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Published by tracoechromo, 2019-06-04 20:42:59

O PODER DA ORATÓRIA

6) Dê ritmo, acentuação tônica e expressão as frase:

a) Um menino passou correndo agora.


b) A moça bonita desfilá quando passa.

c) Tenho mil razões para viver.


Repetir 8 vezes.




7) Leia um texto qualquer pronunciando bem detalhadarnente as
sílabas, acentuando as palavras chaves, variando o ritmo, a altura e a
tonalidade, facilitando a transmissão da mensagem.


Repetir 8 vezes.




8) Diga esta frase lentamente, dando uma paradinha antes da última
sílaba:


O principal defeito das pessoas que não treinam a voz tecnicaniente é
não pronunciar a última, ou últimas, sílabas após a sílaba tônica. E tenho

dito!

Repetir 8 vezes.




9) Repita:


Pégaso foi atrelado a um arado e revelou-se péssimo cavalo!

Repetir 15 vezes.




10) Diga primeiro cantando e depois falando:


Estou muito contente por estar ao seu lado.


Repetir 8 vezes.

11) Repita acentuando as palavras grifadas:


a) Alguém fechou a porta.

b) Alguém fechou a porta.


c) Alguém fechou a porta.

Repetir 8 vezes.




12) Fale durante 15 minutos olhando para o espelho, improvisando

assunto. Articule, acentue, se expresse dando ritmo e andamento com
inflexões variadas.




13) Diga esta frase com euforia diante do espelho:


Será o Benedito que o Benvindo Benedito, que eu não acredito
chamou de maldito o esquisito Expedito.

Repita 8 vezes.




14) Diga a mesma frase do exercício anterior como se estivesse

envergonhado, diante do espelho.

Repetir 8 vezes.





15) Diga a mesma frase do exercício 13 como se estivesse com raiva,
diante do espelho.

Repetir 8 vezes.




16) Diga a mesma frase do exercício 13 como se estivesse triste, diante

do espelho.

Repetir 8 vezes.

17) Diga a mesma frase do exercício 13 como se estivesse nem alegre,
nem triste, mas normal, diante do espelho.

Repetir 8 vezes.





18) Diga a mesma frase do exercício 13 ofegante, diante do espelho.

Repetir 8 vezes.




19) Diga a frase abaixo diante do espelho como se fosse iniciar um
discurso para especialistas:


— Meus amigos, o principal retorno do treinamento da voz é satisfação
pessoal. Usar corretamente a voz significa poder de comunicação no rádio,

na TV, em público e até na roda de amigos. Hoje, mais do que nunca, está
claro: comunicar é preciso!

Repetir 10 vezes.





20) Diga esta frase diante do espelho como se fosse encerrar um
discurso para especialistas:

— Meus caros amigos, o principal retorno do treinamento vocal é a

satisfação pessoal.

Repetir 10 vezes.




21) Di para si mesmo, olhando no espelho, como se estivesse se

reconhecendo: “até que você enfrentou os entraves da vida com bravura e
determinação”.

Repetir 8 vezes.

22) Diga lentamente e com pique: “Os homens fortes são mesmo
desafiados. Os homens fracos por qualquer coisa desistem, temendo o

dilema entre ganhar ou perder”.

Repetir 8 vezes.




23) Diga como se você fosse um líder religioso: “Pois eu vos afirmo

que muitos profetas e reis quiseram ver o que vedes, e não viram, e ouvir o
que ouvis, e não ouviram”. (Lucas 10, 24).

Repetir 8 vezes.





24) Repita este discurso de Tancredo Neves como se estivesse num
palanque: “... não vamos nos dispersar. Continuemos reunidos, como nas
praças públicas, com a mesma dignidade e a mesma decisão. Se todos
quisermos, dizia-nos há quase duzentos anos, Tiradentes, aquele herói

enlouquecido de esperança, podemos fazer deste país uma grande nação.
Vamos fazê-la”.


Repetir 8 vezes.




25) Declame emocionadamente este verso de Gonzaguinha: “quando
eu soltar a minha voz, por favor entenda, não se espante e cante que seu
canto é minha força pra cantar”.


Repetir 8 vezes.




26) Diga imitando Jânio Quadros: “Fí-lo porque quí-lo”.

Repetir 8 vezes.





27) Tente imitar o Pelé: “A situação do esporte é precária, mas a
precariedade é passageira”.

Repetir 8 vezes.

28) Tente imitar o Roberto Carlos: “São tantas as emoções que eu
trago no peito — acho perfeito — estar aqui, agora, com a voz encharcada de
sonhos como naquele instante dos lençóis macios. E eu estou aqui, vivendo

este momento lindo”.

Repetir 5 vezes.




29) Diga para si mesmo no espelho: “eu me amo: não posso mais
viver sem mim”. (Ultraje a Rigor)


Repetir 8 vezes.




30) Decore este verso de Chico Buarque, escolha um lugar ao ar livre
e diga bem alto, olhando o horizonte: “Só peço a você um favor se puder:

Não me esqueça num canto qualquer”.

Repetir 8 vezes.




31) Grave a sua voz numa fita cassete ou gravador de rolo, depois

escute repetidas vezes observando com calma.




32) Fique em pé, no canto de uma parede e declame, com
sentimento, versos de seu grande poeta preferido. Tente colocar bastante
musicalidade na voz.




33) Releia de vez em quando “O DESIDERATA” em voz alta — ouça

a gravação em que Cid Moreira interpreta este poema e vá comparando a
sua fala com a dele:


“No meio do barulho e da agitação, caminho tranquilo, pensando na
paz que você pode encontrar no silêncio, Procure viver em harmonia com as
pessoas que estão ao seu redor, sem abrir mão da própria dignidade. Fale a

sua verdade, clara e mansamente; escute a verdade dos outros, pois eles
também têm a sua própria história.


Evite pessoas agitadas e agressivas; elas afligem o nosso espírito. Não
se compare aos demais, olhando as pessoas como superiores ou inferiores a

você; isso o tornaria superficial e amargo. Viva intensamente os seus ideais e
o que você já conseguiu realizar. Conserve o interesse pelo seu trabalho, por
mais humilde que seja; ele é um verdadeiro tesouro, na contínua mudança
dos tempos. Seja prudente em tudo o que fizer, porque o mundo está cheio

de armadilhas, mas não fique cego para o bem que sempre existe. Há muita
gente lutando por nobres causas; em toda a parte a vida está cheia de
heroismo. Seja você mesmo, sobretudo não simule afeição e não transforme

o amor numa brincadeira. Pois no meio de tanta aridez ele é perene como a
relva. Aceite, com carinho, o conselho dos mais velhos e seja compreensivo
com os impulsos inovadores da juventude.


Cultive a força do espírito: você estará se preparando para enfrentar as
surpresas da sorte. Não se desespere com perigos imaginários: muitos
temores têm sua origem no cansaço e na solidão. Ao lado de uma sadia

disciplina conserve, para consigo mesmo, uma imensa bondade. Você é
filho do Universo, irmão das estrelas e árvores: você merece estar aqui. E,
mesmo que você não possa perceber, a Terra e o Universo vão cumprindo o

seu Destino... Procure, pois, estar em paz com Deus, seja qual for o nome
que você Lhe der. No meio dos seus trabalhos e aspirações, na fatigante
jornada pela vida, conserve — no mais profundo do ser — a harmonia e a
paz. Acima de toda mesquinhez, falsidade e desengano, o mundo ainda é

bonito!

Caminhe com cuidado e partilhe com os outros a sua felicidade.


Faça tudo para ser feliz!"

