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GERAL_E_DO_BRASIL_GEOGRAFIA_ESPACO_GEOGRAFICO_E_GLOBALIZACAO

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Published by lucielevitoriasampaio, 2020-10-20 19:55:49

GERAL_E_DO_BRASIL_GEOGRAFIA_ESPACO_GEOGRAFICO_E_GLOBALIZACAO.

GERAL_E_DO_BRASIL_GEOGRAFIA_ESPACO_GEOGRAFICO_E_GLOBALIZACAO

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Sociedade e Estado em imagens explorando MANUAL DO PROFESSOR
imagens
A imagem que ilustra a primeira edição de Leviatã, de Thomas Hobbes (p. 339), é uma célebre repre-
sentação pictórica de uma ideia filosófica. Ali observamos a figura de um homem de grandes propor-
ções que se ergue sobre uma cidade organizada; seu corpo é composto de milhares de outros corpos.
Essa figura descomunal corresponde ao Estado, na figura do soberano, maior que qualquer outro indiví-
duo, constituído pelo pacto que instaura a sociedade civil. Leve os alunos a perceber, no detalhe amplia-
do, que todos os indivíduos estão de costas e com as cabeças inclinadas para cima, olhando o gigante.

Vimos que, para Hobbes, os indivíduos unidos transferem ao soberano o direito exclusivo ao uso da
força para garantia da segurança de suas vidas e da paz. A figura imensa do Estado soberano faz a da igreja
parecer diminuta, bem como as edificações da cidade. Em uma de suas mãos, o soberano segura a espa-
da, em outra, o cetro, indicando, respectivamente, o direito legítimo ao uso da força e o poder absoluto.

O nome Leviatã aparece no Antigo Testamento como a representação de um enorme monstro
marinho, comum também no imaginário popular da Europa e do Oriente Médio. Hobbes usou essa
imagem para representar o gigantismo de uma instituição criada artificialmente, constituindo um todo
poderoso “monstro” – que, no entanto, é nesse caso legítimo, pois assegura a paz civil.

Para enriquecer essa atividade, é possível retomar a fotografia que abre o capítulo 26 (p. 254). Trata-
-se de uma manifestação contra o acúmulo de riquezas e poder nas mãos de poucos. Os corpos que
formam o 99% representam a parcela da população que está fora da possibilidade de acúmulo de ri-
queza. No entanto, diferentemente da imagem que ilustra a obra de Hobbes, a reunião dos indivíduos
integrantes da sociedade civil se manifesta em oposição ao poder estabelecido, de forma crítica. Não há
mais a figura do soberano sobressaindo acima dos demais. Na teoria de Hobbes os indivíduos abdica-
vam de sua liberdade para ter segurança garantida. Depois de quatro séculos da instituição do Estado
liberal moderno, não nos vemos mais como um aglomerado de indivíduos, mas reconhecemos nossa
existência intersubjetiva, constituída por nossa consciência moral, e a autonomia que dela deriva.

mais: instituir uma sociedade inteiramente nova, justa, livre e Capítulo 34 – A questão democrática
feliz. Isso se exprimiu, em princípio, por meio do imaginário
religioso, messiânico e milenarista e, mais tarde, com desen- a filosofia nas entrelinhas
volvimento teórico próprio, por meio das teorias socialistas.
Correntes como os levellers e diggers na Inglaterra do século Orientações para resposta: A resposta a essa atividade é
XVII, os jacobinos durante a Revolução Francesa, assim como pessoal e controversa. Dada a instituição já consagrada do
os bolcheviques da Revolução Russa são exemplos de movi- “ jeitinho brasileiro” em nosso dia a dia, é provável que muitos
mentos populares radicais. alunos tragam exemplos de sua própria convivência familiar
ou de situações vivenciadas por seus familiares, parentes e
11. Por que é possível afirmar que “o centro da sociedade civil amigos em sua vida social. É importante, porém, não restrin-
é a propriedade privada”? Como a distância entre Estado e gir a ocorrência de tal hábito ao universo das esferas popu-
sociedade é positiva ao liberalismo e negativa aos movimen- lares, mas salientar que ele se dá também, e de forma mais
tos revolucionários? deletéria para a sociedade, nas altas esferas da República,
mesmo nos lugares onde deveria vigorar a lei e a imparcia-
A sociedade civil, para os liberais, é um conjunto de relações lidade, como o Congresso Nacional. A imagem que ilustra a
sociais entre classes e grupos sociais cujos interesses e direitos atividade é apenas um pequeno e prosaico exemplo de como
podem coincidir ou opor-se. Nela há relações econômicas de o privilégio (em detrimento do bem público) pode se instituir
produção, distribuição, acumulação de riquezas e consumo por meio do “ jeitinho”.
de produtos que circulam no mercado. A propriedade privada
é o centro da sociedade civil porque é ela que diferencia indi- atividades
víduos, grupos e classes sociais. O coração do liberalismo é a
diferença e a distância entre Estado e sociedade, pois isso lhe 1. Como opera a ideologia democrática?
permite defender a ideia de liberdade econômica e de liber- A ideologia democrática opera de modo a criar a aparên-
dade de ação social distinta da ação pública ou política. Já os
movimentos revolucionários operam com a indistinção entre cia de que todos os indivíduos são livres e iguais no capitalis-
Estado e sociedade, entre ações políticas e relações sociais, mo, e de que a democracia seria o regime político da lei e da
porque percebem o Estado como responsável ou cúmplice ordem que garantiria os interesses e liberdades desses indiví-
das desigualdades e injustiças existentes. duos. Dessa forma, por meio da simulação da igualdade e li-

