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Published by preimpressaovirtual, 2019-07-10 14:56:54

Opúsculo Completo de Íria e Marita

Opúsculo Completo de Íria e Marita

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Academia Feminina de Letras do Paraná
Fundadora: Pompília Lopes dos Santos

Cadeira n.ª.9

Patronesse: Íria Cândida Correia
1ª. Ocupante: Marita França

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2ª. Ocupante: Vânia Maria Souza Ennes

Apresentação

Nesta tarde memorável de final de outono, a pedido da presidente da Academia
Feminina de Letras do Paraná, Sra. Zuleima Guerreiro Magaldi, fui convidada para
proferir um breve relato de minha patrona Íria Cândida Correia, cuja cadeira n.º 9 foi
ocupada, primeiramente, por Marita França e eu como a segunda ocupante: Vânia Maria
Souza Ennes.

A palestra aconteceu no auditório do Centro Paranaense Feminino de Cultura,
no dia 31 de maio de 2019, às 15h00, na rua Visconde do Rio Branco n.º 1717 – Curitiba
- PR, com a presença ilustre de sua presidente Chloris Casagrande Justen, confrades,
convidados e familiares presentes.

Cumpriu-me exaltar três destemidas e visionárias mulheres: Pompília Lopes dos
Santos, Íria Cândida Correia e Marita França, minha querida tia, que viveram avante do
seu tempo! Personalidades doces e encantadoras que, por exigência de Deus, partiram
para o mundo celeste, das estrelas e das essências perfumadas, lá, onde vivem os
imortais. No entanto, deixaram tatuadas as marcas de seus feitos grandiosos aqui na
terra.

Esta trinca de audazes e aguerridas criaturas generosas, de caráter bem
formado, de sabedoria, ética e tradição, foram a luz e o sol da cultura do Paraná e por
certo, do Brasil!

Ao iniciar, foi citada a valorosa figura da professora Pompília Lopes dos Santos,
a qual tive o prazer de conhecer. Como todos sabem, ela foi a idealizadora, fundadora
e primeira presidente da Academia Feminina de Letras do Paraná, existente há quase
meio século.

E seguindo às homenagens, mencionei, sem medo de errar, que se a tia Marita
ali estivesse, naquele aconchegante palco de cultura, junto com a Dona Pompília que a
saudou muitas vezes com palavras tão carinhosas e cheias de amor que eram mútuas,
ela a saudaria com os seguintes versos de sua autoria:

Para Dona Pompília Lopes dos Santos Marita França

Dona Pompília, uma joia,
suave, bonita, elegante.
Sua vida, linda história,
de fato, muito importante.

Seu falar tem a doçura,
trata a todos muito igual.
Mostra esplêndida cultura
e realiza um nobre ideal.

Todos nós, os seus amigos,
rendemos alto louvor...
O carinho dos abrigos
envolventes, com amor!

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Academia Feminina de Letras do Paraná

Íria Cândida Correia
Cadeira n.º 9
Patrona

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Íria Cândida Correia

Íria Cândida Correia é patrona da cadeira n.º 9, da Academia Feminina de
Letras do Paraná, que tem como primeira ocupante Marita França e como
segunda ocupante, esta que vos fala.

Pois bem, escancaradas as portas de cristal do século XIX, penetramos
com nossa imaginação em mais de um século e meio passado, atravessamos
serras, rios, penhascos e a natureza grandiosa que nos cerca, bordada de beijos
multicores, aleluias, orquídeas e os graciosos lírios brancos, para chegar ao
litoral paranaense...

Sentimos bem distante, nosso espírito, em um vislumbre de emoção, no
grande portal da encantada Paranaguá de outrora e lembramos a antiga
população indígena, da Nação Carijó, que há mais de três séculos habitou e
acrisolou-se no contorno dos rios, ilhas e às margens das baías, onde Íria vivia,
deslumbrada, com suas belezas.

E que dizer dos sambaquis imensos que existiram?

E as minas de ouro que empolgaram os nossos ancestrais? Tudo passou,
tudo passou, na vertigem das horas que se sublimaram!

Hoje, recordamos a sua gente e a sua história!

Como nos comove! Como nos fascina!

Na visão de Antônio Vieira dos Santos: “A joia mais preciosa que se pode
ter é aquela que em seus cofres é a depositária, não de brilhantes, ouro ou prata,
que são efêmeras riquezas que a chama derrete, o tempo as gasta, o vento as
espalha e as desvanece, mas, sim, só pode ser, a conservação da história
antiga, esse facho verdadeiro que atravessando por entre as nuvens dos
séculos, pode vir iluminar o futuro, como brilhante farol, mostrando os heroicos
feitos e os relevantes serviços que nossos antepassados prestaram à pátria e à
sociedade, como filhos agradecidos.”

Íria Cândida Correia, nasceu em Paranaguá, a 20 de outubro de 1839,
portanto, há 180 anos, logo após a entrada triunfal da primavera, e as bênçãos
da Centenária Virgem do Rosário e do Rocio.

Era filha de Joaquim Cândido Correia e da carioca Damiana Vieira do
Nascimento. Teve muitos e célebres irmãos, tios, primos e cunhados que ficaram
gravados na história do Paraná, como: o Desembargador Agostinho Ermelino de
Leão, Leôncio Correia, Joaquim Américo Guimarães, Cândido de Abreu,

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Comendador Araújo, Visconde de Nácar, Alexandre Gutierrez e Eufrásio Correia,
entre outros.

Já alfabetizada, com espiritualidade e inteligência aguçadas, a visionária
Íria Correia foi uma das primeiras alunas a ingressar no curso primário, fundado
por duas norte-americanas, em Paranaguá. Nessa escola, aprendeu música,
dança, piano, bordado, desenho, pintura, doutrina cristã, leitura, caligrafia e
aritmética, além do português, francês, inglês e todas as matérias que fazem
parte de uma educação completa e primorosa.

Assim sendo, suas qualidades intelectuais eram visíveis e a formação do
seu caráter fácil de observar-se.

Júlia da Costa, a primeira e valorosa poetisa paranaense, foi sua amiga
de colégio que, também, enriqueceu o nome do nosso Estado.

Íria Correia, também, prima-irmã do Barão do Cerro Azul, iniciou fazendo
desenhos, miniaturas e retratos, sobretudo de parentes e pessoas destacadas
da época, como o Visconde de Nácar, que, por desejar possuir uma galeria de
retratos de familiares, encarregou-a de fazê-los.

Infelizmente, apesar de ser farta sua produção, poucas são as obras que
chegaram até nós através dos tempos.

Viajava, frequentemente, ao Rio de Janeiro, em visita à família materna.