(O Desiderato, Cid Moreira, Edições Paulinas)




34) Leia em voz alta este artigo de Hélio Pelegrino, publicado no

Jornal do Brasil em 1985. Leia num tom de discurso:

No princípio é o sonho. E, depois dele mas implicando-o,
necessariamente —, é o contato, o contraste e o confronto com a estranheza

das coisas. O movimento humano se faz da fantasia para a concretude do

mundo. Temos que perder o macio inimaginável do sonho, sua diáfana
gentileza de pés de lã, para ancorar no concreto. Temos que saltar de pára-

quedas, na direção da realidade. Torna-se indispensável, nesta hora, um
aparelho minimamente capaz de amortecer o choque contra a terra: tranco
fundador. É, porém, ilusório supor que tal passagem possa processar-se sem

ruptura — e sem vertigem. Machado de Assis, do alto de sua ironia, garante
que é melhor cair das nuvens do que de um terceiro andar. Não estou
seguro de que este aforisrna possa adequar-se, com propriedade, ao tema

que examinamos. Os sonhos não são nuvens, mas a primeira pátria do
homem. Cair deles é literalmente — perder o paraíso, vicissitude com certeza
mais dolorosa do que partir uma perna, após a queda de um terceiro
pavimento.


O poeta, o ficcionista dão o salto do sonho para o signo
compartilhado. Existe, fora de dúvida, um sofrimento na agonia da criação
artística, na medida em que ela é um parto — e um nascimento. Pulamos do

avião, abandonando o grande bojo narcísico pela aventura de recortar em
palavras, imagens e metáforas aquilo que é nosso mistério original. Não
obstante, na dor universal desse processo de objetivação, por cujo

intermédio o ser humano se eventra, para conhecer-se, o artista fica com a
melhor parte. Ele consegue construir um sonho — ou um vôo — dirigido,
cujo destino se consuma na obra de arte. O artista conquista e preserva,
portanto, sua condição de fazendeiro do ar, permanecendo no território da

semiótica — lugar onde o humano se embriaga da insustentável leveza do ser.

As coisas, contudo, se tornam mais torturadas e tortuosas — quando se

trabalha a própria matéria da vida, na tentativa de fazer dela um sonho
dirigido. O concreto, fora de nós, é transcendente e, por isto mesmo,
terrível. Para segurá-lo — e domá-lo — é preciso abrir a guarda ou, mais

precisamente, a brecha por onde a morte entra. O real é o mysterium
tremendum, brasa viva que nos queima as mãos. O artista, com seu
uniforme de amianto, converte as grandes queimadas da montanha em
florestas de símbolos que ardem. As palavras promovem, com eficácia, a

encantação do mundo. Elas nos ajudam a elucidar o real na medida em que,
por afastar-nos dele, nos permitem conhecê-lo. A linguagem, em última
instância, tece os fios de nossa pertinência ao Cosmo. Ela é mediação

acolchoada de presenças ausentes, gentileza do Logos que nos poupa ao
grande espanto. Já os místicos, desmesurados essenciais, se aplicam com
indormida paixão à tarefa de encarar, no olho, a radiância do real. Eles

invocam e convocam, na solidão da noite, o vazio — abolição da linguagem —
, para albergar, no centro do vórtice espantoso, a presença

inimaginavelmente esplêndida do real — diadema do poder de Deus.

O artista, na sua aventura criadora, não chega a tanto. Ele é mais

modesto, enfrenta — sim — o real, mas simbolizado, mediado pelo signo. In
bac signo vinces: com este signo, vencerás. O artista se encomenda aos
poderes da linguagem, que aponta para o real, ao mesmo tempo que o
oculta. O real é o impossível — diz Lacan numa estocada de mestre. Ele é

silêncio, êxtase impronunciável, fornalha ardente da paixão de Deus,
aterradora e esmagadora. O artista, espécie de santo de segunda mão, fica
rasante à carnadura do real, aflorando-o sem deflorá--lo. A partir dessa

proximidade ao coração selvagem da vida, transportado de amoroso
espanto, ergue vôo, através da linguagem, no sentido de anunciar,
comemorar e elucidar — a suprema dignidade do real.


O artista pela palavra, dá notícia da realidade, fala da sua presença,
representa-a e, com isto, empalidece — ou amortece — sua desocultação. O
místico, ao contrário, pela brecha escancarada e vazia de sua liberdade, abre

lugar ao relâmpago do ser, não corroído pela função simbolizadora da
linguagem. A palavra é sempre, por um lado, defesa contra o real, defesa
legítima — ou legítima defesa. Ela nos permite contemplar as explosões

nucleares do Sol, mas com óculos escuros. Quem quiser não usá-los, nesta
emergência, corre o risco de ficar cego. Foi aliás, o que aconteceu a São
Paulo, no caminho de Damasco. Ele ficou siderado e fulgurado pela luz da
revelação do Real e, perdendo a visão, caiu — literalmente — do cavalo.


Lacan, sucessor da grandeza de Freud, desbravou tais questões com
inigualável densidade. Ele nos mostra que, através da função simbolizadora,
somos salvos da psicose — e da possibilidade do desastre psíquico. Nos casos

de neurose, por exemplo, existe um relacionamento, no inconsciente, de
conteúdos mentais já simbolizados ou representados. O neurótico, embora
possa assustar-se e, até mesmo, aterrorizar-se com seus sonhos, tem sempre

o recurso de acordar deles abrindo os olhos, seja literalmente, seja de
maneira metafórica, através de sua elucidação interpretativa. Os sonhos são
sempre estruturados como linguagem. Eles representam o desejo

inconsciente e, na pior das hipóteses, vão surgir à consciência como
sintomas.

No caso das psicoses, o problema é estruturalmente diverso. O
psicótico tem áreas de sua experiência psíquica que ele não simbolizou, nem

recalcou, mas foracluiu, segundo a terminologia lacaniana. O recalque
implica uma prévia atividade simbolizadora. Quando esta não existe, o
material rejeitado aparece à consciência sob forma real — não simbólica. A

psicose, portanto, é uma impossibilidade de sonhar. Quem canta, seus males
espanta — diz o velho brocardo. O sonho é, a seu modo, uma espécie de
canção tecida de imagens, que nos salva do excesso de realidade. O

psicótico, sem poder onírico, é soterrado por esse excesso e, sob seus
escombros, carente de canto, sucumbe ao peso dos próprios males.

O artista mestre no sonhar e no dizer — escapa a esse duro infortúnio.

Ele sonha e diz o seu sonho, e, nesta medida, ao conferir-lhe o cânon
apolineo da beleza domada, conquista-o, sublima-o, resolve-o. O artista
sonha de novo o seu sonho, quando o exprime, e, assim, consegue
transformá-lo em canto geral. Arte é sonho dirigido, ofertado à comunhão

dos homens, na medida em que paga o imposto da palavra para ingressar no
circuito de intercâmbio social. O artista, ao modelar o seu sonho, socializa-o,
insere-o no mundo, rompe sua abastança autárquica — e narcísica. Arte é

sonho compartilhado, comunicado, dialógico. Não resta dúvida, porém, que
o artista, ao transpor seu sonho para a linguagem de todos, sofre ai o
doloroso impacto da constrição a que o sujeita a ordem do simbólico. As
palavras e, de resto, quaisquer símbolos — são um código e uma álgebra.

Elas operam a partir das leis do discurso, através de signos que se põem no
lugar das coisas, sem a presença delas. Toda arte, portanto, é tingida de

ausência, e fala sempre de uma pátria perdida. Toda arte é exílio: canção do
exílio. Os poetas — Gonçalves Dias, Baudelaire, Manuel Bandeira — não me
deixam mentir.


(Carta a uma jovem poeta,

Helio Pelegrino, Jornal do Brasil,


28.02. 1985)

35) Interprete o poema seguinte, caprichando na marcação do ritmo e
na expressão do sentido de cada idéia. Escrevi quando estudava jornalismo

na Universidade Metodista de Piracicaba, numa quase homenagem a um
velho professor que se queixava muito da profissão:




Em deixando prá depois,


prá amanhã, prá depois de amanhã,

e depois outra vez prá depois,


sobressaltando, vou constatando,

tempo escoando,


e verificando que não li o livro,

que não vi o filme,


que não escrevi a carta,

não ouvi a música,


não dancei a dança,

não bebi o vinho,


não bordei o linho.