MANUAL DO PROFESSOR450 Os direitos políticos são direitos de participação nas de-
cisões políticas da sociedade. O direito de expor e ter sua
berdade dos indivíduos, a ideologia oculta que há um conflito opinião considerada e debatida na democracia ateniense e o
de interesses criado pela exploração de uma classe social por direito de voto em nossas democracias representativas são
outra, e que, na verdade, não há liberdade e igualdade entre exemplos deles. Os direitos sociais são aqueles oriundos das
todos os indivíduos. lutas por igualdade e liberdade, e se relacionam ao trabalho, à
moradia, à saúde, ao transporte, à educação, ao lazer e à cul-
2. Que significa afirmar que as ideias de igualdade e liberda- tura. São também os direitos das chamadas “minorias” – mu-
de como direitos civis dos cidadãos vão muito além de sua lheres, idosos, negros, homossexuais, crianças, indígenas – e os
regulamentação jurídica formal? referentes à segurança planetária – as lutas ecológicas e con-
tra as armas nucleares.
Significa que os cidadãos são sujeitos de direitos e que, onde
tais direitos não existam nem estejam garantidos, tem-se o di- 7. O que é privatização? E desregulação? Em que medida afe-
reito de lutar por eles e exigi-los. É esse o cerne da democracia. tam o modo de produção capitalista?

3. Explique em que medida um direito difere de uma neces- Privatização é o abandono pelo Estado das políticas sociais
sidade ou carência ou de um interesse. e a venda de empresas públicas a particulares; desregulação, o
abandono, também pelo Estado, do planejamento econômico.
Necessidades, carências ou interesses são particulares e es- Ambos os termos asseveram que o capital é racional e pode,
pecíficos. Há tantas necessidades, carências ou interesses quan- por si mesmo, resolver os problemas econômicos e sociais.
to indivíduos e grupos sociais. E por serem tão diversos quanto Com isso, a esfera pública é encolhida e a esfera dos interesses
os indivíduos, as necessidades, carências e interesses podem privados se amplia, permitindo mais espaço para a acumulação
também ser conflitantes. Um direito, ao contrário de necessida- do capital, com a decorrente exclusão de cada vez mais pessoas
des, carências e interesses, não é particular e específico, mas ge- do mercado de trabalho e do consumo.
ral e universal, válido para todos os indivíduos, grupos e classes
sociais. Assim, por exemplo, a carência de água e de comida ma- 8. Com o neoliberalismo, houve um encolhimento da esfera
nifesta algo mais profundo: o direito à vida. A carência de mo- pública e um alargamento da esfera privada. O que isso re-
radia ou de transporte também manifesta algo mais profundo: presenta na prática?
o direito a boas condições de vida. O interesse dos sem-terra, o
direito ao trabalho. Os direitos são a condição do próprio regi- Representa um perigo para os direitos econômicos e so-
me democrático; são, portanto, o cerne da democracia. ciais conquistados pelas lutas populares. Hoje o capital pode
acumular-se e reproduzir-se excluindo cada vez mais as pessoas
4. Com base na resposta da questão anterior, em que mo- do mercado de trabalho e de consumo. Não precisa mais de
mento podemos dizer que uma sociedade – e não um sim- massas trabalhadoras e consumidoras, pode ampliar-se graças
ples regime de governo – é democrática? ao desemprego em massa e não precisa preocupar-se em ga-
rantir direitos econômicos e sociais aos trabalhadores porque
Dizemos que uma sociedade é democrática quando, além não necessita de seus trabalhos e serviços.
de eleições, partidos políticos, divisão dos três poderes da Re-
pública, respeito à vontade da maioria e das minorias, institui 9. O que é a ideologia da competência técnico-científica e
algo mais profundo, que é condição do próprio regime político, como ela interfere na política? Que contradições traz consigo?
ou seja, quando institui direitos.
É a ideia de que quem possui conhecimentos está natural-
5. A democracia grega era direta; a moderna é representati- mente dotado de poder de mando e direção. Essa ideologia,
va. O que isso significa? fortalecida pelos meios de comunicação de massa, invadiu a
política, que passou a ser considerada uma atividade reservada
Significa que o direito à participação tornou-se indireto, a técnicos ou administradores políticos, e não uma ação cole-
ou seja, feito pela escolha de representantes. Ao contrário dos tiva de todos os cidadãos. A contradição está em que não só o
outros direitos, este último parece ter sofrido diminuição em direito à representação política diminui porque se restringe aos
lugar de ampliação. Essa aparência é falsa e verdadeira. Falsa competentes, como ainda a ideologia da competência oculta e
porque a democracia moderna foi instituída na luta contra o dissimula o fato de que, para ser “competente”, é preciso ter re-
Antigo Regime e, portanto, em relação a esse último, ampliou cursos econômicos para estudar e adquirir conhecimentos. Ou
a participação dos cidadãos no poder, ainda que sob a forma seja, os “competentes” pertencem à classe economicamente
da representação. E verdadeira porque a república liberal ten- dominante, que, assim, dirige a política segundo seus interesses
deu a limitar os direitos políticos aos proprietários privados dos e não de acordo com a universalidade dos direitos.
meios de produção e aos profissionais liberais da classe média,
aos homens adultos “independentes”. Todavia, as lutas socia- 10. De acordo com o texto, a sociedade brasileira é social-
listas e populares forçaram a ampliação dos direitos políticos mente autoritária e economicamente desigual. Você con-
com a criação do sufrágio universal e a garantia da elegibilida- corda com essa análise? Justifique sua resposta.
de de qualquer um que, não estando sob suspeita de crime, se
apresente a um cargo eletivo. Professor: nesta questão o aluno deve formular sua própria
opinião. Abaixo, segue uma linha para a justificativa com
6. O que se entende por direitos políticos e direitos sociais? base no texto do capítulo.
Cite exemplos de ambos.

