triunfar na poderosa arte da oratória, só tem um caminho: treinamento com
disciplina e persistência. Na repetição está o aprendizado.
ENTENDER PARA DOMINAR A ORATÓRIA
As atividades humanas, as ciências e as artes mantêm relações recíprocas. A
oratória que é definida como “arte da bela expressão falada” pela Filosofia
Grega e como “conjunto de técnicas apropriadas para falar em público” pela
escola deProgramação Neurolinguística, tem como auxiliares a Filosofia, a
Ética, a Psicologia, a História, a Antropologia, a Sociologia, a
Fonoaudiologia, a Medicina, a Lingüística e a Comunicação.
Ao preparar um discurso o orador tem que prever dois fatores essenciais
que decorrem de todas as ciências: o que dizer (conteúdo) e como dizer
(forma).
Às vezes, participamos de palestras com escritores, doutores, celebridades
em geral e, no entanto, saímos dali sem que nada tenha sido acrescentado ao
que já conhecíamos, por quê?
Porque até agora pareceu bonito aos oradores intelectualizados falarem
lendo, sentados, sem emoção e despreocupados com o microfone. Sua
única preocupação era com as idéias, o horário e o protocolo.
Porém, quando temos a oportunidade de ver uma celebridade falando com
entusiasmo, de pé, gesticulando, variando o tom da voz, enchemos o
coração de regozijo. E voltamos para casa como se tivéssemos participado de
um espetáculo cultural.
A oratória moderna compreende a performance do orador desde o
relacionamento pessoal até a capacidade de seduzir multidões pelos meios
de comunicação via satélite.
Toda expressão pode ser verbal e não verbal. O corpo transmite uma
mensagem. Não importa se estamos numa mesa de negociação, num palco,
numa estação de rádio ou canal de TV.
Falar em público é falar ao público. O poder de expressão faz a diferença e
a consciência disto também ajuda na busca de melhores e maiores
resultados.
EXERCÍCIOS
1. De agora em diante, assuma a meta de ler pelo menos 2 jornais por dia, 1
revista por semana, 1 livro a cada três meses e ver um filme por mês. No
mínimo.
2. Por uma semana observe, com olhar clínico e intenso, as pessoas que
cruzarem seu caminho: como são, como falam, como gesticulam, como
olham, como raciocinam, como expressam suas emoções, como andam; o
que fazem com o corpo.
3. Busque estar o tempo todo programando a sua mente para ser cada vez
mais positiva e vitoriosa quanto a voz, gestos, postura, olhar, pensamentos e
sentimentos.
4. Fale diante do espelho, gesticule, exprima sentimentos de alegria, tristeza,
ódio, amor, recolhimento, rejeição, pavor.
5. Lei diante do espelho textos que possam favorecer o seu crescimento na
interpretação, percebendo com clareza quantos e quais limites já conseguiu
superar.
Capítulo 4
Aprimorando a comunicação pessoal
A comunicação é perfeita quando, pelo movimento do corpo, os surdos nos
entendem e pelo tom de voz os cegos nos vêem pela imaginação.
A IDENTIDADE HUMANA
Estamos na era da comunicação de massa. No entanto, o ser humano
continua enfrentando problemas em nível de comunicação interpessoal.
Há internautas e gamemaníacos por todo lado anunciando que “é mais fácil
entender a linguagem de um computador que a de outro ser humano”.
A comunicação é essencialmente troca de informação; o choro do bebê, o
sorriso do idoso, o olhar dos namorados, a posição corporal cabisbaixa de
quem sofre, as mãos levantadas do jogador que marca o gol – transmitem
emoções e sentimentos.
Considerada a base da oratória, a comunicação interpessoal tem quatro
elementos:
1. Emissor
2. Receptor
3. Meio
4. Mensagem
1. Emissor: é quem transmite as informações. Deve selecionar os dados, dar
ordem ou disposição adequada, estruturar o discurso. O orador tem que ser
claro, objetivo, entusiasta, observador e inteligente para prender a atenção
dos ouvintes.
Pense nisso:
Escreva nestas linhas, algumas qualidades do orador que você possui:
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Agora escreva as qualidades que você quer desenvolver:
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2. Receptor: aquele que recebe a informação. Em se tratando de oratória é o
público, o auditório. Ele pode ser simpático, adverso ou indiferente.
Quais dos três tipos de receptor você prefere? Por quê?
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(EMOCIONANTE), os gestos (ENFÁTICOS) e a postura (IMPRIMINDO
FIRMEZA).
4. Mensagem: é o essencial do discurso, as idéias principais a serem
transmitidas. Toda mensagem deve ser adequada. Principalmente quando o
orador está na TV, no rádio ou falando ao vivo para uma platéia muito
numerosa e o receptor se apresenta como uma massa totalmente impessoal.
Escreva, neste momento, um bilhete objetivo, sincero, informando à
humanidade qual é a mensagem mais importante que você tem a comunicar:
EXERCÍCIOS
1. Leia textos de jornais, livros ou revistas em voz alta, meia hora por
semana.
2. Selecione alguns discursos clássicos e os interprete diante do espelho,
gesticulando.
3. Declame uma poesia, colocando emoção e sentimento.
4. Decore um verso e fique declamando diante do espelho. Programe
cuidadosamente a sua expressão facial: os olhos, as contrações musculares.
Capítulo 5
Solte a voz, libere as mãos e encare as pessoas
A VOZ E OS GESTOS
Já que os meios de expressão do orador são a voz e os gestos, é melhor dizer
que eles podem ser aprimorados.
Quem fala no rádio pode colocar fundo musical; quem fala na televisão
pode enriquecer suas palavras com belas imagens e com a trilha sonora.
Mas o orados de hoje, tanto quanto o orador da Grécia Antiga ou do
Império Romano, conta com os mesmos recursos da voz e dos gestos para
se expressar.
Os movimentos físicos do orador (gestos) devem ser acompanhados por
modificações no tom da voz. Uma batalha não pode ser narrada com a
mesma inflexão da voz que uma festa de aniversário de uma criança.
Cícero dizia que orador deve ter “a voz dos trágicos e o gestos dos melhores
atores”. A voz traduz os estados emocionais, produzindo a sua empatia com
o público.
Talvez no político seja melhor trabalhar as inflexões da voz para comover os
ouvintes, entusiasmá-los com novas idéias ou ângulos de visão originais para
fazer o público rir ou chorar, como os bons atores.
Quando o orador está falando à platéia, deve estar consciente do volume da
voz, para se fazer escutar; da dicção para se fazer entender; da ressonância
para ter boa aceitação; das técnicas de interpretação para valorizar cada
palavra, cada frase, destacando as idéias principais.
É recomendável treinar a voz com o livro “SOLTE A VOZ COMO OS
PROFISSIONAIS” (você pode encontrar esse livro no site
www.ferminoneto.com.br). Ele contém exercícios práticos para melhorar a
altura, o tom, e a intensidade da voz, a dicção a interpretação e a respiração
diafragmática.