Deixando prá depois,


prá amanhã, prá depois de amanhã,

e depois outra vez prá depois,


sobressaltando, tempo escoando,

vou constatando que não caminhei a milha,


não pintei o quadro,

não doei a dádiva,


não criei a idéia,

não senti a fragrância,


não provei o sabor,

não amei o amor,


Em deixando prá depois

prá amanhã, prá depois de amanhã,


vou verificando que não consolei o aflito,

que não sorri o sorriso,


não cantei o poema,


não vislumbrei a luz,

não queimei o sol,

não testemunhei a verdade,


não matei a saudade.




Em deixando prá depois,


prá amanhã, prá depois de amanhã,

vou verificando que não vesti a toga,


não vibrei as cordas,

não rufei os tambores,


não teci a renda,

não toquei os sinos,


não entoei os hinos.




Em deixando prá depois,


prá amanhã...

descubro que não naveguei os mares,

não cinzelei o bronze,


não lavrei a prata,

não modelei o barro,


não lapidei a pedra.




Em deixando prá amanhã,

não escalei a montanha,


não ampliei o horizonte.




Em deixando prá depois,

prá amanhã,


não perdi o excesso de peso,


não abandonei o cigarro,

não diminui o álcool.


Em deixando prá depois,

não beijei o beijo,


não chorei o pranto,

não velejei o barco,


não pesquei o peixe,

não reparti o lucro,


não estendi a mão.




Em deixando prá amanhã,


não olhei o céu,

não alcei o voo,

não sonhei o sonho,


não plantei o trigo,

não colhi o fruto da terra,


não orei a prece,

não vivi a vida,


VOU PAGAR O PREÇO.




(DEIXANDO PRÁ DEPOIS,


Fermino Neto)



36) Interprete o texto do humorista Luís Fernando Veríssimo, dando

um tom de bastante alegria:




Certas palavras têm o significado errado. Falácia, por exemplo, devia
ser o nome de alguma coisa vagamente vegetal. As pessoas deveriam criar
falácias em todas as suas variedades. A Falácia Amazônica. A misteriosa

Falácia Negra.

Hermeneuta deveria ser o membro de uma seita de andarilhos

herméticos. Onde eles chegassem, tudo se complicaria.

— Os hermeneutas estão chegando!


— Ih, agora é que ninguém vai entender mais nada...

Os hermeneutas ocupariam a cidade e paralisariam todas as atividades

produtivas com seus enigmas e frases ambíguas. Ao se retirarem deixariam a
população prostrada pela confusão. Levaria semanas até que as coisas
recuperassem o seu sentido óbvio. Antes disso, tudo pareceria ter um
sentido oculto.


— Alô...


— O que você quer dizer com isso?

Traquinagem devia ser a preça mecânica.


— Vamos ter que trocar a traquinagem. E o vetor está gasto.

Plúmbeo devia ser o barulho que um corpo faz ao cair na água.


Mas nenhuma palavra me fascinava tanto quanto defenestração.

A princípio foi o fascínio da ignorância. Eu não sabia o seu

significado, nunca me lembrava de procurar no dicionário e imaginava
coisas. Defenestrar devia ser um ato exótico praticado por poucas pessoas.
Tinha até um certo tom lúbrico. Galanteadores de calçada deviam sussurrar
no ouvido das mulheres:


- Defenestras?


A resposta seria um tapa na cara. Mas algumas... Ah, algumas
defenestravam.

Também podia ser algo contra pragas e insetos. As pessoas talvez

mandassem defenestrar a casa. Haveria, assim defenestradores profissionais.

Ou quem sabe seria uma daquelas misteriosas palavras que

encerravam os documentos formais? “Nestes termos, pede defenestração...”
Era uma palavra cheia de implicações. Devo até tê-la usado uma ou outra
vez, como em:


— Aquele é um defenestrado.

Dando a entender que era uma pessoa, assim, como dizer?

Defenestrada. Mesmo errada, era a palavra exata.

Um dia, finalmente, procurei no dicionário. E ai está o Aurelião que
não me deixa mentir. “Defenestração” vem do francês defenestration.

Substantivo feminino. Ato de atirar alguém ou algo pela janela.

Ato de atirar alguém ou algo pela janela!


Acabou a minha ignorância mas não a minha fascinação. Um ato
como este só tem nome próprio e lugar nos dicionários por alguma razão
muito forte. Afinal, não existe, que eu saiba, nenhuma palavra para o ato de

atirar alguém ou algo pela porta, ou escada abaixo. Por que, então,
defenestração?

Talvez fosse um hábito francês que caiu em desuso. Como o rapé.
Um vicio corno o tabagismo ou as drogas, suprimido a tempo.


— Les defenestrations. Devem ser proibidas.

— Sim, monsieur le Ministre.


— São um escândalo nacional. Ainda mais agora, com os novos
prédios.


— Sim, monsieur le Ministre.

Com prédios de três, quatro andares, ainda era admissível. Até

divertido. Mas daí para cima vira crime. Todas as janelas do quarto andar
para cima devem ter um cartaz: Interdit de deferzestrer. Os trangressores
serão multados. Os reincidentes serão presos.


Na Bastilha, o Marquês de Sade deve ter convivido com notórios
defenestreurs. E a cumpulsão, mesmo suprimida, talvez ainda persista no
homem, como persiste na sua linguagem. O mundo pode estar cheio de

defenestradores latentes.




(DEFENESTRAÇÃO, Luís Fernando Veríssimo, O Analista de Bagé, 6ª
edição, Porto Alegre, L&PM)




37) Abra bem a boca p. fazer este exercício poético com a letra inicial

“a”:




Almas atormentadas

Amarguradas


acorrentadas a abrigos ancestrais

alcáceres arruinados


arcanos

ameaçadores


Ah! amores avoengos

amantes ardentes


agora apagados

acabados


aniquilados...

Acalmai


antigos apaixonados.

Afastai as águas abissais!


Ascendei às alturas aprazíveis.


Aguardai alegres acordes.

Arpejos aveludados.

Antífonas! Aleluias!


Alvo amanhecer advirá


a arrebatar.

Apaziguai


almas angustiadas!




(ALUCINAÇÃO,

Maria do Carmo Mendes de Andrade e


Souza, Jornal de Piracicaba, 25.06.95)




38) Dê vida e ritmo ao belo poema de Ari Camolesi:




Tudo é tão calmo... e tudo se agita


na calma tormenta do dia que passa.

E passos incertos pisando na praça,

que ouve lamúrias de um povo que grita


risadas de pranto, de sono e aflição...

As justas medidas de injustos encargos


pisando no pobre, com pesos amargos

que jogam a vida de cara no chão.




E vai-se a vergonha e vai-se o ideal.


E a luta do sonho com morte real


de quem se entristece com a praça deserta.



É hora do justo! É hora de alerta!


Quem sabe a alegria, a luz da esperança,


se acendam de novo no passo que avança.




(PASSOS,

Ari Camolesi, Apostila do curso de


técnicas de oratória do Senac, Piracicaba-SP)




39) Interprete de vez em quando este belo poema de Rubem Alves:




Sabes meu Deus:


Me perguntaram, com espanto, se era verdade que eu acreditava que
tu existias! E eu fiquei em silêncio, sem saber o que responder. Eu via,
naqueles olhos, um pedido de desmentido, como se o teu nome fosse uma
maldição, vergonha...


Pude compreender.

E que a Morte se apropriou do teu nome,


e o colocou na testa de cadáveres,

em pedras de túmulos,


teceu com ele mortalhas para corpos cinzentos

dos quais havia fugido todo desejo de viver.


Queixos de ferro sabem gritar o teu nome

enquanto mastigam as carnes dos mansos.





Também a Morte diz o teu nome com palavras litúrgicas,

e, se decretam silêncios,

e se anunciam proibições,


e se exigem abstinências...


O teu nome proclama a morte do desejo.

Mas há sempre aquele cheiro de coisas em decomposição, presente

nos paramentos sagrados e nas vozes taquarais pastorais...

