflitos e A Amazônia. tas mostra que o campo tem várias frentes de confronto que não po-
dem ser ignoradas pelos teóricos da revolução operária exclusiva. Aí,
É coordenador da coleção Repensando a Geografia. vem a segunda resposta. Os colegas que têm optado por uma visão
Além de tudo isto, Ariovaldo encontra tempo para "curtir" seus do mundo, via revolução operária industrial urbana, exclusivamente,
filhos Úrsula e Emilianoe sua companheira Bernadete.
Ariovaldo responde agora as quatro perguntas formuladas: acham que estudar as lutas no campo significa negar por antecipação

1. Por que você está estudando as lutas no campo? a força histórica do operariado e imediatamente colocar no centro da
R. A realidade de nossos dias tem gerado uma sociedade que se ur- revolução, os camponeses. Estão no mínimo, equivocados. O que pro-
baniza velozmente. Esta urbanização, comandada pelo processo de
industrialização que o campo está conhecendo, criou rapidamente um curamos fazer é entender a totalidade da nossa sociedade, sem des-
forte contingente de trabalhadores rurais-urbanos. O fenômeno do truir as especificidades entre o campo e a cidade. Daientendemos que
"bóia-fria" A hoje nacional. Isto ocorre porque se está implantando no há uma guerra instaurada no campo, uma luta aberta entre o capital
campo o modo industrial de produzir. Este fato, incontestável, tem feito multifacetadoe os trabalhadores, camponeses ou não.
com que vários colegas autores tratem o campo como se trata a cida-
detindústria, esquecendo que as especificidades de cada um não fo- 3. Por que sua paixão aumenta quando você escreve sobre os índios?
ram ainda eliminadas. Esquecem também que este processo geral de R. Uma das coisas mais fantásticas que descobri em minha vida foi o
expansão das relações de trabalho assalariado pelo país, é, antes de fato de que era descendente de índio. Esta alegria se acentuou quan-
tudo, contraditório. Simultaneamente, há a dominação, quase absoluta, do cedi meu sangue para ser estudado por uma cientista (da Medicina
do trabalho assalariado nas médias e grandes propriedades e no pre- Pinheiros) que descobrira um gene especifico dos povos indigenas bra-
domínio igualmente quase que absoluto, do trabalho familiar nas pe- sileiros e o exame foi positivo. Assim, falar dos irmãos índios é falar da
quenas propriedades. Outra questão está no fato de que a luta pelo gente mesmo: da luta pela autodeterminação ao direito à vida. E uma
acesso à terra, tem aumentado em nosso país, de certo modo contra- coisa que vem do coração. A paixão A a prhndição para começar a
riando a teoria geral da expropriação/proletarizaçáo inevitável dos pe- escrever sobre os Indioç. Mas a paixão é, também, condição importan-
quenos camponeses. Tudo isto, mais a paixão pelas questões do te para se conscientizar do quadro vivido pelas nações indígenas e pa-
campo, nascida das discussóes e longas conversas com meu pai ra se lutar contra sua destruição. Nossa sociedade tem que, rapida-
Francisco, influenciaram na decisão do estudo. Soma-se a tudo isto, o mente, entender a necessidade histórica da autodeterminaçãodos po-
fato de que, muitas foram as vezes, em que eu fui com o "caminhão vos indigenas, ou então, também seremos partfcipes deste massacre
da turma" (bóias-frias) para a fazenda, onde meus tios trabalhavam, histórico a que eles têm sido submetidos.
para passar as férias escolares. A consciência e a opção foram sendo
moldadas pela vida e pela frase de meu pai, definindo o quadro das 4. Como você consegue conciliar seu trabalho da universidade com a
relações de trabalho do final da década de 40, quando ele deixava o atuaçãojunto aos movimentos no campo?
campo: "Eu tive que comprar a minha liberdade". Portanto, quem nas- R. Acho que isto decorre de uma opção de vida. N6s em casa conse-
ceu e cresceu na revolta, só poderia um dia estudar as lutas no campo. guimos adequar/transformar nossa vida particular e profissional na
Foi por estes caminhos que o trabalho foi sendo construido. busca e na participação nos movimentos de nossa época. Viver para
n6s, e para nossos filhos, tem sido viver estes movimentos. Frequen-
temente encontramos, em casa, o Emiliano (nosso filho de 6 anos)

cantando a música da reforma agrária ou a Espinheira do Duduca e

Dalvan. A Ursula (11 anos) transpõe para seus trabalhos escolares 'A G E O G R A F I X . ' ; D E U M A

aquilo que viu dos índios em Mato Grosso. E daí para frente, tudo tem

passado pela opção de vida. Soma-se a isto minha opção intelqctual

como pesquisador. Ela tem sido construida pelos caminhos da neces- H I S T Ó R I A D E L U T A S...

sária articulação entre a teoria e a prática. Por isto veja como funda-

mental a participação, sempre que necessária e posslvel, nos movi- -- -,x-rT- y ' m - 7 ~ ~ i 5 7 P ' ~ l . F T i ' !!FiFV-: 'ma
., ,- .,." .. . ' L
mentos. E mais, fazer pesquisa para mim é ir em busca dos estudos ,nu r . , r j -.. (3,- ,.* . ~ J P M
*H .r'
concretos, indo lá no campo ver a luta de perto. Meu trabalho na uni- 4'
-%' ,I:
versidade vai sendo produto/açáo desta prática de vida que os mais

"filósofos" chamam de práxis.ia -7, .. ,r eaul?# B W.
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~~s3nMiM q n w
~ b ~ i"lS\''ii
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7 b BBIBjya~?,z~l.i y~.w 'w Conflitos sociais no campo, no Brasil, não são uma exclusividade

t? 1 ditsM&l* r=&w.Bd c& nossos tempos. São, isto sim, uma das marcas do desenvolvimento

k&h$!2 ? bswW~~bthr~1: e do processo de ocupação do campo no pais.
0 s povos indigenas foram os primeiros a conhecerem a sanha de

terra dos colonizadores que aqui chegaram. Este genocidio histórico a
que vem sendo submetidos, há quase quinhentos anos, os povos indl-
genas brasileiros não pode ficar fora das muitas histórias de massa-

cres nutampo.
O território capitalista brasileiro foi produto da conquista e des-

truição do território indígena. Espaço e tempo do universo cultural índio
foram sendo moldados ab espaço e tempo do capital. O ritmo com-
passado do tiotac do relógio no seu deslocar temporal, nunca foi a
marcação do tempo para as nações indígenas. Lá, o fluir da história
está contado pelo passar das "luas" e pela fala mansa dos mais velhos
registrando os fatos reais e imaginários.

Talvez, estivesse aí o início da primeira luta entre desiguais. A lu-

ta do capital em processo de expansão, desenvolvimento, em busca
de acumulação, ainda que primitiva, e a luta dos "filhos do sol" em
busca da manutençãodo seu espaço de vida no território invadido.

A marca contraditória do país que se desenhava podia ser bus-
cada na luta pelos espaços e tempos distintos e pelos territórios des-

-truídos/construidos.
' Esta luta das nações indígenas e a sociedade capitalista euro-

'"ia primeiro, e nacional/intemacionaIhoje, não cessou nunca na his-

tijria do Brasil. Os indigenas, acuados, lutaram, fugiram e morreram.

Na fuga deixaram uma rota de migração, confrontos entre povos e no- rio liberto das posses livres e dEis terras de trabalho da AmazGnia

vas adaptações. rante, da.Amaztlnia dos retirantes.

A Amazônia é segurapente seu Újtimo reduto. Mas a sociedade - Mas da bta e da morteqmaatravessam esta,conquista do territb
telivo IivMdofmdio, na=m,%we repmduzém#asroças mmwnitá-
brasileira capitalista intemaclon'alizada ihsiçfe na sua capitulação. O

Banco Mundial acena com Rçursqs para a demamqáo de suas "pri- QáO bDletWaiaÕ teWitÓtiqlik~ados posseiros contra a

sões". As "reservas" indi enas, fryões d~ território capifalista para $a:exp@dfat$io 8 da proleWzagã0. .r -

aprisionar o' tenit6rio%b&!ri~ii~&ha, sáo deri-tariiadd&$ara !i30 serem 2 TmmW e Fomqodazem parte dahistó-

respeitadas. e pela liberdade no campo do pais. São me&

Novamente espaços e tempos distintos são produtos da luta de- resist6nciae de mstnuçáo.dgsses eypmpriados

sigual do e no território. O espaço liberto e o tempo lunar do índio são m ser.,propntat&ios coktivos de
I b i p capitalista.São tambem
novamente sacudidos pelo tempo do relógio e pelo espaço-prisão do

capital. capital e dos capitalistas pe-

Tal qual no passado, esta luta continua, com um único derrotado: rdeuma destnaiçb inevitável. ,.

o índio, e com ele uma fração da humanidade. t$veis e histórioabiias iirgas camponesas sacudiram o camp

Simultaneamente A luta dos indígenas contra o tempo e o traba- no nos anos dnquenta e sessenta. A violdncia do golpe militar

lho dos brancos capitalistas, nasceu a luta dos escravos negros contra Poc;oil o anseio de lítjerdatk do morador sujeito dbs,Iatífi.ndios

espaços e trabalhos para os senhores fazendeiros rentistas. dò" ~brdestebrasileib. Q@mm e h~tkirarnas lideranças

Quilombos surgiram, Palmares cresceu. Zambi nasceu, Ganga n e w em luta: Muítos "fugiram",' fm@indo,sumiram, foram

Zumba lutou, Zumbi morreu. Na terra da liberdadee do trabalho de to- s: Mas n i l h o assim\á CbNTAd -'Cònfbdeaçãáo dos

dos nasceu, no seio do território capitalista ~olonialo, teni'tdrio livre, li- -res da Agricultura nasceu e não morreu.

berto, dos africanos/brasileiros escravo%mercadorias antes de traba- o da Terra era , q a espécie de bandeira militar levada
uta p~~atrraavc,Sç dà guerra, impor a "paz na,terran. Mais
lhadores, para a primitiva acumulação do capital já"mundializado.

Palmares cresceu, negros acolheu e brancos juntou.,Procurava-se

construir, agora por dentro, o território da liberdade negra da África no 20tzs$rtrtm;dtueto !3e c& m í i, l t " 8 náo permitirams m e r que o Esta-
(
Brasil. A produção coletiva nativa era crime contra a lógjcra da produ-

ção privaddexpropriadado escravo pelo senhor.

A guerra/destruiçãode Palmares viu a presença dos bandeirantes

- Domingos Jorge Velho e outros - destruidores da ,terrada liberdade

negra, índia, brasileira, jagunços históricos dos senhores rentistw do

açúcar. , 7 ...

Hoje &sãooutros os jagunços da kist4fiatelas classes dominaritw

que desde os tempos da ditadura militar dos snas sessenta e setenta; m p~ ~ ~ ~o â m p hN2 @elw;Q.batalhas da terra, foi

vêm tomando a bandeira da gwerraldestmição das terras de trabalho crssoanibi& b r a n d 2 $d&d#ahwelo~quglitzitivhente. No$i m e

dos posseiros dos povoados empoeiradas, enlameados do sertão, @/ou unipemente o possehc.que\oou@ as-pms, morrem também as lide-
r a w s sindicais, aquela que os' apoiarn e defendem: os padres, os
da terra livre e do território sem cercas dos povos indlgemas da .Ama- pastoras, os agentes pagtorais, os advogados, etc.

zônia. , esta luta tambem chegou ;áo Congresso Constituinte. Os setores
reahon&ios, proprietários/latifundiários/rentistas não abrem mão da
Os posseiros lutam numa pontacontra a expr~priaçáo,quecogse-
ne~ssida* & se irqpwtqr nq pmpo o principio legal injusto 9 i l ~ í -
ra, e na outra; contra o jagungo, gendanne de plantão do latifundiário t i m ~da '!jvkieapfh&ifhenizaçáo em dinheiro da tcgrti $, das

especulador e grileiro das terras indígenas. Não Ihes é dado sequer a benfeitorias".

possibilidade de seremsenhores.de seu viv'a qer. Matam-osposseiros,

seus defensores e seus seguidores. Matama posqibilidadedacriação e

recriaçãodo espaço libertoda prod_ugãofamiliar! Matamldestroem0-ter-

No entanto, se da violência nasce a morte, nasceJamb4m a vida.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Tem é pi;odutt dessa 2
ONFLITOS SOCIAIS NO CAMPO:
contradição. A negação h expropriação não é mais excluâivida$edo re-
M HIST~RICO
tirante posseiro distante: Agwa eia é pensada, artiwb&, 'e execuiada

a partir da cidadq com a ,presençadcas rcttirânfes~qqem~iiiiic$ade/so-

ciedade insiste em rregar o direito à cidadania. Dirpitoagw&cowtwído

e conquistado na luta pda rècaptura d6 esp~@/.temp~o~, per;d'dn~as

trajetória história da expropriação. 9- ,,.' < I ,

Acampamentos e assentamentos são novas [email protected]#lutade

quem j& lutou'au decquem resolveu lutar pelo direito à:tetw livras ao

trabalho libett6. 'A tetYa que pemite aos trabalhad~reg+.iWe nos do

tempo que o capital roubou e construtores do territ&io,coleti\i~okqweo

espaço do capital não conseguiu reter h bala ou por press50A-s repo-

rem~se/reproduzirem-se,no seio do território da sprdu@i3@geral

capitalista. I ,.S.

Nos acampamentos, camponeses, peões e Wias-frjajj sp~ntgam

na necessidade e na-lutaa soldagem política de Cmi a aLin.ga ~ s 4 ; 6 r i .

Mais que isso, a evolução da ação organizada das lide&an@s,bóia&

frias, abre novas perspectivaspara os trabalhagores. $rev;e%nirj@sna

cidade para buscar conquistas sociais no campo sqo corpponentes

ainda localizados no campo brasileiro, sinal de que, estes trabalhado-
1,)
res, apesar de tudo, ainda vivem e lutam.
No entanto, se o horizonte do campo 68,Brasil 'c$ c~ntradltditbripna
veessdêensceian,véolvneersasacocmonptrreaednisdãoooduescsoanrjuenatloidadd6e'm. ntt"-&diÇ<õbsq$$se de-

Esta cdmpreensão-Sauramqntepassa

designkil dessas contradições e movimentos.

paip pa'ra''2párticipdçao.doi gedgt~bse da
i3c
áenvalvimento e~ o n & n i c.o : 'h iaVQ'~ l.í t u - .,p '7;rr,
inserem. 11
- Ii ;

Este momento do desenvdvirriéntb do c @ ~ l s f i 6 ~ ~ * ~ n d d ~ e r i t z k l
para o campo, pois as bases para sua industrialiWQ& est9nEJi.l~iiÇ"ad&s,

e o capital, feito rolo cotbIpF~,~tUdmbagtPna m a dà a~umulação
e da sua reprodução ampllad%i:É nesta.rdta.q~e'procuraiYrmenten-

der os conflitos scsckís & a'lutapela tema no~Btãsil; .

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varn rio6 quilombos Wlas. Os quiloti~boseram um "... em 1896-1897, a Guerra de Canudos, nos sertões da Bahia, que du-

sistema cornunit&rii ta para onde iam os negros que rou cerca de um ano, tamb6m envolvera metade do Exército e milhares
de camponeses e tivera uns cinco milmortos entre estes, impondo seve-
. conseguiam íyg' zes eram cinco, seis casqs. ape- ras derrotas às forças militares." (Martins, 1981.)

nas. Outras Je&hhegavam a @ar verdaBeiGs cidades. k t e s huk Além de Canudos, no final do século, o inicio dos anos dez mar-
cou, com a Guerra do Contestado talvez, o maior confronto armado
,lombos eram Qmpre perse uidbs ,pgk p6rcips dos faze@eiros. entre camponeses e o Exército no Brasil. De novo a violência esteve

%Quando podia t adestnilam e& t;Sivar&os ne&os e os recapturadók eram II
-levados deWolta para os e n m M S > J m eMam'duYmlente casügadas e "
I
marcados? (Comissão, 1987.)
"A maior guerra popular da his'tbria contemporânea do Brasil foi a Guerra
:. .n ; t l do Contestado, uma guerra camponesa no sul do pals, nas regiões do

Entn os quif&nhhis; tdt6rio negro livre no seio do latifúndio Paraná e Santa Caiar@&de 1912 a 1916. Pkgarigf-u20 "mil[gbelclgq, en-

branco europeu, Palmam foi r, grande exemplo de luta, resismcia e volveu metade dos efetivos do Exército brasileiroem 1914, mais uma tro-
pa de mil "vaqueanos", combatentes irregulares.. Deixou um saldo de pelo
destruição. Lá~rdnammZambi, Ganga Zumba e Zumbi, mas o jagun- menos três mil mortos."(Martins, 1981.)

ço/pistoleiro, q i t m o - m a t o , Domingos Jorge Valho (bandeirante de
-então) e seus capangas a mando do latifdndiodestniíram o espaçdre-

duto da liberdade negra: .

"O maior.dos quilombos foi o de Palmares, em Alagoas.- Este foi o qua
m@steppo. re$etiu aos ataques dos, farendeirq. essa r$s!st4ncia Que
durou' c e m ' d s ,&"e muW a IlderZumbi e B &ua capacidade AS LUTAS DOS COLONOS NA FAZENDA DE CAFÉ

de big&i"za&o. O n6mero de neste qL'lbrn'Bo che@ú' a viriti3 1,

inil. E d dina vedadeira cidade orlqe'os W r o s viviam numa comunidade Não eram apenas os camponeses nordestinos ou sulistaslos en-

&++ato: Al se fazia a 6xperiincia de Sraternidadeverdadeira. Era @ lupar volvidos crom a luta pela liberdade, pois as greves dos colonos nas fa-

Onde ob negros se hentlmi iguais de hiulade. O:t@lamb'dos PalmaW zendas de oafé forach quase sempre reprimidas pelos capangas arma-

tinha sua base na orgeuiizapão social-@~ ~ Mv d Ww@para :a@d. *nder ~ ~ ~ @ s . Etalmpbs6m wnstifulramwe no instrumento de lutarresisténcia

dDs colonos migrantesexplorados: ., a,.

'I <,W.J,, , 8,

r; "Em 18113:,ajornal em Jlsigu~ita! liana Fanfolla havia regietrado várimldÚ-
i$ae d$,pyeves. Entre f W ; e ,1930, o Ratrorfato~&grlcola(um9 qgbijpia

estatal fundada em 1911 para mediar nos conflitqs,egtre faz,&ndeirose

,- trabllJ$io[aS.), bem q m o a imprensa dos trabalhadores, citam mais de
gros continuaram a fugir das senzalas e a se agrupar nas &?restas, lu-
cev Qy$s na$ @z&çlas ,de'(~af6E. mrvraa ~ a i q r idessas,greves.se
"Jtarldo p i á sdbrevivgncia'ewrâ~ r ã ã o d ~ ~ s s i 1398076, ;-'" ' '?%-
limitasse a uma OnicaPzenda,'hoUve ,y m caso em $911, quandp cerca

de pl.~bphadorebde meia dúzia @ fazendás da dted de ~ragãnçaBn-

' trard'erh greve por vinierdias, e corno resuftadu'con'seg~immum ligeiro

aumehfohó pagamento. No anó segointe, trabalhadores de mais de uma

dúzia de fazendas Iía>grea de 'Ribeiráo Pf&o eWaràm' m greve 'e tam-

bém conseauiram um peqwno aumento sa@alI A maior greve do perio-

L AS LUTASDE7CANUDOS E t W W l 3 H A W - ' 3:) %r'?'%?@?n~ mesma áréa em 191gm"a, embora móbiiiiassèèiitre dèz
I1 I~IC!t):%.J
mil e quinzerv~,t<abqpadop+,@m$-~oeum derrp$ total." (Stalcke, 1986.)