Íria era uma menina bonita e muito precoce. Adotava o belo! Sua infância
foi cheia de encantamentos. Impressionava-se com o gorjeio dos pássaros na
mata, enlevava-se com a grandiosidade do mar e com o murmúrio da fonte. Às
vezes, parecia conversar com a lua e punha-se a sonhar...

Como era de se esperar, Íria brilhou nos seus estudos e terminou o curso
com visível e extraordinário aproveitamento.

Em 1885, foi fundado o Colégio Paranaguense, onde Íria se aperfeiçoou
com mais afinco, na pintura e no piano.

Assim, disse o grande escritor parnanguara, Dr. Joaquim Tramujas:
“Serve-se a uma coletividade por várias formas: Íria serviu à sua gente
com a forma e a alma do seu talento e vigor, de admirável nobreza com seu
pincel e com o seu gênio. ”

Como bem expressou o incomparável artista Theodoro de Bona:
“O que fica evidente nos trabalhos de Íria é por ter-se dedicado ao gênero
da pintura em retrato, tido entre os mais difíceis. Portanto, Íria Correia leva a
glória de ser considerada como a primeira pintora do Paraná”.

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O seu nome deveria estar integrado à história das artes brasileiras, porque
se não foi a primeira pintora brasileira, ao que se sabe, no século passado, foi a
primeira mulher a fazer carreira nesse campo.

Contam também que a luz que Íria irradiava era cintilante e dinâmica. De
cabelos e olhos castanhos, era bonita, chique e elegante. Chamava a atenção
em todos os lugares por onde andava e era motivo de admiração e fidalguia.

Viveu dentro de um sonho, tirava acordes de veludo do piano e quando
cantava, tinha a harmonia dos sons que vibravam em sua alma.

São conhecidas suas miniaturas em marfim, de natureza morta. Como
miniaturista, Íria fez retratos de valor. Foi professora de pintura, desenhou,
cantou e viveu, exclusivamente para a pintura.

Membros de sua família diziam que suas professoras norte-americanas,
eram entusiastas e escolheram alguns quadros que mandaram para exposições
na Filadélfia, nos Estados Unidos, fato que a tornou conhecida,
internacionalmente.

Dr. Aníbal Ribeiro deixou registrado que além da pintura e da música, Íria,
também, era poetisa.

Francisco Negrão comentou que: “Íria Correia foi a paranaense mais
instruída de seu tempo”.

Sob a ótica do historiador David Carneiro, Íria Correia foi a primeira mulher
que viveu de sua arte, no Brasil.

Nelson Luz disse que os quadros de Íria eram com pouca iluminação, mas
cheios de emoção, pois, naquela época, não se tinha nenhuma referência das
produções pictóricas do mundo ocidental.

Conforme seu cunhado Agostinho Ermelino de Leão: “Íria faleceu jovem,
ainda solteira, certamente, envolvida no seu sonho com prioridade no cultivo da
pintura à óleo, no Paraná. ”

A enfermidade de seu pai transformou-a em dedicada enfermeira e
trouxe-lhe abalo tão grande à saúde que não pôde mais recuperar-se.

Íria, faleceu aos 48 anos de idade, no dia 14 de março de 1887, sem haver
retomado as suas atividades de professora e deixando ao desamparo duas irmãs
mais moças, que sustentava com seu trabalho.

Após a sua morte, o Museu David Carneiro recebeu como doação a
palheta de porcelana de seu uso, encontrada em Paranaguá. Suas irmãs

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guardaram tudo que era de Íria como relíquia, e muitas delas se encontram no
museu histórico de Paranaguá.

Resumindo, Íria Correia ocupa posição pioneira e efetiva na história da
pintura paranaense e, certeiramente, Brasileira.

A Paranaguá saudosa, está sempre enaltecendo e reverenciando a
memória dessa insigne paranaense e minha valorosa patrona, desta Academia
Feminina de Letras do Paraná.

Descendência de Íria Cândida Correia

Seu avô paterno, Tenente, Coronel Francisco Correia ou Correia Velho,
português, era tronco de uma grande e respeitável família, e seu nome ligado à
ciência, à política, às artes, à indústria e ao comércio paranaense. Foi casado
três vezes. Em primeiras núpcias, foi casado com Dona Maria Clara de Araújo,
filha do Sargento Mór Custódio Martins Araújo e sua mulher Dona Córdula
Rodrigues de França do qual tiveram uma filha Josefa, casada com Manoel
Nascimento Cordeiro. Em segundas núpcias, foi casado com Maria Joaquina de
Trindade, filha do Sargento Mór Francisco Ferreira de Oliveira e sua mulher Dona
Euphrosina da Silva Freira Filha e em terceiras núpcias com sua cunhada Dona
Maria Joaquina de Ascensão, descendentes de famílias de grandes nomes
paranaguenses. Esses três matrimônios deram origem às numerosas famílias
do Paraná.

Íria, filha do Tenente Coronel Joaquim Cândido Correia, vereador da
primeira Câmara Municipal, eleita após o desmembramento da antiga 5ª.
Comarca de São Paulo. Exerceu por muito tempo o cargo de Provedor da Santa
Casa de Misericórdia. Sua mãe, Dona Damiana, possuía aprimorada educação
e grande simpatia. Íria foi crescendo num ambiente de cultura e alta projeção na
sociedade ao lado de seus tios e primos ilustres, Manoel Francisco Correia
Junior, comendador da Ordem de Cristo e da Rosa, o qual mereceu ser
condecorado com esta insígnia, por sua Majestade o Imperador, recompensa
pelos relevantes serviços que prestou à Pátria, Coronel da Legião das Guardas
Nacionais de Paranaguá, e outros cargos de grande destaque em nosso Estado.
Casado com Francisca Antônia Pereira, filha do segundo matrimônio do Correia
Velho.

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Eram filhos de Correia Júnior e primos-irmãos de Íria:

1. Conselheiro do Império Manoel Francisco Correia, o moço, morava no Rio
de Janeiro e veio acompanhando a Princesa Isabel e o Conde D’Eu ao
Paraná, em 1880.

2. Joaquim Severo Correia – Oficial da Marinha.
3. Francisco Ferreira Correia, foi Presidente da Providência de Santa

Catarina e Espírito Santo.
4. Maria Bárbara Correia de Leão, casou com o Desembargador Agostinho

Ermelino de Leão, homem de vulto que governou o Estado do Paraná
cinco vezes, foi fundador do Museu Paranaense e um dos fundadores da
Santa Casa de Misericórdia de Curitiba.
5. José Pereira Correia.
6. Américo Vespúcio.
7. José Teodoro.
8. João Pereira Correia, casado com Carolina Pereira Correia, pais de nosso
grande e inesquecível Leôncio Correia.
9. Leocádia Pereira Correia, casada com Joaquim Antônio Guimarães, tio
de Joaquim Américo Guimarães.
10. Ildefonso Pereira Correia – Barão do Cerro Azul, casado com sua prima
Maria José Pereira Correia, irmão do emérito espiritualista Dr. Leocádio
Correia.
11. Urbano Sabino Correia – solteiro.
12. Euforina Freire Correia, casada com Cândido de Abreu.
13. Francisca Correia de Araújo, casada com o Comendador Antonio Alves
de Araújo, patrono da rua Comendador Araújo.