EXERCÍCIOS
1. Imite um locutor esportivo do rádio.
2. Leia várias vezes uma notícia triste.
3. Leia várias vezes uma notícia alegre.
4. Elabore um pequeno discurso para aniversário.
4. Assista um filme. E faça análise.
SÓ PARA LEMBRAR:
Ache sempre um tom de voz firme, confiante, com altura adequada à
situação.
Encare o auditório, olhe para as pessoas.
Gesticule bastante ao falar, porém, não exagere.
A expressão facial deve ser adequada ao sentimento e mensagem da pessoa.
Capítulo 6
O olhar, os gestos e a postura
Programando a reação do público
OLHANDO, VENDO E ENXERGANDO
Sabemos que os olhos são o espelho da alma e que por isso, revelam a vida
interior e a história do comunicador.
Certa vez o grande Paulo Autran disse para Leão Lobo, na TV MULHER:
com um olhar inteligente pode-se interrogar o público; com um olhar
sossegado, acalmá-lo; através do olhar pode-se aprovar ou reprovar,
demonstrar alegria ou tristeza, firmeza ou insegurança.
Tudo porque os olhos revelam e transmitem emoções.
Numa apresentação é conveniente evitar o olhar vago, impessoal, dirigido
aos lados, ao teto e ao chão. Isto faz perder o contato com a plateia.
O orador deve olhar amplamente, dirigir-se a todo o público.
Uma vez na frente, deve evitar se dirigir a um setor com exclusividade. Todo
ser humano se sente importante e quer ser destacado como um ser único,
porque toda pessoa se constitui num ser único.
É fundamental, para cada um, que o orador perceba a sua presença. Todos
gostam de ser olhados, estimados, prestigiados.
Os grandes mestres da oratória costumam ensinar os principiantes a olhar,
ver e enxergar. No Brasil este sistema é difundido com mais ênfase nas
escolas de teatro Macunaíma (São Paulo) Tablado, no Rio de Janeiro, e nas
Oficinas de Ator e Apresentador de Telejornal da Rede Globo.
Além de olhar as pessoas intensamente o palestrante deve enxergar com
nitidez o espaço físico, o ambiente, os equipamentos e os técnicos de som,
iluminação, cerimonial e os outros oradores.
Ver não é enxergar, e vice-versa. Ver é captar com nitidez. E isso só se
consegue olhando e enxergando com intensidade.
São estágios de um processo para dominar a situação.
O segredo está em observar tudo com energia e carinho. É preciso olhar, ver
e enxergar. Analisar tudo.
Sempre que tiver que falar ao público, horas antes você precisa estar
descansado. Ter em mente o que vai valar, não se alimentar em excesso, não
tomar bebida alcoólica.
FALANDO COM OS OLHOS
“Antes de falarem os lábios, os olhos já disseram alguma coisa.”
Professor Marques de Oliveira
Jesus disse: “A boca fala aquilo que o coração está cheio.”
Assim também são os olhos, eles revelam a grandeza ou a mesquinhez de
cada coração humano.
Quando se deseja saber da sinceridade de um conhecido, se usa olhar nos
olhos.
Podemos até acabar confiando naquela pessoa, porém, contrariando, às
vezes, o que dizem os seus olhos. Então, pagamos o preço pela teimosia.
Quando a pessoa não nos olha nos olhos, alguma coisa tem. E como tem!
É por isso também que a timidez em nada pode ser útil.
O comportamento do tímido, além de aquém do necessário, se confunde, às
vezes, com o do espertalhão.
Olhar nos olhos das pessoas é fundamental para estabelecer comunicação
sincera. Revela que você nada tem a esconder, não teme o interlocutor
(auditório) e está dizendo a verdade. Verdade útil para todos.
No entanto, o olhar do orador, do ator competente, pode ser treinado
porque discursar nada mais é do que representar um papel, viver um
personagem diante do público.
EXERCÍCIOS
1. Grave no vídeo o seu programa de televisão preferido.
2. Analise a voz, os gestos, a postura e principalmente o olhar dos
personagens.
3. Assista novamente esta mesma gravação e abaixe o volume até o zero.
Olhe o programa analisando apenas o olhar, os gestos e a postura dos
personagens.
POSTURA CORPORAL
A posição do corpo sustenta milagrosamente o nosso estado de espírito. O
corpo curvado revela franqueza, resignação e empurra uma pessoa para
produzir ainda mais sensações de baixo astral, depressão, tristeza, derrota e
sentimento de inferioridade.
Os especialistas dizem que a postura fabrica o estado de espírito. Assim
como o estado de espírito fabrica a postura. Estado de espírito não é, como
a maioria pensa, algo que temos que aceitar sem poder fazer nada.
Nós escolhemos o estado que queremos estar em cada momento da vida. E
a postura corporal é uma parte fundamental para isso.
A POSTURA CORRETA PARA FALAR EM PÚBLICO
Quando o apresentador anuncia o nome do próximo palestrante, o olhar do
público recai sobre ele, antes de começar a falar.
Por isso a postura dele tem tanto valor quanto os gestos e as palavras que
usará logo a seguir. O corpo deve estar ereto, mas não rígido.
Os movimentos, controlados, acompanhando o sentido das frases,
apoiando-as em sua idéias principais.
Como a primeira imagem é a que fica, o orador deve dirigir-se à frente,
mostrando-se dinâmico (andar bem compassado), competente (firmeza
corporal e facial) e simpático (nem rindo nem sisudo).
Quem puder escolher falar em pé ou sentado, é bom falar em pé.
Sentado atrás da mesa ou da escrivaninha, pode se sentir mais seguro, mais
resguardado, porém, estas podem inibir os movimentos mais energéticos.
Cada objeto no palco polui o ambiente e pode se transformar num
estrangulamento da comunicação do orador com a plateia e vice-versa.
É prudente iniciar o discurso com um volume de voz médio e levantá-lo aos
poucos até atingir o auge no encerramento.
Também é recomendável para quem falar sentado usar de força e energia.
Porém, falando em pé, é melhor optar pelo tom mais meigo.
As emoções são contagiantes porque o entusiasmo gera entusiasmo. Então
para emocionar o público, o orador tem que estar emocionado ou dominar
com destreza as técnicas que o fazem ter semelhante comportamento.
Ao falar caminhando é melhor cuidar para não perder o público de vista um
só instante, não fixar o olhar num só ponto ou numa só pessoa, nem ficar
balançando o corpo aleatoriamente.
Falar parado não significa estático. Pode-se gesticular, exprimir sentimentos
com o rosto, elevar a voz e até usar do silêncio, que sabendo usar é um
poderoso recurso.
EXERCÍCIOS
1. Escolha uma postura firme para demonstrar segurança, sem ostentação, e
treine diante do espelho quantas vezes achar necessário para assimilar.
2. Procure fazer, de vez em quando, uma avaliação da sua postura corporal e
da maneira como percebe os fatos da vida e os expressa.
