Gabi Bouvier Gabrielly José Suellen Carvalho Letícia Fernandes Leal (Org.)
Apresentação Eu já ministrava oficinas de escrita há alguns meses quando este incômodo começou: depois do encontro, das leituras, das trocas e das palavras… Os textos se escondiam em gavetas! “Poemas bonitos e ideias bacanas não deveriam ficar trancafiados”, eu pensava. “Deveriam sair por aí para enfeitar o mundo”. Para resolver minha inquietação e libertar as produções desenvolvidas durante as oficinas que eu ministrava, inventei uma solução: propor, aos escritores, uma publicação. Este e-book, portanto, é resultado do desejo de colocar palavras no mundo. Desejo que, felizmente, foi compartilhado pelas autoras que enviaram suas contribuições. Sinto-me, então, duplamente honrada: além de conduzir a Oficina de Poemas de Amor em março de 2023, pude organizar os textos de Gabi, Gabrielly e Suellen – e, para isso, contei com o apoio da minha designer predileta: Isabel (@isabelfernandesdesigner). O resultado desse trabalho é esta “e-zine”. Nela, estão mescladas muitas ideias sobre o amor – e sobre a falta que ele pode fazer. Longe de tentar desvendar qualquer mistério sentimental, os poemas que você lerá preferem retratar os efeitos colaterais do afeto, ora na interioridade, ora na exterioridade da experiência humana. Assim, o amor transpassa e reúne o pensamento, a emoção, o corpo e a linguagem. Sobretudo nestes poemas. Boa leitura! Afetuosamente, Letícia Fernandes Leal @leticiafernandesleal
Organizadora Letícia Fernandes Leal é escritora e tem dois livros publicados: Sólido (Ed. Kazuá, 2020) e Burnoutinho (Ed. Minimalismos, 2023). Estudou Letras Portugês - Literaturas na UFRJ. Foi professora e gestora na educação básica. Atualmente, cursa a especialização em Escrita Criativa, Roteiro e Multiplataformas (Faculdade Novoeste) e o Mestrado em Estudos Comparados: Literatura e Outras Artes (Universidade Aberta de Portugal). Além disso, ministra oficinas de escrita, presta serviços de leitura crítica e de consultoria para escritores e compartilha seu trabalho através das redes sociais: @leticiafernandesleal Letícia entende o desenho da jiboia que engoliu um elefante.
Nós Pensar em momentos que vivemos juntos, Em coisas que fizemos enquanto achávamos que o “nós” duraria [pra sempre. Amar sem medidas e um amor tão profundo Que só quero olhar pra trás quando tento seguir em frente. Abraçar você e sentir o seu cheiro Enquanto quero desfazer os nós que sinto no meu coração. Sentir que você foi apenas um passageiro E que te amei, mas que tudo isso foi em vão. Quero estar com você novamente Porque sinto que tudo valeu a pena Mas nada que é bom termina de repente, Inclusive quando se trata de um poema.
Guardar Quero curar suas feridas, Fazer com que fique bem, Cuidar de você, mas sem receber algo em troca. Procuro evitar brigas, E sempre fujo do “porém”, Porque estar longe de você me choca. Eu não me importo Em te doar o que eu tenho Seja o meu tempo ou o meu carinho. Eu guardo a foto, Mas também guardo o desenho Quero guardar você inteirinho.
Ser Livre Amar é ser livre, Livrar-se do medo e da dor. Do amor não se prive, Amar não te torna pecador. Amar é ler, É saber guardar e cuidar. Amar é viver, É saber onde se quer estar. Do amor não me livro, Porque ele me torna completa. Se o amor é um livro Quero ter uma estante repleta.
O que é o amor O amor é o que me torna mais forte a cada dia Ele me cura e é mais eficaz que aspirina. Me completa e me traz adrenalina, Enquanto me faz ser alguém menos fria. O amor é coisa vindoura, Não nos corta em pedaços, O amor nos faz criar laços, Logo, ele não é uma tesoura. O amor nos limpa como um sabonete, Nos cura e também purifica a alma Ele é algo que sempre me acalma E me alegra como tomar sorvete. O amor é algo belo, Não é frágil, mas é lindo como uma flor Pra nossa vida ele traz sabor E nos faz pensar ser uma princesa num castelo. Amar é ser transparente, Ser sempre claro como a água. O amor é grande como águia E faz sentir algo diferente.
Sorriso Amo seu sorriso, Quando saímos, só riso
Gabi Bouvier Gabi Bouvier é jornalista com Especialização em Marketing e em Jornalismo Investigativo, tem experiência como repórter policial e já atuou em diversos veículos da Região do Grande ABC. Atualmente, é revisora de textos no Centro Universitário FAM e redatora freelancer. Também criou o site de notícias VIVACIDADE, em que atua como Editora-chefe e Coordenadora de Jornalismo. É uma leitora assídua desde cedo e apaixonada por livros da Agatha Christie. Por isso, começou a se aventurar pelo mundo da escrita aos 13 anos de idade, escrevendo letras de músicas em português e em inglês, além de poesias.