Nossa sociedade é autoritária porque é hierárquica, pois 451MANUAL DO PROFESSOR
divide as pessoas, em qualquer circunstância, em inferiores,
que devem obedecer, e superiores, que devem mandar. Não há Por trás dos nossos preconceitos atuais contra a política
percepção nem prática da igualdade como um direito. Nossa estão a esperança e o medo: o medo de que a humani-
sociedade também é autoritária porque é violenta (nos ter- dade se autodestrua por meio da política e dos meios de
mos em que, no estudo da ética, definimos a violência): nela força que tem hoje à sua disposição; e a esperança, ligada
vigoram racismo, machismo, discriminação religiosa e de classe a esse medo, de que a humanidade recobre a razão e livre
social, desigualdades econômicas entre as maiores do mundo, o mundo não de si própria, mas da política. Um meio de
exclusões culturais e políticas. Não há percepção nem prática fazê-lo seria a criação de um governo mundial que trans-
do direito à liberdade. formasse o Estado numa máquina administrativa, resol-
vesse burocraticamente os conflitos políticos e substituísse
11. Por que, na prática, a sociedade brasileira não consegue os exércitos por forças policiais. Essa esperança é, eviden-
ser democrática? temente, pura utopia enquanto a política for definida no
sentido usual, ou seja, como relação entre dominadores e
Como vimos, uma carência é sempre específica, sem con- dominados. Tal ponto de vista levaria não à abolição da
seguir generalizar-se num interesse comum nem universalizar- política, mas a um despotismo de proporções colossais
-se num direito. Um privilégio, por definição, é sempre parti- no qual o abismo que separa os governantes dos gover-
cular, não podendo generalizar-se num interesse comum nem nados seria gigantesco a ponto de tornar impossível qual-
universalizar-se num direito, pois deixaria de ser privilégio. Ora, quer espécie de rebelião, para não dizer qualquer forma
a democracia é criação e garantia de direitos. Nossa socieda- de controle dos governados sobre os governantes. O fato
de, polarizada entre a carência e o privilégio, não consegue ser de nenhum indivíduo – nenhum déspota, per se – poder
democrática, pois não encontra meios para isso. Em lugar de ser identificado nesse governo mundial não mudaria de
democracia, temos instituições vindas dela, mas operando de forma alguma o seu caráter despótico. O governo buro-
modo autoritário. Assim, por exemplo, os partidos políticos crático, o governo anônimo do burocrata, não é menos
costumam ser de três tipos: os clientelistas, que mantêm rela- despótico porque “ninguém” o exerce. Ao contrário, é ainda
ções de favor com seus eleitores; os vanguardistas, que substi- mais assustador porque não se pode dirigir a palavra a
tuem seus eleitores pela vontade dos dirigentes partidários; e esse “ninguém” nem reivindicar o que quer que seja.
os populistas, que tratam seus eleitores como um pai de famí-
lia trata seus filhos menores. Favor, substituição e paternalismo Mas, se política significa um domínio global em que as
evidenciam que a prática da participação política por meio de pessoas aparecem antes de tudo como seres atuantes que
representantes não consegue se realizar no Brasil. Os represen- conferem aos assuntos humanos uma permanência que de
tantes, em lugar de cumprir o mandato que lhes foi dado pelos outra forma não teriam, então essa esperança não é nem
representados, surgem como chefes, mandantes, detentores um pouco utópica. Há inúmeras situações na história, em-
de favores e poderes, submetendo os representados e trans- bora jamais numa escala global, em que a participação ati-
formando-os em clientes que recebem favores dos mandantes. va das pessoas foi alijada – na forma de tiranias hoje apa-
rentemente obsoletas que soltam as rédeas da vontade de
O preconceito contra a política um único homem, ou do totalitarismo moderno, em que os
seres humanos são escravizados a serviço de pretensas “ for-
Qualquer discurso sobre a política em nossa época deve ças históricas” e processos superiores e impessoais. A nature-
começar pelos preconceitos que todos nós, que não so- za dessa forma de dominação, que num sentido profundo
mos políticos profissionais, temos contra a política. Nossos é verdadeiramente apolítica, evidencia-se precisamente na
preconceitos comuns são, eles próprios, políticos em senti- dinâmica que ela mesma gera e que lhe é peculiar; uma di-
do amplo. Eles não provêm da arrogância dos ilustrados nâmica em que tudo e todos que ontem eram considerados
nem do cinismo dos que viram demais e compreenderam “grandes” podem e devem – para que o movimento con-
de menos. Uma vez que brotam no nosso próprio pensa- serve o seu impulso — ser hoje relegados ao esquecimento.
mento, não podemos ignorá-los; e, dado que se referem a Não é alívio suficiente para as nossas preocupações sermos
realidades inegáveis e refletem fielmente a nossa situação compelidos a observar como, nas democracias de massa,
presente precisamente em seus aspectos políticos, não po- por um lado, uma impotência similar se espalha por assim
demos silenciá-los com argumentos. Tais preconceitos não dizer espontaneamente e sem necessidade de terror e, por
são, porém, juízos. Eles indicam que nos deparamos com outro, um processo análogo, autoalimentado, de consumo
uma situação na qual não sabemos, pelo menos não ainda, e esquecimento cria raízes, ainda que no mundo livre, onde
conduzir-nos politicamente. O perigo é a política vir a desa- não há terror, tais fenômenos se limitem às esferas da eco-
parecer inteiramente do mundo. Os preconceitos invadem nomia e da política no sentido restrito da palavra.
nosso pensamento; jogam o bebê fora junto com a água do
banho, confundem a política com aquilo que levaria ao seu ARENDT, Hannah. A promessa da política. Organizado
próprio fim e apresentam essa catástrofe como algo que é por Jerome Kohn. Tradução de Pedro Jorgensen Jr.
inerente à natureza das coisas e, portanto, inevitável. Rio de Janeiro: Difel, 2008. p. 148-150.