O 'fim da escravidão no século passado não foi suficiente pEm Em.ger@el stes movimentos eram ,provPcâdos pela deterioração
remover.as injustiças sociais; s.e nordesb latifundiário viu nascer no %as,reíaç@s,estabeleci& ,no colonato. Entretaqto QS fazendeiros de
café sempre reagiram, utilizando-seda repressão policial:
sertáoqaluta sangremta de Canwbs. Camponeses e ExWtg lutaram
violentamerite pw m i s de um ano: -
. %c)

21

tais como o preN'baixo "Em Goiás, nessaépoca, ocorreram conflitos e expulsões que encontra-
.tentativa de rq&@o do
ram na Revolta de Trombas e Fonnosoa sua expressão maior. Em 1948,

com a estrada Trarísbras"liaha,as terras do então municlpiode Uruaçu se

valorizam. Essa estrada viria a fazer parte da futura Rodovia Belém-Bra-

sfliii, iniciada a constygão, da capital em 1956. No ano seguinte ao da

.,.chegada da estrada a Uruaçu, camponeses originários do Maranhãoe do

Piaul, mas que viviam em PNro Afonso, no norte de Goiás, tambem cqe-

garam à cegião, em grupo; liderados por José PorfIrii, e ali formaram pos-

~espaldoda jplíc@,conh3flguicq ro.mBt a,greve,amgaç~p& 0,6 W,@.klha- ses numa área de terras devolutas. As mesmas terras, entretanto, foram
griladas por um ghJpo de fazendeiros, além do juiz e do dono do cartbrio

*' local, consumando-se o processo de grilagemem 1952. Inicialmente, são
%tas p~6j30stàsde compra das posses aos posseiros, o que quer dizer

.. . . I , . - , , . b , " , . kbmpra mediante pagamento unicamente das benfeitorias. Diante da re-

. , ..i 4 t .' :.g;;#0 i , .,' ; I ' cusa sãolançados jagunços sobre os cdponeses. Diante da resistência
As - $jmmm'~W. *i;TAs; , .i
~ M P Q L 6 i s A s~ , ~ M ? M E A ~, ( r hão feitas tenfatiyas de transformar os posseiros em parceiros, como
.-,
, . ,& ' '< . .. , c ,I ' 'O' ocorrih em Minas na mesma ocasiCio. Nessa altura já havia tr6s mil pes-

8

Palmarw, Canudos, Contestado, greves nos cafezais paulidas, :sdas na região. Por essa &oca, em 1953, violências foram cometidas
.,. U Y '.' "contra José Parfiiro (cuja mulher e filho rec6m-nascido foram arrancados

,r-i" d6 casa s a basa"queimada, do que resultarNamorte. da mulher alguns

dias SlepoiST. .

.a 8'.0sconflitos já eram muitos quando chegaram à região, em 1954, quatro

'-u?' militantes enviados pelo Partido Comunista do Brasil, que passaram a vi-
.'Ver e trabalhar na área. A partir de então, os camponeses se organizaram

,em Conselhos de Córregos, desenvolveram o trabalho coletivo do muti-
i G T Mo 'nòs momentos de tensão mais aguda, para permitif que grupos de

~'dk&ponese~'artnadds montEissem guarda contra ataques de jagunços e

-' ''''da pollcia, :e hnda~arwa~Associaçãb dos Lavradoreg de Fonnoso e
' j Trombas, ehcarregada' de rèpresentá-10s e orbahizá-los, para obtenção

'"--xn dapf6ptiedadedgterra. Qtfando em '1957 o govbrne'estadu4l mandou pa-

'h& àT6gib fbW contlmgerhe para cornbatê-lós, o Partido Comunista pro-

Ot' #8s%mi $&rd&.hp&ari&a5 pretens'jes do gover~iadorPedro Lupovico de
A%&' '#$@nãai
ma#dátS"$''akia% g $@hdidGtuhiláde'seV'filho,Maum Bor-
o&,' .h gudssao govk@$&nta~ ~ t vf pca, o g6yezo retiraria.tis tropas
, dp re@d,'; qye foi feito. C ~ r ni&o, a t é , $ 9 ~ 4r,e~gb de Trombas e For-

m o se~co~nstituiu num território liberado, de certo modo suieito g gover-

, , i?p pr$rii uma espécie de governo popular; o que foi facilitado pela cria-

$á,q9dm~ gicípio de,Formoso, por solicitação dos camponeses, além da

.?pição cJeJQ@,P~rfiriocomo deputado estqdual. Embop o ~xdrcitosó

- tenha entrado np,~egiãoalguns q n ~dsepois do. golpe, conforme nota ofi-

cial publicada nos domais, já ep 1964os lideres d~~movimenhtoaviamfu-

,gido. Foram presos ,em 1970 e barbaramente brturados. José Porfirio foi

preso em 1972, no Manan,hão~durante as batidas relacionadas com o

combate à guerrilha db 4raguaia.l Solto em 1975,\em Brasíiia, desapare-

ceu completamente, havendo daa,suspitade seqfiestro e dssassinato"

(MariFi.5, 1981,).

29

AS LUTAS PELA TERRA NO PARANÁ conflitos que culminam com a revolta de l9FJ, oas regioes de Pato Bran-

As lutas pela terra no Paraná, segundo Martins passam pelas co, Francisco Beltráo e Capanema. Ali a situação ere extremamente
relações entre os latifundiários e o Estado e as muitas falcatruas reali-
zadas pelos govemantes no exercicio do poder contra os camponeses este do Paranl, uma,instituiçãodom
posseiros. Estes conflitos vão conter, como se 3iu em Trombas e For-
moso, a participaçãodo Partido Comunista do Brasil: r rl

"Na mesma época em que começava o problema de Troml?as e F o m -
so, começava também o problema de terras que culminaria com a guerri-
lha de Porecatu, no Parand, em 1950. Desde 1946, mile quinhentas famí-
lias de posseiros, habitando terras devolutas em Jaguapitã, passaram a
sofrer o problema do despejo porque o govemo do Estado cedera aque-
las terras já ocupadas por eles para grandes pr6pnetáriis. 0 s despejos
violentos levaram à formação de grupos armados que resistiamou ataca-
vam fazendas. Vários confrontos entre posseiros e pollcia ocorreram,
com derramamento de sangue. A situação se.agravou ainda mais porque
o governador, envolvido ele pr6prii em famosas negociatas de terras,
procurou os camponeses de Jaguapiffi e Ihes propds transferência segu-
ra para outras terras no vale do rio Paranaval, com casa e transporte. A
promessa não foi cumprida.
A essa situaçáo violenta, que se repetia em outras regiões do Paraná na
mesma ocasião, veio somar-se a revolta dos lavradores de Porecatu, lo-
calidade também no norte do Paraná, não muito distante de Jaguapitã. A
situaçáo era ali idêntica àquela outra. Tendo notlcia de que o govemo
pretendia desenvolver na área um projetode colonização, muitos campo-
neses começaram a se deslocar para lá, abrindo suas posses. Na ver-
dade, sem nenhum respeito pelos posseiros, o governo havia traficado
com as terras, vendendo-as a outras pessoas. Nos Últimos meses de
1950, devido à ação do Partido Comunista do Brasil, atraves dos seus
comitês regionais de Londrina, no Paraná, e de Presidente Prudente e
Assis, em Sáo Paulo, eclodiu a guerriiha de Porecatu, tendo como um
dos chefe's José Billar. As lutas prosseguiram, com mortos e feridos, até
janeiro de 1951, quando assumiu um novo governador disposto a resolver
o problema. Apesar de o governo ter, em 15 de março, declarado as ter-
ras de utilidade pública para desapropriaçãopor interessesocial (fato que
1 ocorria pela primeira vez no pais), ainda em junho havia de trezentos a
quatrocentos camponeses armados, emboscados nas matas, de onde
safam apenas para atacar. Foram desarmados por uma força policial de
duzentos e cinquenta homens. Consta, porem, que o próprio Partido Co-
munista determinara a cessaçáo da guerrilha".
"Mas é no sudoeste do Paraná, quando Lupion, já envolvido em negocia-
tas anteriores de terras, volta ao governo do Estado, que t&m lugar os

rendatários, pequenos proprietários e trabalhadores da Zona da Mata, Ao fim do mesmo ano, Hortgncio reuniu um pequeno grupo de foreiros,

contra o latifúndio. Kisenis =Y Arnmi-Aquin~(Amar0.&&apirn~~~,~aiv~lsl~~GaJmoãpoe]~~a
Vkgflio. A associação -Sociedade Agricola de Plantadores e Pecuafistas
A origem da expressão "Ligas Camponesas" está relacionada ao de &%mamm'-SAPP-v$bf$\peZ~Bi @~ g j $ t i ~ í a @ ~ ~ m âD$o:ponto

movimento de organização de horticultores da região de Recife pelo , ::As ligas se espalharam rapidamente pelótNor@té, coi.rfands, de'inble,
com o apoio do partido Comunista d~'8rasil,@-@Wse~o@si$dáao
Partido Comunista do Brasil, durante seu curto perlodo de legalidade Cat6Iica. Elas surgiqam e se dWndiram principglmente entre forei-

na década de 40. Este movimento decorreu do fato de, na época, os t .~mhdasnllgast ~ n g e nqhwe~c~omeçavam$6s~retornado$po6 seus pro-

sindicatos rurais serem inconstitucionais. A maioria desses núcleos 8%r4oesaanosuKZos h r e i c ~ s i u i m h a m ~semoulsosrdaterra

desapareceu com a colocação do partido na ilegalidade. A "Liga" de ~ " ~ ' i m o s g r & k . ' i b b 1 âWdrãdor&&8!~csndiQãb~1pampoara
fi~@a!hs4b?@$&fl&#m.pai'o~~ejntw. v
Ipatinga, fundada em 3 de janeiro de 1946 em Pemambuco, foi uma
,ãglig"àç^Surgira&~-c"Ónhxt0malbamplo n60 s6.da expul-
das poucas que resistiu ao desaparecimento geral. e f~reirose da red~Ç$p~Uextinçáo dos rdçados dos moradoresde

Na década de 50, mais precisamente no ano de 1954, foi no En- ~ãdi73Aríiai~s fib'&'ff1%6ktb L U R B crise pdítica regional. Essa crise

genho da Galiléia, localizado no município de Vitória de Santo Antão, se particularizounuma tomada de consciência do subdesenvolvimentodo
Nordeste e particularmente numa ação definida da burguesia regioqal no
a pouco mais de 60 km de Recife, que praticamente nasceu o movi-
o5f& dorgo"6rno4ederaI não mais uma ~l~iciátp~et?6lkdtea
mento conhecido como "Ligas Camponesas". A luta dos galileus foi '- s@%he$medenciais nos períodos d e $e@grave, masoim uDkt.efe1créi
i~~@~lRLdoea.desenvolvimento ecan6micO.iImo @iqiaidizergiuni@ p~líticadfa
estmturada contra a elevação absurda do foro, ou seja, d n t r a a alta
7~lndusWialim$ãdoo Nordeste.: Q f p r o b ~ a & m i ~ 4 d ~ ~ & 9 & ~ ~ n e s e s
dos preços dos arrendamentqs. b r;$% seu 4xa& .para'o sul e r a & x , ~ i @ o . . g 0 ~ o - r e ~ 0 4 q ~ d . B n . d i p
tilizado, que impede a ocupação da terra-~qg$$p&hflhe~s$+,pq+~-
"O Engenhoda Galiléia locaiiqa-seem Pemambuco, no municlpiode Vitó-
, ; g ,~gai0,%,4e desenxo&i~@a& q ~ $ ~ a a ] n d c i C i 6 f $ ~ i ~ ~ G d e v e ~
ria de Santo Antão, distante 60 km de Recife, em regiãode transição en- sustar e inverter o circulo vicioso da pobreza'de uma agricultura mono-
cultora e latifundiária. É assim que surge a Superintendgncia do Desen-
tre a Mata e o Agreste. Desde os fins da década de 40, os proprietários
87
deixam de explorar a cana em suas terrase passam a arrendá-las. Os

500 ha são arrendados por cento e quarenta familiês,.reuninda cerca de

, mil pessoas. Arrendatários da terra e proprietários dos outros: meios de
, produçáo utilizam a farça de trabalho ,familiare combinam a produgão de

subsistCSncia com a mercantil, pmElueimdo legumes, frutas, mandioca e

algodflo.

A área média das propriedades 6 de 3,5ha e foi imposslvel ~econstituir,

através 'de sistema contábil, a situqGo econn8mi~adessas famflias que,

além da reposição dos" meios de produçao, devem retirar do tendimento

global o pagamento da rendada terra, que é feito em dinheiro: Q o foro.

' Nesse engenho, no aho de 1954, o aluguel anual estabelecidcYp6r hectare
era de Cr$6.000,00. Na região, no mesmo ano, o preço'de venda da terra

variava entre Cr$. 10.000,OO e Cr$15.000,00 por hectare. Isso equivalia a

que o pagamentode dois anos de renda correspondesseao valor da terra

arrendada. Nesse ano, o foleiro José Hortêncio, não podendo pagar os

Cr$,7,200,00 de rend-a ,atrasada que devia, foi ameaçado dq expulsão

I>

pelo dono da terra. ProcurouJosé dos Prazeres, antigo membro do Parti-

do Comunista então dedicado a çontactar camponeses em litigio com os

proprietários. Este, percebendo que não se tratava de caso isolado, mas

quq a situação era vivenciada por inúmeros foreiros do engenho, pro-

p6s-lhe a formação de uma sociedade, com o fim de adquirir um engenho,

para que todos se livrassem do pagamento da renda e da ameaça de ex-

pulsão. Era maio de 1954.

volvimento do Nordeste e 6 assim que surgem alianças políticas envol- >.''Apesar da opos;içiio dos senhores de engenho, agora ~eduzidosà con-
9 dQ60, de meros fornecares de w n g das,podefosas usinas de açúcar,
vendo extremos t%oopostos como o Partido Comunistae a União Demw
crática Nacional, o partido por excelência da burguesia. Em Pernambuco, w ligasle#irnpon(ssw@,,-logod. epois&pm forte-qov'knento,de sirqljcaliza-
essa aliança de "centro-esquerda" permite a conquista eleitoral da Pre-

feitura de Recife e, posteriotmente, a cohquista do governo do Estado por
Cid Sampaio, um usineiro." (Martins, 1981).

A ULTAB E AS LUTAS DAS LIGAS CAMPONESAS

A compreensão do processo de expansão nacional do movimento roçados para as pontas de ruas, os povoados próximos às usinas. E m
das Ligas Camponesas tem que ser entendido, tambem, no seio da
discussão capitalista no Brasil, entre as diferentes tendências pollticas ,bom f@Tinalmbhter è c o t i h e e ~ F~~~nsaolldagãodsrs Leie do Trabalho,
da esquerda. Fundamentalmente, com a orientação do Partido Comu-
,4ee 19% oatifaballnrildwm~rqisI&@ g ~ z t b mno~.ms intaira, p direit~de
-nista do Brasil, é criada em 1954 em São Paulo a ULTAB União dos
V ' ~ g i @ d i c d k a ~ $ : Q - ~ rMoE~Les o&, muito,w~>m~lic@cp@orq, ue, a,funida@o
Lavradores e Trabalbdqres Agrícolas do Brasil -, com a finalidade de
e g @ ~diezdwe~ do Mi-
csardenar as associagõeç camponesas então existentes. Esta organi-
zaçao vai funcionar c o k instrumento de articulaçãoe organização do q$ l T r s P ~ l
Partido, na conduçao e unificação do processo de luta camponesa no ,. Fv%iwj'r-e~~ pr6prjq
seio do processo de luta dos trabalhadores em geral no pals. Este pro- C
cesso deveria caminhar no sentido da revol~@odemocrático-burgue , ai* s~jndi@qt$Qe~ie@&,dprpf@nbqivqnto

sa, como etapa necessária para a revolução socialista. h ~ a giy %fQ$ ?-@pdiO@-
Elide Rugai Bastos, assim se refere à ULTAB: r. a tCeyVp; jq i ~i dj &9o$p
urarsm a?aj?&r (ia 9 qqi~-.i$:a7Rpa.ecA_~,9;i~,a
esa'dos-keusjiirQit A%. ~ s ~ i y dUB. ' ri& g
'h@ 0 ~ 4ud#d~b?f r &$'%!$&a
%ide f&8ti@:&ih d p i#&
22 hnaldadekItie$ai!j e a&nid#d$fb, bhtan rdgitrarãb~@6$t
.r $%ono c a r t 6 r i o " ~ ~ ~ ~ ~Is6so~ tíomrnaov.a-desnecessárioo r e e b n h k

mento do ~ i n i s t 6 f i ~ ~ ~ r a b aqul he 0ná, o era provável, e garantia a &a-

:lidade da ação dosd ~ r n p o ~ e 4 e ~ . ~judstiuffcl ia~, também, a supbrioriaade

d&fbreiro em relaçao ao tFaMI9;iadCitUe myina8Comb categoria de mobíli-

i'Mce\o mais 6flcaz. Ér,L$gle.6$.caiiMpõn&sr produzem us .seus pr6prios

"O fim da década de 50 marca a existencia de várias associações de tra- com os 'famtrdei~~qt&niiij libiitrdade d~~looomo@oO. m a m b n% iaconte-
balhaderes por todo o Brasil. Embora o registro legal dos sindicatos de
.:w,wm a.tr.~ttr&ihador~~us&hjreait,o ao salário, sem mabilidade,Uujeb'n~di"J
trabalhadores rurais sb se possa fazer a partir de processo pedindo a' W W.\&. r @ .iE '
aplicação do Decreto no 7.038 de 1944, O que dificulta sua exist&ncia,já i l
em 1956 o jornal Tem Livre, 6 r g o da ULTAB, assinala a existência de ,
49 sindicatos registrados oficialmente. Em 1959, num balanço realizado
pela mesma ULTAB, relaciona-se a existência de 122organizações inde- 4,- 1':

..."pendentes, reunindo 35 mil trabalhadores rurais; e 50 sindicatos, reunindo &da vlpl6o~aoia;,entretanto,sempre'estevepresente rn pro-

30 mil u h das LI- qamponesas. Junto com o crescimehto das

isti-se o-massinatodas lideranças dos trabalhadores:

Entretanto, as cisões e dissidências instauradas no seio do PC, \.dentre 1954e 1962ocorre em Pernambucoapc8iaa uma greve entre os
trabalhadores rurais (cortadoresde canaem umangenho em (Soiana, em
sobretudo após o 19 Congresso de Lavradores e Trabalhadores AgrF
outubm 'de 1955). O tino die f33assinalaa ocorr4ncia de 48 greves, sendo
colas no Brasil, realizado em 1961 em Belo Horizonte, vão marcar o
duas delas gerais (a nluet estadual). Mas
inlcio das divergências entre os movimentos da ULTAB - mais na di-
neses na Usina Estreliana; entre agosto %oassassinados
-reção da sindicalização e as ligas, com suas propostas de luta por
Jeremiq (Paulo Fpb$rp P i n t o ~ ~ ~ q q , t F 0 $ 8$facqiw~,~A, n~tonio C l c s

uma reforma agrária radical. , rol em Bom ~ardim,o delegado sindical da Usina de ~axangá.Na Para6
@,+,gWdo assq$si,nato,d$ $ 0 4 ~8,egro Teixeira, em Sapé, ocorpm cho-
Martins (1981), explica o contexto social em que a dissidência se
>. I . , que? com várias mortes, ainda emfSapé e Mar? (hugal Bastos, 1981.)
dli: ': , I, i 8 1 ,c.,-

Iir1 ' ..h . ; r * 7;'

Dentre a onda de violência, o assassinato de João Pedro Teixei-

-ra, líder e camponês da Liga do Sapé - Associação dos Lavradores e

Trabalhadores Agrícolas de Sapé foi um dos que ganhou projeção
nacional, pois essa liga era uma das maiores do Nordeste, com mais
de sete mil sócios.