Seu pai tinha outros irmãos filhos do 3º. matrimônio
de Correia Velho:

1. José Francisco Correia – comerciante, pai do sempre lembrando
Presciliano Correia, que, em 20 de maio de 1894, foi fuzilado com o Barão
do Cerro Azul e outros mais.

2. Maria Clara Guimarães, casada com o Comendador Manoel Antonio
Guimarães, desde Vereador Municipal, até Deputado Geral, foi mais uma
vez Presidente ex-Província Geral do Paraná.

3. Lourença Joaquina Correia – casada com o Capitão Mór de Paranaguá
– Capitão Manoel Pereira Filho.

4. Francisco morreu solteiro.
5. Rosa Narcisa Correia Guimarães, casada, no segundo matrimônio do

Barão e Visconde de Nácar.

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6. Laurinda Correia – morreu solteira.
7. Guilhermina Correia Gutierrez, casada com Don Alexandre Gutierrez.
8. Dr. Manoel Eufrásio Correia – Foi Presidente de Pernambuco – genro do

Visconde de Nácar – Tem seu nome na Praça da Estação com belíssima
estátua de nosso grande escultor Zaco Paraná – o Semeador.

Ao ensejo, antes de encerrar estas minhas palavras, tenho o prazer de ler
uma poesia de seu contemporâneo, o poeta Virgílio Viana, dedicado a Íria
Correia e apaixonado dela:

UMA ROSA
Virgílio Viana

Ao correr de uns dedos, no teclado ameno,
Eu ouço sua voz tão meiga e carinhosa.
Os ecos maviosos trazidos pela brisa,
Vem avivar a lembrança de uma rosa.

Eu estático ouço ao longe esse descante.
Ergo a fronte ao azul do firmamento
E, num delírio de paixão abrasadora

Digo sempre: és meu sincero pensamento.

E ela... sempre altiva, nem fez caso
Deste amor que não posso revelar...
Não importa! Viverei sempre num sonho,
Absorvido num profundo meditar! V. V.

Extraído da Contribuição Literária de Pompília Lopes dos Santos
Ao Tricentenário de Paranaguá, no Congresso ali realizado.

Título do Trabalho: Florescimento das Artes no Paraná em 1948.
Publicação da Revista “Marinha”...

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Academia Feminina de Letras do Paraná

Academia Feminina de Letras do Paraná

Marita França 12
“EncarnMaç1ãªao.rCdi1Oto.aacOuªFdtpimraOeainsintmrecçoaauepdnaaºEn.stpe9erança”

Marita França

“Se te faltar à luz da visão, que a tua consciência ilumine o teu viver. ”
João Darcy Ruggeri

Maria Aparecida Taborda França, carinhosamente chamada de Marita,
nasceu em Curitiba, terra dos pinheirais, Estado do Paraná, na noite de 1.º de
julho de 1913. O inverno era rigoroso. Chovia muito e o frio era intenso, mas a
festa da chegada daquela menina linda e predestinada para o amor foi aquecida
com vinho do porto, oferecido entre os familiares.

Era filha do casal Brasília Taborda Ribas de França e Heitor Stockler de
França. Teve cinco irmãos.

Marita foi batizada na Catedral Metropolitana de Curitiba e teve como
padrinhos a avó paterna, Leandrina Marcondes Stockler de França, e o Senhor
Bom Jesus, em substituição ao avô João de Araújo França, já falecido.

Marita herdou belas virtudes de seus pais: a retidão de caráter, a bondade,
o senso de humor, o interesse pela cultura, o amor à pátria, à justiça e à religião.

Celebrou sua primeira comunhão no dia 24 de maio de 1925, na Igreja da
Ordem, em Curitiba. Sua vida foi de intenso fervor às causas religiosas.
Batizou muitas crianças! Eu fui uma delas!

Foi alfabetizada em casa e a seguir estudou no Colégio da Divina
Providência, no Instituto de Educação, no Ginásio Paranaense e no Colégio
Progresso. Além disso, estudou pintura e piano.

Durante a Universidade foi coroada Rainha dos Estudantes.

Participou dos bailes de carnaval e dos blocos carnavalescos de
tradicionais clubes de Curitiba.

No transcurso da Faculdade de Direito, juntamente com outros colegas,
também líderes acadêmicos, dos cursos de Medicina, Direito, Engenharia,
Química, Agronomia, Farmácia e Veterinária, idealizou, fundou e foi a primeira
presidente do primeiro Diretório Central de Estudantes das Faculdades de
Ensino Superior do Paraná.

Colou grau de bacharel em Direito na Universidade Federal do Paraná,
com louvor e aplausos.

Foi a única mulher de sua turma, entre 37 homens.

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Iniciou o exercício profissional no escritório do célebre jurista Dr. Pamphilo
de Assumpção, cujos preciosos ensinamentos abriram seus caminhos à justiça,
onde ficou até a sua morte.

Inscrita na OAB sob o n.º 386, aposentou-se como advogada do
Departamento Jurídico do SESI do Paraná, depois de 47 anos de extremada
dedicação. Em seguida, em tocante homenagem, o SESI emprestou o nome de
Marita ao Espaço Jurídico, composto pela Procuradoria Regional e pelo
Programa de Assistência Judiciária.

Todo dia era dia de festa para tia Marita, quer nas tardes de domingo no
Tatuquara, na chácara da família ou em qualquer outra ocasião, pois ela fazia
de sua existência uma festa.

Durante a vida, tia Marita conquistou uma infinidade de amigos - amizades
leais, construídas sobre o alicerce do carinho, do respeito e da admiração pelos
valores culturais, éticos, cívicos e morais.

Era extraordinária sua capacidade de fazer planos e de construir pontes
de amizade em poucos segundos, até com o mais ilustre desconhecido.

Quem a conheceu pode aquilatar a sua simpatia, a verdadeira amizade
que carregava no peito, a disposição de servir ao próximo e a grande dose de
alegria que espalhava, de forma contagiante, transformando cada ambiente que
frequentava num festival de serotonina, felicidade e alto-astral.

Lançou no seu caminho a semente para um mundo mais humano, justo e
fraterno, e, para cada amigo, a certeza da fidelidade de propósitos, consolo para
as amarguras, ânimo para os desalentos e bálsamo para as dificuldades.