3. Analise sua postura diante dos outros. Tenha cuidado para não parecer
arrogante, nem excessivamente modesto. O corpo fala.
4. Você deve procurar situações no seu dia-a-dia nas quais possa aplicar o
que tiver aprendido.
POSTURA DEMAIS É EXAGERO
O jornalista Zeca Camargo, polivalente da Rede Globo, fez-me uma
observação pertinente. Fruto de uma revolução na forma do telejornalismo
brasileiro, meu amigo se disse contra a formalidade dos gestos programados,
em qualquer circunstância.
E ele tem razão, seria triste alguém perder a naturalidade da postura
corporal em que se sente bem para assumir a outra, apenas porque fez curso
em determinado instituto, com este ou aquele professor. Para conseguir
bom índice de aceitação, é imprescindível se apresentar naturalmente.
Valeu, Zeca!
O ORADOR FALA TAMBÉM COM AS MÃOS
Falar em público significa enfrentar o público. Enfrentar, de certa maneira,
tentando persuadi-lo através da conquista, do desafio, da apresentação de
novidades e, sobretudo, pela capacidade de surpreender tocando os
corações.
Falar em público significa enfrentar o público com idéias expressas e
apoiadas na postura geral do corpo, especialmente das mãos. É preciso falar
com as mãos para apoiar as afirmações com movimentos eloquentes.
Um principiante de oratória se sente mal com as mãos, não sabe o que fazer
com elas. Então as esconde, colocando-as nos bolsos, para trás, fica olhando
os dedos, limpando as unhas ou coçando o nariz.
O professor Marques de Oliveira, autor de diversas obras sobre oratória,
ensina uma posição confortável: a palma da mão direita sobre a palma da
mão esquerda, mantendo as pernas semi-abertas. Esta posição é considerada
por ele o ninho dos gestos e o para-raio das emoções.
Daí nascem todos os gestos, favorece o controle emocional, e a imagem de
quem está falando publicamente parece mais equilibrada. Unindo os pólos
positivo e negativo das mãos, concentra energia e administra melhor as
emoções.
EXERCÍCIOS
1. Até dominar completamente o ninho dos gestos e o pára-raios das
emoções treine diante do espelho, use nas relações sociais, até se habituar a
colocar as mãos na frente do corpo e o tempo todo.
2. Examine sua auto-imagem idealizada. Sente-se em uma cadeira
confortável e imagine você dotado das características que gostaria de possuir.
GESTICULAR É DAR ANIMAÇÃO AO DISCURSO
Em computação gráfica, o que significa dar animação?
É dar movimento, não é? Animar um discurso também é a mesma coisa. É
dar movimento, agilidade, expressão visual.
Os gestos ajudam a dar ênfase às idéias. Podem sugerir uma forma física,
expressar um sentimento de maneira mais convincente.
DOSE EXATA
No entanto, há dois extremos a serem evitados:
Os gestos inibidos que demonstram medo e timidez, associados à
incompetência e ineficácia; e aqueles gestos usados em excesso, de maneira
abusiva.
O gesto exagerado tira a seriedade. Napoleão Bonaparte dizia que: “o
glorioso está a um passo do ridículo”.
Por sua vez o gesto repetitivo cansa. Ele causa tédio na platéia.
Gesticular corretamente é enfatizar com o corpo o que está sendo colocado
pela voz.
Além de contribuir para a beleza visual da apresentação, os gestos ajudam a
soltar a voz e a melhorar a qualidade da expressão verbal em todas as
situações da vida humana.
A PERSONALIDADE
O Psicoterapeuta norte-americano Carl Rogers, dizia que soltando a
personalidade, pode-se soltar a voz e os gestos; bem como a recíproca
também é verdadeira.
Resumindo, a gesticulação contribui para vencer a timidez e a inibição. O
professor Reinaldo Polito, autor de “Gestos e Postura para Falar Melhor”
chega a dizer no mesmo livro que o orador não está retraído porque seus
braços estão amarrados ou presos, os braços é que estão amarrados ou
presos porque ele está retraído. E, tanto Polito quanto outros autores
consagrados, recomendam treinamento e dedicação para quem busca
melhores resultados no uso dos gestos para falar em público.
Treinar, treinar e treinar, este é o segredo. E se por acaso você achar demais
treinar tanto, lembre-se do que disse Anthony Robbins: “Há só duas dores
na vida: e da disciplina e a do arrependimento. A da disciplina pesa quilos e
a do arrependimento pesa toneladas.”
OS PIORES ERROS NA HORA DE FALAR AO PÚBLICO
1. Olhar: para cima, para baixo, para o lado, não olhar, fixar a última ou a
primeira fila o tempo todo, encarar somente uma pessoa o tempo todo,
olhar desconfiado, olhar indefinido, tremer os olhos.
2. Mãos e braços: na cintura como bule, atrás das costas, no bolso, braços
cruzados, mãos mexendo à toa, gesticular abaixo da cintura ou acima da
cabeça muito seguidamente, apoiar-se sobre uma cadeira, mesa ou tribuna.
3. Pernas: apoio incorreto, movimentação desordenada, cruzamento dos
pés, rigidez no pisar, ida e volta monótona, cruzar e descruzar as pernas o
tempo todo.
4. Gesticulação: gestos repetitivos, ausência ou excesso de gestos.
DICAS
1. Olhe direta e simpaticamente para a plateia, dividindo o local em quatro
partes e olhe cada parte por sua vez e de vez em quando mire o auditório
como um todo.
2. É interessante focalizar com neutralidade uma pessoa em especial de vez
em quando, para dar em todos a sensação de que pode ser pego de surpresa
a qualquer instante.
3. Mantenha as mãos e os braços totalmente livres, de preferência na
posição do ninho dos gestos.
4. Tente deixar o rosto sempre agradável, porque o semblante é uma das
partes mais expressivas de todo o corpo. Ele é como um aparelho de
televisão que vai mostrando o nosso interior.
O rosto funciona também como indicador de sinceridade das palavras, de
boa intenção do orador e de coerência no raciocínio.
TÉCNICAS DE MICROFONE
A maioria dos iniciantes de oratória que vem ao nosso treinamento chega
dizendo:
– Se precisar, eu até falo em público, faço o que for estabelecido, sem
problemas, porém, o mi-cro-fone...
O microfone, amigo, é mito. Multidões o temem por não saber controlá-lo e
não o controlam por não ter-se dado a chance de conhecê-lo melhor.
Não é o iniciante que controla o microfone, é o microfone que controla o
novo orador. A partir do momento, que ele admite, de cara limpa, que sente
pavor do microfone, já está se entregando.
Contudo, não há nada que você mesmo não possa controlar com maior
facilidade. O microfone está a serviço de quem fala e não vice-versa. Ele é
apenas um equipamento de som, inventando para ampliar a voz humana.
Ele obedece quem o está usando. A sua parte é aprender a usá-lo da melhor
maneira possível.
Então, acerte o pedestal do microfone entre o queixo e a altura da boca,
distante uns dois dedos, sem deixá-lo na frente do rosto.