A imprensa escrita deu em manchete: "Lider camponês morto
numa emboscada com 3 tiros de fuzil", "cinco mil camponeses foram
ao entem de João Pedro mostrar que a luta continua'; etc. Usineirose
latifundiários mandantes do crime ficaram impunes. Eduardo Coutinho
muito bem retratou este episódio em seu filme "Cabra marcado pd
morrefr"

O movimento militar de 64, que assumiu o controle do pais, ins-
taurou a perseguição, prisão e "desaparecimento" das liderangas do
movimento das Ligas Camponesas, e sua d~sarticulaçãofoi inevitável.
Deu-se aí, o início de um grande número de assassinatos no campo
brasileiro, conforme os dados levantados nos dossi6s: Assassinatos no

-campo: crime e impunidade 1964/1986 - publicado pelo Movimento
-dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e Conflitos de Terra 1986,ela-
-borado pelo MIRA0 Ministerio da Reforma e do DesenvoJvimento

Agrário.

çadou (par4%%fWa)'.'gEste; scWna'dí-ao,Emtutb tis Tfats%lhãdorJRural;

já aprovado anteriormente, poderiarn se constituir em instrumentos le

gais . a r a a promq,ão da r e f o a~fjrária. Ou,como ,prefer.i?m a f i ~ a r

!;os mjl i t w de entaw, '(prgmov~r@ ~ b f o r ? p Q a c b ) [ r ~ ~ i $ 1 t ~ 1 i~-~ ~ @ t i ~ j t

.ih*"idisem. \-'m'

Não f ejamnto

Roberto Campos, incumbiu-se de informar aosjpar&rneahtam que o

Estatuto jamais seria aplicado. Sua. regulamefl2ação (elaboraçao do

Plano Nacional de Reforma Agrária) s6 foi objeto de ação 'govema-

mental mais de vinte anos depois, jh com a "Nova República".

Entretanto, se os militares esperavam frear a luta dos trabalhado-

res pelo acesso à terra, foram eles próprias que, atrav6s de umadrie

de grandes pmjetos governamentais, acabaram estimulando os movi-

mentos migratórios em direção à Ammdnia, na busca da liberdade e

da terra.

Al reside um dos fatores fundamentais para se entender o pro-

cesso generalizado de expansão de conflitos sobretudo na Pim&&:

o g w m 'wtimiulava, mmfa BdPAM, oo.i m ~ m t w . r a ~~ &Q S

grandes;.pmje&s a g ~ ~ p a c l i & 4 ~ s , s , ; n ãr&o ~ize~~,sSib~dad~!dQ~mem

àb-&m@maas grandes levasde migrantes. E a(w$saant&w a,isWa

grilagemld&terras~geh%Peilizadaque passbu~$ ocover enjitoda$ as B!S-

Udób da~P;-tkWriiiai:L&gjaálrea 'deM' i!la$ão da SWDAM (9dpbdntrn
d6riòia dõ h ~ n v 6 1 ~ i nd.aMAtnaz6hla~) ' i; ...I ,. 5 :
? !t

das nações indfgenas. L i ~ i a b d .u@ap%or-
s,dabqhm$r;lia 9 rkad.@-i
hdgrajadaCaminhziC;., da-
taapara a Olefesa d a s efrais

-da de %nIasceramo blMI -.Conselho ~ndigenistãc~ionário~CeP~Ta
Comissão Pastoral da Terq.;,; ' :
A partir dai, alem dos indlgenas, dos posseiros, a violhcia p&-
sou a atingir t a m b os agentes pas?orais,os padres e as liiw,&*:ças

I

i .,+e! r?jhh;t7tb7u%-%;.5a&

lrn IA V I O L É ~ ~ ~ . E1~ R9EE !A &vi'?
'1: ,'I ' ' ' Trn&o-'.f. .&C I

O mapa 1. apresenta-&&&ea~ãe ap&d&dda-dos-FnunielpSbs-

' onde ocorreram mbrtes na' & % i , tio $ríbdci âe 19a'a 19%: & Zona

da 'Mata nordestina senta a maior concentra "o de mortes no
Lcampo neste período
6 sãtadó dè Peiíi"b$"fS $e viun&r,
a na década de 50, as.cigas C C h ~ n & , rrègFstruu, tibste &odo

(64/73), o assassinato de muitas de suas lideranças. Entre estas lide
ranças estava Albertino José de Oliveira, ex-presidente das Ligas

Camponesas em Vitbria de Santo Antão. Segundo o dossiê Assassina-
tos no Campo do qual as próximas citações, até o final deste cap!tulo,
foram retiradas, este llder camhnês pernambum foi: " .

"Encontrado morto nas matas do Engenho São Jose, estando o corpo em

estado de puVefação e estragado pelos urubus.

Segundo o major RBmulo Pereira informou em comunicado h Secretaria
de Segurança Piiblica de Pernambuco, Albertino teria se envenenado

após o golpe militar de 64."

Outra liderança assassinada no Nordeste neste período f6iPèdfo
Fazendeiro, lavrador e Ilder das Ligas Camponesas em Sapé e vem-
bro da Federaçãodas Ligas na Paraíba:

"Lavrador, Ilder das Ligas Camponesas de Sapb. Vice-presidente da Liga

Camponesa de Sapé e membro da FederaçSlo das Ligas CgmponeSas.

Encontrava-se preso no 152 R.I. da Paraba, quando foi solto a 7 de' sd'

tembro de 1964 e nunca mais foi visto. Juntamente com João Alfredq ele

respondia a inqueritono Nordeste sob a responsabilidadedo atud general

Ibiapina Lima. Estavam ele e o companheirp João Alfredo ante.liomnte

noGrupamentodeEngenharia,de onde foram transferidos para o 159 R.1".

O período de 64 a 73, que representa cerca de 9% do total dos

assassinatos no campo na época que estamos enfacando, temj-Pain-
bém no Pará outras áreas de concentração da violêmia onde a: Bra-

gantina e o Araguaia aparecem com mrtos destaque. Nestas Mas,

também as lideranças dos trabalhadores foram caçadas, e o m. .s*q de
Benedito Sem é e~m~plt'lr:
-

A viol6ncia não se limitava apen* às lideranç~a, tingindo indis-

criminadamente os posseiros, pela a ç b dos griteiros aliados com a

pollcia. Pedn, Gomes da Silva foi um deles: . 'L

, L-,, 4

"Lavrador, casado, da localidade de Juniratewa, municgiode Mqp, resiqia

em Junirateua havia mais de 18 anos, sendo quase dono das ter& em

que morava, quando surgiu Miguel, tentando lhe t o k r o que cupvava

havia anos. .Vendo qu3 perderia suas terras, o lavrador requereu uma
área de terra para continuar trabalhg~do.Miguel passou a lhe mover per-
seguições e, com a ajuda dos policiaisde Moju, o colono foi intimado. Por
fim, teve o que queria: as terras de Pedro Gomes. Na manhã de 24 de
julho, Pedro, de posse de documentos que provariam a posse das terras
requeridas, difiglu~seao local onde o agrimensor Hoyos Bentes, a pollcia
e o próprio Miguel demarcavam a área. Falou com o agrimensor e exibiu
os documentos da terra, quando, então, o agrimensor fez um sinal com
as mãos para os que estavam à sua retaguarda. Ouviu-se um disparo e o
lavrador foi atingido h altura das costas no lado esquerdo. Ffarido, procu-
rou amparo junto ao delegado de Moju, quando foi atirado ao solo e morto
por um fuzil empunhadopelo soldado AntBnio Francisco de Oliveira".

Outra região, com certa concentração de violência no pals foi o
Sudoeste do Paraná. Enfrentando conflitos de terra há várias décadas,
essa região continou a ver a luta en-içada entre grileiros e
posseiros.

A VIOLÊNCIA ENTRE 1974 E 1983

O periodo de 1974 a 1983 (mapa 2) apresentao alastramento da
violgncia por quase todo o temtório brasileiro. Ao contrário do período
anterior, a Amazonia com mais de W ! das terras, passa a concentrar
a maior parte dos assassinatos no campo. Neste período, o Pará, Ma-
ranhão e o extremo Norte de Goiás vão representar a região mais san-
grenta do país. Assim, se somarmós a estas áreas o estado de Mato
Grosso, vamos verificar que há uma coincidência ,entre esta área ex-
' plosiva, e a área de maior concentração de projem agropecuários in-
centivadbs pela SUDAM (mapa 3).

Como pode-se observar, a região do Araguaia, "Bico do Papa-

gaio", leste paraense e Vales do .PjndarB e do Meatin no Maran,hã~,
são as áreas de forte concentração de pskeiros. Neste periado, estas

regiões assistiram aos assassinatos,de posseiros, p e s , e, sobr@t,udo,
de padres, advogados e novas lideranças sindicais.

Entreos trabalhadores assassinados no mmpo nesta região, está
RaimundoFereira L@@, Q 'IGringo":

"Lavrador, meqbro da oposição sindical, candid8to:b preslÚdnfejd8''S~~
de Conceição do Araguaia pela chapade oposição, morador da localida-
de de Itaipavas, municlpio de Conceição do Araguaia, seu corpo estava

abandonado na beirade uma pequena esbrada, com duas balas calibre 92

nas costas, braço quebrado e marcas de pancadas na cabe~a,a 29 de

maio.

Mapa 03 PROJETQS AGROPECUARIOS 1- .

1Fonte: Garrido Filho, 1980:53 >.

Des.: Orital87. ),

Gringo retornavade São Paulo, onde havia participadode um encontro de exemplo sigruifiealiVo da viol&cí:ia :&ta região; foram os
lideres sindicais e voltava para Conceição levando no bolso Cz$ 17 mil , MimignBrioj u ~ @t o~sIndios Mraro, 37 ano$tpfoi morto a 16;de julho; o In-
como doação para a oposição sindical. Como a viagem é longa, pernoitou L diábamra Simão~vi~nia aldeia Meruri, mu~iíclpiode Barra,d~,GarçalGe-
em Araguaina. Saiu bem cedo do hotel e $6 foi visto novamentedepois de 'unaralêameiib. ' '
morto. Documentos e dinheiro estavam intactos no bolso. A família de
Gringo ouviu no rAdio a noticia de sua morte. JA então se sabia o que a h duas.versóes pam o ataque à aldeia dos tiororos: segundo O Estado
pollcia não sabe ou não quis saber até hoje: que o principal suspeito era o
pistoleiro José Antonio, capataz da Fazenda Vale Formoso. Várias pes- de S. Paulo, paaciparam, juntamente com João Mineiro, posseiros que
soas ouviram, quando, dias antes, ele prometera acabar com Gringo, em , foram iludidos com a promessa de que seria um acerto amighvel, para
vingança da morte do fazendeiro Fernando Leitão Diniz, assassinado por
posseiros no dia 08 de maio. a indenizapão que queriam receber, pois a Funai estava demarcando as
Conforme a CPT, AraguaiaTTocantins, o pistoleiro José AntGnio, principal
suspeito do assassinato, teria dito a uma pessoa de Xambioá que recebe- 41
ra Cz$ 90 mil para liquidar Gringo. Com efeito, naqueles dias do final de
maio, o pistoleiro estava 'hospedado em Araguaína e também saiu aido
do hotel no mesmo dia do assassinato, voltou rapidamentee sumiu. 1'
Gringo era membro ativo das Comunidades Eclesiais de Base d'á Prela-
zia, desenvolvendo intenso trabalho de conscientização dos posseiros
envolvidos na luta pela terra. No tempo da guerrilha do Araguaia, Gringo

"Religioso, 61 anos, do municipio de Barra do Garça, foi morto a 12 de Na Bahia,o advogado Eugênio Alberto Lyra Silva foi também vi-
novembro em Ribeirão Bonito. I da violência:
Dias antes da passagem do bispo de São Félix do Araguaia, dom Pedro
Mana Casaldáliga, e do padre João Bosco por Ribeirão Bonito, povoado "Advogado do STR de Santa Maria da Viória e Bom Jesus da Lapa, 30
do municlpio de Barra do Garça, a policia estava à procura de um certo anos, casado com Lúcia Lyra, na época grávidade sete meses, foi morto
Jovino Barbosa da Silva,.quematara ,umsoldado (o cabo Felipe, da PM- no centro de Santa Maria da Vitória no dia 22 de setepbro.
MT, conhecido por sua viol&n(ria), Para,chegar até Jovino, a PM prendeu
Causas: por diversas vezes, Eug&nioLira entrou com processos contra
tras mulheres - uma delas, MargaridaB a b s a da Silva, de 56 anos, irmã os Fé Souza, Valdely Lima Rios, Jenner Pereira Rocha, Alberto Nunes e
contra a empresado Grupo Cohabia, Coribe Agropecuária SIA.
de Jovino - e submeteu-as a torturas com agulhas que eram espetadas
Ameaças sofridas por Eug&nioLira:
nos seios, garganta, braços, joelhos $ sob as unhas das mãos e obrigou-
as a ajoelhar em tampas de garrafa durante todo o dia de braços abertos. 1" 19 de março de 1977: o grileiro Agostinho Alexandrino de Souza dis-
A outra senhora, dona Santana Rodrigues, em resguardo de parto, foi se publcamente que tinha 12 balas para o "barbudo", referindese a Eu-
presa nos dias 5 e 1I de outubro e violentada por vários soldados, que
também queimaram a roça do marido e a casa com todo o arroz na "tuia". genio. No dia seguinte, foi B casa do advogado para procurá-lo, mas a
O interrogatórioera feito sob a mira de fuzis e revólveres.
porta não lhe foi aberta. Foi apresentada queixa-crime, sem qualquer
Dom Pedro e o padre João Bosco chegaram à cidade para acompanhar
conseqiiência; *
uma procissão em homenagem A padroeira local, Nossa Senhora Apare-
2i) em abril de 19i7, Alexandrino de Souza, w n v i d p~or "Dino", inva-
cida, logo souberam do que se passava na cadeia, e ouviram os gritos
das mulheres. Por volta das 19h foram à cadeia, interceder pelas mulhe- diu a casa de Eug&niaLyra e o ameaçou de arma em plinho, só não ten-
res, e foram chamados de "comunistas" e "subversivos". Padre Burnier
disse, então, que denunciaria às autoridades de Cuiabá as barbaridades do consumado o crime porqueum amigo o desarmou;

ali cometidas. Foi quando o soldado Ezy Feitosa Ramalho, de 25 anos, 39 agosto de 1977: quando o advogado do STR ganhou uma ação con-
deu-lhe uma coronhada e em seguida descarregou sua arma na cabeça
do sacerdote caldo. Gravemente ferido, o padre João Bosco foi transpor- tra Valdely, este lhe mostrou um revólver quando da vistoria das terras
em litígio. Dias depois, num coquetel, o fazendeiro, embriagado, pronuncia
tado para uma fazenda, onde estava baseado um táxi aéreo, que o levou violento discurso contra Eug&nioLyra, finalizando em voz alta: "o homem
juntamente com dom Pedro, o médico Dr. Luis e a irmã-enfermeiraBeatriz deve morrer";
para Goiânia. Internado no Instituto Neurológico, não resistiu à gravidade
do ferimento, vindo a falecer no dia 12de novembro." 4220de setembro de 1977; o jornal A Tdbunada Bahia,, que pertence ao

O Nordeste aparece também com elevado número de trabàlhado- grupo Coribe Agropecuária SIA, publica nota afirmando que Eugênio e o
res assassinados no campo. A Zona da Mata, o Sul e o além São padm Augusto de Santa Maria eram responsáveis pelaagitação existente
Francisco da Bahia passaram a marcar a presença nas eslatlsticas na àrea.
sanguinárias deste perloslo, Entre os trabalhadores mortos na Zona da
Mata estavaMargarida Maria Alves: L6cia Lyra depôs na CPI da Assembléia Legislativaem 197%.Em seu de-
paimntode 47 laudas, apresentouoito casos de gritagWna área (região
"Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande qee fica af6m 8ão'FranciSco) que era d8endidd.por seu marido. Disse
acreditar que "a sentença de rnortq para Eugênio foi decretada depois de
desde 1973, sendo sempre reeleita, 50 anos, casada, dois fllhos, foi as- ele ter ganho a causa do posseiro Isaías Pereira dos Santos, em agosto
de 1977, que estava sendo esbulhado pelo grileiro Valdely Lima Rios.
sassinadaa tiros na porta de sua casa em 12de agosto.
Eugênio Lyra foi morto com um tiro de revólver calibre 38, natesta, seis
Os pistoleiros dispararam, à queimh-roupa, tifos de escopeta, calibre 12,
dias antes de seu depoimento na CPI da grilagem. Quatro meses antes
estourando-lhe o rosto e o cérebro, devi'do à sua atuação firme em defesa
do assassinato, Eugênio solicitara garantias de vi* ao Spcretáriode Se-
dos direitos dos trabalhadores, tendo conseguido na Justiça a readmis-
gurança Pública da Bahia, em razão da& v@as ameaças que vinha
são de trabalhadores demitidos.
sofrendo".
O crime foi cometido na frente do marido e dos filhos. 0 s criminosos fugi- '7

ram em um Opala vermelho placas EX-0690 - Nova CruzIBio Grandedo
Norte.
mtte,g~s~critos deixado por Eugênio Albem &tá o poema "Ter-
'"E1d982 Rra agredida por José Mil, 'filho do dono &'ij'ngenhu Miranda.
u& bela M a da msciênoia do mpel ,*i.$\. que b temi deve
' P o ú h anf& de ser assassiriada fora amea'dda'por Agnaldo Veloso

Borges, propriettlrloda usina Tanques". $1

Me oculto no teu ventre TERRA O primeiro
grileiro
tem dominios feudais
, O segundo
Me encontro, homem no teu grito :.?-
TERRA
..,. ~.,;ju,7 a,: '
E TERRA :,I:. fi '.h.- 4-
C
O I' tem incentivosfiscais
tem favores oficiais
E trago o meu grito o fato O terceiro
TERRA grileiro

Aqueles que não tQm Ave Maria, rogai por 116s.
TERRA ' Ave Maria, rogai por nós.