Por suas ações e atitudes, o seu legítimo legado foi o do exemplo de amor
incondicional.

Além do extraordinário senso de humor, era portadora da serenidade de
espírito, grandiosidade da alma e caráter ímpar. A imensa bondade e doçura em
seus atos e palavras levavam conforto ao coração dos carentes e aflitos.

Conheceu grandes personalidades do mundo político, como Juscelino
Kubitschek, Moysés Lupion, Paulo Pimentel, Ney Braga, Ivo Arzua, Marco
Maciel, Maurício Fruet e conviveu com Rafael Greca e tantos outros.

Quanta fé, paciência e compreensão!

Tia Marita não se cansava de dizer que os planos de Deus nunca
falhavam. Assim sendo, era extremamente devota a todos os santos, anjos,
serafins e querubins, o que a tornava portadora de um canal aberto entre o céu
e a terra, sem interferências, sempre na defesa do mais fraco ou menos
favorecido.

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Por esse prisma, defendia as palavras do grande pensador Verena, que
dizia: “Sem Deus não há vida; sem família, não há base e sem amigos, não há
mundo colorido”.

Marita tinha, seguramente, luz própria.

Havia nos seus olhos uma luminosidade verde tão forte, que revelava a
força de sua brilhante e rara personalidade, igual a um dia iluminado pelo sol.
Continuamente, alavancava os rumos da concórdia, da partilha, da paz e da
valorização do próximo.

Mulher idealista, de coração magnânimo e objetivos nobres, tia Marita
comandava pacificamente as reuniões familiares no centenário solar da
Marechal Floriano, construído em 1893, sempre disposta a receber os irmãos,
sobrinhos e amigos, para um almoço ou lanche.

Porém, era nos saudosos almoços semanais das quintas-feiras, no
tradicional casarão da família, que já foi usado pela quinta geração - ainda com
costumes e lembranças dos tempos dos avós, bisavós e tataravós, como a
mesma varanda, a mesma mesa, que a tia Marita preservava e fortalecia a união
da família. Lá, ela dava as mais profundas demonstrações da verdadeira
confraternização familiar, de perseverança e de amizade. Ela manteve a família
unida e reunida através da força do seu amor.

Na chegada, a recepção de sempre: aguardava-nos com um banquete
acompanhado de um sorriso nos lábios. Não é preciso descrever esse encontro
de família. Quem tem uma sabe do que falo: era de alegria genuína e simples.
Como as boas coisas da vida!

As tias e tios queridos falavam na varanda de assuntos de época, os
primos sobre ideias a serem realizadas, as crianças corriam pelos corredores,
os adolescentes matavam o tempo no terraço, as cozinheiras requintavam o
cardápio e as visitas eram acolhidas amavelmente na sala até o almoço ser
servido.

Sobre os antigos móveis, os alfarrábios, papéis, jornais, folhas soltas,
livros, envelopes, fotos, convites, filmes, recados, enfim, tudo o que
movimentava o dia a dia.

Distinguida por sua brilhante personalidade e sólidos princípios, Marita era
o centro aglutinador das atenções dos familiares e, por sua memória privilegiada,
instigava a curiosidade e o amor à família quando relatava antigas e
interessantes histórias dos seus ascendentes e descendentes, importantes
referências que servirão de exemplo às futuras gerações.

Sábia, foi mulher altamente congregadora de nobres ideais em prol do
Paraná, do Brasil e do mundo. De simpatia e carisma inigualáveis, tinha sempre

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uma palavra doce de incentivo para dizer, indiscriminadamente, a qualquer
pessoa que estivesse ao seu redor.

Compartilhava com amigos sonhos, desalentos, vitórias, alegrias e
tristezas, incentivando-os sempre a prosseguir a jornada, fossem quais fossem
os obstáculos.

Poetisa, escritora, pianista e compositora de peças musicais, Marita foi
grande incentivadora da cultura. Ao longo de sua vida, envolveu-se
profundamente com as mais diversas causas - cívicas, poéticas, artísticas e
culturais -, participando como sócia-fundadora de inúmeras entidades:

 Centro Paranaense Feminino de Cultura - presidente e sócia n.º 1;
 Clube da Mulher do Campo do Paraná – sócia fundadora e primeira

presidente;
 Clube Soroptimista de Curitiba - presidente;
 Sociedade Eunice Weaver - “Presidente de Honra”, por relevantes

serviços prestados;
 Associação Cristã Feminina;
 União Cívica Feminina;
 Liga das Senhoras Católicas - diretora do Banco de Olhos;
 Clube da Lady - diretora;
 Associação de Assistência aos Psicopatas do Paraná;
 Sociedade de Assistência aos Lázaros e Defesa contra a lepra.
 Associada à Associated Country Women of the World, com sede em

Londres, na Inglaterra, da qual foi vice-presidente nacional para a Região
Sul.

Pertenceu, também, a várias outras instituições como sócia efetiva:

 Academia Paranaense da Poesia, onde ocupou a cadeira n.º 3, cujo
patrono era seu pai, Heitor Stockler de França;

 Academia Feminina de Letras do Paraná, onde ocupou a cadeira n.º 9,
cuja patrona era Iria Cândida Correia;

 Academia de Letras José de Alencar;
 União Brasileira de Trovadores/Seção de Curitiba;
 Centro de Letras do Paraná;
 Elos Clube Internacional da Comunidade Lusíada;
 Pen Clube do Brasil/Seção do Paraná;
 Associação de Jornalistas e Escritores do Brasil/Seção do Paraná;
 Instituto dos Advogados do Paraná;
 Associação de Mulheres de Negócios e Profissionais de Curitiba;
 Ordem dos Advogados do Brasil;
 Instituto dos Advogados do Paraná;

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 Associação Brasileira de Mulheres Universitárias – com sede em
Genebra, Suíça;

 Conselho da Fundação de Assistência ao Menor Aprendiz.
 Oficinas de Santa Rita de Cássia.

Participou de diversas missões de representação profissional, cultural e
de intercâmbio social em congressos, feiras, encontros, seminários e simpósios
nacionais e internacionais na América do Sul, América Central, Europa, África e
Oriente Médio.

Autora de destacada produção literária, poética, trovadoresca e na área
musical tem mais de trinta músicas escritas, algumas gravadas e duas
consagradas pelo famoso maestro Lírio Panicalli: Nossa Senhora da Luz de
Curitiba e Virgem de Fátima, com partituras publicadas, Marita foi alvo de
incontáveis e significativas honrarias:

Marita recebeu numerosas honrarias. Foi condecorada com medalha de
Ouro, placas de Prata, troféus e variados títulos, diplomas de Honra, de Mérito,
de Louvor, de Benemérita, de Destaque, Especial, de Congratulações, de
Persistência e de Aplausos, entre outras homenagens por sua vivacidade
intelectual e empreendedorismo.