Te procurei em cada esquina Nem rastro dos seus passos encontrei Sentei na calçada e esperei Pacientemente, ansiosamente Pela sua chegada E só quando chegou, atrasado, Com as compras de casa e contas pagas Atrapalhado E sentou na sala Para vermos TV Respirei, aliviada. Conversamos sobre nossos dias Todos os nossos dias Passado, presente e futuro O tempo foi bondoso conosco E você foi bondoso comigo Tudo era rotina Mas uma rotina que eu não trocaria Assim, decidi, passaria toda a minha vida.
Orquestra Eu estou ficando louca E continuo fazendo loucuras vez após vez. Assim que escuto seu nome, Quando te vejo, Ou só de imaginar seu rosto, Já fico fora de mim. É loucura, eu sei. Pensar que alguém destrava em mim desejos e vontade Que nem eu mesma sabia que tinha. Seu toque deixou sequelas E na tua ausência Enlouqueço enquanto penso Quanto tempo mais terei que esperar para senti-lo novamente. Cada sutil toque seu me levou ao céu As estrelas invejam-me por chegar ao paraíso A lua observou calada, surpresa, nossos encontros. A fogueira que criamos sem precisar atear fogo na lenha Nós a incendiamos naturalmente, com marcas deixadas, Suor e mágica De um prazer inimaginável que correu entre a distância mínima, Quase inexistente, entre nossos corpos. Nem mesmo a chuva ou vento conseguiriam apagar Ela esfria, mas mantém-se acesa, Aquecedora. É loucura, eu sei. Antes mesmo de começarmos a nos tocar Nossos corpos já estavam sincronizados E agora, mesmo quando não te vejo, Consigo lembrar e imaginar cada uma de suas mãos Brincando, dançando Com a música que meu corpo emitia Um ritmo próprio, único, Que você sabia mudar e controlar rapidamente Até alcançar as notas que tanto queria ouvir E eu não queria deixar sair. A maior das loucuras É que me viciei nessa música, ritmo e dança E deles não quero deixar de provar.
Você vai descobrir o que é o amor Quando perceber que antes de ser amor É cuidado.
Te deixei ir Porque te amar me feriu E o amor não deveria ser assim. E foi quando percebi Mesmo quem ama deixa ir Pois segurar às vezes dói mais do que soltar. Estou dando adeus a você E a esse sentimento Que carreguei por tanto tempo Porque o amor não é sobre a dor E no final, Eu me amo mais.
Gabrielly José Gabrielly José é graduanda em Letras, Português e Literaturas da Língua Portuguesa, pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ/FFP), é apaixonada por livros, escritas e pelo mercado editorial. Seus primeiros passos nesse caminho beiram os 7 anos de idade, quando começou a escrever pequenas histórias e contos fictícios. Foi nessa idade que decidiu qual caminho seguiria. Determinada a tornar-se escritora, começou a pesquisar sobre a carreira e, ainda na adolescência, visando se auto divulgar, começou a publicar seus escritos no Instagram. Aos 19 anos, participou da primeira antologia: O Amor Nos Tempos de Lonjuras. Em seguida, teve poemas publicados também nas antologias A Lágrima e O Tempo e Eu contaria ao mundo, se pudesse. Atualmente, enquanto se prepara para publicar seu primeiro livro, tenta dividir seus dias entre os estudos, trabalho e suas maiores paixões.
nosso amor ridículo eu o amo da forma mais ridícula e ao contrário dos filmes eu o amo na ridicularidade da rotina eu o amo no silêncio eu o amo na ridicularidade e na fragilidade de olhar e amar num tanto que só olhar basta porque palavras ridículas não seriam suficientes pra expressar meu amor pelo nosso amor ridículo
casa aconchego liberdade rotina palavras? alguém
se o amor fosse um livro... seria uma ansiedade todo dia para vê-lo chegar para sentir logo aquele cheirinho tão bom teria cuidado ao abrir suas páginas tentaria controlar o afoitamento mas, no fim ele só chegaria quando eu esquecesse que ele poderia chegar só chegaria no momento perfeito pra chegar pra mim
os sábios amam devagarzinho sem afoitação gritam em murmurinhos a sua afeição
intimidade é mostra-se demonstrar-se despir-se sem medo
Suellen Carvalho Suellen Carvalho é niteroiense e cursa Letras/Literaturas na UERJ-FFP, em São Gonçalo. Seu sonho é ser escritora, por acreditar que as palavras aproximam pessoas, mostrando que elas não estão sós, não importa em quais situações estejam. E, com isso, é uma pessoa de muitos sentimentos, que, às vezes, deixa transbordar em palavras. Além disso, é professora em formação, sabe que seu lugar também é dentro de sala de aula, e deseja ser uma excelente professora, principalmente, humana. Gosta de ler, de escrever (claro), de desenhar, de ver animes e filmes de animação no geral, e desenvolveu um gosto recente por doramas.