Meu Deus, que é que fizeram com o teu nome?


Eu entendi o espanto: era o medo de que eu não mais pudesse ser
amado, se o teu nome morasse em mim. Como se dissesse:

“Por favor, me diga que suas asas não foram cortadas, que você ainda

ama penhascos e florestas... Me diga que o seu corpo continua ligado à
sombra das árvores, ao clarão da lua, às palavras de amor... Me diga que
seus olhos são mansos, sem sentenças...”


“Por favor! como poderemos caminhar juntos se não cantarmos os
mesmos cantos? Como poderemos dar as mãos se tivermos nomes

diferentes em nossas bocas?”

Me perguntaram se eu acreditava...

Acredito em tantas coisas. No sol, que acabou de descer. Em Vênus,

brilhante, sobre o azul poente. Nas montanhas, altar da terra. Neste quadro

na parede, árvores nuas. No sorriso da criança alegre. No pedido da criança
triste. Nesta canção que vem de algum lugar. Nas notícias que me trouxe esta

carta. Nas minhas mãos...

O corpo recolhe cores, sons, cheiros, gostos, carícias: dádivas do que

existe. Cada uma delas me toca, à sua moda. Eu as reconheço. Sei que estão
ali.

Mas há ocasiões em que as coisas vão, e o corpo fica à espera, no

vazio, porque nada há para se recolher: só aquela sensação de perda. Não
estão mais ali. Ausentes. O que há é a presença da ausência. Saudade.


Coisa mais bela e triste que um pôr-do-sol? É tão rápido. A gente vai
andando, sólido e despreocupado. Vê um pôr-do-sol e está perdido de novo
Jorge(Luis Borges). A noite pode ser muito triste. Fica alegre quando
sentimos que nela se aninha o amanhecer. Os antigos habitantes do México

nunca tinham certeza. Temiam que o sol se apagasse, para sempre, nas
águas do mar. Por isso lhe ofereciam sacrifícios de corações humanos, para
lhe dar vida. Para que o sol continue a existir é preciso que corações lhe

sejam oferecidos. Põe-se o sol e o coração é arrancado. No escuro fica o
vazio: adeus... Há Deus?...

Dão-me tristeza também os pinheiros solitários, no meio dos campos,

contando, na sua solidão, de tempos passados em que havia florestas que se
perdiam de vista. Falam dos pinheiros que não mais existem e que ainda
moram na memória, como fantasmas que assombram os vivos. Imagino que

se sentem como os velhos de quem a morte se esqueceu, e já não há mais
ninguém que os ouça e que os chame pelo nome. Desejam morrer. Restam,
em mim, imagens, palavras, que coloco bem ali onde meu corpo sente a dor

dos pinheiros que se foram: cenários interiores do desejo.

Também o Natal é assim. Já notou como ele é triste? Queremos que
tudo se repita: as mesmas canções, as mesmas bolas coloridas, os mesmos

cheiros, os mesmos bolos. Encontrei, numa loja, um pacotinho de plástico,
cheio de ervas, e a seguinte etiqueta: “Cheiros de Natal” Saudades
plastificadas. Ah! Se o passado pudesse ser ressuscitado! Então poderíamos
reencontrar aquele pedaço de nós mesmo que nos foi tirado. Natal/poente/

pinheiro sozinho: à sua volta, a aura de coisas que não existem.

Estou ouvindo o oratório “O Messias”. Meu corpo inteiro se alegra.

Fica leve enche o universo. Não, não estou ouvindo música que venha de

fora. Sinto que tudo mora dentro de mim. Mas, dentro em pouco virá o
silêncio. E eu ficarei triste, separado de um pedaço de mim mesmo. Terei

apenas, na minha boca, um nome para invocar. Direi o nome do que me foi
arrancado.


E olhe bem nos rostos, nos espelhos, nos retratos.

As marcas das despedidas.


Tristezas...

Meu corpo acolhe todos os sinais de adeus.


E ali, bem no lugar da ausência, onde as coisas que moram no meu
mundo deixaram as marcas da partida, construo um altar. Meu desejo diz
que a partida é triste, que deveria haver um reencontro. Gostaria de poder

acolher tudo no meu abraço, pôr-de-sóis, pinheiros solitários, natais tristes,
oratórios, rostos, como se eu fosse um grande pai, uma grande mãe...
Gostaria que minhas palavras fossem mágicas e que nada no universo se

perdesse. Meus braços são pequenos demais para mágica tão grande, e o
meu corpo se transforma então neste lugar sagrado, altar, onde este nome é
pronunciado, símbolo da nossa esperança da juventude eterna do universo.
E invoco o teu nome: Deus.


Não, não é o toque de mão que é o gesto mais terno. Antes do toque
há de haver as palavras: “Eu te amo...” É necessário que tenham sido
ouvidas, ainda que em silêncio.


Porque amo, desejo repetir. Uma vez só não basta...


Teu nome é minha declaração de amor ao universo, minha bênção,
meu gesto mágico...

Ainda que não existisses,


o teu nome estaria na minha boca...

Será que aquele que ama se esquece do nome da amada porque ela

partiu, para não mais voltar? Não serão os seus poemas, na dor da ausência,
mais belos ainda?


Teu nome é minha súplica eterna: quero reencontrar, no futuro as
coias belas que se perderam, no passado.

Altar onde oro pelo retorno: universo, cânon sem fim, melodia que se
repete, cada término um começo novo, permanente ressurreição de todas as

coisas...

(O ALTAR ONDE SE ORA PELO RETORNO, Rubem Alves)



3ª PARTE




A comunicação global








“O vencedor...

Ah, o vencedor?


A gente o conhece pela voz”.

Fred Jorge









Esquema corporal didático da comunicação global




A) POSTURA PESSOAL — Saber que imagem se quer passar


(roupa, olhar, caminhada, gesticulação, inflexão).

• sentado.


. em pé


• frente às câmeras.

• com diferentes microfones.


• na utilização de recursos eletrônicos.




B) RELAXAÇÃO — Relaxar-se através de exercícios específicos.
Estar relaxado em todas as situações: OLHANDO, VENDO E
ENXERGANDO.

C) RESPIRAÇAO — O pulmão cheio de ar é a base da expressão
vocal.


Respeitar a técnica de respiração, num movimento mecânico.

Respirar em público usando as emoções corretas para cada situação.





D) RESSONÂNCIA — Independente do timbre que se possui, o
exercício de ressonância melhora a voz dando maior amplitude.

É uma etapa anterior do comunicador, o aquecimento vocal.




E) CONHECIMENTO DO ESPAÇO — Travar o conhecimento

correto de cada espaço que se vai comunicar.

• Usar todos os sentidos, bastante concentração, estando com o nosso

consciente ligado.

• Fazer o menor esforço vocal, para que possamos usar com conforto
o nosso aparelho fonador.





F) PROJEÇÃO DA VOZ: Projetar a voz é se projetar num ambiente.

• Movimento circulatório visando a saída dos sons para conduzir ao
objetivo da fala.


• Passar sinceridade, clareza, sabedoria e as emoções desejadas.

• Conseguir agraçar sonoramente uma ou milhões de pessoas.


• Dar uma imagem certa de cada palavra.


• Colorir a comunicação, pintando o espaço sonoro.

• Falar frizando as palavras de maior valor.


• Pintar o “mapa da mina” falando.

• Fazer um marketing pessoal com a boa expressão da voz.


• Saber falar com o corpo todo.

• Utilizar o corpo como o cartão de visitas.


• Saber tirar muito prazer no ttto da correta comunicação.




Cada ser humano carrega a lua, a lua que merece.

Sua luz interior.


A comunicação pessoal é um meio de auto-afirmação e de nascimento
para alguma coisa melhor que o passado.


Estaremos prontos para falar bem e mostrar a nossa voz quando
sentirmos segurança ao nos comunicarmos em qualquer situação,
respeitando o tempo rítmico da platéia que está nos ouvindo, porque

quando falamos a voz não nos pertence, pertence a quem está nos ouvindo.