MANUAL DO PROFESSOR452 tada pelo professor, pelo livro didático e a mais bá-
sica de todas as competências; muitas vezes o alu-
Reflexões sobre a prática pedagógica no aparenta entender porque suas respostas exigem
apenas que reconheça palavras semelhantes na
A leitura nas Ciências Humanas pergunta e no texto, como no exemplo a seguir:

Angela B. Kleiman Texto2: “... o endeusamento de rótulos representa ex-
Professora titular da Unicamp traordinária vitória ideológica do capitalismo”.
Pergunta: O que representa o endeusamento de
Como todo professor que leciona uma disciplina cujo rótulos?
volume de leituras é muito elevado, você já deve ter se Resposta: Representa extraordinária vitória ideológi-
sentido frustrado alguma vez por seus alunos não conse- ca do capitalismo.
guirem compreender sua matéria. O fato é que muitos
deles não se interessam por ela porque têm grandes difi- b) inferir nas entrelinhas: é a capacidade menos vi-
culdades para entender a informação no texto, conforme sada, a julgar pelo número de perguntas que de-
apontam os resultados de diversos testes de leitura. mandam inferência no livro didático, e a mais im-
portante para a formação do leitor independente. A
A importância da leitura para a vida cotidiana e, so- inferência é demonstrada quando o aluno conse-
bretudo, para a vida na escola, espaço de aprendizagem e gue tirar conclusões e perceber intenções, e é prati-
desenvolvimento intelectual por excelência, é inegável. cada quando são feitas perguntas precedidas pelas
Se o desinteresse de alguns alunos se deve ao fato de não palavras como e por que: “Por que, segundo o au-
terem consolidado seu hábito de ler, vale a pena o profes- tor, o endeusamento de grifes representa uma vitó-
sor de História, Geografia, Filosofia ou Sociologia co- ria do capitalismo?”. A inferência também é prati-
nhecer o que está envolvido no ensino da leitura e como cada quando são feitas perguntas que demandam
essa capacidade pode ser desenvolvida, a fim de ajudar uma opinião baseada na leitura do texto: “Você
seu aluno. Lembremos que os professores de todas as concorda com a opinião do autor, de que o endeu-
disciplinas são também professores de leitura, pois são samento de grifes representa uma vitória do capita-
modelos de como ler os textos de sua área. Além disso, lismo? Justifique.”
vale lembrar que é objetivo explícito nos currículos das
disciplinas de Ciências Humanas o desenvolvimento de c) usar elementos não verbais, como gráficos, ta-
competências de leitura. No currículo de Filosofia, por belas e figuras, para compreender o texto: hoje
exemplo, lemos, entre as habilidades visadas no 1o bi- os textos são multimodais, ou seja, recorrem a mais
mestre da 2a série “desenvolver habilidades de leitura, de uma modalidade: além de fotos, mapas, gráfi-
escrita e planejamento investigativo para autonomia cos, ilustrações, tabelas, esquemas, infográficos, há
intelectual”1. diversos elementos gráficos, como tipografia, dia-
gramação, cor, tamanho das fontes. O uso de todos
Apesar de toda sua importância, a leitura parece estar esses recursos tem uma função, um sentido, e, na
perdendo espaço na vida de um número expressivo de es- maioria das vezes, torna a leitura mais dinâmica. O
tudantes brasileiros, em parte por causa das novas mídias livro didático pode ter um papel essencial nesse en-
e novas tecnologias, em parte pelo acesso limitado que tendimento e o professor pode explorar essa leitura
muitos alunos têm a livros, jornais, revistas e bibliotecas. no próprio material; por isso é importante dirigir o
olhar do aluno para sua organização: capítulos, ge-
Considerados esses fatos, e para poder planejar algum ralmente subdivididos em tópicos e subtópicos
tipo de intervenção didática, é importante que os profes- bem destacados por cores, tamanho das letras, po-
sores das disciplinas da área das Ciências Humanas co- sição na página, etc.
nheçam as principais competências de leitura espera-
das do aluno, que precisa ter acesso a textos em prosa d) estabelecer relações e comparar dados: trata-se
sobre assuntos polêmicos, reflexivos, complexos e abs- de uma das competências mais importantes na lei-
tratos, como os textos de História, Geografia, Filosofia e tura crítica, geralmente pouco praticada em sala de
Sociologia. Entre essas competências, temos: aula, que abrange saber distinguir causas de conse-
quências e fatos de opiniões relativas a ele; reconhe-
a) saber localizar informações explícitas: o pro- cer diferenças no tratamento dado ao mesmo tema
fessor de Ensino Médio não precisa se preocupar em dois textos diferentes; tirar conclusões. Para de-
demais com esta competência, pois é a mais exerci-
2 SINGER, André. Ostentação. Folha de S.Paulo, 16 fev. 2013, p. 2.
1 SECRETARIA da Educação do Estado de São Paulo. Currículo do Es-
tado de São Paulo: Ciências Humanas e suas tecnologias. Secretaria
da Educação; coordenação geral: Maria Inês Fini; coordenação de
área: Paulo Miceli. São Paulo: SEE, 2010. p. 124. Disponível em: <www.
rededosaber.sp.gov.br/portais/Portals/43/Files/CHST.pdf>. Acesso em:
13 maio 2013.