TERRA Trabalhador perseguido

Aqueles que pretendem peladoença abatido
ter tem trQsfavores reais:

ter ra .' trabalho escravo ao gribiro,

Ngo morrerão sem míseria pro seu terreiro
TERRA
e terra para nunca mais.

(Eugênio Alberro Lyra Silva)

Martelo. Também as regiões de Cachoeira do Macacu, Rio de Janeiro,
O ferro funde o ferro: Vale do Ribeira, São Paulo, Sul de Mato Grosso do Sul e Sudoeste do
Forja, Paraná, figuram entre as regiões de concentração dos conflitos no

assim como... campo.
A luta pela manutenção da posse, fez entre os posseiros da re-
Trabalho,
e amo, gião inúmeras vítimas. A contratação de jagunços e pistoleiros passou
aro a terra,
Custo a acreditar. a ser comum nestas regiões. Muitos posseiros tombaram. Assim,
Na posse da tua terra grandes fazendeiros grileiros foram construindo através da violência os
Semeando plantando muitos latifúndios dessas regiões.
não podes trabalhar

malditarinjustaes (ta) trutura.

Mas sei A VIOLÊNCIA ENTRE 1984 E 1986
mas sei
e saberei O periodo de 1984 a 1986, registrado no mapa 4, representa, já
durante a chamada "Nova República", a ampliação do número de as-
Do rei são amigos trQs sassinatos no campo. Em dois anos, 85 e 86, foram mortos, nada mais
nada menos, do que 524 trabalhadores. Este acirramento dos confron-
o que tem e não faz tos armados no campo está em conexão direta com o processo desen-
o que faz porque tem

o que tem e quer mais.

Neado pela elaboracão e inlcio da im~lementacãodo Plano Nacional

~ e f o k Aagrária pelo Govemo ~ederal~. utfairazãoimportante foi

wraimento da UDR - União Democrática Rurdlista. liderada.mio la-

bnc%5ri6 Ronaldo Caiado, que passou a fazer a defesa intransigente

Bs l'afiflindiáribs deste pals. Denúncias de participação da UDR nos

ssos de expuls@ e morte de trabalpdores rio &po ' passaram
w1S,@i.ets.ti Sua ação ampliou-se por todo o pals.

EqVe &eI85 várias regiões conçentram canflitck, especiqimente

,região cio Bico do Papagaio, que junto com as regiões Sudeste do

Bragantina,e ~ i n d a ~ & ~ e a-rmi m~aranh-40,f k a m a pripcipal

iirea com registro de assaesinatos no campo.
r Dois ,exemplos de marte, nessa área: Claudiomar e padre Josi-

riio. Não se v&, pois sá os1posseiros serem mortos, mas sobretudo,

taas lideranças e aqueles que os apórarn. Os assassinatos passam a

@rselelivos:

at(

i CLAUDIOMAR RODRIGUES DE SOUZA

"Pequeno comerciante, 34 anos, morador do municlpio de Imperatriz, foi

morto a 5 de fevereiro no centro de Imperatriz. Foram celebradas missas

em ImpeWz e São Luis, em 14de fevereiro de 1986.

Claudiomar era candidato a Deputado Estadual pelo PT. Uma semana

anteõ de ser morto, participarade um debate sobre a reforma agrária no

1 -povoado de Ribeirãozinho, onde o conhecido pistoleiro e candidato do
PDS,Jose Bonfim, é grileiro de extensa área. Nesse debate, Claudionor
aeusw Bbnfimde ser um dos organizadores do sindicato do crime.

Padre JOSIMO MORAESTAVARES
1 pessoa -',, , "R@ligi~sac,oordenador da CPT da Região do Bico do Papagaio e mem-
.C~nselhoda CPTIAraguaia-To~ntinsm, orador do municfpio de
FB0$pess6?~dv T~rantíns,, f$i.apssqginW a l o de maio de 1986 na
a_ %&&3 P' sede a CPT ein Impdtaltiz, Maranhão.
Josimo foi morto com um tiro de pistola,Taunis 7.6$ $s 12hl$ min, quan-

""" & è ~ c a d @d~&p&ii) ~:.*)'Bib' c@.:,'l se%ondhc6V&.a, As~e.>&.'t da Comissão
C .4t&aTda Terra em Iwi '
J

5: ~ ~ d h & oordaenado padre em janeifo de 'iQT9,ri&ci&EIb~deXarnbioá, e

I i 0"' 4l&dae 1983 trabalhava na região do Bicotio Papagaib. Em vigário da Pa-
r6quiade São Sebastião do Tocantins (..)
Ru\isriS.yqTyijpI 146 ?4@deagosto-de 19& - padre Josimo depõe sobre.a ~ i ~ l & n cniaaregião

- Des.: Orita/W. 1 . r .r~urmtee.i lQAAsse.~lálfainual da CPTGoiânia. Dler;iuqciafazendeiros

. ' , I 1. . :: 1 13b.?t+ L -:.'p,, bLe t pj fi!u~líqC- que, :aqpjeytpdop p e l p~oder público, fecham o g r c 9 qntra ele e as co-
i, -- ~ ~ i r i $ t@a ~ ,
. .-( r :: L. h; ,i)l:ryj!i :):.V! f:t-s'i:it:ny 5 O t q F - agfon9do,g15 de abril de-l9& padre Josimo sofre
.- ,* - bala quando se diri-
+ - r ~1 ,A- C&J Ei~,Se$@jáp@rTocqnhis a lmper$tfiz, no Maranhão. Um Pas-
3 LC
i Y LI' ,JC <,L I IG C I L ~1t.d C+'Tii~i.3f>V ~ A I ? I . & ~ <

gp-O 73,' C CLI .~li:B~-iù>-!~ Wok * .c %JD Ut3 ,:'GIWIP ~ O CI ' ' sat b!anco, se eG$arelpu com seu carro e disliarbu cinco tiros, que fica-
r& ria lataria dk porta do Toyota. O Passatera dirigido por Vilson Nunes
f4 .-L) -2&X*iY U bGlrsrl! ;thlYt$;) , j , - 't-*Bf,.le

47

Cardoso, cunhado de Osmar Teodoro da Silva, acompanhado de Geraldo
Rodrigues da Costa, pistoleiro contratado para matá-10.0s policiais iden-
tificaram a ama do atentado como sendo uma pistola 7.65 e os tiros s6
não o atingiram por terem sido disparados muito próximos ao velcuioque
o conduzia. Josimo diz numa declaração sobre o atentado: "Entendo que
este,atentado se põe dentro do contexto social da região, em seu aspiecjo
de luta pela posse da terra. 0 s lavradores do Bico do Papagaio, .vindos
de vários estados do Brasil, há muitos anos estão resistindo em'$%cí-
nhos de terra, estão enfrentando, sob risco de vida, a violdnc~ádas grila-
gens, o roubo de terras. GrileirOs e-fazendeiros da região, consider4tmdoa
possibilidade real de uma distribuição de terra em favor dos posseiros, li-

derada pelo Governo Federal, se armam com fortes calibres e tentam
destruir as pessoas que eles julgam serem'os cabeças de todo o movi-
mento dos trabalhadores rurais. O que sofriA, pois, a demonstração obje-
tiva, inquebrantável, da vontade e da decisão pólltica dos grileiros e de
parte de fazendeiros da região de impedir uma mínima realizaçãodo Pla-
no Nacional de ReformaAgrária, do governo Sarney. Pois qualquer tenta-
tiva de aplicação do PNRA, significaria tambem, para eles, uma perda do
enorme poder político e administrativo que controlam nesteextremo norte
goiano".

30 de abril de 1986 - Cinco bispos de Goiás vão ao presidenteJosé Sar-

ney e ao ministro da Justiça para denunciar "a atuação dos pistoleiros e
da Pollcia MilitaS. Dom Alolsio Hilário de Pinho solicita pessoalmente ao
presidente proteção para a vida do padre Josírno(...)

10 de maio de 1986 -Josimo A assassinadoe, coinciddncia ou não, nes-

se mesmo dia era fundada em Imperatriza UDR (União DemocráticaRu-
ralista), organização de fazendeiros que se opõem à Refoma Agrária".

Três outras regiões do pais também estão entre aquelas que
mais concentraramvítimas da violênaia na luta pela terra: Zona da Ma-
ta pemambucana, sul da Bahia, norte de Minas Gerais e Vale do Gua-
por6 em Mato Grosso.

O ano de 1986 (mapa 5) revela a concentração dps assassinatos

no campo, sobretudo na região da Amazea. Nas regiões do Bico do
Papagaio, Bragantina-Paragominas, sudeste do Pará, Vale do Guapo-
ré, Alta Floresta e Arapuaná no Mato Grosso e RondSniaocorrem 6%
das mortes pela posse da terra de todo pais.

No geral, a luta, que no fundo 6 fratricida, entre os jagunçoslpis-
toleiros e os posseiros nasce na tentativa destes Últimos de garantirem
um pedaço de terra para trabalhar, o que grandes proprietários, em ge-
ral grileiros, não têm permitido. O uso da violência generalizou-se, so-
bretudo nas áreas de fronteiras.

Um duplo assassinato de trabalhadores rurais ganhou a manche
te de jornais e espaço na TV no ano de 1986. Foi o assassinato, por

soldados da Policia Militar do Estado de São Paulo em Leme, São 3s . Em selembro, os 120 PMs que reprimiram o piquete em Leme começam
Paulo, de Sibely e Orlando. Estes trabalhadores participavam do mo- - a depor; a principal testemunha, o motorista, Jose HenriqueCafasso, de-
vimento grevista de bóias-frias.
ibiros havia a ocorrência de conflitos pela tfyra.,Entre
Os membros dos governos estaduais e federais procuraram rapi-
n k a &#a' 'de36/O-'d6'totalda área
damente ir aos jomais e televisão para incriminar, irrespoHsavelm~nte,
deputados do Partido dos Trabalhadores (PT), que davam apoio ao
movimento. Mas logo o pais pôde tomar conhecimento da "farsa da
acusação" e conheceu a verdade sobre o acontecimento:"A PM havia
matado os trabalhadores".

SIBELY APARECIDA MANOELe ORLANDO CORREIA

"Sibely, 17 anos, empregada doméstica, e Orlando, casado, dois filhos,
cortador de cana, eram moradores do municlpio de Leme e foram mortos
a 11de julho no bairro Santa Rita, em Leme.
Cerca de duas semanas antes do crime, dia 27 de junho, cortadores de

cana de Leme e Araras haviam reivindicado melhores salários e ganho
por metro linear e não por peso. Depois de alguns dias de greve, a pollcia
começou a reprimir com violência os piquetes.

No dia 11de julho, 19Qdia de greve, houve um confronto entre grevistas e
policiais militares, quando foram mortos Sibely Aparecida Manoel e Or-
lando Correia, atingidos por balas calibre 38 disparadas pela PM. Cerca
de 23 pessoas ficaram feridas, sendo que nove à bala. O confronto ocor-
reu na praça do Conjunto Bom Sucesso, baicro de Santa Rita, ponto dos

dnibus que transportavam trabalhadores para a Usina Cresciumal:
Na hora do incidente, 6hs da manhã, os grevistas tinham suspendido o

piquete em virtude do grande aparato policial. Parlamentaresdo PT (fede-
rais, Jose Genolno Neto e Djalma Bom e estadual, Anlsio Batista, de São
Paulo) e sindicalistas orientavam os grevistas. Pollcias Militar e Federal
chegaram a afirmar que o tiro fatal teria saldo do carro dos parlamentares,

Todos foram espancados e detidos(...)
Em assembleia realizada no dia 13 de julho, os grevistas decidiram pela
continuação da greve e, para evitar confrontos, os cortadores de cana fi-
cariam ou em casa ou de braços cruzados nos canaviais, O motivo pnn-
cipal da continuação da greve se deveu ao fato de que foi recusada pelos
usineiros a proposta que estabelece que o pagamento da cana cortada
deve ser de acordo com o metro linear e não por tonelada. No dia 17 de
julho, 20 mil bóias-frias da região de Ribeirão Preto entraram em greve,

seguidos pelos trabalhadores de Santa Rosa de Viterbo e Cajuru, que
aderiram ao movimento grevista no dia 10de julho.
No que se refere ao inquérito policial, o diretor geralda PF, RomeuTuma,
afirmou que os tiros que mataram Sibely e Orlando salram do carroonde
estavam os deputados do PT. Mas o depoimento de Maria Aparecida
Cauceli e de outras seis testemunhas, desmentem esta versão: eles
afirmam que os tiros foram disparados pela PM. Nesse contexto, 6 afas-
tado o delegado de Rio Claro, José Tejero, que apurava os incidentesde
Leme(...)

s .de1987 v3m a público os primeirosdados sobre a

6IenisZio dÒs conflitos em plena vig&cia do Plano Nacional de R*

forma Agrária. Em 1985 e 1986 mais de'1.186 municípios bradileíros

registraram conflitos peja tyra. I& q@njf$~gue çEy. de 30% dos

munidpios brasileiros.mnhmrarn wfiitos neste<qr@g+&. ,

O mapa 7 mostra a elistrib~iç&~~erritordiaelsteslmunjalpios p m

conflitos pela terra A realidade 4 dara e evidente: ptaaosuneW.2odas

y unimdatrdeetasnptto,F'@6p.@uv~&t#êhyi&'yo mflitadaq. ng kaBpo tBm

,' ndtipmide riyrtw

se,& ~ iii ~g ~r d&8 ~[ ,Y, <n~R~i &3dr#eoon%&@-
$pi*i,
,#q 3 *E$ tu&j
~'+~$~~~.&~6

temi apapCt3,*A6e;t>,''..'@$

q ~ ' ~3 e .$ i. % u d k # í d í & idb-
mais antiga: lsto revela a :$ " rPe ~ H-,, C ,

#kna origem dos conflitos.
..c . g."e#&

FzE2k3 i ml&e, e p p p r um plano de
L$.&&mg. ;B;IS:iiby

e Q,ppgbigqa.dct MlqAD,s d~tgovenwda.u&a~gpiiblid' B que

61 ww,úlprs,r;zlamtem fica* muito aqMm daq prowlas. , i 3 , ~

oeizo,;zem!falta& qmritadep$lltlmMpara exwtauo Plano. )-

4,. <:c:., , ' , , i . ,Í<,,#

. :%-CamcdonseqQbnciadesse estado cle,tmsã$ m,@@mpQFOI~IPO,as

lu- 'cios+@abalhadoresturais vão se d ma&

b h n t e s : 680 os possbib em luta pe 88&a*

Mapa 07 ITUAÇÃO ATUAL DOS
ENTOS NO CAMPO
.~ u n i c i ~ icoom conffiio (s )
L ."
I'
pela a* rqmssiva, quer plaYr3~lmMs?@wWdaos

mional, um de lu& e h . d e
.b - i:; ...
%\

QI -ar 'tWri€tTri+ aè r$ivi~ntad meis ~PERYI~~d~eS-
porYdrW, doa diferentes movimentos ncr

e deve ser pm.oan;zinho pata rrpnta- urnqadp ge-

AS NAÇÕES~ND~GENAESA LUTA PELA

DEMARCAÇÃODE SEUS TERRITORIOS

A história da luta dos povos indigenas pela sua possibilidade de

sobrevivhcia tem, no mfqimo, a mesma idade da chamada história (o-
ficial) do Brasil.

A form- do Brasil foi feita a t w s da destniição de muitas
nações indlgenas. Os territórios libertos das "filhos do sol"foram trem§-

prE isto que h4 a h.ist.Mq ~ ~ ,y inJ.c&0.e~0 na8+

. 1 S.

i?&íp 'H&tia iriste! .' . e ',;.,i'. '- I ',
É uilPgtlk.k9ri&de ~ffihe&.-~'' ' t . - .
J

É uma História de dominação. , (L L
, ...i: ,i
bi(ts%6ria, - :, r L ? t b 4 C<? 6 ,~tl-uj,:(-,I:

.qwiwdemM~i,!pr,a ~ ~ & 2~ %,,~*s.! ~Iw~ ~.
- .., Tb: '6,-i 1 ar?R ~ + ~ o ( s (s~bo ,,ti;
da qual o governo tem que ter <ergo"ha.
,,. .?TI! ,74rr ..nm
, Ét g a Históna :3;r t J,r,r.nuin;.r, 2;

, L >:I da qual as Missbs tbm qU$-te,r vsrgo&a. &., i 4i,qmn
1- -I
Por,isso
'2 'c'L&

dstbria smp8:b&&d&?< ), O, ,i?.
1 4u&O h h C,O[&&j,t* ; $ j j :mM ? L < ~;" irXbk)2, 209

Lr::b5., 1 :4 ,%-J

-?i, lf..,&:' J! :-

Sumf, Tembé e os XipaiaKutua@. NO Maranhão encontram os
Guajajara, Ukibu-Kaapor,tGuaj& h b & .Gauli& Kvikati; Vmbira; Ca-

nela Apaniekra e Canela Rankdkdf~k~sNo'n6rde8bterasileiro restam

os Tremembé, Tapeba, Tok4 PHi&a,'T?hl~kd,Atikum e Kariri-Xokó

entre outras. No Acre estãa os-Ma&ineri,.claminauá, Kaxinauá, Kulina,
Katuquina, lauanau8,1~ampai&h%&, f&@uihi, Yàminauq Apurinã e
Arara. Em Rondônia e no oeste d&rMa'toGrosso habitam os Cinta-Lar-
ga, Suruí, Zoró, Gavião, Arara, Kaqtiana, Karipuna, Kaxarari, Urueu-

wau-wau, Pakaa-Nova, Mequem, Urubu, e outras tribos arredias (em

Ronddnia), Salumã, Myky, Apiaká, Rikbaktsa, lranxe, Kayabi, Pareci,
Umutina e Narnbiquara oeste de Mato Grosso). No Parque Indlge-
na do Xingu vivem os Airireti, Kalapalo, Kuikum, Mehinaku, Matupi,
Mahukwa, Yawalapiti, Kamayurá, Waurá, Trumai, Txikão, Suyá, Tapa-
yuna, Kayabi, Juruna, Krenakare e Txukarramáe. Em Goiás e leste de

%Mato Grosso e n d n t r a o~s Bakairi, Bo Xavante, Javaé, Karajá,

Guarani, Tapiraphh 4 C h i r o , Xerente,, h6 e Apinayé. Na área
do leste brasileiro temos os Guarani, Krenack, Pataxó, Maxakali, Pata-
x6-H€i-Hã-H6e, Tupiniquim e Xakriabá. Na área do Mato Grosso do Sul
est8o os Guarani, Kadiweu, Terena, Quató e Camba. E por fim no Sul
do Brasil resistem os Xokleng, Terena, Kaingange Buarani.