Uma trova de sua autoria, sobre Curitiba, foi escolhida, pela União
Brasileira de Trovadores - Seção de Curitiba e pela Telepar - Brasil Telecom,
para ser publicada em 44 mil cartões de telefonia pública no ano em que Curitiba
foi eleita a Capital Americana da Cultura e, também, durante as comemorações
do sesquicentenário de Emancipação Política do Paraná.

Deixou pronto para o prelo o livro de poesias “Minhas evocações”, além
de três outros do gênero. Possuiu, também, muitos trabalhos publicados em
livros, revistas, boletins e jornais.

De temperamento amoroso e criativo, a Marita poeta e musicista deixou-
nos grande acervo artístico e musical: Nossa Senhora da Luz de Curitiba,
gravada pela Orquestra de Cordas do Maestro Lyrio Panicalli; Viva Santo
Antonio; Olhos verdes; Vem amor; Água mole em pedra dura; Meu coração;
Catedral do amor; Santa Terezinha, Nossa Senhora Aparecida e Nossa Senhora
de Fátima, entre outras. Compôs, ainda, com letras de seu pai - Heitor Stockler
de França - Nas asas da ilusão, Dr. Victor do Amaral e a valsa Maestro Bento
Mossurunga.

O engenheiro e político Bronislau Ostoja Rogusky, em 29 de junho de
1971, foi certeiro quando presenteou um livro à Marita com a seguinte
dedicatória: “À imortal Marita França, encarnação do otimismo e da esperança...”

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Sublimada pelos gestos de solidariedade e emocionantes atos
humanitários, Marita foi uma lutadora a favor dos desamparados, contra a fome
dos desassistidos, pela saúde dos menos favorecidos e, ainda, em prol da ética
na política, pelo futuro do Brasil.

Foi dessa forma que Marita traçou seu caminho, fundamentado na
esperança e na fé à luz da bondade, da intuição e da força espiritual, até o último
suspiro.

Por certo, esses requisitos lhe proporcionaram o passaporte certeiro para
a conquista de um mundo melhor.

Assim sendo, deixou na terra rastros de gigantes exemplos de amor e
dedicação à família e aos amigos.

Tia Marita, assim como eu a vejo foi um exemplo de mulher. Um anjo
enviado do céu por propósito.

Deixou um legado mostrando o caminho que trilhou em tempos que as
mulheres sempre tiveram capacidade e força. Que mulheres deveriam agir com
potência mesmo em meio ao silêncio. Observou a vida, usufruiu de momentos
riquíssimos. Era benquista, amada, sua presença trazia aconchego e calor.
Alguém singular, incomparável, vasta em sentimentos e nobre em atitudes.

Quiçá muitos de nós tivéssemos essa grandeza de ser e mostrássemos a
sua audácia fazendo o bem sem exigir retorno, plantando sementes do bem para
outros colherem. Sim!

Tia Marita foi um bem planejado por Deus que esteve na terra para deixar
marcas de amor. Tanto as deixou que hoje, mesmo após uma década de
falecimento, continua viva por meio de lembranças e por meio de algo que
transcende o tempo e o espaço: ela continua viva por ações – sim, de ações – o
grande bem que nossa família insiste em amar e preservar.

Foi com consternação e imenso pesar que a família e os amigos
souberam da perda irreparável de Marita Taborda França quando ela encerrou
seu tempo na vida terrestre. No dia 27 de julho de 2009, dissemos adeus a nossa
querida e amada tia Marita, mulher de extraordinários valores.

Faleceu aos 96 anos, serenamente, em sua residência, situada à Rua
Marechal Floriano Peixoto, n.º 458, centro de Curitiba, cercada pelo carinho dos
irmãos e sobrinhos, quando o sol jogava seus primeiros raios no horizonte.

Foi sepultada no Cemitério Municipal de São Francisco de Paula, no
mausoléu da família, acompanhada por um imenso cortejo de poetas,
intelectuais, escritores, artistas, músicos, trovadores, religiosos, familiares e
amigos que lhe prestaram homenagens em clima de comoção.

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Entrou com fé e coragem para o Plano Eterno e, simplesmente, tivemos
que dizer adeus.

Consola-nos pensar que tia Marita está ao lado de Deus-Pai, que lhe
concede Suas bênçãos e a mantém sob Sua eterna glória e proteção.

Foi assim que aquela luz se apagou, e até os pássaros do seu quintal
cantam mais tristes.

No entanto, acendeu-se uma chama... uma estrela..., estabelecendo uma
nova ligação entre o céu e a terra, que nos chegou por meio de uma força
cósmica, ativada para ser percebida só por aqueles que, ligados pela mesma
sensibilidade e com o espírito em sintonia, serão capazes de captá-las.

Apesar disso, cada vez que olhamos para o céu, sentimos a sua falta.

É um novo tempo.... Na verdade, tia Marita está hoje dentro do nosso
coração. Nossa profunda gratidão!

Descendência de Marita França

Era filha do saudoso casal Brasília Taborda Ribas de França
( 16.06.1893 - †19.06.1982) e Heitor Stockler de França ( 05.11.1888 -
†11.01.1975), escritor, poeta, advogado e industrial, fundador da Federação das
Indústrias do Estado do Paraná e seu presidente por 14 anos consecutivos.

Neta materna de Maria Catharina ( 07.07.1862 - †13.02.1935) e do
empresário, político e fazendeiro João Lourenço Taborda Ribas ( 08.01.1854
†06.01.1926); e neta paterna de Leandrina Marcondes Stockler de França,
nascida em Castro, e de João de Araújo França ( 03.02.1841 – †03.08.1890)
de Guaratuba.

Bisneta (2ª neta) materna de Paulina Francisca de Assis de Andrade
(1840) e Joaquim Taborda Ribas ( 1830 – †1879); e de Maria Joaquina da
Conceição e de Vasco Taborda Ribas ( 1807). Bisneta paterna de Maria Rosa
Marcondes Ribas e Antônio Pereira Bueno Stockler ( 02.12.1830) em Castro e
falecido em (†1894), em Palmeira. Voluntário da Pátria, que lutou na Guerra do
Paraguai.

Trineta (3ª neta) pelo lado materno do primeiro casamento de Benedita
Francisca de Assis de Andrade Pinto Rebelo ( 23.04.1845) e Joaquim Pinto
Rebelo ( 1845).

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Tataraneta (4ª neta), pelo lado materno de Marina Catharina de Moraes
Cordeiro (†~1844) e Ignácio Lustosa de Andrade ( 1877 - †1834).