senvolver tal competência, o aluno deve ser capaz de 453MANUAL DO PROFESSOR
perceber detalhes, como a seleção de vocabulário e
os tipos de exemplos usados, e o professor pode aju- entusiasmo por ela e com bibliotecários prestativos e ge-
dá-lo fazendo perguntas sobre esses aspectos. nerosos trabalhando em bibliotecas bem aparelhadas. Re-
e) identificar o tema de um texto expositivo ou quer também acesso a um grande acervo: livros, revistas,
informativo: essa competência envolve também jornais, hipertextos, inclusive os gêneros menos valoriza-
perceber as marcas que o autor e seus editores vão dos, como resumos ou versões condensadas, divulgações
deixando nos títulos e subtítulos e na repetição de em revistas para adolescentes, histórias em quadrinhos,
palavras, a fim de indicar que uma informação é revistas noticiosas; enfim, textos mais acessíveis, que des-
mais importante do que outras, que é o tema ao pertem uma curiosidade inicial e o desejo de ler.
qual as demais estão relacionadas. Chamar a aten-
ção para o título e pedir hipóteses sobre o tema Embora os conteúdos a serem ensinados sejam im-
com base nele ou em uma ilustração são estratégias portantes, o professor pode levar para a aula textos literá-
que podem ajudar o aluno nessa percepção. Por rios ou jornalísticos que têm ou tiveram papel importan-
exemplo: há na primeira página do jornal uma cha- te no seu letramento e na sua formação. Pode levar textos
mada para o texto de opinião já mencionado, que dos quais ele mesmo gosta, para mostrar aos alunos seu
se intitula “Autêntico, funk expõe vitória do capita- gosto pela leitura, e deve demonstrar suas próprias estra-
lismo”. Logo em seguida, repete-se a frase sobre a tégias de leitor, fazendo perguntas que requeiram pensar,
vitória do capitalismo, citando – e portanto desta- modelando aquelas que ele próprio se faz antes de come-
cando – um trecho do texto de opinião: “Mas é mis- çar a ler e explicando para seus alunos o que foi que lhe
ter observar que o endeusamento de rótulos representa agradou ou chamou a atenção.
extraordinária vitória ideológica do capitalismo”. Quan-
do finalmente se lê o trecho no texto original, es- 2. Flexibilização do currículo
condido no penúltimo parágrafo, parte do tema já
foi repetida três vezes. Em áreas que se caracterizam pela presença forte de
Munidos desses conhecimentos, os alunos podem, conteúdos estruturadores e pelo objetivo de engajamen-
de fato, ser orientados para a leitura de textos mais com- to social e atuante no mundo globalizado atual, a flexibi-
plexos das Ciências Humanas. Entretanto, para além lização do currículo é viável.
desse saber, é importante destacar três princípios de ca-
ráter metodológico e didático, que devem ser levados em Numa disciplina como a Geografia, por exemplo, se
conta em relação à leitura: um determinado conceito, como o aprofundamento da
noção de território brasileiro, esteja previsto para o ter-
1. Facilitação do texto ceiro bimestre da 2a série do Ensino Médio3, um aconte-
cimento amplamente noticiado no primeiro bimestre
Todos nós evitamos fazer aquilo que é desagradável e que tem a ver com o território nacional deveria ser moti-
procuramos fazer aquilo que nos dá prazer. Isso não é di- vo para a alteração da ordem dos conteúdos ou para a
ferente quando se trata da leitura. Quando o aluno tem substituição de um contexto de exemplificação por ou-
dificuldade para compreender a língua escrita, a ativida- tro. Fatos que já são conhecidos dos alunos – seja qual
de de leitura se torna desagradável. Dessa forma, se não for a mídia – tornam a aprendizagem dos conceitos abs-
existe alguém para orientá-lo, são poucos os que insistem tratos mais fácil, porque o conhecimento prévio permite
nessa atividade, principalmente se não conhecem as van- ancorar e estruturar o novo. Isso sem contar com as pos-
tagens e satisfações que a aprendizagem trará no futuro. sibilidades de leituras interdisciplinares desses assuntos,
o que também se constitui num elemento facilitador.
Acontece que, como em toda prática, quanto mais se
lê, mas fácil vai ficando a atividade. O aluno que lê muito Quase diariamente há acontecimentos notáveis que
pouco desiste assim que encontra as primeiras dificulda- requerem simplesmente que o professor passe a acredi-
des. Ou seja, quem mais precisa praticar é quem menos o tar que os conceitos de sua matéria (densidade demográ-
faz; no entanto, o único meio de melhorar é pela prática. fica, por exemplo) e as práticas relevantes (como a leitura
Mas, se os alunos não leem bem aquilo de que não gos- de mapas) possam ser ensinados – e, portanto, atingidos
tam, leem bem o que gostam. A chave consiste, portanto, os objetivos do currículo – mesmo quando o foco no
em fazer com que a leitura exigida pela escola se torne conteúdo determinado para esse período é momenta-
uma atividade menos penosa e mais prazerosa. neamente mudado.