Quando os deficientes auditivos nos entenderem, e os deficientes
visuais visualizarem o que estamos transmitindo, estaremos nos

comunicando realmente.






Dinâmica, ênfase, andamento e ritmo







Em algum momento da história da televisão brasileira, alguém
imaginou que repórteres e apresentadores deveriam ser professores,

resultando daí uma linguagem didática, explicada e fria.

Quase sem exceção, os repórteres e apresentadores são formais e
lentos, muito lentos.


Além de mastigarem as palavras, acrescentam gestos compassados e
estereotipados em suas aparições como reforço de expressão.


O ideal de quem fala, para poder ser bem ouvido, é o tom coloquial e
nunca professoral. É fundamental que as palavras que compõem o texto do
repórter ou apresentador fluam normalmente, só se marcando as palavras

chaves desse mesmo texto.

Há, em primeiro lugar, um problema de ritmo e andamento. O nosso
andamento é pobre porque é constante. A batida é frouxa. Falta pique, É

necessário que não se confunda ritmo com velocidade. A variação de
andamentos determina o ritmo, e a variação dos ritmos enriquece a música
do texto.


Outro cuidado importante é com a dinâmica. Ela é o conjunto da pré-
ênfase e da ênfase. Parte do texto deve ter um tom preparatório para que se
chegue à informação principal. Se tudo é enfático, nada é importante.





FALE EM PÚBLICO
SEM MEDO



Falar bem, falar em público, falar sem medo é o que ensina este
manual oriundo da vasta experiência que o teólogo, jornalista e radialista

Fermino Neto possui como palestrante e "personal trainer" de inúmeras
personalidades e consagradas vozes brasileiras.


Ninguém melhor do que Fermino Neto para escrever sobre o assunto.
Suas credenciais, sua experiência, seu passado e sua vida nos dão a
segurança necessária para asseverar que hoje ninguém melhor do que ele

para discorrer sobre comunicação através da voz.

Falar bem em público, saber se apresentar, saber expor os pensamentos
separa o vitorioso do derrotado.


É certo que a maioria das pessoas, seja por timidez, seja por motivos outros,
trazidos desde a infância, não consegue sentir-se confortável diante de um

microfone, de uma câmera ou de uma filmadora. O medo de perder acaba
com a vontade de ganhar e através deste livro, certamente o leitor superará
tal dificuldade.


O filósofo dinamarquês Kierkegaard deixou escrito: “O maior perigo, o de
perder o próprio eu, pode passar desapercebido como se nada fosse; todas
as outras perdas, a de um braço, de uma perna, cinco dólares, etc. são
notadas”.

Não perca o seu próprio eu. Lei e releia. Faça das instruções escritas de
forma simples o meio para melhorar sua vida e sua apresentação na

sociedade.

Com admiração por tudo de bom que você constrói e ninguém vê.




Roldão Lopes de Barros


Advogado e Jornalista



O entusiasmo é a maior força da alma.




Pense nas pessoas que mudaram o mundo.


John F. Kennedy, Winston Churchill, Mahatma Gandhi, Franklin Roosevelt,
Thomas Jefferson, Madre Teresa de Calcutá e Diana, a inesquecível

princesa de Gales.

Pense naqueles e naquelas que mudaram o destino do Brasil.


Duque de Caxias, Regente Feijó, Getúlio Vargas, Carlos Lacerda, Ulisses
Guimarães, Franco Montoro, Luis Inácio Lula da Silva, Princesa Isabel,
Leonel Brizola, Antonio Carlos Magalhães, Mário Covas, Paulo Maluf,

Antonio Ermírio de Moraes, Paulo Setúbal.

O que essas pessoas têm em comum?


São mestres na arte da comunicação.

O poder de comunicação faz a diferença.


Ele separa o vitorioso do derrotado, e isso é tudo. Gera lideranças.

Elege políticos. Destaca celebridades. Promove profissionais.


Espalha o espírito de grupo e faz com que pessoas compartilhem a vida.


Mesmo nas profissões essencialmente técnicas, como a engenharia, a
mecânica e a informática, apenas 15% do sucesso financeiro do profissional
são devidos à sua habilidade técnica. Os outros 85% dependem da sua
capacidade de comunicação.


Estudos revelam que a comunicação humana alcança o seu ponto mais alto
na capacidade de falar em público. Esta capacidade é, ao mesmo tempo, um
produto do que somos e um dínamo que nos impulsiona. Através dela

podemos desenvolver muitas outras habilidades.

No entanto, esta é uma das maiores deficiências do mundo moderno. O ser

humano continua perseguido pelo fantasma da timidez. Uma pesquisa
realizada nos Estados Unidos pela equipe do Dr. Alan Loy Ginnis,
descobriu que os executivos, empresários e profissionais liberais têm mais

medo de falar em público do que de morrer.

É tão fácil falar ao público. Basta enfrentar a timidez, estruturar o discurso,
encarar as pessoas e soltar a voz.


É por isso que este livro está em suas mãos. Aproveitando a experiência,
graças a Deus, bem-sucedida como professor, conferencista, pregador,

repórter e consultor de empresas em mais de três mil grupos em todo o
Brasil, desde 1974 – o escrevi com todo carinho para você.

Devo agradecer muito. Dezenas de amigos, ex-alunos, membros da

Associação Brasileira de Desenvolvimento Humano, e especialistas das mais
diversas áreas do conhecimento, me ajudaram com todo tipo de críticas e
sugestões.


O resultado foi este livro em linguagem simples e atual.

Recheado de exercícios práticos. Exercícios que realmente levam à eficácia

no desenvolvimento da arte de falar em público.

Qualquer pessoa, com inteligência e força de vontade, pode, tranquilamente,

dominar as técnicas ensinadas neste livro.

Isso já aconteceu com milhares de pessoas.

Capítulo 1



Teste sua timidez





Se alguém lhe perguntar:


Por que você deseja tanto falar bem gesticular corretamente, interpretar com
destreza as próprias idéias, encarar as pessoas, procurar palavras excitantes e
olhar todo mundo com. determinação?


Responda com naturalidade:

– Sei .muito bem como quero levar a minha vida.


O caminho do sucesso pessoal tem um mapa. Você me entende?

O importante é saber:


O que você quer?

Em quanto tempo?


Como poderá chegar lá?




AUTO-ANÁLISE


Você alguma vez já falou em público?

Como se sentiu depois de ter falado ou de não ter conseguido falar?


Se você respondeu que jamais conseguiu falar em público não se desanime.
Milhões de pessoas estão na mesma situação.

Em 1996, a revista “Newsweek” entrevistou mais de duas mil pessoas norte-

americanas bem-sucedidas, a respeito de suas preferências e aversões.

E veja o resultado: 88% delas responderam que sentiam pavor quando

tinham que falar em público. Enquanto que apenas 41% responderam sentir
medo de morrer.

Isso não quer dizer que o medo da morte seja pequeno em todo mundo. Ele

tão grande que, analise o que acontece em Los Angeles, Estados Unidos. A

psicóloga Elizabeth Kubler-Ross, especialista no assunto, criou um curso
muito bem-sucedido para ensinar a morrer.


Pessoas com idade avançada, ou com alguma doença incurável, escolhem
aprender a morrer da melhor maneira possível. Decidem como será o

velório, que roupa cada uma quer vestir na ocasião, quais são seus
convidados para o enterro, os aperitivos a serem servidos e muitos outros
detalhes.


O momento mais importante deste curso é a avaliação. Para provar se
realmente a pessoa está preparada para morrer, a psicóloga pergunta:


– Se você tivesse que viver sua vida de novo, o que faria de diferente?

Todos responderam sempre do mesmo jeito:


– Arriscaria mais.

É incrível como descobrimos no cotidiano pessoas com medo de
experimentar novas maneiras de pensar e de agir.