Pentaneta (5ª neta), pelo lado materno de Izabel Maria de Andrade
(~1733 - †1794) e Antônio Martins Lustoza ( 1733 - †1834).

Hexaneta (6ª neta), pelo lado materno de Maria Soares ( ~1746) e de
Francisco Martins Lustoza ( ~1712 - †1790).

Heptaneta (7ª neta) materna de Maria Paes Carrasco dos Reis, casada
com Manuel Garcia.

Octaneta (8ª neta), pelo lado materno de Izabel Antunes da Silva ( 16??
– †1697) e do Capitão Balthazar Carrasco dos Reis ( 1617 – †1697),
bandeirante que veio de São Paulo colonizar Curitiba, presente na ata da reunião
de fundação de Curitiba, em 29 de março de 1693.

Eneaneta (9ª neta) pelo lado materno de Margarida Fernandes Malio (
1600 – 1629) e de Miguel Garcia Carrasco ( ~1595 – †1658), natural de São
Lucas de Canna Verde, Espanha, um dos signatários da aclamação de Amador
Bueno da Ribeira a Rei do Brasil, juntamente com os fidalgos espanhóis, em
1641, e quem assinou a aclamação de João IV.

Decaneta (10ª neta), pelo lado materno, do capitão Balthazar Gonçalves
Malio. ( ~1573 – †1659), natural de Portugal, casado com a brasileira Jerônima
Fernandes Preto ( ~1578 – †1630), pais da Margarida. Ele, bandeirante que, em
1603 participou da bandeira de Nicolau Barreto.

Undecaneta (11ª neta), pelo lado materno, do casal português André
Fernandes Ramalho ( ~1510 – †1588) e Maria Paes ( ~1550 – †~1616),
falecida em São Paulo.

Duodecaneta (12ª neta), pelo lado materno, do português João Ramalho
( ~1485 – †1580), o qual foi o intérprete de Martin Afonso de Souza quando
chegou ao Brasil, em meados de 1532, o qual já era casado com a índia brasileira
Bartyra (M’Bicy) ( ~1500), filha do Cacique Tibiriçá ( ~1475 – †1562), chefe da
tribo dos Guaianases, na região de Piratininga.

Tridecaneta (13ª neta), pelo lado materno, do português João Velho
Maldonado ( ~1460) e de Catharina Affonso de Balbode ( ~1465), quando o
Brasil ainda não havia sido descoberto e era povoado por índios.

Em 1500 deu-se o descobrimento do Brasil!

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 Marita teve cinco irmãos:

Apollo, casado com Walderez de Araújo França.
Ariane, casada com Hely Marés de Souza;
Glycínia, casada com Lúcio da Costa Borges;
Ildefonso, casado com Leony Scrimin França;
Mozart, casado com Marilena de Amorim França;

 Doze sobrinhos:

Brasília Maria, casada com João Carlos Tonetto Pinto;
Camilo, divorciado de Darlene Régis;
Cristiane, casada com Carlos Alberto Brotto;
Heitor Ângelo, casado com Rosane Lima França;
Heitor, casado com Isabel Fanaya Borges;
Hely Jr., casado com Ivana Maria Tomasi Marés de Souza;
Índia O ’Hara, casada com Nelson Chede;
Júlio César, divorciado de Gélcia Barbosa;
Luciane, casada com Isael de Oliveira Santos;
Mozart Heitor, casado com Eliza Borges de Macedo França;
Murilo Heitor, solteiro.
Vânia Maria, casada com Ceciliano José Ennes Neto;

 Vinte e dois sobrinhos-netos:

André Borges de Oliveira Santos
Bernardo Régis Borges
Betina Limone
Caetano Souza Ennes
Cassiano Souza Ennes
Cecília Guilherme Souza Ennes
Conrado Régis Borges
Fábio Tomasi Marés de Souza
Felipe Barbosa França
Fernando Lima França
Georgeana Barbosa França
Giovanna Borges Brotto
Gisele França Chede Strapasson
Guilherme Souza Ennes
Gustavo Barbosa França
Isabele Tomasi Marés de Souza

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João Carlos de Souza Pinto
João Chede Neto
Luiz Guilherme Borges de Macedo França
Patrícia França Chede
Ricardo Lima França
Victor Cézar Borges Brotto

 Quatorze sobrinhos-bisnetos

João Rodrigo Sabadine da Silva Pinto
Lucas Limone
Tiago Sabadine da Silva Pinto
Vitor Marés de Souza
João Rodrigo Sabadine da Silva Pinto
Julia Limone
Heitor Bertolini Ennes
Noah Lee França
Rafael Bertolini Ennes
Mariah Pereira Chede
Lorenzo Ennes Cicella
Gabriela Belato França
Theo Pinheiro Ennes
Ariane Benato Ennes – que está para nascer

Vale informar que, logo após a sua morte, por proposição da DD. Vereadora
Julieta Reis, a Lei n. º 13437, de 7 de abril de 2010, de Curitiba, "DENOMINA
DE MARITA FRANÇA UM DOS LOGRADOUROS PÚBLICOS DA CAPITAL,
AINDA NÃO NOMINADO."

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Homenagens Ali sentada ao piano,
pequena grande figura....
Minha mãe, eterna luz, transborda o amor soberano,
filha de sublime amor. nossa Marita é arte pura.
Fez das bênçãos de Jesus Marli Ferreira – Curitiba/PR
nossa vida de esplendor!
Marita França – Curitiba/PR Da Marita, vou dizer:
- Está sempre de alto astral,
Meu querido piano amigo,
com acordes de veludo... é de “virar e romper”,
Quando estou junto contigo, transforma em bem qualquer mal.
logo me esqueço de tudo! Cristiane Borges Brotto - Curitiba/PR
Marita França – Curitiba/PR
Sua face é coradinha
A mulher, raio de sol, da cor da luz do arrebol,
no coração vasto amor...
da humanidade é o farol, da família é a Rainha
poderosa como o Sol!
a iluminar com fulgor! Cristiane Borges Brotto - Curitiba/PR
Marita França – Curitiba/PR
Desiludido, alma aflita?
Hoje, silenciosamente, Dor de cabeça ou tédio?
jorram lágrimas e pranto. Bata um papo com a Marita
Tia Marita está ausente... ela é o melhor remédio!
Foi com Deus sob o Seu manto...!!! Cristiane Borges Brotto - Curitiba/PR
Vânia Maria Souza Ennes - Curitiba/PR
Não calcule com os dedos
Marita, irmã querida, o quanto ela tem de idade,
tinha a graça e a ventura... pergunte sim, os segredos,