Tornar o contato com a leitura prazeroso exige a convi- No início de 2013, por exemplo, a presença francesa
vência contínua com professores que contagiem com seu no Mali e a queda de um meteoro na Rússia foram even-
tos que ocuparam as manchetes dos jornais: os textos
jornalísticos poderiam servir tanto para a introdução de

3 SECRETARIA da Educação do Estado de São Paulo. Currículo do Estado
de São Paulo: Ciências Humanas e suas tecnologias. Op. cit., p. 102.

MANUAL DO PROFESSOR454 ra, puder construir um olhar comparativo tomando
como um dos pontos de comparação fatos vivenciados,
conceitos abstratos quanto para o exercício de habilida- relevantes para seu próprio contexto e situação. Tais fa-
des consideradas importantes na disciplina, como de- tos, novamente, são recorrentemente encontrados em
senvolver “a capacidade de associar padrões de desenvolvi- matérias jornalísticas sobre fenômenos sociais conhe-
mento econômico e social às maneiras de realizar o controle cidos dos alunos, mas que ele ainda não observou pelo
preventivo de situações de risco naturais” ou “identificar ele- prisma do olhar sociológico.
mentos histórico-geográficos que expliquem o desencadeamen-
to de conflitos étnico-culturais no mundo contemporâneo; ou a Um exemplo disso é o texto de opinião já citado,
expansão do islamismo na África”4. Isso tudo é possível sobre o funk “Ostentação”, um canto falado que, em
desde que a flexibilização do currículo passe a se consti- lugar de fazer denúncia social (como o rap), “exalta o
tuir em um princípio didático valorizado. poder de consumo que chegou às camadas de menor renda
nos últimos anos”7. Conteúdos como “cultura, consumo,
Quando um acontecimento noticiado na mídia passa consumismo e comunicação de massa” ou “construção da
a ter um lugar central na aula, o aluno entra em contato, identidade pelos jovens”8, que têm por finalidade levar o
via leitura, com outras histórias que provavelmente terão adolescente a compreender as formas em que “os jovens
muito mais chance de mudar sua forma de pensar sobre se relacionam com a sociedade de consumo e a produção de
o próprio mundo e que ilustram muito melhor do que cultura”9, podem partir do processo de desnaturaliza-
qualquer texto científico os conceitos de globalização e ção da prática de consumo que o referido texto de opi-
de transformação do espaço geográfico decorrentes das nião (ou qualquer outro sobre a cultura juvenil local)
novas tecnologias de comunicação. Isso porque na gran- promove, e a relação crítica do jovem pode ser desen-
de maioria das vezes, os alunos só têm contato com esses volvida tanto em relação a esse fenômeno cultural da
textos científicos na escola, enquanto que um aconteci- periferia quanto à atitude da elite brasileira ao lamen-
mento noticiado mundialmente está mais próximo de tar a perda de valores que outros grupos sociais jamais
sua realidade. Caberia portanto ao professor, nesse caso, demonstraram. O estranhamento advindo da ref le-
mostrar aos alunos a relação entre o conceito abstrato xão crítica será o prisma usado na leitura, qualquer
encontrado no texto do livro e os fatos vividos pela so- que seja a opinião do aluno, e o instrumento pelo qual
ciedade, estejam eles apresentados em jornais, músicas, será atingido será um texto jornalístico, atual, contex-
novelas, filmes. Trata-se simplesmente de não descartar tualizado e que permite o reposicionamento do pró-
aquilo que o aluno já conhece e que pertence a uma cul- prio aluno.
tura de massa não valorizada pela escola.
Com base nos três princípios discutidos – facilitação
3. (Re)contextualização situada do texto, flexibilização do currículo e (re)contextuali-
zação situada – o professor das disciplinas de Ciências
Esse princípio está ligado ao de flexibilidade, uma Humanas pode fazer uso dos enormes acervos à nossa
vez que somente um currículo mais flexível permite a disposição, graças às novas mídias e tecnologias, até en-
(re)contextualização situada de conceitos e princípios contrar o texto e o tema que terão grande apelo com o
básicos de uma determinada disciplina. O princípio en- aluno e o motivará a fazer mais leituras, aumentando
volve a abordagem de conceitos que são diretamente re- suas chances de se tornar mais um leitor à vontade com
levantes para a situação social do aluno, o que envolve, as múltiplas práticas letradas.
necessariamente, uma recontextualização de conceitos
abstratos para a vida social. Pelo fato de ser leitor proficiente, muitas habilidades
leitoras parecem óbvias para o professor, como se fos-
Em relação a uma disciplina como a Sociologia, por sem naturais a qualquer ser humano. Entender o sumá-
exemplo, cujo princípio estruturador é uma atitude me- rio, o índice remissivo e o funcionamento do livro didá-
todológica – de estranhamento e desnaturalização do tico, por exemplo, ou falar sobre a importância da leitura
fato social – mais do que um conjunto de conteúdos5, o das imagens para a construção do sentido do texto não
caráter especial do olhar sociológico, seletivo, distante, são estratégias óbvias para o aluno que ainda tem difi-
que refrata a realidade observada6, pode ser desenvolvi- culdades para compreender o que lê, mas podem, mes-
do se o aluno, mesmo aquele com dificuldades de leitu- mo que tardiamente, ser aprendidas e exercitadas, espe-
cialmente com textos relevantes para a área e para a vida
4 Op. cit., p. 110 (2o bimestre, 3a série do Ensino Médio). social do aluno.