Imagine que você tenha chegado aos 80, 90 anos de idade, e alguém lhe
perguntasse:


– Se tivesse que viver sua vida de novo, o que faria de diferente?

A resposta, certamente, seria:


– EU ARRISCARIA MAIS.

Daí nasce a pergunta definitiva: Por que esperar a idade avançada para se

arrepender do que não fez?

Arrisque agora. Mude o que precisa ser mudado.


Comece hoje.

O medo de perder acaba com a vontade de ganhar. Falar em público é bem

mais empolgante do que o arrependimento no fim da vida.

Fale em público sem medo.

MEDO DE QUÊ?




O filósofo dinamarquês Kierkegaard deixou escrito: “O maior perigo, o de

perder o próprio eu, pode passar despercebido como se nada fosse; todas as
outras perdas, a de um braço, um aperna, cinco dólares etc. certamente são
notadas”.


Este é o principal tropeço do ser humano. O pior entrave à interação ativa
de uma pessoa no meio em que vive.


As pessoas têm capacidades inacreditáveis. Porém, estão vazias. Vivem
despersonalizadas e sofrendo. Elas procuram pela auto-estima perdida.


O medo de falar em público, quase sempre, revela o mais triste dos medos,
o medo de si mesmo.

Somos normóticos anônimos. No meio da multidão aspiramos ser apenas

normais, uns iguais aos outros. Tremendo de medo de se comprometer.

Cada vez menos se vê pessoas tentando ir além. E, como disse Burt

Lancaster: “Só pessoas muito especiais vão além do normal”.

Precisamos enfrentar os obstáculos. Ultrapassar limites. Vencer o
comodismo e a timidez.







EXERCÍCIOS




1. Pense no que hoje parece impossível em sua vida, mas que se fosse
possível mudaria fundamentalmente o seu modo de viver.


2. Coloque no papel algumas coisas que dificultam o seu dia-a-dia.


3. Coloque no papel algumas coisas que facilitam o seu dia-a-dia.

Não se esqueça: você tem potencial, mas precisa conhecer melhor a si
mesmo, se valorizar superando os próprios limites.

VEJA SE VOCÊ É TIMIDO:




A timidez é um sentimento. Um sentimento que pode ser alimentado ou
eliminado.


O mais importante para quem deseja eliminar a timidez é admitir com
naturalidade este sentimento. E saber exatamente em que situação ele se
manifesta.


No momento de falar em público, a timidez é uma triste companhia.

No entanto, reconhecer os seus efeitos (sintomas) pode ajudar a combater as

suas causas.




SINTOMAS DA TIMIDEZ




Assinale de acordo com a sua realidade

( ) Gagueira


( ) Tremedeira

( ) Sudorese


( ) Ansiedade


( ) Brancos

( ) Dificuldades de falar em público

( ) Dificuldade de ouvir


( ) Problemas de relacionamento com outras pessoas


( ) Quando conversa, não olha para os olhos da outra pessoa.

EXERCÍCIOS




1. Releia os sintomas que você assinalou. Analise cada um deles bem
devagar. Tente lembrar das situações concretas de vida em que você os

percebeu. Enxergue tudo com nitidez, em detalhes: local, pessoas ao redor,
você, suas ações e reações, enfim, tudo.


2. Comece desde a sua infância. Descreva algum fato ocorrido e analise.

3. Para cada situação concreta de vida que você acabou de analisar procure
uma alternativa contrária, mais positiva. Responda: o que teria acontecido se

aquele momento não tivesse marcado tanto você?

4. Pense num fato acorrido que você tenha gostado muito. E fique bastante

tempo pensando nele. Depois analise: e se ele tivesse acontecido ao
contrário?

5. Pense nos valores da educação que você recebeu.


Reflita sobre eles. Reveja os seus conceitos.




CAUSAS DA TIMIDEZ




Você já sabe onde e quando a timidez assalta o seu comportamento.


Está na hora de aprender a relacionar estes sintomas às suas causas.

Para resolver um problema como a timidez, não basta combater os seus

efeitos. É preciso enfrentar as suas causas.

De acordo com as situações concretas de vida que você assinalou acima,
analise as seguintes alternativas e escolha com espírito crítico.


( ) Tive experiência malsucedidas na infância, adolescência, juventude?

( ) Minha educação foi excessivamente repressora ou liberal?


( ) Sinto-me sem experiência na função ou local em que trabalho?


( ) Desconheço as minhas qualidades e habilidades profissionais.

( ) Sou demasiadamente perfeccionista?


( ) Sinto complexo de inferioridade?

( ) Sinto complexo de superioridade?




EXERCÍCIOS




1. Releia cuidadosamente as causas assinaladas. Reflita sobre cada uma delas

e analise: o que poderia ser de você se não tivesse passado por isso?

2. Relacione as alternativas assinaladas no item Sintomas da Timidez às
causas apontadas por você. E se pergunte com total sinceridade: Serei capaz

de romper com as amarras do passado? Quero ou não quero nascer de
novo? Já me sinto em condições de abrir os braços e voar em direção ao
infinito?


3. Fique diante do espelho e olhe demoradamente os seus olhos. Curta o
seu rosto como nunca tivera feito antes. Eleve o pensamento para dentro da

própria consciência e respire fundo. Sorria com ternura e imagine que não
há rei nem rainha mais importante que você. Agradeça o dom da vida e
assuma o compromisso de nascer a cada dia para alguma coisa bem maior
que o passado.


4. Analise profundamente. Escreva num lugar em que possa ler de vez em
quando: A FALICIDADE VEM A MIM ATRAVÉS DAS PEQUENAS
COISAS.





Sabe quem pode fazer a sua vida melhor?

Sabe quem pode modificar os seus hábitos?


Sabe quem pode melhorar a sua comunicação?

Sabe quem pode fazer você feliz?


VOCÊ – VOCÊ – VOCÊ. Só você.

Este livro quer lhe ajudar, mas quem deve fazer as transformações dentro de
você é VOCÊ mesmo. A vitória é sua.


Por isso, se você conseguiu fazer este exercício com sucesso, este livro já
valeu a pena.




O QUE VOCÊ QUER?




Decida agora em busca de quais habilidades você está, ao percorrer as

páginas deste livro.

( ) Quero ter habilidade de me fazer entender e de ouvir melhor as outras

pessoas.

( )Quero falar em público, sem fugir do microfone.


( ) Preciso manter a atenção de todos, com bom humor, lucidez e
raciocínio.

( ) Quero coordenar melhor os gestos.


( ) Minha voz precisa ser mais clara e bonita.


( ) Quero crescer na auto-estima.




EXERCÍCIOS I




1. Releia as habilidades selecionadas. Analise detalhadamente cada uma
delas. Não tenha pressa. A pressa continua inimiga da perfeição.


2. Escolha as três habilidades que você acha mais importante e urgente na
sua vida.


3. Coloque as três habilidades que você escolheu nesta ordem: terceiro,
segundo e primeiríssimo lugar.

4. Por que?

Chegou a hora de agir, sabe por onde começar? É claro que sim. Comece
pela habilidade que acabou de escolher, a número um.


Tente quanto tempo for preciso. Insista. Observe. Repita os exercícios. Erre
à vontade. Pergunte. Mas não desista. Você só não vai chegar onde quer, se

desistir.

Não se violente. Ataque um problema de cada vez. São Francisco de Assis
dizia: “Se você quiser servir a Deus, faça poucas coisas, mas todas elas bem

feitas.”

Se você quer acertar na vida, não chute para todos os lados. É preciso ter

clareza quanto aos objetivos e tenacidade para agir.

Lembre-se do que ensinou o poeta D´Orange: “não há vento favorável para
quem não sabe onde vai”.




EXERCÍCIOS II





1. Ao longo da vida, você já deve ter melhorado em diversos aspectos.
Escreva todas as suas mudanças positivas.

2. Escreva agora o que você ainda não conseguiu mudar.


3. Concorda que a presença ou ausência do seu estímulo, da sua força de
vontade, criatividade e persistência faz a diferença?