Otimista em toda a vida, de tanta jovialidade!
- Corajosa e de ternura! Cristiane Borges Brotto - Curitiba/PR
Apollo Taborda França - Curitiba/PR
Marita França voou
Saudade, quanta saudade, para o lar Celestial.
da tão querida Marita, Muito tristes nos deixou...
engajada na bondade sem seu colo maternal.
Roza de Oliveira - Curitiba/PR
numa ação sempre bendita!
Vidal Idony Stockler - Curitiba/PR Muito além de advogada,
pianista e trovadora,
A Marita trovou tanto
neste mundo, tão feliz, Marita de alma encantada,
nos deixando o acalanto Na bondade foi doutora.
e a saudade... como quis!
Nei Garcez – Curitiba/PR Roza de Oliveira - Curitiba/PR

Tia Marita ao pé do ouvido, No casarão cor-de-rosa,
Sussurrava como um hino: tanta emoção não aguento:
- Vá em busca de um bom marido...
- Tem a roseira lá fora...
do Indicado Divino...!!! Tem a Marita lá dentro!
Cecília Souza Ennes - Curitiba/PR Angelo Batista – Curitiba/PR

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Roseira Branca...!

Por Marita França

Roseira Branca, Roseira Branca, Passou-se o tempo e mais tempo...
Tão antiga no jardim Você ali está.
Do meu solar.
Conte-me o que viu e ouviu,
Quando olho para você, Na poética mansão
Entrelaçada De meus avós,

No gradil de ferro do terraço, Roseira Branca – Espuma do Mar!
Cheia de cachos de rosas,
Fale-me baixinho...
Ponho-me a sonhar... Lembra das serenatas,
Nas lindas noites de luar?
Há meio século quase, Das canções maravilhosas,
As mãos santas e puras Dos cantores, dos violinos,
Do vovô João Taborda Violões e bandolins? ...

E de vovó Cota, Peço-lhe: Não enfraqueça,
Com carinho e amor, Roseira Branca.
Plantaram a Roseira Branca
Você tem tanto para contar
Espuma do Mar.... E muito, ainda, para dar.
A rosa remédio,
Roseira Branca, Roseira Branca
Para curar, enfeitar Venha comigo sonhar!
E dar alegria ao seu lar.

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Casal Vânia e Ceciliano José Ennes Neto e Marita França

Sensibilizados diante das magnas homenagens prestadas por amigos e
familiares queridos, que após a morte da tia Marita desfiaram um rosário de
inesquecíveis recordações daquela que nos deixou tantas alegrias e bons
exemplos através de seu convívio.

Extraído do Jornal Gazeta do Povo em 20.10.1985 – Domingo
Academia Feminina de Letras do Paraná

Questionada pela Gazeta do Povo, Marita França confessou que a maior
satisfação que possui é ter um círculo de amizade tão “íntegro”, pessoas “que
fazem tão bem para o próximo”. Antes de esclarecer que com as amizades nunca
teve decepções, diz não conhecer “pessoas ruins ou perversas...” E conclui que
“quem é ruim talvez o é por ser doente...” Confessa-se uma não feminista, mas
quer que a mulher participe mais, junto com o homem, pela construção de uma
sociedade melhor no Brasil.

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Academia Feminina de Letras do Paraná

Vânia Maria Souza Ennes
Cadeira nº. 9
2ª. Ocupante

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Vânia Maria Souza Ennes

Vânia, nasceu sob a luz do sol poente, no entardecer de um inverno
morno, com ares de primavera, no dia 12 de setembro, em Curitiba, terra de
Guayracá, dos sapos e do frio intenso...

É filha de Ariane Maria França de Souza e de Hely Marés de Souza,
advogado e ex-combatente da Força Expedicionária Brasileira. É formada em
Direito, em Administração de Empresas com habilitação em Comércio Exterior e
concluiu pós-graduação da língua francesa em Cannes, na França. É casada
com o Engenheiro Civil e Físico Ceciliano José Ennes Neto, com o qual tem
quatro filhos e seis netos. É empresária, escritora, poetisa, trovadora,
pesquisadora e produtora cultural.

Na área da cultura exerce as funções de: grã-mestra da Honorífica e
Nobiliárquica Soberana Ordem do Sapo do Brasil - SOSB, da qual recebeu o
título vitalício, pessoal e intransferível de “Baronesa da Vista Alegre”; É diretora
de sede do Centro de Letras do Paraná; membro da Academia Feminina de
Letras do Paraná; membro da Academia Paranaense da Poesia, do Instituto
Histórico e Geográfico de Curitiba e de Palmeira/PR; da Academia de Cultura de
Curitiba; do Círculo de Estudos Bandeirantes; da Liga de Defesa Nacional –
Seção do Paraná e do Movimento Mais Brasil de Curitiba.

Entre outras honrarias foi condecorada com a “Medalha Max Wolff Filho”
concedida pela Legião Paranaense do Expedicionário e pelos integrantes do 1º
Grupo de Caça da FAB. Foi distinguida com a “Medalha de Mérito Fernando
Amaro”, através de decreto Legislativo da Câmara Municipal de Curitiba. Foi
agraciada com o “Prêmio Cidade de Curitiba”, em Sessão Solene comemorativa
ao aniversário de Curitiba, na Câmara Municipal de Curitiba - Palácio Rio Branco,
pelos importantes serviços prestados à cidade, em âmbito nacional.

Homenageada no Museu Histórico do Exército, no Forte de Copacabana,
no encontro de Escritores Luso-Brasileiros, no Rio de Janeiro, pelo alto
desempenho cultural e poético, em âmbito nacional. Homenageada pela União
Brasileira de Trovadores de Niterói/RJ, onde recebeu nome de troféu para os

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cinco prêmios mais votados da categoria, cabendo-lhe a entrega dos mesmos,
em Cerimônia de Gala. Placa de prata pela União Brasileira de Trovadores –
Seção de Curitiba, em reconhecimento ao dinamismo empreendido no cenário
cultural paranaense. Homenageada pelo presidente da Assembleia Legislativa,
na festividade aos 150 anos de emancipação política do Paraná, como pilastra
representativa da sociedade paranaense.

Possui livros editados, integra várias antologias, boletins...

1. “Resgatando o Passado das Famílias Macedo - Marés de Souza”, nos
volumes I, II, III e IV;

2. “Paraná em Trovas”, lançado durante as festividades dos 1° Juegos Florales
del Caribe y Latinoamérica, em Santo Domingo, República Dominicana –
Caribe;

3. E-book “Chuva de Trovas”, livro eletrônico, lançado em Blumenau/SC,
apresentado pelo Portal Cá Estamos Nós – CEN, sediado em Marinha
Grande/Portugal;

4. “Manjar de Trovas”, lançado durante as celebrações XVIII Jogos Florais de
Curitiba/PR.