5 Op. cit., p. 135. 7 SINGER, André. Ostentação. Folha de S.Paulo, 16 fev. 2013. p. 2.

6 Caracterização do antropólogo Roberto Cardoso de Oliveira, segun- 8 SECRETARIA da Educação do Estado de São Paulo. Op. cit., p. 144.
do SARANDY, Flávio M, Silva. Reflexões acerca do sentido da sociolo-
gia no Ensino Médio. Revista Espaço Acadêmico, ano I, n. 5, out. 2001. 9 Op. cit., p. 144.
Disponível em: <www.espacoacademico.com.br/005/05sofia.htm>.
Acesso em: 13 maio 2013.

Materiais didáticos digitais 455MANUAL DO PROFESSOR

Ismar Frango Silveira deve ser cuidadosamente planejado e estar em sin-
Coordenador da CEIE – Comissão Especial cronia com as demais atividades da disciplina. Em
outras palavras, levar os alunos para a sala de com-
de Informática na Educação putadores para atividades genéricas, sem foco, como
SBC – Sociedade Brasileira de Computação  “fazer pesquisas na Internet”, costuma ter pouca ou
nenhuma eficácia. Entretanto, o uso de computado-
Desde tempos remotos, o ser humano tem se defron- res com objetivos bem claros e diretamente associa-
tado com a necessidade de criar ferramentas com propó- dos aos tópicos do plano de ensino tende a ser uma
sitos diversos, sendo o principal deles, possivelmente, o atividade motivadora e com um bom potencial de
de facilitar a sua vida. Os computadores, essas valiosas impacto no aprendizado dos alunos.
ferramentas do nosso tempo, tão presentes e necessários
no nosso dia a dia, não parecem ter a mesma presença no • Novas possibilidades de experimentos: há mui-
cotidiano das escolas, apesar de todo o seu potencial. tos casos de atividades que requerem recursos espe-
cíficos (como laboratórios de Física), ou que trazem
Sabemos que as escolas brasileiras enfrentam muitos algum tipo de risco (é o caso de algumas atividades
problemas, para cuja resolução a ação do professor é fun- de Química e Biologia, por exemplo) e que pode-
damental. E isso se aplica também ao uso efetivo de riam ser realizadas com simuladores virtuais, com
computadores no ensino. Não se trata de nós, professo- segurança e sem custo. Há ainda atividades que não
res, ensinarmos nossos alunos a usar os computadores, a poderiam ser executadas em condições normais,
navegar na Internet ou a usar programas aplicativos – para as quais distintas ferramentas computacionais
como editores de texto ou planilhas. Isso eles já sabem podem ser usadas.
(melhor que nós, geralmente) ou podem aprender de
maneira autônoma, sem a nossa ajuda. Lembremos que • Aprendizagem autônoma: os alunos podem de-
nossos alunos são o que se convencionou chamar de na- senvolver atividades fora do horário de aula com as
tivos digitais – crianças e adolescentes que nasceram ferramentas aprendidas com o professor, ou mesmo
em um mundo imerso em tecnologia. outras ferramentas buscadas e encontradas por eles
na Internet.
Mesmo que – por condições sociais, geográficas ou
culturais – esses alunos não tenham pleno acesso a com- Dessa maneira, os recursos digitais trazem um con-
putadores e Internet em suas casas, o mundo no qual junto de novas possibilidades ao professor por propor-
eles vivem propicia uma série de oportunidades para que cionar situações didáticas diferenciadas, que, de outro
tenham contato com a tecnologia e para que esta venha modo, não poderiam ser implementadas em sala de aula.
a fazer parte de suas vidas, como aconteceu com o rádio Tais recursos não vêm substituir o material didático tra-
e a TV para outras gerações. Grande parte de nós, pro- dicional: muito pelo contrário, sua função é comple-
fessores, pertence ao grupo que se denomina imigran- mentar o material já comumente utilizado pelo profes-
tes digitais – nascemos em uma época em que os com- sor, ampliando as possibilidades do fazer docente.
putadores não eram onipresentes e tivemos contato com
essas tecnologias depois do nosso processo de letramen- E que recursos existem para ser usados? Há vários ti-
to. De maneira similar a pessoas que imigram para outro pos de recursos, cada um com uma série de possibilida-
país, podemos até dominar a “linguagem” do mundo des didáticas. O Ministério da Educação entende por
digital, mas, para nós, ela não é nativa. recursos digitais “vídeos, imagens, áudios, textos, gráfi-
cos, tabelas, tutoriais, aplicações, mapas, jogos educacio-
E o que esperam os nativos digitais de nós, imigrantes nais, animações, infográficos, páginas web e outros ele-
digitais, como seus professores? Na verdade, o que sem- mentos”. Eles podem ser assim classificados:
pre esperaram: que os ensinemos dentro de nossas áreas
de conhecimento, mas preferencialmente na “lingua- • Livros digitais ou e-books: são versões digitais de
gem” que lhes é familiar. E de que maneira podemos nos livros em papel, ou de obras completas pensadas
comunicar nessa “linguagem” que não é familiar – e por para o formato digital. Podem ser estáticos (como os
vezes, nem mesmo amigável – para muitos de nós? livros em papel, contêm textos e imagens) ou dinâ-
micos (podem incluir vídeos, animações, simula-
Uma questão que logo nos vem à mente é: para que ções ou qualquer outro conteúdo dito multimídia –
fazer isso? Por que razões utilizar computadores em sala ou seja, que agrega várias “mídias”, ou formas de
de aula? Podemos listar algumas das (muitas) razões: representação da informação).