O maior benefício que podemos fazer aos outros não é dividir nossos
talentos. É mostrar os próprios talentos.




ONDE A TIMIDEZ ATRAPALHA O SEU PROGRESSO?




Não precisa ter pressa. A vida é uma escola. Ensina aqueles que são

observadores e persistentes.

Você vai vencer a timidez.

Comece agora. Analise o seu comportamento e desenvolva habilidades em
três níveis: Psicológico, físico e técnico. Vai ver como é fácil enfrentar os

desafios seguindo o roteiro a seguir.

Porém não se esqueça do que Raul Seixas cantou:


“Basta ser sincero e desejar profundo. Você será capaz de sacudir o
mundo.”




NÍVEL PSICOLÓGICO




Análise do comportamento.


Estes problemas podem ser superados com esforço próprio ou com ajuda
de um profissional. Coloque S quando for sim, e N quando for não.


( )Você se julga uma pessoa tímida?

( ) Consegue olhar nos olhos das pessoas quando fala?


( ) É capaz de fazer um improviso com naturalidade?

( ) Fala com energia e força quando necessário?


( ) Às vezes sente frustração por não ter dito algo numa reunião ou numa
palestra?


( ) Quando fala, sente seu corpo (mãos e pernas) tremer?

( ) Consegue vencer as dificuldades iniciais e se dominar?


( ) Mesmo você tendo planejado, as idéias lhe fogem (dá branco)?

( ) Fala muito alto?


( ) Fala com naturalidade com pessoas de nível hierárquico superior ao seu?

EXERCÍCIOS




1. Separe as alternativas que você colocou SIM das que colocou NÃO.


2. Analise cada uma. Porque sim? Porque não?

3. Quer fazer alguma alteração?


Do ponto de vista psicológico você já sabe onde atacar. Não sabe?




NÍVEL FÍSICO




Análise do conhecimento e do domínio das técnicas para falar ao público.

A consciência de si mesmo vai se avolumando. E mesmo que você ainda

não consiga perceber, a timidez vai se despedindo e o universo conspirando
mais e mais a seu favor.


Aqui não estamos ancorados apenas no terreno das habilidades humanas, já
cogitamos a respeito das qualidades individuais.

O nível físico é, com certeza, uma ferramenta que ajuda a melhorar a

imagem pública da pessoa. Para os outros, nós somos aquilo que parecemos.

Selecione as qualidades que você sente que tem.


( ) Você tem boa voz?


( ) Fala com clareza?

( ) Tem bom volume de voz?

( ) Faz variações de tonalidade?


( ) Tem vícios de linguagem? (“né”, “ta”, “certo”, “entendeu”, “a nível de”)
etc.


( ) Domina bem seu corpo quando fala?


( ) Tem postura agradável e sem afetações?

( ) Coloca as mãos no bolso?

( ) Cruza as mãos na frente ou atrás do corpo?


( ) Cruza os braços?

( ) Coloca as mãos na cintura? (tipo açucareiro)


( ) Fica com os cotovelos grudados no corpo e apenas faz alguns
movimentos repetitivos?


( ) Sorri e é simpático quando fala?




EXERCÍCIOS




1. Separe as respostas SIM das NÃO. Analise detalhadamente cada uma
delas.


2. Escolha duas respostas SIM e duas NÃO. Comece a melhorar as suas
qualidades ao longo dos seus dias, em cada chance de relações humanas.




Tudo pode ser aperfeiçoado: a voz, a postura, os gestos, a consciência de si
mesmo e do mundo.


Gostar da própria voz, zelar pela postura corporal e se impor socialmente –
são passos fundamentais para se manter no caminho da auto-estima e da
realização pessoal.


Mais adiante voltaremos a este assunto.




NÍVEL TÉCNICO




O primeiro nível, o psicológico, ensinou a buscar uma permanente, mas

deliciosa superação pessoal. Depois o segundo, o nível físico, apontou as
qualidades e os defeitos que você possui para viabilizar o inviabilizar o seu
projeto de falar ao público sem medo.


Agora entramos no terceiro nível, o técnico. Ele é tão simples quanto aos
outros. Diz respeito à sua apresentação propriamente dita.

Coloque S quando for SIM e N quando for NÃO.


( ) Você consegue organizar suas idéias para uma apresentação?

( ) Sabe como começar, desenvolver e terminar uma apresentação?


( ) Tem um bom vocabulário?

( ) Fala com musicalidade e naturalidade?


( ) Seria capaz de enfrentar com naturalidade um microfone (auditório, TV,
rádio, entrevista)?


( ) Consegue fazer palestras persuasivas e envolventes?

( ) Sabe ouvir as pessoas?


( ) Admite que as pessoas de sucesso normalmente falam bem melhor que
as outras?




EXERCÍCIOS




1. Analise as respostas SIM.


2. Analise as respostas NÃO.

3. Compare umas com as outras.


4. Escolha duas de cada uma. No que você já estiver bem, procure melhorar
ainda mais. No que estiver bem, abra caminhos para chegar lá.


5. Elimine os reforços que estiverem mantendo o comportamento
indesejado.

Na arte da comunicação ninguém é PHD, nem analfabeto. A diferença é

que uns desejam mais intensamente que os outros. É por isso que na vida
enquanto os vencedores comemoram, os perdedores se justificam.

Capítulo 2






A expressão verbal na vida diária





Vendendo uma imagem positiva de si mesmo




MUITO ALÉM DA TIMIDEZ




Foi graças à disposição de aprender que tomei conhecimento do benefício
que a capacidade de falar em público pode trazer tanto profissional quanto
socialmente.


Circulava pela Avenida Sernambetiba, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro,
olhando carinhosamente o azul do mar. De repente, o jornaleiro:


– Vai um aí, meu camarada?

Olhei firme para o companheiro da caminhada. Ele é um ator conhecido,

trabalha na Rede Globo. Com toda educação folheamos aleatoriamente
aquela imensa edição de domingo. E ele, então, concluiu:

– Vamos ajudar este garoto?


– Vamos sim! – Respondi.

Ele arrancou o dinheiro da meia e pagou.


Só retornando ao apart-hotel, fomos dar conta. A vida estava nos oferecendo
uma grande oportunidade.


Aquele jornal havia registrado, com brilhantismo, uma pesquisa com
empresários, executivos e profissionais liberais sobre os prejuízos causados
pela timidez e pelo medo de falar em público.


Ali descobrimos que a alma de todo e qualquer negócio é o poder de
comunicação. E que desenvolver essa maravilhosa habilidade há muito

deixou de ser obrigação apenas dos políticos, tribunos, líderes religiosos,
radialistas, atores e cantores.


Hoje todos dizem a mesma coisa: os produtos e serviços valem o quanto o
profissional se comunica.


E, numa esfera mais ampla, falar corretamente em público, é, sem dúvida,
uma habilidade essencial, a expressão máxima do poder de comunicação.


Investir nesta área, segundo as principais empresas de Recursos Humanos
do mundo, continua sendo um dos passos mais importantes da vida.




APRENDENDO COM OS ERROS DOS OUTROS




Meses, quem sabe anos, de empresa, trabalhando direitinho.


De repente, surge uma oportunidade irrecusável. Daquelas que só acontece
uma vez na vida.

Porém, para abocanhar o novo espaço é necessário falar de vez em quando

para uma platéia de centenas de pessoas. Gente conhecida: funcionários,
clientes, fornecedores. E daí?


Parece fácil. É só chegar e falar. O profissional sobe no palco e vê centenas
de pessoas esperando que ele diga algo atraente.

Tudo pode acontecer. O que acontece justamente nessa hora em que

precisa brilhar? Ele trava?

A vontade é que um buraco se abra para afundar no chão e desaparecer.


No entanto, ele, mais do que ninguém, sabe que o seu futuro profissional
depende do sucesso naquele instante. Ganhar mais, desenvolver novas
habilidades, ter outras chances, enfim, ser reconhecido profissionalmente

para oferecer uma qualidade de vida melhor à família.