Se puder, segure o microfone na mão e o transforme num aliado.
REGULAGEM DO MICROFONE
Quando iniciar a apresentação, enquanto saúda os presentes, observe para
ajustar o microfone, teste o rendimento do som na caixa e seu efeito no
auditório.
Não distancie muito o fluxo da voz do microfone sob hipótese alguma.
Tendo que virar para os lados, gire o corpo todo, mantendo o jato da voz no
aparelho.
O momento de ajustar o microfone e resolver problemas com o som é o
início, na sua chegada. Tem que preparar tudo para depois apenas pensar
no assunto e dialogar com o público.
MICROFONE SEM FIO
Se usar microfone sem fio, ou se tirá-lo do pedestal, cuidado para não
perder o controle do aparelho. Outras pessoas, com intenções diversas,
podem tomar a palavra, bagunçar o ambiente e relativizar o seu poder de
influência.
Esteja quem estiver no auditório, tenha qual problema tiver pela frente,
falando ao microfone, como diz Augusto Boal, você é mais você, é a
autoridade no momento.
Sinta-se feliz, poderoso, forte; assuma esta postura para se sair vitorioso,
falando com autoridade. Não deixe dúvidas de que só está ali porque se
sente em condições de contribuir, de alguma forma, para o avanço de um
objetivo comum.
EXERCÍCIOS
1. Não se esqueça: os gestos e postura, voz e pensamento positivo ajudam
também nas relações humanas, na vida diária.
2. Releia este capítulo e vá imaginando situações de vida em que possa
exercitar os pontos em que encontra maior dificuldade.
3. Procure familiarizar-se com o microfone. O ideal é comprar um e
exercitar em casa.
4. Grave sua voz e analise de acordo com tudo o que aprendeu até agora.
Capítulo 7
O perfil do grande orador
“Enquanto não consegue ser o que deseja ser, tenha, no mais
profundo de si mesmo, o orgulho de ser o que é.”
Rose Gonçalves
Fonoaudióloga – Rio de Janeiro
ORADOR REAL VERSUS ORADOR IDEAL
Muitos não enfrentam o medo de falar em público justamente porque
acham isto uma coisa difícil, muito complexa.
No fundo eles têm em mente um perfil do orador clássico, cinematográfico,
cultivado pelo senso comum das massas.
Estas pessoas pensam mais no que um orador não deve fazer na hora de
falar em público do que naquilo que ele realmente deve.
Na verdade, enxergam o máximo do máximo, algo como querer iniciar na
arte do canto interpretando “PER HAPPY´S LOVE” com a mesma
destreza de Plácido Domingos e John Denver.
Iniciante é iniciante em toda atividade humana e deve se permitir errar para
aprender. Começar pelo mínimo e ir melhorando.
O orador real é aquilo que cada um consegue realizar em sua
individualidade e o orador ideal é o nível que se quer atingir com o acúmulo
das experiências.
PORTANTO
Se você realmente quer aprender a falar em público tem que praticar, fazer o
que o aprendiz de natação faz: mergulhar.
Falar em público se aprende falando.
O referencial motivador para se enfrentar o público tem que ser você
mesmo, com sua realidade nua e crua. Não importa – se comparado aos
outros, você é melhor ou pior. Importa que precisa falar ao público, não
sente medo de fazê-lo e sabe que pode se tornar cada vez mais eficaz.
O ORADOR IDEAL
Saiba qual é o perfil do orador na visão dos autores clássicos: Cícero,
Aristóteles, Esquines.
1. CÍCERO: O QUE DIZER E COMO DIZER?
Na escola do romano Cícero o orador deve possuir conhecimentos
universais de ciências e artes, uma vasta cultura geral.
Para Cícero, aquilo que se pensa e se vivencia na solidão é expresso em
público com maior facilidade. O hábito de leitura, do pensamento solitário
constituem os alicerces para o orador estruturar solidamente o discurso.
Aplicando a teoria de Cícero ao dia-a-dia é fundamental que o orador
domine o assunto a ser tratado e os recursos técnicos. É fundamental
preparar o conteúdo (o que dizer) e a forma (como dizer).
O que dizer, o conteúdo do discurso, vem de cultura geral, da pesquisa do
assunto. Como dizer, os recursos técnicos, tem origem no treinamento e na
experiência.
O orador iniciante deve reservar, no mínimo, 30 minutos por dia para
leituras. Participar de palestras, cursos e debates é muito bom porque, o
contato com outras pessoas renova o entusiasmo pelo conhecimento e
favorece a observação dos outros, que pode ajudar na aquisição de melhores
técnicas.
2. ARISTÓTELES: EQUILÍBRIO E OBSERVAÇÃO
O filósofo grego Aristóteles assinala com autoridade três características do
orador no desempenho da função: prudência, virtude, e benevolência. A
prudência tem relação com a visão do sábio, com julgamento justo. O
homem prudente evita o perigo dos extremos, das palavras inoportunas e
procura o equilíbrio.
A virtude conduz o mensageiro sempre no caminho da verdade, mesmo em
caso de polêmica. E a benevolência, não deixa pronunciar palavras de
injustiça ou vigança.
3. ÉSQUINES: ENTUSIASMO VIGOROSO
Cícero, autor das Catilinárias, muito respeitado até o presente momento na
Academia de Hollywood, assinalou com ênfase o ânimo forte denodado, a
energia e vitalidade, como imprescindíveis no perfil do bom orador: pede-se
a agudeza dos dialéticos, o conhecimento dos filósofos, o estilo dos poetas, a
memória dos jurisconsultos, a voz dos trágicos e os gestos dos melhores
atores.
4. AUTORES NORTE-AMERICANOS
Donald Weiss, Antony Hobbins, entre outros neurolinguistas, fazem
analogia entre o perfil do bom orador e as características do líder:
Fluência Prudência Inteligência
Criatividade Conhecimento Habilidade
Energia Emotividade Agudeza
Autodomínio Imaginação Estilo
Bom Aspecto Memória Liderança
Responsabilidade
Outros autores norte-americanos defendem que o melhor perfil do orador é
desenvolver qualidades artísticas. O orador é um mix de ator, intelectual e
noticiarista. Sua função é alcançar credibilidade, agilidade, objetividade,
empatia e persuasão.
5. AUTORES EUROPEUS
Na França e na Áustria, como também na Itália e Espanha, o hábito de falar
em público pertence a uma tradição que se funde com a história da ciência
política, da música clássica e das artes plásticas num sistema cultural de elite,
numa educação de massa bem aprimorada.
Isso tudo ajuda muito a minimizar a timidez e a derrubar problemas com o
idioma, facilitando a expressão verbal. René Descartes já disse: “o homem
aprende o que for ensinando, a educação é tudo”. Disse também que o ser
humano é fruto do meio em que foi educado.
Francis Bacon deixou escrito: “O melhor do orador é ter idéias claras e
profundas, conhecer e estudar o assunto, mantendo o raciocínio ordenado e
fértil.”