• Motivação: o uso de computadores em si não ga- • Softwares educacionais: são programas de compu-
rante uma motivação maior dos alunos. Esse uso tador feitos especificamente para fins educacionais.

456

MANUAL DO PROFESSOR Em sua maioria, necessitam de instalação nos compu- va de que os elementos, além de utilizados e reutili-
tadores (o que não é – ou não deveria ser – exatamen- zados, podem também ser modificados e adaptados
te um problema), mas muitos são planejados para livremente. O site <www.rea.org> traz uma série de
utilização sob orientação do professor, visando um informações a respeito.
resultado de aprendizagem mais efetivo. Um exemplo Porém, que tipos de computadores são necessá-
gratuito desses softwares é o GeoGebra (para aprendi- rios para trabalhar com esses elementos? Muitos deles
zagem de Matemática; <www.geogebra.org>). encontram-se disponíveis para uma boa variedade de
dispositivos, desde computadores desktop (de mesa) e
• Objetos de aprendizagem: na prática, correspon- notebooks, a até mesmo tablets e smartphones. Já alguns
dem a todo e qualquer elemento digital que possa softwares educativos apresentam algumas exigências téc-
ser usado e reutilizado em situações de aprendiza- nicas para instalação (tipo específico de sistema opera-
gem – de um texto em PDF ou um conjunto de slides cional, quantidade mínima de memória no computador,
a um simulador virtual, incluindo nessa definição etc.), enquanto alguns objetos de aprendizagem neces-
também animações, vídeos, jogos digitais e outros sitam que determinados plugins (programas adicionais)
tipos de recursos. Apesar de vários desses objetos estejam instalados.
serem encontrados de maneira simples por meio Equipamentos e programas, entretanto, nada mais
de buscadores da Internet, existem repositórios deles, são do que ferramentas. E, como foi dito no início deste
que fornecem mais informações (chamadas “meta- texto, ferramentas são criadas com o intuito de facilitar o
dados”) sobre cada um, como autores, público-alvo, nosso dia a dia. Assim, mais importantes que as ferra-
sugestões de uso, etc. Em âmbito nacional, o MEC mentas, são as pessoas que irão utilizá-las: os professores
mantém o Banco Internacional de Objetos Educa- dispostos a ressignificar o seu papel como formadores de
cionais (BIOE; <objetoseducacionais2.mec.gov.br>), cidadãos plenamente aptos a tirar proveito das tecnolo-
vasto repositório com grande variedade de objetos gias de nosso tempo; e os alunos, que poderão manejá-
de aprendizagem. -los como veículos de informação, interação social, en-
tretenimento e aprimoramento intelectual.
• Recursos educacionais abertos: seguem a mes-
ma linha dos objetos de aprendizagem, com a ressal-



HINO NACIONAL

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas Letra: Joaquim Osório Duque Estrada
De um povo heroico o brado retumbante, Música: Francisco Manuel da Silva
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos,
Brilhou no céu da Pátria nesse instante. Deitado eternamente em berço esplêndido,
Ao som do mar e à luz do céu profundo,
Se o penhor dessa igualdade Fulguras, ó Brasil, florão da América,
Conseguimos conquistar com braço forte, Iluminado ao sol do Novo Mundo!

Em teu seio, ó liberdade, Do que a terra mais garrida
Desafia o nosso peito a própria morte! Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;

Ó Pátria amada, “Nossos bosques têm mais vida”,
Idolatrada, “Nossa vida” no teu seio “mais amores”.
Salve! Salve!
Ó Pátria amada,
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido Idolatrada,
De amor e de esperança à terra desce, Salve! Salve!
Se em teu formoso céu, risonho e límpido,
A imagem do Cruzeiro resplandece. Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado,
Gigante pela própria natureza, E diga o verde-louro desta flâmula
És belo, és forte, impávido colosso, – Paz no futuro e glória no passado.
E o teu futuro espelha essa grandeza.
Mas, se ergues da justiça a clava forte,
Terra adorada, Verás que um filho teu não foge à luta,
Entre outras mil, Nem teme, quem te adora, a própria morte.
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada! Terra adorada,
Entre outras mil,
Dos filhos deste solo és mãe gentil, És tu, Brasil,
Pátria amada, Ó Pátria amada!
Brasil!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!


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