Cuidou de tudo o que até o presente momento sabia que era essencial para

ser bem-sucedido na carreira. Mas numa quase fatalidade, estava ali no
palco, despreparado, inseguro e tremendo diante do auditório.

Sim, aprender a falar em público era também essencial e ele não sabia. O
mercado mudou bruscamente e ele estava nadando em velhos paradigmas.

Coitado... Tremia, gaguejava, virava os olhos, suava, como que perguntando:

– E agora?


A capacidade de interagir socialmente pela boa comunicação há tempos já é
tão fundamental quanto a competência profissional e o caráter.


A timidez e o despreparo na hora de falar em público – têm comprometido
a carreira de muita gente boa.




A CORAGEM DE FALAR




Na hora de falar ao público, tentamos disfarçar até com palavras e olhares
fortes, a nossa insegurança. Mas, lá no íntimo, duas perguntas continuam

sem resposta:

– Por que justamente eu tenho que sentir tanto pavor de estar à frente das

pessoas? Isso não poderia ser normal para mim?

Ah, quanto sufoco!


De repente, chegou a hora. Não há mais como fugir.

Temos de nos levantar, subir ao palco (palanque, púlpito, tribuna ou júri) e
falar.


Tremedeira, gagueira, medo – com certeza não são, neste instante, os nossos
melhores aliados. Porém, estão ali, hospedados em nosso pobre, coração,

descontrolando aceleradamente as emoções, o raciocínio, os gestos, a
postura e o olhar.

O desespero quase sempre toma conta quando perguntamos para nós

mesmos em voz muda:

No que vai dar tudo isso?


Serão compreendidas as minhas idéias? Apoiadas pelos presentes?
Rejeitadas? Discutidas?


Como fazer para sair vivo de uma tentativa de persuasão à platéia?

Estes, porém, não são os únicos problemas do momento:


A minha voz está adequada? Os gestos, eloqüentes? O discurso terá
começo, meio e fim?

Como passar de vítima para agente do processo nessa hora?


Tudo pode acontecer na vida, menos o fracasso.


Quando era apenas apostila dos seminários e cursos que damos em todo o
Brasil, este livro ajudou milhares de pessoas a responder com determinação
a cada uma destas perguntas. Perguntas cruciais para quem precisa abraçar
melhores oportunidades.


Há os oradores que já nasceram com este dom. São pouquíssimos. Há, no
entanto, os oradores que se fazem. Estes não são tão poucos assim.


Qualquer pessoa pode desenvolver a arte de falar em público.

Três qualidades, porém, o iniciante em oratória deve ter para sair-se

vitorioso: autodisciplina, persistência e senso de observação.




SÓ A PRÁTICA TRAZ A PERFEIÇÃO




Ao longo deste livro selecionamos exercícios práticos que você deve fazer
repetidas vezes para garantir o resultado que deseja.


Por meio deles estimulamos a autoconfiança, para que o aprendiz de orador
consiga pronunciar melhores discursos.




O ESFORÇO COMPENSA?




Claro que sim.


Exercite seu autodomínio. Aqueles que dominam a palavra, seja por dom
natural ou comportamento adquirido, podem influir sobre indivíduos e
grupos, demonstrar, persuadir, esclarecer idéias, comprar mais barato,

vender mais caro, justificar práticas e conceitos, na vida particular, social,
profissional, religiosa ou política.


Através da palavra, podemos criar amigos ou inimigos, clientes ou
concorrentes.


Através da palavra falada, podemos esmagar a oposição. Assim como o uso
incompetente dela poderá nos criar sérios problemas.


Dominando a técnica da oratória, podemos informar, defender, refutar,
acusar, atacar, realizar discursos políticos ou falar com propriedade num
jantar, homenagem, recepção, despedida, acolhimento ou troca de

experiências.




EXERCÍCIOS




1. Deite-se num lugar confortável, feche os olhos e fique imaginando (vendo)
você falando para um grupo de pessoas. Procure formular imagens claras,
coloridas, nítidas: você falando e a platéia ouvindo. Veja tudo, nos mínimos

detalhes, até as mãos das pessoas batendo palmas para você. (Observação):
Faça isso durante dez dias ao se levantar ou um pouco antes de dormir.

2. Tente melhorar a qualidade do seu diálogo com os outros no dia-a-dia:

Selecione os assuntos, inicie e encerre a conversa quando quiser. Depois
analise a sua performance.

3. Pratique o tempo todo, o dia inteiro.


4. Pratique tudo com naturalidade. Evite o exibicionismo.



Capítulo 3





Cultivando o espírito de vitória





MUITO PRAZER, DEMÓSTENES!




Estamos falando do melhor orador da Grécia, em todos os tempos.

O primeiro discurso dele foi trágico, um fracasso.


O homem subiu na tribuna e falou hesitante, foi vaiado e desceu
terrivelmente envergonhado, cabisbaixo.


Estamos falando do filósofo Demóstenes, um pensar com muitas idéias na
cabeça que não sabia falar em público.

Mas com disciplina e inteligência, tornou-se, aos poucos, o melhor orador

da Grécia e o primeiro a sistematizar a técnica da oratória.

O triunfo de Demóstenes foi fruto do esforço. E quanto esforço!


O caminho percorrido pelo orador grego pode servir de guia para qualquer
pessoa que sinta o desejo ou necessidade de falar em público. O requisito
mínimo é a perseverança de estudar e aplicar as técnicas.





AS LIÇÕES DO GRANDE ARISTÓTELES




Em sua “RETÓRICA” Aristóteles afirmou: “Todos os homens se
empenham dentro de certos limites em submeter a exame ou defender uma
tese, em apresentar uma defesa ou acusação.”


Acontece que a maioria o faz ao acaso, outros possuem determinada
experiência ou disposição, mas o filósofo assinala que este alvo poderá ser
atingido obedecendo “um método determinado”, investigando teoricamente

as causas do êxito dos oradores.

Existem oradores responsáveis que investigam um tema com dedicação até
obter um conhecimento profundo, porém, no momento de transmiti-lo aos

outros, falham, ficando com uma sensação de incompetência e derrota.
Essas pessoas perguntam:


– Onde está o meu erro?

Tudo começa a melhorar quando o orador tenta descobrir onde está o seu
erro. Uma vez detectado, qualquer erro pode ser corrigido mediante força

de vontade.

Foi isso que aconteceu com milhares de oradores na história do mundo que

não nasceram com o dom da oratória, mas desenvolveram habilidade para
falar em público.

No caso do filósofo Demóstenes ele tinha um amigo, artista de teatro, que

lhe deu inspiração para achar o caminho do sucesso. Explicou que o seu
discurso não era defeituoso, porque o conteúdo era interessante. Mas a
forma pela qual expressou teria que ser diferente.


Demóstenes nunca esqueceu a indicação do seu amigo. Diz-se até hoje que
seus gestos eram exagerados, ora colocava as mãos sobre o rosto, ora voltava
a cabeça para um lado ou outro.


Mas Demóstenes aprendeu a dominar e a comover o auditório. Como?
Com bastante sacrifico.


O orador grego chegou a colocar pedrinhas na boca e até a gritar acima dos
ruídos das ondas do mar para melhorar a dicção defeituosa e soltar a voz.


Chegou a isolar-se por meses numa caverna para praticar. Lá costumava
fazer só a metade da barba para obrigar-se a evitar o contato com outras
pessoas para conseguir estudar mais.


Foi assim que Demóstenes se tornou o maior orador de todos os tempos na
terra dos grandes oradores.


Quando perguntaram para Miyamoto Musashi como seria mais fácil vencer,
se com espada longa ou curta, ele respondeu:

– Não é a espada longa nem curta que dá a vitória, somente o espírito de

vitória dá a vitória.Se você que está aí, do outro lado do livro, quer mesmo
triunfar na poderosa arte da oratória, só tem um caminho: treinamento com
disciplina e persistência. Na repetição está o aprendizado.


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