Kierkegaard ensinou que “nada” ou quase nada é espontâneo, tudo tem seu
começo na experiência”.
Capítulo 8
Pela nossa querida experiência
Ao longo desses anos, tendo encontrado, analisado e ensinado milhares de
oradores dos mais variados tipos, podemos concluir:
a) O orador precisa ser emotivo para dar vida e saúde ao discurso,
entusiasmando a platéia.
b) O orador precisa desenvolver a imaginação e a criatividade para mostrar
até o mais tribial sob um ângulo interessante.
c) O orador precisa desenvolver a inteligência para apresentar idéias e
sugestões válidas, num tom atraente. Às vezes, ele deve se comportar como
um ator, fazendo rir e chorar e até como um trapezista apresentando um
espetáculo circense em determinados momentos.
d) O orador precisa ser um bom comunicador, enérgico e firme no falar,
hábil nas questões controvertidas.
e) O orador precisa ter autoconfiança para dirigir suas emoções e permitir
que as palavras sejam fluentes e os gestos enfáticos.
f) O orador precisa ser simpático para despertar sentimentos similares na
platéia. Simpatia, aqui, não significa rosto amistoso que acaba soando falso.
Um orador não pode se comportar como um vendedor nem como
animador de programa de televisão, mostrando sorriso pernóstico e
indecifrável. Além disso, é fundamental que a expressão do rosto diga
também o que as palavras estão dizendo.
O bom orador tem voz colocada, gestos treinados, olhar de confiança,
imagem esmerada e discurso cuidadosamente preparado.
O QUE FAZER PARA SE SAIR BEM AO FALAR EM PÚBLICO?
1. Faça uma auto-análise para desvendar quais os reais motivos que o
bloqueiam quando precisa falar para uma platéia ou grupo de pessoas.
Depois, estabeleça uma estratégia para superar esses problemas.
2. Procure fortalecer a autoconfiança. Grande parte das dificuldades de
expressão decorre do receio de errar e do medo de receber críticas.
3. Antes de cada apresentação pense em fatos positivos e nas conquistas que
você já obteve.
4. Para regular a voz adequadamente, mire de vez em quando as pessoas da
última fila e da primeira, principalmente no início e no final do
pronunciamento.
5. Estude bem o assunto e tente imaginar as perguntas e objeções que lhe
poderão apresentar. Deste modo, diminuem as chances de ser pego de
surpresa. Mas lembre-se, sempre pode aparecer questões novas, sobre as
quais você ainda não refletiu. Esteja preparado para encarar a situação com
naturalidade.
6. Leia o texto em voz alta, grave sua voz e, se possível, peça para alguém
servir de platéia para apontar aspectos que você deve aprimorar.
7. Se você fica apavorado só de saber que terá de fazer uma palestra na
empresa, procure se exercitar em ambientes fora do trabalho. Soltar a voz é
o primeiro passo.
8. É impossível fazer leitura em voz alta, contar estórias para filhos ou
sobrinhos, e até comparecer às assembléias do condomínio. Estas reuniões
são ideais para soltar a voz, testa o poder de argumentação e se preparar
para ouvir críticas às suas opiniões.
COMO DESTRUIR SUAS APRESENTAÇÕES?
Veja alguns modelos de maus comunicadores:
1. Tímido: fala em voz baixa e tropeça nas palavras. Parece pedir desculpas
por estar ocupando aquele espaço. Olha para o teto, para o chão ou para o
nada. Transpira e se esconde atrás da mesa. Segura chaves, canetas livros...
2. Egocêntrico: a palavra EU é a mais importante de seu vocabulário. Fala o
tempo todo do seu sucesso. Seu sorriso é profissional. Tudo nele é
estudado.
3. Erudito: fala difícil e usa às vezes palavras em desuso. Cita autores
famosos com frequência, mesmo sabendo que seu público não o
compreende. Emprega palavras estrangeiras e linguagem técnica, adota um
tom professoral.
4. Hipnotizador: expressa-se de um modo muito lento. Causa sonolência.
Quando formula o início do conceito, o público já advinha a conclusão.
5. Modesto: é aquele que sempre se mostra subserviente, valendo-se de
termos como: perdoem-me por ter roubado o tempo de vocês. Termino
aqui porque era só o que eu tinha a dizer.
6. Verborrágico: fala sem parar, costuma terminar as frases com questões
como: Estão me compreendendo? Entenderam? Está tudo claro?
7. Despreparado: sempre se tem a impressão de que para ele a palestra foi
uma surpresa. Não se preparou e não sabe o que dizer. Suas idéias são
confusas, suas transparências nunca estão na ordem certa e pouco
acrescentam.
8. Espalhafatoso: está sempre arrumando o cabelo e a roupa. Seus gestos são
exagerados. É praticamente impossível prestar atenção ao que ele diz.
EXERCÍCIOS
1. Procure fazer um curso de teatro ou dança. É uma ótima maneira de se
divertir aprendendo a linguagem do corpo.
2. Faça um discurso completo, com começo, meio e fim. Grave, escute
várias vezes e veja onde você pode melhorar o desempenho.
Nunca se sinta ridículo, pois o treinamento é ótimo para seu
aperfeiçoamento e melhorar sua expressão facial e corporal. Use toda a sua
criatividades. E aí, adeus timidez.
Capítulo 9
As três partes do discurso
Prólogo – Introdução
Logo – Desenvolvimento
Epílogo – Conclusão
Objetivo: assimilar a estrutura do discurso, para saber iniciar, desenvolver e
encerrar uma apresentação
DISCURSO?
Por discurso nós entendemos roda a ação de falar em público, limitada
mesmo ao momento de se apresentar.
Discursar é dizer alguma coisa com metodologia. Portanto, aqui, discurso
compreende o momento em que se começa a transmitir a mensagem até o
seu final; o discurso é mensagem em sim.
A ESTRUTURA BÁSICA DO DISCURSO
1º PARTE: INTRODUÇÃO
É o prólogo. No grego pró significa antes, e logos, palavras.
O prólogo no discurso é tudo o que vem antes da mensagem central. É a
introdução.
Na oratória latina a introdução é chamada de exórdio ou proêmio.
Segundo Cícero, a introdução deve ser trabalhada para atrair o ouvinte.
Para Quintiliano, o objetivo do prólogo é conquistar o público, para torná-lo
mais favorável, benévolo, atento e dócil.
É a primeira parte de apresentação que prepara os ouvintes para ouvir a
idéia mãe, essência da mensagem, contida na segunda parte do discurso.
Quando o orador inicia seu pronunciamento, o público está curioso e
atento. No começo ele deve dar uma idéia do assunto que vai tratar ou fazer
uma introdução a uma causa, diz o grande Cícero. Convergindo com essa
idéia vem Carl Rogers: “o início de toda apresentação velada ou pública é
para motivar os interlocutores”.
No início o orador deve conquistar o público, ganhar credibilidade, vencer
pessoas e circunstâncias adversas.