5. “Manjar de Trovas”, em formato de livro de bolso: “Alimento para o sonho,
alma e coração”!

6. “Terra e Céu” Coleção da União Brasileira de Trovadores Seção de Porto
Alegre/RS - Em dupla com seu pai, Hely Marés de Souza.

7. “Apollo Taborda França” Vida e Obra – Coleção Literária de Autores
Paranaenses através do Centro de Letras do Paraná.

8. “Elo de Gerações” História das Famílias de João Lourenço Taborda Ribas e
Heitor Stockler de França – Patrocinado pela Federação das Indústrias do
Estado do Paraná – FIEP.

 Integra antologias livros, jornais, revistas, periódicos, boletins literários e
poéticos, em âmbito nacional e internacional;

 Pesquisadora na área da genealogia familiar;
 Mantenedora do acervo histórico da família de seu bisavô João Lourenço

Taborda Ribas e de seu avô Heitor Stockler de França.

Seguindo sua veia lítero-cultural prefaciou os
seguintes livros:

 “A Força da Liberdade”, de Josias Moreira de Alcântara;
 “Do Fundo da Bateia”, de Harley Clóvis Stocchero;
 “Trovas, Poesia e Alguma Trova”, de Aldo Silva Júnior;

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 “Trovas”, de Vidal Idony Stockler;
 “Sentimentos Poéticos”, de Marlene Tourinho de Britez;
 “A Flor de Quatro Pétalas”, de Horácio Ferreira Portella;
 “Papalavras”, iniciativa da Escola Papa João XXIII e Farol do Saber

Rocha Pombo;
 “Contos”, de Átila José Borges;
 “Filigranas”, de Manuel María Ramirez y Anguita;
 “Meu Pequeno Mundo”, de Manuel Maria;
 “A menina e o General”, de Átila José Borges;
 “Ping-pong de Trovas”, de Ciroba Cecy Braga Ritzman;
 “Rosa-dos-ventos – A Poesia que o Tempo Trás...”, de Iná Brasílio de

Siqueira;
 “Movimento Trovalado”, de Yaramara de Castro Araújo;
 “Semeador”, de Manuel María Ramirez y Anguita;
 “Flores do Meu Cajado”, de Cecim Calixto;
 “Bobagens de Amor”, de Manuel María Ramirez y Anguita;
 Convidada a prefaciar o livro do poeta Paulo Roberto Gomes, ainda no

prelo.

Na pesquisa da genealogia:

 Mantenedora do acervo histórico e documental da família do bisavô João
Lourenço Taborda Ribas e do avô Heitor Stockler de França, com oito mil
livros e duzentas e cinquenta caixas de documentos históricos e milhares
de fotos;

 Mantenedora do acervo histórico-cultural e documental da FEB, de seu
pai Hely Marés de Souza;

 Mantenedora do acervo documental e fotográfico da família Souza Ennes,
com vinte mil fotos selecionadas e armazenadas em pendrive.

Projetos em andamento:

Estão no prelo os seguintes livros sobre:

 Heitor Stockler de França. Uma Luz Gigante! (Acompanhado de
um vídeo);

 Hely Marés de Souza. Meu pai, meu Herói, na Guerra e na Paz!
(Acompanhado de um vídeo);

 Ceciliano José Ennes Neto, Vida e Obra (acompanhado de um

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vídeo);
 Apollo Taborda França, Vida e Obra (acompanhado de um

vídeo);
 Marita França. A Encarnação do Otimismo e da Esperança!

(acompanhado de um vídeo);

Apaixonada pela literatura:

 Assinou o boletim informativo da Associação dos
Caprinocultores do Paraná;

 Assinou o boletim informativo da União Brasileira de
Trovadores, estadual do Paraná;

 Assinou a coluna de Trovas na revista “Novos Rumos”,
órgão oficial da Associação dos Magistrados do Paraná,
durante dois anos;

 Assinou a coluna social “Mais Mulher”, órgão oficial da
Business Professional Women – BPW – Brasil.

Participou de vários congressos, feiras, seminários, encontros e
simpósios nacionais e internacionais na América do Norte,
Europa e Ásia.

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Tributo às Mulheres Visionárias
Por Nei Garcez – Curitiba, Paraná

Ó Mulher, pela magia MARITA FRANÇA (1915/2009)
da qual nós compartilhamos,
és rainha todo dia... Vibra toda a Academia,
Hoje, nós, a homenageamos! pela homenagem bonita,
que fazemos, neste dia,
Muito afável, carinhosa, à memória de Marita!
este sempre o seu mister...
Se flor fosse, era uma rosa Poetisa, musicista,
com perfume de mulher. escritora e advogada,
sua vida, de conquista,
Superando-se na vida, é, por nós, hoje lembrada.
prevenida na instrução,
com visão e muita lida, Com histórias deslumbrantes,
não refuga a profissão. nas conquistas de ideais,
seus exemplos, tão marcantes,
Buscando tudo o que quer, são relíquias culturais.
na luta por seu direito,
é no labor que a Mulher Sua obra, meritória,
vence qualquer preconceito. com a riqueza que tinha,
continua na memória
Sem pensar em contratempo, dos amigos da sobrinha!
ágeis, e extraordinárias,
bem à frente de seu tempo, A Marita , em sua meta,
são Mulheres Visionárias! tão formosa, com seu véu,
representa cada poeta,
*** com poemas lá no céu.
ÌRIA CORREIA (1839/1887)
Parabéns, Douta Marita,
Irmã nata da ciência, por fazer, com tua voz,
a Arte, em todo o seu plano, uma história tão bonita
é a máxima transcendência reunindo todos nós!
e a expressão do ser humano.
***
Para a Arte ficar bela, Todo homem de progresso,
por mais linda uma pintura, que não é homem qualquer,
o segredo de uma tela tem, por trás de seu sucesso
está dentro da moldura! a presença da mulher!
*
Cada artista, por cultura A mulher, pra conquistá-la,
da inspiração que lhe sobra, ou deixá-la mais feliz,
num poema, ou na pintura, é saber onde beijá-la...
prende o Tempo em sua obra! Nova York, ou em Paris!

Eis que Íria Correia, Curitiba, 31 de maio de 2019
nascida em Paranaguá,
em cada tela que é cheia,
enaltece o Paraná!

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Texto e Produção de Vânia Maria Souza Ennes
Digitação e participação de Graciele Pires Vieira

Permitida a cópia desde que citada a fonte.
Obs.: Todos os dados contidos nesta obra sobre Pompília dos Santos e
Íria Cândida Correia foram extraídos do acervo de documentos pessoais

deixados através de pesquisas de Marita França.

2019

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