Hoje a luta desses povos indlgenaspode
em luta pela demarcação das terras; luta cont
das terras demarcadas; luta contra a ~ u n @que
res terras das reservas; e luta contra garimpeip
ração e madeireiras à procura dos recursos flo

9terrq indlgenas.
Metanto, a primeira grande luta dos povos indfgdnas sido
terras. Esta tem sido}uma luia WsY6rí-
serem os primeiros habitantes
res,wd.os, sendo invadidose

de.. ls&?&tdasterras estão ~ m o k g ~ d ap8io@, 8, assinadas pela presi-

a'OsnVOlar 61p a r pma-

91$r >it4.&..bb1 ou povo Indlgena
a pâiticipar na vida do ESTADO,

ldrc' b , grau em;qilci o povo ind@<,cr@.$a*,#*%.sd+*

Total Geral AS na+- e povos 1ndfgpi16-s,SM

Fonte: CIMI !iiociar com os EsTAWS nas SWD. &&.B

Para que esta luta pela demarcação das terras indígenas fosse t, in-r- stibim âluoaiiws.
ocorrendo, tiveram papel importante instituições de apoio à causa In- +a 6. Tratados - e ~outros a c o d l~vrh&h /&i

dia, dentre as quais destacam-se o CIMI - Conselho Indigenista Mis- I aavos-indlmnils serb rwnhcM08 B aíjfioàW V6
sionArio -, o CEDI - Ceptro Ecumênico de Documentação e Informa- &h&a ni& k í e~princípios dos trat&s com e u . t t o d . ~ m m C.I>. .

-ção -, a Comissão Pró-lndio, ABA Associação Brasileira de Antro- que se p s l a M & r u k uma sacMade clmcrS-tia&W '119 HirB!
-pologia -, a OPAN - Operaça Anchieta - e a ANA1 Associação

Nacional de Apoio ao1índio. Estas organizações não têm medido es-
forços no sentido de aglutinar'fiações da sociedade civil no sentido de
pressionar o governo brasileiro para que, no mínimo, cumpra a lei com
relagão à questãu induena,

Na entanto, o fato &ais hportante dos Últimos tbmpos foi a or-

ganização da UNI -'União das Naçoès Indigenas. Alcançada com difi-

culdade, pois os próprios Indios estão divididos, a UNI tem procurado
coordqar e representaros povos indfgenas internae extemamente.

E importante frisar que as povos indlgenas no mundo todo t6m

se reunido para tentar unificar seu movimento. Para Isto foi ?undamèn-
tal a reunião do Conselho Mundialdos Povos Indigenas realizada em



.-.L .L.,. .'B.. .o+...' , -.-, ! - . ,-

D E C L ~ A O ADOÈ'PRIN(;~PIOS

1. 4s naçães e p v q s indfg.r,i$q q p a p e m com toda a humanidadeo di-
reito à Hdp, do g ~ ~ . ~ m; mòdoo qu(d'@,~i[ea~aestar livres de toda opressão, dis-
< -'
criminqqib e qgèss'ão.
2. Nenhum 'ESTADO eX&k & r i i d ' f ç a o ' h m sobre uma nação ou
, sobre,o território destes, a n a ser que se faça de-total acordo coin os desejos
9Iívreinftnteexprimídos referido povo ou nhçÊio.,

3 As naç6hsle povos indlgenas t&in direfo a controlar e gozar perna-

?entemente p s .t@q"ips anceqrais-histdricos.Tudo isto incluindo o direito ao

1f $010 e ao sùb&lb, às:Aguas íntdfidres e litorheas, aos recursos renováveis e
não-renoydv@i~Befi qcdromias baseadas nestes réhbrsos.
' 4: IYehhm ESTADOhegardti uma naçáo, comunidadeou povo inidlgena

i .L bue resida dentro'de suas fronteiras o direito a participar na vida do ESTADO; I
iualqiiei c$e sqa o modo ou o grau em'que b poe6-";z
i' Fscolher.
Total Geral
I 5. As nações e
,Des.: Orital87. :f
,. g-i-nosctiitauri6çcb.oeTmsraeotdasudcoEasStTiveAaCos.utro'sOnsaaIsmnd8rd!'!262 l i
r
.I $ 5

povos indlgenas seraoI rec:onhecidos
adm
as me. sinas le.is e winc l ~ i o sdos
,;", ,;"
1 ' 0rganizaçkoüas ~ a @ ~ i ! ~ n f & a &
Genebra,jul& dé 1g85
.--,-'1 L
.r
,r. ,. I r ',

-' 4 I ' , . 4 , , : <.., I ' .

.- . -,I.g. &:p"8S&flp>lie@aò8'

i i i f nas no &&I, hm~Gjuntii

pqrd com as nações

indligenas. ,I $r a

I
'I

DIREITOS F~NDAMI~TAISDOS.POVOSIND~GENAS

Este programa mínimo apo&a $ara o$.d / & h tUndan@i$is dos p v d s

"j n ? m a s g foi elaborado p l a, u ~1IUnia

R,''a hiantia das ãire$8d&fi~ohafi&~
fi%T'b&i7&a õ acesdd@$ibfd @ & i
tal a reunião do Cokêlho'Mundialaos F~vosIndlgeW f&Ii&%a em - .? ,:.' r''
báslcos para que se possa c6nstniir uma sociedade democrAtica.

Primeiros ocupantss desta terra, os Indios os prlmel

dos seus direitos fundamentais. O resgate da d@MB social no

aqui. IL u

T E R R ~ ~ R I A I Si,RECONHECIMENTO DOS DIREITOS
ws ~ f n porimeiroshabitantes#I prqeil. dos

Os Indios devem ter garanla a terra, que B q&bitat", isto B,# Esta frente dei[~apela terra movida pelos posseiros6 mais uma
fomia de luta oon1m1@expropriação a que os lavradoresdo campo es-
onde vivem segundo sua cubra e onde viverão suas futuras rações. e I- táo'submetidos. A luta pela liberdade e pelo acesso à terra tem feito
trábhlhadores sem.wa migrarem. Procuram buscar no espaço distan-
reito deve ter primazia sobre oupos+porter origem na o q u p 4 ind@#& que 6 te um lugar para o tebalho livre, liberto. Trabalho liberto, para eles, só
tem sido posslvel em'te* liberta:
anterior chegada dos europeus. Y

2. DEMARCAÇAOE GARANTI^ ~KSTERRASIND~GPNAS. i '
Conforme a Lei no 6.001 ff3, terminou em 21 de dehrnbro B'T&8o pra-

zo para a demarcaçáo de $das as terras ir@I@nas. ~oj&'&#k !l/2!$hs ter- A migração histórim$m bbsca da'terra livre tem feito dos traba-
1 a ,..L I Ihadoreslposseiros verdadeiiw retirantes. Retirantes 8m busca da
ras esta demarcado, ., . , liberdade.
Contudo, s6 a demar&ç+ol nk
O númerode posseiros tem aumentado muito, As vezes a con-
demarcadas, sejam $etivameigte,

tragosto de determinados esquemas de análises de teóricos que prefe

riam vê-los proletarizados. Estes retirantes muitas vezes negam o ru-

mo à proletariza~áoa buscam na aventura em direção à fronteira, for-

puderem decidir livremente ça para recuperar a condição de trabalhador-camponês.

pregar estas riquezas. O p Os posseiros no gehl chegaram em 1940 a pouco mais de 200

dos,lrtSfiq;e da, invwãi?deLsu? terras. Agora, deve-se respeitar os povos que mil. Passaram em 1960 para 356 mil, chegando em 1980 q%98 mil. 5;)
resistipm, assegyrqnq-lhes csondi@ie~,para uma vida digna e para a livre
construção do seu futuro. Censo Agropecuãrio de 1985 registrou um novo aumento: 1,O5i;liilhóès

4. REASSENTAMENTO, EM CONDIÇÓES DIGNAS E JUSTAS, DOS POS- de posseiros no território brasileiro. Sua d

SEIROS pobres que se encontramem terras indfgenas. sido homogênea, mas tcjdas a<u.fi'd&.$

Os Indios na0 desejam resohcer seus problemas CLs cu,s'Fsdos @g&K~t - áreas a presençade posseirob.

dores rurais pobres,, que foram pmpyrrados para as terras indígenas. Por isso, O estado do Maranháo, com mais de 200.$1 po&fir&;%fi$è$i
reivindicam .que os posbeíros pobres tenham garantido o reassentarnento em
perto de 2Ph do total do país. Bahia com mais de 100 mil pb6seir6s,
Parã '(87 mil) e Pemambuco (86 mil) vêm logo a seguir. O mapa 10

condições que não os desamparemou os obriguem a invadir novarn?nte territó- prmq,,r,arrtustpr adistrib~$~$te?rtjtarial dos posseiros no Brasil.
rios indlgenas. r
No .ca(l~nto, a ,~$&#.nqrde~tina gncentra mais de 6Ph dos

RECONHECIMENTO E RESPEITQ C&,GANP~@~S,,SO [AIS E $bsseIros da.&. A 'pmuix.v&q E$ ~çiiõesnorte '(17%). Sul (10%).Su-
mh,CyLTURAJS (06vgs iindCnas yrn-seus p@8fPs de deste (PIO) ,Cpt$@ptp,corn 4y0. + , , ,,
$i$Gan&ja-
.ti..?i Qmo podam verifjwr, a elevadeiq c e @ p $ i ~de, posseiros no
rantias da plena cidadania. Nordestatqmt p u i s f m ~ oesta regi& ò u m ~área n& só de.íuta,-mas

O Brasil 6 um país p l u r i ~ & ~is~to, 6, um p&'&e'tem a erRe deld&@ tqm(n de40co de rnigr;açãodq.trabalhaqlor',j8expmpria@osai nao.
A Amqzdnia tqm sido\ut.rigdas rotasde& &novimentos.demqr4ficos.
elít(e butros, 170 povos indlgenas diferentes. Esta hqueza cultuhl p r e d q
i€ m i m que a participação pepntuql dos estabelecimentosde
garantida em beneficio das gerações futuras de fndios e não-fndios. P%&Wso

devemos reconhecer as o~ganiqçbes-sociaise mbraislindfgenas, assegu-

rando-lhes a pgitimiçiiêd

tindo-lhes a plena pa+i posseiros no conjunto dos ptqtglecirnenfos vistentes nos estados e

.+ L . r > teritórios da regi&-.Norte mais Mato Bmqso, Maranhão e Piauf,. tem
'fi~ m p op d e m verifi*r,'a ~ & . d eq~p, .O* ~ Q'M~ò ~ ~ ~reprefsenta~domais de 30% do total.
I 'a~i:&j,-n

ileira em geral. 3% *.
pode&r 9pe~~assluta desses.povosI m&;8i i@@a poi(&a*.-bJ#i- i Q.mapa 10 procura revelar t m W m W a wa~terlsticada d.is,tri-
buição territorial dos posseim.
.,- $b . ,.., . L
>, 1 '

Sabedo.res de que há nas terras, índioelou poswirg, os proprietá-
rios dos títulos passam a contratarj a g u n ~ s / p ~pw~ak,,faiz~erem a
"limpezandas terras. A viol6ncia é um instrumento do processo de gri-

I lagem e dele não pode ser d i s s o c i a d o , & l ~ ~ r n s t ã k l ~ ~ m d a d!o. i i

os jagunços contratados para o "serviço" e do wtro os posseiros. OS

-dados que mloc$mos no capltulctsbbHa3lbbti&:(WIa 2) revelam

que a grande maioria dos conflitos no campo, 636 768 em 1985 ou

seja, mais de 80% envolve~am:poweims. DesfeS1mt?flit~-sultaram

iP5 mortos, 117 f e r i i s e 482-presos: -,t J ,.

Aqui reside uma parte,da4ghrIde farsa desbmpenhada pelos 6r-

! gãoç de repressão do Estado. Quem é preso?'Claro! Os posseiros.

Sãõ eles que, segundo a "Iein,'estão ocupando terras que não Ihes per-

fencem, estão resistitido "às ordens" de d4socupaçã0, etc.
, Os @seir&, obviamente, não tinham e muitas vezes não têm

como recorrer à justiça, e provar que lá esta há mais tempo. Quando
tenlam são assassinados.

l~onreI:.B.G.E. 1. :I I 7 - I. J- . - -No &io dessa realidade injusta, cruel e sanguinária é que foi

Org.: AFioyaldo UJde Oliveira gestada a CPT Comiss%oPas$oral da Terra -, ligada à CNBB

Confer6ncla Nacional dos Bispos do Brasil. A ideia nasceu na Assem-

i bléia Geral da CNBB em novembrode 1974 e se tomou realidade com
o Encontro Pastoral da Amaz6nia Legal em junho de 1975. Entre os
autores da idéia encontrava-se Dom Pedro Casaldáliga, bispo da Pre-

lazia de São Felix do Araguaia, que vinha forjando no seu trabalho
pastoral a "Igreja da Caminhadando Araguaia Para isto, estava em lu-

ta ao lado dos posseiros contra o latifúndio e os governos militares que
protegiamesses latifundidrios.

A CIPT passou a desempenhar o papel de uma entidade que co-
locava todo o seu.corpo de colaboradores na defesa dos direitos legí-

timos do3posseiros erh luta. Mim,~depsisdo CIMI nasceu a CPT.
Com a CPT, o Wnfronto entre a Igreja, sobretudo aquela da

"Caminhada", e bs Qrandes IalVundiárlcs 6 grileiro6 passou a crescer.

O assassinato frio e mlwlado de padres e agentes pasloraispassou a

ser uma'constante. 0s padrestJoãa Bumier, Rodolf6, Ramin e Josimo
passaram a fazer parte das estatísticas dos assassinatos no campo. A

impunidade dos autoras e mandantes tem çido uma constante nestes
casos.

prancheta". O trabalho pastoral dessa Igreja passou a abrir horizontes, unir
G . * ' t 9 , p m W 3 a m ~ % i W &j~Hd&:~-ljpl-baMfpm ggig
desunidos e a construir objetip comuns. Da resistência dos posseiros
tra~8fwrnadosem "invasores" da prop&We.pnUra$a tiàrladp: .,@W em.luta foi surgindo a rwesidade da defesa.coletivada tem. Nesse

-proceçso,coletivode defesa da terra foram sendo csnstnctfdasas "roças

comunitárias", como as'de Santa Terezinha em Mato Grosço uma

espécie de resposta superior, do ponto de vis& m a

aparentemente individu~(lfamjtiar) dos posseiros. .I.''nQ

L

-5 r

1 .t - I ' $ 1.' !- ' , : ,&*

A'LUTAdMX PEdES.GW'& kPeoN&iEM
. I ,;r-' /.,,;r- ,: ! , v .-ltv 4 ui

a Na &tara da pR k@j@-es&uaã fi&@Asidade,&
projetos agropecuários

.drn~ãp.oe-do9eh-oa,mbgrea%mp;a.@o,Iu1d~Qm1,.Y7trpáai(k,~Eqyt4iicegewsmqi~divzcaag~ii~pgt@sgeeqso-jgr@g- -wmpiaysi.sdaorasm,ir:n%dlv-&eçisa.,r - M o

registro de pemi&pnjt-qu l'tra6alho wqavo:rlaantada pelo MlR@& T

gnqa dos pr~&to~.agropm&rid~osPar&aparece m c&tague; o

~pms~:ccvv#d~t~wRm~ W n j .ae Mato.,Grosso. NQ ent99@,

p V t nCio se limita & Ammdnia, pois ele pw%flQ.r@@~ M

1 ,-I Fonte: Relalório "Trabalho Escravo", MIRAD. I
Des.: Oritai87.
I 1I
ORIGEM DOS TRABALHADORES
whd w oa sAmaz@ia, PL4~:~ao: s.tmt,e .no Genpjyl I Mapa 12 ALICIADOS
-edo Brasil.
n:, u>
LI ' 5,.

bres (wm falta de gfem e

.C;:
,

- ') Ci-4 4*?
i-':
,'I,.J

..',v.

.:,i.! 1 ; ) ' &Ti J*, . r,8 .A

tada,\seguW-swMintis ,L c&-: .&&a@? Reidtbrio "Trabalho EseraYt, &IRAD.

(~%OISO doSkil. ' J . ' tias,: Orita187. ,

Qs "gatos" e os fazendeiros para manterem os trabalhadores Lutas estão sendo travadas também no Nordeste, no vale do São
Francisco, sobretudo na Bahia. Neste vale, as barragens como Sobra-
peões sob controle, sobretiudo para não deixá-los fugir, mantêm verda- dinho e Itaparica, e os planos de irrigação incentivados pela CODE-
deiras quadrilhas de jqguriçus/pistoleiros nas fazendas. Estes, através
da repressão, prcrouram intimidar os trabalhadores. Os, mais w w s , VASF - Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco -

que tentam discutir ou fugir, não raramente são assassinados. i pretendem expropriar camponeses e não vão assentd-10s nas terras ir-
rigadas. O que está em jogo é o acesso a terra que receberá os bene-
O trabalho do MIRAD traz, entre outros, os nomes das emprTas ffcios da irrigação.
que contratam o fomecimento de mão-de-obra com empreiteiro ou "@a-
to" e que por sua vez exploram a peonagemou "trabalho escravo" d b As lutas proliferam e os movimentos, em diferentes lugares, vão
tamente nas propriedades. Entre eles estãa a Volkswagen, o grupo.$to- surgindo, unificando lutas aparentemente específicas: luta por terra;
torantim, o Bradesco, a Attdntica-BoaVista, a Construtora Cynabgo luta por preços mais justos; e luta contra a política agrícola
Correa, o Grupo Supergasbrás, o Banco Mercantil, e empresários b- discriminatbria.
nhecidos como Geremias Lunardelli, Maria Pia Matarazzo e ~ l ~ ~ $ o n
O MOVIMENTO DOS CAMPONESES CONTRA
Paulinelli. A SUBORDINAÇÃODA INDÚSTRIA

A luta dos peões contra a "escravidão" também se ins~r&no
canjunto das lutas dos trabalhadores no campo.

A LUTA DOS CAMPONESES CONTRA AS R E S 9 9 ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ oO~proscesso de desenvolvimento recente no campo brasileiro tem
NAS GRANDES QBR.AS-DO. ESTADO criado condições para que uma fração do campesinato amplie a produ-

,7 ,A ,,-d, ,,'I-1. ' L tividade do trabalho familiar. Este processo tem sido possível em fun-

ção, de um lado, do acesso ao avanço tecnológico colocado à disposi-

ção da agricultura capitalista, e de outro, do estabelecimento de novas

relações com a indústria.