Se você quer mesmo ser um bom orador, comece toda apresentação
valorizando cada pessoa, com humildade, para que se forme uma imagem
positiva de você. Antes de comprar a sua idéia, o auditório tem que ter
comprado a sua imagem, as pessoas ali presentes precisam gostar de você.
Esta é a fórmula mais eficaz.
OS ERROS MAIS COMUNS NO PRÓLOGO
Iniciar com desculpas ou falsa modéstia:
Não sou eu o mais indicado.
Sou o mais humilde de todos.
Não sei porque fui convidado.
Insistiram para que eu viesse aqui hoje.
Serei breve, falarei pouco.
Apresentarei apenas três pontinhos.
Não sou orador.
Não tive tempo de preparar o tema.
Estes e outros erros muito usuais menosprezam o evento, descredencia o
orador e cria desgaste na relação dele com o público, causado pela
desconfiança de que pode estar diante de uma pessoa incapaz ou sem
representatividade.
Os mestres romanos ensinavam a não mostrar demasiada confiança no
prólogo, a fim de evitar o artifício, a sensação de engano.
Depois de colocar todo vapor na voz, nos gestos, na expressão facial e na
abordagem do tema o orador fica sem recurso para surpreender o auditório
quando quiser derrubar a monotonia.
Além do mais, o orador que não começa falando com certa timidez parece
atrevido e inconveniente aos olhos da maioria que não consegue falar em
público.
DICAS
1. Inicie mostrando respeito pelo público, reconhecendo a importância das
pessoas; fale numa altura média e use palavras simples em tom coloquial e
coloque a subjetividade a serviço da objetividade.
2. Não seja vulgar, erudito em excesso, prolixo, unilateral, personalista,
opinativo, brincalhão ao iniciar.
3. Prepare um prólogo bem conciso, apontando os principais tópicos que
serão abordados na continuação, para criar expectativa no público.
EXERCÍCIOS
1. Ligue um gravador e faça diversos prólogos diante do espelho. Ao escutá-
los no replay, vá se colocando no lugar dos ouvintes, analisando e
descobrindo onde pode melhorar.
2. Observe seu tom de voz. Gosta? Não gosta? Por quê?
3. Escreva o início de um discurso, procurando conquistar o leitor. Depois
leia várias vezes em voz alta, grave e analise com todo carinho.
2º PARTE: DESENVOLVIMENTO DO DISCURSO
(logos = a palavra)
É a hora da mensagem central, de apresentar a idéia mãe. Agora é tudo ou
nada. A vez do logus, da palavra em si, o momento em que o orador
apresenta o essencial do discurso. Na introdução criou expectativa no
público, agora tem que satisfazê-la, provocando afirmação por afirmação.
AS DUAS PARTES FUNDAMENTAIS
O desenvolvimento do discurso está dividido em duas partes:
Narração (exposição das idéias e fatos).
Prova (confirmação, negação e afirmação das idéias e fatos).
Para Quintiliano, o gênero de oratória forense é formado também pela
refutação das provas contrárias.
NARRAÇÃO CLARA
A narração é clara quando os termos são utilizados com propriedade, sem
empregar palavras comuns a muitos temas. Cada palavra deve ser bem
escolhida para que o corpo do discurso seja expressivo e descritivo.
Para imprimir força e energia ao discurso, o orador pode apresentar ângulos
imprevistos, exemplos contundentes, polemizar, intrigar e interrogar o
auditório.
PROVAS
Na introdução (prólogo) o orador já tentou conquistar o auditório
levantando uma visão geral da mensagem do discurso. Agora, no
desenvolvimento ele tem que argumentar para convencer o público.
Sim, vai provar tudo o que foi levantado, sem deixar dúvidas. Talvez seja por
isso que os antigos gregos diziam que a função primordial do orador é ser
persuasivo.
É o porque a parte essencial do discurso é a prova, o convencimento do
ouvinte. Aqui tem que ser convincente.
Quintiliano, já na era Romana, dividia a prova em duas partes: proposição e
partição.
A proposição é o princípio da prova e deve ser apresentada com
objetividade. A partição explica os pontos a serem abordados e deve ser
proporcional e justa.
EXERCÍCIOS
1. Escolha uma pessoa que você não gosta muito. Procure analisá-la com
profundidade. Escreva ou fale no gravador tudo o que objetivamente sabe
sobre ela: tamanho, cor, formação, residência, status, tudo. Mas não coloque
nada pessoal, opinativo.
2. Escolha uma pessoa que você gosta muito e faça a mesma coisa.
3. Selecione um assunto que você domina e prove o seu ponto de vista sob
todos os aspectos, tentando convencer pela força da lógica.
4. Faça o mesmo com um assunto que você nunca analisou. Desenvolva
uma pesquisa e se supere.
3º PARTE: A CONCLUSÃO
(epílogo = depois da palavra)
O epílogo, como num filme, é o encerramento, a conclusão. Tudo o que
vem antes do “the end”, do fim.
Vários autores chamam o final do discurso de peroração. Aqui o arador
deve emocionar o público para movê-lo à ação.
Na conclusão, pode-se recapitular os elementos mais importantes, enumerar
os tópicos anteriores. É a hora certa para erguer a voz, gesticular com energia
e dar o brilho que a oportunidade merece, tornando eficaz o trabalho de
todos.
TRABALHO DE PALCO
Uma vez, ao encerrar um show em Apucarana, Paraná, o cantor Fábio
Júnior, disse repetidas vezes: “Vamos lá, meu povo. É um prazer enorme
estar aqui no meio de vocês”.
E quanto mais ele repetia, mais pessoas aderiam, as palmas aumentavam e a
empatia também.
Os técnicos chamam isso de trabalho de palco. No meio artístico, trabalho
de palco se faz para motivar a platéia, para fazê-la vibrar. O artista mexe com
ela através de gestos e palavras emocionantes.
Talvez seja por isso que os líderes religiosos que mais fazem sucesso sejam
aqueles que mais empatia conseguem estabelecer.
Aí perguntamos para o mestre do trabalho de palco do Brasil, Roberto
Carlos, o que é trabalho de palco? Ele respondeu que é um recurso para
emocionar os presentes, favorecendo a participação individual. “Cada um é
único e tem que se sentir assim”.
Transpondo o conceito para a oratória, o palestrante deve também buscar
uma performance destinada a surpreender e emocionar os ouvintes. O
ponto básico do sucesso é a empatia com o público.
O APELO ÀS EMOÇÕES
O apelo aos afetos pode ser ético ou patético. O primeiro é uma forma
suave e comovedora. O segundo pega pesado, mexe fortemente com as
emoções da platéia.
A graduação deve ser crescente. Cada palavra, cada idéia vai elevando o
clima para demonstrar sua energia e veemência.
A função do patético é arrebatar. Não deixa nenhuma chance, acende as
emoções como um fogo.
Não se pode esquecer que as emoções são vibrações fortes, mas de curta
duração. Sobem e descem com a mesma facilidade.