Este processo tem sido objeto de muitos estudos. As indústrias

consumidoras de produtos de origem agrícola ou pecuária chamam es-

cultura capitalista altamente rentAvel. As vezes, chega a revelar m e tas relações de produção integrada. Isto significa que, por exemplo, no

mo, a luta de milhares de camponeses para impedir que as obras caso da avicultura, a indústria de ração que também industrializa e

acontemm. , comercializa o frango, entrega ao granjeiro os pintinhos e a ração que

Entre este conjunto de lutas est8 aquela destincadeada pelo mo- comerão até o abate. Depois de atingirem um peso médio de 1,5 kg,
vimento contra o projeto da Elstrosul, de wnstruHo de 25 ba~ageps, os frangos são entregues para o abate. A indústria destina uma per-

visando o aproveitamento hidr\ijlétríco do rio Uruguai, O projjeto, centagem do preçofinal, que pode variar em torno de 15O/o, ao granjeiro.
A chamada integração aparece também na suinocultura no sul do
executado, levaria 6) desgppriação dg te- rnah dde 4-0 mil famllras
Brasil, onde as indijstrias da carne e dos embutidos (lingüíças, sala-
de colonos no Rio Grande dp Sul e Santa~$2&xina. mes, etc.) estabelecem contratos com granjeiros para a criação e en-

De forma organizada, com comissclb regional e núcleos munici- gorda de suínos e para a produção de milho (ingrediente básico na
preparação da ração).
pais e locais articulados através de encontros, e com um jomal editado
Outros setores também conhecem este típo de relação: com pe-
"A Enchente do Rio Uruguai", este movimento já fez um enorme a$a'i- quenas diferenças, é o caso dos produtores de fumo do sul e os oligo-

xo assinado contra o projeto, e.tem impedido sua 'iTlantação. I pól-iosOdaqsueindeússtatrmjaossfuamssaigsetiniradso. de fato é, pois, o processo de indus-
Outrp frente de lu& a-ntra o b r h do '€?a& kbrreu em Itaipu. trialização.da agricultura que sem necessariamente wpropriar a ferra
rAtravés do "Movimento Justicja p hrra" a I do camponêis, sujeita a renda da terra $aosinteressesdo capital. A ren-

dos foi centrada na justa indeniza' @c

cançar algumas conquistas, os tra alhadajres ldeí~yllfizerqrq$
acampamentos. &mo produto da luta' nawurlwmij-ã~dBd~nizq~~

justa pelas terras. I - -.. Y

da da terra produzida pelo trabalho familiar, camponês, não fica com Estas, en,W out
quem produziu, mas se realiza parte na indústria e parte no sistema fi-
no campo .mQa o P
nanceiro. I. I
Os mecanismos da elevação da produtividade do trabalho fami- .esta parcelabd@amponesew&,ti , ,
I
liar através da elevação do nível tecnológico deste setor, têm colocado * V -9. 9 i-(a 'i - .

4 -- + ~ s r u

para esta fração do campesinato, dependendo do produto produzido, TO DOS "BRASIGUAIOS"
os limites da expansão da produção na pequena propriedade. Isto tem

levado uma parte destes produtores a vender suas terras, não exclusi-

vamente porque, endividados, não têm como saldar os bancos, mas
para procurarem na migração para o Centro-Oeste e Ronddnia, a am-

pliação da área da pequena unidade de produção familiar.

Dessa forma, não estão diante da expropriação inevitável pelo Harte do Paraná; pelas obras de Itaipu e pela pr
avanço das relações capitalistas de produção no campo, mas sim no
seio de um processo contraditório. Assim, ao mesmo tempo que o su- . . ,.

bordina mais, promove o seu deslocamento territorial, abrindo espaço *e.fronteira.
no Sul para a continuidade e possibilidade da koncentração de terras
@arauma fração de camponeses que têm acumulado riqueza neste No bojo destas alteraç6es &mo produto contradit6rio deste

cesso, e, conseqüentemente vêm abrindo no espaço distante, a processo, trabalhado~gsWeis t o & m - s e suas vitimas. Trabalhadores .
sibilidade da acumulação. assalariados fioaramdesempragados. Meeii'os e rendeiros perderam a
1
poneses acabaram ex-
I
0 s camponeses do sul do Brasil, produtores de soja, sobretudo,
I
vivido esta realidade. Uma evidência deste processo está na dimi- campo, empresários
ão do número de estabelecimentos agropecliáriosna região sul do 1

si1 (1264 mil em 1970 contra 1145 mil em 1980). Assim, não pode- timentos em território wragya

os analisar a t'eilidade de- agricultdres apenas com os dois hori- busca das florestas paraguaias

zontes extremos dessa realidade - acumulação ou expropriação. tava praticamente se esgotand

Para estes camponeses, o processo de sujeição não está,nas as imobiliárias, aliadas ou não a agentes da ditadura paraguam pir&
condições de produção em si, mas na circulação dos produtos. E no
mercado que eles têm tido a possibilidade de se enxergarem como pagandmrg ,wi@t&ncidae "terras roxas" a preços baixos no Paraguai,
sujeitos coletivos e não apenas como produtores individuais a competi-
rem entre si. Desse processo têm brotado espaços de luta contra a logo e s a-ttront$ilMmr&aBmil. Esse processo muitas vezes tinha a
sujeição a que estão submetidos.
presema do i@-&, h&&bfde Bierrestar Ruml -, uma espécie de
INCRA peirriguiin. Pw fimqo-pr6ptiioihteresse.dosfazendeiros brasilei-
ras,que expmdiarn suas,Wndede 'mf4 para o Paraguai, em busca
É assim que os agricultores produtores de spja têm lutado contra
o "confisco cambial" e contra os preços da soja. Para isto têm blo- de -tenaasbaratas (vinte, vez*. .mcmo.%que no Paraná) e exportações de

queado as estradas com máquinas e tratores, no sul do Brasil, e no "q,? q f i s o o cambial (na-década de '70 epte confisco estava na
caSa e 23c.&Ja~8spor saoa). Somava-se também,a estes interesses o
Centro-Oeste.
,!e&g&,~j~';@~ 9 ~ 8 iwpla@ar,u s i ~ gde~aç,úwr e 6 1 m 1
É assim que os agricultores produtores de arroz do sul do Brasil
têm bloqueado estradas impedindo a saída de caminhões carregados @nsleu ,[email protected]~adaa, través

demovas raças e inlremadas,mIqe~tesde.agirn nQvaa
de arroz daqueles estados. . s i m ~roNta~&. intecetsses e~aorl6micosbrasilejros em terras para-
f

É assim que os agricultores têm invadido cidades w m suas má- wrq g ~ m ~xemplqg. ,~+&@n~,4~@60ad$ea7.02 +$, %.- .m
quinas para bloquearem bancos (do Brasil por exempla) para reivindi-
carem melhores condições financeiras para seus empréstimos. m-,~Wqjãdoe.,&mpf8t~,Bai biras.+&R . - a ~ ~ j n ~ l u í ga@-

@kQ@~, l -Spai$. .e-Be!gigm@+&'~e~pr~a,,~@asdquirir -1P mil

hectares de terras do Paraguai, implantou umaJUsina de aç&vincen- para poder se deslocar no @S. mbi:da.qlivrefa"é diferenciado por
tivada por um decreto especifico do presidente StroeSsner: =4'* ' tipo: a p6, de bicicleta, deMrro ouae carro.?? .
-- Banco Real de1 Paraguay e Banco do Brasil q
xik-itre Como estes "Brasjgtiai& não têm wndigóes financeiras para

os principais bancos do país. -,: r ' ' pagarem sucessivamente esmstaxas, estão @xr+im.arnea~doç pela
--W~emiasLutWdelli - quebdestie 1952 estava W%ragua?,W&i =
estrutura polioial wmip 4 mmum te-

região fronteiriça de Pedro Juan Caballero e Ponta Porá, onde-r au- rem que entregar soas;t X~UUC :u

torização expressa de Stroessnet: ad4uirlu ,450 mil hectares de teerras Também tem si&~coinurtí naquele país o apareclmerrtcrde~~ha-

que foram sendo loteados e revendidos a brasileiros. I proprietários das:&~@paraguaios ~ ~ . b r i i & ~oi r ~ ~,) @ a m

Desse modo, as transformações ocorridas na agricultura do .'Sul ' colan'os brasileiros, ~gue:&w.t&maiailsls: a, sen e

do pais, mais os interesses capitalistas em terras paraguaias, pai&%- abandonar tudo e voMr ao Brasil.

ram, de certa maneira, a cornarvdu'o processo migratório brasileird Da- Esse processo de migragão (para8o[Paraguai, ernbobmtenha ori-

ra aquele país. Hoje são mais de 400 mil brasileiros na região da fron- gem mais antiga, foi Mais acelerado na década de.70, comh~rnaiar;inci;

teira entre Brasil e Paraguai. O mapa 13 procura mostrar essa área dência entre 75 e 79. Já na decada,de 80, apesar de oantinuanhaven-

Mapa 13 do entrada de brasileiros naquele pais, o período de 81. a 84 sobretudo,

BRASIGUAIOS vai ser marcado pelo processade expulsão de colonos já instalados.

Cabe ressdtar, que sb a uma parte dos colonos brasileiros que
i passaram a retomar foi negado o direito ao aoesso à tema, i@totam-

;. b6m tem sido negado aos próprios trabalhadores par$guaios. Estes,

I*, .como se sabe, não Mrn tido tambem o direito à terra paraguaia.

r A este processo de expulsão, somou-se a propaganda do gover-
no brasileiro sobre a reforma agrária.

Dessa forma, o processo de retorno dos "6rasiguaiosn passou a

colocar para eles e para o Brasil questões geopolWiicas,impoi;lante%.No

início dos anos 80 o governsb

gente destes colonos para Güa

Grosso. Mas para a grande maiorta do~~fiBràsigu&$~~

ruastou a alternativa de buscar nos acampamentos uriala'foWWm

pelaWWt4 no.Brasil. I.; :4 S C S ~ J ~

6B:~pfiMielbsacampamentos surgiram em julho de 1985;j Wmia

940 &MiL&acampadas1em Mundo Novo, 147 em Sete Quedas e 78

LEGENDA Fonte: C.E.M. em N a V t m í 1 ( ~)?t~3*):a- Dqmis de mais de seis meses acampados, co-
Ofg.:Aliovalda Wegararn a ser a~wmkadm.Aqueles que estavam em Mundo Novo fo-
.A A c a m m a n M ~ de Bras&ioi U. de Oliveira.
ram assentados no municipio de Ivinhema. Em Sete Quedas, foram
@AWJ Owa6a L Bradgualas Des.: Oritd87.
ei$sentad0s em 1986,150 farnflias.

'Em terras patag@aias estes "Brasiguaios"fi6am a merc6 da estrd- Esse ,processo de luta atravbs dos acampamentos, abfiu a pers-
Wra de poder mdriht 'ElEluele país.' Os1 tman:dos e d&n?andos dos
chefes militares criam uma situação de*cohtròlb e repressso.~ O l m i i pectiva de retomo para outros colonos no Paraguai. Como consequên-
grante brasilelro'nachegada é of%qad@ô$@Bi%r.-.&lL'p'ekrn~quWe ,tem
que renovar a cada tr6d~fies%&(Wnpre'pagariidoas taxds'dc$lc%wUp- * 'm, novosammp'mb%itbs~rrrm3organ5zaedm6;s*M~umdecNovo: Am-
ção que as acompanhgm). AIénW%t%3,119também ' obrigadGahpaaar
pliam-se os contatos pollticos, pois jA estavam acampados na frontei-
a "livreta" imposto que dá'o direito de transitar; owseja:.tern~qiiie$~
ra, no início de 1986, mais dé,4:6.;600 farinilias.

Com a promessa de asbentamento para os "brasiguaios", feita

pelo MIRAD, acelera%@ s&aGdebrasileiros daParaguai e simulta-
neamem t8m início a p r &n&a~r;~19t~e~~tr(ab'aIha&re~:, ( . ?

De um lado, o prefeito municipal de Mundo Novo passa a proibir Ariamento. Com-iqo, o numero de trabalhador6es. p@ilariados,bóias-
os acampamentos no município. Para isto a Policia Militar de Mato
Grosso do Sul passa a reprimir e desmontar tentativas de acampa- frias sobretudo, tek;qescido em praticamente @$@$ país.
mentos em Mundo Novo. A alternativa para os "Brasiguaios" é a trans-
fergncia dos ammpamentos para o município vizinho de Eldorado. Isto reflete o avanço d s forças produtivas.m!&mpo.
Nas &eas da cultura'& cana, laranja, caf6,m& tem crescido o
Do outro lado, estava a polícia paraguaha pressionar e ameaçar número de tmbalhadores exptrhbs do campo e que residindonas cida-
os colonos que pretendiam retomar. Aliados com a polícia brasileira os des voltaa4Ph dia para trabdbr no campo. Esta r'e'cLlidade.dos
policiais pa~aguaiospassaram a controlar drasticamente a fronteira, bóias-frias tam cpetastoapstaora os movíhen& e lutas um novo q u d w ia
cobrando taxas <absurdasdos que pretendiam sair e até proibindo su-
mariamente a saída. bóias-frias.

A violência da polícia paraguaia aumentou, e hoje, na região da Na zona da mata nordestina o trabalho intenso de partidos polfti-
fronteira, pode-se ver cartazes com as fotografias dos lideres do mo-
vimento de retomo afixados em lugares públicos como pessoas procu- ! cos através do movimento sindioai tem alcançado níveis de paralisa-
@o grevista nunca vistos no pafs, numa média de mais de 250 mil tra-
radas pela policia. balhadoresem campanhaslsaWais. .-
Nem com toda esta repressão o fluxo de retomo de "Brasiguaios"
i No interior de São Rqula;l\a:violêBciat m wlodido em movimen-
tem cessado. A necessidade e a decisão do retomo tem sido superior ttwgilevistas. A geve ~de~Guarihern~19t8w4e,lou ao paísuma reali-

à pressão da polícia paraguaia. S6s ou em pequenos grupos, os brasi- dade atravessada pela violência (o mapa 14,mastmas cidades em que
leiros do Pariguai têm furado o cerco imposto pelas polícias e pela in-
transigência latifundiária dos prefeitos da fronteira. Cada caminhão ocorrem ~ g @ ewm .49&4);V i o b o h ,ciw,r&neicos e industriais do
que chega aos acampamentos é saudado festivamente. O processo de suco de laranja,que,ex 1 s ~ .ltEabalhadores pagam-
saídalretomo é inevitável para a maioria dos "Brasiguaios".
Ihes "salários & ,tornen.- que amiste'~impassíveàI
A política do governo brasileiro no Mato Grosso do Sul passou a
exploração e a agrava W a M @tlm~balkdore&wmi impostos eleva-
ser priorizar para efeito de assentamento, os acampamentos de colo-
nos originários do Paraguai. Para ser reconhecido como egresso da- dos, contas de água e,luz,altas. A viol&&a~.dasrntanifestaçthsaie:84
quele país, é necessária a apresentação do ~ermiso",documento
que comprova a saída. Ocorreu então que a partir daí, trabalhadores bS uma reação a es~eexplo-&~didiana .i,
. A tudo isto mase mrnW..@viuldncia ipoliciai contra os
sem terra do Mato Grosso do Sul passaram a cruzar a fronteira em di-
reção ao Paraguai para lá se fixarem provisoriamente, obterem o grevistas.
"permiso", e depois retomarem ao Brasil para serem assentados
I. ,,4m geral, em São Pa
Em 1987 já haviam sido assentados todos os acampamentos
existentes no estado de Mato Grosso do Sul, mas ao que se sabe a si- meotasigirevkbs.de bóias-friasd
tuação nos assentamentos tem sido precária e novas lutas estão
nascendo.

A luta específica desta região da fronteira Brasil-Paraguai está
muito longe de terminar.

clsinas,$ifwrqwradoim, plantar:

de itrajx4bo~M7,ximeira greve de

O MOVIMENTO DOS BOIASFFWAS:GREVES E LUTAS por&h,,ded-@liltra o
., .qL
1 gmvmdsa~IW7,*-afp~mi.psta

O processo de desenvolvimento do w@ta%ism-ono, BCasil :&rn d&w&%Brnk~mri8adan1
p.roqeWf&adiqonal.& mgtrole pelas~trababm&d&@a meW&
ampliado as relações de produção e de trabalho assentadasno assala-

-GREVES DE MAIO NOS CANAVIAIS E .'
h~ . . r í d . kk . \ ' k ~' 1
LARANJAIS ESTADO DE SÃO PAULO
um sonho que se transfor-
1984 Mapa 14
M> futuró, uma vez
oapitalismo, 6 a am

I ra ocorre @Meiacapital.unifica indastrkj&a@idmin5du,~teializando
o.13mp9e tmlcwando nq..ddade os trabalbdo

de e campo estáo se ~;i?ifio@ndo~nyrnaunidade

*~,&c~~;;:~i dodes A história do mvimento~$lndioadl e WalHadores rurais no Bra-

*Cidades com grews diiao'que sa sabe, nBb'6 Mo artntlga, e e&% ligadafoitemente &,atua-

-0 100h I @o política da esquerda brasileira no campo, sdbfet+lp a I?&-.hSParti-

Fonte: Boletim Paulistade Geografia no 69 I do (=Ir~tgnist;t. ,, ,I
Org.: Ariovaldo Ut de Oliveira
Des.: Orital87. Ositq$stros hist&i&sobre este movimento FfBo m t a dequo~p

gem lineartpeso. Ou seja, o processo de luta vai nascendo no seio do primeiro sindlcat6irda c a f e g o & ~ o i , Q n d a d ~
processo de exploração, e os movimentas grevistas oconem na cidade, . -1 (2m d m t a &t CONTAG; em% i)#zetnbra de 1863,foi h-
muitas vezes longe dos locais de produção e trabalho. E o movimento m, e reconhecido em 1946.'Dgp(li8 %e&& E k J
grevista de trabalhadores niraislurbanosnas cidades.
, nhecido em 1957; Barreitos, m Fernambuco fundado em 1958e r e
Esta frente avançada de luta dos trabalhadores no campo b m
posto em questão a orientação sindical entre as centrais e os inilimeros conhecido em 1956; e Br&ga&&a>-;~ilista,em S6o Paulo, funda& em
j 1957 e reconhecido em ,963. ò.
"pelegos" que ocuparam durante muito tempo os sindicatos d$ traba- 7. .
lhadores no campo. No entanto, o ava-yo da luta tem levado aos sin-
dicatos trabalhadores esclarecidos que têm contado oom o apoio das v& &'!uta polltig que travava no campo naqu
:deum Ia&'
-centrais sindicais - CUT e CGT. A COWTAQ Confederação dos~Tra-
@UL$AB-,V U~&O $@sQ,Lavradores e Trabalhadores Agrícolas do B
balhadores na Agricultura - nascida no infcio dos anos 60, ainda é I 4Hnwial.-ar.Joe~3iu9lniataõ@i odo-pdf.3;de outro, as Ligas Camponesassob a li gi
uma força organizadade açáo na estrutura sindical niral.
I Nesse.p m & o Estado, que haha implantado o Estatuto do
Para os movimentos dos trabalhadores bóias-frias sindicalizados
Trabalhador Rural 2 de março de 1963, tratou logo de estender seu
ou não, ou mesmo, via sindicatos, a questão da luta hoje está pasta
em termos de se obter melhores mndígões de2'trabalhocornpatfvdis CopttpJp sobre a organS~çã9dos tpablhadores rurais criando e rqu-
com a dignidade humana (a exploração é violenta), além de se procu-
rar obter niveis salariais~mãisfel~vadosA. luta tem 'ficado centrada na krntmtqncjo a sindiualizaçáo!rural. Coube ao entáo Ministro do Traba-
definição de acordos coletivos de trabalho, que buscam implcintar*no
campo conquistas que os 'trabalhadores da indústria já obfjvbrmj Cts 4 A@@$;@' i , u/a$+qmíno hfonso, baixar a portaria 364 (de 16 de ju-
vezes, hd mais de cinquenta anos. Neste particular, a conqùist&do re- h b ~ 19Q%ub-. srriaoinâ'gFio sjrnJic.ilLdas tmbahadbms
-rurais.

Com a açáo da CornissBo,-FSa~ioaal!.de~h&aliza&io RUGI
~ ~ N S -I Rampliou-se a constituição de & n d f ~ a<~dseTrabalhadores
o' $fss.'%d
&~8rCaOTFgãSs;T?A'fo'Gdj,oá %?i 'do'& de a quK$d? ,i!a;fffnd@giò ~ &
eram 475. ~ %~cd~.~~
aitid~

i'es siMic6is, representantes dos estaüos do Rio de Janeiro, Esplrito

Santo, São Paulo, Goiás, Ceará, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Pa- .-ma
raná, Pará, Pemambuco, Sergipe, Bahia, Alagoas, Rio Grande do Nor-
te, Paraíba, Santa Catarina, Piauie do extinto &%tadoda Guanabara. A O MOVIMENTO. ABALHADORES RURAI
CONTAG foi reconhecida legalmente em 31 de janeiro de 1964, pelo
Decreto no 53.517 do então presidenteda repúblicaJoão Goulart como ANHA, TERRA SE CON
"entidade sindical de grau superior e coordenadora dos interessespro-
fissionais dos trabalhadores na agricultura, pecuária e similares, produ- imentos sociais no
ção extrativa rural, bem como dos trabalhadores autdnomos e peque-
nos proprietáriosrurais em todo território nacionaln. nham ocorrido na luta de 60 eles te-

Com o golpe militar-de 1964, após quatro meses de sua funda- o erraHoje, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem é que

ção, a CONTAG sofreu intervenção do Ministério do Trabalho do go- congrega, a nlvel nacional, a ação organizadora dos acampámentos

vem0 militar de Castelo Branco, que durou até 1968. Desde 1968a en- ' Como forma de luta pela tem. Este movimento, como todos sabemos,
tidade vem sendo dirigida pelo pemambucanoJosé Franciscoda Silva. foi fundhdo em 1984 wn Cascavel, Paraná, durante o PrimeiroEricon-
Quatro congressos nacionaisde trabalhadores rurais foram realizados,
o Último em 1985, em Brasliia, quando se anunciou publicamente a tro Nacional dos T~abalhadoresRurais Sem Terra. Tém comissõesem
elaboração do Primeiro Plano Nacional da Reforma Agrária (PNRA),
1L mais de quinze estados e ação em mais de sessenta acampamentos
pela ''Nova República". no pals.
O movimento sindical dos trabalhadores rurais tem se expandido
Sua história está assentada na luta travada pelos trabalhadores
por todo o pals, somando, em 1984.um total de mais de 2,600 sindica-
tos com mais de 9 milhões de trabalhadores sindicalizados, conforme 1 rurais sem tsna sobretudo no sul do Brasil - Rio Grande do 6ul com a
pode-se observar pela tabela 3. -Encruzilhada do Matalismo e a própria herança histórica do MAS-

I -TER Movimento dos Agricultores Sem Terra ocorrida naquele estado

/ na década de 60.
-I E um movimento cm~fat, apoio.da ,çFT comjssáo P%Q@
TABELA 3
Expansãodo MovimentoSindical dos Trabalhadores Rurais -da Terra e outros setores progressis

Ano FETAGS(~) STR~(~) Trabalhadores 1L manter qualquer vlncxio formal oú reg
Sindkalizados
antesde 1960 - 05 I também hoje fortemente ligados à CUT,
at4 1963 475 --- nacional.
1968 29 (C) 632
1973 11 1.582 2.1 10.7i4 I Sb$ a di[et$o $s "Sem Terra" há hoje em acampam~;tb9 pelo
1978 2.275 5.734.1 13
1980 2108+ i(d] 2.447 6.896257 / TSBfasil mais & miliamlias, distribuldas nos estados do Rio Gihnde
1983 2.564
1984 21 + 1 2.626 p.248.375 ! do &I,.Santa &t@ria, bAran~,"~atGorosso do Sul, Mato Grosso,
9.000,789
21 + 1 I Sãô'Palllo, ~in'dd':&e&is,E S ~ € OSanto, Maranhão e Sergipe. O esta-

22+1 f &.cio P m á li&ri'm&^msiis dk 20 &carnpamen!os.

Fonie: CONTAG Deve-se destacar porém, que mais recentemente, partidos.politi-

-(a) FETAGs- Federado de Trabalhadoresna Agricultura caç da e@oerda e 2i ala prbreeista do PMDB passaram a alitnentar

ibj STRs Sindicato de TrabalhadoresRurais a estratégia do acartiparisdntd-domoinstrumento de luta pela terra, daí

(c) Dessas 29 federaç6es existgntes em 1983, algumas foram dissolvidas, ouiras reagwpa- o seu nbmero pdr t6dO o pàls*SePmaior do que aquele controlado pelo

das, restando somente 11 em 1968. Movimento Nacional dos Trabalhadores Sem Terra.
(d) Delegaciaemestadosonde n80 hdMemçBo.
',OINCRA diagnostid naprkmeiro~ano do P l m Nacionalda Re-
forma &&ia a exist&ncia+em -pais;de$9. acampameratos enval-
vendo 18.478 famliias assim distribuldas:

Regiáo Norte: Rond6nia -01 acampamento - 36Ufamflia.s NOVA RONDA ALTA 1-m.,,.--

I' . me$:' ' L, i , + a w p g n 6 h t o - ,,",' ias Nova Ronda Alta terra prometida
,. ,,,.Ma.ranh@ h ,. @$@#nJ?~tn9nfos
Regiáo Nordeste: Wfa';o!ias Quando a união não falta, sobre a terra B vi&
-Pemam,buco - 28ükpiilias
04 acampamentos Terra Prometida que conquistaremos

' -. amgntos Com força unidae os irmãos que temos.

' . ?&I& Grossodo Sul ' 3l&a'-&tb"s v i-3,380 litintas Nós pobres podemos, Deus está por nós
Juntos venceremos muitos "Curiós"
Regiáo Sudeste: Minas~ e r a h ' ' ~~~á&&~k&~to's - 100tdhlas I E pra gauchada que firme onde está
A golpe de enxada o ch80 crescera.
EgpljtdSanto .,% 02acarniiaqenfos - 380famflias
., RIOd Jqneko , -qacampanyntps Esta terra A nossa vida São SepB!
,i - 35ofaq1flias E não há quem possa dobrar nossa fé
. , -hacqpamenps Cada encruzilhada que vencer o povo
-44 acampamentos - -4h00 fa&nk$s E uma caminhada para o mundo novo.
Região Sul: . @ara?$ -07 acampamentos -76 O$~Qf ~ m f l i p
' I A terra vermelha como sangue puro
Santa Catarina Q10fagiqb Germina na históriao nosso futuro
-Rio Grande do Sul 06 acampahentos . , -.l.%ijhfl/as Batiza a barragem e o resto que espera
Águas de passagens páscoa verdadeira
.I , ,> , '

O mapa 15 procura apresentar a distrib;iii@o t@~TZbriadl esta

acampamentos pelo pais. Muitos vão em frente de nossa esperança
E dentro da gente todo povo avança
$6Para o Movimento dos ~rabalh~doreRsurais ~ e h a A cruz por bandeirae o amor deste chão

tão fundamental do acesso e luta pela terra passa necessariamente Somos sementeiras de libertação.

pela discussão do modo atrav6s do mal vai se pmtiuar na tema. Neste

sentido a questão da produCgD wltstivizada esf4 no centrd de &a

apo. Proõura-s.e, ,de,ssa. *fdma &t& , hole kela@w de drotiuç&
wletivas.
I 1;

O Movimento dos TraWhad~res~RuraSisem Terra rept&ta no
cart&~.t h ~ i k h ~ ~ f i , ~ v d~y@el t.ip' a%9hiqgEi~hkb,hn$lCe-;k7I.B;

hihda npv88 fg@ geeJ~u@$ia. & r \ q i ; b@,tq#+ BIS
4 t& .&-a#@.%rrplsl,s$~q?~!P T w ; w ~
da r i f ~ n t e+&+ai,
exercício mpbp? I~t q~ & + a n p p i ec;saIet\v~dos
~açá~-~~

próprios trabalhadores. I

>I i

As experiencias que está6 sendo levadas a cal~onos &#q@

mentos de Nova Ronda Alta na Rio.Gqqxie& S& ep1~%uyty4

to Feliz em São *Paulosão-exemplo&deste avanq $w~tm4xdhadom

rurais. i .-,2 . 1 1' , Al- a-I . + I + , , , , ~ * ~

Os v e m pOericcm de-Dom i?qlmj l i g a ! ! ex@rr8plwes

c o m mostra da diversidâdemQadMlia que:n;rrWeste m o v i m b ~ d
-' > c \ ; jl!! , ' , - a - '
I ckr,-

LOCALIZAGÃO GEOGRAFICA DOS ACAMPAMENTOS
Mapa 15

-- ----

Acontece que o campo braiiíeird, no"inicio' dos anos 60,ehtava

retirar a~%aFldeira.da Reforma Agráiria das Liga& d a..e q u W a : e l da

oporj@e er6 'geral no pals. . 7 .

' b'a'mdo da aprovação do Estatutofoi selado ehtre os latifundi&

riõstelo-govem militar. Sb recentemente foi reveladolque'oehtão Mi-

nistro Roberto Campos garantira aos latifundiários que *o Estatuto

a ~ ~ v a dnãoo seria implantado. Passados vinte anos d,escobriu-se a

Fonte: MIRAD,198i @r @" .(i*dad.ed.este acordo: o Plano Nacional da Reforma Agrária não ha-
-. ,
I Deç.: 0ritalb7. ' 1 Dessa forma, o regime'militar ducmte seus mais de 20 anos de

vigência, conviveu/conse~u/~o~v.uemu,verdadgirQ.Iwii@das terras

piiblicas deste pais enf@ latikrndi&ios e empresários do CentroSul

in8ustriald~ W I d & : ~ k& mi <~ãburguesia iildWrial e os latifun-

diatis ~ t á v M â r : M s f o mdia~quela barguc.s"ia.'emlatifutídiários,
Itern'td~iálÍ&íh$W,'irtant@, (abuirgriiwlaTntiu&t$alfl-muMidlizada.
.. zf*$on.c~-tm.E@om t e p ~ . d e q t m ~ t o i i a t i z a ç ã obAudrgduesia in-

Ia- dustrig wia.awplado .a@ de rnilitai;&~&-daqwstB0 agrária.

. a.5r.x

Veio acompanhado de um processo de intervenção militar no pmesso

de distt-l6ur$o das 'te-frãs'no pals. Prim~Wof h m '0s escZindalos da

venda de terras a estrangeiros apurados pela Comissão Parlamentar

de Inqu&to em 19@8,quando se verifiqu a transferência, através de

titulas falsos e outros expedienfes, de máis de 20 milhões de hectares Grupos econômicos apropriaram-se de vastas regiões do pais, e

@etqm a eQtrang%iroç.Nestas tr-açõB fraudulentas, fuhcior$%os ao que se sabe, mantêm estas terras com fins puramente especulati-
vos. Um grande número de proprietários de tema com latifúndios im-
- do recémcriado IBRA - Tnstituto ~ktsileiroda Reforma-Agrária - (que
-havia siibstitujdo a:SCIFRA: ~@e@end6n'dia da Pblltic~Agrária - -produtivos 2,6% dos proprietários rurais do Brasil (não são mais do
&L~MWIO J&o GwW)ti .*.. .
que cinquenta mil) detém cerca de 286 milhões de hectares de terras
Com o episódio da guerrilha do Amguaia, o envolvimento militar
agricultáveis (47% do total de terras do pab). Ainda segundo o INCRA,
com a questão da terra acentuou-se. Uma faixa de 200 km ao longo
há no pals 105 milhões de hectares de terras agricultáveis sem nada
das rodovias federais da Amazônia Legal passaram parao controle da produzir. Estas terias estão assim distribuidas:

União. Foi criado o GETAT - Grupo Executivo de Terras do Araguaia-

Tocantins -, subordinado ao Conselho de Segurança Nacional. Prati-
camente o INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária - que havia sido criado para suceder o falido IBRA, ficou sob o Região Milhões de hectares

mntrole militar. A militarização chegou ao ponto de, com a criação do Norte: 12
Centro-Oeste: 45
MinlsttSrio Extra~rdináriopara Assuntos Fundiárids, o prirneim ministro 32
, Nordeste:
ser o então Genèiiai Danilo Venturini. Sudeste: 8
7
Dtoante toda esta época'o pafs viveu sob o clitna - p r e l o Sul:
militar, conseqüentemente, a Reforma Agrária era palavk de ordem

proibida. Os,governos militares tqaram de iludir os tp&plfgtdores - I' .%

acenando wm,projetos de colonizag&, na pwazbia, mxqq sindnimo At4 mesmo o estado de São Paulo, que é considerado um dos

de "~efprrnaAgr@$"' Logo nos.primeimarloç,o,-&and+ a Q P f~ica- mais ocupados economicamente do pals, tem uma área ocupAvel e

ram relgtgedos os assentados, fez ruir aw19Riaaq@ofioi4,,$a.Trainsa- não explorada de mais de 2,7 milhóes de hectares. Outro exemplo é o
mazdnica. Sobram os projetos de colonização oficial de R~~Mniafi-,,
- Rio Grande do Sul, que dispõe de mais de um milhão de hectares
nancia@ com dinheir~do Bancq Mundiqi atrav& do Projet~F!@o-No-

roeste. Sobraram tambélm, os projetos de colonização ,particularesao Estes capitalistas detêm essa imensa área de tertas com fins es-
peculativos, porque a terra em nosso pais 6 uma mercadoria de tipo
longo da rodovia Gwi&á;&antarém. I*
especial. Ela aumenta de preço mesmo sem s e r alocada para produ-
Junto airm o -ificdntiVo B çklonização, sobtetu@'~&ldf, t@hm
zir. Essa terramercadoria é pois renda capitalizadada terra.
oS famosos projdtos de regularizaçgo funditiria igd'áhedte fi %la& Uma das provas elquentes de que estes capitalistas retem a ter-

com recursos internacionais. Atravb destes projetos, d 7 1 b J d ~ l ~ u k - ra com finalidade especulativa com a total c0nivência dos órgãos res-

rizou a' fraude fundiária praticada sob'retuh da Amazônia Legal, atra-' -ponsáveis (INCRA), está no fato de que nem os impostos (ITR Im-

vés dos expediedtds da gAagem @rr~spdtrlicas. ' .o posto Territorial Rural) são pagos pela maioria deles. Dados do

I INCRA-MIRJADmostram que W!dOos latifúndios por exploração e
Os esc6nddm no Mato.Q r w q G~idsP*q;di, eb w sucederam.
Os dólares dos bancos iratemwi~nddserwn validadeij@Bca ac?w - 96?4 dos latifúndios por dimensão sonegam impostos. Os dados mos-
tram tamMm que 76% das propriedades com mais de 1 mil ha têm
so de mais de umaamte~~depesso8a.smilh,õe~'dek&re:gc,k ter-
sonegado impostos. Alem de concentrar e reter especulativamente a
ras.púMis. k t a s tem haviamsido ~qrnpriadas~~lotgs~-l:põseco- terra, sonegam os impostos incidentes sobre elas, que em 1987 che-

ffômicos do Centro-Stil~atmvésd,a famosa~potítimdaincaentiwstfismis gava a um total de mais de 222 milhões de cruzados.

da8UDAM. ,.

85

"PAZ NA TERRA A REFORMA AGRARIA DA , Estas previsões do Plano eram acanhadas, porque elas represen-
"NOVA REPUBLICA"
muito menos do que as terras cultiváveis existentes no país
Assumindo o governo em 1985, a "Nova RepBblica" para realizar
a anunciada "Transiçãó Democrática" da ditadura, fez com que novas e o Cent~o-OeSteapenas%.i l
alianças se soldassem no seio do poder do Estado com a anuência 0 s jomais da 6poca; estamparam fapa pqpaganda govemamen-
militar. A "Nova República" colocou como um de seus projetos prioritá- sobre o P l a n ~MaÇisnal dd Reforma Agt'Ma, mas uma chamou
rios a Reforma Agrária, anunciada durante o Quarto Congresso Nacio- nção pelo toní deiinagdgico (Quadro 1).

-nal dos Trabalhadores Rurais, realizado em Brasllia pela CONTAG A UNIAO DEMOCRÁTICA RURAL.IIS%TA - UDR

Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura. Começaram
então as articulações para a elaboração do Plano e em outubro de

1985 foi aprovado o Plano Nacional de Reforma Agrária, conforme
mandavao Estatutoda Terra de 1964.