Por isso, deve ser provocada na última parte do discurso. A emoção dá mais
brilho e vigor, comove a alma da platéia fazendo-a ter uma sensação de que
está num evento superespecial diante de um experimentado orador.
EXERCÍCIOS
1. Escreva ou grave um final de discurso. Tente levar alguém à ação
concreta, através da defesa ou ataque de uma causa, idéia ou pessoal.
2. Faça um discurso diante do espelho. Obedeça à lei do começo, meio e
fim, usando as técnicas ensinadas.
3. Reúna um grupo de pessoas que gostam de falar em público e forme uma
oficina de oratória. (Se quiser convide o autor deste livro para uma reunião
inaugural pelo e-mail: [email protected]).
4. Aceite compromissos para falar na igreja, na reunião da CIPA, do
sindicato, da associação de bairro, de um partido político.
5. Nos seminários e cursos que participar faça perguntas com naturalidade.
Capítulo 10
O roteiro do sucesso
“O difícil, como você já sabem, não é fácil”.
Vicente Matheus
A FÓRMULA SIMPLES
Para quase tudo na vida existe um caminho que alguém já percorreu. Com a
arte de falar em público não diferente. Nós vamos percorrer um caminho
deixado, há milênios, pela Escola de Filosofia Aristotélica da Grécia e
repetida pelos melhores autores em todos os tempos.
É uma fórmula infalível. Se usada com competência, leva tranquilamente o
iniciante ao sucesso na hora de se apresentar.
A fórmula é essa:
II + ACP + CV = BOA APRESENTAÇÃO
II = Introdução Insinuante (motivadora)
ACP = Apresentação Convincente das Provas (Idéia Mãe)
CV = Conclusão Vibrante (arrebatadora, leva à ação).
Saiba como iniciar e conduzir o discurso até o fim. Use palavras simples e
bem empregadas. Treine em casa.
A FORÇA DA CRENÇA PESSOAL
Os principais autores modernos aconselham os iniciantes na arte de falar em
público a sentir os sentimentos que tentam despertar no público.
Os antigos romanos afirmavam que aquele que chora, desperta o choro...
Um dia, preparando uma palestra aos aspirantes a artistas da TV e do teatro
que se reúnem periodicamente no Retiro dos Artistas, em Jacarepaguá, Rio
de Janeiro, perguntei ao jornalista Cid Moreira: o que é mais importante
para obter eficiência quando se vai falar em público?
Bruscamente o melhor narrador do Brasil respondeu:
– Acreditar naquilo que se diz.
É isso mesmo. Quando temos uma forte convicção conseguimos convencer,
porque transmitimos, além das idéias, nossa confiança, força e energia. O
pensador holandês, padre Eusébio van den Aardweg, dizia: “Palavras
emocionam, exemplos arrastam. Palavras ensinam, exemplos educam”.
Inclusive gerentes de vendas, usando a mesma técnica, aconselham seus
vendedores a primeiro venderem para si o produto, pois se estão
convencidos de seus benefícios conseguirão mais facilmente despertar
interesse nos clientes.
Portanto, continua sendo verdade o que escreveu Renato Russo:
“Mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira”.
Quem se inicia na arte de falar em público afirmando o que não acredita,
com certeza terá vida inútil na arte de encantar as multidões.
Falar em público é ocupar o tempo dos outros. É fundamental que se tenha
uma mensagem de força, que ajude as pessoas. Ocupar um lugar à frente é
prestar um serviço.
Certa vez, um homem afobado achegou-se ao filósofo Sócrates e sussurrou-
lhe aos ouvidos:
– Escuta, na condição de seu amigo, tenho alguma coisa muito grave para
dizer ao senhor. Mas tem que ser em particular...
– Espera! – disse o sábio com toda prudência. – O que você vai me dizer já
passou pelos três crivos?
– Três crivos? – Perguntou o visitante, espantado.
– Sim, meu caro amigo. Sem eles nenhuma informação vale a pena.
Observemos se a sua confidência é útil ou não.
– Quais são os três crivos?
– O primeiro, é o crivo da verdade: você tem absoluta certeza daquilo que
pretende me comunicar?
– Bem, assegurar mesmo, com toda garantia, eu não posso... Mas ouvi dizer
e.... então...
– Exato. Decerto você peneirou o assunto pelo segundo crivo, o da
bondade. Ainda que não seja real o que julga saber será pelo menos bom o
que você quer me contar?
Hesitando, o homem replicou:
– Isso não... Muito pelo contrário...
– Ah! Então recorramos ao terceiro crivo, o da utilidade, e notemos o
proveito desta sua comunicação.
– Útil!... – Aduziu o visitante agitado – Útil não é...
– Bem – retomou o filósofo num sorriso – se o que você tem a me confiar
não é verdadeiro, nem bom e nem útil, vamos esquecer o problema e não se
preocupe mais com ele, já que nada valem casos sem edificação para nós!...
Eis aqui a lição de Sócrates em matéria de maledicência. Falar bem, dizer a
verdade, com bondade, visando sempre o bem de todos. Esse é o destino
natural da oratória.
EXERCÍCIOS
1. Há olhares de alegria, de tristeza, de cólera ou de amor, de aprovação ou
de censura, de espanto ou interrogação. Treine diante do espelho cada uma
dessas expressões.
2. Olhe com firmeza o horizonte e reflita mentalmente: estou alegre (faça
expressão facial e olhar de alegria) estou triste (faça expressão facial e olhar
de tristeza) sei o que estou dizendo (faça expressão facial e olhar de
segurança).
3. Fale (discursando) olhando para o chão durante algum tempo, depois
olhando para cima.
4. Fale (declamando um poema) olhando coisas ou a paisagem, fixando o
olhar numa coisa de cada vez, consecutivamente.
Capítulo 11
Quanto mais a gente ensina
mais aprende o que ensinou
“As pedras que tropeçamos servem para alertar
Aqueles que vêm atrás de nós.
Tudo o que sabemos vem de tudo o que
aprendemos. A sabedoria é um patrimônio comum da humanidade.”
Fred Jorge
SABEDORIA
Nesta altura, você já deve concordar. Talvez nunca tenha duvidado. Para
desenvolver habilidades novas é preciso realizar mudanças.
Segundo esta parábola hindu, podemos encontrar três tipos de atitudes
frente às mudanças.
“Uma pedra lançada n’água vai ao fundo e lá permanece inalterável. Não dá
nem recebe nada; não se mistura. Quando muito, pelo contato com a água,
forma um lodo superficial depois de muito tempo.
Quando um pedaço de madeira mergulha n’água, vai se encharcando e
conserva o que embebeu.
Um punhado de sal, ao misturar-se com a água, logo se derrete; deixa de ser
o que era e ao mesmo tempo dá sabor.”
Consideremos como sendo a água os pensamentos e ações que se baseiam
na verdade e na sabedoria.