Aliás, o Plano era mais acanhado do que o Estatuto da Terra do
governo militar de Castelo Branco. Por exemplo, o PNRA tem artigos
onde anuncia que se evitará, sempre que possível, a desapropriação

de latifúndios (artigo 20 parágrafo 20 do Decreto no 91.766). O parágra-

fo 30 deste mesmo artigo, diz claramente que: "O poder público evitará
a desapropriação de imóveis rurais que, embora incluídos em zonas

prioritárias, apresentem elevada incidência de kendatários elou par-
ceiros agrícolas e cujos proprietários observem rigorosamente as dis-

posições legais que regulem as relações de trabalho entre os proprie-
tários e os cultivadores diretos". Assim o Plano conseguiu sutilmente
"revogar" o item V do artigo 200 do Estatuto da Terra que diz
claramente:

Art. 200 - As desapropriações a serem realizadas pelo Poder

Público, nas áreas prioritárias, recairão sobre:

V . - as áreas que apresentam elevada incidência de arrendatá-

rios, parceiros e posseiros,

Dessa forma, o Plano além de modesto, trazia inúmeras distor-
ções no cumprimentoda lei do Estatutoda Terra:

A primeira previsão para assentamento entre 1985 e 1989

apresentava:

Brasil Famíiias Ha
1AOO.OO0 43.090.OOO

Norte 140.000 10.080.000
Centro-Oeste 7.560.000
Nordeste 21Q 000 18.900.000
Sudeste 4.370.000
Sul 630.000 2.1 80.000
280.000
140.000

Houve muita reforma agrária na Híst6ria e há muitas ficam particularmente na Amazânia, onde não há infra-estrutura e con-
propostas de reforma -&ia na c c h ç a das pessoas,nos limos dições ecológicas para receber grandes contingentes populacionais.
Em segundo lugar, quanto às terras da Igreja, a acusação não passa
e nos projetos políticos. de um grande "blefe", pois a Igreja detém perto de 170 mil hectares

A Reforma Agrária do Presidente -, porém. é brasileira em todo o Brasil. O mapa 16 procura mostrar o 'número de imbveis e

e atende à r d d a d e política, econômica e sociai do País. da área ocupada pertencentes à Igreja, por estados no país. A verdade
A que as terras da Igreja representam 0,04% das terras dos latikindiá-
Todos podemapoiá-la,pois B justa,padíica, racíonai, rios como mostra o grdfico 2.

produtiva e demwática. Assim, pbdemos afirmar que a UDR nasceu para manter estg es-
trutura concentrada da tem, defendendo seus proprietários: os latifun-
Nossa Reforma Agrária não Wingue 'oucombate a proprieda4 diários. Tanto isto é verdade que dados divulgados pelo MIRAD reve-
lam que esta organização tem sistematicamente orientado os latifun-
privada. Pelo contrário, amplict o número de proprietários e diários desapropriados a ingressarem com'agóes na justiça, visando,
estimula a produçãio e a produtividade. no mínimo, embargar judicialmente a reformaagrária. Estas apelações

I Quem produz nada lem a temer. A Relorma VI O diialto h prbpbplfdade6 ameaçado em juizo vão entravando a implantação do PNRAe em pouco mais de
Agr6na nao n o l e W 6 de maneira nenhuma quando o Mado ou indivíduas um ano de implantação QoPlano, elas já representam mais de 37/0da
a propriedade. oonwniram Imuiass brw imprcduhw s , área desapropriada total no Brasil (596.000ha). Outra questão curiosa
anda íInpedem que outra nelas produzam. r com relação à atuação da UDR (5 que estas apelações na justiça apa-
II A Relcrma Agrbna busca o 6qudibiio da
nquea na campo e o aumento d, VIIOu.nmm iudipa no campa A Reloma , recem desigualmente dístribuidas pelas regiões brasileiras: Norte 6%
produhvidade. Aar6iia tem o obloüw de harmoniaar i (15.800ha), Nordeste 36% (209.4M ha), Sul 33% (25.440ha), Centro-
as mafLtm no campa pala acabar com ' Oeste #% (238.460 ha) e no Sudeste 70% (106.830ha).
111A Reloma &?&na 6 um projeto poiiliCo a 1111uaUça e a violboia nesse sotor,
de alcance nacional, Mo um oonmito inmmpailvals com os ideais da wneiihçh, mm A UDR, portanto, ao defender os interesses dos latifundiárioses-
tecnico ou um aranicio d e aIinnaq60 m i d d cngláw a mm e larmação do p m tti também, como já verificamos, defendendo este setor da sociedade
idmlbg~pioa bdeim que além-,damncentrar terras, sonega impostos (76% dos latifundiá-
rios com mais de 1.O00ha não tem pago o ITR).
!iw v e i 0 iac, avançdr sem que .w VIII A Ralorma Agrdria Mo uiicla uma
quena ou abre uma fenda Ao A IMPLANTAÇAO DO PRIMEIRO PNRA
laça uma raloma pmlunda da eatmlura mnlrdrio, es(amm I r W a n d o pios
Com a implantação. no pals do primeiro PNRA, começou uma in-
lundibna Nenhuma naçdo moderna m- da mnviuBnoia p(icllw. A R s t o m tGnsa luta entre a UDR - União Democrática Ruralista -, o govemo e
os trabalhadores sem terra, posseiros, etc. Por todas as formas a UDR
entahilwu-sa uisliiucionalmentesem r d v e r seu A@* b- s Psz e náo a procurou inviabilizar a implantação do Plano. O primeiro ministro do
problema agrbrio MIRAD, Nelson Ribeiro, caiu. A viol6ncia no campo aumentou, como já
demonstramos. Em outubro de 1986,um ano depois, o INCRA anun-
Aplicar o Esiatuio da k a B map1lsr o IX A Reloma Agrbna oomplementa a
&boa agdirola pata que J. cumpra a -dava os dados.referentes a esse período - sobre a implantação do
homem do campo e asregurar a de hinção dh tom, a de rnoduzir para um8
brasileirw o direxlo de Mo d e r a i d a PNRA Tabela 4.
saoiedade que sa u h u k o n de &o que De fato, o govemo da "Nova República" havia decretado a desa-

d q a a n t o das pmaq€m humhnas, que 6 a m-54tsr com& harala para noinw>p. propriação de apenas 23% da supèrflcie prevista no plano; 5% da área
foram destinadas para assentamentos, e 5% das famllias previstas pa-
fome. Deaendvendo a agmuihua, gcuanhndo a ra serem assentadas, foram efetivamente assentadas.
ocupação aos lavm&ms, wmm lar, l&m

nossas indiklrms produrindo mais, e o h w o

I I X I Ivencendo o desemarego nas oidadea
A Reiotma Agtbria demacraliea a

propneddde, tomandaa acaea(va1a

mllhaas de b d k c e . PÃZ NA TERRA.

hb<auCdr*dr PIasidenle da República
1- da R.P-
abn<xóiadinuik.<b
fk.3 N&&R.lmM.
Aqrrild. ddb
10& c,r& 1m,

rn B r i m *

Gráfico 02 - A Distribuiçáo das Terras no Brasil: LatifiZndims,Ter- TABELA 4
ras Públicas, Estrangeirose Igreja. Famllias: 67.500
v -
LATIFÚNDIOS
Familias
&sentadas

1.632

10,Wo

+

3.054

Fonle: O debate em tomo da proposta do I PNRA da Nova Repú-

blica. Jos6 Gomes da Silva, INERA, 1985. Pubkicadr>em

alguns pontos de discussáo sobre a questgo da Refona

Agrhria: o caso do Brasil. Des.: Orilal87.

Mapa 16 TERRAS D A IGREJA

, ' ..

b , <' , ,... , ."....,

91

Passado mais um ano, em 1987, o Plano continuou sem ser ríe os principias que informam a ordem econdmica e social, desde que incluída
realmente implantado. Mais dois ministros foram substituídos. O pri- em zona prioritária, fixada em decreto do Presidente da República, observando
meiro foi Dante de Oliveira, substituto de Nelson Ribeiro. O segundo
foi Marcos Freire que morreu em "acidente de avião próximo ao aero- -as seguintes normas:
porto de Carajás, Pará", juntamente com outros dois diretores da cú- I não podem ser desapropriadas:
pula do MIRAD, inclusive o então presidente do INCRA José Eduardo a) áreas em produção;
Raduam. O curioso é que o aeroporto de Carajás fica na região onde
ocorre hoje o maior número de conflitos de terras com vítimas fatais. b) apo~riedadqru@p?márea,contíriua de:
Carajás, no Sudeste do Pará, é a área onde em 1986, por exemplo, 1) qt&mil &quinhentos heçtares na área de awação da SUDAM;
mais trabalhadores foram assassinados no campo.
2) até mil he~taresn. a &$a beatuq%,pq SUDECO;
Hoje os dados referentes a implantação do Plano não mudaram.
Na região Norte do Brasil apenas 18% das terras previstas foram de- e i 3) qté qgin-ntos h c t d r p na &'$&de n#ouraeçs3tiaotidteadSoU'kDfEs;NE:
sapropriadas; já na região Nordeste, 6%; no Sudeste, 4%; Sul, 10%, e 4) até duzentos e cin$e$a
no Centro-Oeste, 12"/0. Assim, menos de 10% do Plano previsto foi he$i~es
implantado. A razão continua a mesma: pressão dos latifundiários, via
UDR. II - a dbdàp??opnàçâonao'ultrapassará-a s@pnt?e hinco por cento da

O FIM DO INCRA E DA REFORMA AGRÁRIA propriedademral c6m 8rea sliperior'.&obminimds 6&bebcidos no item anterior

Com a morte de Marcos Freire, a "Nova ~ e ~ ú b l i ccao"locou co- -e &tedez mil hectares;
mo Ministro do MIRAD, Jáder Barbalho. Ex-governador do Pará - 111 rmpe9tado o ~&poSto+mineim anterior, poder4 ser Integrala desa-
propriaçãode área que ultrapassar a dez mil hactares;
1983187 - eleito pelo PMDB - Partido do Movimento Democrático
-IV qssegurqdãç as necessárias gervidóes, o prqprietdriodesapropria-
Brasileiro -, ele foi no mínimo conivente com a maior matança no do terá. o díreito de escolher os vinte e cinco @r cento da brea que remanesce-
campo de que se tem registro nos últimos anos. Nada mais, nada m e
nos, do que 211 trabalhadores foram assassinados no campo daquele r6 sob seu domlhío B que se tornar6 irisuscetTVeld& nova desapropriação para
estado no período de seu governo (30 em 1983, 29 em 1984, 59 em
1985 e 93 em 1986). Como se pode ver, o número de trabalhadores y@ia;tins de reforma
assassinados aumentou absurdamente durante o governo de Jáder
Barbalho no Pará. No ano de 1986, seu último ano de governo esta- - aV eshblhd; a b & e refe'reo item pr~khented,&erá ser feita a par-
dual, o total de trabalhadores assassinados representou 30% do total tir das principais bsnfeítoria~"existent85no imbvel, obrigatodamenteinduídas na
do pais inteiro. Foi ele o escolhido para ser ministro do MIRAD.
-área que remafisscerâ@obO domhio do pilopri$?áriodeeaproljriado.
Entre seus primeiros atos, está o Decreto-lei no 2.363 de 23 de VI em hão hayendo bnf@it@iana propriedade desapropriada, a esco-

outubro de 1987 que extinguiu o INCRA e criou a INTER - Instituto Ju- lha na0 poder6 recair sobre Araas litigiosasou conflitadas;

rídico de Terras Rurais. Este mesmo Decreto-lei transferiu para o -VI1 em qualquer hipótese dos itens anteriores, a escolha qssegurada
MIRAD toda "a supervisão, coordenação e execução das atividades
relativas a Reforma Agrária", antes sob controle do INCRA. O decre ao proprietário deverá ser manifestada em trinta dias ap6s o decreto dvapro-
to-lei continha também nos seus artigos 50, 60 e 70 o seguinte:
priatório, sob pena de decadência do direito e extensão da desapropriaçãoa to-
Art. 59 - Para efeito de reforma agrária, a União desapropriará, por inte-
resse social, a propriedade rural inexplorada ou cujo tipo de exploração contra- da a área;

vil1 - a escolha manifestada pelo proprietário dará à União posse ime-

diata sobre a área desapropriada.

58 I!r - & . 9 p f j W d e r~relídesapp~rja4t@eIf4 de§ting~ãi~mediata às

faflflia~~4~d.air-t~4-~.d~t3a$,q~~tr~8vp.e@is@e@M:peqq.sla$p+w wra quea$p:ui-

qm, codq$i&+s ^ygpqs.@ej,idgip,@qie$y e tr$balho, dqn.9-se preferencia a

---ç ~ o p y g ~ i ; eqi$à iay. rq.q.i.ores [email protected] ~#pci~aa~is$$cia d<s p6deres públi-
LU..
"'1 8
$ $ - - b s , te&o$,
contratos e titùlos dE! dorninio, ex@bdiios pelo

MTRAD, que se d e s t ' m a h.istrut-nerítafítar'a 'alienagács ou concessão, inclusi-

Ire a dk?fdireitd-real de uso, de tem& públíeas federa& terão, para todos os efei-

bs; vhldr a efizRácia de &oritrlra pdblioa.

.).pSo W Htulos de don%ok oiril<aBde concessão de,direit~real de uso

t e r % o, brigatmimenfeicl$Qsularmlcriiva condicionada&produção agrícola ou

pecuária; e poderão conter, ainda, cláusulas de inalienabilidade, por temposer-

to, @?çritéri#qJ VRAp., .
Ai., 6" - Na exe6$ãu das atividades previstas nos arttgos 4" 55"deste

d e ~ r è ~ l koi ,~ l ~ h ~ ~ ' ó b s d r \ i aO;r $dÍl~spoflvoslegais de prote~%oà reserva

florestal,

Art. 7" - Na concessão de incentivos fiscais a projetos agropecuários Oom oOeCreto-i.ei 2.363. @sanadope@ BNThQ C#fW TEM HgW

de abertura de novas regiões, a União exigirá que lhe seja transferido o domínio Presidente Joad çbrney em 21 de A REFQ A AGI&~L~?
de dez por cento da área beneficiadae que será, sob a supervisão do MIRAD. WLulimde 1987, não precisammais
utilizada no assentamento de pequenos agricultores. Quem iem rnedo'o'a ~d&;rnn'&rilrin
temer a Relorma Agraria. oprloaptirfuienltdlrioioismruprraoisduguli8v~dg.e~ie2m.6%28U6e
Como pode-se verificar, este decreto-lei também vai "ferir" o Es-
tatuto da Terra em vários de seus artigos, satisfazendo as reivindica- I.'Osp w e h o s e mebios proprieldrios miihdesde heotdribs.4796 dgs te&
ções da UDR e dos latifundiários do pais, pois as áreas em produção de im6ve1srurais ale 260 heclares (no
não serão desapropriadas para fins de Reforma Agrária. Não serão BOF/$udestft), 500 hectares (no ag&ylt8Dsisda,Wsktimk oarr
também desapropriadas áreas de até 1.500 ha na Amazônia, 1.O00 ha oí pte) 1. O0 hectares (no Centro-
no Centro-Oeste, 500 ha no Nordeste e até 250 ha no SullSudeste. B í:8& ti8cta~es(na Amazdnia). . ,
Além disso, a desapropriação incidirá sobre 75% da superfície do imó-
vel, podendo os 25% restantes ficar sob controle do latifundiáriolpro- erapii i 4 g erurraaidee. MSurna' liihhebwee~eis4n%0o ,
prietário (isto para imóveis de até 10.000 ha). m~f&dt.b
.
Além disso, o governo acaba de alterar as previsões de assenta- ppdm se ckigaprOPflado,parq eleilo
de Fielar& Agillna. Ou *Ia. 9 7 , 4 1dos
mento do PNRA - 85/89, baixando as previsões que antes eram de
R"rielilíiosarale bniasiieiros nao tBm
1,4 milhões de famílias para serem assentadas até 1989, para uma ais nenhuma r-o para lemer a
previsão de 1 milhão de famílias a serem assentadas ate 1991. A área Reiorna Agrbria

total prevista também baixou de 43,09 milh&s ha entre 1985189, para 2. OSproprieláriosde ImOveis rurats de
QuaiQuer'lamanhocuias terras esleiam
30 milhões de ha até 1991. Assim o pais conhece uma redução de
30% nas metas do PNRA e uma ampliação em dois anos (seis anos produzindo. Terra enipfodu@o naó
portanto) para se realizar 70% do que estava previsto para ser realiza-
do em apenas quatro &os. Nova propaganda foi veiculada na impren- pode mais seraes8plopriadapare
sa brasileirapara justificar estas medidas. efello dè Reforina Agrtlrla (de acordo
cam o Deqretojei 2.363).
Na realidade, o que assistimos, é a pressão dos latifundiáriose a
"falta de vontade política" do governo da "Nova Repúblicanem implan-
tar esta tlmida reforma agrária no pais.

Aliás, já no final do ano de 1987, o governo suspendeu o decreto-
lei que havia transferido a faixa de 200 khuao longo das rodovias fede-
rais na Amazônia Legal para a jurisdição dg INCRA. Isto significa que

todas as terras públicas na Amazonia ~ e g a(ej xceto os 60 km da faixa

de fronteira) passam para o controle dos institutos c@ .terras dos lesta-

dos, ou seja a cessão das terras públicas ficará a cargo dos govemw

estaduais. Os exemplos passados destes institutos estáo cheios de
histdrias de corrupção e grilagens e nada foi feito até hoje para apurar
um número enorme de vendas irregulares de terras públicas na Ama-
z6nia. O futuro apontado pelo governo da "Nova República" é neste
particular, também sombrio.

Entretanto, a luta cada vez mais organizada dos trabalhadores é
uma resposta política à sociedade brasileira em geral, e ao Estado e
aos latifundiários em particular.

A transformação da sociedade é uma necessidade imperativado

momento, e enquanto ela não se faz totalmente, os trabalhadores ru-

rais vão gestando as formas"@oletivasde trabalho, cantando a mesma

canção de autoria .dp Goiá e Francisa Lázaro, já cantada na década,

de 60: '%granide Esperança".

E é com este.,@nto que encerramos&e &o: 7?

. -.c7

i. . A GRANDE E ~ ~ È ~ Á N' &8
A classe roczeira e á'klasgeoperária
~nsiosaegsperam a reforma agráda

Sabendb"que ela dará solução
Para a situação que está precária

Saindo o projeto do chão brasileiro

De cada roceiro plantar sua área

Sei que na miséria nihguem viveria.
E a prodiiçãojá aumentaria

Quinhentos por cento ate na pecuária.

Esta grande crise que há p o ~ c osurgiu . v Como o leitor pode observar, vários foram os autores que inclui-
Maltratao cabclo ferido em-seubrio mos em nosso livro. Faremos agora a sua citação bibliográfica comple-
Dentro de um pais rico e altaneiro -. ta, bem como a de outros autores, agrupados de forma geral, para que
pssam orientar futuras consultas.
Morrem brasileiros de fome e de frio
O número de trabalhos sobre os conflitos no campo não é tão
Em nossas manchesterqde rkos im6veis e vamos nos limitar a indicar aqueles que julgamos mais

Milhões de automóveis já se produziu irnp~itante~.
Enquantoo coitado do pobre operário
Um primeiro conjunto de trabalhos refere-se à história das lutas
Vivendo apertado ganhando um salário no campo e à necessidade da sua compreensão recente. Destacam-se

Que sobe depois que tudo subiu. a[ os tréibalhos de MARTINS, José de Souza: A militarização da ques-

Nosso lavrador que vive do chão y.7 m . ' ; ~ t , - ta0 agfdria no Brasil, Editora Vozes, Petrópolis, 1984;A Reforma Agrá-
S6 tem a metade de sua produção ria e os limites da democracia na Nova República, Editora Hucitec,
Porque a semente que ele semeia hW m W 560 Paulo, t'986; Cativeiro da Terra, Editora Hucitec, São Paulo, 1979;
Tem que ser meia com o seu patrão ,cxpf0pt7açã" & Vioiência, Editora Hucitec, São Paulo, 1980; Não h&
Os nossos roceiros vivem num dilema .,,.q- h.0
E o seu problema não tem solução .k-.m. . . A , . . topara se plantar neste verão, Editora Vozes, Petrópolis, 1986; Os
Porque o ricaço que vive folgado
Acha que o projeto se for assinado camponeses e a política no Brasil, Editora Vozes, Petrópolis, 1981.

Estará ferindo a Constituição. Outros trabalhos, também importantes, foram utilizados para dar
mnta da história das lutas no campo, dentre eles citamos: ANDRADE,
Agrandeesperançaqueopovoconduz ~anueCl orreia de, Lutas Camponesas no Nordeste, Editora Ática, São
Pedir a Jesus pela oração paulo, 1986; BASTOS, Elide Rugai, As Ligas'Camponesas, Editora
Prá guiar o pobre por onde ele trilha vozes, Petrópolis, 1984; Comissão dos Religiosos, Seminaristas e Pa-
E a cada família não faltar o pão
Que ele náo deixe o capitalismo dre Negros no Rio de Janeiro, Ouvl. o Clamor deste Povo... Negro,
Levar ao abismo a nossa nação
Editora Vozes, Petrópblis, 1987; MOURA, Clóvis, Quilombo, Editora
A desigualdade que existe 6 tamanha
Enquanto o ricaço não sabe o que ganha ptjca, São Paulo, 1987; PINSKY, Jaime, A Escravidão no Brasil,
O pobre do pobre vive de tostão.


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