As pessoas com personalidade forte e convencidas que nada têm a aprender
são como a pedra. Em, sua intransigência e orgulho acham que são
exemplos para o mundo e que conhecem a verdade.
Essas pessoas não conseguem passar da introdução de um livro ou de
poucos minutos numa conversa profunda, verdadeira. São Indivíduos que
gostam de um convívio ameno, guiado Apenas por futilidades materiais e
grandes bebedeiras. Mas suportam as lições da vida e, entre bocejos e
cochilos, conseguem, quando muito, assimilar algo superficial, como o lodo
da pedra.
Outras pessoas, como a madeira e conforme sua porosidade assimilativa,
absorvem a verdade e se inflamam. Infelizmente, para na informação,
julgando que espiritualidade é o acúmulo de verdades e conhecimento.
Ignoram que a fé remove montanhas e que sem obra ela é morta.
Finalmente, uma minoria, como o sal, mistura-se aos novos conhecimentos e
transformam tanto a água como a si próprios numa nova composição. São
pessoas que evoluem a largos passos e deixam o rastro de suas experiências
por onde passam. Dão seu sabor ao conjunto social através do exemplo e o
preservam graças à sua humildade.
Pela iniciativa de procurar novas idéias neste livro, já podemos qualificá-lo
como sal. Nesta mesma perspectiva, aguardamos ansiosamente pela
oportunidade de vir a conhecer suas experiências, suas idéias e
pensamentos. Esperamos poder somá-las a estas páginas e presentear o
maior número possível de pessoas com mais riquezas sobre novas formas de
pensar e de agir.
Você pode nos encontrar 24 horas por dia, de qualquer lugar do mundo, na
Associação Brasileira de Desenvolvimento Humano ou no site
www.ferminoneto.com.br. Nossa especialidade é aproximar as pessoas que
desejam ser melhores. Aqui todos já sabem de uma coisa importante: a
única pessoa que nós podemos mudar somos nós mesmos.
ATÉ SEMPRE.
Nossa caminhada vai terminar daqui a poucos passos.
Parece que só quando chegamos ao final de uma etapa enxergamos que o
caminho a ser percorrido é in-fi-ni-ta-men-te maior.
A vida tem uma escada maravilhosa que nunca se acaba.
Quanto mais degraus subimos, mais certos ficamos que impossível alcançar
o último:
Parabéns. Você chegou até o final deste livro. Muitos pararam no meio do
caminho. E, desanimados, voltaram à estaca zero. Por quê?
É mais fácil encontrar pessoas desistindo das coisas, do que pessoas assim
decididas como você.
Por favor, nunca perca esta força de vontade. O mundo precisa de você aí,
no seu lugar, florescendo no colorido jardim da vida.
Vá mais longe. Releia tudo, leia outros livros, procure um grupo para
treinar... sobretudo, não perca nenhuma oportunidade de falar em público.
Não perca!
Por ter chegado até aqui, parabéns.
O mundo está repleto de gente que começa um livro e não termina.
Com toda essa energia, temos certeza, você, bem antes do que
imagina, estará entre os melhores.
Falar bem é fácil, deve ter notado. Assim como cantar e as outras
coisas boas da vida. São simples e fáceis.
Só nos resta desejar, bem no fundo do coração, que você esteja
cercado de pessoas maravilhosas como você. Para que a força de vontade
com que nasceu, tenha sabor de recompensa e seja operacionalmente a sua
base para o sucesso.
Porque, de nossa parte, desejamos-lhes todo sucesso possível.
Até sempre
“Que nas encruzilhadas desta vida,
possa a estrada certa levantar-se às suas costas.
Possa o sol brilhar quente em seu rosto
E as chuvas caírem macias em suas campos.
E até que nos encontraremos outra vez...
Possa Deus tê-lo mansamente na palma de sua Mão”.
Bênção irlandesa
Muito obrigado!
Bibliografia
1. Mattos, Carlos Lopes de – “FRANCIS BACON, DESCARTES,
SPINOZA”, Editora do Lar, Capivari, SP, 1987.
2. Mattos, Carlos Lopes de – “HISTÓRIA DA FILOSOFIA”, Instituto
Brasileiro de Filosofia, edição do autor, Capivari, SP, 1987.
3. Nietzsche, Friedrich Wilhelm, seleção de textos: Gérard Lebrun; tradução
e notas: Ruben Rodrigues Torres Filho – OS PENSADORES, Editor:
Victor Civita, São Paulo, SP, 1983.
4. Platão – “VIDA E OBRA”, Nova Cultural, São Paulo, SP, 1999.
Durante, Will – “A FILOSOFIA DE SCHOPENHAUER”. Tradução:
Maria Theresa Miranda, Ediouro, Rio de Janeiro, RJ.
5. Durante, Will – “A FILOSOFIA DE ARISTÓTELES”. Tradução:
Maria Theresa Miranda, Ediouro, Rio de Janeiro, RJ.
6. Durante, Will – “A FILOSOFIA DE EMANUEL KANT”. Tradução:
Maria Theresa Miranda, Ediouro, Rio de Janeiro, RJ.
7. Ferreira dos Santos, Mário – “PRÁTICAS DE ORATÓRIA”, Logos, São
Paulo, SP, 1965.
8. Neto, Fermino – “20 DICAS PARA FALAR EM PÚBLICO”,
Panamérica Editora, São Paulo, SP, 1986.
9. Neto, Fermino – “SOLTE A VOZ COMO OS PROFISSIONAIS”,
EME, Capivari, SP, 1988, 2ª edição, 1997.
10. Neto, Fermino – “COMUNIQUE-SE MAIS E MELHOR”, EME,
Capivari, SP, 1996.
11. Boal, Augusto – “200 EXERCÍCIOS E JOGOS PARA O ATOR E O
NÃO ATOR COM VONTADE DE DIZER ALGO ATRAVÉS DO
TEATRO”, Civilização Brasileira, São Paulo, 12ª edição, 1995.
12. Furini, Isabel Florinda – “PRÁTICAS DE ORATÓRIA”, Ibrasa, São
Paulo, SP, 1992.
13. Furini, Isabel Florinda – “SUPERAÇÃO DINÂMICA DA TIMIDEZ”,
Ler e Saber, Curitiba, PR, 1988.
14. Polito, Reinaldo – “GESTOS E POSTURA PARA FALAR
MELHOR”. Saraiva, São Paulo, SP, 8ª edição, 1990.
O PODER DA ORATÓRIA é uma prazerosa viagem para dentro de nós mesmos.
O PODER DA ORATÓRIA ensina técnicas modernas de comunicação e
empoderamento pessoal, infalíveis para os que dedicam, que exigem muito mais do que
lógica e objetividade, exigem um conhecimento de si mesmo e uma leitura inteligente da
vida e do mundo.
“Muitas vezes o tolo falha por considerar fácil o que é difícil e o sábio erra se
considerar o difícil o que é fácil”, escreveu Churtton Collins.
Para evitar esse engano fatal, é preciso autoconhecimento, busca de superação constante
e aprendizado permanente.